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O portefólio pode justificar-se enquanto instrumento de gestão da carreira, ou seja, na formação profissional contínua
o portefólio de competências é um instrumento de gestão de recursos pessoais e profissionais individuais, que procura
identificar as experiências, atitudes e qualificações, com o intuito de assegurar a melhor inserção possível da pessoa no
mercado de trabalho.
Começou-se, então, a assistir a um interesse generalizado pela ideia, a publicar-se
literatura sobre o tema e a promover-se seminários.
Assim, o portefólio é uma forma de avaliação que envolve o seu autor (aluno /
adulto) e o mediador (professor / profissional de RVC / formador), qualquer que seja a
idade e/ou o nível de escolaridade, no seu processo de implementação. Para ser
considerado portefólio, o processo de colecção deve implicar os alunos a seleccionar os
trabalhos e a reflectir sobre eles (Grubb & Courtney, 1996), favorecendo o envolvimento
dos mesmos na sua própria aprendizagem. Assim, professores e alunos tornam-se uma
equipa que colabora no processo de avaliação, pois juntos exploram, documentam e
reflectem sobre os progressos e aquisições realizadas. Nesta óptica, o portefólio é
construído pelos alunos, mais do que para os alunos. Estes, ao participarem na selecção
das evidências mais representativas, estão a aprender o valor do seu trabalho.
Simultaneamente, construir o portefólio encoraja e desenvolve a auto-avaliação.
Através desta última, o aluno toma consciência das suas próprias aprendizagens e do
seu crescente desenvolvimento. Tal tomada de consciência, assim como o envolvimento
na aprendizagem e na avaliação beneficiam o processo de aprendizagem do aluno,
favorecendo a metacognição2. Desta maneira, através dos portefólios, os alunos
2 Adoptamos a definição de metacognição de Klenowski (2005, p. 14), como sendo “El crecimiento metacognitivo que se
pretende lograr con el desarrollo de un trabajo de portafolios, es un medio por el que los estudiantes pueden demonstrar
su aprendizaje, pero sobretodo implica procesos que les motivan a ser responsables de su propio aprendizaje continuo”.
envolvem-se na sua história pessoal de aprendizagem. Aqueles podem, ainda, incluir
evidências seleccionadas por colegas e professores (De Fina, 1992).
“Existen muchas razones tanto teóricas como prácticas que recomiendan el uso
del portafolios en un abanico de contextos y para distintos propósitos; además da
insatisfacción que existe con los enfoques evaluativos derivados de la insatisfacción
cuantitativa” (Klenowski, 2005, p. 12). De acordo com o último autor (ibidem), os
métodos mais qualitativos, como é o caso dos portefólios, proporcionam uma
alternativa em expansão, visto que o seu procedimento está relacionado com a teoria
actual da avaliação e da aprendizagem. A grande variedade de funções dos portefólios
torna mais explícita a relação que deve existir entre o currículo, a avaliação e a
pedagogia, já que proporciona, aquando da avaliação, processos para documentar o
ensino-aprendizagem.
Mas, para se chegar até essa aprendizagem significativa, há que ter em atenção
que:
à medida que nos vamos aproximando da prática lectiva na sala de aula [...] vai perdendo
sentido e interesse manter as diferenças entre os diversos elementos do currículo, a não
ser para fins de conceptualização teórica. Na actividade quotidiana das aulas, nas
actividades de ensino e aprendizagem que nelas se levam a cabo, as respostas às
perguntas acerca do quê, como e quando ensinar e avaliar fundem-se para configurar
uma prática educativa em que os aspectos relativos à avaliação das aprendizagens são
indissociáveis dos restantes aspectos implicados, que podem ser identificados numa
abordagem mais analítica.
A utilização do portefólio deve permitir a passagem do “eu não sei fazer/eu não
sou capaz” para o “eu sei fazer/eu sou capaz” (Collins, 1998), com a ajuda dos seus
professores / formadores, constituindo, de acordo com estudos analisados por Veiga
Simão (2008, p. 139), “o registo da trajectória de aprendizagem do aluno‖. Por
conseguinte, Klenowski (2005, p. 14) refere:
Los procesos cognitivos utilizados por los estudiantes, tales como la autorregulación y el
autocontrol, son fundamentales para comprender las construcciones y los logros
individuales, siendo más multidimensionales y jerárquicos según van desarrollándose.
El uso del portafolio para el aprendizaje y la evaluación puede informar a profesores y
alumnos sobre su reconceptualización del conocimiento. Las habilidades y el
conocimiento se construyen y demuestran de maneras distintas. Un portafolio que
proporciona a los profesores puntos de vista sobre estos importantes procesos
cognitivos. Por eso el portafolio es considerado como un método de gran utilidad tanto
para desarrollar como para evaluar las capacidades de los estudiantes.
Los seis principios que sustentan el uso de los portafolios son: promueve una nueva
perspectiva sobre el aprendizaje, es un proceso en desarrollo, incorpora el análisis de
los logros y el aprendizaje, requiere autoevaluación, motiva la elección del estudiante y
su reflexión sobre el trabajo, y por último implica a los profesores o a los tutores como
facilitadores del aprendizaje (Klenowski, 2005, p. 144).
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Consoante a avaliação feita pelos profissionais dos Centros e depois de identificadas as lacunas dos candidatos, os
adultos podem ter de realizar acções de formação complementar de curta duração, a decorrer no próprio Centro ou
noutra entidade associada, ou podem ser encaminhados para um Curso de Educação e Formação, com a indicação do
percurso que devem desenvolver. O processo fica concluído com a apresentação e discussão do portefólio, que deverá
demonstrar as competências adquiridas pelo adulto, perante um júri. Se o júri reconhecer essas competências, valida-
as e é emitido um certificado equivalente ao nível de ensino respectivo.
ser pensada, problematizada e reflectida, a fim de encontrar na sua vivência, as
competências necessárias para a validação dos seus AE.
Num artigo acerca da temática, Pinto e Alves (2010, p. 111) escrevem:
No processo de RVCC, o Portefólio Reflexivo de Aprendizagens […] é o instrumento que,
embora ‘sujeito a uma permanente (re)construção ao longo do processo’ (Gomes, et al.,
2006b, p. 49), pois é ao mesmo tempo uma ‘memória’/’resumo da sua aprendizagem’ e
um projecto de autor’ (ibidem, pp. 39-40); ‘organiza o trabalho e expõe as competências
reconhecidas pelo candidato’ (ibidem, p. 75), estabelecendo-se, para tal, objectivos e
desafios, cujos elementos são negociados entre o adulto e os mediadores e a escolha
recai, também, em situações significativas de aprendizagem, representando-se de
forma clara as competências adquiridas em contextos formais, não formais ou informais.
Dossiê Portefólio