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oferecida por esses novos catalisadores, deve-se in- ratura científica, pode-se afirmar que apenas a série de
vestigar e desenvolver mecanismos que evitem tal in- trabalhos desenvolvidos por Chiovetta e colaborado-
conveniente. Um dos métodos mais empregados na res[10-12] tentou construir um modelo matemático que
indústria é a pré-polimerização, que consiste na mostrasse a importância da etapa de fragmentação so-
polimerização da partícula de catalisador em condi- bre o restante da polimerização; ou seja, o efeito de
ções brandas. Embora este processo permita o con- um breve período de poucos segundos sobre o restante
trole da morfologia da partícula de polímero em da reação, que pode levar horas. Isto significa que a
crescimento e evite o aparecimento de pontos quen- maioria dos modelos existentes na literatura não é ade-
tes no interior do reator, ainda não foi completamen- quada para a representação do estágio inicial da
te estudado e compreendido. polimerização de olefinas via catálise heterogênea.
Sabe-se que o fenômeno dominante nos instan- Este trabalho propõe o desenvolvimento de uma
tes iniciais da polimerização é a fragmentação, que metodologia baseada em modelo matemático que
consiste na quebra do suporte original em pequenas permite qualificar a morfologia das partículas resul-
partículas. Entretanto, isto pode ocorrer de forma tantes da ruptura do catalisador suportado durante os
descontrolada, formando partículas muito pequenas estágios iniciais da reação de polimerização. A idéia
e com morfologia irregular, resultando também em central do método baseia-se na verificação da capa-
sérios problemas operacionais. cidade da partícula em dissipar energia resultante do
Embora seja fundamental para a continuidade da acúmulo de tensões em seu interior durante o cresci-
polimerização, a fragmentação ainda não foi total- mento. Esta análise é feita por intermédio de um ba-
mente elucidada. Sua observação experimental é lanço de energia entre as quantidades acumulada e
muito difícil, pois ocorre em questão de segundos e dissipada. Para tal, um modelo dinâmico da reação
num nível submicroscópico, havendo poucos traba- de pré-polimerização de olefinas[13] é utilizado para
lhos publicados na literatura[3]. Recentemente, Pater calcular as grandezas envolvidas.
et al.[4] fizeram um avanço considerável na investiga-
ção experimental. Eles montaram um pequeno reator A Fragmentação do Catalisador Suportado
para realizar a polimerização em lama do propileno a
baixas taxas de reação, permitindo o estudo sistemá- Os catalisadores organometálicos suportados em
tico das partículas formadas. O rendimento da pré- material inorgânico poroso (normalmente sílica ou
polimerização variou de 0,3 a 50 gramas de cloreto de magnésio) constituem usualmente as par-
polipropileno por grama de catalisador empregado. tículas de catalisador empregadas na polimerização
A morfologia das partículas de pré-polímero assim de olefinas em meio heterogêneo. Ao serem
produzidas foi analisada em microscópio eletrônico introduzidas num ambiente reacional, as partículas
de varredura, esclarecendo alguns aspectos do pro- de catalisador entram em contato com as moléculas
cesso de ruptura do suporte e crescimento do de monômero, determinando o início da reação de
polímero. polimerização. As moléculas de monômero são
Por outro lado, ainda não há métodos analíticos adsorvidas pelos sítios ativos presentes na superfície
conclusivos que descrevam apropriadamente a e no interior da partícula. À medida que a reação avan-
fragmentação e possam ser usados para inferir como ça, a expansão da fase polimérica leva a um acúmulo
conduzir a reação de forma a se obter pré-polímero de tensão mecânica no interior da partícula, que pode
com as propriedades desejadas. Os modelos mate- resultar na ruptura ou não do suporte em considera-
máticos utilizados para simular os processos de ção[14]. A quebra do suporte original em partículas
polimerização de olefinas admitem geralmente que a menores aumenta a área específica e porosidade da
partícula de catalisador fragmenta-se de forma ho- partícula de catalisador, sendo fundamental para a
mogênea e controlada logo no início da reação, sen- continuidade da polimerização e para a estrutura fi-
do que o tempo necessário para que a quebra do nal do polímero. Conhecendo-se o mecanismo de
suporte se complete, da ordem de segundos ou me- fragmentação da partícula durante os estágios inicias
nos, é neglicenciado. Esta hipótese é a base do mo- da polimerização, pode-se inferir a respeito do curso
delo multigranular [5-7] e do modelo do fluxo da reação, bem como estimar a morfologia da partí-
polimérico[8,9]. Após uma análise cuidadosa da lite- cula de polímero produzida.
Admitindo que o acúmulo de tensões é que pro- é reconhecido como a taxa de polimerização. Substi-
voca a quebra do suporte, a modelagem matemática tuindo estas duas últimas expressões na Equação (5),
proposta fundamenta-se em analisar a capacidade da obtém-se:
partícula em dissipar a energia acumulada, por inter-
dE
médio de um balanço de energia entre as quantidades = 4π ⋅ r 2 ⋅ ∆r ⋅ K ⋅ R p (8)
dt
dissipada e acumulada.
Considerando-se que uma partícula de catalisador
que relaciona a variação temporal de energia acumu-
suportado seja uma calota esférica isotrópica de vo-
lada no interior da partícula com a quantidade de
lume dV, a energia E acumulada por causa do acúmulo
polímero produzido (Rp), levando-se em consideração
de tensões pode ser dada por:
as características particulares do polímero (K) por uni-
dE = p ⋅ dV (1) dade de volume numa determinada calota esférica.
A fim de alcançar alta atividade de polimerização,
onde p é a pressão interna resultante do acúmulo de
a partícula de catalisador deve ser escolhida (mate-
polímero nos canais da partícula de catalisador. Por-
rial do suporte, tamanho da partícula, porosidade, etc.)
tanto, a taxa de geração de energia na calota esférica
de forma a garantir que a fragmentação ocorra logo
de espessura ∆r é:
no início da reação. Sendo assim, as partículas não
dE ∂p devem ser capazes de acumular uma quantidade signi-
= 4π ⋅ r 2 ⋅ ∆r ⋅ (2)
dt ∂t ficativa de energia. Na verdade, a energia gerada deve
Admitindo-se que uma equação de estado pode ser de alguma forma dissipada pela partícula. Espe-
ser usada para avaliar a dependência da concentração ra-se que o meio tenha capacidade de dissipar energia,
mássica do material polimérico (P) com a pressão e ou na forma de ruptura do suporte, ou de deformação
a temperatura: da massa polimérica. Admitindo-se que a capacidade
de dissipar energia dependa da quantidade de polímero
∂P ∂P ∂p ∂P ∂T agregado à partícula original, tem-se:
= + (3)
∂t ∂p T ∂t ∂T p ∂t
= f (P ) ⋅ 4π ⋅ r 2 ∆r
dE d
(9)
dt
Contudo, admitindo-se que a variação de pressão
é dominada pelos efeitos da variação da densidade onde f(P) caracteriza a capacidade da partícula em
do material no interior da partícula, é razoável que o dissipar energia. Para a partícula original, f(P) repre-
segundo termo seja desprezado, chegando-se a: senta a resistência à tração ou compressão do supor-
te. Quando a partícula está repleta de polímero, f(P)
∂p ∂p ∂P
= (4) assemelha-se à resistência ao impacto deste material,
∂t ∂P T ∂t
pois é razoável supor que a massa polimérica tenha
capacidade muito maior de dissipar energia que o
que substituída na Equação (2), fornece a seguinte
suporte catalítico.
expressão para a taxa de geração de energia:
Sendo o meio incompressível (K muito grande),
dE ∂p ∂P (5) a estrutura isotrópica da partícula faz com que a ener-
= 4π ⋅ r 2 ⋅ ∆r ⋅
dt ∂P T ∂t gia seja dissipada na calota esférica de espessura R -
r, que circunda o ponto de acúmulo de energia (r), ou
Observa-se que: seja, onde está ocorrendo a quebra do suporte. A sa-
ber, R é o raio da partícula. Sendo assim, o total de
∂p
=K (6) energia dissipada nessa calota é dado por:
∂P T
R
dE d
= ∫ f (P ) ⋅ 4π ⋅ ξ 2 dξ (10)
é o módulo de compressão específico do material dt I r
polimérico. Por outro lado,
Cabe ressaltar que a Equação (9) representa a
∂P
= Rp (7) energia dissipada numa camada de espessura
∂t
infinitesimal, enquanto a Equação (10) fornece o to-
∂M Resultados e Discussão
r = R: DM ⋅ = kM ⋅ (Mb −M)
∂r
∂S O modelo do processo de fragmentação foi apli-
DS ⋅ = kS ⋅(Sb −S)
∂r (27) cado ao processo de pré-polimerização do propileno
∂P em fase gasosa definido em trabalho anterior[13]. A
= Rp
∂t r=R
cat
Tabela 1 apresenta as condições operacionais e as
∂T principais propriedades térmicas, físicas e de trans-
ke ⋅ = h(Tb −T)
∂r porte usadas nas simulações.
A fim de exemplificar a aplicação do modelo de
e a restrição termodinâmica: pré-polimerização, a Figura 1 apresenta curvas típicas
de concentração mássica de polímero, obtidas como
M P S I resultado das simulações. É importante ressaltar que
+ + + =1 (28)
ρM ρP ρS ρI os perfis de polimerização mostrados na Figura 1
τ 4 ρmax (N/cm2) 50
2
Onde v é a velocidade do gás; E343 é a energia de ativação; kf é a f(P) (N/cm .s) 101,6
condutividade térmica do fluido; µM é a viscosidade do monômero; ε é a
K (N.cm/g) 3,8 x 105
porosidade; e τ é o fator de tortuosidade.
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