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A ética segundo Friedrich Nietzsche e Martin

Heidegger.

Introdução.
Ao decorrer dá história tivemos grandes filósofos que ao proporem suas ideias
propagaram seus conhecimentos, como o saber, a ética, a cidadania e o
desenvolvimento cultural da sociedade ao decorrer dos séculos. Assim no presente
trabalho destacaremos essencialmente o estudo dá ética pela visão dos filósofos
Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger, que desempenharam um grande papel para o
estudo acerca do assunto, e os diferenciaremos.

Friedrich Nietzsche.
Biografia.
Friedrich Nietzsche foi um filósofo, escritor e crítico alemão que exerceu grande
influência no Ocidente. Sua obra mais conhecida é “Assim Falava Zaratustra”. O
pensador estendeu sua influência para além da filosofia, penetrando na literatura,
poesia e todos os âmbitos das belas artes.
Nietzsche teve seu destaque entre os anos de 1872 há 1895, escrevendo cerca de 12
livros. Tendo uma carreira relativamente curta devido a problemas de saúde como
possivelmente complicações dá sífilis e demência.

Ética nietzschiana.
Tal filósofo é conhecido por romper com a filosofia tradicional que visava até então,
propor um novo estilo filosófico que se opusesse a racionalidade filosófica e a moral
cristã.
Ele foi um grande crítico de Sócrates, por ser o primeiro a encaminhar a reflexão moral
em direção ao controle racional das paixões, e da figura de Cristo, principalmente por
conta dos valores morais, que afirmava serem instrumentos que os fortes inventaram
para submeter e controlar os fracos.
Sua crítica tem início no surgimento da filosofia.
Dentre seus ideais a tragédia grega era a representação do equilíbrio entre a razão e a
emoção.
A contribuição mais notável de Nietzsche para a ética consiste em sua autoproclamada
“negação da moral”. Ao se apresentar como um “imoralista”, na verdade como o
“primeiro imoralista”, ele não apenas nega que a moral disponha de uma boa razão
para reivindicar nossa adesão, como também insiste que ela é nociva e deveria ser
superada. Deste modo, também podemos citar outras ideias como: afirmação de que
os costumes são forjados, cita Sócrates e Platão como criadores do mundo inteligível e
de que vivemos em um mundo que nos prepara para o paraíso, criação dos próprios
valores, não há valores absolutos e nem tudo é bom nem tudo é mau.
Nietzsche nega que a moral disponha de uma boa razão para nossa adesão, assim
como nega sua autoridade e valor, já que para ele, ela é nociva e deveria ser superada.
Apesar de afirmar que a moral carece de autoridade para sua existência, já que não
temos razões para respeita-la. Assim como afirma que as morais mais elevadas são, ou
deveriam ser possíveis.
O filósofo considera que a moral está de tal modo conosco que se apresenta como a
única forma possível de obter uma vida ética, mas estaria disposto a abrir mão da
própria justiça, se livrando da moral, para produzir um homem mais forte.
Uma das principais questões de suas duras críticas à moral é o fato de que a mesma
produz algo desprezível, o “último homem” que apenas se preocupa com a felicidade.
Já que a própria moral é “contra a vida” e teria feito da humanidade uma espécie
doentia e deteriorada.

A genealogia da moral.
Para Nietzsche, a única maneira de esclarecer o conceito da moral é pela genealogia
que consiste em uma forma de vida ética particular.
Seguindo o conceito da genealogia a moral é tida como produto de uma “rebelião
escrava” direcionada contra os nobres do mundo antigo por um ressentimento que se
torna rancoroso e venenoso entre os impotentes que são incapazes de se livrarem da
ofensa, descarregarem o sentimento, se defenderem, exigirem o tratamento
adequado ou acatá-lo.
Essa “revolta escrava” é apenas uma metáfora as revoltas conduzidas por líderes
religiosos que se consideravam bons, mas foram totalmente tomados pela inveja, essa
é uma reversão de valores destes com os nobres. O religioso é miserável, manso e
submisso, ou seja, bom, já os nobres são cruéis e maus, papeis invertidos com a
revolta. Tal revolta começou com os judeus e culminou na proclamação das beatitudes
cristãs.
O filósofo de maneira geral critica com intensidade o papel religioso e de seus líderes,
seja pelo fator apresentado acima ou pela tendência de desconfiança nos instintos que
resultou no cristianismo, acelerando a “domesticação” humana, por meio de
“ameaças” e doutrinações generalizadas.
Seguindo a metáfora da “revolta escrava”, a moral dos escravos acaba sendo herdeira
do pensamento socrático-platônico e das tradições judaico-cristãs. Ela nega os valores
vitais e resulta na procura da paz e do repouso, ao ponto de serem facilmente
“domesticáveis”, como dito também anteriormente. Com o pecado, a culpa acaba se
tornando um ressentimento voltado para si com a inibição das ações.
Já a moral dos senhores ou dos nobres, também da metáfora, visa a conservação da
vida e dos instintos fundamentais, sendo positiva por se basear na vida. É fundada na
capacidade de criação e de invenção, resultando na alegria, por essa razão, o indivíduo
consegue se superar, atingindo algo além-do-homem. Reavaliando os valores para
desprezar o que o diminui e criar outros valores que sejam compromissados com a
vida.

A vontade de potência.
A moral decadente dos valores tradicionais acomodou o ser humano na mediocridade
e destruir esses mesmos valores é a condição para que possam nascer novos valores, o
que só pode ser alcançado com a vontade de poder. Não o poder que domina os
outros, mas que dá forças vitais recuperadas pelo indivíduo dentro de si.
O poder é uma virtude, e toda virtude é uma autorrealização. Essa moral valoriza a
individualidade, permitindo que cada ser seja ele mesmo.

Martin Heidegger.
Biografia.
Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão da corrente existencialista, por
mais que não concorde com essa denominação, um dos maiores filósofos do século XX.
Foi professor e escritor, exercendo grande influência em intelectuais como Jean-Paul
Sartre.
Nasceu em Messkirch, uma pequena cidade católica do Estado de Baden, na
Alemanha, no dia 26 de setembro de 1889. Com o objetivo de ser padre cursou
Teologia na Universidade de Friburgo, onde foi aluno de Edmund Husserl, teórico e
filósofo criador da fenomenologia.
Em 1913, doutorou-se em Filosofia. Ao estudar os clássicos protestantes de Martinho
Lutero, João Calvino, entre outros, enfrentou uma crise espiritual e rompeu com o
catolicismo. Em 1917 se casa com a Luterana Elfrid Petri.
A partir da influência que adquiriu do professor Husserl, tornou-se seu herdeiro na
liderança da fenomenologia – sistema filosófico que estuda o conjunto de fenômenos
e estruturas da experiência consciente e como eles se manifestam através do tempo e
do espaço.
Heidegger teve como base o próprio Niltzsche, Husserl e os “clássicos “em seus
estudos, participando das escolas filosofia continental e existencialismo utilizando do
método hermenêutico. Acabou posteriormente por repassar e inspirar Sartre e
Hannah Arandt.

Ética Heideggeriana.
A filosofia de Heidegger baseia-se na ideia de que o homem é um ser que busca aquilo
que não é. Seu projeto de vida pode ser eliminado pelas pressões da vida e pelo
cotidiano, o que leva o homem a isolar-se de si mesmo. Heidegger também trabalhou
o conceito de angústia, a partir do qual o homem transcende suas dificuldades ou
deixa-se dominar por elas. Assim, o homem seria um projeto inacabado.
A busca de princípios e normas universais capazes de orientar a conduta humana dá
lugar para existencial da qual as questões éticas passam a ser concebidas. Uma vez que
as questões éticas surgem em situações particulares da vida humana, a tentativa de
alcançar a singularidade que caracteriza a existência apresenta- se como um esforço
necessário para compreensão do modo de ser e de agir ético. Além de afirmações
como: toda consciência é intencional por sempre tender para algo, por visar a algo fora
de si, não há objeto em si, já que o objeto é sempre para um sujeito que lhe dá
significado e não há sujeito separado do mundo.
É um grande crítico do pensamento dualista predominante nas tradições filosóficas
desde Platão.

Dasein, o “ser-aí”.
Heidegger diz que o ser humano não é como as coisas e os animais devido ao seu
existir, e esse existir ele define como Dasein, uma expressão alemã que significa “ser-
aí”, um “ser-no-mundo”. Já que o ser humano não constitui uma consciência separada
do mundo, pois não se reduz a uma “coisa”.
A existência humana tem dois aspectos inseparáveis, sendo eles a facticidade e a
transcendência. A facticidade é o conjunto das determinações humanas por pertencer
a um tempo e um espaço, como família e até o grupo social que nem escolhemos. Já a
transcendência é a ação que o ser humano executa para ir além das próprias
determinações, não para nega-las, mas para dar sentido e orientar suas ações nas
diversas direções, é a própria dimensão da liberdade humana.
O ser não se explica, qualquer tentativa de explicar o ser o reduz em um ente. Ente é
algo que se explica, já o ser tem sua essência e natureza própria, estando sempre em
constante expansão.
O “ser-aí” é um ser lançado no mundo, sendo um “ser-no-mundo”. Quando lançados
no mundo nos tornamos uma espécie de “ser-comum”, que por ser um “ser-social” se
coisifica e acaba se afastando de si.
Temporalidade e angústia.
Retomando o assunto anterior, Dasein é um ser como possibilidade que o introduz na
temporalidade, não significando ter apenas um passado e um futuro, em que os
momentos se sucederam uns aos outros de maneira passiva. A existência é então esse
ato de se projetar no futuro, ao mesmo tempo que transcende o seu passado.
Baseando-se também na facticidade, o ser humano recusa o seu próprio ser.
Já a angustia decorre da tensão entre o que o indivíduo é e aquilo que poderá vis a ser,
como sendo dono do seu destino, retirando o indivíduo de seu cotidiano e o
reconduzindo no encontro de si.

A autenticidade da vida.
Tal conceito, decorre do sentido que o ser humano imprimi suas ações. Se
despersonalizando acaba atraindo o anonimato, anulando a sua originalidade.
Uma pessoa autêntica se projeta no tempo, sempre em direção ao seu futuro. Já que
existência é se lançar sempre se renovando.
A consciência da morte, saber e entender que irá morrer, possibilita o olhar crítico
sobre sua própria existência.

Conclusão.
Após fazermos um apanhado geral sobre ambos filósofos encontramos uma grande
semelhança, não apenas por Heidegger ter se inspirado em Nietzsche, mas também
pelo fato de romperem com o padrão da filosofia clássica, dando mais importância
para o ser na sociedade e a importância do mesmo e proporem novas ideias para
serem repassadas para as novas gerações.
Em suma, ambos filósofos contrariam a visão geral sobre a ética, colocando de
maneira totalmente oposta e pessimista a visão da maioria dos demais filósofos, a
colocando como empecilho para a evidente e continua evolução humana em vários de
seus âmbitos.

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