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QUESTÕES
QUESTÕES
COMENTADAS
COMENTADAS
CLÍNICA MÉDICA
Questão 1
Paciente masculino, 63 anos, em tratamento de Leucemia Mieloide Aguda, está
internado para tratamento de sepse de foco pulmonar. O médico assistente foi
acionado pela equipe de enfermagem visto que o paciente perdeu o acesso ve-
noso periférico e não há sítios disponíveis para nova punção. Como o paciente
precisa receber transfusão sanguínea e infusão do ATB, ele opta pela passagem
do acesso venoso central em veia jugular interna direita. Durante a punção, o
médico apresenta dificuldade em “encontrar” a VJID, o qual realiza diversas pun-
ções. Após o término do procedimento, o paciente queixa-se de dispneia e co-
meça a se tornar mais sonolento. Ao exame: SSVS: PA: 80x50 mmHg / FC: 110 / FR:
30 / Sato2: 84% em aa. ACV: RCR em 2t, sem sopros; turgência venosa jugular em
terço médio, perfusão 4 segundos, extremidades frias. AR: MV abolido em HTX
direito e presente em HTX esquerdo. Abdome sem alterações. O médico opta por
realizar USG point of care. Qual a imagem esperada?
A.
B.
C.
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D.
Gabarito: A
Comentário:
Fala galerinha, vamos para mais uma questão que vem caindo muito nas provas
de residência e além disso, vem se tornando cada vez mais importante sua utili-
zação na prática clínica: o uso do USG point of care.
Vamos às alternativas:
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B. Os achados encontrados no USG point of care são compatíveis com derrame
pleural. Ao analisar a figura, identificamos um líquido hipoecoico (preto) em
bases de hemitórax com sinal da água viva / jellyfish.
C. Os achados encontrados no USG point of care são compatíveis com embolia
pulmonar. Ao analisar a figura, identificamos abaulamento do septo interven-
tricular (em D).
D. Os achados encontrados no USG point of care são compatíveis com conges-
tão pulmonar. Ao analisar a figura, identificamos linhas B.
Visão do Aprovado:
Pessoal, tema que vem se tornando corriqueiro nas provas de residência visto
que atualmente os grandes centros possuem USG point of care disponível. Lem-
brem-se dos principais achados e dos seus significados. Boa prova!
Questão 2
A Ventilação Mecânica (VM) é dada por movimentação de gás (volume corrente)
no sistema respiratório, na inspiração ou expiração, de forma complementar ao
esforço ou mandatória. Sabemos que o ciclo ventilatório é divido em 4 fases. De
acordo com a figura abaixo podemos dizer que:
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C. A fase inspiratória é representada pelo número 1, a ciclagem pelo número 2, a
fase expiratória pelo número 3 e o disparo pelo número 4.
D. A fase inspiratória é representada pelo número 4, a ciclagem pelo número 1, a
fase expiratória pelo número 3 e o disparo pelo número 1.
Gabarito: C
Comentário:
Fala galerinha, vamos para mais uma questão de terapia intensiva. A banca dese-
ja saber em relação ao ciclo ventilatório.
Vamos às alternativas:
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Visão do Aprovado:
Questão 3
Mulher, 60 anos, em seguimento no ambulatório de oncologia com diagnóstico
de câncer de mama com metástases ósseas em quimioterapia paliativa. Está em
uso de morfina para manejo dos quadros álgicos, o qual vem apresentando bom
controle. Atualmente queixa-se de que vem precisando realizar muito esforço
para evacuar e que na maioria das vezes sente que a evacuação é incompleta. Já
aumentou a ingestão de fibra, porém sem melhora. Última evacuação há 5 dias.
O exame físico não revela massas abdominais palpáveis e o toque retal não apre-
senta alterações. Qual a próxima conduta?
Gabarito: C
Comentário:
Fala galerinha, preparados para mais um desafio? Essa questão aborda um tema
importantíssimo em pacientes paliativos: a constipação.
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O manejo inicial da constipação crônica inclui educação do paciente, modifica-
ção de comportamento, mudança na dieta, laxantes formadores de massa e o
uso de laxantes ou enemas não formadores de massa.
Para pacientes que não toleram laxantes formadores de massa ou são refratários,
é recomendado um laxante osmótico, tais como: polietilenoglicol (PEG), lactulo-
se, sorbitol, sulfato de magnésio, dentre outros.
A. A lactulose é indicada como segunda opção, caso o paciente seja refratário aos
laxativos formadores de massa, tais como Psyllium. Além disso, não devemos sus-
pender a morfina do paciente, visto que o mesmo apresenta bom controle álgico.
B. O Supositório de glicerina está indicado em casos mais graves de constipação,
ou seja, aqueles que são refratários às medidas citadas acima.
C. Perfeito. Psyllium (ou metilcelulose) configura primeira opção terapêutica.
Além disso, é fundamental checar a alimentação do paciente e reorientar me-
didas se necessário.
D. O bisacodil e a lactulose não são a primeira opção. Além disso, não devemos
suspender a morfina do paciente, visto que o mesmo apresenta bom controle
álgico, o qual provavelmente não seria alcançado com uso de dipirona.
Visão do Aprovado:
Pessoal, cada vez mais as bancas vem cobrando questões relacionadas à consti-
pação, principalmente em pacientes que se encontram em cuidados paliativos.
O uso de opioides predispõe à ocorrência desta situação e o manejo correto é
imprescindível para preservação do conforto do paciente.
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Questão 4
Paciente masculino, 68 anos, vem em consulta médica trazida por familiares de-
vido às alterações comportamentais há cerca de seis meses. A esposa relata que
o paciente vem apresentando períodos de agitação associado a alucinações vi-
suais. Refere que previamente ele apresentava uma inteligência brilhante, e que
foi professor universitário. No entanto, vem notando desatenção, lapsos de me-
mória e maior lentidão de marcha, sendo que há 1 semana apresentou queda da
própria altura (o qual atrela ao fato das juntas estarem rígidas). Quando questio-
nado, o paciente referiu que nos episódios de alucinações ele visualiza crianças
pequenas e sorridentes. Mini-Exame do Estado Mental com escore de 27. Qual a
principal hipótese diagnóstica?
A. Doença de Alzheimer.
B. Demência vascular.
C. Estado Confusional Agudo.
D. Demência por Corpúsculos de Lewy.
Gabarito: D
Comentário:
O quadro clínico é marcado por flutuação cognitiva, alucinações visuais, distúrbio com-
portamental do sono REM, e parkinsonismo; o qual se manifesta da seguinte forma:
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• Tremor
• Rigidez
• Acinesia / bradicinesia
• Instabilidade postural
Vamos às alternativas:
Visão do Aprovado:
Para prova, atente-se às dicas fornecidas no enunciado, pois pelo menos duas
estarão presentes: parkinsonismo, alucinações visuais, flutuação cognitiva e dis-
túrbio comportamental do sono REM.
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Questão 5
Paciente masculino, 55 anos, procura atendimento médico por queimação re-
troesternal e regurgitação frequente com início há 6 meses; com evolução para
odinofagia há 1 mês. Antecedentes pessoais: obeso, diabético e hipertenso em
tratamento irregular. O médico considerou a hipótese de doença do refluxo gas-
troesofágico e solicitou Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com o seguinte resul-
tado. Frente ao quadro clínico exposto: Qual a principal hipótese diagnóstica? A
conduta do médico foi adequada ao solicitar EDA?
A. Úlcera esofágica. O médico não deveria ter solicitado EDA uma vez que o pa-
ciente não apresentava sinais de alarme.
B. Esofago de Barret. O médico não deveria ter solicitado EDA uma vez que o
paciente não apresentava sinais de alarme.
C. Úlcera esofágica. O médico foi correto em solicitar EDA uma vez que o pacien-
te apresentava apenas 1 sinal de alarme.
D. Esofago de Barret. O médico foi correto em solicitar EDA uma vez que o pa-
ciente apresentava apenas 2 sinais de alarme.
Gabarito: D
Comentário:
Pessoal, vamos lá! A banca nos traz um paciente obeso, diabético e hipertenso, apre-
sentando sintomas compatíveis com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
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A DRGE é definida como refluxo patológico do conteúdo gástrico para o esôfa-
go, levando o paciente a apresentar sintomas ou lesões da mucosa esofágica. Isso
ocorre em detrimento do relaxamento transitório inadequado do esfíncter esofá-
gico inferior (EEI). O paciente pode apresentar sintomas típicos (pirose e regurgi-
tação) e atípicos (disfagia, dor torácica, sensação de globus, odinofagia e sintomas
extra esofágicos, tais como: tosse, rouquidão, asma, otite média de repetição).
A Endoscopia Digestiva Alta (EDA) é um exame invasivo e não indicado de rotina. De-
vemos solicitar este exame em pacientes que apresentam sinais de alarme, tais como:
• Início dos sintomas em pacientes acima de 35-40 anos.
• Disfagia ou perda de peso.
• HF de câncer gastrointestinal.
• Odinofagia.
• Anemia ferropriva ou sangramento gastrointestinal.
• Vômitos recorrentes.
• Massa palpável ou linfadenopatia.
Devido à lesão crônica da mucosa esofágica pelo ácido gástrico, o epitélio esca-
moso estratificado do esôfago distal sofre uma transformação, levando ao de-
senvolvimento do esôfago de Barrett.
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A. A principal hipótese diagnóstica é o esôfago de Barrett, visto na EDA com co-
loração vermelho salmão. No entanto, devemos confirmar com biópsia. A EDA
está indicada uma vez que o paciente apresenta 55 anos e queixa de odinofa-
gia (2 fatores de risco).
B. A EDA está indicada uma vez que o paciente apresenta 55 anos e queixa de
odinofagia (2 fatores de risco).
C. A principal hipótese diagnóstica é o esôfago de Barrett, devendo ser realizada
biópsia para confirmação diagnóstica. No entanto, a EDA está indicada uma vez
que o paciente apresenta 55 anos e queixa de odinofagia (2 fatores de risco).
D. Perfeito. A principal hipótese diagnóstica é o esôfago de Barrett, devendo ser
realizada biópsia para confirmação diagnóstica. Além disso, o médico foi cor-
reto em solicitar EDA uma vez que o paciente apresentava apenas 2 sinais de
alarme (55 anos e queixa de odinofagia).
Visão do Aprovado:
Questão 6
Você está no pronto-socorro e atende Sr. Antônio, 54 anos, sabidamente porta-
dor de cirrose hepática, que chega confuso e sonolento. Ao questionar a família
sobre o que aconteceu, você descobre que paciente vinha apresentando quadro
sugestivo de GECA há 5 dias, com vômitos e diarreia, não conseguindo fazer uso
de suas medicações diuréticas por isso. Há 3 dias paciente começou a apresentar
contração do volume urinário, inchaço nas pernas e aumento do volume abdo-
minal. Ao exame físico, paciente com Glasgow 13, PA 90 x 50 mm Hg, FC 113 bpm,
com SpO2 90% AA. Manobras de piparote e semicírculos de skoda positivas, bem
como edema de membros inferiores 4+/4+. Optado por monitorização em sala de
emergência, você solicita passagem de sonda vesical para descartar componen-
te pós-renal para a contração urinária, com saída de apenas 100 mL. Nos exames
complementares, há 1 mês paciente possuía Cr 1,0 e Ur 28, apresentando nesse
momento Cr 4,0 e Ur 98. Ao cálculo da FENA, obtido valor de 2%. Baseado no
enunciado, qual seria a conduta para o paciente nesse momento?
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Nível de dificuldade: Moderada
Gabarito: A
Comentário:
Somos questionados agora qual seria a conduta mais adequada no manejo des-
se paciente. Pessoal, geralmente, a FENa é menor que 1% na IRA pré-renal e sín-
drome hepatorrenal e maior que 1% na IRA intrínseca - necrose tubular aguda (>
2% usualmente indica NTA). Estando diante de um paciente com edema (hiper-
volemia) e oligoanúria, possivelmente uma pré-renal (desidratação) que evoluiu
para NTA. Devemos realizar um teste de estresse com furosemida! Para pacientes
oligúricos e hemodinamicamente estáveis, usamos 80 a 200 mg de furosemida
intravenosa (IV) ou equivalente e monitoramos o aumento do débito urinário.
Consideramos adequado um débito urinário superior a 200 mL até duas horas
após a dose da furosemida. Caso refratariedade, podemos associar hidroclorotia-
zida e, se não resolver, considerar terapia substitutiva renal.
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PRÉ-RENAL SHR NTA
ESTADIAMENTO
Geralmente 1 ou 2 Geralmente 2 ou 3 Geralmente 2 ou 3
DA LRA
Diuréticos, vômitos,
Paracentese de Choque,
diarreia, hemorragia
grande volume, aminoglicosídeos,
DESENCADEANTES digestiva, iECA, BRA,
infecções bacterianas, vancomicina, AINES,
AINES, contraste
hepatite alcoólica contraste iodado
iodado
De difícil controle
(sem resposta a
ASCITE Indiferente
Indiferente diuréticos)
Indiferente
ou refratária
PRESSÃO Tendência à
Indiferente Choque
ARTERIAL hipotensão
CILINDROS
Ausentes Ausentes Presentes
GRANULOSOS
RESPOSTA À
Presente Ausente Ausente
ALBUMINA
A. Correta. Como vimos, essa seria a conduta mais adequada - tentar estimular
diurese em um rim que já está prejudicado, para avaliar a resposta do paciente!
B. Incorreta. Poderíamos indicar o uso de albumina caso suspeitássemos de uma
síndrome hepatorrenal (SHR). Em pacientes com suspeita de SHR, deve-se sus-
pender os diuréticos e realizar expansão com albumina humana endovenosa
(EV) na dose de 1g/kg/dia por 2 dias consecutivos, sendo a dose máxima 100 g/
dia. Se houver resposta, presumimos se tratar de uma LRA pré-renal, resolvida.
Se não houver resposta à expansão com albumina e o paciente preencher os
demais critérios diagnósticos de SHR, deve-se associar o uso de terlipressina.
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C. Incorreta. A terlipressina só seria indicada, nessas condições, se ausência de
resposta à tentativa de expansão com albumina por 2 dias, como comentado
na alternativa B.
D. Incorreta. Nosso paciente apresenta uma LRA de etiologia intrínseca, sugesti-
va de NTA. Diferente da lesão pré-renal, que responderia bem à hidratação ve-
nosa com soro fisiológico, aqui corremos o risco de sobrecarregar ainda mais
os rins e piorar a congestão/hipervolemia se não melhorarmos a função renal
primeiro. Portanto, não realizaríamos a hidratação nesse momento.
Visão do Aprovado:
O raciocínio para essa questão exigia muita atenção, mas é uma questão muito bem
elaborada. Vale a pena colar na parede a tabela da questão para relembrar, sempre
raciocinando em cima, os diferenciais entre essas 3 etiologias de LRA em cirróticos.
Questão 7
Paciente masculino, 45 anos, procura a emergência por desconforto torácico há 2
horas. Refere que a dor é em aperto, intensidade 9+/10+, irradiada para MSD, asso-
ciada a dispneia, mal-estar, sudorese, náuseas e vômitos. A dor foi iniciada enquanto
varria a calçada, de forte intensidade, sendo necessário interromper o esforço. AP: hi-
pertenso, diabético e tabagista. Pai falecido de IAM aos 50 anos. Ao exame: SSVA: PA:
170 x 100 mmHg / FC: 110 / FR: 22 / SATO2: 93% em AA. Neurológico sem alterações.
ACV: BRNF com presença de B3, sem sopros; perfusão <3 segundos. AR: MV + com
crepitações bibasais e discreto esforço respiratório. Realizado ECG (abaixo). Qual o
padrão eletrocardiográfico encontrado e qual a principal hipótese diagnóstica?
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A. Padrão “De Winter”. IAMCSST - Killip II.
B. Padrão de isquemia circunferencial. IAMSSST - Killip III.
C. Padrão de Wellens tipo A. IAMCSST - Killip III.
D. Padrão de isquemia circunferencial. IAMSSST - Killip II.
Gabarito: A
Comentário:
Fala galerinha, preparados para mais um desafio? Essa questão foi preparada
para o simulado de vocês justamente para que vocês possam aprender com ela.
Então vamos lá! A banca nos traz um paciente com múltiplos fatores de risco
para coronariopatia (hipertenso / diabético / tabagista / HF positiva -pai falecido
de IAM aos 50 anos), apresentando dor precordial típica. Foi realizado o ECG, com
uma alteração importantíssima. Conseguem identificar?
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O padrão de De Winter sinaliza oclusão aguda proximal de Artéria descendente
anterior , sendo considerada pela American Heart (AHA) como IAMCSST, necessi-
tando de reperfusão imediata.
CLASSIFICAÇÃO DE KILLIP
SINAIS KILLIP
Sem evidências de IC I
Choque cardiogênico IV
Vamos às alternativas:
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Visão do Aprovado:
Pessoal, questão bastante específica e conceitual que foi colocada neste simu-
lado para que vocês saibam identificar os padrões eletrocardiográficos que in-
dicam gravidade. Caso ainda tenha ficado em dúvida, revise alguns conceitos e
boa prova!
Questão 8
Paciente masculino, 45 anos, procura a emergência por desconforto torácico há
2 horas. Refere que a dor é em aperto, intensidade 9+/10+, irradiada para MSD,
associada a dispneia, mal-estar, sudorese, náuseas e vômitos. A dor foi iniciada
enquanto varria a calçada, de forte intensidade, sendo necessário interromper
o esforço. AP: hipertenso, diabético e tabagista. Pai falecido de IAM aos 50 anos.
Ao exame: SSVA: PA: 170 x 100 mmHg / FC: 110 / FR: 22 / SATO2: 93% em AA. Neu-
rológico sem alterações. ACV: BRNF com presença de B3, sem sopros; perfusão
<3 segundos. AR: MV + com crepitações bibasais e discreto esforço respiratório.
Realizado ECG (abaixo). Qual a próxima conduta?
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Se o paciente for realizar angioplastia primária, devemos completar a dose de
clopidogrel para 600 mg.
C. Devemos realizar monitorização hemodinâmica + ataque de AAS 300 mg e
Clopidogrel 600 mg e encaminhar para terapia de reperfusão (trombólise ou
angioplastia primária) imediatamente.
D. Devemos realizar monitorização hemodinâmica + ataque de AAS 300 mg e
Clopidogrel 300 mg e encaminhar para terapia de reperfusão após resultado
dos marcadores de necrose miocárdica.
Gabarito: B
Comentário:
Para pacientes que chegam ao pronto-socorro com dor torácica suspeita, o diag-
nóstico de IAM pode ser confirmado pelo eletrocardiograma e elevação dos bio-
marcadores cardíacos séricos (no entanto, em pacientes com SUPRA de ST no
ECG: NÃO devemos aguardar o seu resultado).
Vamos às alternativas:
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B. Perfeito. Devemos realizar monitorização hemodinâmica + ataque de AAS 300
mg e Clopidogrel 300 mg e encaminhar para terapia de reperfusão imediata-
mente. Se o paciente for realizar angioplastia primária, devemos completar a
dose de clopidogrel para 600 mg.
C. Inicialmente a dose de ataque do clopidogrel é 300mg (exceto para pacientes
acima de 75 anos, o qual a dose de ataque não é realizada). Caso o paciente
seja encaminhado para a angioplastia, ele deverá receber 600 mg de clopido-
grel. Então vejam: se ele já recebeu 300 na entrada, irei completar com mais
300 mg. Certo? No entanto, se ele não recebeu a dose de ataque, pois tem
idade > 75 anos, eu devo administrar 600 mg (mesmo que ele tenha >75 anos).
D. Temos um paciente com IAMCSST, e não devemos aguardar o resultado de
marcadores de necrose miocárdica a fim de encaminhar para reperfusão.
Visão do Aprovado:
Questão 9
Homem de 70 anos, vem em consulta médica por queixa de dispneia para ativi-
dades como: caminhar um quarteirão, limpar a casa, subir um lance de escadas.
Associado se queixa de ortopneia (com necessidade de dormir com 3 travesseiros)
e dispneia paroxística noturna. Está em uso de enalapril 10 mg 12/12h, anlodipino
10mg/dia, metformina 500mg 2x/dia e insulina NPH e regular. Ao exame físico:
PA: 110x60 mmHg / FC 70 / FR: 18 / SatO2: 93%. Aparelho respiratório: Crepitações
bibasais. Aparelho cardiovascular: Ritmo cardíaco regular, sem sopros. Turgência
venosa jugular em terço inferior. Abdome com refluxo hepatojugular presente e
edema de MMII (não restrito a região maleolar). Realizado Radiografia de tórax
(abaixo). Em relação aos critérios clínicos de Framingham, podemos afirmar que:
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A. O paciente apresenta 2 critérios maiores e 2 critérios menores.
B. O paciente apresenta 5 critérios maiores e 2 critérios menores.
C. O paciente apresenta 3 critérios maiores e 4 critérios menores.
D. O paciente apresenta 2 critérios maiores e 5 critérios menores.
Gabarito: B
Comentário:
Fala galerinha, vamos para mais um desafio. A banca nos traz um quadro clínico
e deseja saber em relação aos critérios clínicos de Framingham.
CRITÉRIOS MAIORES:
• Turgência venosa jugular
• Refluxo hepato-jugular
• Edema agudo de pulmão
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• Crepitações pulmonares
• Dispneia paroxística noturna
• B3
• Cardiomegalia ao RX
• Perda de peso >4,5 kg em 5 dias de tratamento
• PVC aumentada (> 16mmHg)
CRITÉRIOS MENORES:
• Edema de tornozelo
• Tosse noturna
• Dispneia aos esforços
• Hepatomegalia
• Derrame pleural
• Redução da capacidade funcional em ⅓ da máxima registrada anteriormente
• Taquicardia > 120
Vamos às alternativas:
Visão do Aprovado:
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Questão 10
Paciente feminina de 65 anos, previamente hipertensa, diabética, coronariopata
e DRC não dialítica, é admitida no pronto-socorro devido rebaixamento do nível
de consciência. Familiares alegam que há 15 dias apresentou dor em região lom-
bar após limpar a casa e que devido vinha em uso de anti-inflamatórios (AINES)
mesmo sem orientação médica. Há 4 dias iniciou com anorexia, náuseas/vômi-
tos, associado a dispneia e edema de membros inferiores. Há 2 dias notou redu-
ção do volume urinário e hoje está mais sonolenta. Ao exame físico: PA: 140 x 90
mmHg / FC 98 / FR: 26 / Sato2: 95% em CN 3L/min. Mau estado geral, sonolenta
(Glasgow 10), descorada 1+/4+, hidratada, acianótica, anictérica e afebril. Aparelho
respiratório: MV + com crepitações até terço médio bilateral. Aparelho cardiovas-
cular: Ritmo cardíaco regular, com atrito pericárdico. Perfusão 3 segundos. Exa-
mes laboratoriais: creatinina = 5,2 mg/dL, ureia = 300 mg/dL, potássio = 6,3 mEq/L,
sódio = 140 mEq/L, pH = 7,30, PaCO₂ = 32 mmHg, PaO₂ = 62 mmHg, bicarbonato
= 15 mEq/L e lactato = 36 mg/dL. Em relação à terapia de substituição renal (TRS)
podemos afirmar que:
Gabarito: B
Comentário:
Fala galerinha, preparados para mais um desafio? Então vamos lá! A banca nos
traz uma paciente com múltiplas comorbidades (hipertensa, diabética, coronario-
pata e DRC não dialítica) a qual fez uso de AINES durante 15 dias de forma indevi-
da. Certamente essa paciente evoluiu com agudização da doença renal crônica e a
banca deseja saber sobre a indicação de terapia de substituição renal (TSR).
Antes de mais nada, vamos relembrar alguns conceitos. A TSR é dividida em: He-
modiálise, diálise peritoneal e transplante renal. Cada um apresenta vantagens e
desvantagens, vejam a tabela abaixo:
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VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS TERAPIAS
DE SUBSTITUIÇÃO RENAL
Burnout
DIÁLISE
Independência Método tem limite - peritônio perde
PERITONEAL
capacidade
Infecções oportunistas
Risco de morte cardiovascular nos
Maior sobrevida
TRANSPLANTE primeiros meses pós transplante
Maior independência
Uso de imunosupressão
Pouca disponibilidade
Nem todos pacientes que apresentam disfunção renal precisarão de TSR, somen-
te se apresentarem o que chamamos de: urgências dialíticas. E quais são elas?
Em pacientes com lesão renal aguda ou doença renal crônica agudizada, con-
sideramos realizar TSR em situações de hipercalemia, hipervolemia ou acidose
metabólica refratárias, e também em casos de sintomas urêmicos (encefalopa-
tia, pericardite, dentre outros…).
Vamos às alternativas:
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Visão do Aprovado:
Questão 11
Paciente masculino de 25 anos, com transtorno de ansiedade, é levado ao pronto-
socorro com sonolência e confusão mental. Exame físico: MEG, descorado 1+/4+,
hidratado Neurológico: Glasgow 11, torporoso, pupilas isofotorreagentes. Ausculta
cardíaca e respiratória sem alterações. Abdome sem alterações. Exames labora-
toriais: Na sérico 110, osmolalidade urinária 89, osmolalidade plasmática 272 e Na
urinário 6. Qual a provável causa da hiponatremia?
A. Polidipsia psicogênica.
B. SIADH.
C. Síndrome cerebral perdedora de sal.
D. Hipotireoidismo.
Gabarito: A
Comentário:
Fala galerinha, preparados para mais um desafio? Então vamos lá! Temos um
paciente jovem com antecedente de transtorno de ansiedade, que é levado ao
pronto socorro por sonolência e confusão mental. Durante a investigação diag-
nóstica, notou-se a presença de hiponatremia, com sódio urinário de 6 mEq/L,
osmolalidade plasmática 272 mOsm/l e osmolalidade urinária 89 mOsm/kg. A
banca deseja saber qual a provável causa da hiponatremia.
Sempre que nos depararmos com uma hiponatremia, devemos avaliar se essa
hiponatremia é real. Para isso, a osmolaridade plasmática se torna necessária, pois
ela nos ajuda a determinar essa situação. Seu valor normal vai de 275-295 mOsm/L.
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Ela pode ser calculada através da seguinte fórmula. Osm pl = 2x Na + glicose (mg/
dL)/18 + ureia (mg/dL)/6
Seguindo nossa linha de raciocínio, o próximo passo é avaliar a volemia dos pa-
cientes com hiponatremia hipotônica, no qual podemos encontrar:
• Hipervolemia: em situações de ICC, síndrome nefrótica, cirrose, dentre outros…
• Hipovolemia: em situações de perdas gastrointestinais (ex: diarreia), sudorese
excessiva e uso de diuréticos tiazídicos.
• Euvolemia: podemos dividir em dois grupos: com osmolaridade urinária > 100
mOsm/L ou < 100 mOsm/L.
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No entanto, a osmolaridade urinária deve estar > 100 mOsm/L e o sódio urinário
costuma estar acima de 20 mEq/L.
Visão do Aprovado:
Questão 12
Paciente feminino de 4 anos, previamente hígida, é levada ao pronto-socorro por
redução do volume urinário, náuseas, vômitos, edema de membros inferiores e
dispneia. Há 2 semanas apresentou quadro diarreico associado a dor abdominal.
Exame físico: PA= 158 x 98 mmHg, FC 110 bpm, Taxilar 36,5C. Icterícia presente
2+/4+, mucosas descoradas 2+/4+, edema de MMII bilateralmente. Ausculta cardí-
aca e pulmonar sem alterações. Exames laboratoriais: hemograma: Hb: 5,0 g/dL,
leucócitos: 12000/mm³, plaquetas: 75.000/mm³, presença de esquizócitos, reticu-
lócitos 12%, desidrogenase láctica: 980U/L, creatinina: 9.7mg/dL, ureia: 190 mg/dL,
bilirrubina total: 5,2mg/dL (indireta: 4,1mg/dL). Coombs direto negativo. Sorolo-
gias para hepatites e HIV negativas. Atividade de ADAMTS-13 dentro do valor de
referência. Diante desse quadro clínico devemos suspeitar de:
Gabarito: B
Comentário:
Fala galerinha, preparados para mais um desafio? Vamos aprender com a ques-
tão… A banca nos traz uma paciente jovem, previamente hígida, apresentando
anemia + disfunção renal + plaquetopenia. Frente a estes achados devemos pen-
sar em síndrome hemolítica urêmica (SHU).
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enterohemorrágica, produtora de uma toxina Shiga-like.
Vamos às alternativas:
Visão do Aprovado:
Questão 13
Você atende no consultório uma paciente do sexo feminino, de 21 anos, que vem
com queixa de ter iniciado há 2 meses quadro de dor, edema e rigidez em mãos,
punhos, ombros e joelhos, que costuma durar 2 horas de manhã até melhora
parcial ao longo do dia, sentindo também muito cansaço para realizar suas ati-
vidades do dia a dia e sensação de temperatura aumentada. Ao exame físico, T.
axilar de 37.5ºC, presença de edema e hiperemia de cotovelos, punhos, tornozelos
e 2ª e 4ª metacarpofalangianas (MCPs) bilateralmente, bem como presença de
tender points (14 de 18). Qual o diagnóstico mais provável em questão?
29
A. Espondiloartrite não-axial.
B. Artrite reacional.
C. Lúpus eritematoso sistêmico.
D. Fibromialgia.
Gabarito: C
Comentário:
Bora usar a cabeça, galera. Mulher, jovem, há dois meses com dor, edema e rigidez
em articulações de mãos, punhos, ombros e joelhos, de ritmo inflamatório (> 1 hora
de rigidez matinal), também com fadiga e episódios subfebris. Ao exame físico,
subfebril, com acometimento inflamatório de cotovelos, punhos, tornozelos e 2ª e
4ª MCPs bilateralmente. Possui tender points (14/18). Qual seria o diagnóstico mais
provável em mulher jovem com acometimento articular inflamatório? Lúpus erite-
matoso sistêmico (LES), né pessoal! Pensar sempre em LES nesses quadros.
Sabemos que LES é uma doença autoimune crônica que pode afetar qualquer
orgão do corpo. Os pacientes podem apresentar desde acometimento leve de
articulações e pele, até envolvimento fatal de rins, sistema nervoso central e sis-
tema hematológico. Os sintomas constitucionais mais comuns são fadiga, febre,
mialgia e perda de peso. No que tange às manifestações articulares, foco do nos-
so caso, as pacientes com LES podem ter artrites e artralgias em > 90% dos casos,
sendo simétricas, poliartriculares e migratórias - geralmente não são deforman-
tes, o que as difere da artrite reumatoide.
30
C. Correta. De fato, nesse perfil epidemiológico e com essas características clínicas
inflamatórias, devemos descartar a hipótese de LES! Uma forma de manifes-
tação articular curiosa nessas pacientes é a artropatia de Jaccoud, que provo-
ca graves deformidades redutíveis ao movimento, pelo acometimento de liga-
mentos e não pelas erosões ósseas (como aconteceria na artrite reumatoide).
D. Incorreta. A fibromialgia é uma doença reumatológica que afeta a muscula-
tura de todo o corpo causando dor, podendo ter também fadiga, sono não
reparador e outros sintomas como alteração de memória e atenção, ansieda-
de, depressão e alterações intestinais. Não deve haver artrite de caráter infla-
matório na fibromialgia, sendo o principal afastador dessa hipótese na nossa
paciente. Devemos lembrar, contudo, que é um diagnóstico mais frequente
em pacientes com outras condições reumatológicas e deve ser suspeitado
quando há > 11 dos 18 tender points positivos. Porém, nosso diagnóstico mais
provável aqui é o LES, sem dúvidas.
Visão do Aprovado:
Questão 14
Em um paciente adulto, de 35 anos, com IMC de 27,6, iniciou-se quadro de dor
intensa e eritema em joelho direito (já com 1 crise anterior semelhante) e foi re-
alizada artrocentese, a qual evidenciou a presença de cristais romboides. Qual o
provável diagnóstico?
A. Gota.
B. Artrite reativa.
C. Pseudogota.
D. Osteoartrite.
Gabarito: C
31
Comentário:
No nosso caso, foi evidenciada a presença de cristais no líquido articular, o que nos
afasta de artrite séptica. Mas agora, será que estamos falando de gota ou de pseu-
dogota? Apesar de a gota ser muito mais prevalente epidemiologicamente falan-
do, a descrição de cristais romboides era o que matava a questão para pensarmos
em pseudogota! Vamos avaliar a tabela a seguir para diferenciar essas condições:
GOTA PSEUDOGOTA
ÁCIDO ÚRICO Ácido úrico sérico é elevado Ácido úrico sérico é normal
LÍQUIDO ARTICULAR
Cristais em forma de agulha Cristais de forma romboide
ANALISADO SOB
com birrefringência negativa com birrefringência positiva
LUZ POLARIZADA
Condrocalcinose
Edema de partes moles e
IMAGENS em cartilagens
cistos ósseos subcorticais
(especialmente menisco)
32
Sabendo dessa diferenciação e que nosso paciente possui cristais romboides, a
resposta é, de fato, pseudogota.
Visão do Aprovado:
33
Questão 15
Paciente A. G., 33 anos, previamente hígido, procura o pronto-socorro com queixa
de dor intensa e edema do joelho esquerdo iniciados há cerca de 12 horas e com
progressão em piora, no momento dificultando até mesmo a deambulação do
paciente. O mesmo nega traumas ou infecções recentes. Ao exame físico, cons-
tatamos de relevante uma temperatura corporal de 37.4ºC, edema, hiperemia e
calor no joelho esquerdo, com sinal da tecla positivo e aumento de volume da
bolsa supra-patelar. Foi optado pela artrocentese diagnóstica, a qual possivel-
mente revelará:
A. Predomínio de neutrófilos.
B. Predomínio de condrócitos.
C. Predomínio de macrófagos sinoviais.
D. Predomínio de fibroblastos sinoviais.
Gabarito: A
Comentário:
34
No caso do enunciado, devido à falta de elementos epidemiológicos e acometi-
mento não tão típico de gota, estaríamos mais propensos a achar de que se trata
de um caso de artrite séptica. Porém, independente da etiologia (séptica ou go-
tosa), o tipo celular que estaria mais envolvido no caso seria, de fato, o neutrófilo!
Visão do Aprovado:
Questão que nos deixa até pensativos se não estamos errando alguma coisa,
mas é isso mesmo, nesse caso deveríamos marcar sem medo a opção que con-
tém neutrófilos, uma vez que nossa suspeita é de uma doença inflamatória/in-
fecciosa. Quando nos deparamos com monoartrites, além das diferenciações já
comentadas, teremos também a dúvida entre gota e pseudogota - como bônus,
vale lembrar que essa última possui cristais com birrefringência positiva, ao con-
trário da gota, que é negativa.
Questão 16
Mulher, 22 anos, asmática, refere chiado no peito, febre e dispneia há 4 dias com
piora progressiva, mesmo com uso de corticoide e salbutamol. Exame físico na
admissão: murmúrio vesicular abolido bilateralmente, com SpO2 de 90% em ar
ambiente. Após a administração de corticoide, salbutamol e magnésio, passou a
apresentar sibilos e som claro pulmonar bilateralmente. Mantinha taquipneia e
desconforto respiratório, sendo submetida a intubação orotraqueal. Evoluiu com
queda da saturação e a radiografia de tórax abaixo. Qual é a condição clínica mais
provável neste momento?
35
A. Pneumotórax.
B. Pneumonia.
C. Derrame pleural extenso.
D. Atelectasia.
Gabarito: D
Comentário:
Pessoal, o enunciado nos traz uma paciente do sexo feminino, jovem, previamente
asmática, referindo descompensação da asma há 4 dias (chiado, febre e dispneia),
com piora progressiva, sendo admitida com sinais de crise asmática muito grave,
uma vez que apresenta tórax silente (auscula abolida), o que pode indicar bronco-
constricção tão grave a ponto de fechar os brônquios e bronquíolos, além de uma
SpO2 de 90%. Foi resgatada com medidas para broncoespasmo grave, com corticoi-
de, salbutamol e magnésio, voltando a apresentar sibilos, porém, mantendo descon-
forto respiratório com taquipneia, necessitando intubação orotraqueal (IOT).
36
silateral ao velamento (apesar de a imagem estar ruim, é isso que conseguimos
visualizar com algum esforço). Galera, quando temos velamento com desvio ip-
silateral, nossa primeira hipótese deve ser atelectasia! Nesse caso, pode ter ocor-
rido devido tampões mucosos, ocluindo a árvore brônquica do lado esquerdo, o
que levou ao colabamento de todo o pulmão esquerdo, tracionando as estrutu-
ras mediastinais.
Visão do Aprovado:
37
Questão 17
Homem, 82 anos, refere tosse com expectoração clara matutina há 7 anos. Há 5
anos com dispneia aos esforços em progressão; atualmente tem dispneia para
andar 100 metros em terreno plano. Por vezes o sintoma é acompanhado de
chiado no peito. Tabagista de 1 maço de cigarros por dia há 55 anos. Exame físi-
co sem alterações. Qual achado é suficiente para o diagnóstico da doença mais
provável?
Gabarito: B
Comentário:
A questão nos apresenta um paciente idoso, com uma carga tabágica de 55 ma-
ços-ano, que vem tendo tosse com expectoração clara há 7 anos, evoluindo há 5
anos com dispneia aos esforços, atualmente para andar 100 metros e por vezes
com chiado no peito. Não é mistério para ninguém que provavelmente esse pa-
ciente é portador de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), né? Pensando
nessa hipótese, devemos que lembrar que a DPOC, ao contrário da asma, não pode
ser definitivamente diagnosticada apenas com quadro clínica, sendo obrigatória a
realização de uma espirometria - é um diagnóstico essencialmente espirométrico!
38
espirometria, SpO2 < 92% no oxímetro, rebaixamento do nível de consciência,
exacerbação da DPOC e para avaliação da hipercapnia em determinadas situ-
ações clínicas. Logo, não seria suficiente para o nosso diagnóstico.
B. Correta. Novamente, para diagnosticarmos a doença mais provável, que nesse
caso é a DPOC, deveremos realizar uma espirometria, que mostrará obstrução
das vias aéreas (Rel. VEF1/CVF < 0,7 ou < LIN) sem reversão completa com a
broncodilatação. Com a espirometria também podemos realizar a classifica-
ção espirométrica da gravidade de obstrução desses pacientes baseada no
VEF1 pós-broncodilatação: se ≥ 80% do previsto, é leve (GOLD 1); se entre 50 e
80%, é moderada (GOLD 2); se entre 30 e 50%, é grave (GOLD 3) e; se < 30%, é
muito grave (GOLD 4). Complementamos essa classificação com a estratifica-
ção clínica em relação aos sintomas e exacerbações, dividindo em A, B, C ou D.
C. Incorreta. A capacidade de difusão do monóxido de carbono (DLCO) é um
método excelente para avaliar o grau de enfisema pulmonar em pacientes
tabagistas com obstrução da via aérea, mas não costuma ser refeito de rotina
para pacientes DPOC. Costumamos indicar em portadores de SpO2 < 92% na
oximetria, dispneia desproporcional ao grau de obstrução da espirometria e
avaliação de cirurgia de pneumectomia redutor. O DLCO diminui proporcio-
nalmente de acordo com o grau de enfisema, mas, novamente, não é quem
será suficiente para dizermos que o paciente é portador de DPOC, uma vez
que precisamos da espirometria.
D. Incorreta. A tomografia de tórax tem boa sensibilidade e especificidade para
detecção de enfisema pulmonar, mas não realizamos ela de rotina para pa-
cientes com DPOC. Costumamos solicitar em pacientes com mudança repen-
tina nos sintomas, geralmente nas exacerbações (pneumonia, pneumotórax),
investigação de câncer de pulmão ou avaliação pré-operatória de cirurgia de
pneumectomia redutora. Apesar de sugestivo, não é um exame suficiente
para o diagnóstico de DPOC, que é espirométrico.
Visão do Aprovado:
Questão 18
Você atende no pronto-socorro um paciente do sexo masculino, de 29 anos, com
histórico de relações sexuais desprotegidas, que vem apresentando há cerca de
14 dias dispneia progressiva, tosse seca, febre não aferida vespertina e dor ao de-
39
glutir. Ao exame físico, SpO2 92% AA, FR 24 irpm e cavidade oral com o achado
representado abaixo. Após exames complementares, são constatados leucócitos
de 18.000 às custas de neutrófilos com 3% de bastões, DHL de 840, pBAAR no es-
carro negativo e gasometria arterial com pO2 de 50 e SatO₂ confirmada em 92%.
No exame de imagem, o achado abaixo. Assinale a alternativa que contempla o
melhor tratamento para o caso:
Gabarito: A
Comentário:
40
A pneumocistose é causada pelo Pneumocystis jirovecii (antigamente P. carinii),
um fungo oportunista que se manifesta principalmente em pacientes com CD4
< 200/mm³ sem profilaxia. Cursa mais frequentemente com manifestações pul-
monares, mas pode se disseminar para SNC, medula óssea (com pancitopenia),
linfadenopatia, olhos, tireoide e TGI. Os sintomas mais comuns incluem dispneia
progressiva, febre, tosse seca, podendo evoluir com síndrome respiratória aguda
grave. Exames que auxiliam no diagnóstico são a análise de escarro com detec-
ção dos fungos por coloração (não é possível realizar cultura de P. jirovecii) ou
realização de PCR, dosagem de LDH (> 220) e detecção de beta-D-glucana (BDG).
Na radiografia apresenta-se com padrão infiltrativo bilateral difuso, sendo visto
na tomografia de tórax como área de vidro fosco com espessamento de septo
interlobular (nem todo vidro fosco é COVID!).
41
Visão do Aprovado:
Questão 19
No pronto-socorro você atende paciente de 32 anos que iniciou há 6 dias qua-
dro de febre diária, mialgia, cefaleia e náuseas, sem sintomas gripais, urinários
ou intestinais associados. Ao exame físico, PA 90x60 mm Hg, FC 110 bpm, SatO2
96% aa, com FR 22 irpm. Exame pulmonar com auscultar reduzida no ⅓ inferior
de hemitórax direito e exame abdominal com dor à palpação difusa. Membros
inferiores com edema e petéquias. Nos exames complementares, leucócitos de
1.900 com 250 linfócitos, 102.000 plaquetas e TGO/TGP > 3 vezes o valor da nor-
malidade, bem como Antígeno NS1 negativo. Abaixo encontram-se a radiografia
de tórax e o USG de abdome da paciente. Qual a alternativa contempla a melhor
conduta para esse caso?
Gabarito: D
42
Comentário:
Questão muito bacana para reforçar conceitos de infectologia! Temos uma pa-
ciente jovem com um quadro há 6 dias de febre, mialgia, cefaleia e náuseas (ou
seja, uma síndrome febril), ao exame físico hipotensa, com MV reduzido no ⅓
inferior do hemitórax direito, taquipneica, dor à palpação abdominal, edema em
membros inferiores e petéquias. Aos exames complementares leucopenia com
linfopenia, plaquetopenia e aumento de enzimas hepáticas. Antígeno NS1 ne-
gativo. Radiografia de tórax evidenciando derrame pleural à direita e USG abdo-
minal evidenciando ascite moderada. Galera, essa paciente tem tudo para que
pensemos em quadro de dengue!
“Ah, mas o antígeno NS1 para dengue veio negativo…” Sim, e era para vir mes-
mo - esse exame foi realizado no 6º dia de sintomas, e devemos lembrar que
sua positividade se dá apenas entre o 1º e 5º dia (idealmente até o 3ºdia)! Nesse
caso, temos uma alta suspeita para dengue devido à febre + mialgia + cefaleia e,
ainda por cima, temos sinais de alarme (ascite, derrame pleural, dor abdominal e
petéquias) e, também, sinais que enquadram essa dengue como dengue grave:
hipotensão e hepatite! A partir do 6º dia de doença, o diagnóstico é feito pela
sorologia com ELISA IgM.
43
mica e guiar a quantidade conforme hematócrito e estabilidade clínica, não
sendo necessária a prescrição de diuréticos inicialmente.
D. Correta. De fato, é a melhor conduta para essa paciente: sorologia para con-
firmar e hidratação para corrigir o distúrbio. Durante a reidratação devemos
reavaliar clinicamente a cada 15-30 minutos e solicitar hematócrito a cada 2
horas. Se melhorar, passamos o paciente para o grupo C. Se piorar, conside-
raremos albumina e coloides, drogas vasoativas, bem como compensação de
outras complicações.
Visão do Aprovado:
Dengue é uma doença traiçoeira que muitas vezes acaba sendo esquecida como
diagnóstico diferencial, mas que exige nosso conhecimento quanto às suas diver-
sas classificações! Vale lembrar que esses derrames cavitários e edema subcutâ-
neo que ocorrem não se devem a hiperhidratação e podem inclusive aumentar
após hidratação satisfatória, não devendo nos preocupar - faremos o seguimento
pelo hematócrito, diurese e sinais vitais. Devemos evitar procedimentos desne-
cessários, como toracocentese, paracentese e pericardiocentese.
Questão 20
É admitida na emergência paciente S.F., 55 anos, trazida por familiares após ser
encontrada em casa confusa e sonolenta. À avaliação inicial, paciente com GCS 12,
PIFR, sem déficits motores aparentes. Dados vitais: PA 90x50 mm Hg, FC 110 bpm,
SpO2 95% AA, FR 28 irpm, T. 36.5ºC, Dextro de 174 mg/dL. Tórax com crepitações
pulmonares bibasais, abdome com dor à palpação difusa, sem peritonismo. Sem
outras alterações no exame físico. Família não sabe relatar como paciente esta-
va nos últimos dias, pois mora sozinha. De antecedentes, paciente portadora de
DM2 e apresentou um IAM há 2 anos. Faz uso de AAS, carvedilol, rosuvastatina, me-
tformina e dapagliflozina. Realizada monitorização e estabilização inicial, exames
complementares iniciais evidenciam: Hb 12,0 / Leuco 16.000 às custas de neutrófi-
los / Plaq. 260.000 / Ur 80 / Cr 1,44 / Na 130 / K 5,8 / GV pH 7,1 (BIC 16), LacV 8 mg/dL.
Qual a hipótese diagnóstica mais provável e alocação necessária à paciente?
44
Nível de dificuldade: Moderada
Gabarito: C
Comentário:
Vamos ler esse enunciado com atenção! Uma mulher de 55 anos, com histórico de
IAM e DM2, faz uso de AAS, carvedilol, dapagliflozina e metformina. Ela dá entrada
no PS com rebaixamento do sensório, taquipneia, taquicárdica, PAM limítrofe, cre-
pitação pulmonar bibasal e encontra-se afebril. Nos exames laboratoriais apresen-
ta leucocitose com desvio à esquerda, hiponatremia, hipercalemia, acidose meta-
bólica com lactato normal e creatinina de 1,44 (cálculo do clearance de creatinina
resulta em 40 ml/min/1.73 m2). Até aqui poderíamos pensar que a paciente abriu
um quadro de cetoacidose diabética (CAD), mas em paciente não-insulino depen-
dente e com glicemia de 174? Podemos ter cetoacidose sem glicemia superior a
250 mg/dL? Sim! Estamos frente a um quadro de cetoacidose euglicêmica.
45
nia nesse momento. Ademais, não daríamos alta para essa paciente!
C. Correta. Não se deixe enganar pela euglicemia, a paciente faz uso de dapagli-
flozina! Iremos instituir o manejo inicial para CAD e solicitaremos internação
em leito de UTI.
D. Incorreta. Apesar dessa alternativa poder deixar dúvidas, não esperaríamos na
sepse encontrar uma acidose metabólica tão importante com um lactato tão
baixo e plaquetas normais como nesse caso. A principal suspeita realmente é
de CAD.
Visão do Aprovado:
Questão 21
Ao passar visita na enfermaria, a enfermagem questiona acerca do manejo da
insulina de um paciente do sexo masculino, 57 anos, portador de DM insulino-de-
pendente com uso de insulina glargina 40 UI à noite, bem controlado e sem his-
tórico de hipoglicemias, que irá realizar cirurgia eletiva de herniorrafia inguinal.
Sobre o manejo peri-operatório da insulina, assinale a alternativa correta:
46
Gabarito: D
Comentário:
Manter a dose atual e aplicar normalmente na noite anterior à cirurgia, desde que
os controles extra-hospitalares estiverem adequados com tal dose e não houver
história de hipoglicemias de repetição com a dose.
Iniciar solução glicosada endovenosa (ex.: SG 5%) com água ou solução salina iso-
tônica ao meio (0,45%) em cerca de 75-125 mL/h para prover 3,75-6,25 g de glico-
se/hora, a fim de evitar complicações intra-operatórias, até que paciente volte a
aceitar dieta via oral.
Checar a glicemia seja por dextro ou laboratório (mais confiável) a cada 1 hora e
mais frequentemente se níveis abaixo de 100 mg/dL e/ou queda muito rápida.
47
C. Incorreta. De fato manteremos a insulina basal, mas, caso paciente apresenta
hiperglicemia (> 180 mg/dL) no período trans e peri-operatório, devemos sim
corrigir com sliding scale.
D. Correta. Como vimos, de acordo com as diretrizes mais recentes, essa seria a
melhor conduta!
Visão do Aprovado:
Questão 22
Após a avaliação do anatomopatológico da biópsia renal de um paciente diabé-
tico tipo 2 de longa data apresentando nova piora da função renal e albuminúria,
qual padrão está representado na imagem?
Gabarito: C
48
Comentário:
49
B. Incorreta. Aqui temos a progressão da doença, mas ainda sem lesões clássicas
de Kimmestiel-Wilson.
Visão do Aprovado:
Temos que estar preparados para qualquer coisa quando falamos de prova de
residência médica, especialmente R+. Mesmo que não tenha familiaridade com
essas lâminas, vamos usar a questão para nos familiarizarmos com esse tipo de
cobrança caso venha a cair em prova objetiva ou de multimídia!
Questão 23
Em se tratando de um paciente do sexo masculino, de 78 anos, com quadro há
4 meses de cefaleia frontal à esquerda intermitente, turvação visual, fadiga e dor
na mandíbula quando se alimenta, qual o melhor exame para investigação, pen-
sando na principal hipótese diagnóstica?
50
Nível de dificuldade: Moderada
Gabarito: B
Comentário:
O enunciado nos traz um paciente do sexo masculino, idoso, com cefaleia frontal
à esquerda e visão turva, fadiga e dor na mandíbula quando se alimenta (claudi-
cação de mandíbula). Pessoal, temos aqui uma descrição bem clássica de uma
arterite de células gigantes! Vamos relembrar do que se trata? É uma vasculite
de grandes vasos que acomete principalmente pessoas mais idosas, sendo rara
antes dos 50 anos de idade, e prefere o sexo feminino. Em relação à clínica, os pa-
cientes com arterite de células gigantes apresentam, em 60% dos casos, cefaleia
temporal, onde se localizam as artérias temporais - a dor é intensa e as artérias
podem ser facilmente palpadas e estão dolorosas ao toque. Os pacientes tam-
bém podem se queixar de dor para mastigar alimentos ou para falar, a famosa
“claudicação da mandíbula”, descrita no enunciado. Podem estar presentes ain-
da falta de apetite, emagrecimento e dor nas articulações.
51
queremos poupar a biópsia por algum motivo, a realização de ultrassom do-
ppler das artérias por um especialista pode corroborar bastante o diagnóstico.
C. Incorreta. A angiografia cerebral ou qualquer angiografia é um exame que
carece de resolução para visualizar edema da artéria temporal, não sendo útil
nesse caso.
D. Incorreta. A lâmpada de fenda é um instrumento que permite examinar a tota-
lidade do olho em alta resolução através da focalização de uma luz brilhante no
olho. Ela permite ampliação da imagem e visão tridimensional. É o melhor exa-
me para avaliar pálpebras, tecidos e pele em volta dos olhos, íris, superfície do
olho (incluindo córnea e conjuntiva) e humor aquoso. No nosso caso, não seria
muito útil, visto a necessidade de um exame de fundo de olho, que muitas ve-
zes nem se encontra alterado de fato. Logo, não marcaríamos essa alternativa.
Visão do Aprovado:
Questão 24
Mulher, 59 anos, refere que sua energia acaba antes do fim do dia há cerca de dois
meses. Seu apetite aumentou e ganhou 4 kg no período. Sua concentração está
péssima e não consegue dormir direito. Sente que está lentificada. Tais sintomas
acontecem na maior parte dos dias. Acha que vai melhorar com a viagem que
está planejando com a família. Exame clínico: BEG, bem arrumada, com unhas e
cabelo bem feitos, PA 140x80 mmHg, FC 88 bpm. IMC 29 Kg/m² . Exames: TSH 3,5
UI/mL, polissonografia com índice de apneia/hipopneia de 5 por hora. A conduta
mais adequada é:
Gabarito: B
52
Comentário:
Vale, contudo, a ressalva que os sintomas apresentados pela paciente podem ter
causas alternativas, que não a apneia/hipopneia obstrutiva.
Portanto, como a paciente não apresenta critérios para depressão, não seria útil
encaminhamento psiquiátrico ou início de antidepressivos. Vale ainda citar que
talvez o encaminhamento psicológico seja uma boa alternativa para manejo des-
sa paciente.
A. Incorreta. A paciente não apresenta critérios para depressão maior, não neces-
sitando de avaliação psiquiátrica.
B. Correta. Vale a pena reavaliar a paciente após a dita viagem, interrogando no-
vamente sobre a presença de sintomas depressivos. Suporte psicológico pode
ainda auxiliar a paciente.
C. Incorreta. Como não há critérios para depressão maior, ainda não há indicação
de iniciar antidepressivos.
D. Incorreta. Já temos exames laboratoriais adequados e não há motivos para
suspeitarmos de síndrome do eutireoideo doente, que se beneficiaria de T3
reverso.
Visão do Aprovado:
Lembrem ainda da temporalidade da depressão maior, que deve ter sintomas
por pelo menos 2 semanas para fechar critérios.
53
CIRURGIA GERAL
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PEDIATRIA
QUESTÃO 49
Texto referente às questões 49 e 50: Sala de parto de um recém-nascido (RN) com
idade gestacional de 35 semanas + 1 dia, mãe G2P1, 32 anos, sífilis tratada adequa-
damente durante a gestação (conferido em carteirinha, com queda das titula-
ções) e diabetes gestacional em tratamento com dieta e bom controle glicêmico.
O RN nasce de parto vaginal, chora e tem tônus muscular em flexão, o cordão é
clampeado após 1 minuto e o lactente é colocado em contato pele-a-pele com
a mãe, enquanto o pediatra faz estímulos táteis com compressas quentes e pro-
grama junto à enfermagem o controle de glicemia capilar. Em relação ao caso,
podemos dizer que a conduta do Pediatra está:
Gabarito: B
Comentário:
Galera, temos aqui uma questão que traz vários fatores de confusão, portanto de-
vemos nos ater ao básico, ao elementar, para evitar cair em “pegadinhas”. Dentro
do tema sala de parto, o clampeamento do cordão umbilical é um assunto muito
estudado, com potencial para trazer benefícios ou riscos ao RN, conforme as con-
dições apresentadas. Segundo as diretrizes da SBP de 2022, em RNs ≥ 34 semanas
de gestação e com boa vitalidade ao nascer, recomenda-se clampear o cordão no
mínimo 60 segundos após o nascimento, o que facilita a transição cardiorrespira-
tória após o parto, além de ser benéfico em relação à concentração de hemoglo-
bina nas primeiras 24 horas. Quando se trata de um RN <34 semanas, com boa
vitalidade, a recomendação é que o cordão seja clampeado com no mínimo 30
segundos após o nascimento. Com isso em mente, vamos analisar as alternativas:
123
A. A alternativa, além de apresentar o tempo incorreto para o clampeamento
do cordão em RNs < 37 semanas, apresenta uma justificativa errada para a
conduta. O tempo apresentado refere-se a RNs < 34 semanas e a justificativa
correta para a conduta refere-se à estabilidade cardiovascular com menor uso
de inotrópicos nas primeiras 24 horas, e melhora dos parâmetros hematológicos
na primeira semana e não à perda de calor corporal.
B. Exato! Sem muitos rodeios, a alternativa vai de encontro ao preconizado pela
SBP nas diretrizes de 2022.
C. Cuidado aqui, essa alternativa apresenta um fator de confusão. Quando se
trata de sífilis não há recomendação para antecipar o clampeamento.
D. Essa alternativa vem com mais um fator de confusão. Os protocolos para
rastreamento de hipoglicemia preconizam a aferição da glicemia capilar após
a 1ª hora de vida, exceto em RNs com sintomas sugestivos de hipoglicemia,
para os quais a determinação da glicemia capilar deverá ser imediata, mas
não é o caso do RN da questão.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 50
Texto referente às questões 49 e 50: Sala de parto de um recém-nascido (RN) com
idade gestacional de 35 semanas + 1 dia, mãe G2P1, 32 anos, sífilis tratada adequa-
damente durante a gestação (conferido em carteirinha, com queda das titula-
ções) e diabetes gestacional em tratamento com dieta e bom controle glicêmico.
O RN nasce de parto vaginal, chora e tem tônus muscular em flexão, o cordão é
clampeado após 70 segundos e o lactente é colocado em contato pele-a-pele
com a mãe, enquanto o pediatra faz estímulos táteis com compressas quentes e
solicita uma glicemia capilar à equipe de enfermagem. Ao checar os exames na
visita do dia seguinte, o Pediatra constata que a titulação do VDRL do RN é de 1:8
e o da mãe, coletado na maternidade, é de 1:2. Assim, julgue a melhor conduta:
124
B. Considerar criança exposta à sífilis, realizar exame físico detalhado e, se normal,
realizar benzilpenicilina benzatina em dose única antes da alta e manter
seguimento na Atenção Básica com monitoramento clínico e laboratorial com
teste não treponêmico em 1, 3, 6, 12 e 18 meses de idade.
C. Considerar sífilis congênita, realizar exame físico detalhado, hemograma, RX
de tórax e ossos longos e coleta de líquor. Em caso destes exames normais,
realizar benzilpenicilina benzatina em dose única antes da alta e manter
seguimento na Atenção Básica e em serviço especializado.
D. Considerar sífilis congênita, realizar exame físico detalhado, hemograma, RX
de tórax e ossos longos e coleta de líquor. Em caso destes exames normais,
realizar benzilpenicilina procaína ou benzilpenicilina cristalina por 10 dias e
manter seguimento na Atenção Básica e em serviço especializado.
Gabarito: D
Comentário:
Moçada, questão sobre sífilis congênita (SC) exige que saibamos alguns concei-
tos importantes, bora relembrá-los!
Assim, combinando tantos fatores, temos múltiplos cenários que podem acon-
tecer e, consequentemente, uma conduta diferente para cada um deles, vamos
entender melhor com o fluxograma abaixo:
125
Realizar teste rápido de sifills em toda gestante que chega à
maternidade, bem como nas mulheres em abortamento
SIM NÃO
O exame físico da
criança é normal?
SIM NÃO
Criança Realizar Notificar para sifilis Criança com Criança com Aplicar
exposta à avaliação congênita sifilis congénita sifilis congenita benzilpenicilina
sifilis em STORCH Para definição SEM neurosifilis COM benzatina,
necessidade do tratamento, Tratar com neurossifilis 50.000 U/kg.
de tratamento seguir no benzilpenicilina Tratar com dose única,
imediato fluxograma como cristalina OU benzilpenicilina intramuscular
criança nascida benzilpenicilina cristalina, por
de mãe não procaina, por 10 dias
adequadamente 10 dias
tratada
126
A. Como vimos, o fato do nosso RN apresentar um título maior que o materno
em pelo menos duas diluições (materno 1:2, RN 1:8) já é indicativo de infecção
congênita (e não somente exposição à sífilis).
B. Como vimos, o fato do nosso RN apresentar um título maior que o materno
em pelo menos duas diluições (materno 1:2, RN 1:8) já é indicativo de infecção
congênita (e não somente exposição à sífilis).
C. O fato da titulação do RN ser maior que o materno em duas diluições nos leva
a considerá-lo como infectado, mesmo com os demais exames normais, e o
tratamento deve ser feito com benzilpenicilina procaína ou benzilpenicilina
cristalina por 10 dias.
D. Exato! O fato da titulação do RN ser maior que o materno em duas diluições
nos leva a considerá-lo como infectado então, mesmo com os demais exames
normais, o tratamento deve ser feito com benzilpenicilina procaína ou
benzilpenicilina cristalina por 10 dias.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 51
Recém-nascido pré-termo (idade gestacional: 35 semanas e 4 dias), sexo feminino,
com peso ao nascimento de 2.450 g, com apgar no 1º minuto: 9 e apgar no 5º mi-
nuto: 9, sem necessidade de internação em UTI neonatal. Recebeu alta hospitalar
após 3 dias em alojamento conjunto, em aleitamento materno exclusivo e orienta-
ção de retorno em consulta de puericultura de alto risco após 15 dias. No retorno,
os pais referiam preocupação com os cuidados com a recém-nascida, uma vez que
viram uma publicação em rede social falando sobre o risco de anemia em prema-
turos. Diante do exposto, qual a recomendação mais adequada de suplementação
medicamentosa profilática de ferro para o recém-nascido em questão?
A. 1 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando aos 90 dias de vida até o 24º mês de vida.
B. 4 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um
ano. Após este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano.
C. 3 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um
ano. Após este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano.
127
D. 2 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um
ano. Após este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano.
Gabarito: D
Comentário:
SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO
Baixa reserva materna (gestações múltiplas com baixo intervalo; ausência de su-
128
plementação durante a gestação; má nutrição; perdas sanguíneas; anemia ma-
terna (Hb < 11 g/dl, Ferritina < 15 mcg/dl; síndrome hemorrágica ou DPP).
Visão do Aprovado:
Galera, esse tema exige mesmo um pouco de “decoreba”, as doses são parecidas
e podem confundir. Uma boa dica é lembrar que a profilaxia para a anemia ferro-
priva varia conforme os fatores de risco, especialmente a prematuridade e o peso
ao nascer.
QUESTÃO 52
Mãe traz o filho de 1 ano e 6 meses para consulta em pronto atendimento. Refere
quadro de evacuações diarreicas há 2 dias (cerca de 6 episódios por dia), associa-
do a um pico febril no dia anterior. Conta que a criança não aceitou muito bem
o almoço, mas mantém boa aceitação de seio materno. Ao exame, a criança está
irritada, chorosa, porém sem lágrimas, afebril, corada, eupneica, boca discreta-
mente seca, sem alterações na ausculta cardíaca e pulmonar, abdome flácido,
com ruídos hidroaéreos aumentados, sem massas, pulsos cheios e tempo de en-
chimento capilar de 2 segundos. Frente ao quadro exposto, assinale a conduta
mais adequada:
129
A. Prescrever soro de reidratação oral na unidade de saúde e manter em
observação por 4 a 6 horas.
B. Prescrever soro de reidratação oral, zinco e sintomáticos para a casa, orientar
sobre sinais de desidratação e retorno ao atendimento se presentes.
C. Solicitar passagem de sonda nasogástrica e iniciar soro de reidratação oral na
unidade de saúde.
D. Prescrever hidratação endovenosa com 30 mL/kg de solução fisiológica e
reavaliar em 1 hora.
Gabarito: A
Comentário:
130
С (COM
A (SEM B (COM
ETAPAS DESIDRATAÇÃO
DESIDRATAÇÃO) DESIDRATAÇÃO)
GRAVE)
Comatoso, hipotônico,
Estado
Ativo, alerta Irritado, intranquilo letárgico ou
geral¹
inconsciente*
Seca ou
Boca/lingua Úmida Muito seca
levemente seca
EXPLORE
Pulso Cheio Cheio Fraco ou ausente*
Perda
Sem perda Até 10% Acima de 10%
de peso²
Se apresentar dois ou
Se apresentar mais sinais sendo ao
SEM SINAIS DE dois ou mais menos um destacado
DECIDA
DESIDRATAÇÃO sinais: COM com asterisco (*):
DESIDRATAÇÃO DESIDRATAÇÃO
GRAVE
¹ Variáveis para avaliação do estado de hidratação do paciente que têm maior relação de sensibilidade
e especificidade, segundo a Organização Mundial da Saúde.
2
A avaliação da perda de peso é necessária quando o paciente está internado e evolui com diarreia e vômito.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de
Doenças Transmissíveis. Manejo do paciente com diarreia. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023.
131
cusa alimentar, diminuição da diurese) e necessidade de retorno, se presentes
+ prescrição de zinco por 10 a 14 dias
• PLANO B: Direcionado ao paciente com sinais de desidratação sem gravidade.
Consiste na oferta de soro de reidratação oral (SRO) supervisionada em uni-
dade de saúde, com reavaliação constante, uma vez que o plano B termina
quando desaparecem os sinais de desidratação. Caso não haja melhora após 6
horas, a internação está indicada
• PLANO C: Feito para o paciente com sinais de desidratação grave. Consiste em
realizar hidratação endovenosa (fases rápida e de manutenção), mantendo re-
avaliação constante em busca de sinais de melhora ou piora.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 53
Paciente de 3 anos, sexo masculino, é admitido em pronto-socorro com quadro
de prostração, palidez, petéquias em membros inferiores e tronco e ausência de
diurese nas últimas seis horas. A mãe referiu quadro de diarreia há uma semana,
que foi tratada com hidratação oral, zinco e azitromicina. Considerando a principal
hipótese diagnóstica, qual dos seguintes achados não é esperado para o quadro?
132
B. Aumento de bilirrubina direta.
C. Hipertensão arterial.
D. Aumento de escórias nitrogenadas.
Gabarito: B
Comentário:
Vamos pra mais uma, pessoal! O enunciado descreve um caso compatível com
a Síndrome Hemolítica-Urêmica (SHU). A SHU é uma complicação grave rela-
cionada à infecção prévia por Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC),
caracterizada pela tríade: anemia hemolítica microangiopática (palidez), insufici-
ência renal aguda (oligoanúria) e trombocitopenia (petéquias). O pulo do gato no
enunciado é o relato de um quadro prévio de diarreia tratada com azitromicina,
o que nos leva a pensar num caso de disenteria, característico da STEC. Essa bac-
téria causa contaminação de água, vegetais, produtos de carne bovina e outros
alimentos. Esse subtipo de bactéria causa principalmente lesão do endotélio ca-
pilar. Tendo isso em mente, bora analisar as alternativas:
Visão do Aprovado:
133
QUESTÃO 54
Pais trazem filha de 1 ano e 8 meses para consulta em UBS. A mãe conta que
fez todo o prénatal, mas a criança nasceu de 36 semanas, por trabalho de parto
prematuro, sem necessidade de internamento em UTI neonatal. Desde então,
apresenta um bom desenvolvimento, mamou em seio materno até os 10 meses
de idade e hoje tem boa aceitação de todos os grupos alimentares. Frequenta a
escolinha e relaciona-se bem com os colegas, mas a professora recomendou que
levassem a filha para consulta com oftalmologista, pois nota que a criança cons-
tantemente aproxima-se dos materiais e brinquedos e tem a impressão de que
há dificuldade em enxergar de longe. Além disso, os pais referem que o olho da
filha fica “estranho” em algumas fotos, conforme abaixo. Diante do exposto, qual
é a principal hipótese diagnóstica?
A. Doença de Coats.
B. Retinopatia da prematuridade,
C. Retinoblastoma.
D. Catarata congênita.
Gabarito: C
Comentário:
134
unilateral), a epidemiologia não nos leva a pensar como principal hipótese diag-
nóstica, uma vez que acomete predominantemente meninos entre 8 e 10 anos.
B. A retinopatia da prematuridade ocorre pela vascularização incompleta da re-
tina em crianças prematuras com menos de 32 semanas de idade gestacio-
nal, cujos principais fatores de risco estão o peso de nascimento (menor que
1500g) e uso de oxigenioterapia de maneira inadequada no período neonatal,
o que não condiz com o nosso caso.
C. Exato! A causa mais comum de leucocoria na infância é o retinoblastoma, um
tumor de células retinianas imaturas, que cursa com reflexo pupilar branco
(uni ou bilateral), além de outros sintomas menos comuns, como estrabis-
mo, diminuição da acuidade visual, nistagmo, dor e vermelhidão dos olhos. O
diagnóstico é feito por volta dos 2 anos quando o acometimento é unilateral
- super compatível com a nossa paciente.
D. D - A catarata congênita é caracterizada por uma opacidade do cristalino, que
pode ser identificada pelo teste do reflexo vermelho ainda na maternidade ou
se desenvolve ainda nos primeiros 3 meses de vida. Dentre as principais cau-
sas estão as infecções congênitas neonatais (lembrando que temos o relato
de um pré-natal completo), mas, de qualquer maneira, o quadro clínico não é
compatível com o nosso enunciado.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 55
Menino de 8 meses chega ao pronto atendimento com história de febre iniciada
há um dia (temperatura máxima de 39,5ºC), acompanhada de coriza hialina e
tosse. Mãe conta que nota a criança mais prostrada, mas manteve boa ingesta
alimentar, sem diminuição da diurese. Ao exame físico, paciente ativo e reativo,
corado, hidratado, afebril, eupneico, presença de roncos de transmissão à auscul-
ta pulmonar, sem sinais de desconforto respiratório, sem alterações na ausculta
cardíaca, com perfusão periférica adequada, hiperemia de orofaringe, sem pla-
cas, com gotejamento nasal posterior. Diante do quadro acima, qual a principal
hipótese diagnóstica e a melhor conduta?
135
A. Síndrome gripal. Prescrever oseltamivir, sintomáticos, orientar sinais de dete-
rioração clínica e reavaliação médica se necessário.
B. Síndrome gripal. Prescrever corticoide oral, sintomáticos, orientar sinais de de-
terioração clínica e reavaliação médica se necessário.
C. Faringite aguda. Prescrever amoxicilina, sintomáticos, orientar sinais de dete-
rioração clínica e reavaliação médica se necessário.
D. Faringite aguda. Prescrever anti-inflamatório não esteroidal, sintomáticos,
orientar sinais de deterioração clínica e reavaliação médica se necessário.
Gabarito: A
Comentário:
136
Sindrome Gripal
Na ausência de outro diagnóstico específico, considerar o paciente com febre, de início súbito, mesmo que
referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia.
Obs: em crianças com menos de 2 anos de idade considerar, na ausência de outro diagnóstico específico,
febre de início súbito, mesmo quereferida, e sintomas respiratórios: tosse, coriza e obstrução nasal.
NÃO SIM
SÍNDROME RESPIRATÓRIA
SÍNDROME GRIPAL
AGUDA GRAVE - SRAG
137
C. Pessoal, conhecer a epidemiologia das infecções de vias aéreas superiores é
muito importante para o diagnóstico certeiro em Pediatria. É certo que nossa
criança tem hiperemia de orofaringe, mas esse achado é inespecífico e tam-
bém faz parte do quadro de SG, que pode abranger coriza, tosse não produti-
va, disfonia e odinofagia. Além disso, em se falando de faringites, as etiologias
virais correspondem a 75% dos casos nas crianças menores de 3 anos, não
havendo indicação de antibioticoterapia.
D. Como vimos na alternativa anterior, o diagnóstico de faringite não é compatí-
vel com a nossa principal hipótese diagnóstica.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 56
Você atende um menino de 4 anos com história de tosse e coriza há 4 dias, que
evoluiu com diminuição da ingesta alimentar e febre há dois dias. Ao exame, a
criança estava em bom estado geral, corada, hidratada, afebril, ativa, tossindo e
com coriza. Apresentava frequência respiratória de 42 irpm, com estertores finos
em base direita à ausculta pulmonar, sem sinais de desconforto respiratório. Você
explica para a mãe sobre o diagnóstico de pneumonia, prescreve amoxicilina 50
mg/kg/dia por 7 dias e orienta retorno em 48 horas para reavaliação. No dia do
retorno, mãe contou que administrou corretamente as doses do antibiótico, mas
o filho permanece febril, queixando-se de dor, principalmente na inspiração, e
está mais indisposto. Considerando o caso, assinale a alternativa com a principal
hipótese diagnóstica e a conduta mais adequada:
Gabarito: B
138
Comentário:
Galerinha! Temos um caso de pneumonia que evoluiu com piora após início do
tratamento. Ao analisar o primeiro atendimento, percebemos que o diagnóstico
de pneumonia e o tratamento proposto foram feitos de maneira adequada. O
que será que aconteceu? Bom, bora pras alternativas!
Visão do Aprovado:
139
QUESTÃO 57
Pais trazem filho de 5 anos e 9 meses para consulta em UBS, com queixa de que, há
cerca de 6 meses, a criança frequentemente fica com as pálpebras inchadas, dolori-
das e com crostas amareladas nos cílios. Durante o atendimento foram realizadas as
medidas antropométricas, obtendo-se os seguintes dados: Altura = 116 Cm; Peso = 26
Kg; IMC = 19,32. Ao exame físico, observou-se queilite angular e queda de cabelo “em
tufos” O pai reclama que o filho “não aceita alimentos diferentes”, quase não come
carnes e vegetais, e sempre deixa de alimentar-se à mesa para comer biscoitos, que
também são a base do seu desjejum. Ao fim da consulta, o médico responsável reali-
zou orientações sobre o manejo alimentar da criança e prescreveu a suplementação
de ferro e outro micronutriente. Com base nos sinais e sintomas observados, indique
a alternativa que contempla o outro micronutriente a ser suplementado:
A. Vitamina D.
B. Vitamina A.
C. Zinco.
D. Cálcio
Gabarito: C
Comentário:
140
C. Agora sim! Temos uma clínica compatível com a deficiência de zinco, além de
uma história condizente. Os principais alimentos fontes de zinco são: Carne bo-
vina, frango, peixe, leguminosas, cereais integrais e nozes. Como sinais e sinto-
mas clínicos dessa carência nutricional temos a queilite angular, a alopécia e a
blefarite (descrita pelos pais).
D. O cálcio está presente em diversos alimentos que nosso paciente provavelmen-
te não come, como leite e derivados, carnes, verduras, feijões e frutas, contudo,
a clínica também não é indicativa dessa deficiência.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 58
Em uma UBS do interior de São Paulo, uma menina de 5 anos e 10 meses é levada
pelos pais para consulta de puericultura. Ao término da consulta, os pais questiona-
ram o médico sobre a efetividade da vacinação, já que a filha havia recebido a vacina
BCG e, diferente das outras crianças, não ficou com a “marquinha no braço”. O médi-
co explica que diferentes crianças reagem de formas diferentes e que a ausência do
sinal não era motivo de preocupação, pois a proteção está garantida mesmo sem a
cicatriz. Com base no caso apresentado acima, a conduta do médico está:
Gabarito: C
141
Comentário:
Galera, temos aqui uma questão relativamente fácil, e são nessas que não pode-
mos comer bola. Digo “relativamente fácil”, pois apesar de o tema imunizações ser
um assunto bastante batido, a ausência da “marquinha” da BCG é vista com muita
dúvida por parte da população leiga e, há alguns anos atrás, a dose de reforço era
indicada em crianças de 6 a 10 anos que não apresentaram a formação da cicatriz.
Visão do Aprovado:
Moçada, apesar de ser um assunto bastante conhecido no meio médico, a mar-
quinha da BCG é motivo de dúvidas para o público leigo e também para alguns
médicos, já que a aplicação de dose de reforço nos casos em que não se formou
a marquinha era adequada até certos anos.
QUESTÃO 59
Fernando, 7 anos, retorna para consulta médica após a realização de uma espi-
rometria que confirmou o diagnóstico de asma. Ao questionar sobre sintomas
típicos da doença, o mesmo relata que os sintomas ocorrem apenas uma vez por
semana, nas últimas 4 semanas. Nega despertares noturnos. Baseado no caso,
assinale a alternativa correta:
142
Nível de dificuldade: Difícil
Gabarito: D
Comentário:
CI + LABA
dose baixa CI + LABA CI + LABA
ou dose dose alta
moderada
Cl dose moderada outras
CI+ formoterol terapias
CI dose ou dose baixa
CI, ex.: anti-IGE
baixa manutenção
quando CI + formoterol
diária e resgate
usar dose muito baixa
SABA manutenção e
resgate
RESGATE: SABA
(ou Cl+formoterol a partir da ETAPA III)
143
B. A associação entre corticoide inalatório em baixa dose e beta-2-agonista
de curta duração, ambos apenas nas crises, é utilizado na etapa I, quando o
paciente apresenta sintomas menos do que 2 vezes no mês.
C. O esquema com corticoide inalatório em dose média diariamente, além de
beta-2-agonista de curta duração nas crises é um dos tratamentos propostos
na etapa III.
D. Exatamente a nossa resposta! Esse é o esquema preferencial para pacientes
que apresentam sintomas mais de 2 vezes no mês, porém não todos os dias e
sem despertares noturnos.
Visão do Aprovado:
Questão difícil, galera! Além de cobrar a asma em uma faixa etária mais especí-
fica (6-11 anos), a banca exigiu um conceito que às vezes passa batido: o início do
tratamento! Fiquem ligados, ok?
QUESTÃO 60
Paciente, 8 anos, em acompanhamento multidisciplinar devido diagnóstico de
fibrose cística (FC) desde os primeiros dias de vida, pelo teste do pezinho. Reali-
zou teste genético, apresentando duas mutações no gene CFTR, sendo uma de-
las a F508del. Baseado no caso clínico e nas bases do tratamento da FC, assinale
a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
144
(Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator) que funciona como um
canal de cloro transmembrana. Se comporta como uma doença autossômica re-
cessiva, ou seja, precisamos dos 2 alelos alterados para termos as manifestações
clínicas. Existe uma variabilidade clínica grande e ela depende das mutações ge-
néticas presentes. Vamos às alternativas:
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 61
Marcela, 12 anos, é levada ao pediatra pois sua mãe acredita que não está se de-
senvolvendo como suas colegas de turma. Relata que algumas já até apresenta-
ram menarca. Paciente previamente hígida, sem comorbidades. Desenvolvimen-
to neuropsicomotor adequado para a idade. Ao exame físico, estatura e peso no
percentil 25, dentro do canal familiar, estadiamento puberal M1P1. Baseado no
caso, assinale a alternativa correta:
145
C. A puberdade fisiológica do sexo feminino ocorre entre 9 e 14 anos.
D. O primeiro marco da puberdade feminina é a pubarca.
Gabarito: B
Comentário:
Temos aqui uma paciente, 12 anos, previamente hígida, que é levada ao pediatra
por queixa de “atraso no desenvolvimento”. Ao exame físico, apresenta estadia-
mento de tanner M1P1, ou seja, ainda é impúbere. Precisamos nos preocupar nes-
se momento? Ainda não! Lembrem-se que a puberdade feminina vai dos 8 aos 13
anos! Isso quer dizer que só vamos caracterizar o atraso puberal caso a paciente
não apresente caracteres sexuais secundários (como a telarca) após os 13 anos! A
nossa paciente ainda tem um ano para iniciar a puberdade!
A. Como falamos acima, a paciente ainda não preenche critérios para atraso puberal!
B. Exatamente como falamos!
C. Cuidado com a pegadinha! A puberdade fisiológica do sexo feminino ocorre
entre 8 e 13 anos. É no sexo feminino que a puberdade ocorre entre 9 e 14 anos.
D. O primeiro marco da puberdade feminina é a telarca, caracterizado pelo cres-
cimento do broto mamário (M2 de Tanner).
Visão do Aprovado:
ou ausência
Meninas 13a de menstruação
com 15 ou 16 anos
Meninos 14a
146
QUESTÃO 62
Antonella, 18 meses, é levada à primeira consulta de puericultura na UBS após
mudar-se de cidade. Durante a avaliação, o pediatra notou que a mesma anda
sem apoio e mostra o que quer, contudo fala apenas uma palavra (“mamãe”),
não nomeia objetos, não anda para trás e não consegue usar colher ou garfo.
Baseado no caso clínico e nas recomendações do Ministério da Saúde, assinale a
alternativa correta:
Gabarito: B
Comentário:
Temos uma paciente, 18 meses, que apresenta os seguintes marcos descritos: anda
sem apoio e mostra o quer. São dois marcos que devem estar presentes até os 18
meses. Porém, a mesma não nomeia objetos, não anda para trás e não conse-
gue usar colher ou garfo. Aqui tá o pulo do gato. Esses três marcos devem estar
presentes entre 15 e 18 meses! Pela Caderneta de Saúde da Criança do Ministério
da Saúde, observem os marcos em amarelo (15-18 meses):
147
MARCOS DO DESENVOLVIMENTO DOS 6 MESES A 1 ANO E MEIO
IDADE EM MESES
MARCOS COMO PESQUISAR
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Coloque-se à frente da criança e brinque de aparecer e desaparecer, atrás de um pano ou de outra
BRINCA DE
ESCONDE-ACHOU
pessoa. Observe se a criança faz movimentos para procurá-lo quando desaparece, como tentar
puxar o pano ou olhar atrás da outra pessoa.
TRANSFERE
Ofereça um objeto para que a criança segure. Observe se ela o transfere de uma mão para outra. Se
OBJETOS DE UMA
MÃO PARA OUTRA não fizer, ofereça outro objeto e observe se ela transfere o primeiro para outra mão.
DUPLICA SÍLABAS Observe se a criança fala "papa", "dadá","mama". Se não o fizer, pergunte a mãe se o faz em casa.
SENTA-SE SEM Coloque a criança numa superficie firme, ofereça-lhe um objeto para que ela segure e observe se
APOIO ela fica sentada sem o apoio das mãos para equilibrar-se.
Faça algum gesto conhecido pela criança como bater palmas ou dar tchau e observe se ela o imita.
IMITA GESTOS
Caso ela não o faça, peça a mãe para estimulá-la.
Coloque próximo à criança um objeto pequeno ou uma bolinha de papel. Chame atenção da criança
FAZ PINÇA para que ela o pegue. Observe se ao pegá-lo ela usa o movimento de pinça, com qualquer parte do
polegar associado ao indicador.
PRODUZ Observe se a criança produz uma conversação incompreensível consigo mesma, com você ou com a
"JARGÃO"
148
mãe (jargão). Caso não seja possível observar, pergunte se ela o faz em casa.
ANDA COM APOIO Observe se a criaça consegue dar alguns passos com apoio.
MOSTRA O QUE A criança indica o que quer sem que seja por meio do choro, podendo ser através de palavras ou
QUER sons, apontando ou estendendo a mão para alcançar. Considerar a informação do acompanhante.
Coloque três blocos e a caneca sobre a mesa, em frente à criança. Estimule-a a colocar os blocos
COLOCA BLOCOS
NA CANECA
dentro da caneca, através de demonstração e fala. Observe se a criança consegue colocar pelo
menos um bloco dentro da caneca e soltá-lo.
Observe se durante o atendimento a criança diz pelo menos uma palavra que não seja nome de
DIZ UMA PALAVRA
membros da família ou de animais de estimação. Considere à informação do acompanhante.
ANDA SEM APOIO Observe se a criança já anda bem, com bom equilibrio, sem se apoiar
USA COLHER OU A criança usa colher ou garfo, derramando pouco fora da boca. Considere a informação do
GARFO acompanhante.
CONSTRÓI TORRE
DE 2 CUBOS
Observe se a criança consegue colocar um cubo sobre o outro sem que ele caia ao retirar sua mão.
Observe se durante o atendimento a criança diz três palavras que não sejam nome de membros da
FALA 3 PALAVRAS
família ou de animais de estimação. Considere a informação do acompanhante.
ANDA PARA TRÁS Peça à criança para abrir uma porta ou gaveta e observe se ela dá dois passos para trás sem cair.
Ou seja, nossa paciente não apresenta alguns marcos da sua própria idade. E o
que fazemos com essa informação? Vejam a tabela abaixo:
DADOS DA IMPRESSÃO
CONDUTA
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
PC z-escore <- 2 ou
z-escore > +2, ou presença
de 3 ou mais alterações Provável atraso de Referir para avaliação
fenotípicas, ou ausência desenvolvimento neuropsicomotora
de 2 ou mais marcos para
faixa etária anterior
Elogiar mãe/cuidador
Orientar a mãe/cuidador para que
continue estimulando a criança
Todos os marcos para faixa Desenvolvimento
etária estão presentes adequado Retornar para acompanhamento
conforme rotina do serviço de saúde
Informar a mãe/cuidador
sobre os sinais de alerta
Notem que a ausência de 1 ou mais marcos para a sua faixa etária configura aler-
ta para o desenvolvimento! Vamos orientar a mãe sobre a estimulação e reavaliar
em 30 dias.
149
Visão do Aprovado:
Eu sei, é uma questão chata e decoreba! Mas infelizmente é tema de prova! Va-
mos revisar os principais marcos do desenvolvimento:
MARCOS DO DESENVOLVIMENTO
• Observa um rosto
• Segue objetos ultrapassando a linha média
2 MESES • Reage ao som
• Vocaliza (emite sons diferentes do choro)
• Eleva a cabeça e ombros na cama na posição prona
• Primeiras palavras
15 MESES • Primeiros passos
• É ativa e curiosa
• Anda
• Rabisca
18 MESES • Obedece ordens
• Nomeia objetos
• Sobe escadas
• Corre
24 MESES • Formula frases simples ("Dá agua", "Quer papar")
• Retira uma vestimenta
• Tenta impor sua vontade
150
QUESTÃO 63
Lactente, 7 meses, é encaminhado ao hospital terciário devido anemia grave. Mãe
relata que faz acompanhamento com hematologista devido alteração no teste
do pezinho, porém não sabe especificar exatamente. Nega internações prévias
ou sintomatologia semelhante.
Gabarito: B
Comentário:
Manifesta-se por anemia grave (Hb 3-5 g/dL), podendo levar à insuficiência car-
díaca de alto débito (a taquicardia é explicada por isso), além de hepatoespleno-
megalia pela eritropoiese extramedular e deformidades ósseas pela hipertrofia
de medula óssea secundária à eritropoiese ineficaz (gerando proeminência dos
maxilares, aumento da arcada superior com separação dos dentes e bossa fron-
tal - fácies talassêmica ou fácies de esquilo).
151
A. Mesmo que tenhamos uma anemia ferropriva grave, não esperamos a
presença de RDW normal (na ferropriva o RDW é aumentado) e muito menos
de sinais de hemólise, como aumento de bilirrubinas e LDH.
B. Na beta-talassemia Major, também conhecida como anemia de Cooley, os
sintomas ficam mais evidentes após os seis meses de vida, conforme os níveis
de hemoglobina fetal começam a declinar.
C. Na beta Major, não esperamos encontrar a HbA (composta por duas cadeias
alfa e duas betas), já que não teremos (ou muito pouco) a cadeia beta. Por isso,
sobressaem as hemoglobinas formadas por outras cadeias, como a HbA2 (alfa
2 | delta 2) e a HbF (alfa 2 | gama 2).
D. O único tratamento curativo para a betatalassemia é o transplante de medula
óssea alogênico!
Visão do Aprovado:
Questão bem difícil, heim? Além de cobrar o diagnóstico, a banca questiona con-
ceitos mais específicos da doença. Lembrem-se dessa anemia que começa a se
manifestar a partir dos 6 meses de vida, principalmente com quadros graves!
QUESTÃO 64
Lactente, 20 dias de vida, é encaminhado ao hospital terciário para avaliação de ic-
terícia. A mãe relata que notou tal alteração há 4 dias. Nega qualquer outro sintoma.
Nascido a termo, adequado para a idade gestacional. Gestação sem intercorrências.
Sorologias maternas negativas. Alta da maternidade com 48 horas de vida. Atual-
mente em aleitamento materno exclusivo. Ao exame físico, paciente em bom esta-
do geral, com ganho de 38 gramas/dia, com icterícia até a zona II de Krammer. Cole-
tado exames laboratoriais que evidenciaram aumento da bilirrubina indireta, porém
sem nível de fototerapia. Baseado no caso clínico, assinale a alternativa correta:
Gabarito: A
152
Comentário:
A icterícia por leite materno tem início geralmente após a primeira semana de
vida, e atinge o seu pico após 2 semanas (exatamente o momento em que nosso
paciente se encontra), quando começa a cair lentamente, desaparecendo entre
3 e 12 semanas após o nascimento. Ocorre em bebês saudáveis, com bom ganho
de peso, em aleitamento materno exclusivo. Assim, é um diagnóstico de exclu-
são. O aumento de bilirrubina deve-se exclusivamente à fração indireta e prova-
velmente é decorrente de algum fator presente no leite materno. O tratamento
para esse tipo de icterícia é controverso. Algumas fontes recomendam a descon-
tinuidade do aleitamento por 48-72 horas, com o seu retorno logo após. Outras
fontes, ao contrário, não recomendam esse tipo de conduta, uma vez que tal me-
dida pode prejudicar o aleitamento materno. Apesar da divergência de opiniões,
recomenda-se atualmente a manutenção do aleitamento materno com controle
e observação da evolução da icterícia.
Visão do Aprovado:
Galerinha, questão bacana para revisarmos as diferenças entre esses dois tipos
de icterícia:
153
INÍCIO EVOLUÇÃO CAUSA TRATAMENTO
Controverso;
"TARDIA"
Pico em Incerta. suspensão do
ICTERÍCIA após a
2 semanas, Fatores associados aleitamento
DO LEITE primeira
resolução em à composição do por 48-72h ou
MATERNO semana
3-12 semanas leite materno acompanhamento
de vida
da evolução.
QUESTÃO 65
RN, 6 horas de vida, nascido a termo de parto cesárea por sofrimento fetal agudo, é
avaliado pelo pediatra pelo risco de sífilis congênita. Mãe, 18 anos, pré-natal incom-
pleto, apresentou teste rápido positivo para sífilis na admissão do centro obstétrico.
Realizado VDRL pareado do binômio: mãe 1:64 e RN 1:64. Exame físico do RN sem
alterações. Hemograma com leucopenia. RX de ossos longos normais. Realizada co-
leta de líquor com o seguinte resultado: leucocitos 54 células/mm3, proteínas 200
mg/dL, VDRL em processamento. Baseado no caso, assinale a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
Temos um RN, filho de mãe com pré-natal incompleto, com VDRL - no momento
do parto - de 1:64. Está claro que devemos considerar esse paciente como filho de
mãe inadequadamente tratada, certo? Seguindo o fluxograma de crianças nas-
cidas de mãe com sífilis, do Ministério da Saúde, devemos realizar um teste não
treponêmico (TNT) no binômio, ao mesmo tempo. Além disso, nesse caso, está
indicado a avaliação do RN, tanto exame físico, quanto hemograma, glicemia, RX
de ossos longos e líquor.
154
Realizar teste rápido de sifills em toda gestante que chega à
maternidade, bem como nas mulheres em abortamento
SIM NÃO
O exame físico da
criança é normal?
SIM NÃO
Criança Realizar Notificar para sifilis Criança com Criança com Aplicar
exposta à avaliação congênita sifilis congénita sifilis congenita benzilpenicilina
sifilis em STORCH Para definição SEM neurosifilis COM benzatina,
necessidade do tratamento, Tratar com neurossifilis 50.000 U/kg.
de tratamento seguir no benzilpenicilina Tratar com dose única,
imediato fluxograma como cristalina OU benzilpenicilina intramuscular
criança nascida benzilpenicilina cristalina, por
de mãe não procaina, por 10 dias
adequadamente 10 dias
tratada
155
Nesse paciente, o exame físico é normal, porém, o hemograma demonstra leuco-
penia e a análise do líquor demonstrada no enunciado:
• Leucócitos 54 células/mm3
• Proteínas 200 mg/dL
• VDRL em processamento
9 ± 8 céls/mm³ 8 ± 7 céls/mm³
Leucocitos (LVN: 0-29 (LVN: 0-32 > 25 céls/mm³ > 5 céls/mm³
céls/mm³) céls/mm³)
Visão do Aprovado:
156
QUESTÃO 66
Rafael, 7 meses, é encaminhado ao hospital terciário para avaliação de crises con-
vulsivas inéditas. Sua mãe relata surgimento, há 1 mês, de movimentos súbitos tipo
espasmo, seguidos por contração tônica que envolvem tronco e o pescoço, além de
abdução dos braços, com duração de segundos. Relata ainda que tais crises ocorrem
predominantemente quando o paciente está na fase inicial do sono ou ao despertar.
Além disso, relata que notou que o mesmo não está conseguindo mais sentar sem
apoio, o que o fazia até os 6 meses de vida. Na admissão, confirmou-se as caracte-
rísticas da crise relatadas pela mãe. Baseado no caso, assinale a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
157
Síndrome de West
Fonte: Tratado de Pediatria
Claramente, você não precisa saber reconhecer o padrão no EEG! Mas é impor-
tante saber que esse padrão é típico da síndrome de West.
B. Nosso paciente está fora de crise no momento, não sendo indicado nenhuma
terapia abortiva de urgência. Ele deve ser avaliado por um neurologista infantil
para que o tratamento específico para a síndrome seja efetuado. O tratamento
consiste em ACTH, vigabatrina ou corticosteroide.
C. Como falamos, a regressão ou parada do desenvolvimento motor é uma das
características da síndrome.
D. Na maior parte dos casos, a etiologia é conhecida, com causas estruturais
(adquiridas ou congênitas), infecciosas, metabólicas, imunológicas e anomalias
genéticas. Em aproximadamente 35% dos casos a etiologia é desconhecida.
Na maior parte dos casos, a etiologia da síndrome é desconhecida.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 67
Micael, 6 meses, é encaminhado ao hospital terciário para investigação de edema
a esclarecer. Mãe relata surgimento de edema bipalpebral e de membros inferio-
158
res há 4 dias. Ao exame físico, confirmou-se as alterações. Pressão arterial dentro
da normalidade. Na avaliação laboratorial, tem-se aumento de LDL e proteinúria
maciça. Baseado no caso e na principal hipótese, assinale a alternativa correta:
Gabarito: D
Comentário:
159
Além desses, crianças que não apresentem melhora clínica ou laboratorial após
8 semanas também são candidatos à biópsia renal. Percebam, no entanto, que
crianças com menos de 1 ano devem sim serem biopsiadas pela apresentação
precoce! Ou seja, não precisamos aguardar 8 semanas aqui para indicá-la!
Visão do Aprovado:
Tenho certeza que vocês sabiam que estávamos lidando com uma síndrome ne-
frótica, né? A banca cobrou, nesse tema, as indicações de biópsia, tema frequen-
temente abordado. Revisem os critérios acima!
QUESTÃO 68
Durante uma primeira consulta de puericultura de uma criança de 8 anos, assin-
tomática, o pediatra constata as seguintes alterações ao exame físico: IMC entre
os percentis 97 e 99,9, estatura no percentil 75, leve escurecimento em região
cervical e pressão arterial entre os percentis 95 e 95+12. História familiar: Mãe, 38
anos, com sobrepeso. Pai, 42 anos, obeso e hipertenso. Baseado no caso clínico,
assinale a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
160
precisamos utilizar tabelas específicas contendo os valores de PA conforme a ida-
de, sexo e percentil de altura. Vamos revisá-la:
Normotensão: Normotensão:
PA < P90 para sexo, idade e altura PA < 120/< 80 mmHg
Hipertensão estágio 1:
PA ≥ P95 para sexo, idade e altura até Hipertensão estágio 1:
< P95 + 12 mmHg ou PA entre 130/80 PA 130/80 ou até 139/89
ou até 139/89 (o que for menor)
Hipertensão estágio 2:
Hipertensão estágio 2:
PA≥ P95+ 12 mmHg para sexo, idade ou
PA ≥ entre 140/90
altura ou PA≥ entre 140/90 (o que for menor)
Fonte: Bresolin NL et al: Hipertensão Arterial na Infância e Adolescência (Manual de Orientação - SBP, 2019
Além disso, a banca forneceu a informação de que o paciente possui história fa-
miliar “rica”, com obesidade e hipertensão arterial.
Vamos analisar cada uma das alternativas:
161
• HAS em paciente com Doença Renal Crônica
• Hipertensão sintomática;
• HAS estágio 2 sem fator modificável identificado;
• HAS em paciente com DM 1 ou 2.
Visão do Aprovado:
Hipertensão arterial em pediatria tem sido cada vez mais abordada nas provas.
Lembrando que para classificar adequadamente precisamos avaliar de acordo
com o sexo, idade e altura. Fechado?
QUESTÃO 69
Leonardo, 14 anos, é avaliado pelo pediatra por queixa de atraso puberal. Sua mãe
relata que não está se desenvolvendo como o primo, da mesma idade. Além dis-
so, mãe refere que paciente está com “problemas no olfato”. Desenvolvimento
neuropsicomotor adequado e com bom desenvolvimento escolar. Ao exame fí-
sico, paciente com estatura no percentil 50, micropênis e estadiamento puberal
G1P1. Baseado no caso clínico, assinale a alternativa correta:
162
Gabarito: A
Comentário:
Visão do Aprovado:
163
Ausência de aumento testicular ≥ 4mL
em meninos aos 14 anos ou
ausência de telarca aos 13 anos
Elevados Baixos
Cariótipo
Normal: Padrão de
47,XXY 45,XO 46,XY ou Crescimento
46,XX
Falência
Sindrome de Sindrome
Gonadal
Klinefelter de Turner
Primária
Olfato
Ausência de
Panhipopituitarismo
Bulbo Olfatório
164
QUESTÃO 70
Enzo, 8 meses, é admitido no PS, levado pelo SAMU, por apresentar há 15 minutos
cianose e alteração do nível de consciência. O pai relata que, subitamente, o pa-
ciente apresentou cianose, apneia, hipotonia e alteração do nível de consciência,
com duração curta (menos de 30 segundos), com melhora completa após. Admi-
tido em bom estado geral, ativo e reativo, no padrão habitual de comportamento.
Sinais vitais normais. AP: Nascido a termo, previamente hígido. Baseado no caso
e na principal hipótese diagnóstica, assinale a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
165
A-Diagnóstico do BRUE
B-Classificação do BRUE
• História e exame físico sem achados preocupantes • Orientações sobre sinais de alarme e recorrência
166
A. É exatamente a ausência de motivos aparentes que nos ajuda a caracterizar o
BRUE! Os critérios de alto risco estão descritos na imagem acima!
B. Essa seria a conduta frente a um evento de alto risco, o que não é nosso caso!
C. Sim! Em casos de BRUE de baixo risco, podemos apenas orientar os pais sobre
sinais de alarme e recorrência e solicitar retorno em 24 horas.
D. Lembrem-se que a coqueluche pode se manifestar com apneia, principalmente
em lactentes! Por isso, é um possível diagnóstico diferencial! Nos casos de
BRUE de alto risco, indica-se a realização do teste rápido para B. pertussis.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 71
Leonardo, 6 anos, é encaminhado ao hospital terciário devido náuseas, vômitos e
dor abdominal há 2 dias. A mãe refere também perda de peso não intencional de
14 kg no último mês. Paciente, previamente hígido, é admitido em regular estado
geral, FC 128 bpm, PA 80 x 52 mmHg, FR 40 irpm, SatO2 100% com máscara não
reinalante, desidratado 2+, ausculta respiratória dentro da normalidade. Durante
a avaliação inicial, o paciente apresentou diurese espontânea em grande quanti-
dade. Coletado exames laboratoriais, porém ainda em processamento. Baseado
no caso clínico e na principal hipótese diagnóstica, assinale a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
167
Muito provavelmente nosso paciente está abrindo diabetes mellitus com uma CAD!
A partir dessa hipótese diagnóstica, vamos analisar cada uma das alternativas:
Visão do Aprovado:
Galera, criança com perda de peso, poliúria, polidipsia e enurese noturna deve ser
investigada para diabetes e - principalmente - cetoacidose diabética.
QUESTÃO 72
Durante a avaliação de um RN, 24 horas de vida, nascido a termo, PIG, internado
no alojamento conjunto de uma maternidade, você - pediatra - nota as seguintes
alterações ao exame físico: microcefalia, petéquias disseminadas pelo corpo he-
patoesplenomegalia e baixo peso para a idade gestacional. Na avaliação ultras-
sonográfica de crânio, foi possível visualizar calcificações periventriculares. Base-
ado no caso clínico e na principal hipótese
diagnóstica, assinale a alternativa correta:
168
Nível de dificuldade: Moderada
Gabarito: B
Comentário:
Visão do Aprovado:
169
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Questão 73
Paciente de 18 anos de idade procura o ginecologista com queixa de nunca ter
menstruado. O médico, recém formado e muito sábio, faz uma anamnese com-
pleta e ao realizar o exame físico observa as imagens abaixo:
Gabarito: A
Comentário:
170
causa é ovariana (o sistema central hipotálamo/hipófise estão tentando estimu-
lar o ovário, mas não há produção hormonal, isso gera um feedback positivo que
faz com que a hipófise produza mais FSH).
Sabendo disso, vamos tentar definir o diagnóstico etiológico: qual patologia pode
causar amenorréia primária + ausência de caracteres sexuais secundários + hipo-
gonadismo-hipergonadotrófico?
A. Correta. Síndrome Swyer ou disgenesia gonadal pura o cariótipo é XY, a genitália in-
terna e externa serão femininas sem alterações, porém temos ausência de telarca,
justamente como descrito no caso, e, obviamente ausência de gônadas (ovários).
B. Incorreta. Na síndrome de insensibilidade aos androgénios, temos uma pa-
ciente com amenorréia primária com genitália externa feminina e interna
masculina, que tem desenvolvimento de caracteres sexuais secundários (prin-
cipalmente mamário), cariótipo XY e com ausência de pelos.
C. Incorreta. Agenesia mulleriana, ou Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser
é uma anomalia congênita do aparelho reprodutor feminino caracterizada por
uma falha no desenvolvimento e migração dos ductos de Müller (que são respon-
sáveis pela formação das tubas uterinas, útero e dois terços superiores). Paciente
portadoras dessa síndrome são 46, XX e possui desenvolvimento normal do eixo
hipotálamo-hipófise-gonadal. A genitália externa é feminina com vagina curta.
D. Incorreta. Na síndrome dos ovários policísticos temos queixa de irregularidade
menstrual desde a menarca, associado a sinais clínicos de hiperandrogenis-
mo (acne, hirsutismo, alopécia androgênica).
Visão do Aprovado:
Questão 74
Mulher de 65 anos de idade relata dor em região pélvica e episódios de sangra-
mento vaginal em pequena quantidade há 6 meses. É nuligesta e refere ter feito
miomectomia aos 40 anos de idade. Traz exame ultrassonográfico do ano ante-
rior mostrando útero discretamente aumentado com nódulo hipoecóico intra-
mural de 4,6 cm e ovários normais.
171
O exame abdominal mostra massa endurecida e pouco móvel que atinge 4 cm
acima da pube. No toque vaginal, ao se mobilizar a massa, o colo uterino também
se move. Não foi possível identificar os anexos. A ultrassonografia mostra volu-
moso tumor pélvico hipoecóico com 20 cm sem plano de clivagem com o útero.
Eco endometrial 4 mm. Ovários não identificados.
A. Sarcoma uterino.
B. Leiomioma com degeneração cística.
C. Adenomiose.
D. Adenocarcinoma endometrial.
Gabarito: A
Comentário:
172
Contudo, ao exame físico, temos um útero aumentado de volume. O exame ultras-
sonográfico evidencia volumosa massa pélvica, sem plano de clivagem com o útero.
Vale ressaltar que o ultrassom, realizado há 1 ano, evidenciava apenas um útero dis-
cretamente aumentado, com nódulo hipoecóico intramural de 4 cm (provavelmen-
te um mioma intramural, que não explica o sangramento) e ovários normais. Assim,
entendemos que essa paciente apresenta uma formação pélvica expansiva de cres-
cimento rápido, e não há sinal de alteração anexial. Qual a nossa principal hipótese
diagnóstica neste momento? Estamos diante de um provável sarcoma uterino.
Visão do Aprovado:
Questão 75
Paciente de 75 anos comparece à consulta ginecológica com queixa de perda de
urina há cerca de 1 ano. Ao ser questionada, refere polaciúria, noctúria (levanta
cerca de 5x por noite para urinar), sensação de esvaziamento incompleto após
micção e desejo incontrolável de urinar, referindo que “quando a vontade vem,
não consegue segurar o xixi”. Nega perda de urina ao tossir ou espirrar. Em ante-
cedentes pessoais, refere diabetes, hipertensão e pressão alta ocular. Nos ante-
cedentes obstétricos: 6G5P1Ab, menopausa aos 51 anos, sem particularidades. Ao
exame físico, não foram evidenciados prolapsos significativos e não houve perda
de urina à manobra de Valsalva. IMC de 33 kg/m². Considerando a principal hipó-
tese diagnóstica, qual é o tratamento mais indicado para essa paciente?
A. Cirúrgico
B. Anticolinérgico
C. Antibioticoterapia
173
D. Agonista beta-3 adrenérgico
Gabarito: D
Comentário:
Temos uma paciente idosa, obesa e multípara (todos fatores de risco para incon-
tinência urinária) com queixa de perda de urina caracterizado como síndrome de
urgência (noctúria, polaciúria, urgência miccional), sem perda aos esforços. Esta-
mos, provavelmente, diante de um diagnóstico de bexiga hiperativa!
Visão do Aprovado:
Questão 76
Paciente de 55 anos, G3P2A1, com menopausa aos 48 anos, vem em consulta
ginecológica de rotina referindo sensação de calor intenso, episódico, especial-
174
mente à noite, com duração de no máximo 2 minutos por episódio. Refere não
ter comorbidades ou antecedentes pessoais, não faz prática de atividades físicas
regularmente e tem mãe com antecedente de fratura de quadril. Nega altera-
ções urinárias, intestinais ou sexuais. Últimos exames de rastreamento normais,
em seguimento apenas e exame físico sem alterações dignas de nota. Sobre o
quadro clínico acima, considere as alternativas como verdadeiras ou falsas:
A. V-V-F-V-V
B. V-F-V-V-F
C. F-V-F-V-V
D. F-V-F-V-F
Gabarito: D
Comentário:
175
definida e antecedente pessoal de neoplasias hormonio-dependentes, assim
como o meningioma.
II. VERDADEIRO. Na profilaxia para a saúde óssea na menopausa, as
recomendações de atividade física são, no mínimo, caminhadas, sem
necessidade de alto impacto; e dieta rica em derivados do leite, muitas vezes
com reposição via oral de cálcio complementar. Vale lembrar de cessar
tabagismo, nos casos das fumantes, para melhora da saúde óssea.
III. FALSO. Nossa paciente apresenta alguns fatores de risco para osteoporose
apesar da idade jovem e menopausa recente:
Visão do Aprovado:
Bom, é isso pessoal. Questão bacana para relembrar contraindicações de TH, fa-
tores de risco para osteoporose e também as possíveis vias disponíveis para TH
considerando caso a caso. Com o envelhecimento da população, a menopausa
176
passa a ser cada vez mais presente na rotina do ginecologista, assim como suas
complicações e seu manejo! Tema quente para as provas.
Questão 77
Mulher, 32 anos, vem a consulta ginecológica com queixa de corrimento vagi-
nal abundante há aproximadamente 1 mês. Ao exame físico geral temos: BEG,
corada e hidratada, normocárdica e normotensa, IMC 38, abdome inocente. Ao
exame ginecológico percebemos: secreção branco-acinzentado em pequena
quantidade; pH = 4,5; teste das aminas positivo e ausência de hiperemia de pare-
des vaginais. Toque vaginal com útero em AVF, intrapélvico, indolor a palpação e
mobilização do colo, com anexos não palpados. Bacterioscopia vaginal:
Gabarito: C
177
Comentário:
Nesta questão temos uma paciente de 32 anos, portanto na menacme, com quei-
xa de corrimento branco-acinzentado, em pequena quantidade. Sempre quando
estamos diante de uma queixa de corrimento vaginal precisamos lembrar das 3
principais causas de corrimento na mulher, além do corrimento fisiológico, é cla-
ro: vaginose bacteriana, candidíase e tricomoníase.
Agora ficou claro que estamos diante de uma vaginose bacteriana (VB), certo? E
sempre quando pensamos em vaginose bacteriana precisamos lembrar do fa-
moso Critério de Amsel (dos quais três dos quatro critérios precisam estar pre-
sentes para diagnóstico de VB):
• Corrimento vaginal homogêneo;
• pH >4,5;
• Presença de clue cells no exame de lâmina a fresco;
• Teste de Whiff positivo (odor fétido das aminas com adição de hidróxido de
potássio a 10%).
Analisando as alternativas:
178
Visão do Aprovado:
Questão muito bem elaborada sobre vaginose bacteriana, em que o candidato pre-
cisava primeiro dar o diagnóstico por meio das características do corrimento, além
de lembrar qual a microscopia relacionada a vaginose bacteriana. Foca nos estudos!
Questão 78
Adolescente de 14 anos é levada à emergência imediatamente após ter sido víti-
ma de violência sexual com penetração sem uso de preservativo. Paciente refere
que houve agressão seguida de coito vaginal sem o consentimento. Nega doen-
ças prévias ou uso de medicações contínuas. Ao exame percebemos orifício ge-
nital externo sem escoriações, sem sinais de sangramento e/ou corrimento. No
atendimento a essa paciente, a conduta recomendada é:
Gabarito: A
Comentário:
179
Informar a vítima que o Boletim de Ocorrência e a realização de exame pericial de
Corpo de Delito e Conjunção Carnal é um direito, mas não é uma obrigatoriedade.
Visão do Aprovado:
180
Questão 79
Sobre a figura abaixo, é CORRETO afirmar:
Gabarito: B
Comentário:
Gente, o DIU de Cobre se destaca por ser um método contraceptivo de fácil aces-
so, poucas contraindicações, ação local e ausência de hormônios. Além disso, ele
é o contraceptivo com maior durabilidade, de até 10 anos. O mecanismo de ação
do DIU de Cobre se baseia na ação de corpo estranho que ele exerce na cavidade
uterina. O Cobre estimula uma resposta inflamatória local com liberação de cito-
cinas e prostaglandinas no endométrio, resultando em ação tóxica nos gametas
femininos e masculinos.
A. Incorreta. Fator de risco para ISTs é uma contraindicação relativa para o DIU de
cobre, porém pode ser usado como exceção (categoria 3), se não houver outro
181
anticoncepcional mais adequado disponível para a paciente.
B. Correta. Pacientes que nunca engravidaram, ou seja, nuligestas, e que nunca
tiveram um parto, ou seja, nulíparas, também são boas candidatas ao uso do
DIU de cobre.
C. Incorreta. O DIU de cobre pode ser inserido em qualquer fase do ciclo mens-
trual, desde que não haja gestação. Segundo a OMS, devemos ter uma certeza
razoável da ausência de gestação, o que pode ser observado, por exemplo, por
abstinência desde a DUM ou uso atual de método contraceptivo eficaz. Duran-
te a menstruação, a inserção pode ser mais fácil, pois o colo do útero encontra-
-se entreaberto, mas o DU também pode ser inserido em outras fases do ciclo.
D. Incorreta. O DIU de cobre age como um corpo estranho no endométrio, po-
rém ele não é um método anovulatório. Inclusive, a paciente continua com as
variações hormonais fisiológicas do ciclo menstrual.
Visão do Aprovado:
Questão 80
Mulher de 25 anos comparece ao consultório com queixa de dor e hiperemia
de mama direita há cerca de 3 semanas. Nega amamentação, nega trauma lo-
cal, nega prótese mamária. Sem sintomas constitucionais. Refere ter procurado
atendimento de PS há duas semanas, tendo feito uso de cefalexina, sem melhora
do quadro. Nega manipulação das mamas. Ao exame físico, apresenta mama
direita hiperemiada globalmente, sem formação de nódulos palpáveis, sem cole-
ções, e linfonodos endurecidos na axila direita.
Fonte: msdmanuals.com
182
A. Ampliar espectro de ATBterapia para clindamicina via oral e reavaliação em
48 horas.
B. Dosagem de prolactina sérica, orientar compressão das mamas.
C. Mamografia
D. Biópsia punch de pele.
Gabarito: D
Comentário:
Pessoal, temos aqui o caso de uma moça jovem com quadro do que parecia ser
uma mastite à direita, com falha de tratamento. A paciente não está amamen-
tando, não traz fatores de risco para mastite, mas tudo bem, podemos ter mastite
mesmo em pacientes não lactantes. A questão aqui é se atentar para um quadro
de falha de tratamento clínico, o que não é comum, e deve sempre alertar para a
possibilidade de neoplasia de mama.
Visão do Aprovado:
O pulo do gato da questão era entender que o quadro clínico estava estranho
demais para ser uma mastite. Vale sempre se atentar para a possibilidade de
neoplasia de mama, especialmente em pacientes que não respondem ao trata-
mento ou tem exame clínico altamente suspeito.
183
Questão 81
Paciente de 60 anos de idade, sem comorbidades, internada por quadro de trom-
boembolismo pulmonar bilateral extenso, apresentando sangramento vaginal
pós-menopausa. À avaliação ginecológica, paciente sem queixas além do san-
gramento vaginal em pequena quantidade que vinha recorrente há cerca de 6
meses. Referiu estar sem seguimento ginecológico há cerca de 2 anos. Ao exa-
me físico: abdome flácido, globoso, indolor, com massa móvel extensa palpável
ocupando todos os quadrantes. Especular: colo sem lesões, sangramento ativo
em mínima quantidade, vermelho vivo. Toque vaginal: colo móvel, indolor e fi-
broelástico, presença de abaulamento em fundo de saco e em regiões anexiais
bilateralmente, sendo palpada massa ocupando até a região epigástrica.
Exames complementares:
USGTV e pélvico: útero em AVF, contornos regulares, volume de 460cm³; Eco en-
dometrial de 0,9 cm; Ovários não caracterizados; Presença de volumosa massa
heterogênea predominantemente sólida, com áreas císticas e septos de permeio,
com vascularização ao doppler, que se estende desde região anexial direita até
epigástrio, com tamanho estimado de aproximadamente 24 x 18 x 12 cm.
Laboratório: Hb 10,4 mg/dL | Ht 32% | Leuco 7400 | Plaquetas 104.000 | Estradiol
810 | FSH <0,6 | Inibina B 11.250 pg/mL (VR pós menopausa <10).
RM de abdome conforme imagem abaixo:
Fonte: https://brad.org.br/pt/Cases/CaseDetails/183#
184
A. Teratoma
B. Cisto funcional
C. Tumor da granulosa
D. Câncer de endométrio
Gabarito: C
Comentário:
185
Visão do Aprovado:
Essa questão é uma questão difícil e rica em detalhes para lembrar vocês de duas
coisas: primeiramente, não pode deixar de estudar tumor de ovário porque “vira-
-e-mexe” eles aparecem nas provas e, em segundo lugar, mesmo que não tivesse
conhecimento de tumor ovariano, poderíamos chegar ao diagnóstico de tumor
da granulosa pelas alterações hormonais DESDE QUE a aula de ciclo menstrual
esteja na ponta da língua - e tem que estar! Combinado?
Questão 82
Mulher de 25 anos, 2G2P, comparece em consulta para anticoncepção. Refere
ter apresentado trombose venosa profunda quando fez uso de anticoncepcional
combinado há três anos. Refere não se adaptar à camisinha. Não tem morbidades
conhecidas, não tem alergias. Nega uso de medicações. O ciclo menstrual é inten-
so, com 7 dias de duração e os ciclos acontecem a cada 28 dias. Casada há 3 anos,
sem histórico de ISTs. Ao exame clínico, a paciente não apresenta anormalidades.
Sobre o caso clínico, assinale a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
186
luta a estrogênio, com ou sem pesquisa de trombofilia.
B. Incorreta. O aumento de risco de trombose com uso subcutâneo de estrogênio
é alto como por via oral, e por isso injetáveis mensais com estrogênio e
progesterona são categoria 4 em pacientes com antecedente de trombose.
C. Correta. Ambos são categoria 2 em pacientes com histórico de TEP/TVP
D. Incorreta. Progestágenos isolados são categoria 3 (ou seja, não totalmente
seguros como aponta a questão) em pacientes com evento trombótico agudo
sem anticoagulação.
Visão do Aprovado: Guarde essa tabelinha para responder questões sobre anti-
concepção e trombose, que sempre podem cair nas provas.
ANTECEDENTE 4 4 2 2 2 2 1
DE TVP
TVP/TEP 4 4 3 3 3 3 1
ATUAL
TVP/TEP 4 4 2 2 2 2 1
ATUAL COM
ANTICOAGULANTE
Questão 83
Paciente de 51 anos procura atendimento por quadro de prurido vulvar há 5 anos.
Refere piora importante a noite. Tem diabetes mellitus insulino-dependente con-
trolado, menopausada há 4 anos. 4G4Pn. Ao exame ginecológico, apresenta atro-
fia, tecido esbranquiçado sobre os grandes lábios, com clitóris de difícil avaliação.
Sem alterações relevantes ao exame especular e toque vaginal, além da atrofia.
Assinale a alternativa correta
Fonte: Febrasgo
187
A. O exame físico é compatível com psoríase, sendo preconizado tratamento
com corticóides tópicos de média potência.
B. Trata-se de quadro de candidíase vulvar, visto paciente com fator de risco que
é o diabetes, devendo-se prescrever miconazol via tópica.
C. A hipótese é de líquen simples crônico, sendo fundamental o tratamento com
antihistamínicos, para diminuir o ciclo de coçadura, que perpetua o processo
de prurido e atrofia.
D. Trata-se de caso de líquen escleroso, sendo preconizado tratamento com
corticóides de alta potência.
Gabarito: D
Comentário:
Visão do Aprovado:
Questão 84
Paciente de 16 anos dá entrada na emergência com queixa de dor em hipogás-
trio, dor em fossa ilíaca direita e febre não aferida. Nega atraso menstrual. Pre-
viamente hígida, nega alergias. Vida sexual ativa, não faz uso de preservativo. Ao
188
exame: abdome levemente doloroso, sem peritonismo, DB negativo. Leucorréia
sem odor ao exame especular. Dor à mobilização do colo, dor à palpação de ane-
xos e massa palpável em região anexial direita, não palpável via toque vaginal.
Ultrassonografia realizada demonstra imagem abaixo, medindo 3,2 x 2,6 cm.
A melhor conduta para o caso é:
Fonte: Radiopedia
Gabarito: B
Comentário:
Temos aqui uma paciente com quadro típico de MIPA, com história de dor a mo-
bilização do colo e dor à mobilização anexial. A imagem ultrassonográfica mos-
tra uma imagem compatível com abscesso tubo-ovariano - margens irregulares,
com septos e debris. A conduta nesse caso é sempre antibioticoterapia paren-
teral. No caso da paciente, não apresenta sinais ou sintomas de peritonismo, ou
seja, não há indicação cirúrgica nesse momento.
189
C. Incorreta. A paciente não tem indicação cirúrgica e a via aberta não é a
preferencial nesse caso. Em caso de falha de tratamento parenteral, podemos
proceder drenagem percutânea de abscesso.
D. Incorreta. A imagem é de abscesso, não haveria indicação de ooforectomia,
ainda mais considerando ser a paciente jovem. Nessas pacientes, sempre
tentamos ooforoplastia com retirada da cápsula do abscesso.
Visão do Aprovado:
Questão 85
Paciente, secundigesta, de 29 anos de idade, inicia o pré-natal com 11 semanas
de gestação. Nega comorbidades prévias a gestação. Está em uso atualmente
de ácido fólico 5mg/dia. Retorna hoje para a segunda consulta com os seguintes
resultados de exames descrito no cartão de pré-natal:
O negativo/
TS/CI TOXOPLASMOSE IgM- / IgG -
negativo
A. Diabetes prévio à gestação porém não conhecido (overt diabetes), sendo indi-
cada curva de tolerância à glicose nesse momento.
190
B. Glicemia adequada para gestação inicial, devendo-se realizar curva glicêmica
após a 28ª semana.
C. Diabetes melito pré-gestacional, indicando-se medidas terapêuticas imedia-
tamente.
D. Diabetes melito gestacional, dispensando a realização de curva glicêmica no
2º trimestre.
Gabarito: D
Comentário:
Moçada, questão curta e grossa! Estamos diante de uma paciente com uma ges-
tação prévia, de 29 anos que iniciou o pré-natal. Ela tem uma glicemia de jejum no
primeiro trimestre da gestação com valor de 100 mg/dl. E aí? Qual o diagnóstico?
Vamos fixar de uma vez por todas!!! De acordo com o mais recente protocolo
do Ministério da Saúde, toda gestante deve realizar a glicemia de jejum (8 a 12
horas de jejum) no primeiro trimestre de gestação. A verificação de glicemia em
jejum com valores ≥ 126 mg/dL permite o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2.
Valores entre 92 e 125 mg/dL permitirão o diagnóstico de diabetes mellitus ges-
tacional, e aqueles inferiores a 92 mg/dL serão representativos da normalidade.
Pacientes com valores inferiores a 92 mg/dL deverão realizar, de forma universal,
o Teste de Tolerância à Glicose Oral (TTGO ou TOTG) de 75 g (jejum, 1 e 2 horas)
entre 24 e 28 semanas de gestação.
Resumindo:
• GJ < 92 mg/dL = valor dentro da normalidade -> realizar TTGO de 75 g (jejum, 1
e 2 horas) entre 24 e 28 semanas de gestação;
• GJ entre 92 1 125 mg/dL = Diabetes mellitus gestacional;
• GJ ≥ 126 mg/dL = Diabetes mellitus tipo 2 prévio à gestação.
191
paciente não necessita realizar teste de tolerância à glicose oral entre 24 a 28
semanas de gestação, pois já temos o diagnóstico firmado.
Visão do Aprovado:
Questão 86
Mulher, 28 anos, de idade, primigesta, idade gestacional: 18 semanas+3 dias, pela
amenorréia, comparece ao acolhimento da UBS em que faz o pré-natal. Afirma
quadro de tonturas há 1 semana, com piora ao levantar subitamente da cama.
Nega síncope, convulsões, alterações urinárias e intestinais. Sem comorbidades.
No momento do atendimento apresenta-se em bom estado geral, corada e hi-
dratada. FC: 85 bpm FR 14 irpm PA 100 x60 mmHg. Exame obstétrico: altura ute-
rina 18cm, BCF 145 bpm, dinâmica uterina ausente, tônus uterino normal. Sem
sinais meníngeos. Exame neurológico: sem alterações. Traz seu cartão de pré-na-
tal. Sobre o caso:
PRESSÃO
IDADE PESO ALTURA
ARTERIAL BCF EDEMA
GESTACIONAL (KG) UTERINA
(mmHg)
192
D. Realizar controle de pressão arterial domiciliar pois essa queda de pressão ar-
terial está dentro da normalidade devido a queda da resistência vascular peri-
férica, porém os valores da pressão sistólica tem queda maior que a diastólica.
Gabarito: A
Comentário:
Essa questão aqui foi meio pegadinha, né? Mas é bom para a gente rever um
pouco sobre as mudanças fisiológicas da gravidez. Uma das queixas mais co-
muns das gestantes é sem dúvida a diminuição da pressão arterial reflexo da va-
sodilatação periférica que se sobressai ao aumento do débito cardíaco. Passando
às alternativas:
Visão do Aprovado:
Questão 87
Primigesta, 18 anos, IG: 34 semanas + 4 dias, foi encontrada desacordada pelo
parceiro, que a leva para o Pronto-Socorro ainda inconsciente.
Ao exame físico: escoriações e hematomas em membros superior e inferior, sem
déficits motores. PA=150x100 mmhg. Frequência cardíaca = 72 bpm. Edema MMII
= +2/4. Reflexos patelares exaltados
AU= 33 cm. BCF= 142 Foco=139bpm, sem desaceleração.
Dinâmica uterina= 2 contrações em 10min.
Toque vaginal: colo médio, amolecido, pérvio para 3,0 cm, bolsa íntegra, apresen-
193
tação cefálica, alta e móvel.
Qual a principal hipótese diagnóstica e a conduta para o caso:
Gabarito: A
Comentário:
Pessoal, vamos lá. Temos um caso de uma gestante de terceiro trimestre que
chega ao pronto socorro desacordada e com hipertensão de entrada. Tem como
pensar em outra coisa que não uma eclampsia? "Ahh mas ela nem está com os
movimentos tônico-clônicos". Mesmo assim, galera, a questão traz o relato de
ser encontrada desacordada, precisamos sempre pensar em eclâmpsia quando
a gestante apresenta alteração de estado mental. Essa questão ainda traz a pe-
culiaridade de que a mesma encontra-se em fase inicial do trabalho de parto.
194
• Exams - exame físico geral e obstétrico. Avaliar ainda se os níveis pressóricos
necessitam de antihipertensivos rápidos (por ex. hidralazina). O objetivo é redu-
zir 20% da PAM. Solicitar exames ainda para investigação de síndrome HELLP.
• Fetal - ausculta do BCF, cardiotocografia, perfil biofísico fetal com dopplerve-
locimetria.
• G - interromper a gravidez. O ideal é aguardar a estabilização materna, resulta-
dos dos exames (pelo menos a contagem de plaquetas). Lembrar que a via é
obstétrica, se a condição clínica materna permitir. Avaliar necessidade de corti-
coterapia se prematuridade.
Visão do Aprovado:
Questão 88
Paciente primigesta de 26 anos, com idade gestacional de 15 semanas, compa-
rece à consulta com resultado de exames solicitados como rotina de primeiro
trimestre, os quais realizou com 13 semanas de gestação. Dentre os exames, ela,
195
preocupada, questiona sobre a sorologia da toxoplasmose, que no resultado se
mostrou IgM e IgG reagentes. A interpretação correta e a conduta deve ser:
Gabarito: C
Comentário:
Nossa questão traz uma paciente de 15 semanas com sorologia IgM e IgG posi-
tivos para toxoplasmose em exame de 13 semanas de idade gestacional. Vamos
lembrar que IgM marca infecção aguda (“Mediata”) e IgG marca infecção antiGa.
Portanto, não sabemos de fato se essa infecção é aguda ou crônica. Nesses casos,
devemos fazer a diferenciação através do teste de avidez de IgG, que avalia a for-
ça de ligação entre anticorpo e antígeno - se a avidez for alta (>60%), indica que já
houve tempo suficiente para essa ligação se concretizar e, portanto, sugere infec-
ção antiga (há mais de 4 meses, ou seja, mais de 16 semanas). Em contrapartida,
se a avidez for baixa (<30%), esse tempo de ligação ainda não ocorreu e, portanto,
a infecção é dada como aguda (há menos de 4 meses). Lembrando que o teste
de avidez tem validade de 16 semanas, então em gestações mais avançadas ele
não tem benefício de ser realizado.
196
Visão do Aprovado:
Questão 89
Uma paciente de 28 anos, sexualmente ativa, com atraso menstrual decide, por
preocupação, realizar um teste de gravidez. Seu amigo farmacêutico lhe indicou
um teste sanguíneo para pesquisa quantitativa de beta-HCG que, segundo ele,
é mais confiável. O resultado vem de 830 mUi/mL. Visto que o resultado vem po-
sitivo, ela decide fazer um ultrassom que evidencia eco endometrial espessado,
porém sem saco gestacional ou nenhuma imagem intrauterina. No ovário direito
visualiza-se cisto complexo de 3 cm. Frente a este caso, qual a conduta adequada:
Fonte: Radiopedia
Gabarito: D
197
Comentário:
Temos um beta-HCG abaixo do limite discriminatório (< 1500) e um USG que não
evidencia imagem sugestiva de gestação tópica intra uterina. Com valores de
beta abaixo deste limite, não podemos afirmar também que o cisto anexial cor-
responde a uma gestação ectópica, podendo corresponder a um cisto de corpo
lúteo ou qualquer outra massa anexial de características complexas. Portanto,
como não podemos fechar o diagnóstico nesta fase inicial com os dados que
possuímos, antes de tomar qualquer conduta medicamentosa ou cirúrgica, de-
vemos aguardar o diagnóstico ser firmado.
A. Incorreta. Não temos nem diagnóstico de gestação tópica, qual seria o sentido
em curetagem?
B. Incorreta. Calma lá! Não vamos passar os carros na frente dos bois. Nem
sabemos o que é esse cisto ainda.
C. Incorreta. Se repetirmos e vier no mesmo valor, não teremos nenhuma ajuda
para elucidação diagnóstica.
D. Correta. Devemos aguardar a evolução. Se for uma ectópica, os níveis de beta-
hcg deverão subir pelo menos acima do valor discriminatório e a massa anexial
pode crescer.
Visão do Aprovado:
Não bobeia nas questões de gestação inicial. Vale lembrar que diagnóstico de tó-
pica versus ectópica só vale se o betaHCG estiver acima dos níveis preconizados
para visualização intrauterina. Antes desse valor, nada podemos afirmar.
Questão 90
Paciente com 34 semanas de gestação com sangramento vaginal importante
associado a dor intensa. Nega sangramentos vaginais prévios durante esta gra-
videz. À avaliação, observada útero de tônus aumentado, PA de 150 x 100 mmHg,
BCF de 100 bpm, sangramento vaginal importante e dilatação cervical de 3 cm.
Qual é a melhor conduta?
198
Nível de dificuldade: Moderada
Gabarito: C
Comentário:
A. Incorreta. Até podemos fazer essas medidas como DLE e oxigenio materno
enquanto a paciente é preparada, mas se não interrompermos a gestação, o
feto morrerá intra-útero em poucos minutos.
B. Incorreta. O diagnóstico de DPP é CLÍNICO! Não é para pedir nenhum exame,
nem USG.
C. Correta. Nossa paciente tem DPP com sofrimento fetal agudo, precisamos in-
terromper imediatamente e a via mais rápida é cesária, visto que não está em
parto iminente.
D. Incorreta. Conforme já dissemos, o feto está em sofrimento, devemos inter-
romper pela via mais rápida e não ficar aguardando o parto. Induzir não é uma
opção que deve ser considerada sob nenhuma hipótese nesses casos.
Visão do Aprovado:
Questão fácil para a gente lembrar que DPP é de extrema urgência e que neces-
sita de resolução imediata em caso de feto vivo. Vale lembrar que mesmo parto
cesáreo, a amniotomia leva a descompressão uterina, com melhora da oxigena-
ção fetal até o parto cesáreo.
Questão 91
Primigesta, 38 semanas e 3 dias, hipertensa crônica, admitida em centro obsté-
trico em trabalho de parto espontâneo. Evoluiu para parto vaginal com laceração
199
perineal de 1 grau. RN nativivo, masculino, APGAR 8/9/9, peso 4100g. Realizado
ocitocina profilática 10 UI IM no terceiro período do parto e sutura da laceração
após dequitação placentária. Após, evoluiu com sangramento vaginal em grande
quantidade. Ao exame: descorada ++/4+, FC 100 bpm, PA 90x50 mmHg, fundo
uterino palpado acima da cicatriz umbilical. Assinale a possível causa do sangra-
mento, o índice de choque da paciente e as próximas condutas a serem tomadas:
Gabarito: A
Comentário:
200
sinais vitais. Na avaliação da HPP, é muito utilizado o índice de choque (IC), calcu-
lado a partir da divisão entre a FC materna e a PA sistólica materna (IC=FC/ PAS).
IC acima de 0,9 já sugere hemorragia maciça.
MISOPROSTOL
(Disponíveis em 800 mcg, via retal ou oral
comprimidos de 25 mcg, Considerar o tempo do início de ação do misoprostol -
100 mcg ou 200 mcg via retal: 15-20 min; via oral: 7-11min
de misoprostol)
Analisando as alternativas:
201
causa mais provável! Sendo assim, devemos proceder com massagem uterina
e uterotônicos. Como a paciente é hipertensa, é contra- indicado o uso de er-
gotamina. O índice de choque é 1,1 (100/90).
B. Incorreta. A laceração da paciente foi apenas de primeiro grau e já foi sutura-
da, não sendo a responsável pela hemorragia. Não faremos transfusão sanguí-
nea no primeiro momento e tentaremos fazer estabilização com cristalóide e
uso de uterotônicos.
C. Incorreta. Não, não! Lembre-se da contraindicação ao uso de ergotamina e
indicação de cristaloides primeiro.
D. Incorreta. Causa e índice de choque errados!
Visão do Aprovado:
Saiba muito bem quais as causas e condutas frente a uma hemorragia pós-par-
to! Com essas informações, boa parte das questões podem ser respondidas sem
maiores problemas ;)
Questão 92
Paciente de 32 anos, G2P0A1, comparece para a primeira consulta de pré natal
com 10 semanas. Apresenta antecedente pessoal de lúpus eritematoso sistêmico
diagnosticado aos 20 anos e encontra-se em uso de hidroxicloroquina e suple-
mentos vitamínicos. Queixa-se de fadiga, dispneia aos esforços e queda de cabe-
lo. Sobre a assistência ao pré natal dessa paciente, assinale a alternativa incorreta.
Gabarito: C
202
Comentário:
Visão do Aprovado:
Questão 93
Paciente de 32 anos, primigesta, encontra-se na 30ª semana de gestação. Acom-
panha em serviço especializado de pré natal, pois possui antecedente de estenose
aórtica, com correção cirúrgica na adolescência, em uso de prótese metálica. Encon-
tra-se estável do ponto de vista hemodinâmico, sem queixas associadas ao sistema
cardiovascular. Assinale a alternativa correta sobre o caso.
203
Nível de dificuldade: Moderada
Gabarito: B
Comentário:
Visão do Aprovado:
Aqui você precisava ter uma noção geral sobre a assistência pré natal de uma
paciente com cardiopatia. Sabemos que gestantes com cardiopatias e com com-
prometimento da capacidade funcional apresentam maiores riscos de compli-
cações obstétricas, como parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino
fetal e baixo peso fetal ao nascer e todas essas complicações devem ser ponde-
radas no pré natal.
Questão 94
Uma paciente de 26 anos, 2G1Pn, IG pela DUM 9 semanas vem em consulta de
pré natal pela primeira vez com você! Pela anamnese, você conversa e percebe
que a paciente não apresenta antecedentes patológicos, a última gestação foi há
3 anos sem intercorrências. Ela refere estar tendo mais náuseas com relação à úl-
tima gestação e traz uma imagem da primeira ultrassonografia para você avaliar.
204
Analise a imagem e assinale a alternativa correta que junta as afirmativas certas.
I. A imagem mostra o sinal do T, que mostra a projeção placentária entre as
membranas amnióticas, esse sinal desaparece progressivamente, podendo
não ser mais observado após o fim do primeiro trimestre. Podemos dizer com
certeza se tratar de uma gestação dicoriônica
II. A gestação pode ser tanto polizigótica quanto monozigótica
III. A fisiopatologia das náuseas da paciente é hormonal
IV. A paciente apresenta a forma de gemelaridade que acarreta em maior risco
perinatal
Fonte: https://radiopaedia.org/articles/
A. Afirmativas I, II e III
B. Afirmativas II e III
C. Afirmativas I, III e IV
D. Afirmativas II, III e IV
Gabarito: B
Comentário:
Questãozinha que embrulha a cabeça hein, tem que entender de gêmeos para
acertar.
205
O sinal em questão foi perfeitamente descrito, vemos a projeção do cório nas
membranas amnióticas, de fato ele tende a sumir com a progressão da gestação,
de modo que após o 1o trimestre podemos não encontrá-lo mais e perderíamos
um parâmetro importante para definir a corionicidade. O nome do sinal é lamb-
da! (afirmativa I errada).
Uma das causas das náuseas na paciente gestante é a elevação do HCG. Em ges-
tações gemelares o nível desse hormônio é aumentado em relação às gestações
únicas (afirmativa III correta).
Visão do aprovado:
O sinal do lambda parece um , observe como tem uma porção bem espessa, o
componente placentário é espesso mesmo. No sinal do T, a lâmina divisória dos
âmnios é bem fina. De resto, quanto mais tarde divide, mais diferenciado é o
blastocisto, senão dividir logo não forma duas placentas!
Questão 95
Paciente 4G3Pc, IG 30 semanas, veio para consulta de pré natal de rotina. A pa-
ciente é O negativo. O parceiro atual é novo, apresenta tipagem sanguínea B ne-
gativo e as gestações prévias não foram com ele. O feto apresenta ultrassonogra-
fias morfológicas de 1o e 2o trimestres normais. A paciente traz teste de tolerância
oral a glicose 75g que realizou há 2 semanas com o seguinte resultado: Jejum (91),
206
1 hora (175), 2 horas (158). Além disso, traz ultrassonografia de hoje mostrando
Peso Fetal Estimado no percentil 88, placenta anterior, feto em apresentação ce-
fálica, movimentação fetal, movimentação respiratória e tônus presentes.
Fonte: https://radiopaedia.org/cases
São falsas:
A. Afirmativas I, III e IV
B. Afirmativas III e IV
C. Afirmativas II, III e IV
D. Afirmativas II e IV
Gabarito: A
207
Comentário:
A. Correta.
B. Incorreta.
C. Incorreta.
D. Incorreta.
Visão do Aprovado:
Tem que saber de cor os cortes de DMG e de ILA. Pensar no polidrâmnio como
causa de distensão uterina, naturalmente isso pode ter complicações maternas
independente da gestante ter DMG!
208
Questão 96
3G2Pn, 33 semanas e 5 dias. Realiza pré-natal em serviço de alto risco devido a
diabetes mellitus tipo 1. Em uso de NPH 10-6-4 e regular 4-4-4. Procurou o pron-
to-socorro com queixa de diminuição da movimentação fetal. Nega quaisquer
outros sintomas. Ao exame paciente está corada, PA 110 x 60 mmHg, frequência
cardíaca 85, ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Abdome indolor, útero
normotenso, altura uterina 27 cm, sem contrações, frequência cardíaca fetal de
148 bpm. Realizado cardiotocografia com feto ativo. Perfil biofísico fetal: presen-
ça de movimentos respiratórios, corpóreos e tônus adequado. ILA: 20,5. A estima-
tiva do peso fetal no PS encontrava-se no percentil 7 para a idade gestacional.
Dopplervelocimetria na figura abaixo:
A conduta correta é:
209
Imagem 3: Dopplervelocimetria do ducto venoso.
Fonte: Zugaib, Obstetrícia
Gabarito: C
Comentário:
210
decisão do momento do parto. Os aumentos da resistência do ducto venoso re-
fletem a vasoconstrição sistêmica. A presença de um fluxo reverso, por sua vez,
implica em disfunção diastólica cardíaca já numa última linha de sofrimento
fetal. São valores alterados: IP > ou = a 1, onda A reversa.
IP da artéria umbilical
Hipóxia rara Vigilância semanal
aumentado
Vigilância 2x semana
IP da ACM reduzido Parto com 34 semanas
Hipóxia provável ("sparing")
ou RCP reduzido (alguns autores
recomendam 37 semanas)
Vigilância diária
Parto com 30 semanas
Artéria umbilical
Hipoxia comum *Alguns autores
com diástole reversa
recomendam
32-34 semanas
Parto na viabilidade
IP Ducto venoso > ou = 1 Comprometimento fetal (corticoterapia se possível)
* cabe individualização
Analisando as alternativas:
A. Incorreta. Pessoal, temos uma alteração da vitalidade fetal nesse caso…. não
tem como mandar a paciente embora.
211
B. Incorreta. Essa seria uma conduta adequada se houvesse artéria umbilical
com diástole zero.
C. Correta. IP do ducto venoso > ou = 1 indica comprometimento fetal! Dessa
forma, está indicado parto na viabilidade.
D. Incorreta. A indicação do parto é imediata.
Visão do Aprovado:
Questão mais difícil, eu sei. Mas é um tema que vem ganhando cada vez mais es-
paço, principalmente em instituições de SP. Aqui, aprenda a interpretar aqueles
números que vem junto com a imagem, onde os valores de IP e S/D estão indica-
dos - muitas vezes, eles são a chave da questão!
212
MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL
QUESTÃO 97
João da Silva é um homem de 55 anos que trabalha como gerente de vendas
em uma empresa de médio porte. Ele é divorciado, vive sozinho e tem dois filhos
adultos que não moram com ele. O paciente é um ex-fumante, tendo abando-
nado o hábito há cerca de 10 anos, mas possui histórico significativo de consumo
de cigarros por mais de 20 anos. Ele relata um consumo moderado de álcool
(cerca de duas doses de destilados por semana) e um histórico de sedentarismo,
com pouca atividade física regular. O paciente possui antecedentes familiares de
hipertensão arterial em ambos os pais, além de diabetes tipo 2 e doença cardio-
vascular na família. O paciente apresenta-se com aparência cansada e levemente
ansioso. Durante a entrevista inicial, ele parece desconfortável e preocupado com
sua saúde. Sua pressão arterial medida no consultório é de 160/100 mmHg, indi-
cando valores elevados. João relata que tem notado uma tendência crescente
de cefaleia, especialmente na parte da manhã, e episódios ocasionais de tontura.
Com relação a achados físicos e exames complementares prévios: pressão arte-
rial elevada (160/100 mmHg) no consultório. Exame físico geral dentro dos limites
da normalidade, exceto pelo aumento da pressão arterial. Exames laboratoriais
prévios revelaram níveis de colesterol LDL ligeiramente elevados (140 mg/dL) e
glicose de jejum no limite superior da normalidade (110 mg/dL). O médico utili-
zará o método SOAP para registro dos atendimentos em saúde no prontuário do
paciente. Este método é amplamente utilizado em todos os níveis de atenção à
saúde, especialmente na Atenção Primária. As letras representam um acrônimo
e o método provê uma forma clara e adequada do registro clínico. Sobre este
tema é incorreto afirmar:
Gabarito: A
Comentário:
213
mas, em que tem-se 4 elementos fundamentais:
• Base de dados da pessoa
• Lista de problemas
• Nota de evolução - método SOAP
• Ficha de acompanhamento
Visão do Aprovado:
214
compõem o item Plano, para a pontuação completa. Vamos revisar com a ima-
gem abaixo:
QUESTÃO 98
Luís, 55 anos, branco, casado, motorista de ônibus, comparece à consulta com
Médica de Família e Comunidade referindo estar preocupado com a possibili-
dade de estar doente e não saber. Conta que seu vizinho de idade próxima foi
diagnosticado recentemente com câncer de próstata. Luís nega história familiar
da doença. Quando questionado, também nega sinais e sintomas que sugiram
hiperplasia prostática. A médica então mostra e explica para Luís a imagem abai-
xo e indica para Luís a realização de exame de sangue oculto nas fezes:
215
Fonte da imagem: Instituto Nacional de Câncer, Ministério da Saúde, 2019
A. Primária.
B. Secundária e terciária.
C. Quaternária.
D. Secundária e Quaternária.
Gabarito: D
216
Comentário:
217
é evitar intervenções desnecessárias pelos profissionais de saúde! Justamente
o exemplo demonstrado na questão. Além disso, a médica também faz uma
ação de prevenção secundária, pois ela solicita o exame de sangue oculto nas
fezes. Pela idade (entre 50 e 75 anos), Luís possui indicação de rastreamento
de câncer colorretal. Rastreamentos são um tipo de prevenção secundária.
Visão do Aprovado:
NÍVEIS DE PREVENÇÃO
PREVENÇÃO
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
TERCIÁRIA
Diagnóstico
Promoção Proteção precoce e Limitação de
Reabilitação
de Saúde Específica Tratamento Invalidez
imediato
QUESTÃO 99
Paciente mulher trans, 28 anos, previamente hígida, casada, trabalha como ge-
rente de vendas em uma multinacional, tem plano de saúde, mas foi orientada a
buscar a Unidade Básica de Saúde devido resultado de teste de HIV positivo em
exames de rotina. A paciente buscou a unidade, e segundo os princípios do SUS,
teve sua consulta prontamente programada na rotina com o Médico de Família
de referência. Assinale abaixo, o princípio ético do SUS que foi respeitado:
A. Integralidade
B. Equidade
C. Universalidade
D. Regionalização
218
Gabarito: C
Comentário:
Para começar essa questão, vamos lembrar desse assunto muito em voga sem-
pre nas provas: princípios do SUS.
O caso é de uma mulher trans que procura a UBS para seguimento de um resul-
tado positivo de HIV.
219
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 100
A Sra. Maria, 88 anos, comparece em consulta com seu médico de família solici-
tando medicamentos para dormir e para tratar sua tristeza. Há anos apresentan-
do sintomas depressivos com insônia, tendo feito uso de diversos psicotrópicos
com resposta não satisfatória e acredita que os que usa atualmente estão insufi-
cientes. Os sintomas pioraram há 5 anos, após falecimento do marido João, com
quem era casada há 58 anos e mantinha bom convívio e relacionamento. Chora
diversas vezes ao comentar sobre sentimento de solidão e da falta do compa-
nheiro. Expressa que seria melhor se morresse, mas logo se arrepende ao pensar
na satisfação que sente ao estar na companhia dos netos. Reside sozinha, sendo
totalmente independente para atividades de vida diária instrumentais e básicas.
Faz compras em comércio local e vai à igreja na mesma rua de casa toda se-
mana, porém não se identifica com o celebrante atual. Tem irmãos e sobrinhos,
porém não se relacionam devido a conflitos familiares antigos e há anos não se
veem. Tem 2 filhos e 5 netos que residem no mesmo bairro e com os quais possui
boa relação, mas justifica que eles trabalham muito e tem muitos compromissos
pessoais, não sendo possível visitá-la ou telefonar com frequência. Já pensou em
morar com a filha mas prefere não falar nada para não incomodar. Frequenta a
UBS mais de uma vez por semana, pois recebe escuta ativa de diferentes pro-
fissionais e se sente acolhida no local. Deseja fazer outras atividades e conviver
com outras pessoas, mas não tem contato com os vizinhos por preferir ficar mais
quieta em casa. Considerando as relações familiares, sociais e comunitárias da
Sra. Maria, o médico de família elaborou o ecomapa abaixo para discussão do
caso em reunião de equipe. Assinale a alternativa que representa a interpretação
mais adequadamente:
220
A. Sra. Maria possui uma relação forte e bem estabelecida com a Igreja, sendo
esse um importante equipamento social no qual recebe apoio para cuidar de
sua saúde mental e espiritual.
B. A representação da relação da Sra. Maria e seus vizinhos está incompleta e de-
veria ter uma linha com barras, como representado na sua relação com seus
irmãos e sobrinhos.
C. Sra. Maria tem relação de vínculo com a UBS, porém a necessidade de consul-
tas frequentes e a representação das setas de fluxo de energia demonstram
que a relação é estressante e demanda esforço.
D. Sra. Maria possui relação incerta com seus filhos e netos e, devido a fragilidade
desse vínculo, há equilíbrio entre apoio e esforço.
Gabarito: D
221
Comentário:
A. A relação entre a Sra. Maria e a Igreja é representada por uma linha simples,
mostrando um vínculo fraco. As setas de mesmo tamanho em sentidos opos-
tos mostram que o fluxo de energia se iguala, representando uma relação não
estressora, porém não compensadora.
B. A ausência de linha representa a ausência de conexão, como acontece na rela-
ção da Sra. Maria com sua vizinhança. Por outro lado, sua relação com seus ir-
mãos e sobrinhos está rompida e, por isso, é representada com uma linha com
barras, que não representaria adequadamente sua ligação com a vizinhança.
C. A Sra. Maria apresenta vínculo forte e bem estabelecido em sua UBS de refe-
rência, e as setas de fluxo de energia mostram que essa relação é compensa-
dora, recebendo muito apoio e sem demandar grande gasto pessoal de ener-
gia ou estresse.
D. As linhas tracejadas representam ligações frágeis, como a relação da Sra. Ma-
ria com seus filhos e netos. As setas de fluxo de energia demonstram que, ao
mesmo que não há muito investimento ou gasto energético nessa relação,
também não recebe apoio significativo por parte dos familiares.
Visão do Aprovado:
Identificar as relações da pessoa com o seu meio é fundamental para uma abor-
dagem adequada dos recursos familiares, sociais e comunitários como ferramen-
ta de cuidado do indivíduo.
222
A elaboração do ecomapa auxilia a visualizar esses vínculos e pontos de interven-
ção, especialmente em casos mais complexos.
QUESTÃO 101
Em 07 de Março de 2023, o Ministério da Saúde publicou a NOTA INFORMATIVA
Nº 10/2023- CGARB/DEDT/SVSA/MS, sobre o aumento do coeficiente de incidên-
cia de chikungunya no Brasil. Segue abaixo um trecho da nota e o diagrama de
controle associado: "Em 2023, até a Semana Epidemiológica (SE) 09, ocorreram
35.566 casos prováveis de chikungunya, com incidência de 16,7 casos por 100.000
habitantes, este número está acima do limite máximo esperado, considerando o
diagrama de controle da série histórica de 2016 a 2022 (Figura 1).
Ressalta-se que a queda observada nas semanas mais recentes se deve ao atraso
das notificações." Sobre o Diagrama de Controle acima, assinale a alternativa corre-
ta: Imagem: Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. De-
partamento de Doenças Transmissíveis. NOTA INFORMATIVA Nº 10/2023-CGARB/
DEDT/SVSA/MS. Brasília, 2023.
223
A. Não é possível dizer que a chikungunya esteve fora de controle no Brasil nas
primeiras semanas de 2023.
B. Q3 e Q1 significam terceiro e primeiro quartil, e representam o limite superior
e inferior endêmico, respectivamente.
C. Apesar da Nota Informativa N° 10 / 2023, o uso de Diagrama de Controle para a
detecção precoce de epidemias não deve ser utilizado nos casos de arboviroses.
D. As epidemias de chikungunya tiveram pouco impacto na saúde pública do
Brasil, por ser uma doença de baixa morbidade.
Gabarito: B
Comentário:
224
A. Como podemos ver no diagrama, nas primeiras 9 semanas de 2023, os coe-
ficientes de incidência semanais da chikungunya estiveram acima do limite
superior de controle. Então a doença esteve fora de controle no Brasil nas pri-
meiras semanas de 2023
B. Existem diferentes métodos para a realização do diagrama de controle.
Referência:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epi-
demias de dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, De-
partamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância da Saúde. Departamento de Imunização
e Doenças Transmissíveis. Nota Técnica 1/2023-CGARB/DEIDT/SVS/MS. Brasília, 2023.
Referência:
Puntasecca CJ, King CH, LaBeaud AD (2021) Measuring the global burden of
chikungunya and Zika viruses: A systematic review. PLoS Negl Trop Dis 15(3):
e0009055. https://doi. org/10.1371/journal.pntd.0009055
225
Visão do Aprovado:
Sobre diagrama de controle, os pontos que são importantes gravar:
• É uma ferramenta gráfica elaborada através dos coeficientes de incidência de
determinada doença ao longo do tempo;
• Tem como objetivo detectar precocemente aumentos inesperados dos núme-
ros de casos;
• A linha superior é o que chamamos de limite superior endêmico ou limiar epi-
dêmico, a linha inferior é o limite inferior endêmico, e o espaço compreendido
entre essas duas linhas é chamada de faixa endêmica ou canal endêmico
QUESTÃO 102
M.T.S, 30 anos, previamente hígido, procura Unidade Básica de Saúde com quei-
xa de tosse seca há cerca de 30 dias. A pesquisa de bacilo ácido-álcool resistente
(BAAR) no escarro foi positiva, e raio X de tórax demonstrou opacidades em lobo
superior direito. O paciente mora com a esposa, com seus dois filhos (uma meni-
na de 8 anos e um menino recém-nascido de 25 dias), e com a sogra. A avaliação
dos contatos domiciliares demonstrou o seguinte quadro: - Esposa: assintomá-
tica, prova tuberculínica (PT) de 20mm e raio X de tórax normal; - Filha: assinto-
mática, PT de 10mm e raio X de tórax normal; - Filho: assintomático; ainda não
recebeu BCG. - Sogra: com tosse seca há 10 dias e raio X de tórax com opacidades
bilaterais. Assinale a alternativa com a conduta correta:
A. A esposa tem indicação de receber tratamento para infecção latente pelo My-
cobacterium tuberculosis com isoniazida.
B. A filha tem indicação de receber tratamento para infecção latente pelo Myco-
bacterium tuberculosis com etambutol por 4 meses.
C. O filho deve ser vacinado com BCG imediatamente.
D. A sogra tem indicação de receber tratamento para tuberculose pulmonar
com 2 RHZE / 4 RH.
Gabarito: A
Comentário:
226
O Ministério da Saúde (MS) define como caso suspeito de TB pulmonar os indi-
víduos com tosse com duração de 3 semanas ou mais, acompanhada ou não de
outros sinais e sintomas sugestivos da doença, como febre vespertina, sudorese
noturna, emagrecimento e inapetência.
Referência:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vi-
gilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da
Tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Depar-
tamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
227
Segue abaixo o Fluxograma para investigação de contatos adultos e adolescen-
tes com ≥10 anos de idade, do MS:
Consulta
Assintomático Sintomático
Continuar
Investigação TB ativa
PT < 5 mm PT ≥ 5 mm
Tratar TB
Repetir em Rx de
8 semanas tórax
Continuar
Tratar ILTB
Alta com Rx de Investigação
orientação tórax
Normal Alterado
Continuar
Tratar ILTB
Investigação
Referência:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vi-
gilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da
228
Tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Depar-
tamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
Em indivíduos com mais de 50 anos de idade, crianças (< 10 anos de idade), he-
patopatas, contatos de monorresistentes à isoniazida e intolerância à isoniazida,
o tratamento preferencialmente deve ser feito com rifampicina.
Segue abaixo o fluxograma para investigação de crianças contato (< 10 anos), do MS:
Consulta
Assintomático Sintomático¹
Rx e prova Investigar
tuberculínica TB
Rx de tórax
Rx alterado
normal
TB
Repetir Excluída TB
confirmada
PT em 8 Tratar ILTB
semanas
Continuar
Investigação Tratar TB
Sem Com
conversão conversão3
Alta com
Tratar ILTB
orientaçãO
229
Fonte: Adaptado de Brasil, 2011.
1
Empregar o quadro de pontuação.
2
PT (Prova tuberculinica) ≥ 5 mm em crianças contato independentemente da vacinação com BCG.
3
Quando há um incremento de pelo menos 10 mm em relação a PT anterior. Vale lembrar que a PT
estimula a resposta imune à BCG realizada ao nascimento, por isso a necessidade desse incremento na
PT após uma avaliação inicial (MENZIES, 1999).
Recomenda-se utilizar a isoniazida ou a rifampicina por três meses e, após esse perío-
do, faz-se a PT. Se o resultado for ≥ 5mm, a medicação deve ser mantida por mais três
meses se isoniazida, ou por mais um mês se rifamicina, e o RN não deverá ser vacinado
para BCG, uma vez que já apresenta resposta imune ao bacilo da tuberculose.
Recém-nascido coabitante
de caso índice bacilífero
Iniciar
QP primária
(H ou R)
3 meses
depois -
fazer PT
230
Referência:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Con-
trole da Tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em
Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Minis-
tério da Saúde, 2019.
D. Várias doenças podem causar tosse e raio X de tórax com opacidades bilaterais.
É claro que nesta paciente a suspeita inicial é de TB pulmonar, já que trata-se
de contato domiciliar de caso de tuberculose. Mas para o início do tratamento,
devemos primeiro confirmar a doença.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 103
Você é um médico da UBS já há 1 ano e está em atendimento da demanda espon-
tânea do serviço, quando chega o paciente R.R.C. de 16 anos, que é seu paciente há
6 meses e seu núcleo familiar é conhecido por você. Pela longitudinalidade, você
sabe que R.R.C. vem tratando um quadro de depressão fazendo uso de sertralina.
Em consultas anteriores ele já havia te contado passar por problemas na escola em
que estuda, sofrendo bullying de outros colegas por questões de gênero. Além disso,
seu pai está acamado após sofrer um AVE há 4 meses. Ele já havia te contado alguns
pensamentos suicidas em últimas consultas mas disse que nunca havia tentado.
Sua mãe trabalha durante todo o dia como técnica de enfermagem, fazendo plan-
tões, e ele tem um irmão mais velho que está preso por tráfico de drogas. Na con-
sulta de hoje, R.R.C. diz que não está aguentando mais todos seus problemas e que
largou a escola há uma semana após ter sido agredido. Além disso, suspendeu por
conta própria o uso de sertralina há duas semanas. Ele vem sentindo uma angústia
muito grande e diz não aguentar mais nesse momento, querendo consolidar pen-
samentos autodestrutivos anteriores. O paciente diz que está esperando sua mãe
sair para o trabalho a noite e irá se enforcar, detalhando também que já comprou a
corda e está escondida em seu quarto. Qual a melhor conduta como médico?
231
B. Orientar o paciente a retomar o uso de sertralina, porém dessa vez em uma
dose aumentada, e prescrever benzodiazepínico em casos de angústia e an-
siedade aumentada.
C. Encaminhar o paciente com urgência para o CAPS visando atendimento com
psiquiatra.
D. Entrar em contato com familiar e encaminhar o paciente para emergência
psiquiátrica. Caso não consiga contato com algum familiar, será necessário
ligar para o SAMU para referenciar o paciente.
Gabarito: D
Comentário:
Pessoal vamos lá, essa questão tenta nos pegar de duas formas. A primeira é co-
locar o paradigma de que em UBS não se chegam casos de emergência, então
nunca temos que agir de forma rápida e incisiva. E segundo, pensar que casos
psiquiátricos, principalmente os sem agitação, não são emergências.
Neste caso temos um jovem de 16 anos que cessou por conta seu tratamento me-
dicamentoso, além disso, passou por grandes momentos de estresse. Isso tudo
já nos deixaria alerta, mas quando o paciente te fala um plano claro e minucioso
de suicídio, a gente não pode pagar pra ver, certo? Esse caso é uma emergência
e temos que encaminhar esse paciente para o psiquiatra.
A. Pessoal, é um caso de risco iminente à vida, nesses casos nós sempre pode-
mos quebrar essa confidencialidade para tentar salvar o paciente
B. Galera, esse não é um caso de um paciente com quadro de ansiedade, é um quadro
depressivo com risco iminente de suicídio, não podemos dar alta para o paciente
C. Alternativa que tenta nos confundir colocando o CAPS como uma referência
de emergência psiquiátrica. Vamos lembrar que é um serviço da atenção pri-
mária, porta aberta, porém em casos de emergência nós temos que encami-
nhar para serviços secundários ou terciários. Inclusive o próprio CAPS poderia
encaminhar esse paciente também.
D. Aqui temos a conduta mais adequada. Caso de emergência com risco iminente à
vida é igual a paciente encaminhado para um serviço mais especializado da rede.
Visão do Aprovado:
Pessoal, questão que tenta confundir, mas o aluno Medway está sempre ligado.
O diferencial desse tipo de questão é pensar, “o que eu faria com esse paciente
232
em qualquer setor da rede de saúde?’’. Em um PS ninguém daria alta para esse
paciente, ou seja, numa UBS também.
E lembrem-se, paciente com vários fatores de risco para suicídio, com um plano
muito bem claro, não vamos pagar pra ver, certo? Bora pra cima.
QUESTÃO 104
Imagine que em um determinado país, exista um sistema de saúde universal,
como o Sistema Único de Saúde (SUS), que garante atendimento gratuito e igua-
litário a todos os cidadãos. Além disso, também existe um setor privado de saúde
suplementar, composto por planos de saúde oferecidos por empresas. Conside-
rando essa situação, qual dos seguintes aspectos pode ser considerado um pos-
sível impacto da saúde suplementar na gestão e na sustentabilidade do SUS?
Gabarito: C
Comentário:
233
B. Na verdade, a existência de um setor privado de saúde suplementar pode
contribuir para a desigualdade na distribuição de recursos de saúde (médicos,
leitos hospitalares, enfermeiras, etc), já que aqueles que podem pagar pelos
planos privados têm acesso a uma cobertura mais ampla e serviços médicos
especializados.
C. Vamos pensar juntos: os planos de saúde privados geralmente oferecem uma
cobertura mais ampla e acesso a serviços médicos mais especializados, não
é? Isso pode atrair parte da população que possui condições financeiras para
adquirir esses planos.
Visão do Aprovado:
Então:
• SUPLEMENTAR → PLANOS
• COMPLEMENTAR → SUS PAGA
234
QUESTÃO 105
Você é médico e está atuando na Atenção Primária à Saúde (APS) de uma clínica.
Seu décimo paciente é o senhor Oswaldo, 55 anos e tabagista de longa data (car-
ga tabágica de 53 maços-ano), que procura atendimento para realizar um check
up. Considerando o histórico de tabagismo, quais seriam os exames de rastrea-
mento para este paciente, segundo a USPSTF?
Gabarito: B
Comentário:
Pessoal, o rastreamento faz parte das medidas de prevenção secundária. Ele diz
respeito à realização de exames em população necessariamente assintomática
e viabiliza a identificação de indivíduos que têm a doença, mas que ainda não
apresentam sintomas.
De acordo com as diretrizes da USPSTF, para pacientes tabagistas de longa data com
idade entre 50 e 80 anos, carga tabágica de 20 maços-ano ou mais, e que fumam
atualmente ou cessaram há menos de 15 anos, recomenda-se a realização de uma
tomografia de tórax de baixa dosagem para rastreamento de câncer de pulmão.
Vamos às alternativas:
235
A. Como vimos, a ultrassonografia doppler de abdômen é recomendada
para homens que já fumaram alguma vez na vida, entretanto, a faixa
etária recomendada para a investigação é de 65 a 75 anos. Já a tomografia
computadorizada de tórax de baixa dosagem está recomendada para o
paciente em questão.
B. Exatamente como relembramos na explicação acima.
C. Além de não citar a tomografia de tórax de baixa dosagem, a ultrassonografia
doppler de abdômen não é recomendada neste caso devido a faixa etária.
D. Vimos que existem recomendações de rastreamento populacional neste caso.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 106
Um paciente terminal, Sr. Silva, expressa sua vontade de interromper o tratamen-
to médico intensivo e buscar cuidados paliativos para aliviar sua dor e melhorar
sua qualidade de vida.
236
D. Considerando que a equipe médica já está ciente da decisão do paciente, não
é necessário registrar nada oficialmente.
Gabarito: A
Comentário:
Vamos olhar as alternativas e refletirmos sobre mais detalhes a respeito dos do-
cumentos envolvidos neste processo.
Importante destacar que o registro pode ser feito de forma antecipada pelo mé-
dico assistente, por meio de ficha médica ou prontuário médico, ou mesmo pelo
próprio paciente, desde que registrado em cartório.
237
vontade pode impor uma exigência excessiva ao paciente. Embora as diretivas
antecipadas de vontade sejam uma prática recomendada, nem sempre é
necessário ou viável obter um documento registrado em cartório. A vontade
expressa pelo paciente no contexto clínico, devidamente registrada em seu
prontuário médico, pode ser considerada válida e suficiente, desde que esteja
de acordo com os princípios éticos e legais aplicáveis.
D. A documentação adequada é fundamental em cuidados paliativos para
garantir que a vontade do paciente seja registrada corretamente e que todos
os procedimentos sigam as normas éticas e legais. Ignorar completamente a
documentação médica pode levar a problemas no gerenciamento adequado
do caso, além de potenciais consequências éticas e legais no futuro.
Visão do Aprovado:
Galera, importante saber o que fazer caso o paciente não tenha o registro das
diretivas antecipadas de vontade e não esteja lúcido e orientado para tomar essa
decisão no momento de finitude. Neste caso, a família pode tomar essa decisão,
porém, se familiares estiverem discordando da decisão, a equipe pode levar ao
Comitê de Bioética da instituição ou à Comissão de Ética Médica do hospital. Se
ainda assim não for possível chegar a conclusão, pode-se levar aos Conselhos Re-
gional e Federal de Medicina para fundamentar a decisão.
QUESTÃO 107
A imagem a seguir faz uma comparação entre mulheres com 50 ou mais anos
que fizeram rastreio de câncer de mama com mamografias por 10 anos ou mais,
e mulheres com 50 anos ou mais que não fizeram rastreio. Enfatiza-se na ima-
gem a possibilidade de overdiagnosis pelo rastreio de câncer de mama. Sobre
este assunto, assinale a alternativa incorreta:
238
Fonte: Imagem adaptada de Harding center for risk literacy, 2019.
Gabarito: B
239
Comentário:
Visão do Aprovado:
Pessoal, para acertar essa questão bastava saber a diferença entre diagnóstico
precoce e diferente de rastreamento! Quando falamos em diagnóstico precoce,
estamos nos referindo aos pacientes que já apresentam algum sintoma ou sinal
da doença. Não é o caso.
QUESTÃO 108
Maria, 62 anos, analfabeta, reside em uma área rural do interior da Bahia. O mu-
nicípio de 7000 habitantes conta com uma unidade básica de saúde da família,
composta por duas equipes de Estratégia de Saúde da Família. Maria procura
atendimento devido tosse crônica e emagrecimento, referindo também inape-
tência, calafrios e prostração. Como fator de risco tem-se o tabagismo passivo de
longa data. A médica suspeita de tuberculose ou neoplasia pulmonar. Paciente
coleta na unidade amostras de escarro e é encaminhada para hospital terciário
na capital para prosseguir investigação. Na semana seguinte, quando os resul-
tados de baciloscopia já deveriam estar disponíveis, a unidade de saúde foi in-
formada pelo laboratório terceirizado que as amostras foram perdidas durante
240
o transporte. Além disso, ao entrar em contato com a regulação do município a
gerente da unidade é informada que ainda não há previsão de realização de pro-
pedêutica complementar na capital. Neste exemplo são fortemente retratadas
as vulnerabilidades:
A. Social e programática.
B. De gênero e renda.
C. Institucional e de acesso.
D. Individual e programática.
Gabarito: A
Comentário:
241
ciedade, principalmente por fatores socioeconômicos. A vulnerabilidade social
compreende também a aquisição e o acesso a meios de informação e grau de
escolaridade. Identificamos por várias destas características a paciente acima.
B. Gênero e renda se referem a vulnerabilidade social. Não há citação de
vulnerabilidade institucional.
C. A resposta descreve a vulnerabilidade institucional, e cita acesso à saúde,
que neste exemplo está incluído tanto na vulnerabilidade social da paciente,
quanto na própria vulnerabilidade institucional quando não há acesso aos
serviços de maior complexidade.
D. Pessoal, a vulnerabilidade individual depende do grau de consciência e
informação que os indivíduos têm sobre determinada condição e sua capacidade
de elaborar essas informações e incorporá-las ao seu cotidiano. Por exemplo,
no plano da vulnerabilidade individual, associam-se comportamentos que
criam condições de adoecer ou infectar, como por exemplo o aumento do risco
de contrair HIV quando o indivíduo pratica relação sexual desprotegida e uso
de drogas injetáveis. A vulnerabilidade individual é amplamente influenciada
pelas outras. Não é o tema central do exemplo citado. Não é a nossa resposta!
Visão do Aprovado:
Assim fica fácil entender o que a questão está pedindo. Comparando a letra A e
D, conseguimos compreender que o contexto social a que a paciente está expos-
ta é muito maior e impactante para seu processo de adoecimento do que qual-
quer comportamento individual que ela possa ter tido.
QUESTÃO 109
A importância de a população conhecer a história dos sistemas de saúde do Bra-
sil reside em sua capacidade de capacitar os cidadãos a desempenhar um papel
ativo na construção de um sistema de saúde mais inclusivo, eficiente e voltado
para as necessidades do país. O conhecimento do passado é uma ferramenta
poderosa para moldar o futuro da saúde no Brasil. Neste sentido, sobre a história
da saúde no Brasil, assinale a alternativa incorreta:
242
A. A chamada "medicina campanhista", ocorrida na república velha, levou a in-
tervenções individuais e coletivas para o combate de endemias e epidemias.
As ações eram forçadas, com o exemplo da obrigatoriedade vacinal, e muitas
vezes envolviam força policial, gerando extrema revolta e insatisfação popular.
B. O Ministério da Saúde, criado em 1953, inicialmente não provia assistência mé-
dica à população.
C. Com o INPS houve uma terceirização da saúde, com contratação de serviços
privados, de caráter curativo, individual e especializado.
D. Antes do SUS, apenas trabalhadores rurais e urbanos tinham direito à assis-
tência em saúde. Trabalhadores autônomos e demais brasileiros deveriam ser
atendidos por instituições filantrópicas.
Gabarito: D
Comentário:
Gente, questão bem direta sobre a história das políticas de saúde no Brasil. Va-
mos analisar cada alternativa para encontrarmos a incorreta.
Visão do Aprovado:
Lembrando que o INPS com uma gestão fragilizada não se sustentou, faliu e foi
substituído em 1977 pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
243
Social (INAMPS). O INAMPS foi substituído, finalmente, pelo SUS que conhece-
mos no final da década de 1980.
QUESTÃO 110
Você é um médico de família atuando na mesma unidade há 8 meses e num
momento da sua agenda para renovação de receitas, você percebe que 80% dos
pacientes hipertensos que tiveram receitas renovadas nesse período não passa-
ram por uma consulta desde a sua chegada na UBS. Dessa forma, você solicita
que as 2 ACS da sua equipe de saúde realizem um levantamento desses pacien-
tes. Elas trazem os seguintes dados. 60% desses pacientes tem mais de 65 anos;
50% desses pacientes trabalham em horário de funcionamento da UBS; 30% des-
ses paciente não conseguem chegar até a unidade por falta de transporte ou
acompanhante na consulta; 80% desses pacientes referem que tentaram agen-
dar uma consulta no posto de saúde e não conseguiram agendar. Depois disso,
você organiza visitas domiciliares para alguns pacientes, abre um horário em sua
agenda para hipertensos fora do horário comercial e por fim altera a configu-
ração da agenda reduzindo seus atendimentos pediátricos e aumentando seus
atendimentos de pacientes crônicos. Baseado no caso acima, assinale qual foi a
principal ação realizada pelo médico de família?
A. Referenciamento
B. Matriciamento
C. Classificação de risco
D. Adscrição
Gabarito: D
Comentário:
Galera, aqui temos uma situação de um médico de família que percebeu uma
baixa adesão de hipertensos em seguimento ambulatorial. Por estar pouco tem-
po ainda na unidade e não ter total conhecimento desses pacientes, o médico
solicitou um levantamento dos pacientes para entender as razões da baixa ade-
são nas consultas.
Pessoal, se o médico não conhece seus pacientes e não tem um bom vínculo, foi
solicitado uma adscrição da população, vamos lembrar o significado disso.
244
Adscrição populacional nada mais é do que uma forma de definir o perfil e co-
nhecer melhor a população de cobertura presente no território de sua UBS. Des-
sa forma, estimulando melhor vínculo e longitudinalidade dos profissionais.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 111
V. S. S., 20 anos, gestante, idade gestacional de 15 semanas, vem a Unidade Bási-
ca de Saúde (UBS) para a primeira consulta de pré-natal. Traz resultado de VDRL
com titulação 1:8. Você faz o teste rápido para sífilis na UBS, que vêm positivo.
Não apresenta sinais ou sintomas de sífilis primária ou secundária. Paciente nega
diagnóstico ou tratamento prévio para sífilis. Assinale a alternativa com a melhor
conduta frente ao caso:
Gabarito: C
245
Comentário:
ESTÁGIOS DE
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
SIFILIS ADQUIRIDA
LATENTE RECENTE
(ATÉ UM ANO Assintomática
DE DURAÇÃO)
LATENTE TARDIA
(MAIS DE UM ANO Assintomática
DE DURAÇÃO)
Referência:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
246
Estratégicos em Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e
Hepatites Virais [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,
Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Secretaria de Vigilância
em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022.
ALTERNATIVAa (EXCETO
ESTADIAMENTO ESQUEMA TERAPÊUTICO
PARA GESTANTES)
• A administração de benzilpenicilina benzatina pode ser feita com segurança na Atenção Primária à Saúde,
tanto para a pessoa com sífilis quanto suas(s) parceria(s) sexual(is).
• Parceria(s) sexual(is): se houve exposição à pessoa com sífilis (até 90 dias), recomenda-se oferta de trata-
mento presuntivo (independentemente do estágio clínico ou sinais e sintomas), com dose única de ben-
zilpenicilina benzatina 2,4 milhões, UI, IM (1,2 milhão de UI em cada glúteo). Todas as parcerias devem ser
testadas. Quando o teste de sífilis for reagente, recomenda-se tratamento de sífilis adquirida no adulto, de
acordo com o estágio clínico.
• PVHIV: as recomendações de diagnóstico e tratamento são as mesmas utilizadas para pessoas sem infec-
ção por HIV. Recomenda-se mais atenção às complicações oculares e neurológicas, que tendem a ser mais
frequentes nos pacientes com HIV. Todas as PVHIV diagnosticadas com sífilis devem ser submetidas a um
exame neurológico minucioso.
a
A benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para o tratamento adequado das gestantes.
Em não gestantes, o intervalo entre doses não deve ultrapassar 14 dias. Caso isso ocorra, o esquema deve ser
reiniciado. Em gestantes, o intervalo entre doses não deve ultrapassar 7 dias. Caso isso ocorra, o esquema
deve ser reiniciado.
247
Referência:
Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento
de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Flu-
xogramas para Manejo Clínico das Infecções Secualmente Transmissíveis. Brasí-
lia: Ministério da Saúde; 2021.
Visão do Aprovado:
Para garantir a maioria das questões sobre sífilis, o aluno deve saber: 1) como clas-
sificar a sífilis; e 2) como tratar a doença a partir da classificação. Utilize os quadros
acima, do Ministério da Saúde, para classificar e tratar adequadamente a sífilis.
QUESTÃO 112
Mulher, 81 anos de idade, diabética e hipertensa, comparece à UBS com queixa
de náuseas esporádicas e diarreia há 4 dias. Relata que no dia anterior passou por
atendimento na UPA e que trouxe os exames solicitados, onde consta uma crea-
tinina de 2,1 mg/dL (TFG CKD-EPI: 25 mL/min/1,73 m2). Diante do quadro, qual das
seguintes medicações abaixo, no momento, está contraindicada para a paciente?
A. Enalapril
248
B. Dapaglifozina
C. Anlodipino
D. Metformina
Gabarito: D
Comentário:
Visão do Aprovado:
249
QUESTÃO 113
A atenção primária à saúde é o alicerce de qualquer sistema de saúde eficaz. Ela
coloca a prevenção, o acesso universal e a continuidade do cuidado no centro
de suas operações, contribuindo para uma população mais saudável e econo-
mias mais eficientes. É um investimento valioso que beneficia tanto os indivídu-
os quanto a sociedade como um todo.
Um dos papéis fundamentais da APS é o de gerir o fluxo dos usuários entre os di-
versos pontos de atenção da rede. Assinale a alternativa que apresenta o atributo
da APS que contempla este papel.
A. Longitudinalidade
B. Cuidado Centrado na Pessoa
C. Coordenação do Cuidado
D. População Adscrita
Gabarito: C
Comentário:
Questão conceitual que nos apresenta um papel da APS e nos pergunta com
qual atributo da APS esta se relaciona. Vamos lembrar que existem atributos ca-
racterísticos que orientam a organização da APS, sendo eles:
Atributos essenciais:
• Primeiro contato: a APS deve ser preferencialmente a maneira de primeiro con-
tato do indivíduo com o sistema de saúde;
• Longitudinalidade: a APS deve ser ponto constante de cuidado do indivíduo e
sua família, criando vínculo;
• Integralidade: cuidado deve ocorrer em todos os níveis de atenção;
• Coordenação do cuidado: a APS coordena o cuidado de saúde do indivíduo
com os outros níveis de cuidado.
Atributos derivados:
• Orientação familiar: considerar o contexto familiar no qual o indivíduo se insere
ao abordar suas necessidades e incluir ferramentas de abordagem familiar no
cuidado;
• Orientação comunitária: reconhecer as necessidades da comunidade na qual o
250
serviço se insere através do seu contato com ela e dos dados epidemiológicos
disponíveis;
• Competência cultural: quando o cuidado se adapta às características culturais
da população, facilitando comunicação e relacionamentos.
Visão do Aprovado:
Pessoal, lembre-se que os princípios da Atenção Básica não são os mesmos prin-
cípios do SUS! Relembrando que os princípios éticos/doutrinários do SUS são:
universalidade, integralidade e equidade. Já os organizacionais/operativos são:
descentralização, regionalização, hierarquização, participação social, resolubili-
dade e complementaridade.
QUESTÃO 114
É realizada pesquisa de sangue oculto nas fezes para rastreamento de câncer co-
lorretal em pacientes divididos em dois diferentes grupos. O grupo A é composto
por pessoas de 50-70 anos, com uma ou mais das seguintes comorbidades: taba-
gismo, etilismo, diabetes e dislipidemia. O grupo B é composto por pessoas previa-
mente hígidas, sem adições, e que possuem idade entre 20-40 anos. Qual interpre-
tação abaixo é correta em relação ao valor preditivo positivo (VPP) do exame?
251
Nível de dificuldade: Fácil
Gabarito: C
Comentário:
Pessoal, VPP e VPN não são características intrínsecas do teste. Seus resultados
são variáveis e dependem do número de pessoas doentes (prevalência) na po-
pulação em que o teste é aplicado. Aqui, estamos diante de dois grupos de pa-
cientes com características discrepantes. Sabemos que o câncer colorretal tem
sua prevalência aumentada com a idade, e dependendo de fatores de risco e
comorbidades à que a população está exposta. Em qual destes exemplos acima
vocês acreditam que a prevalência deste tipo de câncer é maior? Exatamente, no
grupo A! Guardem esta informação: quanto maior for a prevalência da doença,
maior será o VPP e menor será o VPN.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 115
A tabela abaixo mostra qual a eficácia do rastreamento com mamografia na re-
dução da mortalidade global e por câncer de mama. Analisando os dados, assi-
nale a alternativa INCORRETA.
252
RISCO ESTIMADO (IC 95%)
N° TOTAL DE
MEDIDA DE EFEITO
DESFECHOS PARTICIPANTES E N°
(IC 95%)
GRUPO DE GRUPO DE TOTAL DE ESTUDOS
COMPARAÇÃO INTERVENÇÃO
MORTALIDADE
292.958 (4 estudos
GERAL (TODAS RR: 0,99 (0,95 - 1,03)
adequadamente
AS FAIXAS (revisão sistemática
randomizados e 13 anos
ETÁRIAS da Cochrane)
de seguimento)
ESTUDADAS)
MORTALIDADE
ESPECÍFICA RR: 1,15 (0.85 - 1,30)
505 / 44.910 500 / 44.925 2 estudos
(DE 40 A 59 (Miller, 2014)
ANOS)
253
A. As metanálises da CTFPHC e da Cochrane não encontraram resultados esta-
tisticamente significativos de redução da mortalidade geral em nenhuma das
faixas etárias estudadas.
B. Quando avaliada a redução de mortalidade específica em pacientes subme-
tidas ao rastreamento com mamografia na faixa etária de 70 a 74 anos, não
houve resultados estatisticamente significativos.
C. O resultado do estudo que incluiu mulheres de 40 a 59 anos, não evidenciou
associação significativa da mortalidade por câncer de mama.
D. O resultado da metanálise feita por Leung et al. (2002), demonstrou um au-
mento de 20% na mortalidade (RR 0,80; IC 95%: 0,71 - 0,90).
Gabarito: D
Comentário:
254
ne), na linha "mortalidade geral", em todas as faixas etárias teve seu intervalo
passando pelo valor 1,00 (ou seja, abaixo de 1,00 e acima de 1,00), o que signifi-
ca que realmente não foram encontrados resultados estatisticamente signifi-
cativos de redução da mortalidade (não houve associação).
B. Vamos lá, aqui o autor pede que olhemos a redução da mortalidade específica
(ou seja, por câncer de mama) nas pacientes com faixa etária de 70 a 74 anos.
Ambos os estudos (revisão da USPSTF e CTFPHC) obtiveram intervalos de con-
fiança que passam pelo valor 1,00 (0,73 - 1,72 e 0,45 - 1,01 respectivamente), ou
seja, não houve resultados estatisticamente significativos.
C. Mais uma vez, vamos olhar os dados do estudo que a alternativa traz: linha de
mortalidade específica para a faixa etária de 50 a 59 anos. Pronto, encontramos o
intervalo de 0,85 - 1,30. Ou seja, se passou pelo valor 1,00, não evidencia associação
significativa da mortalidade por câncer de mama entre os grupos de intervenção.
D. Pronto, achamos a nossa resposta. Vamos interpretar: o estudo em questão
(metanálise feita por Leung et al, 2002), ou seja, mortalidade específica em to-
das as faixas etárias, mostra um RR de 0,80, ou seja, fator de proteção! Além dis-
so, o intervalo de confiança evidencia uma associação significativa, não é? Pois
ele não passa por 1,00, ele se mantém abaixo 1,00 todo tempo! Então, vamos
pensar juntos: temos um fator de proteção, logo temos diminuição na morta-
lidade, e não aumento, como está na alternativa. Como o enunciado pede que
encontremos a afirmativa incorreta, esta é realmente a nossa resposta.
Visão do Aprovado:
Não esqueçam que cada medida de associação possui uma "preferência" por um
tipo de estudo epidemiológico:
ESTUDOS
MEDIDA DE ESTUDOS QUE MAIS USAM
QUE MAIS FÓRMULA
ASSOCIAÇÃO O QUE AVALIA
USAM
a
Coorte A chance de um indivíduo
RISCO IE a+b
ou ensaio com a exposição RR = =
RELATIVO IĒ с
clínico desenvolver a doença
c+d
A chance de um indivíduo
Caso doente ter sido exposto
ODDS RATIO a+d
controle É uma aproximação RP =
b+c
do RR
A relação entre a a
RAZÃO DE prevalência de uma doença PE a+b
Transversal RP = =
PREVALÊNCIA entre indivíduos expostos e PĒ с
indivíduos não expostos c+d
255
QUESTÃO 116
Em um estudo foram coletados dados de 105 pacientes que apresentaram sin-
tomas respiratórios e buscaram atendimento médico em uma clínica localizada
na região durante um período de seis meses. As informações demográficas, sin-
tomas clínicos, histórico de viagens e resultados de exames laboratoriais foram
coletados durante a anamnese, por meio de questionários. Os dados foram com-
pilados e analisados utilizando-se medidas de tendência central, como média e
mediana, para variáveis contínuas, e frequências absolutas e relativas para variá-
veis categóricas. Gráficos e tabelas foram utilizados para visualização dos resulta-
dos. O estudo busca identificar as características clínicas e epidemiológicas dos
casos, além de fornecer informações úteis para o controle e prevenção da infec-
ção respiratória na comunidade. Assinale a alternativa que condiz com o tipo de
estudo apresentado.
Gabarito: D
Comentário:
256
a pesquisa em questão fez essa seguimento por 6 meses, mas notem que não
há o grupo comparativo.
B. Lembrem-se, um estudo caso-controle envolve selecionar dois grupos - um
grupo de casos com a condição de interesse e um grupo de controles sem a
condição - e analisar retrospectivamente a exposição a determinados fatores.
C. O estudo coletou dados de múltiplos pacientes (105) e buscou descrever as
características clínicas e epidemiológicas desses casos, o que indica que é
uma série de casos e não um relato isolado.
D. Como vimos acima, esta é a nossa resposta.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 117
Analise o gráfico abaixo sobre a eficácia da intervenção familiar para portadores
de esquizofrenia em tratamento ambulatorial.
257
Fonte: Rodrigues et al. (2008)
Gabarito: C
258
Comentário:
Visão do Aprovado:
259
o estudo Xiong et al, parece tocar o 1, mas no intervalo de confiança apresenta-
do ao lado é de 0,31-0,97, ou seja, é um estudo que teve significância estatística,
como fator de proteção.
QUESTÃO 118
Analise o gráfico abaixo, extraído de um estudo ecológico realizado nos Estados
Unidos, em que cada ponto representa um estado. Assinale a alternativa correta:
260
Nível de dificuldade: Fácil
Gabarito: C
Comentário:
261
C. É a nossa resposta!
D. Como explicamos, essa não é nossa resposta.
Visão do Aprovado:
QUESTÃO 119
O diagnóstico precoce da Doença de Kawasaki é importante para prevenir o de-
senvolvimento de doenças cardíacas em crianças. Um grupo de pesquisadores
de Taiwan desenvolveu um modelo diagnóstico para diferenciar crianças com
Doença de Kawasaki de crianças com febre por outros motivos. Esse modelo foi
criado através de aprendizagem automática (machine learning) com parâmetros
laboratoriais objetivos. Segue abaixo a curva ROC (Receiver Operating Characte-
ristic) com a capacidade de predição do modelo. A área sob a curva (AUC; area
under the curve) ROC é de 0,980 (95% IC 0,974 - 0,987).
262
Assinale a alternativa correta:
Gabarito: C
Comentário:
A área sob a curva determina a acurácia do teste: quanto maior a área, maior a
acurácia. AUC de 1 significa que a sensibilidade e a especificidade são de 100%, ou
seja, o teste é altamente acurado. Já quando a AUC é < 0,5, o teste não é capaz de
diferenciar positivos de negativos.
A. Curvas abaixo da linha de referência tem AUC menor que 0,50, ou seja, tem
menor acurácia.
B. Como vimos anteriormente, quanto mais próximo do quadrante superior
esquerdo do gráfico, maior a sensibilidade e a especificidade
263
C. Quanto mais próximo de 1, melhor a acuidade diagnóstica do teste.
D. É o contrário, quando a área sob a curva ROC é menor que 0,5, o teste diagnós-
tico é incapaz de diferenciar positivos e negativos.
Visão do Aprovado:
A Curva ROC cai com menos frequência nas provas de residência, mas quando
cair, é interessante que o aluno garanta a questão. Pontos importantes para gravar:
• Quanto mais próximo o ponto de corte estiver do quadrante superior esquerdo
do gráfico, maior a sensibilidade e a especificidade do teste;
• A área sob a curva determina a acurácia do teste: quanto maior a área, maior a
acurácia.
QUESTÃO 120
Foi realizado um estudo randomizado para avaliar a indicação de um novo an-
ticoagulante oral no tratamento adjuvante da fibrilação atrial, com objetivo de
redução do risco para a formação de trombos. Durante a pesquisa, observou-se
que é necessário submeter 6 pacientes ao novo anticoagulante para que 1 even-
to trombótico seja evitado. Entretanto, um dos efeitos colaterais esperados de
alguns medicamentos desta classe é o risco de hemorragia. Por conta disso, ava-
liou-se concomitantemente o risco de evento hemorrágico.
A. 0,005
B. 200
C. 0,1
D. 10
264
Nível de dificuldade: Moderada
Gabarito: B
Comentário:
Pessoal, O NNH é uma espécie de NNT, com o cálculo igual e com a mesma lógi-
ca. Porém, ele é utilizado para avaliar desfechos ruins do tratamento, como um
efeito colateral. No nosso caso, é o risco de causar hemorragia.
Vocês lembram que para achar o NNT calculamos a redução do risco absoluto
(RAR) e depois aplicamos na equação (NNT = 1/ RAR)? Para encontrar o NNH fa-
zemos o mesmo cálculo do NNT, só que levando em consideração o desfecho
desfavorável ao invés do terapêutico.
Vamos relembrar e montar nossa tabela 4x4 para ajudar a compreender de onde
vamos achar o nosso RT e o RC.
EVENTO DE INTERESSE
(DESFECHO)
INTERVENÇÃO
a b RT = a/(a+b)
(TRATADO)
CONTROLE c d RC = c/(c+d)
I) RT = 45 / (45 + 955)
RT = 0,045 ou 4,5 %
265
Agora, o NNH é igual a [1 / (RC - RT)]
NNH = 1 / (0,05 - 0,045)
NNH = 1 / 0,005.
NNH = 200
Portanto, 200 pacientes precisam ser submetidos à intervenção para que 1 even-
to hemorrágico ocorra. Quanto menor o NNT maior o benefício e quanto maior o
NNH, menos prejudicial.
RT
RRR = 1 - RR ou 1 -
RC
Visão do Aprovado:
266
267