Você está na página 1de 83

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/355913596

EDIÇÕES LITERATTUS E-BOOK ESPECIAL: DIÁLOGOS EDUCACIONAIS


ORGANIZADORES

Chapter · January 2021

CITATIONS READS

0 23

3 authors, including:

Natanael Vieira Rodrigo Avila Colla

1 PUBLICATION   0 CITATIONS   
Rede Municipal de Ensino de Esteio-RS
20 PUBLICATIONS   13 CITATIONS   
SEE PROFILE
SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

EDUCAÇÃO MORAL OU ÉTICA? NOTAS SOBRE (IN)DISCIPLINA ESCOLAR NA ATUALIDADE View project

All content following this page was uploaded by Rodrigo Avila Colla on 04 November 2021.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


EDIÇÕES LITERATTUS

E-BOOK ESPECIAL:
DIÁLOGOS EDUCACIONAIS

ORGANIZADORES:
Natanael Vieira
Laura Virgínia Tinoco Farias

2021
Este livro foi feito pela
Edições Literattus
E-mail: edicoesliterattus@gmail.com
Venha publicar conosco,
esperaremos os seus materiais!

Ficha catalográfica

E-BOOK ESPECIAL: DIÁLOGOS EDUCACIONAIS. Org.


Natanael Vieira e Laura Virgínia Tinoco Farias – Itapecuru
Mirim - 2021.
84p.– (E-BOOK ESPECIAL: DIÁLOGOS
EDUCACIONAIS.)
ISBN: 978-65-00-24066-5
Selo editorial: Independently published
1. Pesquisa. 2. Educação.

Editor-chefe: Natanael Vieira


ARTIGOS SELECIONADOS:
1 - EDUCAÇÃO MORAL OU ÉTICA? NOTAS SOBRE
(IN)DISCIPLINA ESCOLAR NA ATUALIDADE.

2 - PENSAR, ANALISAR, INTERPRETAR: A


IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NO CURRÍCULO
ESCOLAR DO ENSINO MÉDIO NUM CONTEXTO DE
RESSIGNIFICAÇÃO.

3 - PLANEJAMENTO EDUCACIONAL COM A


UTILIZAÇÃO DE RECURSOS MEDIÁTICOS
FAVORECE A INOVAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA.

4 - RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA ALUNA


SURDOCEGA EM CURSO SUPERIOR NA MODALIDADE
A DISTÂNCIA.
5 - NATIVOS DIGITAIS E METODOLOGIAS.
APRESENTAÇÃO
Quero começar esse texto externando minha gratidão pelo
convite em poder escrever a apresentação de uma obra que traz
textos extremamente importantes para os profissionais da
educação. A obra está organizada pela professora Laura Virgínia
Tinoco Farias e pelo professor Natanael Vieira e recebeu
trabalhos de cinco autores.

A obra foi organizada a partir de algumas temáticas que


tratam da realidade da educação escolar desde a educação básica
ao ensino superior. Encontramos discussões sobre a questão
disciplinar e os valores incutidos nesse processo; passando pelo
ensino, aborda-se o uso das tecnologias digitais na educação;
trazendo a temática da inclusão de pessoas com deficiência, temos
um relato de experiência no ensino superior na modalidade EaD
e, fechando a obra, um texto sobre nativos digitais.

A obra que inaugura o livro é intitulada “Educação Moral


ou Ética? Notas sobre (in)disciplina escolar na atualidade”, de
Rodrigo Avila Colla. No texto, o autor disserta sobre a urgência
de se atuar de forma reflexiva e ética sobre a temática da
disciplina, buscando promover uma educação que seja mais
sensível e crítica, e que dê atenção às emoções e sensibilidade
sem deixar de discutir valores considerados como únicos e
verdadeiros.

Joana d’Arc Araújo Silva apresenta dois textos de sua


autoria. O primeiro discute sobre a disciplina de Filosofia no
currículo ensino médio, pensando em uma ressignificação. O
artigo propõe que educadoras e educadores entendam a
importância do ensino filosófico significativo para estudantes e
reforça que a disciplina deve perpassar todo o currículo do ensino
médio e proporcionar uma educação emancipadora.

O segundo texto da autora abre a sequência de produções


vinculadas à temática das tecnologias na educação. Nele a
formação continuada de professoras e professores é tema de
discussão, uma vez que as TICs – Tecnologias da Informação e
Comunicação, estão presentes mais do que nunca no espaço
educacional e os recursos midiáticos trouxeram significativas
mudanças no processo de ensino e aprendizagem e, nesse
contexto, docentes e estudantes são coatores do processo de
ensino e aprendizagem.

O artigo intitulado “Relato de experiência de uma aluna


surdocega em curso superior na modalidade a distância”, das
autoras Gabriela Serenini Prado Santos Salgado e Adriana
Martins Oliveira, apresenta uma visão inédita da produção
acadêmica na perspectiva inclusiva. O texto foi produzido
levando em conta alguns elementos acessíveis: contraste
claro/escuro, além de escolher uma fonte tipográfica sem serifa e
em caixa alta. Também respeitou a escrita da língua portuguesa
como segunda língua para pessoas surdas. O relato apresenta a
experiência da estudante ao cursar uma graduação, na modalidade
a distância, em uma instituição pública federal, e discute quais
elementos são necessários à adequação e conforto tanto em
produção audiovisual quanto em materiais impressos.
O texto que encerra o e-book é de Natanael Vieira e Katiana
Oliveira dos Santos. Os autores apresentam a pesquisa
bibliográfica intitulada “Nativos digitais e metodologias”. Aqui
também são abordadas as tecnologias da informação e
comunicação, porém com foco no termo Nativos Digitais fazendo
vínculo com as metodologias ativas. Os autores entendem que
docentes estão lidando com um público que tem contato com as
tecnologias digitais e por isso precisam se capacitar
constantemente.

Esperamos que a leitura dessa obra possa ampliar os


horizontes das discussões sobre educação, inclusão e tecnologia,
que incentive mudanças significativas na atuação de docentes e
colabore para a transformação dos espaços educacionais.

Autora da apresentação:
*Gabriela Serenini Prado Santos Salgado
Intérprete e Tradutora de Libras
Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis
Departamento de Direitos Humanos e Inclusão
Núcleo de Acessibilidade e Inclusão
Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL-MG.
BIOGRAFIA DOS ORGANIZADORES
Profº Natanael Vieira
Graduando do 8º período do curso de Licenciatura em Letras de
Língua Portuguesa e Literaturas da Língua Portuguesa pela
UEMA, estudante das pós-graduações em Leitura, Linguística e
Produção de texto pela Faculdade CNI e Metodologia do Ensino
de Língua Portuguesa, Literatura e Língua Espanhola pela
FAVENI. Atualmente é vice - coordenador do grupo de pesquisa
Núcleo de Estudos Mariana Luz, escritor desde 2013, Agenciador
da Faculdade Faveni e Bolsista no Edital de Fomento à Pesquisa
organizado pela Faculdade Latina-americana de Ciências Sociais
(Flacso Brasil), Secretaria de Educação do Estado do Maranhão e
a Vale SA e em 2021 fundou o Centro de Inteligência e Formação
Profissional, instituição voltada para fornecer cursos
profissionalizantes e palestras educacionais, além de ser professor
seletivado de Língua Portuguesa e Inglês pela Prefeitura
Municipal de Anajatuba – MA, alocado na Escola U. I. Profº
Sebastião Marinho de Paula.

Profa Mestra Laura Virgínia Tinoco Farias


Mestra em Teoria Literária pela Universidade Estadual do
Maranhão - (UEMA), especialista em Docência do Ensino
Superior pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA),
graduanda em Letras com habilitação em Língua Inglesa pela
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Atualmente é
membro do Conselho Editorial da Revista Eletrônica
Pergaminho, professora Substituta da Universidade Estadual do
Maranhão - Campus Itapecuru Mirim, professora de Língua
Portuguesa e Inglesa da Rede Municipal de São Luís e professora
de Língua Inglesa do Fisk São Luís.
EDUCAÇÃO MORAL OU ÉTICA? NOTAS SOBRE
(IN)DISCIPLINA ESCOLAR NA ATUALIDADE

Rodrigo Avila Colla


http://lattes.cnpq.br/5893002275144387

Resumo
O presente artigo consiste numa revisão teórica sobre a educação
moral. A discussão empreendida visa a levantar algumas questões
que podem contribuir com a educação de valores e costumes na
contemporaneidade, num contexto em que as práticas de
disciplinamento encontram forte resistência nas instituições
educacionais. A inquietação que funda este debate é a seguinte:
diante das contingências de nosso tempo, convém ainda apostar
numa educação dos costumes centrada no viés disciplinar? O
objetivo do trabalho, portanto, é fornecer elementos teóricos para
que se pense a educação dos costumes na atualidade, dialogando
com as demandas de nosso tempo e propiciando estratégias de
formação que, destoando das práticas educativas meramente
disciplinares, sensibilizem para a ética. Para dar conta desse
problema, inicialmente, aborda-se o conceito de disciplina de
Kant (1999) e se estabelece seu vínculo com os intuitos da moral.
Discute-se o conceito de moral e se apresenta contribuições
teóricas de pensadores que se dedicaram a essa disciplina
filosófica, bem como a distinção entre moral e ética. Após,
discute-se também o caráter prescritivo e universalizante da
moral e algumas implicações formativas de uma educação moral
alicerçada nessas características na atualidade. Por fim, são
destacados alguns dilemas da educação moral no contexto atual e
se aventa algumas alternativas para a sensibilização ética e a
educação dos costumes que destoam de práticas de
disciplinamento. Nesse sentido, defende-se uma postura de
abertura ao outro e de relativização dos direcionamentos morais
que amiúde figuram nas práticas educativas.

Palavras-chave: Educação Moral; Ética; Ética e Educação;


Indisciplina Escolar.

MORAL EDUCATION OR ETHICS? NOTES ON


SCHOOL (IN)DISCIPLINE NOWADAYS

Abstract

This article consists of a theoretical review of moral education.


The discussion undertaken aims to raise some issues that may
contribute to the education of values and customs in the
contemporary world, in a context in which disciplinary practices
are strongly resisted in educational institutions. The concern that
underlies this debate is: in view of the contingencies in our time,
should we still bet on an education in customs centered on
disciplinary bias? The objective of the work, therefore, is to
provide theoretical elements for thinking about the education of
customs today, dialoguing with the demands of our time and
providing training strategies that, in contrast to merely
disciplinary educational practices, raise awareness of ethics. To
deal with this problem, initially, the concept of discipline by Kant
(1999) is approached and its link with the intentions of morality
is established. The concept of moral is discussed and theoretical
contributions are presented by thinkers who have dedicated
themselves to this philosophical discipline, as well as the
distinction between moral and ethics. Afterwards, it also
discusses the prescriptive and universal character of morality and
some formative implications of a moral education based on these
characteristics nowadays. Finally, some dilemmas of moral
education are highlighted in the current context and some
alternatives for ethical awareness and the education of customs
are outlined that differ from disciplinary practices. In this sense,
an attitude of openness to the other and a relativization of the
moral guidelines that often appear in educational practices are
defended.

Keywords: Moral Education; Ethic; Ethics and Education;


School Indiscipline.

APRESENTAÇÃO

Frente à flagrante dificuldade de se lidar com problemas


disciplinares nas escolas, a pergunta que inspira as reflexões deste
artigo é: cabe apostar na educação moral como pilar do combate
à indisciplina ou o foco deve ser a ética?
Por disciplina aqui se entende a assunção/imposição de
um caráter austero que procura “impedir que a animalidade
prejudique o caráter humano, tanto no indivíduo como na
sociedade. Portanto, a disciplina consiste em domar a selvageria”
(KANT, 1999, p. 25). Assim como Kant (2009), Spinoza (2009)
acreditava que o controle sobre os afetos por meio do seu
profundo conhecimento, isto é, por meio da potência da razão, é
um aspecto que serve de fulcro à moral. Ao mesmo tempo, para
o autor, “a satisfação consigo mesmo pode surgir da razão; e só a
satisfação que surge da razão é a maior que pode existir”
(SPINOZA, 2009, p. 190). Em Kant (2009) será também a razão
que orienta a vontade de agir moralmente. O indivíduo é livre para
agir, mas é a sua vontade, orientada pela sua razão e sua
consciência moral, que faz com que seu ato seja moral. Por
consciência moral se entende o “conjunto das exigências das
prescrições que reputamos válidas para guiar nossas ações”
(BOTO; MENEZES, 2014, p. 442). Na base dessas exigências,
em Kant (2009), estão as sanções que buscam domar a selvageria,
afastar o humano de seu estado de animalidade, disciplinando-o.
Para que a questão adquira contornos mais precisos,
distingamos os termos que figuram no problema aqui lançado: a
moral possui uma pretensão universalizadora e prescritiva, visa a
estipular o que é correto ou equívoco, bom ou mau, etc. O
imperativo categórico kantiano, por exemplo, revela tais intentos:
“nunca devo proceder de outra maneira senão de tal sorte que eu
possa também querer que a minha máxima se torne uma lei
universal” (KANT, 2009, p. 133, grifos do autor). A ética, por
sua vez, pode ser entendida como a reflexão (teoria) sobre a moral
(prática) de modo que, eventualmente, poderá transformar os
preceitos que orientam o agir moral. Além disso, pode representar
um código mais restrito de costumes e práticas, circunscrito a
determinado grupo de sujeitos (ética médica, por exemplo).
Nota-se que as duas possuem intrínseca relação e pautam o
agir humano em sociedade, seus costumes. No âmbito
educacional, moral e ética são dimensões invariavelmente
presentes na formação. Este texto busca tematizar a educação para
a ética e a busca pela relativização dos direcionamentos morais
no processo educativo como passíveis de lidar de modo mais
eficiente com os problemas disciplinares. Yves de La Taille
(2001, p. 90) estabelece o vínculo entre o tema central deste
trabalho e a disciplina ao explicar que esta “corresponde ao que
chamamos de moral: o respeito por certas leis obrigatórias”.

O Contexto de Crise da Educação Moral


Pesquisas variadas apontam para o crescimento do
individualismo e a debilitação dos valores morais na
contemporaneidade. Ortega e Mínguez (2001, p. 15, tradução
nossa) afirmam que “vivemos num mundo de ilhamento do
indivíduo em seu eu e de perda do interesse pelos demais ou pela
sociedade”. Em sua opinião, “ao idolatrar uma técnica efêmera,
se entra inevitavelmente em um processo de desintegração do
homem como ser cultural” (ORTEGA; MÍNGUEZ, 2001, p. 18,
tradução nossa).
Richard Sennett (2006), numa análise sociológica voltada
para as relações profissionais, mais especificamente sobre a visão
de empregados sobre os laços que possuem com suas empresas,
identifica a escassez de vínculos de longo prazo na atualidade e
assevera que isso “corrói a confiança, a lealdade e o compromisso
mútuo” (SENNETT, 2006, p. 24). Na mesma esteira de Sennett,
Bauman (2008, p. 154) sintetiza o contexto do mercado capitalista
da seguinte maneira: “a economia política da incerteza é o
conjunto de ‘regras para terminar com todas as regras’”.
No processo educativo, esses apelos mercadológicos
identificados pelos autores influenciam tanto no nível estrutural
(defesa de privatizações) quanto pedagógico (educação voltada
para o mercado de trabalho e focada, principalmente, em
disciplinas/conteúdos a serviço do capitalismo neoliberal).
Entretanto, ao mesmo tempo, busca-se educar os costumes de
maneira pouco condizente com as demandas fluidas para as quais
se alega querer preparar os educandos. Em outras palavras, os
esforços educativos visam, em certo sentido, a preparar os(as)
educandos(as) para um mundo (e um mercado de trabalho) de
mutações cada vez mais céleres, mas, no que diz respeito à
educação moral, as orientações continuam sendo bastante
similares às de anos atrás. Se as sanções por atitudes de
indisciplina/desacato são menos severas e mais veladas, elas
continuam presentes nas práticas pedagógicas, seja os processos
avaliativos seja nas relações interpessoais travadas nas
instituições.
Assim, nos deparamos com um paradoxo. De um lado,
quer-se educar em consonância com as demandas fluídas do
mercado e da sociedade – que afetam os jovens no que se refere
à empregabilidade e aos modismos e tendências –, de outro,
segue-se preconizando preceitos morais que geralmente exigem
certa austeridade avessa a essa fluidez.
Lea Tiriba (2018, p. 203) destaca um ponto importante:
“Na origem da crise moral e espiritual de nossos dias está uma
falsa premissa de separação radical entre seres humanos e
natureza, e a ilusão antropocêntrica de que todos os seres e entes
não humanos nos pertencem porque somos uma espécie
superior”. Em obra dedicada à educação ambiental na educação
infantil, a autora enfatiza a necessidade de atividades ao ar livre e
que envolvam a natureza. Segundo ela, a rotina entre quatro
paredes é, dentre outros motivos, fundamentada por um discurso
centrado no controle dos instintos e na obediência, em detrimento
dos desejos das crianças. Em nome da moral, portanto, o humano
escamoteia a alegria dos infantes. “Um pátio que é de todos, e
onde cada um pode escolher com quem e com o que brincar”,
afirma a autora, “não favorece posturas individualistas e
competitivas, ao contrário, constitui-se como espaço de
convivência amistosa, prazerosa” (TIRIBA, 2018, p. 202). Nessa
perspectiva, aquilo que é negado em prol da moralização e
domesticação dos corpos (vivências educativas ao ar livre e em
meio à natureza), na verdade beneficia uma convivência mais
harmônica entre as crianças, tendendo ainda a formar sujeitos
mais sensíveis e éticos.

Educação para a Ética e para o Respeito à Alteridade


Defendo aqui que a aposta numa postura de abertura ao
outro e de relativização dos direcionamentos morais pode ser uma
alternativa profícua para se trabalhar valores de convivência. No
percurso formativo, as prescrições de como se deve agir em dada
circunstância podem ser apresentadas/criticadas levando em
conta o seu caráter contingente e parece pertinente que a própria
moral seja relativizada, aproximando sua discussão da dinâmica
de relações que vivemos na atualidade. O que representa um apelo
moral em dada sociedade pode ser moralmente irrelevante para
outra e vice-versa. A discussão e a problematização sobre os
princípios morais – e os interesses, variáveis de cultura para
cultura, que encerram – constituem um modo alternativo de
abordar a educação dos costumes. Trata-se de prezar pela reflexão
ética acerca das orientações para a ação e avaliá-las em diferentes
contextos, influenciados por diferentes sujeitos. Além de dialogar
em maior medida com as demandas do nosso tempo, tal
abordagem pode estar a serviço de um processo de abertura à
alteridade por parte dos educandos e estimulá-los na busca por
compreender os problemas contextualmente, propiciando,
ademais, que se trabalhe na perspectiva da sensibilização ética,
levando-os a refletir valores e comportamentos – e não apenas os
obrigando a acatá-los. Mesmo Kant (2009, p. 81) fez questão de
frisar que o conceito de obrigação é “tudo menos moral”.
Spinoza (2009) também não tematiza o agir moral como
dever. O domínio dos afetos, para o filósofo, advém da
compreensão do intelecto de que eles conduzem a estados de
sofrimento. “À medida que a mente compreende as coisas como
necessárias”, afirma o autor, “ela tem um maior poder sobre os
seus afetos, ou seja, deles padece menos” (SPINOZA, 2009, p.
218). A razão, assim, é justificada como meio para alcançar as
“regras de vida”, ou seja, os princípios para viver bondosa e
corretamente. Nessa ótica, ela é provedora da maior satisfação
que pode existir.
Nietzsche (2011) dedica muitos trechos de sua prolífica
obra à crítica da moral. Preocupar-se em moralizar, na sua visão,
é algo “absurdamente ingênuo”. O objetivo de evitar o sofrimento
(controlando os afetos inquietantes e por vezes perniciosos), para
ele, consiste numa dentre tantas ingenuidades dos metafísicos. A
“psicologia da metafísica” sustenta as crenças na existência de um
mundo-verdade (em contraposição ao mundo aparente, a
realidade) e de um mundo absoluto (em contraposição ao
condicionado). É a ameaça do sofrimento que inspira tais crenças.
Por meio de uma “confiança cega na razão” como um poder
redentor, os metafísicos deduzem categorias transcendentes.
Nietzsche (2011, p. 366) elucida tais deduções com o seguinte
exemplo: “este mundo está em seu devir: logo existe o mundo que
é”. Por não conseguirem conviver com a ideia de caos, pois isso
seria muito “doloroso”, os metafísicos constroem categorias que
deem certa sensação de segurança (a “verdade” é segura,
confiável). De acordo com Nietzsche, o fato:
[...] dos metafísicos e religiosos verem em
primeiro plano os problemas do prazer e do
pesar, expressa-se algo de doentio e
fatigado. A moral somente tem para eles
uma tal importância porque é considerada
uma das condições essenciais para a
supressão do sofrimento. (NIETZSCHE,
2011, p. 367)

Noutro lugar, Nietzsche (2012, p. 41, grifos do autor)


declara: “Nós também acreditamos na virtude, mas na virtude no
estilo da renaissance, virtú, virtude livre de toda a moral”. Para
ele, virtuoso é o espírito livre e não o asceta. Trata-se de uma
liberdade que conduz à autonomia e, segundo o ideal
nietzschiano, representa a primazia para que o sujeito seja um
senhor de sua existência, se torne um artista/criador de si mesmo,
traçando seu próprio percurso formativo.
Na visão de Deleuze, a ética “é um conjunto de regras
facultativas que avaliam o que fazemos, o que dizemos, em
função do modo de existência que isso implica” (DELEUZE,
2008, p. 125-126). O estilo de vida, para o filósofo, que nos
constitui e “se há nisso toda uma ética, há também uma estética”
(DELEUZE, 2008, p. 126). A ética, portanto, é um conjunto de
preceitos que faculta a avaliação dos costumes e mobiliza a
dimensão da sensibilidade.
Como prática reflexiva sobre os atos morais, ela
possibilita o exercício da sensibilidade e envolve o avaliador num
processo de descentramento e abertura à alteridade. Isso porque é
impossível analisar uma atitude de maneira contextual sem buscar
se aproximar da perspectiva a partir da qual tal ato foi levado a
cabo. Ainda que a moral busque prescrever uma norma a ser
seguida por todos, na prática, mesmo orientado por preceitos
morais, nenhum indivíduo age do mesmo modo. Convém
analisarmos as circunstâncias nas quais agimos, nossas escolhas
e nossas tomadas de consciência de como determinamos nossa
constituição como sujeitos de modo a relativizar prescrições
morais e se aproximar da reflexão, caso a caso, cultura a cultura,
sobre a (in)adequação de atitudes. Desacostumar-se a
compreender os costumes de modo estanque parece ser uma
empresa mais condizente com as potências formativas que se quer
fomentar. Um relativo desacato à moral que implique pensar em
termos éticos exige uma disciplina que coloca o pensamento em
ação e possibilita refletir a convivência a partir de uma matriz que
mobiliza a sensibilidade.
A ética, diferentemente da moral, possui intrínseca relação
com a dimensão estética de nossa experiência. Nesse sentido, é
interessante pontuar a discussão com a etimologia do termo
estética. Segundo Duarte Júnior (2000, p. 15) aisthesis, raiz grega
do termo hodierno, diz respeito à “capacidade do ser humano de
sentir a si próprio e ao mundo num todo integrado”. Por outro
lado, “a estetização da ética”, assinala Nadja Hermann (2008, p.
17), “situa-se nesse anseio de preencher o vazio deixado pela
queda das justificações metafísicas”. Na visão da autora, isso
ocorre “porque a estética sempre se interpôs contra o rígido
racionalismo, para destacar que as forças da imaginação, da
sensibilidade e das emoções teriam maior efetividade para o agir
do que a formulação de princípios abstratos e do que qualquer
fundamentação teórica da moral” (HERMANN, 2008, p. 17).
Nesse sentido, a inclusão de exercícios de reflexão ética
ao longo das práticas educativas representa um manancial de
possibilidades não somente para se pensar em termos
comportamentais e de costumes, mas para promover uma
educação mais sensível e crítica, que esteja atenta às emoções e à
sensibilidade ao mesmo tempo em que preza pela
problematização de enunciados e valores tomados como
verdadeiros ou corretos.
REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. A Sociedade Individualizada: vidas


contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BOTO, Carlota; MENEZES, Edmilson. Algumas Notas sobre


Educação e Ética à Luz do Pensamento de Kant. Educação,
PUCRS, Porto Alegre, v.37, n.3, p. 441-453, set.-dez. 2014.

DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Ed. 34, 2008.

DUARTE JUNIOR, João Francisco. O sentido dos sentidos: a


educação (do) sensível. Campinas, SP: Papirus. 2000.

HERMANN, Nadja. Ética: a aprendizagem da arte de viver.


Educação e Sociedade, Campinas: CEDES/Unicamp, v.29 n.102
jan./abr., p.15-32, 2008.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos


Costumes. São Paulo: Discurso Editorial; Barcarolla, 2009.

KANT, Immanuel. Sobre a Pedagogia. Piracicaba, SP: Editora


Unimep, 1999.

LA TAILLE, Yves de. A Questão da Indisciplina: ética, virtude


e educação. In: DEMO, Pedro; LA TAILLE, Yves de;
HOFMANN, Jussara. Grandes Pensadores em Educação: o
desafio da aprendizagem, da formação moral e da avaliação.
Porto Alegre: Mediação, 2001, p. 67-98.

NIETZCHE, Friedrich W. Vontade de Potência. Petrópolis, RJ:


Vozes, 2011.
NIETZCHE, Friedrich W. Fragmentos Póstumos (1887-1889)
– Volume VII. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

ORTEGA, Pedro; MÍNGUEZ, Ramón. La Educación Moral


del Ciudadano de Hoy. Barcelona: Paidós, 2001.

SENNETT, Richard. A Corrosão do Caráter: consequências


pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro:
Record, 2006.

SPINOZA, Benedictus de. Ética. Belo Horizonte: Editora


Autêntica, 2009.

TIRIBA, Lea. Educação Infantil como Direito e Alegria: em


busca de pedagogias ecológicas, populares e libertárias. Rio de
Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018
PENSAR, ANALISAR, INTERPRETAR: A
IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NO CURRÍCULO
ESCOLAR DO ENSINO MÉDIO NUM CONTEXTO DE
RESSIGNIFICAÇÃO

Joana d’Arc Araújo Silva – sirana66@yahoo.com.br


http://lattes.cnpq.br/8466145827373642

RESUMO
Diante dos vários desafios impostos pela sociedade, é possível
perceber que existe, por parte dos educadores, a viabilização de
uma educação que procure qualidade, que defenda e ajude a
edificar um sistema de ensino público capaz de incentivar a
inteligência e os talentos dos educandos (conhecimento,
comunicação, desenvolvimento, dentre outros), que precisam ser
mais estimulados na escola. Nesse viés e considerando a Filosofia
como a arte do bem viver, estudando as paixões e os vícios
humanos, o presente artigo, de caráter qualitativo, tem como
objetivo evidenciar a importância do Ensino de Filosofia para o
Ensino Médio, reforçando entre os profissionais que o pensar e
agir de modo filosófico pode inovar a prática pedagógica. A
análise e interpretação do material estudado favoreceu a
aprendizagem das atitudes filosóficas capazes de promoverem a
motivação de educandos do Ensino Médio colaborando para a
construção do seu conhecimento, sobretudo para sua vivência e
atuação participativa na sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Filosofia. Educação. Ensino Médio.


Conhecimento.
INTRODUÇÃO
Historicamente a filosofia nasceu por volta do século VII
A.C entre os gregos e estes produziram uma cultura de vários
mitos explicativos da realidade. Logo após a expansão marítima
grega permitiu um confronto entre seus mitos e os de outros
povos, o que levou a superar estes através de uma atitude reflexiva
diante da realidade, num esforço de compreendê-la
racionalmente. A expressão filosofia surge na Grécia. Em sua
composição se encontram duas outras palavras: phílo e sophía.
Philo deriva de philía, que significa amor fraterno, respeito entre
os iguais. Sophía quer dizer sabedoria e dela vem a palavra
sophós, sábio (DOMINGUES, 2006, s/p). Neste contexto o
filósofo, por sua vez, seria aquele que deseja saber, tem amizade
pelo saber, ama o conhecimento, investiga, questiona e busca o
saber.
O que distingue a filosofia é o uso peculiar da razão ou do
pensamento, a sensibilidade ou a atitude do filósofo e o jeito de
ver o homem e o mundo. Segundo Luckesi (1994) a filosofia
começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso
comum e começa dizendo que não sabemos o que imaginamos
saber, surgindo para analisar a maneira de pensar do ser humano
é vista como um objeto de uma reflexão. Busca resposta às
questões do cotidiano baseados em elementos de diferentes
reflexões e fundamentados em correntes ou escolas de
pensamentos. Informações que foram construídas historicamente
com referências de filósofos importantes, destacando-se: Platão
(427-347 A.C) quando argumentava que as formas ou ideias são
abstratas, substanciais, eternas e imutáveis, dotadas do maior grau
de realidade; Aristóteles (384-322 A.C), quando argumenta que a
filosofia é essencialmente teorética, decifrando o enigma do
universo, enfatizando que a atitude inicial do espírito é o
assombro do mistério, tendo como problema fundamental o
problema do ser. Ambos propagaram a filosofia,
supervalorizando-a (DOMINGUES, 2006, s/p).
Luckesi (1994) afirma que ‘a decisão de filosofar’ emerge
da ansiedade que incentiva no ser humano o desejo de ver e
conhecer através da admiração. Nesta condição emana a
disposição de problematizar, envolver e construir. A Filosofia se
caracteriza como busca da verdade, como investigação humilde,
contínua e dinâmica da essência da vida, nascendo a partir do
sentimento de insatisfação. Torna-se uma atitude, um raciocinar
constante, pois interroga o saber constituído.
[...] assim, o nosso exercício do
filosofar será um esforço de inventário,
crítica e reconstrução de conceitos,
auxiliados pelos pensadores que nos
antecederam. Eles têm uma
contribuição a nos oferecer, para nos
auxiliar em nosso trabalho de construir
nosso entendimento filosófico do
mundo e da ação (LUCKESI, 1994, p.
30).

Seneda (2009) coloca que “a principal habilidade do


filósofo seria, por conseguinte, a de converter fins em meios, para
poder subordiná-los e unificá-los sob outros fins”. Desse ponto de
vista, a Filosofia apresenta dois componentes: um acervo
suficiente de conhecimentos racionais e um nexo sistemático
desses conhecimentos ou sua ligação na ideia de um todo.
Conforme argumenta Luckesi (1994), “a filosofia é uma
força, é o sustentáculo de um modo de agir. É uma arma na luta
pela vida e pela emancipação humana”. Portanto, uma reflexão só
será filosófica quando existir criticidade para discernir e julgar o
valor. Quando se critica tem que ter o cuidado de agir com
severidade, sabendo constituir critérios. Além da criticidade, é
preciso procurar a raiz, a origem, os fundamentos.
Percebe-se que em seu contexto, a Filosofia é a crítica da
ideologia, desnudando o que está escondido, elucidando a aptidão
do filósofo: o desvelamento do que está oculto pelos costumes,
pela convenção, pelo poder.
Luckesi (1994) afirma que é preciso olhar o dia a dia, ler
e estudar o que disseram os outros pensadores, os outros filósofos
para auxiliar a tirar o nível de entendimento proporcionando
outras categorias de compreensão. Considera-se que um bom
filósofo realiza reflexões em relação à realidade em qualquer
circunstância, descobrindo os significados mais profundos,
analisando e discutindo quais são as principais características de
sua e de outras construções filosóficas. Este refletir é pensar,
considerar cuidadosamente o que já foi pensado, deixando ver,
revelando, mostrando, traduzindo os valores relacionados a
sentimentos, emoções, envolvidos nas coisas, nos acontecimentos
e nas ações humanas.
Uma relevante reflexão filosófica deve possuir
características relacionadas a Radicalidade e a Contextualidade
nas suas variadas linhas científicas ou não, dependendo das
premissas de iniciação e da situação histórica de cada pensador.
O trabalho filosófico é fundamentalmente teórico e envolve um
processo sempre ativo de apreensão das significações históricas
da realidade humana surge a procura da verdade que equivale ao
processo ativo de apreensão das significações. Filosofar é
preocupar-se com os princípios da existência e da realidade total
do ser humano, com estas cogitações e análise nasce o filósofo.
Conforme salienta Luckesi (1994, p. 22), “o filósofo sistematiza
as aspirações dos seres humanos, aspirações essas que dão sentido
ao dia a dia, à luta, ao trabalho, à ação”.

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DA FILOSOFIA NO


BRASIL
O ensino da filosofia no Brasil é quase contemporâneo da
sua descoberta. O fato é que, com a vinda de Tomé de Sousa em
1549, aqui chegaram os seis primeiros jesuítas. Era recente a
criação da Ordem, tendo sido entregue à Companhia de Jesus todo
o trabalho de catequese e de ilustração da nova colónia. A
primeira legislação escolar da Companhia, a Constituição de
1559, aplicada à instalação dos cursos em terras brasileiras, exigia
cinco anos para as letras e sete para os estudos universitários de
filosofia e teologia. Nas Províncias do Império, encontrou-se a
Filosofia incluída obrigatoriamente no currículo dos liceus e dos
ginásios, de nível secundário desde as primeiras décadas do
século XIX.
Com a promulgação Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional-LDB nº. 9364/96 a disciplina de filosofia e
sociologia passam a ter uma atenção especial, sendo tratada como
disciplina obrigatória no ensino médio, condição para que ela
possa integrar com sucesso projetos transversais e contribuindo
para o pleno desenvolvimento do educando.
Na atualidade, o artigo 36 da LDB, determina que, ao final
do Ensino Médio, todo estudante deverá dominar os
conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao
exercício da cidadania. Esclarece que “o currículo do ensino
médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e
por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio
da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a
relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de
ensino” (BRASIL, 2002, art.36).
Em 1961 a filosofia deixa de ser obrigatória. Em 1971,
época do regime militar, ela praticamente desaparece das escolas.
Com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(Resolução CEB/CNE n. 3/98), aprovadas pelo Conselho
Nacional de Educação em 1998 e os PCNEM (de 1999), ficam
caracterizados os conhecimentos filosóficos a serem trabalhados
nas escolas como temas transversais. Na ótica da LDB, os
conhecimentos de Filosofia e Sociologia são justificados como
“necessários ao exercício da cidadania” (artigo 36, § 1º, inciso III,
da Lei nº 9.394/96). Junto aos demais componentes da Educação
Básica contribuem para uma das finalidades do Ensino Médio
“aprimoramento como pessoa humana, incluindo a formação
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico” (art. 35, inciso II, da LDB).
Em 1999 o Conselho Nacional de Educação (CNE),
sugeriu que o ensino da Filosofia no Ensino Médio enquanto
disciplina, fosse integrado à área curricular diversificada, como
tema transversal e interdisciplinar nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN). Renomados estudiosos se esforçaram para que
a Filosofia retornasse ao currículo como disciplina necessária.
Com vários profissionais sem formação em Filosofia, muitas das
discussões teóricas sobre o assunto revelam que os educadores
ministravam a disciplina de forma bem rudimentar. Neste
contexto o ensino da Filosofia para o Ensino Médio passou a ser
observado como conhecimento sem adequação à realidade e à
vida prática, vazio e insignificante, tendo sido tema de constantes
debates (LUCKESI, 1994).
Em 2009, com a retificação da LDB – Lei nº. 9.394, de 20
de dezembro de 1996, a Filosofia passou a ser uma disciplina
essencial no currículo escolar do Ensino Médio no Brasil.
Passando a incentivar os educadores a um repensar, analisar a
prática docente em relação à praticidade da disciplina como um
obstáculo a ser ultrapassado por todos os profissionais envolvidos
na educação: licenciados em filosofia, pedagogos e pela
comunidade educacional. Ficou evidenciando que a filosofia
possui uma conexão com as demais áreas do conhecimento
assegurando e incentivando nos educandos competências e
habilidades para que consigam responder aos desafios
estabelecidos pela sociedade contemporânea (FÁVERO et al,
2004). Passou a ser necessário proporcionar um ensino mais
crítico-reflexivo com características inovadora e transformadora
da realidade porque a educação no ensino médio deve configurar-
se bem fundamentada no diálogo interdisciplinar, valorizando as
devidas particularidades.
A integração do ensino da Filosofia no Ensino Médio se
consolida como um saber em condições de favorecer a integração
entre as áreas do conhecimento, inquietações, reflexões e
mudanças necessárias para a construção da autonomia do
educando. Compete aos profissionais da educação instigar nos
educandos as condições necessárias para a reflexão filosófica
numa realidade contextualizada. Pois segundo Luckesi (1994,
p.33) a disciplina de Filosofia “fornece à educação uma reflexão
sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o
educador e para onde esses elementos podem caminhar”.
A Filosofia tem que ser pensada além do conceito na
escola, porque envolve um dúplice ponto de vista. Do ponto de
vista cosmo político, a Filosofia torna-se uma "doutrina da
sabedoria", e o filósofo assume o ofício não de um mero técnico,
mas de um "legislador da razão", que deve utilizar sua habilidade
de pensar meios para fins quaisquer com o objetivo de relacionar
os diversos usos da razão com "a meta final da razão humana".
O campo da Filosofia na significação cosmo política pode
reduzir-se às questões: Que posso saber? Que devo fazer? Que me
é permitido esperar? Que é o homem? Assim, Seneda (2009, s/p)
esclarece que “a Metafísica responde à primeira questão; a Moral,
à segunda; a Religião, à terceira; e a Antropologia à quarta”.
Também poderia ser questionado: que pode ser ensinado em
Filosofia? Esta questão, paradoxalmente, não recobre a questão
do que pode ser aprendido.
Os Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM)
preveem a Filosofia como disciplina, no contexto da grande área
Ciências Humanas e suas Tecnologias. Como se trata de uma
proposta baseada no conceito de competências (do debate, da
argumentação, da leitura e da escrita etc.), a proposta contida no
texto reforça a importância das competências e habilidades a
serem desenvolvidas em Filosofia: Representação e
comunicação; Investigação e compreensão. O que remete à
estruturação dos conteúdos, os programas de Filosofia para o
Ensino Médio, articulados por temas, por domínios ou campos
filosóficos, por problemas e por critérios cronológicos.
FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO E A PRÁTICA
DOCENTE
O PCNEM (2002) destaca que a integração do ensino da
Filosofia no Ensino Médio se consolida como um saber em
condições de favorecer a integração entre as áreas do
conhecimento, inquietações, reflexões e mudanças necessárias
para a construção da autonomia do educando. Compete aos
profissionais da educação instigar nos educandos as condições
necessárias para a reflexão filosófica numa realidade
contextualizada. Pois segundo Luckesi (1994, p.33), a disciplina
de Filosofia “fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade
na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde
esses elementos podem caminhar”.
O ensino da Filosofia propõe uma percepção pedagógica
com fundamento nas edificações dos variados saberes para o
diálogo crítico, fundamentado e consciente, conforme enfatizado
por Luckesi (1994, p.32) “Filosofia e Educação são dois
fenômenos que estão presentes em todas as sociedades. Uma
como interpretação teórica das aspirações, a outra como
instrumento de veiculação dessa interpretação”.
O ensino de Filosofia se tornará útil para construir os
saberes necessários à formação do ser humano. A discussão, que
passa pela fundamentação pedagógica da filosofia no ensino
médio, tem que se apresentar integrada a sua finalidade no
conjunto da educação básica, sendo o ser cidadão comum pensado
enquanto ser humano dentro da ética (DOMINGUES, 2006, s/p).
A Filosofia torna-se importante e necessária para o Ensino
Médio e em toda a educação fundamental possuindo função
social, educacional e política, mostrando para a sociedade qual a
sua serventia na contemporaneidade. Torna-se prudente e
fundamental que investigue, pesquise, analise as coisas, os fatos,
as ideias, as situações, os valores, os comportamentos da
existência cotidiana do ser humano para que ele se sinta instigado
a participar da construção de conhecimentos, interagindo e
contribuindo com as transformações que se fazem necessárias
para consolidar o ensino de Filosofia.
É preciso proporcionar aos educandos um ensino de
Filosofia com conhecimentos sistematizados que faça sentido.
Nesta construção de conhecimentos surgirão muitos, novos e
variados olhares sobre os fenômenos, sobre os sujeitos, sobre os
saberes. Poder-se-á desenvolver então uma percepção que
investiga, questiona, construindo compreensão, entendimento e
uma transformação das complexas estruturas das escolas de
ensino médio do Brasil.
Competente à educação e aos educadores indicarem
opções para um ensino comprometido com a construção de
habilidades e competências, significativo e sério, possibilitando a
indagação, reflexão e inter-relação com os saberes apresentados
no currículo de ensino fundamental. Os educandos de variados
contextos sociais, participariam desta ação agregando saberes de
áreas específicas e com experiências diversificadas.
Com base nessas possibilidades, é que os educadores têm
condições de fazer e refazer sua prática docente. Para tal, será
necessário que eles tenham domínio dos conteúdos trabalhados
em sala de forma direta e/ou indireta fundamentando o fazer
docente para adquirir conhecimentos, romper barreiras e construir
novos caminhos que tenham a participação do educando,
adequado à sua realidade e necessidade. O ensino e a pesquisa
que anda sempre associada à prática de trabalho do educador terão
que favorecer a inovações, atualizar conhecimentos que dizem
respeito a valores, atitudes, comportamentos, que se
concretizarão como um desafio a ser ultrapassado (FÁVERO et
al, 2004).
Estudos apontam que o ensino da Filosofia precisa ter
como referencial básico a formação da construção do diálogo
autônomo nos mais variados aspectos, favorecendo a constituição
de habilidades e competências que são interligadas por conteúdos
que perpassam todo o ensino fundamental e serão reforçadas no
Ensino Médio. Aspectos que estão em destaque no conteúdo das
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(DCNEM) na Resolução 03/98 no artigo 10 quando assegura que
a base nacional comum dos currículos do Ensino Médio será
organizada em áreas de conhecimento.
As disciplinas interligadas deverão assegurar que o
processo pedagógico seja sustentado por todas as disciplinas que
compõem o currículo no ensino fundamental, incluindo-se a
articulação com as ciências humanas, naturais e exatas.
Assegurando o que preconiza os PCNEM (2002), a articulação
dos conhecimentos filosóficos, variados conteúdos e modos
discursivos nas ciências naturais e humanas, nas artes e em outras
produções culturais. Sendo assim, a filosofia poderá colaborar
diretamente para a produção crítica, educacional, social,
profissional, permeada por pesquisas, questionamentos,
investigação, dentre outros aspectos.
A Filosofia desempenha uma função integradora entre as
demais disciplinas do ensino médio, favorecendo a reflexão das
ciências humanas e dos saberes tecnológicos e científicos. As
trocas e discussões integradas e sistematizadas serão necessárias
para uma construção significativa de conhecimentos, habilidades
e competências, convocando os educandos a analisar e
replanejarem conceitos, construindo e desconstruindo
entendimentos da realidade (DOMINGUES, 2006, s/p).
O ensino de Filosofia deve fomentar o exercício da prática
da cidadania. Situação que irá favorecer aos envolvidos a prática
do atuar e a interação com diversos saberes. Nesse contexto, um
percurso consideravelmente importante seria a filosofia utilizar
recursos e metodologias que favoreçam o diálogo, a troca de
experiência para obter uma ferramenta capaz de assegurar uma
visão e compreensão do processo pedagógico para os
educandos/educadores na interdisciplinaridade.
Será necessária uma experiência de aprendizagem
resignificada, competindo ao educador utilizar metodologia e
recurso pedagógico variado para instigar, fomentar novos
saberes, entendimentos e opiniões, estará ao mesmo tempo,
proporcionando a constituição de uma educação emancipadora.
Necessariamente também será preciso existir interação dos
conteúdos de diferentes disciplinas do currículo do ensino médio
para construir uma compreensão verdadeira das relações de
causa, construindo um saber integrado entre fundamentação
teórica e prática (FÁVERO et al, 2004).
Torna-se necessário, que os educadores, profissionais
especializados, escolham para trabalhar com os educandos,
conteúdos e temáticas que expressem com maior exatidão a
realidade a ser explorada sem, contudo, desvalorizar a seriedade
da disciplina e da relação interdisciplinar do processo
pedagógico. A intenção é desenvolver um trabalho metodológico
que favoreça o diálogo, a interação, a troca de experiência e a
construção proporcionando todas as formas de aquisição de
conhecimento.
Um longo percurso há de ser percorrido sem perder a
essência da filosofia principalmente priorizar para a formação do
educando a essência do que é filosofar, aliado a um tema,
problemas e teorias que se entrelaçam na busca de variadas
soluções que virão à tona em determinado contexto histórico-
prático. Os conteúdos a serem trabalhados pela disciplina em
nível médio devem ter origem na História da Filosofia, onde se
encontra os casos paradigmáticos do que seja uma investigação
sistemática, e a metodologia a ser empregada pelo educador
consistirá inicialmente na exposição de um problema filosófico
de maneira bastante informal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No processo de evolução, a humanidade acumulou
saberes que foram sistematizados como conhecimentos. Nesse
contexto, a Filosofia veio auxiliar nas funções teóricas e práticas,
o que colaborou para que estudiosos chegassem a uma concepção
do universo por meio da autorreflexão.
Domingues (2006, s/p) afirmar que “o ensino da Filosofia
feito no Brasil ainda é bastante tradicional, muito embora tenha
avançado com relação a uma proposta de ensino
descontextualizado da história da filosofia, voltando-se mais para
temas e problemas filosóficos”. Mas existe uma literatura ampla
e vasta para reforçar a importância da Filosofia para o Ensino
Médio, sendo imprescindível selecionar materiais que possam se
adequar às diversas realidades existentes superando uma cultura
tradicional que aos poucos vem desabrochando para inovações. É
preciso que o projeto político pedagógico e currículo de ensino
estejam adaptados às inovações que são propostas pelos
documentos oficiais do Ensino Médio e legislação pertinente,
incentivando os profissionais a investirem na formação
continuada.
O estudo da Filosofia deve ser entendido como uma área
do conhecimento que resgata a forma de pensar, analisar e
construir conhecimentos da humanidade no sentido em que
atualmente se se refere às várias ciências: exatas, aplicadas,
médicas, humanas, filosóficas, dentre outras. Deve ter um lugar
privilegiado na vida das pessoas, porque sempre esteve na origem
das mudanças terminantes na história da humanidade educando,
fomentando discussões, propondo reflexões, desvendando
horizontes obscuro e incompreensível.
É fundamental pensar em educadores especializados na
área de filosofia para serem mediadores das aulas, projetos, ações
que valorizem e ampliem a ação interdisciplinar na expectativa de
capacitar números maiores de pessoas autônomas, educandos que
possam compreender, atuar e transformar a realidade. A filosofia
deve perpassar todo o currículo do ensino médio proporcionando
uma reflexão sobre o conhecimento construído e contribuindo
com o diálogo como meio de interferência nos conflitos
contemporâneos. Sua função é essencialmente capacitar
educandos com o propósito de fundamentar os discursos sociais,
éticos, técnicos e profissionais à luz de um conhecimento
inovador.
Ao leitor, profissional da educação, é importante se
apropriar das diferentes informações de assuntos variados
relacionados à inclusão da Filosofia no Ensino Médio,
incentivando os educadores à busca constante da formação
continuada para a construção de seus conhecimentos renovando a
prática pedagógica.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>.
Acesso em 12 Jan. 2021.

________. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino


Médio. Parte IV. Ciências Humanas e suas Tecnologias. 2002.
Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso
em 06 Jan. 2021.

_______. PCN Ensino Médio + Orientações Educacionais


Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Ciências Humanas e suas Tecnologias. 1996. Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_int
ernet.pdf>. Acesso em 06 Jan. 2021.

_______. Resolução CEB Nº 3, de 26 de junho de 1998. Institui


as diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio.
Disponível em <http://portal.mec.gov.br/pet/323-secretarias-
112877938/orgaos-vinculados-82187207/13204-resolucao-ceb-
1998>. Acesso em 06 Jan. 2021.

DOMINGUES, Ivan. Desafios da filosofia no século XXI:


ciência e sabedoria. Revista da Filosofia. V.47. N.113, Belo
Horizonte, Jun. 2006.
Disponível em
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010
0-512X2006000100001>. Acesso em 126 Jan. 2021.
FÁVERO, Altair Alberto et al. O ensino da Filosofia no
Brasil: um mapa das condições atuais. V.24. N.64. Campinas,
Dez. 2004. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v24n64/22830.pdf>. Acesso
em 12 Jan. 2021.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. Coleção


magistério 2° grau. Série formação do professor. São Paulo:
Cortez, 1994. Disponível em
<file:///C:/Users/Usuario/Downloads/Filosofia%20da%20Educa
%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em 06 jan. 2021.

SENEDA, Marcos César. Conceitos de filosofia na escola e no


mundo e a formação do filósofo segundo I. Kant.
Universidade Federal de Uberlândia, 2009. Disponível em
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010
0-512X2009000100012&lng=pt&nrm=1>. Acesso em 06 Jan.
2021.
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL COM A
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS MEDIÁTICOS
FAVORECE A INOVAÇÃO DA PRÁTICA
PEDAGÓGICA

Joana d’Arc Araújo Silva - sirana66@yahoo.com.br


http://lattes.cnpq.br/8466145827373642

RESUMO
O mundo está em constante evolução causada por exigências do
cotidiano e/ou outras situações impostas ao mundo globalizado.
O profissional da educação, que atuam em diversas áreas precisa
saber realizar um planejamento que exímio para saber para
acompanhar as mudanças sociais. E ao pensar em adequação,
faz-se necessário inserir neste contexto a utilização dos recursos
midiáticos, que irão assegurar disseminação de conhecimento.
Saber planejar incentiva o educando a investir na formação
continuada. E educadores bem formados são profissionais
melhores, ou seja, possuem embasamento teórico adequado. No
entendimento da formação dos educadores, a análise se torna
abrangente, sendo de suma importância que eles possam ser
orientados para lidar com as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC’s). A utilização dos recursos midiáticos na
educação marca significativas mudanças nos processos de
ensino aprendizagem. Entretanto este percurso dependerá do
envolvimento dos educadores, os quais necessitam empreender
esforços no sentido de propiciar a utilização das novas
tecnologias no meio educacional. Assim sendo o foco deste
artigo é contribuir na reflexão para as futuras práticas de
formação continuada de professores.
Palavra-chave: Formação Continuada. Tecnologias.
Planejamento. Educadores.
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E RECURSOS
MIDIÁTICOS
A importância das tecnologias informativas no ambiente
escolar está sendo percebida com esmero e sua utilização é
consenso no discurso dos educadores, porque reconhecem que o
estabelecimento de ensino precisa acompanhar o
desenvolvimento da sociedade. Torna-se importante estar em dia
com a cultura do tempo atual, pois é nela que se dá a alfabetização
para ler, escrever, comunicar melhor, ter uma visão de mundo. E
será nela que acontecerá a alfabetização científica e
tecnologicamente.
Independente do nível de atuação é possível perceber a
dificuldade que os educandos vivenciam no cotidiano para a
apropriação destes e outros meios tecnológicos. Isto se constitui
numa situação contraditória, tendo em vista a velocidade das
transformações que é necessário terem no século XXI, cada vez
mais aceleradas e bruscas. Com a tecnologia da informação,
consegue-se alcançar inúmeros pontos do globo, encurtando-se as
barreiras culturais e físicas. Surgem neste contexto novas
perspectivas de considerar a investigação como fonte geradora de
novas propostas para o ambiente educativo (presencial ou
virtual).
O progresso dos meios tecnológicos, o crescimento e o
desenvolvimento de todos os segmentos da informática e da
informação, vêm propiciando um avanço revelador na criação e
evolução de novos dispositivos voltados a educação e outros
segmentos. A expansão dos meios tecnológicos tem atingido a
totalidade dos empreendimentos seja no setor profissional,
educacional ou pessoal, oferecendo às pessoas oportunidade de
adquirir um desenvolvimento mais rápido e confiável nos
afazeres diários, aumentando cada vez mais o número de tarefas
que podem ser realizadas com o auxílio das máquinas interativas.
Nos estabelecimentos de ensino, o crescimento e a
utilização de novas tecnologias tornaram-se essencial,
considerando que as máquinas estão cada vez mais presentes no
dia a dia das pessoas em seus métodos de aprendizagem e
capacitação. Com isso, a utilização da informática vem
proporcionando aos educadores e educandos condições de
desempenhar melhor e mais rapidamente suas atribuições.
Um meio de comunicação que muito tem manifestado
quando se fala em tecnologia e informação é a internet cujo
adquiriu uma proporção consideravelmente relevante entre os
educadores e os educandos, pois ela proporciona uma agilidade
no que diz respeito à transmissão da informação entre a
comunidade docente/discente no âmbito do ensino, bem como
destes dois com a administração do estabelecimento de ensino.
As tecnologias mediáticas foram inseridas para que
contribuam significativamente com o processo educacional,
percebendo que os educandos são os primeiros, são sem sombra
de dúvida os mais novos especialistas a desenvolver habilidades
para trabalhar com as mídias. Aos poucos a pratica pedagógica
dos educadores está sendo modificada. A necessidade de
adequação está favorecendo a mudança das concepções sobre o
que significa aprender, estudar, pesquisar ou mesmo ensinar em
uma aula. O discurso inovador agindo para que a ação pedagógica
sensibilize com as mudanças.
Com a utilização dos recursos midiáticos o ensino e a
aprendizagem com caráter de natureza investigativa, assume a
função de orientar, gestar e criador situações ou tarefas de
aprendizagens. Neste contexto deve transmitir aquilo que o
passado julga fundamental para o presente e antecipar, hoje, o que
os educandos necessitarão amanhã, mesmo sabendo que as
respostas serão logo insuficientes, pois as máquinas, os recursos
e os problemas serão outros e contextualizados.
Também não será a educação tecnológica que resolverá os
problemas que aparecem no cotidiano do ambiente educativo
(presencial ou virtual), no entanto um elo entre estas
possibilidades pode favorecer e fortalecer a aprendizagem,
caracterizando o espaço educativo (presencial ou virtual), em
constante movimento, como um ambiente de aprendizagem e de
investigação. Ela torna-se um grande potencial para aproximar
educador e educandos, resolvendo problemas concretos que
ocorrem no cotidiano de suas vidas. Transformando-se numa
atividade instigante e desafiadora, a ponto de mobilizar o
educando e o grupo a buscar soluções possíveis para serem
discutidas e concretizadas à luz de referenciais teórico-práticos
propostas nos currículos escolares.
Neste contexto, é importante reforçar que “O
planejamento pode ser definido como um método ao qual se
constitui uma circunstância de futuro esperado. Para isso, é
necessário, avaliar o cenário, que se pretende transformar.”
(FONSECA, 2016, pg. 9).
Os recursos midiáticos podem contribuir para o contato e
colaboração entre os educandos, desenvolvendo espírito crítico,
enriquecedor e ajuda mútua, além de respeitar os ritmos diferentes
de aprendizagem e de trabalho, os espaços e o tempo, significando
dizer que trabalho virtual pode diminuir diferenças e cada
educando poderá trabalhar em seu ritmo, podendo ir além da
proposta, dispondo de recursos para avançar, retroceder, rever
conhecimento, parar, fazendo anotações e investigações pessoais.
O profissional da educação, precisar ser desafiador,
criando alternativa, pesquisando e investindo na formação
continuada. É necessário conscientizar-se da importância de unir
esforços em equipes interdisciplinares, diminuindo a distância
entre os profissionais da Educação e da Informática. A utilização
das mídias no ambiente escolar passa a ter sentido para ser uma
ferramenta de auxílio e motivação à prática pedagógica, um
instrumento modificador do processo ensino-aprendizagem.
Com as tecnologias atuais a escola
pode transformar-se em um conjunto
de espaços ricos de aprendizagens
significativas, presenciais e digitais,
que motivem os alunos a prender
ativamente, a pesquisar o tempo todo,
a serem pró-ativos, a saberem tomar
iniciativas, a saber inter-agir.
(MORAN, 2013, pg. 1).

A capacidade do computador é dependente do que o


homem conseguiu introduzir neste instrumento tecnológico. É
multivariado e fornece as novidades mais interessantes da
contemporaneidade, porque com seus dispositivos consegue
exibir e processar programas com sons variados, cores, imagens,
animação e textos, de modo interativo e integrado, além dos
próprios vídeos. Sua utilização pode favorecer significativamente
para a melhoria da qualidade do processo educacional,
contribuindo favorecendo a formação do cidadão.
É necessário que o educador reveja os processos
pedagógicos que ainda instigam o trabalho individual,
competitivo e mecanicista, incentivando o educando para estar
apto a buscar suas próprias interpretações, a aprender a fazer as
suas próprias perguntas para se adequar ao mundo globalizado e
competitivo, que sua formação deve estar baseada no
questionamento; a capacidade de permanente questionamento, de
pesquisa e de descobertas se opõe à monotonia do conhecimento
como um valor estático e absoluto parado no tempo.
A educação, a ciência e a tecnologia são as áreas mais
decisivas das mudanças estruturais provenientes do século
anterior e será a do atual. Essa potencialidade é constituída em
um sujeito histórico, capaz de construir um posicionamento
criativo, renovador e crítico. Entretanto, a qualidade de aprender
a aprender engloba uma manifestação lúdica, motivada pela
curiosidade crítica e que pode ser apoiada pelo uso amadurecido
da tecnologia.
Curiosidade que move o ser humano, que inquieta, que
insere o educador na busca de novos conhecimentos e recursos.
Por isso, também as mídias se justificam, pois permitem
dinamicidade no processo, possibilitando ao educador levantar
vários questionamentos: quanto de curiosidade o educador
permite aos educandos terem? Levam-se em consideração os
trabalhos - chamados de pesquisa - que os educandos fazem,
copiando páginas de livros e da rede, sem conhecer seu real
conteúdo, como sendo um incentivo à curiosidade? Será que isto
é educativo para os educandos? Serão que no processo curioso o
educando consulta também computadores, livros, pessoas,
dicionários? Ou ele apenas cumpre uma tarefa para conseguir
nota, desprovido de total interesse pela aprendizagem? Quem se
atreve a negar o enorme potencial de estímulos e desafios à
curiosidade que a tecnologia põe a serviço das crianças e dos
adolescentes?
Os avanços na educação a distância
com a LDB e a Internet estão sendo
notáveis. A LDB legalizou a educação
a distância e a Internet lhe tirou o ar de
isolamento, de atraso, de ensino de
segunda classe. A interconectividade
que a Internet e as redes
desenvolveram nestes últimos anos
está começando a revolucionar a forma
de ensinar e aprender. (MORAN,
2013, pg. 01).
As tecnologias informativas podem ser utilizadas em prol
de um novo encantamento no estabelecimento de ensino, com
múltiplas e diferenciadas possibilidades de ações, tornando a
interação mais dinâmica, com o compartilhamento de pesquisas,
discussão de problemas, divulgação de trabalhos, auxílio
individualizado e adaptado ao ritmo de cada um. Podendo o
processo educacional ganhar, assim, questionamento, dinamismo
e poder de comunicação, expandindo as fronteiras do
estabelecimento de ensino, possibilitando a comunicação entre
educandos e educadores de diferentes contextos sociais.
Nos ambiente educacionais (presencial ou virtual), é
possível vivenciar possibilidades de ensino-aprendizagem com
auxílio de multimeios. Assim é necessário conciliar as aulas
expositivas com a multimídia, que se impõe e aumenta
consideravelmente os horizontes de possibilidades didático-
pedagógicas. Compete ao educador um importante papel na
disseminação dos multimeios: vídeos, teleconferências, cd-
rooms, redes de computadores, celulares, tablets, redes sociais,
dentre outros recursos midiáticos.
Os profissionais que estão à disposição para contribuir
com a inserção dos meios tecnológico-comunicativos nos
estabelecimentos de ensino precisam auxiliar no sentido de
romper o isolamento entre os profissionais da educação e da
informática, entre educadores e educandos e entre as instituições
de produção cultural; compartilhar bancos de dados, informações
e ideias, hipertextos, caminhando para um ambiente de pesquisa;
favorecer a construção de uma escola enquanto instituição
produtora - pois alimentadora - e consumidora - portanto usuária
- de bens culturais.
Quanto mais tecnologias, maior a
importância de profissionais
competentes, confiáveis, humanos e
criativos. A educação é um processo de
profunda interação humana, com
menos momentos presenciais
tradicionais e múltiplas formas de
orientar, motivar, acompanhar, avaliar.
(MORAN, 2013, pg. 05).

Quando as multimídias são priorizadas é preciso


incorporar as ferramentas intelectuais necessárias para avaliar,
julgar e decidir no domínio técnico-científico. Trata-se de tornar
os envolvidos, atores e juízes em suas habilidades; de
proporcionar a reflexão em colaboração com os parceiros sobre a
construção dos caminhos vividos, o processo que decide as ações,
a escolha dos valores e os componentes teórico-práticos destas
que se institucionalizam no estabelecimento de ensino, efetivando
a profissionalização aconselhada.
Refletir na formação contínua do
educador se faz indispensável e
urgente, permitir um espaço em que
não aprenda apenas a lidar com as
tecnologias, mas que possa pensar e ao
mesmo tempo aprender a adaptar esta
aprendizagem em uma linguagem que
possa estar conectada às novas facetas
do modo de aprender dos alunos nesta
era das conexões. (DISNER, 2017, pg.
3).

No processo de utilização dos recursos midiáticos, as


indagações serão referencias para a construção de diferentes
sequências didáticas, com o objetivo de reconhecer sua validade
e, sobretudo, de facilitar pistas para reforçar algumas atividades
ou acrescentar outras novas. Perguntas que podem auxiliar na
reflexão da prática docente ao serem realizadas, permitirá ao
educador refletir sobre sua ação no ambiente educativo
(presencial ou virtual) e oferecer possibilidades de serem
estruturadas. Várias indagações podem auxiliar o educador a
avaliar a qualidade do seu trabalho com os educandos e algumas
sequências devem ser respeitadas, para que possam determinar os
conteúdos prévios que cada educando tem em relação aos novos
conteúdos de aprendizagem.
O fluxo das informações que circulam na sociedade
contemporânea é muito grande, devido à alta disponibilidade
proporcionada pelas facilidades de manuseio oferecidas pela
tecnologia da informação, existindo a necessidade de aplicar
estratégias de modo que os educandos possam refletir, (des) (re)
construir conhecimentos de forma pessoal e coletiva, aplicando
as noções de autonomia e de coletividade.
Mapear as características, habilidades, valores, ritmos e
desejos dos educandos, que são muito adiantados no processo de
aquisição do conhecimento, é uma tarefa complexa e necessária
para um constante e significativo processo de transformação de
aprendizagem. É neste sentido que os usos dos recursos
midiáticos podem cooperar para uma comunicação mais
interativa nos ambientes educacionais (presencial ou virtual),
onde o educador possa se disponibilizar e tendo o educando como
parceiro, convidando-o a participar e intervir nos conteúdos,
transformando informação em conhecimento por meio do
intercâmbio e participação.
Utilizar as chamadas novas tecnologias, na educação
significa, essencialmente, sugerir desafios que possibilitem tanto
ao educando como aos educadores rever os conhecimentos já
edificados e construir novos saberes. Nesse novo cenário, o papel
do educador é o de construir uma rota, mediar as descobertas,
estabelecer link a partir de teias de informações que são edificadas
com o uso das mídias. Os projetos desenvolvidos e planejados
favoreceram a construção de conhecimentos significativos e
auxiliando o educador a dialogar com os educandos fazendo-os
se sentirem parte da construção de seu saber. A participação de
todos durante o planejamento promove o sentimento de pertença
e permite a equipe fazer o diagnóstico situacional da instituição
sobre suas necessidades. (FONSECA, 2016, pg. 52)
Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade,
tanto pessoal como de grupo, tempo, espaço, poucos conteúdos
fixos e processos mais abertos de pesquisa e comunicação já que
uma das várias dificuldades atuais é conciliar a extensão da
informação, a variedade das fontes de acesso, com o
aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos,
menos fixos. Visto que na sociedade as informações são muitas,
gerando dificuldades para o ser humano escolher quais são
significativas e conseguir integrá-las dentro do seu cotidiano.
Rever as práticas pedagógicas é sem
dúvida no contexto recente o caminho
inevitável para entender, aceitar e
colaborar para que na Educação as
tecnologias sejam notadas como uma
probabilidade de acréscimo da
qualidade do ensino e recurso de
qualidade imprescindível na prática
educativa. (DISNER, 2017, pg. 5).

Torna-se necessário ajudar os educandos na construção da


sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu
projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de
compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam
encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e
tornarem-se cidadãos realizados e produtivos.
Nos ambientes educativos (presencial ou virtual), as novas
tecnologias da informação e da comunicação permitem construir
uma comunidade que busca aprender e ensinar num processo de
trânsito pela pluralidade e diversidade. Neste ínterim é importante
considerar que o potencial das redes é enorme. Precisa ser
descoberto de forma cooperativa, porque a informação é um bem
social e, como tal deve ser utilizada como um instrumento de
melhoria da qualidade de vida dos sujeitos, seres humanos,
oficializando o ambiente educativo (presencial ou virtual), como
espaço especial como potencial indutor, como emissor de ideias
e projetos emancipatórios, superando o padrão tradicional.
A educação em rede pode ser uma forma de abertura
necessária e urgente do estabelecimento de ensino para o mundo
que ao incorporar esse novo papel, ela também se preserva e se
restaura como instituição social, ganhando dimensão e força. Esta
relação possibilitada pelo uso das mídias pode proporcionar
elementos para uma pedagogia da virtualidade, quando permitir
trabalhar questões incomuns, mas viáveis e libertadoras das
práticas educacionais até então vigentes que são consideradas
tradicionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No atual cenário globalizado e com vários obstáculos
ainda por serem desbravados, o educador tem a função de planejar
estratégias que possibilitem ao educando empreender, de maneira
autônoma e integrada, os próprios caminhos da edificação do
conhecimento. Este novo educador configura-se como um
mediador entre o sujeito que aprende, que obtém conhecimento e
o objeto a ser conhecido. Compete ao estabelecimento de ensino
necessita recria-se enquanto espaço de aprendizagem, que poderá
surgir de várias experimentações a partir do uso e a apropriação
das diferentes tecnologias de informação. E para dar conta do uso
das mídias como “fundamento” o educador deverá se colocar
aberto ao novo, ao inesperado, consciente de cada educando irá
traçar seu caminho por diferentes e imprevistos caminhos, onde o
educador esteja disposto e disponível a abrir um leque de
possibilidades para que o educando faça as suas escolhas,
relacionando os saberes já solidificados com novos saberes.
Oferecendo possibilidades de autonomia e consequente
conscientização.
A educação necessária para formar cidadãos conscientes
e autônomos é aquela que lê o mundo e elege o sujeito que
contribui para criar condições locais, nacionais e mundiais para a
globalização dos direitos, da democratização do acesso às
conquistas da humanidade, da integração cultural, da cidadania,
do respeito à diversidade - de cor, raça, gênero, etnia e
necessidades, do desenvolvimento sustentável, superando
obstáculos impostos socialmente e derivados da atual conjuntura.
O estabelecimento de ensino com o desafio de repensar
sua prática utilizando os recursos midiáticos, irá propiciar uma
rápida propagação de material didático, construção e colaboração
interdisciplinar de conhecimentos produzidos individualmente ou
em grupo, devendo ser acompanhada de uma metodologia que
promova a reflexão e o pensamento crítico dos envolvidos neste
processo escolar. Uma ferramenta multimídia para ensinar
investigar-aprender representa um ganho expressivo para as
influências recíprocas entre educador e educando. Com a
globalização a internet se tornou um elo na educação. O educador
deve se preparar para orientar seus educandos na era da
informática, pois, a falta de orientação correta do educador e a
carência na educação para os meios, por parte do estabelecimento
de ensino, são as principais causas do "cópia e cola".
Há uma exigência de maior
planejamento pelo professor de
atividades diferenciadas, focadas em
experiências, em pesquisa, em
colaboração, em desafios, jogos,
múltiplas linguagens. Forte apoio de
situações reais, de simulações.
(MORAN, 2013, pg. 2).

Os educandos devem aprender a utilizar a Internet e os


variados recursos, tendo a percepção do contexto da leitura e
elaborando seu próprio texto com o que foi absorvido da pesquisa.
Esta máxima só se dará com a mudança de postura e capacitação
continuada do profissional da educação que será um mediador do
processo de ensino-aprendizagem seu e dos indivíduos do seu
entorno. Ao aprimorar conhecimentos em várias áreas estará se
se adequando ao mundo de transformações e inovações rápidas e
superando os desafios impostos. Parafraseando Paulo Freire
(1921), pode-se concluir que é nadando que se aprende a nadar.
É trabalhando que se aprende a trabalhar. Praticando, aprendemos
a praticar melhor.
REFERÊNCIA
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: Um reencontro
com a pedagogia do oprimido. Rio de janeiro: Paz e Terra,
1992. Disponível em
<https://www.finom.edu.br/assets/uploads/cursos/categoriasdow
nloads/files/20190628210617.pdf> Acesso em 07 de Jan. 2021.

DISNER, Dirlei. Novas Tecnologias Facilitam a Aprendizagem


Escolar. 2017. Disponível em
<https://www.webartigos.com/artigos/noas-tecnologias/154047>
Acesso em 07 Jan. 2021.

FONSECA, Sonia Maria Henrique Pereira da. Planejamento


Educacional. 2016. Disponível em <
https://md.uninta.edu.br/geral/planejamento-
educacional/pdf/Planejamento%20Educacional%20Livro.pdf>
Acesso em 08 Jan. 2021.

MORAN, José. A Integração das Tecnologias na Educação.


2013. Disponível em
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias_eduacacao/in
tegracao.pdf>. Acesso em 08 Jan. 2021.

__________. Desafios da Internet para o professor. 2013.


Disponível em
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias_edua
cacao/desaf_int.pdf> Acesso em 08 Jan. 2021.
NATIVOS DIGITAIS E METODOLOGIAS

Natanael Vieira
Katiana Oliveira dos Santos

RESUMO
A presente pesquisa preocupou-se em dissertar sobre o termo “Nativos
Digitais” alicerçados às metodologias ativas, frisando os impactos
positivos que a tecnologia possui na vida dos alunos e que possibilitam
ao professor meio de realizar diferentes formações continuadas. Assim,
as metodologias ativas entram como mecanismos que servem de
subsídios para o professor em sala de aula. Desse modo, esta
investigação necessitou trabalhar nas significâncias de uma pesquisa
bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Nativos Digitais. Metodologias Ativas.


Formação. Professor. Aluno.

INTRODUÇÃO

A tecnologia desde muito tempo influencia os


comportamentos das pessoas e possibilita o surgimento de novos
meios tecnológicos. Assim, ao pensar em torno da geração
intitulada por geração y, é possível afirmar que a maioria dos
jovens desde cedo já estão inclusos nos contextos das mídias,
redes sociais, aplicativos e entre outros.
Desse modo, esta pesquisa teve como objetivos dissertar
sobre o termo nativo digital e metodologias ativas além de frisar
a importância que a tecnologia possui para facilitar a
compreensão em como o professor podem ser aliado à tecnologia
positivamente, tanto como meio de ampliar suas formações
continuadas, como mecanismo de dinamizar as aulas.

Em consonância, é relevante dizer que esta investigação


fez uso da pesquisa bibliográfica como suporte para a coleta de
dados e assim facilitar a dissertação deste veículo investigativo.
Para tanto, também foi necessário ter como embasamentos alguns
teóricos que favorecem de forma fulcral na discussão aqui
proposta, assim como: Tori (2010); Pereira (2012) e outros.

Nesse interim, é importante que no atual momento


pandêmico prolifere as questões que estão ligadas ao professor,
agente de mudança e que compõe a um grupo que precisou buscar
novas metodologias que auxiliassem em suas aulas e através
desse ato facilitar na assimilação de conhecimentos por parte dos
alunos.
EMBASAMENTO TEÓRICO
Nativos Digitais
Ao indagar a respeito dos efeitos da tecnologia em torno
dos jovens foi encontrado o termo “nativos digitais”, onde ele foi
adotado por Palfrey e Gasser e encontra-se explicito na obra
Nascidos na era digital. Essa nomenclatura é usada para se
referir às pessoas nascidas após 1980 e que possui habilidades
para usar facilmente as diferentes tecnologias digitais em seu
cotidiano. Através dessa discussão é possível pensar nas diversas
influências que a Revolução Industrial possui até o atual
momento.

Desse modo, vale ressaltar o que Tori (2010) vem dizer


sobre os nativos digitais:

O cérebro dos “nativos” se


desenvolveu de forma diferente em
relação às gerações pré-internet. Eles
gostam de jogos, estão acostumados a
absorver (e descartar) grande
quantidade de informações, a fazer
atividades em paralelo, precisam de
motivação e recompensas frequentes,
gostam de trabalhar em rede e de forma
não linear (TORI, 2010 p. 218).

De acordo com o que expõe Tori (2010) abrem-se ligações


acerca da gamificação muito usada atualmente, pois os nativos
digitais nasceram inseridos numa fase de ascensão tecnológica e
que aprendem desde cedo a fazer parte do mundo ambientalizado
por redes sociais, sites e ferramentas modernizadas.

Pensando de modo coerente, é viável afirmar que a última


geração, a geração Y, insere os jovens nascidos em 1970 a 2000
nessa significância, uma vez que nasceram e já estavam contidos
dentro de uma narrativa tecnológica. Nesse enredo, os alunos da
atualidade conseguem facilmente operar uma máquina digital e
isso possibilita inserir esses meios dentro do meio educacional,
mas dependerá muito da atuação do professor para que seja
moldado o seu pensamento, ou seja, há alunos que pensam que o
celular serve apenas como meio de distração ou algo do tipo, mas
a partir que o professor fomenta que através de seu celular poderá
ser uma fonte de aprimoramento de seus conhecimentos, o aluno
automaticamente será transferido para um novo tipo de
ressignificância, um novo tipo de pensamento.

METODOLOGIAS ATIVAS
Sabendo que o ambiente escolar possui alunos com
conhecimentos tecnológicos, nativos digitais ou geração y, torna-
se mais fácil inserir outras metodologias de ensino na sala de aula,
assim como as metodologias ativas.
Nesse intermédio, Pereira (2012, p.6) diz que metodologia
ativa é:

Todo o processo de organização da


aprendizagem (estratégias didáticas)
cuja centralidade do processo esteja,
efetivamente, no estudante.
Contrariando assim a exclusividade da
ação intelectual do professor e a
representação do livro didático como
fontes exclusivas do saber na sala de
aula.

Levando em consideração o que expõe Pereira (2012), é


valido dizer que suas palavras destacam a importância do uso das
metodologias ativas, onde sua execução deixa os aprendizes em
posições confortáveis de aceitação e assimilação de novos
conteúdos e principalmente nas reflexões transmitidas pelo
professor em sala de aula. Desta forma, o aluno se transforma em
protagonista e quebra um paradigma que se ascende deste muito
tempo nas escolas quando o professor se comporta como se as
aulas não fossem para alunos diferentes e onde o mesmo possui
um pensamento que exclui as posições dos alunos. E isso se
confirma quando Oliveira (2010) diz que:

Conceber o ato de ensinar como ato de


facilitar o aprendizado dos estudantes
faz com que o professor os veja como
seres ativos e responsáveis pela
construção de seus conhecimentos,
enquanto ele passa a ser visto pelos
alunos como facilitador dessa
construção, como mediador do
processo de aprendizagem, e não como
aquele que detém os conhecimentos a
serem distribuídos (OLIVEIRA, 2010,
p. 29).

Em soma, Paulo Freire é coerente quando se posiciona


numa visão moldurada nos princípios construtivistas e reitera que
o professor deve:

[...] assegurar um ambiente dentro do


qual os alunos possam reconhecer e
refletir sobre suas próprias ideias;
aceitar que outras pessoas expressem
pontos de vista diferentes dos seus,
mas igualmente válidos e possam
avaliar a utilidade dessas ideias em
comparação com as teorias
apresentadas pelo professor. De fato,
desenvolver o respeito pelos outros e a
capacidade de dialogar é um dos
aspectos fundamentais do pensamento
Freireano (JÓFILI, 2002, p. 196).

Tendo como base os dados expostos, contribuem como as


informações dizer que o professor atualmente possui um leque de
atividades e mecanismos que são fáceis de serem aplicadas dentro
da sala de aula. A exemplo de metodologias ativas citam-se:
 Aprendizagem baseada em projetos (ABP)
 Aprendizagem baseada em problemas.
 Gamificação.
 Sala de aula invertida.
 Aprendizagem entre pares.
Por outro lado há contradições e necessidades, pois o
professor para saber aplicar algum tipo de metodologia deve se
propor a aprender e focar em capacitações online que possuam
como objetivos principais fomentar informações e dar suportes
para serem dialogados com os nativos digitais dentro da sala de
aula.
Ademais, quando o professor se interessa em se
aprimorar, em ter novas formações continuadas, ele percebe a
necessidade de saber novas coisas e ver o aluno como um ser que
necessita de diferentes formas de explicações, de debates e
ferramentas como suporte para a promoção de um ensino-
aprendizagem que faz sentido e dê prazer em aprender.
Alicerçado à discussão em torno de formação continuada,
Libâneo (2004, p.227), reitera:

“O termo formação continuada vem


acompanhado de outro, a formação
inicial. A formação inicial refere-se ao
ensino de conhecimentos teóricos e
práticos destinados à formação
profissional, completados por estágios.
A formação continuada é o
prolongamento da formação inicial,
visando o aperfeiçoamento
profissional teórico e prático no
próprio contexto de trabalho e o
desenvolvimento de uma cultura geral
mais ampla, para além do exercício
profissional (LIBÂNEO, 2004,
p.227)”.
Conforme cita Libâneo (2004), a formação continuada
deve fazer parte da vida do docente como forma de moldar seus
conhecimentos e assim ter ferramentas, suportes, metodologias
que sejam eficientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas discussões, esta pesquisa conclui que a
escola possui um público com resquícios tecnológicos, que sabem
manusear diferentes tipos de situações que se faz presente com a
tecnologia. Assim, também, o professor se estabelece numa
posição dicotômica, num momento deve ter novos meios de
dinamizar suas salas, e por outro, o professor tem que se capacitar
para tornar o ensino mais dinâmico e interagir de forma coerente
usando as ferramentas que os nativos digitais possuem.
Portanto, o professor saberá usar as metodologias ativas,
meios muito necessários atualmente, quando o mesmo tiver em
mente que é importante ter novas formações continuadas.
REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários


à prática educativa. 51ªed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2015.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas
e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000
JÓFILI, Zélia. Piaget, Vygotsky, Freire e a construção do
conhecimento na escola. Educação: Teorias e Práticas. v. 2, n.
2, p. 191-208, dez 2002.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola –
Teoria e.Pratica. Goiania: Alternativa, 2004
OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de
português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo:
Parábola Editorial, 2010.
PEREIRA, Rodrigo. Método Ativo: Técnicas de Problematização
da Realidade aplicada à Educação Básica e ao Ensino Superior.
In: VI Colóquio internacional. Educação e
Contemporaneidade. São Cristóvão, SE. 20 a 22 setembro de
2012.
TORI, Romero. Educação sem distância: as tecnologias
interativas na redução de distância em ensino e aprendizagem.
São Paulo: Editora Senac, São Paulo, 2010.

View publication stats

Você também pode gostar