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UNIDADE 1

Conhecendo a
Contabilidade Pública

Objetivos de aprendizagem
! Conhecer a origem e a evolução da
Contabilidade Pública no Brasil.

! Identificar os fundamentos básicos e os conceitos


introdutórios, o objeto, o objetivo e o campo
de aplicação da Contabilidade Pública.

! Conhecer a organização básica da


Administração Pública.

Seções de estudo
Seção 1 Fundamentação básica e conceitos introdutórios
da Contabilidade Pública

Seção 2 Origem e evolução da Contabilidade Pública


no Brasil

Seção 3 Objeto, objetivo e campo de aplicação da


Contabilidade Pública

Seção 4 Organização da Administração Pública

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Antes de iniciar os estudos das técnicas de registro e escrituração
na Contabilidade Pública, você verá, nesta unidade introdutória,
a contextualização do tema em si e conhecerá alguns aspectos
pertinentes à sua origem e à sua evolução no Brasil, sua
fundamentação básica e seus conceitos. Também irá conhecer a
forma de organização e funcionamento da Administração Pública.

Bom estudo!

Seção 1 – Fundamentação básica e conceitos


introdutórios da Contabilidade Pública
Na visão de Heilio Kohama (1998, p. 23), Contabilidade
Pública é o ramo da contabilidade que estuda, orienta, controla
e demonstra a organização e a execução da Fazenda Pública, o
patrimônio e suas variações.

Diana Vaz Lima (2003, p. 14.) estabelece que a Contabilidade


Pública “[...] é uma ciência que se presta a coletar, registrar e
controlar os atos e fatos de natureza orçamentária que afetam o
patrimônio público”.

João Angélico (1998, p. 31) destaca que Contabilidade Pública


“[...] é a disciplina que aplica na Administração Pública, as
técnicas de registros e apurações contábeis em harmonia com as
normas gerais do Direito Financeiro”.

Araújo e Arruda (2004, p. 31), ao traçarem seus conceitos de


Contabilidade Pública, destacam que ela consagra a

[...] contabilidade aplicada às entidades públicas, cuja


finalidade é determinar procedimentos normativos para
que os fatos decorrentes da gestão orçamentária, financeira

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Contabilidade Pública

e patrimonial das mesmas realizem-se em perfeita ordem


e sejam registrados sistematicamente, de modo a mostrar,
em épocas prefixadas, os respectivos resultados.

Esses autores ressaltam, ainda, que a Contabilidade


Governamental ou Pública pode ser definida como (2004, p. 31)
“[...] o sistema de informações capaz de captar, registrar, reunir,
divulgar e interpretar os fenômenos avaliáveis monetariamente
que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas
de qualquer ente público”.

Tomando por base as definições anteriores, observe que a


Contabilidade Pública visa a estudar, orientar, registrar, controlar
e promover as apurações contábeis em harmonia com as normas
gerais do Direito Financeiro; e está, também, interessada
em todos os atos praticados pelos Administradores Públicos,
sejam de natureza orçamentária ou meramente administrativa,
representativos de valores potenciais que poderão afetar o
Patrimônio no futuro.

Veja alguns exemplos de atos e fatos orçamentários, assim


como administrativos.

Dentre os atos e fatos orçamentários, destacam-se


a previsão de receita, fixação de despesa, empenho,
liquidação, descentralização de créditos etc.; e dentre
os administrativos, os contratos, convênios, acordos,
ajustes, avais, fianças, valores sob responsabilidade,
comodatos de bens etc.

Wanderlei Pereira das Neves (2000, p. 34) conceitua a


Contabilidade Pública como

[...] a ciência que estuda, orienta, controla e demonstra


a programação orçamentária e sua execução, a
movimentação financeira e patrimonial e a formação
do resultado que integram o conteúdo para a tomada
de contas dos responsáveis (gestores) por bens e
valores públicos.

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Neves acrescenta que “[...] como toda ciência, a Contabilidade


Pública tem funções que explicam a razão de sua existência e
demonstram a sua correlação com a sociedade”. (NEVES, 2000,
p. 34).

Este autor define as funções da Contabilidade Pública da


seguinte maneira:

Tem como objetivo principal o fornecimento de informações que


Função Econômica contribuam para a geração de receitas para a entidade governamental,
com consequente aumento do saldo patrimonial total.
É desenvolvida por meio do controle dos pagamentos e quitações de
Função Financeira despesas e dos recebimentos de receitas. Seus registros devem servir
de base para o constante aperfeiçoamento da gestão fiscal.
Está voltada ao controle das movimentações orçamentárias,
Função Técnica financeiras e patrimoniais do setor público, possibilitando a
transparência da gestão fiscal.
Está relacionada com aquele grupo de serviços ligados ao comércio,
Função Comercial como os pagamentos bancários, despesas de pequeno vulto e outras.
Visa a produzir artifícios que facilitem o retorno por meio de
investimentos voltados à satisfação das necessidades humanas, em
Função Social especial mediante a elaboração de demonstrativos que deverão
compor o Balanço Social.
Quadro 1.1 – Funções da Contabilidade Pública
Fonte: Neves, 2000.

Seção 2 – Origem e evolução da Contabilidade Pública


no Brasil
Segundo Cruz (1998, p. 9), a Contabilidade Pública no Brasil
teve origem a partir de sua denominação pelos portugueses
com o Conselho Ultramarino e da Fazenda, quando, por volta
de 1808, tivemos um Alvará que estabeleceu o controle definitivo
da coisa pública.

Este alvará estabeleceu normas contábeis mais claras,


determinando inclusive a adoção do Método das Partidas
Dobradas, sob a alegação de que este permitiria uma maior
transparência e menor chance de erros. Segundo Cruz (1998,

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Contabilidade Pública

p. 9 e 10), tal alvará foi encaminhado por D. Fernando José


de Portugal para aprovação e recebeu a acolhida de D. João de
Orleans e Bragança.

Atenção!

Tomando por base as definições anteriores, veja que


a Contabilidade Pública – na medida em que visa a
estudar, orientar, registrar e controlar os atos e fatos,
ou fenômenos contábeis – vale-se dos mesmos
princípios e métodos adotados pela Contabilidade
Mercantil, diferenciando-se desta apenas naquilo
que lhe é peculiar.

Esse documento histórico estabelece, dentre os regramentos, o


método das partidas dobradas, idealizado por Frei Lucas Paccioli,
em 1494.

O Alvará de 28 de junho de 1808 ditava o seguinte:

I – Para que o método de escrituração e fórmulas de


contabilidade da minha Real fazenda não fique arbitrário, e
sujeito à maneira de pensar de cada um dos meus contadores
gerais, comunico que sou servido a criar para o referido Erário:
ordeno que a escrituração seja a mercantil por partidas dobradas,
por ser a única seguida pelas Nações mais civilizadas, assim pela
sua brevidade para o manejo de grandes somas, como, por ser a
mais clara, e a que menos lugar dá a erros e subterfúgios, onde
se esconde a malícia e a fraude dos previcatários.

Após aquele ano, são os seguintes os fatos que mais marcaram a


história da Contabilidade Pública no Brasil:

Em 1921, é criada a Contadoria Central da República, como uma diretoria do Tesouro


a) Nacional – Diretoria Central de Contabilidade da República (Decreto nº 15.210,
de 28/12/1921);
Em 1922, é feita uma organização do Código de Contabilidade da União, pela Lei nº 4.536,
b) de 28/01/1922;
Em 1922, surgiu também o Regulamento de Contabilidade Pública, aprovado pelo Decreto
c) nº 15.783, de 18/11/1922;

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Em 1964, surge a Lei nº 4.320 (em vigor), padronizando a contabilização das operações nas
d) três esferas de governo;
Em 1967, surge o Decreto-Lei nº 200, passando a União a intervir acentuadamente na economia
e) (é enfatizada a descentralização da administração pública – Reforma Administrativa);
Em 1967, deu-se a expedição do Decreto Federal nº 71.353, de 09/11/1972, instituindo o
f) Sistema de Planejamento Federal, consolidando a adoção do Orçamento-Programa, com o
objetivo de integrar o Planejamento com Orçamento;
Em 10 de março de 1986, é criada a Secretaria do Tesouro Nacional, por intermédio do
g) Decreto nº 95.452;
Ainda em 1986, é desenvolvido o Sistema Integrado de Administração Financeira do
h) Governo Federal (SIAFI);
Em decorrência da implantação do SIAFI, foi publicado o Decreto nº 93.872, de 23 de
dezembro de 1986, que trata da unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional.
O SIAFI tem como suporte o seguinte tripé:
i) a) o Plano de Contas Único;
b) a Conta Única; e
c) a Tabela de Eventos.
Em 1988, é promulgada a Constituição Federal, trazendo uma série de modificações nos
j) assuntos relacionados à gestão fiscal;
Em 04 de maio de 2000, mais uma norma importantíssima entra em vigor, a
Lei Complementar nº 101, que passou a ser denominada Lei de Responsabilidade Fiscal
k) (LRF). Esta lei impõe a consolidação de balanços em nível nacional e por esfera de governo,
incluindo as empresas estatais dependentes;
Em 04 de abril de 2001, a Secretaria do Tesouro Nacional, visando a oportunizar a
l) Consolidação das Contas Públicas, editou a Portaria Interministerial SOF/STN nº 163/01,
instituindo a classificação segundo a natureza da Receita e da Despesa Públicas;
Em 13 de setembro de 2002, através da Portaria STN n.º 448/02, a Secretaria do Tesouro
m) Nacional divulga o detalhamento das naturezas de despesas;
Em 29 de abril de 2004, a Secretaria do Tesouro Nacional, através da Portaria STS nº 219/04,
n) editou o Manual de Procedimentos da Receita Pública, em sua primeira versão, incluindo a
classificação da Destinação da Receita por fonte de Recursos;
Em 28 de abril de 2005, através da Portaria nº 303, foi aprovada a 2ª Edição do Manual de
o) Procedimentos da Receita Pública;
Em 27 de outubro de 2005, a Secretaria do Tesouro Nacional, através da Portaria nº 564/05,
p) aprovou a 1ª Edição do Manual de Procedimentos da Dívida Pública;
Em 15 de dezembro de 2005, a Secretaria do Tesouro Nacional, através da
q) Portaria STN n.º 869/05, alterou o Anexo I da 2ª Edição do Manual de Procedimentos da
Receita Pública, incluindo a natureza das Receitas com as respectivas Fontes de Recursos;
Em 26 de abril de 2006, através da Portaria STN nº 340/06, a Secretaria do Tesouro
r) Nacional aprovou a 3ª Edição do Manual de Procedimentos da Receita Pública. Em 2007,
a 4ª edição foi aprovada pela Portaria Conjunta STN/SOF nº 2, de 08 de agosto de 2007.
Em 14 de outubro de 2008, através da Portaria Conjunta nº 3, a Secretaria do Tesouro
s) Nacional, do Ministério da Fazenda e a Secretaria do Orçamento Federal do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, aprovaram os Manuais da Receita Nacional e da
Despesa Nacional, também aplicadas nas três esferas do Governo.
Quadro 1.2 – História da Contabilidade Pública no Brasil
Fonte: Elaboração do autor.

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Contabilidade Pública

Em 2009, por meio da Portaria Conjunta STN/SOF nº 2/09


e Portarias STN nº 749 e 751/09, em substituição à Portaria
Conjunta nº 3/2008, foi aprovada a 2ª edição do Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

Por meio da Portaria STN nº 109, de 21 de fevereiro de 2011,


foram criados e definidos a composição e o funcionamento
do Grupo Técnico de Padronização dos Procedimentos
Contábeis – GTCON.

Atualmente, encontra-se em vigor a Portaria Conjunta STN/SOF


nº 2, de 13 de julho de 2012 por meio da qual as Secretarias do
Tesouro Nacional e do Orçamento Federal, aprovaram a PARTE
I – Procedimentos Contábeis Orçamentários, integrantes da 5ª
edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

Pela Portaria STN nº 437, de 12 de julho de 2012, a Secretaria


do Tesouro Nacional aprovou as PARTES II – Procedimentos
Contábeis Patrimoniais, III – Procedimentos Contábeis
Específicos, IV – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público,
V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público,
VI – Perguntas e Respostas e VII – Exercício Prático, todas
vinculadas à 5ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao
Setor Público.

As partes integrantes do Manual de Contabilidade Aplicada ao


Setor Público, aprovadas pelas Portarias anteriormente destacadas,
são de aplicação optativa, em 2012, e obrigatória a partir de 2013,
para a União, Estados e Municípios. Esse Manual tem como foco
principal o alinhamento das normas de Contabilidade Pública às
Normas Internacionais do mesmo setor, assim como ocorreu com
a Contabilidade Aplicada à esfera Mercantil.

Já a Portaria n.° 828, de 14 de dezembro de 2012, altera a Portaria


STN n.° 406, de 20 de junho de 2011, e determina que as normas
inseridas no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
deverão ser aplicadas de forma gradativa a partir do exercício de
2012, ficando facultativa a aplicação das Partes IV e V. Porém,
a Portaria STN n.° 437, de 12 de julho de 2012, define que elas
deverão ser aplicadas a partir do exercício de 2013, inclusive
as Partes IV e V, nas quais se encontram inseridas as regras e
estruturas do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e às
Demonstrações Contábeis Aplicadas ao mesmo setor.

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Seção 3 – Objeto, objetivo e campo de aplicação da


Contabilidade Pública
Nesta seção, você estuda o objeto, o objetivo e o campo de
aplicação da Contabilidade Pública.

3.1 Objeto da Contabilidade Pública


Você sabe qual é o objeto da Contabilidade Pública?

Assim como nos demais ramos ou segmentos, o objeto


da Contabilidade Pública é o Patrimônio.

Apesar de ser o patrimônio o objeto da Contabilidade Pública,


essa, além de registrar todos os fatos contábeis (modificativos,
permutativos e mistos), está interessada também nos atos e fatos
de natureza orçamentária – isto é, na previsão e arrecadação
de receita, na fixação e execução da despesa e, ainda, nos atos
potenciais praticados pelo administrador público, que poderão
alterar qualitativa e quantitativamente o patrimônio.

Assim, observe que o orçamento é o instrumento da


Contabilidade Pública, pois são decorrentes da sua execução os
fatos que podem modificar o patrimônio das instituições.

3.2 Objetivo da Contabilidade Pública


O objetivo da Contabilidade Pública consiste em fornecer à
administração informações atualizadas e exatas aos órgãos de
controle interno e externo para subsidiar no processo de tomada
de decisão e no cumprimento da legislação e às instituições
governamentais e particulares informações estatísticas e outras
de interesses dessas instituições.

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Contabilidade Pública

3.3 Campo de aplicação


A Contabilidade Pública aplica-se a todos os órgãos da
administração direta e às entidades da administração indireta,
inclusive às empresas estatais dependentes. Aplica-se, ainda, aos
fundos especiais instituídos pelos entes da federação.

Atenção!

Todos os órgãos e entidades que administrarem


recursos orçamentários deverão elaborar
demonstrações contábeis, quer sejam pertencentes à
Administração Direta ou Indireta.

Seção 4 – Organização da Administração Pública


A Administração Pública, em sentido formal, é composta pelo
conjunto de órgãos e entidades instituídos para a consecução dos
objetivos do governo e para a realização de seus serviços, visando
à satisfação das necessidades coletivas, sociais e dignas de mérito.
Distingue-se, basicamente, como direta e indireta.

4.1 Administração Pública Direta


Você conhece a Administração Pública Direta?

A Administração Direta é o conjunto de serviços


integrados na estrutura da Chefia do Executivo
e de seus órgãos auxiliares, como Ministérios ou
Secretarias, ou seja, são todas as categorias de
serviços executados diretamente pelos órgãos
estatais, isto é, pelo conjunto de organismos que
se acham sob a responsabilidade do Estado.

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Conforme Sanches (1997, p. 14), Administração Pública Direta


“[...] é o conjunto de unidades organizacionais que integram
a estrutura administrativa de cada um dos Poderes da União,
dos Estados e dos Municípios, abrangidas não só as unidades
constituídas de autonomia, mas também os órgãos autônomos
e os fundos”.

Nas três esferas de governo, o Poder Executivo é exercido,


unipessoalmente, pelo Presidente, governadores e prefeitos,
auxiliado por ministros e secretários de Estado e/ou de municípios
e demais autoridades constituídas (ordenadores de despesas).

Variam as estruturas administrativas (nome de ministérios e


secretarias, atribuições etc.), mas todas elas constituem órgãos
dirigentes da administração do ente da Federação, cabendo
aos respectivos titulares as funções de supervisão, através de
orientação, coordenação e controle das atividades dos órgãos e
entidades subordinados.

4.2 Administração Pública Indireta


Você conhece a Administração Pública Indireta?

A Administração Indireta é um tipo de descentralização


denominada de descentralização institucional, sendo
uma organização criada pelo Estado para, com ele,
compor a administração pública e auxiliá-lo no
exercício da atividade administrativa.

As atividades administrativas indiretas compreendem serviços


desenvolvidos pelas entidades a seguir relacionadas, todas dotadas
de personalidade jurídica própria:

a) autarquias;

b) fundações públicas;

c) empresas públicas;

d) sociedades de economia mista.


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Contabilidade Pública

Atenção!

Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal,


Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000,
passou a ser muito importante a distinção entre
Sociedade de Economia Mista Superavitária (ou
simplesmente empresa controlada) e aquela que
depende de repasses de recursos do Tesouro para a
sua manutenção (ou simplesmente empresa estatal
dependente), principalmente para fins de verificação
dos limites de gastos com pessoal e da dívida pública.

Acompanhe, a seguir, os dispositivos da Lei de Responsabilidade


Fiscal que versam sobre a matéria:

Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com
amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação
planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem
desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas
e despesas e a obediência a limites e condições no que tange
a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária,
operações de crédito, inclusive por antecipação de receita,
concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3º Nas referências:
I – à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
estão compreendidos:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os
Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,
fundações e empresas estatais dependentes;

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[...]
Art. 2.º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:
I – ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e
cada Município;
II – empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social
com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente
da Federação;
III – empresa estatal dependente: empresa controlada que receba
do ente controlador recursos financeiros para pagamento de
despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital,
excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária;
[...]
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade
pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
[...]
III – as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e
conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo
ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional,
inclusive empresa estatal dependente.

De acordo com os artigos 71 e 72 da Lei nº 4.320/64, além


dessas entidades, é importante conhecer, para fins contábeis, os
fundos especiais, que são receitas especificadas, as quais, por lei,
vinculam-se à realização de determinados objetivos ou serviços,
facultada a adoção de normas peculiares de aplicação. A aplicação
das receitas orçamentárias vinculadas a fundos especiais deve
ser feita pela dotação consignada na Lei do Orçamento ou em
créditos adicionais.

A Administração Pública, portanto, encontra-se organizada da


seguinte forma:

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Contabilidade Pública

a) Administração Pública Federal

" Ministérios
" Ministério Público
" Gabinete da Presidência da República
Direta
" Tribunais do Poder Judiciário
" Casas do Poder Legislativo
" Tribunal de Contas da União
" Autarquias
" Fundações
Indireta
" Empresas Públicas
" Sociedades de Economia Mista

b) Administração Pública Estadual

" Secretarias
" Ministério Público
" Gabinete do Governador
Direta
" Tribunal de Justiça
" Assembleia Legislativa
" Tribunal de Contas do Estado
" Autarquias
" Fundações
Indireta
" Empresas Públicas
" Sociedades de Economia Mista

c) Administração Pública Municipal

" Secretarias
" Ministério Público
" Gabinete do Prefeito
Direta
" Câmara de Vereadores
" Tribunal de Justiça
" Tribunal de Contas do Estado
" Autarquias
" Fundações
Indireta
" Empresas Públicas
" Sociedades de Economia Mista

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Atenção!

Observe que o Tribunal de Contas do Estado figura


como órgão da Administração Direta dos Municípios.
Entretanto, existem apenas três ou quatro municípios
em nosso País que contam com Tribunal de Contas
Municipal. Nestes, o Tribunal de Contas do Município
assume as funções, substituindo o Tribunal de Contas
do Estado.

Veja, também, que empresa estatal dependente


e sociedade controlada contemplam as novas
denominações inseridas pela Lei de Responsabilidade
Fiscal em substituição às antigas empresas públicas e
sociedades de economia mista.

Síntese

Nesta unidade, você teve a oportunidade de estudar que a


Contabilidade Pública é o ramo da Ciência Contábil o qual tem
por fim coletar, registrar, divulgar e controlar os fenômenos (os
atos e fatos) de natureza orçamentária e extraorçamentária que
afetam o Patrimônio das instituições públicas.

Viu que o objeto da Contabilidade Pública é o patrimônio, que


ela tem como instrumento básico o Orçamento Público e que
ela se aplica a todos os órgãos e entidades da Administração
Direta e Indireta, fundos e fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público.

As funções da Contabilidade Pública assemelham-se àquelas


da Contabilidade aplicada à esfera mercantil, haja vista, nesta
última, também ser função sua coletar, registrar, divulgar e
controlar os fenômenos que afetam o patrimônio e oferecer
subsídios à tomada de decisão.

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Contabilidade Pública

Atualmente, encontram-se em vigor a Portaria Conjunta STN/


SOF nº 2, de 13 de julho de 2012 e a Portaria STN nº 437,
de 12 de julho de 2012, por meio das quais foram aprovadas
as PARTES I – Procedimentos Contábeis Orçamentários,
II – Procedimentos Contábeis Patrimoniais, III – Procedimentos
Contábeis Específicos, IV – Plano de Contas Aplicado ao Setor
Público, V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor
Público, VI – Perguntas e Respostas e VII – Exercício Prático,
todas vinculadas à 5ª edição do Manual de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público.

A Contabilidade Pública teve origem nos idos de 1808,


quando da aprovação por Dom João de Orleans e Bragança,
por intermédio do Conselho Ultramarino e da Fazenda, de um
alvará que estabeleceu controle mais definido da coisa pública,
adotando-se, naquele período, o método das partidas dobradas
para os registros dos fatos contábeis.

Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei


Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, a Secretaria
do Tesouro Nacional foi elevada à condição de órgão sistêmico
e passou a editar normas de consolidação dos procedimentos
contábeis, culminando com a edição do Manual de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público, aprovado em sua 5ª edição pelas a
Portaria Conjunta STN/SOF nº 2, de 13 de julho de 2012 e a
Portaria STN nº 437, de 12 de julho de 2012.

A Administração Pública, dividida em Administração Direta e


Indireta, contempla o conjunto de órgãos e entidades instituídas
com o fim de promover a concessão dos objetivos do governo e
atender aos anseios da sociedade.

A Administração Direta contempla os órgãos diretamente


vinculados à estrutura central dos Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário e tem por fim o desenvolvimento de ações e serviços
inerentes ao Estado, ou seja, ações e serviços que, por suas
características, são próprios do Estado.

A Administração Indireta contempla os órgãos criados por


lei com o objetivo de auxiliar o Estado no desenvolvimento
das ações e serviços do Estado, passando, assim, a compor a
Administração Pública. Dentre esses órgãos, encontram-se

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as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e


as sociedades de economia mista. De acordo com a Lei de
Responsabilidade Fiscal, as empresas públicas e as sociedades
de economia mista foram elevadas à condição de Empresa Estatal
Dependente e Sociedade Controlada, respectivamente.

Atividades de autoavaliação

Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação.


O gabarito está disponível no final do livro didático, mas se esforce para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
promovendo (e estimulando) a sua aprendizagem.

1) Utilizando-se dos ensinamentos dos autores destacados na Seção 1,


elabore o seu próprio conceito de Contabilidade Pública.

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Contabilidade Pública

2) É possível dizer que as funções da Contabilidade Pública, definidas pelo


Professor Wanderlei Pereira das Neves, mantêm relação direta com as
Funções ou com a Finalidade da Contabilidade Mercantil. Sim ou não?.
Justifique sua resposta.

3) Além do patrimônio como objeto, a Contabilidade Pública também


está interessada em outros fatos contábeis que lhe permitirão registrar
as modificações e permutações que ocorrem no Patrimônio Público.
Estamos falando de atos e fatos de:
a) ( ) natureza orçamentária;
b) ( ) natureza financeira;
c) ( ) natureza administrativa;
d) ( ) natureza econômica;
e) ( ) natureza judicial.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

4) Tendo por base o conteúdo estudado nesta unidade, qual característica


diferencia os órgãos da Administração Direta daqueles que integram a
Administração Indireta?

5) De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, são entes da


Federação:

34

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Contabilidade Pública

Saiba mais

A você, que pretende ampliar seus conhecimentos, indicamos


os livros a seguir destacados, pois, neles, os autores apresentam
outros aspectos relevantes em relação ao tema tratado nesta
unidade, assim como utilizam linguagem simples e de fácil
compreensão.

CRUZ, Flávio da. Comentários à lei complementar nº 101,


de 04 de maio de 2000. São Paulo: Atlas. 2004.

PIRES, João Batista Forte. Contabilidade pública: teoria a


prática. 16ª. ed. Brasília: Franco e Fortes, 2010.

BRASIL, Portaria Conjunta STN/SOF nº 2, de 13 de julho


de 2012. Disponível em: www.stn.fazenda.gov.br. Acesso em
outubro de 2012.

BRASIL, Portaria STN nº 437, de 12 de julho de 2012.


Disponível em: www.stn.fazenda.gov.br. Acesso em outubro de
2012.

Unidade 1 35

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