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acerca do mundo, do ser humano e da

pró pria vida


O QUE É A FILOSOFIA?  Atividade prá tica de procura de
sabedoria – Visa encontrar novas
 Há muitas respostas a esta pergunta maneiras de conceber o mundo e a vida,
porque nem todos os filó sofos pensam definir o projeto da nossa existência,
da mesma maneira. decidir o que queremos ser e buscar o
 Sentido etimoló gico do termo Filosofia autoaperfeiçoamento.
– Philo (amigo, o que deseja, o que busca, o que ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
ama) + Sophia (sabedoria, saber,
 Autonomia: os filó sofos fazem um uso
conhecimento)
pró prio da razã o, independentemente
– Termo criado por Pitá goras de dogmas, preconceitos e ideias feitas.
A filosofia é uma atividade livre, nã o se
– Filosofia como uma procura e nã o como sujeitando a qualquer tipo de
posse / Filó sofo ≠ sá bio constrangimentos ou tutelas. O filó sofo
– Estuda a totalidade do real, o todo, tudo é aquele que pensa e age por si,
aquilo que se apresenta ao homem. orientando-se por finalidades que
reconhece como suas.
 O homem tem uma necessidade natural  Radicalidade: procura os fundamentos
de compreender o que o rodeia – o ou a origem de todas as coisas.
universo. Interessa ao filó sofo a indagaçã o das
primeiras causas, dos primeiros
No dia a dia o homem depara-se com
princípios, da sua razã o de ser. A
situaçõ es que lhe provocam admiraçã o –
filosofia pretende ir à raiz dos
espanto. Tais como situaçõ es de injustiça,
problemas, ao porquê ú ltimo das coisas.
violência, guerra, doença, morte, catá strofes
 Historicidade: embora os filó sofos
naturais, etc. Do espanto nasce a interrogaçã o.
desenvolvam uma reflexã o pessoal
O espanto e a consequente interrogaçã o nã o
inserida na histó ria do pensamento,
sã o exclusivos do filó sofo, todo o homem tem a
respondem a problemas marcantes da
capacidade de se interrogar.
sua época, ainda que as suas respostas
 A filosofia nã o se limita a formular possam perdurar para além do seu
interrogaçõ es, a pô r dú vidas, ela vai tempo. A filosofia é um pensar situado
encontrando respostas ou soluçõ es no tempo e no espaço. A filosofia nã o
para as questõ es que levanta, as quais está fora do mundo é uma atividade que
se constituem como um saber, o saber acontece na histó ria humana.
filosó fico.  Universalidade: as reflexõ es dos
filó sofos abordam problemas que
A FILOSOFIA É UMA: dizem respeito a toda a humanidade.
Nenhum assunto está , à partida,
 Atividade intelectual de procura do
excluído da reflexã o filosó fica.
conhecimento – Atitude reflexiva e
problematizadora; atitude crítica e
antidogmá tica; exercício de dú vida; PROBLEMAS E QUESTÕ ES
curiosidade e desejo de conhecer
DA FILOSOFIA
 Reflexã o crítica sobre o conhecimento e
o mundo – Conjunto de respostas que
se foram constituindo como teorias
QUESTÕES FILOSÓFICAS FILOSOFIA CIÊNCIA

A preocupação de generalização das perguntas da filosofia, Objetivo  Objetivo  explicar


compreender o factos, estabelecendo
leva a que se tente evitar a máximo a singularização das
homem, o mundo e a leis
perguntas ou seja a referência a sujeito particulares
vida

Assim: Objeto  total ou Objeto  particular


integral, investiga a (diversidade de ciências)
 Deve- se formular as perguntas na 3ª pessoa totalidade do real
 Expressões a utilizar “devemos …?”, “é ilícito...”,
“é legitimo…?”, “pode-se…” é possível…?” Pluralidades de Métodos específicos
métodos
 Os verbos devem ter uma forma indefinida “é
necessário…?”, “será preciso…?” Trabalho individual Trabalha em equipa
 Pode recorrer-se ao determinado “o”, “a” o que (filosofar é pensar por si
dá universalidade à análise mesmo)
 As questões negativas não são admissíveis, pois
As teorias não exigem As teorias científicas
estas tiram o propósito de suprimir um dos reconhecimento e exigem o
termos de alternativa aceitação universais reconhecimento da
 As questões filosóficas não têm solução comunidade científica
científica ou técnica.
A validade do A validação do
 As questões filosóficas não são questões de conhecimento filosófico conhecimento científico
facto. depende da qualidade exige provas
 As questões filosóficas ultrapassam o campo da argumentação factuais/demonstração
experimental
da legalidade.

PROBLEMAS FILOSÓFICOS
RACIONALIDADE
 Problemas reais
 Problemas concetuais e não problemas empíricos ARGUMENTATIVA
 Há problemas filosóficos colocados pela
Para responder aos problemas que colocam, os filósofos
Filosofia que as ciências também investigam, apresentam teses e desenvolvem teorias
mas há problemas especificamente
filosóficos.  Tese  ideia/posição que se quer
afirmar/defender a propósito de um dado

CIENCIA E FILOSOFIA problema/questão em aberto


 Argumentos  motivos/razões que provam ou
refutam uma tese
• A Filosofia e a Ciência são duas formas de saber
distintas e complementares. Argumentar bem  raciocinar bem

São necessários os seguintes instrumentos

 Conceitos
 Juízos
 Raciocínios

CONCEITOS

Representação mental, abstrata e geral que reúne as


características e comuns a uma classe de seres de uma
classe diferente – elemento básico do pensamento


• Já a frase Lisboa é a capital de Portugal é
diferente, uma vez que afirma ou nega algo. A
este tipo de frases chamamos frases
declarativas.

• Proposiçã o é o que é afirmado ou negado


numa frase declarativa.

• Juízo é o processo mental que permite


construir proposiçõ es.

•Os juízos estabelecem relaçõ es entre


conceitos.
• Problematizar é descobrir e formular
problemas que desafiem a nossa reflexão a
passar para além dos significados imediatos Os Conceitos/termos designam um conjunto de
das situações.
características essenciais de uma classe de
• Conceptualizar é elaborar conceitos, isto é, seres ou objetos.
noções gerais organizadoras da pluralidade da
• Os conceitos sã o:
experiência humana.
– Universais (aplicam-se a todos os elementos
• Argumentar é construir um conjunto de
da classe)
proposições articuladas logicamente de modo
a justificar uma posição ou tese. – Abstratos (o seu significado expressa as
Uma vez que para argumentar é preciso raciocinar propriedades essenciais comuns a essa classe,
(ou fazer inferências válidas), são necessários, de um ignorando as diferenças particulares e
ponto de vista lógico, os seguintes instrumentos: concretas dos seus elementos).

1. Argumentos.

2. Proposições.
A Ação Humana e os Valores
3. Conceitos/termos.
-Significado do termo açã o
• Argumento é uma sequência de proposiçõ es
organizadas de tal modo que a conclusã o a que O termo açã o é usado com significados
chegamos tem por base outra ou outras diferentes:
proposiçõ es a que chamamos premissas. – Dizemos que a açã o das cegonhas é benéfica
Exemplo: Todos os homens sã o mortais. para a agricultura ou que a gravitaçã o é uma
Só crates é um homem. Logo, Só crates é mortal. forma de açã o à distâ ncia.
Um argumento é, portanto, constituído – Dizemos indiferentemente agiu bem ou fez
por proposiçõ es, embora nem todas as frases bem, usando os termos agir e fazer como
que proferimos sejam proposiçõ es. sinó nimos.
• Por exemplo, as expressõ es “grande seca! ”,
-Etimologia
“sai imediatamente” ou “que horas sã o?” nã o
sã o proposiçõ es, o conteú do nelas expresso nã o • O termo fazer (do latim facere) tem um
tem valor de verdade. sentido mais amplo do que agir
• O termo agir ou açã o (do latim agere) designa • Resulta de deliberaçã o (convém
apenas algumas das nossas atividades (ver ir ou nã o?)
texto 1, pá g. 51)
• Há decisã o voluntá ria de um
-O que acontece e o que fazemos agente (vou!)

O que acontece • Há uma intençã o (comprar um


medicamento)
• Eventos humanos: observá veis, nã o se sabe a
intençã o; nã o se conhecem os motivos (ex: • Há um motivo (estar doente)
tropeçar e cair)
-Definição de Ação
• Eventos puros: nã o partem do sujeito; o
É uma interferência consciente e
sujeito é recetor; o sujeito é agido. (ex: falhar a
voluntá ria do agente no normal decurso das
tinta da caneta)
coisas que, sem essa interferência, seguiriam
O que fazemos um caminho distinto.

• Parte do sujeito; o sujeito é ator; o sujeito é


agente. (ex: estudar para o teste)
-Rede conceptual da açã o
-Ação e Acontecimento
Para haver uma açã o é necessá rio:
• Os termos açã o e agir designam apenas
•Um agente ou sujeito da açã o;
os comportamentos:
– Com consciência – perceçã o que é o autor da
• Intencionais
açã o;
• Conscientes
– Com uma intençã o – quê, que faz;
• Voluntá rios
– Com um motivo – porque faz;
• Está excluído do conceito de açã o:
– Dotado de livre-arbítrio ou vontade –
• O que os animais fazem. capacidade de opçã o e de decisã o. (ver texto 2,
pá g. 51)
• Os movimentos que fazemos a dormir.

• As reaçõ es automá ticas (fisioló gicas ou


psicoló gicas). -Consciência, inteligência, vontade, corpo
Exemplo • A consciência identifica (a
intençã o e o motivo)
Constipar-se nã o é uma açã o porque:
• A inteligência delibera (avalia as
• Constipar-se é algo que acontece
opçõ es)
a uma pessoa
• A vontade decide (escolhe uma
• Nã o há interferência da sua
das opçõ es)
vontade
• O corpo executa (põ e em
Ir voluntariamente à farmá cia é uma açã o
movimento)
porque:
-O voluntário e o involuntário
Definimos açã o como uma interferência -Entã o, que significa “querer”?
consciente e voluntá ria do agente
Significa:
Agora perguntamos:
• Decidir, assumindo o involuntá rio
• O agente decide sempre em funçã o de razõ es
que ele pró prio escolheu? • Consentir, conciliando o voluntá rio e o
involuntá rio
• Conhece todos os motivos que o movem?
• Agir, movendo o corpo
• Existem motivaçõ es nã o conscientes?
-A decisã o é, portanto, um ato da
Alguns autores nã o reconhecem à
vontade
vontade poder para optar (apesar de
reconhecerem à vontade humana o poder de A vontade:
optar e decidir). Outros reconhecem esse
poder, mas afirmam que a subjetividade • Define um projeto, assumindo um propó sito
humana também integra força se tendências baseado em razõ es ou motivos (alguns motivos
inconscientes resistentes ao poder da vontade. podem ser inconscientes ou conter elementos
involuntá rios)

• Concretiza a intençã o (mobilizando o corpo,


As forças que podem constituir motivaçõ es intervindo na realidade)
involuntá rias sã o:
• Harmoniza os elementos voluntá rios e
1. Qualidades do cará ter que constituem o involuntá rios, responsabilizando o agente.
nosso modo de ser (costumamos chamar-lhes
índole ou temperamento - exemplo: tendência
espontâ nea para ser egoísta, rancoroso,
-Condicionantes da ação
vingativo ou colérico, ou para ser boa pessoa,
generoso e solidá rio) • Condicionantes físico-bioló gicas e
psicoló gicas (conferem aptidõ es mas
2. Forças e tendências de que nã o nos
condicionam as açõ es)
apercebemos, mas que também influenciam a
decisã o • Patrimó nio genético (sexo, cor de pele, olhos,
inteligência…).

• Ambiente (recursos materiais, clima, etc.).


Embora estas qualidades do cará ter e as forças
e tendências inconscientes nã o resultem de • Personalidade (força de vontade,
uma escolha da vontade, têm de ser integradas conformismo, timidez).
e harmonizadas no interior da vontade. É por
tudo isto que o processo da deliberaçã o e da Condicionantes histó rico-só cio-culturais
decisã o é um processo complexo e conflituoso (noutra época e noutro lugar cada um de nó s
(sobretudo nos casos em que motivaçõ es seria diferente)
afetivas, desejos e forças inconscientes ou
• É poca histó rica
instintos bá sicos como o de sobrevivência -
opõ em resistência a motivaçõ es de ordem • O meio sociocultural
racional).
Socialização é o processo de integraçã o de Em suma: o determinismo radical defende a
uma criança numa determinada sociedade incompatibilidade entre determinismo e
(implica a assimilaçã o da cultura a que liberdade.
pertence).
• Indeterminismo
Cultura é o conjunto de formas que um grupo • Para a física contemporâ nea é impossível
social adotou para tratar de todos os prever o comportamento de um dado sistema
problemas que lhe sã o comuns, que herda e de micropartículas da matéria.
transmite à s geraçõ es seguintes.
• Elas comportam-se de modo diferente em
cada momento, sem que se possa encontrar a
causa dessa mudança
-Teorias acerca do problema do livre-
arbítrio
• Determinismo radical (incompatibilismo) • Determinismo moderado
• Indeterminismo (compatibilismo)

• Determinismo moderado (compatibilismo) • Parte do conceito comum de liberdade e aceita


a convicção de que poderíamos ter feito outra
• Libertarismo coisa se o tivéssemos escolhido.

FILOSOFIA CIÊNCIA
• Determinismo radical Objetivo  Objetivo  explicar
(incompatibilismo) compreender o factos, estabelecendo
homem, o mundo e a leis
Determinismo é um conceito importado da vida
física clá ssica Objeto  total ou Objeto  particular
integral, investiga a (diversidade de ciências)
Afirma: se cada acontecimento no mundo totalidade do real
decorre necessariamente da série de Pluralidades de Métodos específicos
acontecimentos que o antecederam, entã o métodos
tendo ocorrido o fenó meno X, causa de Y, este Trabalho individual Trabalha em equipa
ú ltimo tem de ocorrer. (filosofar é pensar por si
mesmo)
• Todos os acontecimentos, inclusive as opçõ es
As teorias não exigem As teorias científicas
humanas, sã o causados por acontecimentos
reconhecimento e exigem o
anteriores. aceitação universais reconhecimento da
comunidade científica
• Num mundo regido por leis determinísticas,
A validade do A validação do
as açõ es e os acontecimentos sucedem-se em
conhecimento filosófico conhecimento científico
cadeias causais. depende da qualidade exige provas
da argumentação factuais/demonstração
• Nã o podemos interferir nessas ocorrências experimental
(mesmo que tenhamos consciência delas).

• As leis que as regem nã o estã o minimamente


sob o nosso controlo.

• A existência de livre-arbítrio é incompatível


com o determinismo.

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