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19/09/2021 14:20 Fundamentos da deficiência e da Educação Especial

Fundamentos da deficiência e da Educação Especial

Site: AVA - IFRO - Campus Porto Velho Zona Norte Impresso por: Leonardo Lucas Lima da Silva
Curso: Práticas Inclusivas na Educação Profissional e Tecnológica Data: domingo, 19 set 2021, 14:22
Livro: Fundamentos da deficiência e da Educação Especial

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Descrição

Neste livro abordamos os aspectos históricos, filosóficos e legais da Educação Especial.

O objetivo é que motivar e instigar a buscar mais informações e conhecimento sobre os tópicos deficiência e educação especial.

Vamos nessa aventura?

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Índice

1. Aspectos históricos

2. Aspectos científicos

3. A Educação Especial no Brasil

4. Aspectos Legais da Educação Especial no Brasil

5. As Políticas Educacionais para as pessoas com deficiência no Brasil

Referências

Ficha Técnica

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1. Aspectos históricos

 Olá!

Fonte: Equipe DocentEPT

Você sabia que ela não é recente e passou por diversas transformações durante os séculos XVIII, XIX, XX e XXI?  Muitas das mudanças foram impulsionadas por movimentos sociais e
científicos que reivindicavam mais igualdade entre todos os cidadãos, assim como a superação de qualquer tipo de discriminação e exclusão das pessoas com deficiência.

As autores Roberta Jannuzzi (1992) e Eniceia G. Mendes (1995) assinalam períodos distintos caracterizados por mudanças na concepção de deficiência. Processos históricos que
produziram e significaram, em diferentes etapas da constituição da nossa sociedade e cultura, uma relação repleta de preconceitos, estereótipos, estigmas, os quais desencadearam os tão
conhecidos extermínios, exclusão, expulsão e segregação como tentativa de eliminação de tal problemática.

Na Idade Antiga, as pessoas com deficiência eram abandonadas, caçadas e abolidas devido às suas condições atípicas. Uma exclusão radical daqueles que não representavam o ideal de
perfeição cultuado nas sociedades existentes. Segundo Aranha (2001), em Esparta, os fracos, imaturos e os defeituosos eram eliminados propositalmente, pois a sociedade não tinha lugar
para os improdutivos, estando fora dos dois grupamentos sociais existentes os senhores, poderosos político, econômico e socialmente e os serviçais e escravos. 

Já, na Idade Média, a maneira como lidavam com a deficiência variava conforme as concepções de filantropia ou punição predominantes na comunidade em que a pessoa com deficiência
estava inserida, o que era também uma forma de exclusão. A criação e o desenvolvimento do Cristianismo e as tentativas de propagar a crença de que todos são filhos de Deus não
alteraram muito a situação de exclusão, até porque os maiores desmandos foram causados pela própria Igreja. A sociedade ainda se relacionava com o diferente segundo a organização
sócio-política-econômica dominante (Estado e Igreja), associando-se às crenças religiosas e metafísicas, que ora exterminavam as pessoas vistas como diferentes, ora as puniam por
serem representações de possessões demoníacas, ora mantinham com elas uma convivência amistosa.

Fonte: https://www.timetoast.com/timelines/historia-da-educacao-especial-no-brasil

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Fonte: Equipe DocentEPT

Sobre a Revolução Burguesa (por volta de 1640), podemos considerá-la como uma possibilidade de transformação da relação da sociedade para com a pessoa com deficiência. Uma nova
visão de Homem e Sociedade propõe resgatar o direito à vida. Ideias começam a ser construídas e pautadas nas transformações no sistema de produção, na derrubada das monarquias,
na queda da hegemonia religiosa e as novas classes sociais constituídas a partir da divisão social do trabalho. A própria revolução da burguesia desencadeia o acesso a outras formas de
conhecimentos e ideias quanto aos aspectos orgânicos da deficiência e, consequentemente, meios e modelos de tratamento baseados na alquimia, magia e astrologia. A deficiência passa a
ser vista como doença e surgem os primeiros hospitais psiquiátricos e asilos onde devem receber tratamento todos aqueles diferentes do restante da população. Temos a instalação do
paradigma da institucionalização em relação à deficiência.

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Fonte: Equipe DocentEPT

Concomitante ao surgimento do capitalismo, tem-se o início da Modernidade e o interesse da ciência, nomeadamente da Medicina, no que diz respeito à pessoa com deficiência. Embora
predomine um processo de institucionalização da pessoa com deficiência, coexiste uma preocupação com a humanização desse sujeito, através de práticas de socialização e escolarização.
Contudo, uma perspectiva patologizante do indivíduo que apresentava deficiência persistia, desencadeando e contribuindo para o menosprezo da sociedade.

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2. Aspectos científicos

Fonte: Equipe DocentEPT

Lembra que antes pessoas doentes, com problemas psíquicos e com deficiência, eram segregadas no mesmo local? Até no Brasil tivemos o reflexo dessa percepção.

Fonte: Equipe DocentEPT

Segundo Tezzari (2010), pioneiros como Jean Itard (1774-1838), Edouard Séguin (1812-1880) e Maria Montessori (1870-1952) contribuem com suas propostas de se educar crianças com
deficiência, ainda que para tal ação façam uso de procedimentos e práticas inspiradas em modelos de compensar e substituir o déficit que o sujeito apresenta em seu desenvolvimento e
aprendizagem. A tese de Tezzari, Educação especial e ação docente: da medicina à educação, traz com detalhes esses pioneiros.

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Fonte: https://sites.google.com/site/debatinginclusion/pioneers

Percebemos que, embora estudos de diferentes áreas tenham contribuído para o entendimento acerca do desenvolvimento e aprendizagem da pessoa com deficiência, o modelo de
institucionalização ou segregação perdurou por muito tempo. Áreas como a Medicina e Psicologia ainda faziam parte de um modelo clínico-terapêutico que pressupunha recuperar a pessoa
com deficiência para viver em sociedade.

Apenas na Rússia podia ser notado um movimento contrário, amplamente influenciado pelas ideias marxistas de sociedade, homem e trabalho, cujo principal representante, Lev S.
Vigotski, propunha a Psicologia Histórico-cultural para pensar e atender a pessoas com deficiência sob um ponto de vista histórico-cultural, ou seja, o homem e, consequentemente, a
deficiência deveriam ser vistos como produto das relações humanas, determinadas pela cultura e história das sociedades com o propósito de pensar uma nova psicologia para um novo
homem soviético, pós-revolução. A tese de Sonia Maria Shima, A educação especial do novo homem soviético e a psicologia de L. S. Vigotski: implicações e contribuições para a psicologia
e a educação atuais, é uma obra imperdível para conhecer a contribuição de Vigotski para a Educação Especial.

     

Fonte: https://prosped.com.br/noticias/filme-uma-historia-de-vida/

Por muitas décadas conviveram modelos assistencialistas, higienistas e excludentes em relação ao atendimento da pessoa com deficiência. Somente por volta da década de 1970
identificamos na literatura, de uma forma mais explícita, um movimento de integração social dos indivíduos que apresentavam deficiência, cujo objetivo era integrá-los em ambientes
escolares, o mais próximo possível daqueles oferecidos às “pessoas normais”. No entanto, ainda persistia um movimento voltado para uma ideologia da normalização do sujeito com
deficiência. Para os integracionistas interessava pensar, planejar e desenvolver meios para que pessoas com deficiência pudessem ingressar nos serviços menos restritivos da Educação
Especial a fim de se inserirem na sociedade como pessoas adaptadas e produtivas. Esse processo de integração propunha identificar no sujeito o alvo de mudança, embora também a
sociedade devesse se transformar para inserir tal sujeito.

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 Conheça mais sobre L. S. Vigotski no vídeo

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3. A Educação Especial no Brasil

No Brasil, a educação de pessoas, sobretudo crianças e adolescentes com deficiência, torna-se visível e possível institucionalmente a partir das possibilidades e concretizações das ideias
liberais divulgadas no final do século XVIII e início do século XIX. Inicialmente aconteceu em hospitais e asilos, financiados geralmente pela filantropia, com evidência forte da presença do
médico-terapêutico, que gradualmente foi suprida, após os anos de 1930 pelo viés da psicologia. Na década de 1990, privilegiou-se o enfoque no processo ensino-aprendizagem, ainda que
vinculado à medicina, psicologia e linguística.

Assim como Jannuzzi (1992) e Mendes (1995), Mazzotta (1996) e Bueno (1993) trazem à tona alguns marcos importantes sobre o início da Educação Especial no Brasil. Apontam que:

O atendimento especializado às pessoas com deficiência remonta da época do Império, com a criação de instituições como: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual
Benjamin Constant, e o Instituto dos Surdos e Mudos em 1857, presentemente intitulado Instituto Nacional da Educação dos Surdos, ambos no Rio de Janeiro. As duas vertentes que
caracterizavam esse atendimento na Educação Especial no Brasil consistiam em médico-pedagógico e a psicopedagógica.

A primeira caracterizava-se pela finalidade eugênica e higienizadora da comunidade e desencadeou, na Educação Especial, a criação de escolas em hospitais, segregando as pessoas com
deficiência. A segunda vertente, a psicopedagógica, buscava uma avaliação e conceituação mais precisa para a anormalidade e defendia a educação dos indivíduos considerados
anormais. Essa última prevaleceu sobre a primeira e deu origem à tendência diagnóstica ainda existente na área através de testes e escalas psicométricas; também resultou na
implementação de medidas segregadoras, dentre elas as classes especiais para deficientes mentais.

Nas décadas de 1920 e 1930 os ideários da Escola Nova influenciaram sobremaneira os rumos da educação no país. Um grupo de educadores defensores dessa nova corrente pedagógica
criticava os princípios tradicionais da Educação, apontando-os como fragmentados e desarticulados, e propunham a reconstrução do sistema educacional brasileiro, dando as mesmas
oportunidades educacionais a todos.

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Data de meados do século XX a fundação da primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE); e somente em 1945 instituiu-se o primeiro atendimento educacional
especializado às pessoas com superdotação da Sociedade Pestalozzi.

Ao focarmos os movimentos desencadeados pelas propostas da Escola-Nova no Brasil, observamos que, apesar de defenderem a diminuição das desigualdades sociais, sua repercussão na
Educação Especial colaborou para a exclusão dos indivíduos avaliados como diferentes nas escolas regulares. 

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Fonte: Equipe DocentEPT

Apenas em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 4.024/61, que
assinala o direito dos “excepcionais” a Educação, “preferencialmente” dentro do sistema geral de ensino.

A alteração da LDBEN de 1961 institui a Lei nº 5.692/71, que altera e define “tratamento especial para os alunos com deficiências físicas, mentais, os que se encontram em atraso
considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”. Todavia, essa nova proposta não defende a organização de um sistema de ensino capaz de atender às reais
necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.

Para tratar das questões que envolvem a escolarização da pessoa com deficiência, tem-se a criação do CENESP (Centro Nacional de Educação Especial) em 1973, como o primeiro órgão
nacional ligado ao MEC. Este fica responsável por gerenciar a Educação Especial no Brasil, o que desencadeia ações educacionais voltadas para pessoas com deficiência e com
superdotação. Contudo, ações estas ainda marcadas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.

Não podemos deixar de mencionar que em 1986, a publicação do Decreto nº 93613 de 21 de novembro, transforma o CENESP em uma Secretaria de Educação Especial – SESPE. 

Destacamos também que ainda em 1986 a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE foi criada com o objetivo de acompanhar e avaliar o
desenvolvimento de um política nacional para a inclusão da pessoa com deficiência e das políticas setoriais de de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo,
desporto, lazer e política urbana dirigidos a esse grupo social. (leia mais sobre o tema em Conselho Nacional dos direitos da Pessoa com Deficiência - Conade)

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4. Aspectos Legais da Educação Especial no Brasil

Fonte: Equipe DocentEPT

Nitidamente, foi a partir da divulgação de documentos que estabelecem e determinam os direitos desses sujeitos e os deveres da Federação, Estado, Município e sociedade em geral para
que assegurassem tais direitos. Ao longo de muitos anos, vários movimentos lideraram essas conquistas. Mas outras devem ainda ser garantidas. Assim, conhecer e compreender a luta e
os movimentos históricos da pessoa com deficiência é uma forma de legitimar seu direito à inclusão em todos os ambientes da sociedade, inclusive no ambiente acadêmico.

Convidamos você a ler o e-book SE INCLUI da Professora Vanessa Dalla Déa, pesquisadora da Universidade Federal de Goiás. Neste e-book, Vanessa traz um compilado de legislações que
apoiam a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, em especial na educação.

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Referências

DÉA, Vanessa Helena Santana Dalla, 1972 - Se inclui / Vanessa Helena Santana Dalla. – Dados eletrônicos. – Goiânia : Gráfica UFG, 2017. Ebook : 35 p.

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5. As Políticas Educacionais para as pessoas com deficiência no Brasil

As Políticas Educacionais Brasileiras em relação à Educação Especial têm início a partir de documentos como a Constituição Federal Brasileira, que define, no artigo 205, a Educação como
um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No artigo 206, inciso I, institui a “igualdade de condições de
acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino, e garante como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede
regular de ensino (art. 208). E também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais da Constituição Federal de 1988 ao definir
que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino”.

Nossas politicas também buscam apoio na Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), em Jomtien, que reafirma o direito básico à Educação para todos e, em 1994, divulga-se a
Declaração de Salamanca, na Espanha, todas passando a influenciar a formulação das políticas públicas da Educação Especial.

Com o objetivo de reforçar a obrigação do país em prover a Educação, é publicada, em dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394/96.

Essa lei expressa alguns avanços importantes, tais como: a oferta da Educação Especial na faixa etária de 0 a 6 anos; a ideia de melhoria da qualidade dos serviços educacionais para os
alunos e a necessidade de o professor estar preparado e com recursos adequados de forma a atender à diversidade dos alunos. O capítulo V dessa lei trata especificamente da Educação
Especial, expressando que ela deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino e, quando necessário, deve haver serviços de apoio especializados.

Percebeu que a história da Educação Especial brasileira até a década de 1990 apresenta conquistas em relação à Educação dos indivíduos com deficiência? Porém, as mudanças mais
significativas têm início com movimentos de inclusão social no mundo, a partir de conferências e documentos que trazem à tona os direitos das pessoas, independente de sua condição
física, cognitiva, psíquica, econômica e social. 

Em relação ao surgimento do movimento de inclusão na Educação, estudiosos da área concordam em que os países considerados desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá, Espanha e
Itália foram os pioneiros e influenciadores na implantação de classes e de escolas inclusivas, mas não apontam um marco para o início desse processo.

No Brasil, as discussões em torno do novo modelo de atendimento escolar denominado inclusão escolar acontecem por volta ainda da década de 1990, como uma reação contrária ao
processo de integração. Porém, sua proposição e efetivação prática têm gerado muitas controvérsias. Ou seja, não temos acompanhado tão de perto o resto do mundo no que se refere
aos avanços na área da Educação Especial.

A proposta de uma educação inclusiva requer que ocorram transformações estruturais no sistema educacional. Embora existam documentos legais garantindo o atendimento educacional
especializado aos sujeitos da Educação Especial, preferencialmente na rede regular de ensino, sabemos que não se concretiza sem que se garanta, enquanto responsabilidade do Estado,
recursos humanos, físicos, materiais, entre outros, sendo urgente maior compromisso político e investimento financeiro com a Educação brasileira.

No processo de inclusão escolar brasileiro, os envolvidos - escolas, pais, alunos e profissionais da área - podem e devem, de acordo com o texto da lei, contar com o apoio do atendimento
educacional especializado no caso da matrícula de alunos com deficiência em escolas regulares.

Em meio a diferentes impasses conceituais e sociais, o Brasil instituiu a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - PNEE (2008), para esclarecer e
definir o aluno da Educação Especial e seu direito à escolarização. Ressalta-se que o trabalho da Educação Especial necessita ser articulado com o ensino comum, tendo em vista o
atendimento das necessidades educacionais especiais do alunado abaixo definido.

Consideram-se alunos com  deficiência  aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual e sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua
participação plena e efetiva na escola e na sociedade.

Os alunos com  transtornos globais do desenvolvimento  são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades
restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil.

Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também
apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais específicos estão: dislexia, disortografia, discalculia,
transtorno de atenção e hiperatividade, entre outros (BRASIL, 2008, p. 15).

  

O AEE, de acordo com o MEC e a Secretaria de Educação Especial, consiste em um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de
acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas.

A legislação brasileira, sobretudo a Constituição, admite ainda que o atendimento educacional especializado (AEE) deva ser preferencialmente oferecido na rede regular de ensino, todavia
também pode ser oferecido fora dessa rede, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os alunos. Ele deve ser oferecido em
horários distintos das aulas das escolas comuns, com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais. Suas ações são definidas conforme o tipo de deficiência a que se propõe a
atender. Também temos o Decreto Nº 6.571/08 (BRASIL, 2008), que dispõe sobre o atendimento educacional especializado. Este resolve e define este sistema de apoio à escolarização de
alunos com deficiências como sendo “[...] o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou
suplementar à formação dos alunos no ensino regular (Brasil/SEESP, 2008, § 1)”. Especifica através do Art. 3o,  que o MEC dará suporte técnico e financeiro às seguintes ações voltadas à
oferta do atendimento educacional especializado, entre outras que atendam aos objetivos previstos neste Decreto:

I. Implantação de salas de recursos multifuncionais;

II. Formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado;

III. Formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação inclusiva;

IV. Adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;

V. Elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e

VI. Estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior.

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Fonte: Equipe DocentEPT

O Atendimento Educacional Especializado, como apoio educacional, constitui:

apoios complementares e suplementares que favorecem o acesso ao currículo, podendo ser oferecidos dentro da sala de aula, como ajuda ao professor relacionado às estratégias
adotadas, ou fora dela, no contraturno da escolarização no caso para atendimento do aluno;
na forma de complementação, objetiva um trabalho pedagógico complementar necessário ao desenvolvimento de competências e habilidades próprias nos diferentes níveis de ensino,
ser realizado no contra turno e se efetiva por meio dos seguintes serviços: salas de recursos; oficinas pedagógicas de formação e capacitação profissional.

Fonte: Equipe DocentEPT

Mesmo com todas as nuances de uma mudança conceitual, cultural e atitudinal, os documentos legais acarretaram um avanço importante ao chamar atenção dos governantes para a
necessidade de aplicar todo investimento possível para o redimensionamento das escolas, para que possam atender, efetivamente, todas as crianças, independente de suas diferenças e/ou
dificuldades. No processo de inclusão escolar brasileiro, os envolvidos - escolas, pais, alunos e profissionais da área - podem e devem, de acordo com o texto da lei, contar com o apoio do
atendimento educacional especializado no caso da matrícula de alunos com deficiência em escolas regulares.

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Referências

ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência, transcrição de artigo da revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, n. 21, Março de 2001, p. 160-173.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

    ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 23 de dez. 1996. Seção 1.

______. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular para educação infantil. Brasília: MEC SEF, 1998. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume1.pdf>. Acesso em: 10 de março
de 2010.

______.  SEESP. RCNI- Estratégias e orientações para a Educação de crianças com NEE na Educação Infantil. Brasília: 2001. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/eduinf_esp_ref.pdf>. Acesso em:
15 de março de 2010.

_______. SEESP/MEC. Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade. Brasília: MEC/SEESP, 2006. Disponível em: < HTTP://portal.mec.gov.br> . Acesso em: 17 de out. de 2012.

______.  SEESP/MEC. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>. Acesso em: 2 de maio de 2010.

_______. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Brasília. DF: 2009. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12579%3Aeducacao-infantil&Itemid=1152>.
Acesso em: 20 de abril de 2011.

______. SEESP/MEC - Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Básica. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009 - Diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado na educação básica,
modalidade educação especial. 2009. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf>. Acesso em: 10 de março de 2010.

_____. SEESP/MEC. Atendimento educacional especializado: Pessoa com Surdez. DAMÁZIO, M. F. M. (Org.) 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf>. Acesso em: 10 de março de 2010.

_____. SECADI. Nota técnica nº 002: Orientações para preenchimento das informações dos estudantes público alvo da educação especial do Censo Escolar INEP/MEC – modalidade educação especial. MEC, 2011.

_____. Decreto nº 3.076/1999. Instituiu a Política Nacional para Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3076.htm>. Acesso em junho de 2021.

_____. CONADE. Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Disponível em:<https://www.gov.br/mdh/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/orgaos-colegiados/conade/conselho-nacional-dos-direitos-da-
pessoa-com-deficiencia-conade>. Acesso em abril de 2021.

COTONHOTO, L. A. Currículo e atendimento educacional especializado na educação infantil: possibilidades e desafios à inclusão escolar. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Ufes, 2014.

JANNUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. Campinas: Editores Associados,1992.

LANNA JUNIOR, Mário Cléber Martins. A CORDE e o Conade na organização administrativa do Estado brasileiro. 2011. Disponível em:<http://www.bengalalegal.com/corde-historia-pcd>. Acesso em abril de 2021.

MAZZOTTA, M. J. S.. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996.

MENDES, E. G. Deficiência mental: a construção científica de um conceito e a realidade educacional. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 1995.

TEZZARI, M. Educação especial e ação docente: da medicina à educação. Tese de Doutorado. UFRGS. Porto Alegre, 2009. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21389/000737095.pdf?
sequence=1. Acessado em 22/10/2010.

UNESCO. Declaração de Salamanca 1994. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em : http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acessado em 10 de
outubro de 2010.

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Ficha Técnica

Título Fundamentos da deficiência e da Educação Especial

Autoria Larissy Alves Cotonhoto (2021) / Emilene Coco dos Santos (2021)

Design gráfico Camila Karoline Justino Marques

Luiza Fonseca de Souza

 Design instrucional Michele Silva da Mata

Revisão textual Cláuberson Correa Carvalho

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

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