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INDICAÇÕES PARA INTUBAÇÃO

A decisão de intubar deve se basear em três avaliações clínicas fundamentais:

1. Há incapacidade de manter ou proteger a via aérea?


2. Há incapacidade de ventilar ou oxigenar?
3. Qual a evolução clínica ou o desfecho esperados?

Os resultados dessas avaliações permitirão a decisão correta de intubar, ou não, em


praticamente todos os casos.

1. Há incapacidade de manter ou proteger via aérea? A capacidade do paciente para falar


com uma voz clara e desobstruída é uma forte evidência de patência e proteção da via
aérea e de perfusão cerebral. Se o paciente em respiração espontânea não é capaz de
manter uma via aérea adequada, uma via artificial pode ser estabelecida pela inserção
orofaríngea ou nasofaríngea. Embora tais dispositivos possam restaurar uma via aérea
patente, eles não fornecem qualquer proteção contra a aspiração. Como regra geral,
qualquer paciente que necessite do estabelecimento de uma via aérea patente
também necessita de proteção de via aérea. A exceção ocorre quando um paciente
tem uma causa imediatamente reversível de comprometimento da via aérea (por
exemplo, overdose de opioides) e a reversão do insulto prontamente restaura a
capacidade do paciente para manter uma via aérea aberta e funcionante.
A deglutição espontânea ou voluntária é uma melhor avaliação da capacidade do
paciente para proteger sua via aérea em comparação com a presença ou ausência do
reflexo do vômito. A deglutição é um reflexo complexo que exige que o paciente sinta
a presença de material na orofaringe posterior e, então, execute uma série de ações
musculares complexas e coordenadas para levar as secreções para baixo, passando por
uma via aérea coberta em direção ao esôfago. O achado de secreções acumuladas na
orofaringe posterior indica um potencial de falha desses mecanismos protetores e,
assim, uma falha na proteção da via aérea. Um erro clínico comum é supor que a
respiração espontânea comprova a preservação dos mecanismos protetores da via
aérea. Embora a ventilação espontânea possa ser adequada, o paciente pode estar
suficientemente torporoso para estar em risco de aspiração.

2. Há incapacidade de ventilar ou oxigenar? Se o paciente é incapaz de ventilar de


maneira suficiente, ou se não consegue atingir uma oxigenação ideal apesar do uso de
oxigênio suplementar, então está indicada a intubação. A menos que a insuficiência
ventilatória ou de oxigenação resultem de causa rapidamente reversível, como a
overdose de opioides, ou de uma condição que sabidamente é manejada com sucesso
por meio de ventilação não invasiva (p. ex. ventilação com pressão positiva em dois
níveis (BIPAP) para edema pulmonar agudo, há necessidade de intubação.

3. Qual a evolução clínica ou o desfecho esperados? Neste grupo estão os pacientes para
os quais a intubação é provável ou inevitável porque suas condições e vias aéreas
estão predispostas a piorar, tanto por alterações dinâmicas e progressivas
relacionadas à condição de apresentação, como por trabalho respiratório excessivo
face à lesão ou doença catastrófica. A intubação melhora a oxigenação tecidual
durante o choque e ajuda a reduzir a carga imposta pelo déficit metabólico crescente.
Algumas vezes, a evolução clínica esperada pode necessitar de intubação porque o
paciente será exposto a um período de maior risco por conta de transporte,
procedimento médico ou exames de imagem. Se o mesmo paciente estiver
aguardando sua transferência ara outro hospital, o manejo da via aérea pode estar
indicado com base no risco aumentado durante a transferência. Nem todo paciente
traumatizado e nem todo paciente com distúrbio clínico grave necessita de intubação.
Porém, em geral, é melhor pecar pelo excesso, realizando um procedimento que
poderia, em retrospecto, não ser necessário, do que postergar uma intubação e expor
o paciente a um risco de deterioração grave.

QUATRO SINAIS IMPORTANTES DE OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA SUPERIOR

1. Voz abafada ou de “batata quente” (como se o paciente estivesse falando com a boca
cheia de alimento quente)
2. Incapacidade de deglutir as secreções devido a dor ou obstrução
3. Estridor
4. Dispneia

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