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PRINCIPAIS CONCEITOS
• A anestesia venosa vem sendo cada vez mais usada como anestesia de
escolha para os mais diversos procedimentos cirúrgicos.
• Fármacos com T1/2 Ke0 curtos possuem constante Ke0 alta e início de
ação rápido.
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Introdução
Em 1934 foi dada a largada para a anestesia venosa moderna, com a
introdução do tiopental (1). Foi um grande avanço na época a indução venosa
da anestesia e os barbitúricos ocupam hoje um lugar mais histórico do que
prático na anestesia. Seu perfil de acúmulo nas infusões contínuas não permite
o uso nas técnicas de anestesia venosa total.
O propofol surgiu nos anos 70, e em 1977 um estudo clínico realizado
por Kay e Roll demonstrou sua capacidade hipnótica (2). A partir de então,
seu uso foi difundido de forma ampla e, atualmente, é o anestésico venoso
mais utilizado. Além de proporcionar indução rápida e profunda, o propofol
tem propriedades farmacocinéticas que o tornam o hipnótico de escolha na
técnica de anestesia venosa total.
O desenvolvimento de opióides modernos, como o remifentanil, e o uso
de bloqueadores neuromusculares mais seguros resultou no desenvolvimento
de uma técnica segura de anestesia venosa total.
O conceito de anestesia venosa total engloba somente o uso de anes-
tésicos venosos, sem o uso em nenhum momento de agentes inalatórios,
como o protóxido ou qualquer halogenado.
Propofol
O propofol é do grupo dos alquilfenóis que foram explorados pelas suas
propriedades hipnóticas. Os alquilfenóis são altamente solúveis em lipídios e
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são insolúveis em solução aquosa. A formulação mais utilizado é o de propofol
a 1%, com 10% de óleo de soja, 1,2% de fosfolípide de ovo adicionado como
emulsionante, 2,25% de glicerol como um agente de ajuste de tonicidade e
hidróxido de sódio para alterar o pH. Devido a possibilidade de crescimento
microbiano na emulsão, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) foi adicio-
nado (bacteriostático). O propofol possui um pH de 7 e aparece como uma
substância branca leitosa ligeiramente viscosa devido a pequenas gotículas
lipídicas em solução. Existe uma formulação a 2%. Todas as formulações dis-
poníveis comercialmente, são estáveis à temperatura ambiente, não são sen-
síveis à luz e podem ser diluídas SG a 5%. As concentrações de propofol po-
dem ser medidas tanto no sangue total como no ar exalado.
Fospropofol é um pró-fármaco solúvel em água de propofol que é me-
tabolizado por fosfatases alcalinas no fígado para o propofol ativo. Poucos
dados são disponíveis sobre a droga. Em contraste com o propofol, fospro-
pofol não está associado com dor durante a injeção, apesar de relatos de leve
a moderada parestesia perineal e prurido após uma injeção terem sido rela-
tadas, provavelmente devido a um metabólito fosfato.
Farmacocinética
O propofol é oxidado a 1,4-di-isopropilquinol no fígado. O propofol e
1,4-diisopropilquinol são conjugados com ácido glucorônico para propofol-1-
glucuronio, quinol-1-glucuronio e quinol-4-glucuronido, o qual pode então
ser excretado pelos rins. Menos de 1% propofol é excretado inalterado na
urina e apenas 2% é excretado nas fezes. Os metabólitos do propofol são
inativos.
O metabolismo do propofol (> 1,5 L / minuto) excede o fluxo sanguíneo
hepático e desse modo, o metabolismo extra-hepático ou eliminação renal
pode ocorrer. Metabolismo extra-hepático foi confirmado durante a fase ane-
pática dos pacientes submetidos a transplante de fígado com a determinação
de metabolitos de propofol após a administração do propofol na ausência do
fígado. O local extra-hepático mais importante do metabolismo de propofol
é o rim, responsável por até 30% da depuração propofol. Os pulmões tam-
bém podem desempenhar um papel no metabolismo de propofol extra-he-
pático.
O propofol tem efeitos depressores hemodinâmicos e pode reduzir o
fluxo sanguíneo hepático, podendo reduzir a depuração de outros fármacos
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que são metabolizados pelo fígado, em particular aqueles com uma elevada
taxa de extração hepática.
Fospropofol é um pró-fármaco de propofol solúvel em água e é quimi-
camente descrito como fosfono-O-metil-2,6-diisopropilfenol
(C13H19O5PNa2). Fospropofol é metabolizado por fosfatases alcalinas em
propofol, formaldeído e fosfato. A meia-vida de eliminação de fospropofol é
de 0,88 horas. A farmacocinética do fospropofol e propofol liberado não é
afetado por raça, sexo ou insuficiência renal leve a moderada. Além disso,
fospropofol não é afetada pela idade ou de concentração de fosfatase alca-
lina. Até o momento, não foram encontradas interações farmacocinéticas en-
tre fospropofol e fentanil, midazolam ou morfina. Isto é provavelmente porque
ele não está sujeita a metabolismo mediado pela enzima citocromo P450.
A farmacocinética do propofol foi descrito por um modelo de dois ou
três compartimentos. Após uma única dose de bolus, níveis de propofol no
sangue diminuem rapidamente em consequência da redistribuição e elimina-
ção. A meia-vida de distribuição de propofol inicial é de 2 a 8 minutos. A meia
vida contexto sensível do propofol para infusões de até 8 horas é de menos
de 40 minutos. Mesmo após infusões prolongadas o despertar é rápido. O
compartimento central é geralmente menor em idosos. Redução do débito
cardíaco está associado com um pico de concentração plasmática mais ele-
vada se traduz por um compartimento central menor na análise farmacociné-
tica.
A constante de equilíbrio para o propofol com base na supressão da
atividade do eletroencefalograma (EEG) é aproximadamente de 0,3 minutos,
e a meia-vida de equilíbrio (t1/2ke0) entre a concentração de plasma e de
EEG efeito é de 2,5 minutos. O tempo para efeito de pico é de 90 a 100
segundos. O início do efeito do EEG com propofol parece ser independente
da idade. O início de diminuição da pressão sanguínea arterial é muito mais
lenta (o dobro do tempo) e aumenta com a idade. Para EEG e alterações da
pressão arterial, os pacientes mais velhos mostram um aumento da sensibili-
dade dependente da concentração. A farmacocinética do propofol pode ser
alterada por vários fatores (sexo, peso, doença preexistente, idade, e medi-
cação concomitante). Alguns estudos sugerem que o propofol pode apresen-
tar uma farmacocinética não linear. Como propofol tem uma alta taxa de ex-
tração, o que pode prejudicar a sua própria eliminação, diminuindo assim o
débito cardíaco e fluxo sanguíneo hepático. Em contraste, o aumento do dé-
bito cardíaco induzido por administração simpaticomimética pode levar a uma
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diminuição na concentração plasmática do propofol. Em um modelo de cho-
que hemorrágico, as concentrações de propofol aumentaram em até 20%
quando choque descompensado ocorreu.
Em recém-nascidos a termo e prematuros, a variabilidade de depuração
do propofol é grande e a dosagem nestes recém-nascidos deve ser calculada
com extremo cuidado. As mulheres têm um maior volume de distribuição e
taxas de depuração superiores, mas a meia-vida de eliminação é semelhante
para os pacientes masculinos e femininos. Os indivíduos mais velhos têm di-
minuídas as taxas de eliminação e um volume de compartimento central me-
nor. Ambas as mudanças podem ser o resultado de redução do débito cardí-
aco e devido a estas condições e a maior sensibilidade ao efeito do propofol,
pacientes com 80 anos de idade ou mais velhas em geral, precisam de 50%
da dose de propofol de pacientes de 20 anos para atingir o mesmo nível de
sedação ou a hipnose. As crianças têm um volume de compartimento central
relativamente maior (50%) e uma depuração mais rápida (25%). Em crianças
com mais de 3 anos de idade, volume e depuração devem ser ajustadas ao
peso. As crianças com menos de 3 anos de idade também mostram parâme-
tros farmacocinéticos proporcionais ao peso, mas com compartimento central
e valores da depuração sistémica maiores do que em adultos ou crianças mais
velhas. Isso explica os requisitos de dose maior neste grupo.
A doença hepática parece resultar em volumes maiores do comparti-
mento central; depuração mantém-se inalterada, mas a meia-vida de elimina-
ção é ligeiramente prolongada, como o tempo de despertar. Na prática clí-
nica, não é necessário ajuste de dose significativa em pacientes com doença
hepática. A depuração extra-hepática de propofol pode ser responsável por
compensar uma função hepática reduzida.
O midazolam afeta a farmacocinética do propofol, elevando sua con-
centração plasmática em 27%. O midazolam reduz a depuração metabólica
do propofol. As alterações na farmacocinética do propofol induzidas por mi-
dazolam, podem ser o resultado de alterações hemodinâmicas induzidas pela
coadministração de midazolam. Propofol, por sua vez, afeta a farmacocinética
do midazolam. Na presença de concentrações sedativos de propofol, concen-
trações de midazolam aumentam 27%.
Coadministração de propofol aumentou as concentrações de remifen-
tanil, tanto por uma diminuição do volume distribuição como por diminuição
na depuração de remifentanil.
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A cinética de Propofol não é alterada por doença renal.
Atravessa a placenta mas não atinge concentrações clínicas; o APGAR
dos recém nascidos após injeção de propofol durante a indução não se alte-
rou. Não altera a contratilidade uterina. Pode ser utilizado para a aspiração de
folículos na fertilização in vitro.
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para tratar crises mas também pode causar convulsões e tem sido utilizado
para o mapeamento cortical de focos.
Infelizmente o propofol pode ser viciante e uma questão importante no
potencial do abuso é o desenvolvimento de tolerância. Os dados sobre abuso
em geral são desconhecidos, mas a incidência de abuso é provável que seja
baixo em comparação com outras substâncias. Para os profissionais de saúde,
o propofol é de fácil acesso e relatos de casos de autoadministração letal
ocorrem. Alguns pesquisadores sugeriram uma maior incidência de abuso de
propofol por prestadores de cuidados de saúde.
Propofol diminui a pressão intracraniana (PIC) em pacientes com PIC
normal ou aumentada. A diminuição da PIC (30% a 50%) está associada a re-
duções significativas na perfusão cerebral pressão (PPC). O uso de propofol
em pacientes com traumatismo craniano deve ser restrito a doses que provo-
quem sedação leve a moderada. Reatividade cerebral normal ao dióxido de
carbono e autorregulação são mantidas durante uma infusão de propofol.
Anestésicos são neuroprotetores porque reduzem a utilização metabó-
lica de oxigênio que é benéfica para o equilíbrio entre a oferta e demanda de
energia e porque aumentam a tolerância à hipóxia do tecido neuronal. O pro-
pofol não tem nenhum efeito direto de precondicionamento, mas pode ate-
nuar toxicidade mediada por glutamato.
Propofol reduz agudamente a pressão intraocular em 30% a 40%. Com-
parado com tiopental, propofol produz uma redução maior na pressão in-
traocular e é mais eficaz na prevenção do aumento da pressão intraocular se-
cundária a succinilcolina e intubação endotraqueal.
Durante a indução podem ocorrer fenômenos excitatórios como abalos,
mioclonias e soluços.
Os efeitos neuroprotetores de propofol permanecem controversos. Em
um modelo de isquemia incompleta em ratos, propofol utilizado para provo-
car supressão de EEG resultou em melhor resultado neurológico e menos le-
sões do tecido cerebral em comparação com o fentanil. O propofol adminis-
trado em concentrações sedativas iniciado tanto imediatamente quanto após
1 hora após o insulto isquêmico, reduziu o tamanho do infarto em comparação
com ao controle. O efeito protetor neuronal do propofol pode resultar da
atenuação das alterações no ATP, cálcio, sódio, potássio causadas por lesão
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hipóxica e a sua ação antioxidante de inibição da peroxidação lipídica. Evi-
dências indicam que o propofol pode proteger neurônios contra a lesão is-
quêmica causada por excitotoxicidade, mas dura apenas se o insulto for rela-
tivamente leve e não prolongado. Prolongada sedação em crianças está as-
sociada a resultados neurológicos adversos.
Muitos anestésicos diminuem as concentrações sanguíneas necessárias
para a ação do propofol. Não surpreendentemente o despertar é adiado na
presença de altas concentrações sanguíneas de opióides. Concentrações san-
guíneas de propofol adequadas ocorrem quando a droga é combinada com
vários opióides, incluindo remifentanil, alfentanil, sufentanil e fentanil, que ga-
rantem anestesia adequada e o mais rápido retorno à consciência no pós-
operatório. Efeito muito interessante ocorre com a associação propofol-remi-
fentanil, que permite anestesia estável e possibilidade precisa de despertar.
Efeitos respiratórios
Apneia ocorre após a administração de uma dose de indução de propo-
fol sendo que a incidência e a duração de apneia dependem da dose, veloci-
dade de injeção, e pré-medicação.
Uma dose de indução resulta em uma incidência de 25% para 30% de
apneia devido aos efeitos depressores respiratórios do propofol mesmo com
PaCO2 normal na ausência de estimulação cirúrgica. Depressão metabólica
adicional impede a PaCO2 de aumentar. A duração da apneia com propofol
pode ser prorrogada para mais de 30 segundos se for associado um opióide,
quer como pré-medicação ou imediatamente antes da indução da anestesia.
Ocorre uma redução de 40% do volume corrente e um aumento de 20% na
frequência respiratória, com mudanças imprevisíveis na ventilação minuto. O
aumento da taxa de infusão provoca uma diminuição mais moderada do vo-
lume corrente, mas nenhuma mudança na frequência respiratória.
Propofol deprime a resposta ventilatória à hipóxia, presumivelmente por
uma ação direta sobre quimiorreceptores no corpo carotídeo Propofol induz
broncodilatação em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Pro-
pofol atenua broncoespasmo induzido por estímulo vagal (em baixas concen-
trações) e por metacolina (em altas concentrações) e parece ter uma ação di-
reta sobre os receptores muscarínicos. O conservante usado com o propofol
é importante por causa de sua atividade broncodilatadora. O propofol inibe
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o ATP pulmonar que promove a vasodilatação, potencializando a vasocons-
trição pulmonar hipóxica.
Efeitos cardiovasculares
O efeito mais proeminente do propofol é uma diminuição na pressão
sanguínea arterial durante a indução da anestesia. Independente da presença
de doença cardiovascular, uma dose de indução de 2 a 2,5 mg/kg produz uma
redução de 25% a 40% da pressão arterial sistólica. Quedas semelhantes são
vistas nas pressões arteriais média e diastólica. A diminuição na pressão san-
guínea arterial está associada com uma diminuição do débito cardíaco e do
índice cardíaco (± 15%), volume sistólico (± 20%) e na resistência vascular sis-
témica (de 15% a 25%). Função ventricular esquerda sistólica é também dimi-
nuída (± 30%). Quando a função do ventrículo direito é considerado especifi-
camente, o propofol produz uma redução acentuada da contratilidade.
Em pacientes com doença valvular cardíaca, artéria pulmonar e pressão
capilar pulmonar são reduzidos, uma descoberta que reflete uma diminuição
da pré-carga e pós-carga. Embora a diminuição da pressão sistêmica após
uma dose de indução de propofol seja causada por vasodilatação, os efeitos
depressores miocárdicos diretos do propofol são controversos. A diminuição
do débito cardíaco após a administração de propofol pode ser resultado de
sua ação no drive simpático para o coração.
A resposta hemodinâmica ao propofol é tardia em relação ao efeito hip-
nótico. O efeito hipnótico do propofol é da ordem de 2 a 3 minutos e cerca
de 7 minutos para a depressão hemodinâmica.
Altas concentrações de propofol inibem o efeito inotrópico da estimu-
lação α mas não β-adrenérgica, e promovem o lusiotropismo (relaxamento)
causado pela estimulação β-adrenérgica. Clinicamente o efeito depressor do
miocárdio e a vasodilatação depende da dose e da concentração plasmática
do propofol. É um vasodilatador, pois reduz a atividade simpática devido a
efeito direto na mobilização intracelular de cálcio do músculo liso, inibição da
síntese da prostaciclina em células endoteliais e na redução da entrada de
cálcio provocada pela angiotensina II, ativação dos canais de ATP potássio e
a estimulação do óxido nítrico.
A frequência cardíaca não se altera significativamente depois de uma
dose de indução de propofol. Propofol pode diminuir ou inibir o barorreflexo,
reduzindo assim, a resposta taquicárdica a hipotensão. O propofol também
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diminui o tônus parassimpático cardíaco de uma forma dependente da dose.
A droga tem um efeito mínimo direto sobre nó sinusal, sistema atrioventricular
ou via de condução acessória. O propofol atenua a resposta da frequência
cardíaca a atropina de um modo dependente da dose. Também suprime ta-
quicardias atriais (supraventriculares) e provavelmente deve ser evitado du-
rante estudos eletrofisiológicos. Uma vez que o efeito vasodilatador e depres-
sor do miocárdio são dependentes da concentração, a diminuição na pressão
sanguínea arterial de propofol na fase de infusão (manutenção da anestesia)
é muito menor do que a observada após a indução da anestesia, por adminis-
tração de bolus IV. Uma infusão de propofol reduz o fluxo sanguíneo do mio-
cárdio e consumo de oxigênio. Assim, a relação global de fornecimento e
demanda de oxigênio do miocárdio é provavelmente preservada.
O efeito cardioprotetor do propofol comparado com anestésicos inala-
tórios em pacientes que se submetem a procedimentos cardíacos ou CEC é
menos discutível. Em dois grandes estudos comparando propofol com
sevoflurano em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos cardíacos,
níveis de troponina pós-operatórias foram mais baixos e função hemodinâ-
mica foi melhor em pacientes que receberam sevoflurano.
Outros efeitos
Propofol, semelhante ao tiopental, não aumenta o bloqueio neuromus-
cular produzido por bloqueadores neuromusculares. Propofol não produz ne-
nhum efeito sobre o eletromiografia ou na redução de contração muscular
mas propofol sozinho pode proporcionar condições boas ou aceitáveis de
IOT.
Propofol não desencadeia hipertermia maligna e é uma escolha apro-
priada nesses pacientes. Após uma dose única ou uma infusão prolongada
propofol não afeta a síntese de corticosteroide. Propofol na formulação de
emulsão não altera funções hepática, hematológica ou fibrinolítica.
Foram notificadas reações anafilactóides ao propofol. Em pelo menos
alguns pacientes, a resposta imunitária foi inteiramente causada por propofol
e não pela emulsão lipídica. A maioria dos pacientes que desenvolvem a res-
posta anafilática ao propofol teve uma história prévia de reações alérgicas.
Talvez o propofol não deve ser utilizado em pacientes com múltiplas alergias
as drogas. Propofol sozinho na formulação lipídica não induz a liberação de
histamina. A história de alergia ao ovo não contraindica seu uso, uma vez que
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os pacientes são alérgicos a clara (albumina), enquanto a lecitina é tirada da
gema. Pacientes com alergia aos bloqueadores neuromusculares podem
apresentar reação cruzada.
Propofol também possui atividade antiemética significativa com peque-
nas doses (10 mg nos adultos). Propofol usado como anestésico de manuten-
ção durante procedimentos cirúrgicos de mama foi mais eficaz do que 4 mg
de ondansetrona administrada na profilaxia na prevenção de náuseas e vômi-
tos no pós-operatório (NVPO). Propofol em infusão contínua também forne-
ceu excelente ação antiemética após quimioterapia. Efeito antiemético por
diminuição dos níveis de serotonina na área postrema, atividade antidopami-
nérgica, inibição da zona gatilho quimiorreceptora e centro vagais e diminui-
ção do glutamato e aspartato no córtex olfatório.
Em doses subhipnoticas, propofol alivia prurido devido a colestase e
provavelmente seja tão eficaz como a naloxona no tratamento de prurido in-
duzida por opióides espinhais.
Propofol diminui de atividade de leucócitos polimorfonucleares, mas
não a fagocitose e morte. Esta ação contrasta com o efeito de tiopental, que
inibe todas estas respostas quimiotáxicas. No entanto, propofol inibe a fago-
citose e morte de Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Infecções sistêmi-
cas potencialmente fatais têm sido associados com o uso de propofol. Nos
hospitais onde estas infecções ocorreram, os frascos abertos e seringas de
propofol foram positivos para cultura. Os lipídios que atuam como o solvente
para o propofol é um excelente meio de cultura. Edetato dissódico ou meta-
bissulfito foram adicionados à formulação de propofol em uma tentativa para
retardar tal crescimento bacteriano. Técnica asséptica rigorosa ainda deve ser
observada.
A administração de propofol está associado com o desenvolvimento da
pancreatite, a qual pode estar relacionada com hipertrigliceridemia. Os paci-
entes que desenvolveram hipertrigliceridemia tendiam a ser mais velhos, ti-
nham uma longa estadia na UTI e receberam propofol para um período mais
longo. Quando propofol é usado para sedação prolongada ou com taxas de
perfusão mais elevadas, especialmente em pacientes idosos, triglicérides sé-
ricos devem ser monitorados rotineiramente.
A indução da anestesia com propofol é muitas vezes associados a dor à
injeção, apneia, hipotensão e, raramente, tromboflebite da veia onde é inje-
tado. A dor à injeção é reduzida pelo uso de uma grande veia, evitando veias
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do dorso da mão e adicionando a solução de lidocaína. O pré-tratamento com
uma pequena dose de propofol, opióides, antiinflamatórios não-hormonais,
cetamina, esmolol, metoprolol, magnésio, flash de luz, clonidina-efedrina, de-
xametasona e metoclopramida foram testados com eficácia variável.
Síndrome da infusão do propofol é uma síndrome rara, mas letal associ-
ado a infusão de propofol a 4 mg/kg/hora ou por 48 horas ou mais. Esta sín-
drome foi descrita pela primeira vez em crianças, mas posteriormente foi ob-
servada no paciente crítico adulto. As características clínicas da síndrome da
infusão do propofol são bradicardia refratária aguda levando a assistolia, na
presença de um ou mais dos seguintes: acidose metabólica (déficit de base>
10 mmol/L), rabdomiólise, hiperlipidemia e hepatomegalia. Outras caracterís-
ticas incluem miocardiopatia dilatada com insuficiência cardíaca aguda, mio-
patia esquelética e hipercalemia. Os sinais e sintomas são o resultado de lesão
muscular e a liberação de conteúdo tóxico intracelulares. Os principais fatores
de risco são a oferta baixa de oxigênio aos tecidos, sepse, lesão cerebral
grave e grandes doses de propofol.
A explicação para a síndrome da infusão de propofol é a provável toxi-
cidade mitocondrial, defeitos na mitocôndria e deficiência de carboidratos.
Os fatores predisponentes são doenças genéticas prováveis prejudicando o
metabolismo de ácidos graxos, como acetilcoenzima A de cadeia média.
Como a lipemia aumentada foi observada, uma falha de regulação lipídica
hepática, possivelmente relacionada à má oxigenação ou a falta de glicose
pode ser a causa. Em alguns casos, o aumento da lipemia foi a primeira indi-
cação de síndrome de infusão de propofol; portanto, lipemia é um sinal.
Remifentanil
O remifentanil é um opióide µ-agonista seletivo, do grupo das fenilpi-
peridinas, o mesmo do fentanil, alfentanil e sufentanil. As características far-
macodinâmicas são similares às dos outros opióides desse grupo, mas a sua
farmacocinética é completamente diferente. Apresenta uma cadeia lateral
metiléster que permite metabolização por esterases inespecíficas do sangue
e dos tecidos (carboxiesterase). O início da ação após administração por via
venosa é rápido (1 a 2 minutos), pois o equilíbrio entre o plasma e o local de
ação no sistema nervoso central (biofase) ocorre rapidamente, de forma simi-
lar ao alfentanil. O remifentanil não libera histamina.
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A duração do efeito do remifentanil é muito curta, com meia-vida de
eliminação de 9 a 10 minutos, conseqüente à extensa metabolização extrahe-
pática, diferente dos outros opióides que dependem da redistribuição teci-
dual para o término do efeito e do metabolismo hepático para excreção. É o
opióide de ação mais rápida disponível comercialmente. A recuperação é rá-
pida mesmo após infusão prolongada, pois sua concentração plasmática se
reduz em 50% após 3 a 10 minutos, independentemente do tempo de infu-
são. Após infusão por 3 horas de doses equipotentes, houve recuperação de
50% da depressão ventilatória 5 minutos após interrupção do remifentanil
comparado a 54 minutos após alfentanil.
O remifentanil ácido é o principal metabólito, produzido pela hidrólise
da ligação éster, tem ação analgésica cerca de 4 mil vezes menor que a do
remifentanil e sua eliminação urinária representa mais de 90% do remifentanil
administrado.
Pessoas portadoras da forma atípica ou com deficiência da pseudocoli-
nesterase plasmática (butiril-colinesterase), ou mesmo após receberem anti-
colinesterásico, metabolizam normalmente o remifentanil. Já foi utilizado em
paciente com porfiria intermitente aguda sem causar problemas.
Sua rápida eliminação faz com que não sofra acúmulo e não haja au-
mento do tempo de ação mesmo após infusão prolongada, mas torna o uso
em bolus inconveniente na prática clínica, exceto para algumas indicações es-
pecíficas. Essa característica faz do remifentanil o opióide mais apropriado
para o uso em infusão venosa contínua, quando se planeja um retorno rápido
da ventilação espontânea após cirurgia ou quando há necessidade de se acor-
dar o paciente durante o procedimento cirúrgico. Por outro lado, o rápido
final da ação analgésica é uma característica negativa, pois não há, pratica-
mente, analgesia residual.
A utilização eficaz do remifentanil permite que os anestésicos inalatórios
sejam utilizados em doses apenas hipnóticas, numa concentração próxima a
50% da concentração alveolar mínima (CAM).
O remifentanil altera pouco a relação entre a concentração plasmática
do propofol e os valores correspondentes do índice bispectral, mas não só
potencializa a ação sedativa do propofol, como também causa menor res-
posta motora à estimulação cirúrgica no mesmo valor de BIS e inibe seu au-
mento em resposta a um estímulo doloroso.
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A associação intraoperatória com propofol, comparada à associação
com desflurano, permitiu, na sala de recuperação pós-anestésica, consumo
20% menor de analgésico e incidência três vezes menor de náusea após co-
lecistectomia laparoscópica.
Tolerância aguda tem sido observada com vários opióides. Entretanto,
na prática clínica a sua ocorrência é controversa, tendo sido observada com
remifentanil associado inalatórios ou propofol.O uso de cetamina em baixas
doses (total de 0,6 mg.kg-1) associada ao remifentanil foi proposto para reduzir
esse problema.
Diferente de todos os outros opióides, o remifentanil tem uma depura-
ção plasmática maior em crianças de 2 a 6 meses de idade comparada a dos
adultos. Estudo preliminar com crianças acima de 2 anos de idade mostrou
que as características farmacocinéticas e farmacodinâmicas foram semelhan-
tes às dos adultos; mas em estudo mais recente, a infusão média necessária
para se obter o bloqueio das respostas cardiovasculares à incisão cutânea
mostrou ser pelo menos duas vezes maior que a observada em adultos.
Nos idosos com mais de 65 anos recomenda-se a redução de 50% na
dose do remifentanil. A DE50 está reduzida à metade (alteração farmacodinâ-
mica), enquanto o volume de distribuição central e a depuração plasmática se
reduzem em 25% e 33% (alteração farmacocinética), respectivamente, com-
parados a adultos jovens.
Recomenda-se diminuir a dose de infusão em até 50% em pacientes
com insuficiência hepática. Há pouca alteração da farmacocinética nos paci-
entes com insuficiência hepática. Mesmo em pacientes estudados na fase sem
fígado durante transplante hepático, a depuração plasmática do remifentanil
foi similar a de adultos sadios. No entanto, há uma alteração farmacodinâmica
nesses pacientes com insuficiência hepática, pois uma determinada ação anal-
gésica ou depressora da respiração é obtida com uma concentração plasmá-
tica 40% menor à observada em pessoas saudáveis.
Nos pacientes com insuficiência renal não foi observada alteração na
farmacocinética ou farmacodinâmica do remifentanil. No entanto, infusões
prolongadas devem ser evitadas, pois o remifentanil ácido, cuja excreção é
renal, tem sua meia-vida de eliminação prolongada de 1,5 para 26 horas. A
importância clínica desse acúmulo ainda não foi estabelecida, mas simulação
em computador de uma infusão de remifentanil 2 µg.kg-1.min-1 por 12 horas
não conseguiu fazer com que o remifentanil ácido alcançasse concentração
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suficiente para produzir efeito opióide significativo. Cerca de 35% do remi-
fentanil ácido é eliminado após 3 a 5 horas de hemodiálise.
Associação do remifentanil com doses apenas hipnóticas de anestésico
geral inalatório ou venoso permite o retorno à consciência freqüentemente
mais rápido e certamente de forma mais previsível do que com outras técnicas
de anestesia geral. O custo dessa maior previsibilidade é representado pela
maior atenção com a analgesia pós-operatória e pelo uso de equipamentos,
como bomba de infusão e cuidados com a linha de infusão, que tornam mais
segura e precisa a sua administração. As informações contidas nessa revisão
devem servir para orientar o anestesiologista em como melhor utilizar essa
medicação na prática clínica.
Sistemas de Infusão
A anestesia venosa total engloba vários modos de infusão, desde os
bolus, passando pela infusão volumétrica até a moderna técnica de infusão
alvo controlada.
A infusão alvo controlada é uma modalidade onde existe a utilização de
dispositivos informatizados que são capazes de atingir níveis desejados de um
medicamento no plasma de acordo com o modelo farmacocinético da droga
utilizada (3). Tem várias características importantes, sendo que a capacidade
de evitar o acúmulo da droga e proporcionar um despertar mais preciso são
duas das suas maiores vantagens.
Atualmente, já estão disponíveis no Brasil, bombas de IAC de propofol
(com dois modelos disponíveis: Marsh e Schnider), sufentanil e remifentanil
que trabalham com qualquer preparação comercial desses medicamentos,
além de permitir alterações nas concentrações dos mesmos de acordo com a
diluição preferida pelo anestesiologista.
Princípios de Farmacocinética
O conhecimento da farmacocinética e farmacodinâmica é fundamental
para entender a anestesia venosa total. A farmacocinética engloba todos os
processos que a droga sofre desde sua administração até sua eliminação. Ba-
sicamente é o que o corpo faz com a droga.
O processo de distribuição de um fármaco pode ser quantificado, atra-
vés do conceito de compartimento através do volume de distribuição, que
17
avalia a extensão da distribuição da substância ativa, além do plasma. Assu-
mindo que o corpo consiste em um único compartimento e, conhecendo-se
a dose administrada por via endovenosa e sua concentração dosada no san-
gue, o volume do compartimento, denominado "volume aparente de distri-
buição" (VD), pode ser determinado por substituição nos termos da equação
que se segue (4):
Dose de Droga
VD =
Concentração Plasmática
Clearance é um termo inglês usado para indicar a remoção completa de
determinada substância de um volume específico de sangue na unidade de
tempo. Em português, utilizamos depuração. A depuração de um fármaco no
organismo pode ser compreendida como a taxa de eliminação por todas as
vias, normalizada para a concentração do fármaco no plasma (4).
19
Modelo tricompartimental
Biofase3
É o local onde os fármacos exercem as suas ações, sejam elas desejadas
ou não. Esses locais, em geral, são receptores com barreiras biológicas deter-
minadas por membranas protéicas. Isso faz com que os anestésicos venosos,
em sua maioria, sejam lipoprotéicos, a fim de ultrapassar essas barreiras com
mais rapidez para exercer a ação. Há, portanto, um retardo ou uma latência
entre a administração inicial de um fármaco e o aparecimento dos primeiros
efeitos. Isso ocorre porque o fármaco precisa sair do plasma, local onde é
depositado por meio de uma veia periférica, e chegar até a molécula do re-
ceptor. Esse tempo será tanto maior quanto menor for a velocidade de pas-
sagem do medicamento do plasma para o receptor. Daí o termo: Ke0.
De todas as variáveis de velocidade de passagens entre um comparti-
mento e outro, o Ke0 é o mais importante, pois ele determina a velocidade
na qual um fármaco deixa o compartimento central, onde foi administrado, e
entra no compartimento de ação.
Quanto maior o Ke0, maior a velocidade de entrada de um fármaco no
compartimento de ação. Por conseguinte, menor será o tempo gasto para
que isso ocorra. Assim, fármacos com T1/2 Ke0 curtos possuem Ke0 altos e
início de ação rápido.
20
Por meio da manipulação do valor de Ke0 atribuído a um modelo far-
macocinético de um medicamento, é possível alterar o tempo de início de
ação deste.
A maioria dos modelos farmacocinéticos de fármacos venosos busca
descrever um Ke0 dentro do limite da razoabilidade, ou seja, algo que ofereça
indução rápida associada a menor incidência possível de efeitos colaterais re-
sultantes da dose de indução calculada.
Histerese
Definida como o tempo para que um fármaco atinja o equilíbrio entre a
concentração plasmática e o local efetor ou biofase. Por definição farmacoló-
gica, o equilíbrio entre os compartimentos plasmático e o local efetor, para
fármacos venosos, corresponde a 4,32 meias-vidas do fármaco. Assim, o pro-
duto T1/2Ke0 × 4,32 corresponde ao tempo de equilíbrio entre o comparti-
mento plasmático e o local efetor. O tempo de histerese do propofol pode
ser calculado de acordo com a T1/2Ke0 (meia-vida de equilíbrio) que é de 2,4
minutos. Significa que as concentrações plasmáticas e no local efetor de pro-
pofol estarão em equilíbrio, após um regime de administração contínuo, em
torno de 12 minutos.
21
base em cálculos matemáticos. Ainda, características do fármaco e do paci-
ente, bem como a associação com outros fármacos, podem alterar o resultado
clínico observado ou esperado.
Dentre os hipnóticos em uso, o propofol é o que melhor preenche as
características para infusão venosa contínua, pois apresenta a menor meia
vida contexto dependente. Os barbitúricos e o midazolam, quando utilizados
dessa forma, tendem a apresentar perfil acumulativo, conforme figura a se-
guir.
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Tipos de infusão das drogas venosas
Quando um fármaco é administrado em bolus, cria-se, em curto espaço
de tempo, uma concentração acima da necessária para gerar o efeito dese-
jado. Após, segue-se um período em que a concentração declina com rapi-
dez, até alcançar concentrações plasmáticas abaixo das quais não há mais
efeito clínico. Um fármaco administrado em bolus tem o início e o término de
ação igualmente rápidos. Isso ocorre, sobretudo, pela redistribuição do fár-
maco para compartimentos corporais onde não exercem o efeito desejado.
Por exemplo, o propofol administrado em bolus, na dose de 2,5 mg.kg-1,
atinge uma concentração plasmática quatro a cinco vezes maior que a neces-
sária para induzir hipnose em paciente adulto. Da mesma forma que a hipnose
ocorre com rapidez, os efeitos colaterais também aparecem como conse-
quência da sobredose inicial a que o paciente foi submetido. Assim, dentre
as desvantagens da administração de fármacos venosos em bolus, pode-se
citar o aumento da incidência de efeitos colaterais gerados pela elevada con-
centração.
Quando o fármaco é administrado em infusão contínua, obtém-se con-
centração plasmática constante, pois à medida que o fármaco sofre redistri-
buição e metabolização, nova oferta de fármaco está sendo realizada, man-
tendo-se, assim, a concentração plasmática desejada ou próxima dela.
A infusão contínua de fármacos venosos pode ser realizada de duas for-
mas. A primeira, com auxílio de bomba de infusão manual e a outra através
de bomba de infusão com sistema de infusão alvo controlado.
Na infusão manual por bomba volumétrica, as doses a serem utilizadas
são calculadas pelo anestesiologista que regula a bomba de acordo com a
necessidade. As limitações dessa técnica são as variações geradas nas con-
centrações plasmáticas dos fármacos e a tendência, caso a infusão não seja
alterada, ao acúmulo de fármacos, podendo levar a resultados menos previ-
síveis.
A outra forma ocorre com o auxílio de bomba de infusão dotada de um
sistema de infusão alvo controlado (3). Nesse caso, apenas a concentração-
alvo desejada é informada à bomba que, por meio de sistema computadori-
zado contendo o modelo farmacocinético do fármaco, controla a dose a ser
administrada de acordo com as mudanças de alvo informadas pelo anestesi-
ologista. Um modelo farmacocinético é a descrição da identidade do fármaco,
23
pois é ele quem descreve quais as velocidades de passagem entre os com-
partimentos corporais, metabolismo e Ke0, entre outras informações. A
grande vantagem dessa forma de infusão é que o sistema calcula todos os
parâmetros farmacocinéticos e, assim, pode adequar a velocidade de infusão
e evitar o acúmulo da droga (8).
Infusão Manual (bolus) x Infusão Contínua. Perceba que na infusão contínua, dife-
rentemente do que ocorre com a infusão manual, os níveis séricos do fármaco per-
manecem dentro da janela terapêutica durante todo o período de infusão.
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Local efetor: a bomba administra e controla de forma autônoma qual a
concentração plasmática deverá ser gerada para alcançar o local efetor que o
anestesiologista regulou. A diferença maior entre os modelos farmacológicos
para infusão alvo controlada com controle pelo local efetor é a forma como o
modelo administra a magnitude de aumento da concentração plasmática para
encontrar a concentração desejada no local efetor.
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• Marsh muda a dose do bolus inicial de acordo com o peso, ou seja,
quanto maior o peso, maior a dose em bolus inicial e isso não ocorre
com o modelo de Schnider;
• O modelo de Schnider pode compensar a infusão de manutenção de
acordo com a taxa de eliminação dos pacientes;
• Doses iniciais geradas e administradas pelo modelo de Marsh serão
sempre superiores às administradas pelo modelo de Schnider;
• Modo de infusão pelo local efetor, ao invés do plasma, é melhor utili-
zado no modelo Schnider, enquanto o modo plasma controlado é me-
lhor utilizado no modelo Marsh.
Futuro
Usando derivativos do eletroencefalograma (EEG) como medida do
efeito hipnótico e um modelo de distribuição, pode-se chegar a um equipa-
mento com retroalimentação para controlar e alterar a taxa da infusão do pro-
pofol, para manter o nível de sedação e de anestesia constantes. Vários estu-
dos usando a alça fechada (11) têm sido descritos no homem.
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Bibliografia Recomendada
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