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Metalurgia da Soldagem

3ª aula – Poça de Fusão


PROFª ALESSANDRA GOIS LUCIANO DE AZEVEDO
Metalurgia Física da Soldagem 2
▪ Poça de Fusão
➢ Zona fundida no estado líquido+envoltório (gás e/ou escória)

➢ A zona fundida é o produto final de todas as reações físico-químicas que


ocorrem na poça de fusão.
▪ Fusão do metal de base e/ou metal de adição (diluição)

▪ Reações gás/metal

▪ Reações escória/metal

▪ Reações gás/escória

➢ O controle das propriedades da zona fundida passa pelo estudo da poça de


fusão, do processo de solidificação e das reações envolvidas
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▪ Solidificação
➢ Um metal líquido inicia o processo de solidificação quando a sua temperatura é
suficientemente baixa para que a energia de atração entre os átomos supere a
energia cinética.
▪ Fases: nucleação e crescimento

➢ Nucleação heterogênea

▪ Ocorre preferencialmente em pontos já solidificados


• Paredes do lingote

• Partículas sólidas em suspensão

• Impurezas

• Inoculantes
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▪ Solidificação
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▪ Solidificação
➢ Nucleação homogênea
▪ Ocorre quando não há núcleos germinadores exigindo um grau mais elevado de super-
resfriamento (condições de laboratório)
➢ Controle artificial do tamanho do grão do metal solidificado
▪ Partículas sólidas não dissolvidas (óxidos e nitretos de Al)
▪ Vibração do líquido pouco antes do início da solidificação
➢ Um líquido ao resfriar solidifica-se, já que a sua energia livre, E, no estado sólido é mais
baixa.
E = H – TS

H - entalpia S - entropia T - temperatura


➢ onde H, entalpia, representa a energia total do sistema na forma de energias cinética e potencial e do
trabalho realizado pelo ambiente sobre o sistema e o termo TS, temperatura x entropia, representa a
energia do sistema necessária para a sua existência como tal.
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▪ Solidificação
➢ Energia livre em função da temperatura para fases sólidas e líquidas
➢ Curvas de resfriamento e solidificação (super-resfriamento)
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▪ Solidificação

Variação de energia livre de formação do


núcleo em função de seu raio para diversas
temperaturas

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E =  r 3  e + 4 r 2
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Energia livre de formação de núcleo


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▪ Solidificação
➢ Diagrama de equilíbrio binário
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▪ Solidificação
➢ Distância característica – variação de composição química (soluto) nas fases
sólidas e líquidas
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▪ Solidificação
➢ Crescimento de grãos e segregação
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▪ Solidificação
➢ Estrutura de solidificação de um lingote
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▪ Solidificação
➢ Solidificação de um lingote com inoculantes
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▪ Solidificação em soldas
➢ Na soldagem, há o contato do líquido com as paredes sólidas do metal de
base, o que facilita a nucleação

➢ Crescimento em metais puros


▪ Para que a interface sólido/líquido do núcleo avance em direção a fase líquida
é necessário um gradiente de temperatura nesta interface

➢ Crescimento em ligas
▪ A redistribuição do soluto na interface sólido/líquido pode modificar aí a
temperatura de solidificação, favorecendo o avanço da interface até mesmo
em presença de um gradiente positivo de temperatura (super-resfriamento
constitucional).
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▪ Solidificação em soldas

➢ Forma da poça de fusão

▪ Depende da relação entre a velocidade de soldagem, Vs, e a velocidade de

solidificação, R

• Quando R > Vs → Forma elíptica (baixa Vs)

• Quando R < Vs → Forma de gota alongada (elevada vs)


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▪ Solidificação em soldas
➢ A capacidade da interface sólido-líquido de se mover em uma velocidade
R depende de dois fatores:

▪ Máxima taxa de solidificação – que por sua vez é dependente da


orientação cristalográfica do sólido na região de solidificação

▪ Capacidade do gradiente térmico no sólido de remover o calor e


estabelecer uma temperatura adequada para que ocorra a
solidificação.
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▪ Solidificação em soldas
➢ Forma da poça de fusão
▪ Relação entre a velocidade de soldagem, Vs, e a velocidade de
solidificação, R
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▪ Solidificação em soldas
➢ Velocidade de resfriamento em função do processo de soldagem
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▪ Solidificação em soldas
➢ Epitaxia e crescimento competitivo dos grãos
▪ A solidificação da poça de fusão inicia-se na parede fria da ZAC, a partir de
cristais que tomam a mesma orientação cristalográfica dos cristais da ZAC, de
onde se originaram.

▪ Crescimento competitivo dos grãos


• Do ponto de vista de gradiente térmico, a velocidade de solidificação é máxima na
direção perpendicular às isotermas e à interface sólido/líquido

• Do ponto de vista cristalográfico, a velocidade de solidificação é máxima na direção


do crescimento preferencial (por ex. <100> no sistema cúbico)
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▪ Solidificação em soldas
➢ Epitaxia

Continuidade entre os grãos da ZTA


e da ZF devido ao crescimento
competitivo. Material: aço inoxidável
ferrítico. Aumento: 100X

Crescimento Epitaxial
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▪ Solidificação em soldas
➢ Epitaxia

Níquel
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▪ Solidificação em soldas
➢ Crescimento competitivo

Crescimento competitivo entre grãos da ZF.


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▪ Solidificação em soldas
➢ Formatos comuns da poça de fusão em processos
mecanizados

(a) elíptica, (b) em gota, (c) cratera formada a partir de uma poça elíptica e (d) em gota.
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▪ Solidificação em soldas
➢ Forma da poça de fusão

(A) Alta Vs (B) Baixa Vs


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▪ Solidificação em soldas
➢ Forma de solidificação: grãos colunares e equiaxiais
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▪ Solidificação em soldas
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▪ Modo de Solidificação
➢ Super-resfriamento constitucional em soldas

▪ Está relacionado ao parâmetro de solidificação (G/R) e


tem grande importância no modo de solidificação da
poça de fusão

▪ Uma velocidade de solidificação elevada (R), reduz a


distância característica, Xc, aumentando abruptamente
a Tlíquidus, à frente da interface sólido/líquido.
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▪ Modo de Solidificação
➢ Super-resfriamento constitucional em soldas

▪ R baixa combinada com G elevado, suprime a ocorrência de super-


resfriamento constitucional, já que a temperatura real do líquido é
superior, em todos os pontos, à Tlíquidus.

▪ Diminuindo-se o gradiente de temperatura G, mantendo-se R


constante, produz-se uma região de super-resfriamento
constitucional extensa.

▪ Aumentando-se R, para um dado G, aumenta-se a extensão do


super-resfriamento constitucional.
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▪ Modo de Solidificação
➢ Fatores que afetam G e R
▪ G aumenta com a intensidade da fonte de energia.
▪ G aumenta com a diminuição do tamanho da poça de fusão.
▪ G diminui com o aumento da condutividade térmica do MB.
▪ R depende do processo de soldagem
• R = 10-4 mm/s → eletroescória
• R = 2 x 10-2 mm/s → eletrodo revestido
• R = 5 x 10-1 mm/s → feixe de elétrons

➢ A extensão do super-resfriamento constitucional exerce uma influência


marcante no modo de solidificação e nas microestruturas resultantes no
metal de solda
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▪ Modo de Solidificação
➢ O controle dos mecanismos de solidificação da poça de fusão
apresenta algumas implicações práticas importantes.

▪ Atuação sobre o modo de solidificação, controlando-se o


tamanho do grão e, conseqüentemente, as propriedades
mecânicas.

▪ Controlar a presença de porosidade.

▪ Prevenir a fissuração a quente através do controle do nível


de segregação.
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▪ Solidificação em soldas

Interface de solidificação.
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▪ Solidificação em soldas
➢ Interface de solidificação em função do nível de instabilidade de uma
interface plana

(a) Interface plana, (b) celular, (c) celular-dendrítica, (d) colunardendrítica e (e) equiaxial.
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▪ Solidificação em soldas
➢ Zona fundida de uma solda GTAW (liga Fe-Mn-Al-Si-C) com
subestrutura de solidificação dendrítica.

Aumentos: (a) 100X e (b) 1600X.


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▪ Solidificação em soldas

Diagrama esquemático mostrando a


influência de G, R e da composição
química na forma da interface de
solidificação.

O gradiente térmico é inversamente proporcional à energia de soldagem adicionada


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▪ Solidificação em soldas
Modelo do super-resfriamento
constitucional
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▪ Solidificação em soldas
Modelo do super-resfriamento
constitucional
Metalurgia Física da Soldagem 37
▪ Solidificação em soldas

Modelo do super-resfriamento
constitucional
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▪ Solidificação em soldas

Modelo do super-resfriamento constitucional


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▪ Solidificação em soldas
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▪ Solidificação em soldas
➢ Solidificação com formação de dendritas alinhadas
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▪ Solidificação em soldas
➢ Solidificação com formação de dendritas com crescimento competitivo
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▪ Solidificação em soldas
As regiões interdendríticas ou intercelular
têm maior concentração de soluto, o que
reduz a temperatura de solidificação
(quando comparado ao núcleo dendrítico
ou celular) o que implica na maior
possibilidade de trincas a quente, pois
pode ficar filme líquido remanescente
entre os núcleos já solidificados e sem
capacidade de suportar as tensões
térmicas provenientes da solidificação.

Esquema da distribuição de solutos nos crescimentos (a) celular e (b) dendrítico


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▪ Solidificação em soldas
➢ Diagrama esquemático mostrando a microestrutura de uma interface
sólido-líquido para diferentes modos de solidificação e gradientes de
temperatura

(A) Crescimento planar (B) Crescimento


celular
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▪ Solidificação em soldas
➢ Crescimento planar

Crescimento plano típico de materiais de


elevada pureza (pequena concentração de
soluto) ou alto valor no parâmetro de
solidificação.

G
Parâmetro de Solidificação = 
R

Pureza do material 

Concentração do soluto (C0 ) 


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▪ Solidificação em soldas
➢ Crescimento celular

Crescimento celular típico de materiais com


pequena concentração de soluto ou alto
valor no parâmetro de solidificação.

G
Parâmetro de Solidificação = 
R

Pureza do material 

Concentração do soluto (C0 ) 


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▪ Solidificação em soldas
➢ Diagrama esquemático mostrando a microestrutura de
uma interface sólido-líquido para diferentes modos de
solidificação e gradientes de temperatura

(C) Crescimento celular dendritico (D) Crescimento colunar dendritico


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▪ Solidificação em soldas
➢ Crescimento celular dendrítico
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▪ Solidificação em soldas
➢ Crescimento colunar dendrítico
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▪ Solidificação em soldas
➢ Diagrama esquemático mostrando a microestrutura de uma interface sólido-
líquido para diferentes modos de solidificação e gradientes de temperatura

(E) Dendrita equiaxial (F) Gradiente de temperatura em função do resfriamento constitucional


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▪ Solidificação em soldas
➢ Crescimento equiaxial dendrítico

G
Parâmetro de Solidificação = 
R

Pureza do material 

Concentração do soluto (C0 ) 

Crescimento equiaxial dendrítico típico de materiais


de baixa pureza (alta concentração de soluto) ou
baixo valor no parâmetro de solidificação.
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▪ Solidificação em soldas
➢ Diagrama esquemático
mostrando a distribuição do
soluto na dendrita ou núcleo da
célula e nas regiões intercelular
ou interdendritica.

(A) Crescimento celular (B) Crescimento dendritico


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▪ Solidificação em soldas
➢ Solidificação de um eutético (planar)
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▪ Microestrutura da Zona Fundida
➢ Microestrutura da ZF obtida na soldagem GMAW de um aço
baixo carbono com 0,70%Mn e 0,32%Si. 200x.
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▪ Microestrutura da Zona Fundida

Desenvolvimento da microestrutura para as três condições indicadas


no diagrama ternário Fe-Cr-Ni para um teor de ferro de 70%.
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▪ Microestrutura da Zona Fundida

Microestrutura da zona fundida de um eletrodo AWS E309-L15. Fundo claro: austenita, constituinte
escuro: ferrita. 500X.
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▪ Microestrutura da Zona Fundida

Desenvolvimento de dendritas e cristal simples - superliga de níquel soldada


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▪ Microestrutura da Zona Fundida

Mudança da morfologia de celular para dendritas


– solda de ponto em superliga de níquel
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▪ Formação de grãos equiaxiais

Efeito de adições de alumínio e nitrogênio no tamanho de grão médio da ZF em soldas


realizadas pelo processo GTAW em um aço inoxidável ferrítico estabilizado com nióbio e titânio
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▪ Solidificação em soldas

Regiões da zona fundida (esquemático): (A) região misturada, (B) região não misturada e (C)
região de fusão parcial. As larguras de (B) e (C) estão exageradas no desenho.
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