Você está na página 1de 10

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


BRIGADA MILITAR - DEPARTAMENTO DE ENSINO
COLÉGIO TIRADENTES - PASSO FUNDO

Joanna DEMARCHI e Paula DI PRIMIO

A IDADE MODERNA

HISTÓRIA

SANDRA DO CARMO RESMINI

PASSO FUNDO, NOVEMBRO DE 2022


1. Relacionar a expansão do Islã à formação da rota comercial transaariana (livro p. 22
a 25).

O islamismo teve origem na Península Arábica, no século VII. Essa região, que se situa
no Oriente Médio, ficou marcada pelo clima quente e árido, abrigando áreas desérticas que
predominam no centro e norte. O sul da península possuía terras férteis devido ao fluxo de
chuvas, o que possibilitou a prática da agricultura e, consequentemente, a formação de
cidades.
A difusão do islamismo se deu, principalmente, através das rotas comerciais e comércio
caravaneiro estabelecido, respectivamente com a Europa Ocidental e continente africano.
Surgimento do islamismo e seus princípios
Nascido em Meca por volta de 570, Maomé iria se tornar principal profeta do islamismo.
Junto de seu tio participava das caravanas de mercadores, momento em que provavelmente
entrou em contato com religiões monoteístas, como judaísmo e cristianismo.
Segundo a tradição islamica, em 610, enquanto meditava no monte Hira, Maomé falou
com Deus através do arcanjo Gabriel. Ele lhe revelou partes de um livro que seria conhecido
como Alcorão, o qual deveria ser transmitido pelo profeta às outras pessoas. Assim, todas as
revelações levaram aproximadamente 23 anos.
A palavra islã significa “submissão” e as características da religião se assemelham às do
judaísmo e cristianismo. Os princípios e obrigações que muçulmanos devem seguir são:
confirmar e acreditar em um só Deus, Alá, e que Maomé é seu último profeta; rezar cinco
vezes ao dia voltado para Meca; dar esmolas de acordo com sua riqueza; jejuar no mês do
Ramadã, para purificar-se a Deus; se possível, peregrinar ao menos uma vez na vida a Meca.
Há uma importante determinação islâmica entre muitas outras que diz ser proibido adorar
uma imagem e representar Maomé ou qualquer outro ser em desenhos ou esculturas, com o
objetivo de evitar idolatrias.
Expansão do islã
Por contrariar alguns dos princípios da religião predominante na sociedade, Maomé
contribuiu para a diminuição da peregrinação de fiéis politeístas à Meca, o que prejudicou os
interesses comerciais dos coraixitas, grupo que dominava o local. Assim, o profeta foi
perseguido e fugiu com seus fiéis para Medina em 622. A mudança foi chamada de Hégira e
marcou o início do calendário muçulmano.
Em 630, Maomé voltou e dominou Meca, transformando-a em um lugar de adoração a
Alá, que passou a se chamar Caaba. Após sua morte, no ano 632, seus sucessores ficaram
encarregados de continuar a propagação da fé islâmica. O título para “sucessor do profeta”
era khalifat rasul Allah, literalmente “sucessor do profeta de Deus”. O khalifat (Califa),
portanto, estava investido da legitimidade política e religiosa para governar o povo
muçulmano. Assim, uma década depois de sua morte, a Península Arábica estava unificada
na chamada Ummah, “a nação” dos crentes.
Com o passar do tempo, principalmente durante os séculos VII e VIII a religião islâmica se
difundiu pelo mundo. Motivados pelas trocas comerciais e culturais, e pela necessidade de
terras férteis, os árabes muçulmanos estabeleceram um intercâmbio de culturas e saberes.
Eles desenvolveram centros mercantis em Bagdá, Cairo, Córdoba e Damasco.
A expansão ao Ocidente proporcionou a difusão de técnicas de irrigação, agricultura,
construção civil e artefatos, mostrando o dinamismo tecnológico árabe.
Os muçulmanos foram importantes para o avanço do conhecimento nas áreas da
matemática, astronomia, física e química. Eles traduziram obras de Aristóteles para a língua
árabe e influenciaram até mesmo na língua portuguesa, o que pode ser percebido em
vocábulos como alface, almofada de alfaiate.
Rotas transaarianas
Na África já existiam rotas comerciais no Deserto do Saara e na região do Sahel
(transição do deserto para terras férteis) mesmo antes da chegada dos muçulmanos. A
introdução dos camelos no século III a.C contribuiu para aumentar consideravelmente o
alcance das rotas comerciais locais, ligando a África Subsaariana ao mundo mediterrâneo e
ao Oriente Médio.
O islamismo se difundiu pelo norte do continente africano a partir do século VII, levado
pelos comerciantes e pelo exército muçulmano. Aos poucos eles iam convertendo os povos
berberes, que dominavam as rotas comerciais do Saara.
As rotas transaarianas são os caminhos do comércio caravaneiro que cruzam o deserto
do Saara na África Centro-Ocidental. São diversas rotas interligando as economias locais e
regionais do Sahel (África subsaariana, área de savanas que separa o deserto das florestas
tropicais) à costa mediterrânea no norte da África.
Gana foi importante no processo de difusão do islamismo. Ao ser invadido por
almorávidas, se fragmentou, facilitando a tomada do poder pelo Império do Mali, no início do
século XIII. Um século depois as cidades da região se transformaram em importantes redutos
do islamismo africano, levando em consideração a influência islã presente no Império do Mali.
A intensificação das trocas comerciais proporcionou a disseminação da religião pelos
comerciantes africanos ao sul da região do Sahel.
2. Conceituar Renascimento e identificar em que consistia o humanismo renascentista.
O Renascimento foi um movimento cultural, econômico e político surgido na Itália no
século XIV e se estendeu até o século XVII por toda a Europa. Historicamente, o
Renascimento foi o período de transição entre o feudalismo e o capitalismo, reformulando a
vida medieval e dando início à Idade Moderna.
Após a queda de Constantinopla, em 1453, os bizantinos se instalaram na Itália, onde
desenvolveram a cultura clássica. Isso, junto ao passado de Roma, contribuiu para o
desenvolvimento da cultura classicista, fortemente presente no movimento renascentista.
O Renascimento foi um movimento cultural, econômico e político surgido na Itália no
século XIV e se estendeu até o século XVII por toda a Europa. Historicamente, o
Renascimento foi o período de transição entre o feudalismo e o capitalismo, reformulando a
vida medieval e dando início à Idade Moderna.
Após a queda de Constantinopla, em 1453, os bizantinos se instalaram na Itália, onde
desenvolveram a cultura clássica. Isso, junto ao passado de Roma, contribuiu para o
desenvolvimento da cultura classicista, fortemente presente no movimento renascentista.
Durante os séculos XIV e XV, houve o renascimento urbano e comercial na Europa, onde
surgiram novas cidades, que foram povoadas por nobres, artistas, artesãos, trabalhadores e
pela nova classe social, a burguesia.
Em relação à política e à economia, houve o declínio do feudalismo e o fortalecimento do
poder dos reis, aspectos que possibilitaram liberdade econômica e comercial. Acompanhado
das mudanças sociais e políticas, surgiram transformações de ordem religiosas. Nesse
período, a Igreja Católica perdeu com os movimentos de contestação que deram origem à
reforma religiosa.
Assim, se iniciou um conflito entre fé e razão, de modo que Deus deixou de ser o centro
de tudo e o homem passou a ser valorizado, dando origem ao período de transição entre o
teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista. Foi nesse contexto que surgiu o
movimento renascentista.

Algumas características do Renascimento são:

● Racionalismo
● Experimentalismo
● Individualismo
● Antropocentrismo
● Cientificismo
● Humanismo
Retomando a cultura greco-romana, os artistas da época pensavam que gregos e
romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza. Eles valorizavam acima de
tudo a inteligência, o conhecimento e os dons artísticos. O homem passou a ser o centro de
tudo, o que podemos chamar de antropocentrismo, tornando-se o principal responsável por
conduzir a humanidade. As descobertas científicas da época contribuíram para reforçar a
ideia de superioridade humana e valorizar o uso da razão.
3. Pesquisar obras renascentistas e escolher duas delas, nas quais seja possível verificar as
características de antropocentrismo e de ruptura com os conceitos do período medieval.
Justificar.
A primeira obra escolhida é “Os duques de Urbino Federico da Montefeltro e Battista
Sforza”, de Piero della Francesca, em 1472.

Pintados em óleo sobre madeira, cada retrato possui 47x33cm e estão hoje conservados
na Galleria degli Uffizi, Florença, Itália.
De modo geral, as obras de Piero buscavam transmitir as ideias matemáticas e científicas
do mesmo, trazendo composições geométricas e sem exuberante transmissão de emoções.
Esta pintura em específico, foi encomendada pelo próprio duque, Federico de Montefeltro,
em 1472. Sua intenção era homenagear sua esposa Battista Sforza, uma mulher culta muito
admirada por seu marido, morta precocemente após dar à luz ao seu primeiro herdeiro
homem, Guidobaldo, mostrado em outro retrato, provavelmente pintado por Pedro Berruguete,
que data de alguns anos depois.
Partindo para uma análise visual da obra e sua relação com o contexto histórico, traz-se
um excerto escrito pela artista visual, ilustradora, escritora e historiadora da arte, Aline
Pascholati: “A duquesa ostenta a palidez da morte. Apesar de ser tradicional a representação
das mulheres com pele mais clara do que os homens, seguindo a tradição greco-romana, o
fato de se tratar de um retrato póstumo baseado na máscara fúnebre da defunta faz com que
sua palidez evoque sua morte, e não somente seu sexo e delicadeza. As máscaras fúnebres,
moldadas sobre os rostos dos defuntos recém-falecidos, para que se guardasse uma imagem
do morto, eram bastante comuns na época. Além da alvura, podemos notar outra diferença
entre os retratados: as rugas e pequenas imperfeições na imagem do duque. Nesta, é possível
perceber ligeiras rugas em volta de seus olhos, linhas de expressão perto de seus lábios e
manchinhas em sua bochecha. Em contraste, o rosto da duquesa é perfeitamente liso, etéreo e
irreal. Seria a falta do modelo vivo o motivo dessas diferenças ou haveria uma idealização de
Battista, perfeita aos olhos de seu marido e não mais envelhecendo, pois congelada pela
morte?”
Outro ponto que não se pode deixar de notar são as formas utilizadas na representação do
duque. Sua cabeça quadrada - assim como seu tronco - e seu nariz avantajado e triangular,
trazem além de um aspecto de frieza, como de força ou inalcançabilidade. Sua posição de
duque realmente confere com essa forma de retratação, que pode-se dizer até, de soberania e
sobriedade.
As principais características das obras do Renascimento que podem ser observadas na
obra supracitada são: o ser humano como foco; o recriar da realidade; o realismo nas
representações; a utilização de técnicas novas, como a perspectiva e sobretudo, a busca pela
perfeição.
A segunda obra escolhida é “A Lição de Anatomia do Dr. Tulp”, por Rembrandt van Rijn,
em 1632.

A obra, hoje, está localizada em Mauritshuis, Haia, na Holanda, possui 169,5 x 216,5 cm e
é uma pintura em óleo sobre tela.
A pintura foi encomendada pela Associação de Cirurgiões de Amsterdã, na época em que
a burguesia liberal pagava o que fosse preciso para ser eternizada em uma pintura que
mostrasse sua riqueza, através das roupas e da imagem em si.

O quadro retrata uma aula de anatomia do doutor Nicolaes Tulp, na qual ocorre a
dissecação da mão esquerda de Aris Kindt, um marginal que havia sido condenado à morte
por assalto a mão armada no dia anterior. Lições de anatomia realmente existiam e
aconteciam em anfiteatros, dadas por doutores anatomistas, portanto não foi uma obra vulgar
para a época. A pintura foi feita quando Rembrandt tinha apenas 26 anos, logo depois de se
mudar para Amsterdã.

Ao que diz respeito às análises artísticas da obra tem-se que foi pintada com a técnica do
chiaroscuro. A técnica herdada de Caravaggio, revolucionou a maneira dos artistas produzirem
obras que envolviam grupos de pessoas . Os efeitos de luz e sombra, agregam à pintura uma
noção de perspectiva, assegurando uma ideia de realidade; pode-se notar este efeito no corte
feito para a dissecação do braço, e pela luminosidade sobre o cadáver, sugerindo que este é o
centro da pintura. Observa-se também que o artista prezou pela representação psicológica da
dissecação e o efeito causado pela mesma, ignorando as convenções anatômicas usuais.

Relacionando a obra com os principais ideais do período renascentista, fica clara a


presença do desprendimento - não completo - do homem da religião; sua curiosidade e
comportamento para com as descobertas anatômicas. Enquanto na Idade Média o
conhecimento era detido pelo clero e religiosos, na Modernidade ele foi explorado por grandes
pensadores que buscavam explicar, de modo científico, as razões e acontecimentos do mundo
cotidiano. Inclusive, por esse motivo, as dissecações de cadáveres - hábito já existente em
civilizações anteriores - foram extremamente importantes para o desenvolvimento tanto da
medicina quanto dos ideais antropocêntricos do período; já que, buscava descobrir-se a raiz de
uma doença, por exemplo, ao invés de apenas aceitar que foi ato divino ou superior.
4. Analisar de que modo a Renascença pode ser considerada um fator transformação na
sociedade europeia do século XV.

Não é questionável o fato de que a Renascença se diferiu tanto estruturalmente quanto


em organização e ideais, dos períodos que a antecederam e a sucederam. Numa linha
cronológica, o que dá início ao movimento renascentista é a crise na Idade Média, sendo
a mesma provocada por uma série de motivos - o restabelecimento e dinamização das
relações comerciais, declínio do sistema feudal por conta do êxodo rural, crise econômica
em decorrência a fatores climáticos e surtos epidêmicos são alguns deles.
Ocorre aí o início da mudança nos tipos de poder, organização e pensamentos da
sociedade europeia; uma quase completa transformação no que formava e caracterizava
o modo de vida de uma coletividade. A renascença surge em um momento em que o
pensamento católico medieval estava sendo questionado e a necessidade por
explicações racionais e filosóficas estimulava a busca por respostas e uma nova maneira
de encarar o mundo.
Desse modo, não é exagero dizer que a principal mudança que caracteriza o
renascentismo como fator de transformação na sociedade europeia é a transfiguração na
forma de pensar, obter respostas e onde buscá-las. “Para diferentes pensadores da
Renascença, a contradição fundamental do pensamento medieval consiste em que o
saber é fundado sobre um fundamento externo ao pensador. Como podemos saber algo
com certeza sobre esse fundamento? É a lógica uma garantia para essa certeza? Ou é a
fé que faz com que a estrutura externa seja logicamente indubitável?”, escreve Wolfgang
Neuser em seu artigo “A formação e o conceito de indivíduo na Renascença”.
A mudança do “crer” para o “ser, descobrir e comprovar” marca o período
renascentista, tanto que, ideais como o humanismo, antropocentrismo e individualismo
ditam muito do comportamento da época. E apesar de a crença em deus não ter sido
esquecida ou refutada, ela coexistiu com e foi influenciada pela ciência, arte, pelo
conhecimento e posteriormente - no Iluminismo - pela a filosofia.
Ainda citando Wolfgang Neuser: “A Idade Média pensa uma instância da fundação do
saber externa ao pensador. Logicamente deveria existir uma totalidade para conectar o
fundamento do pensar ao próprio pensamento. Na Idade Média, tanto nas concepções
neoplatônicas, quanto nas concepções aristotélicas, essa totalidade foi pensada como
sendo Deus. O indivíduo não desempenha papel algum nessas concepções, visto que a
totalidade é o todo e todas as coisas são somente manifestações da totalidade.”
Relacionando o excerto com o já mencionado, percebe-se a mudança do pensar, que,
parou de depender completamente de um ser superior e passou a ser mais do indivíduo,
do homem como ser, não como apenas filho de deus.
As transformações não se resumem a mentalidade, apenas. Podem ser observadas
em outros âmbitos, que por sua vez, decorrem da mudança no pensamento. A
dissecação de cadáveres, a retomada do comércio e consequentemente o intercâmbio
cultural, a unificação do poder, moeda, leis e idioma e a ideia de territorialidade são
exemplos. Bem como, a fundição das culturas greco-romana, oriental e árabe, ascensão
da burguesia e as monarquias modernas com o absolutismo.
Em conclusão, utiliza-se o parágrafo final do artigo “Renascimento: do teocentrismo ao
antropocentrismo, uma nova visão acerca do homem e do mundo” de Leandro Marcos
Costa: “Quando o ser humano muda de perspectiva de vida, ele se depara com algo
novo, que o faz desafiar os limites da sua própria razão. O homem tem sua autonomia
fundamentada na sua racionalidade, com ela ele vislumbra a imensidão do mundo, sem
antes ter medo dessa imensidão, este é apenas mais um salto para que a sua razão
alcance ainda mais áreas que não foram postas a seu conhecimento. O período
renascentista ilustra bem estas palavras, com fatores que possibilitaram um novo modo
de ver o mundo, o homem inaugura em sua realidade elementos que são capazes de
modificar a estrutura social, política, científica, cultural e filosófica da sua época, algo de
extrema audácia, que impulsiona a espécie humana a conhecer mais profundamente o
mundo que o cerca, fazendo deste mundo um lugar de experiências múltiplas e
riquíssimas, que faz emergir vários sentimentos, como angústia, felicidade, realização e
autonomia. Em conclusão, o renascimento nos mostra o quanto o homem pode inovar em
sua capacidade de pensar o mundo.”

Você também pode gostar