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Neuropsicologia
Alunos:
Daniela Marques (221920066)
Rita Martins (221920073)
DEZEMBRO 2021
Informações Gerais
Nome do Artigo: Effects of Chromosomal Sex and Hormonal Influences on Shaping Sex
Differences in Brain and Behavior: Lessons From Cases of Disorders of Sex Development
Ano: 2017
Autores: Matthew S. Bramble, Allen Lipson, Neerja Vashist and Eric Vilain
Análise do Artigo
Esta revisão tem como objetivo compreender como são formadas as diferenças de sexo
a nível cerebral, incluindo o papel de género e a identidade, a orientação sexual, as
habilidades cognitivas, e as variações estruturais, a partir da análise de casos de doenças do
desenvolvimento sexual.
Como este artigo é uma revisão da literatura, a estrutura difere significativamente dos
estudos qualitativos e quantitativos, o que fez com que não fosse possível encontrar
informações para a metodologia como para os resultados, como também não foi possível
encontrar a opinião do autor, já que este não se posicionou nem contra nem a favor de
nenhuma teoria, por isso procedemos ao resumo do artigo.
Resumo
Introdução
Uma pesquisa na qual foi investigado o papel das hormonas e o papel da genética na
orientação da diferenciação sexual e do comportamento em roedores providenciou uma forte
evidência que sugere que a testosterona, diretamente ou indiretamente, é responsável por
organizar características típicas do sexo masculino, incluindo comportamento de género,
orientação sexual, e talvez identidade de género. As provas fornecidas pelo modelo roedor
lançaram as bases para a nossa compreensão de como o ambiente hormonal no útero e a
composição cromossómica influenciam o desenvolvimento do cérebro e contribuem para as
diferenças sexuais observadas. Infelizmente, pesquisas semelhantes em humanos com uma
profundidade adequada carecem do ponto de vista biológico. Investigar as diferenças sexuais
na estrutura do cérebro humano e no desenvolvimento cognitivo é um desafio porque o ser
humanos é uma espécie socialmente influenciada, tornando difícil separar o efeitos das
influências ambientais das contribuições biológicas. O estudo de casos únicos de DDS quando
a composição cromossômica e alterações hormonais estão presentes melhorou muito a nossa
compreensão dos fatores biológicos que contribuem para as diferenças sexuais dentro do
cérebro do ser humano, do cognitivo ao estrutural. Aqui, os autores revisam e destacam como
é que algumas doenças do desenvolvimento sexual (DDS) melhoraram a nossa compreensão
das origens de certas diferenças de sexo dentro do cérebro, incluindo papel de género e a
identidade, a orientação sexual, as habilidades cognitivas, e as variações estruturais reais que
correspondem às diferenças de género em humanos.
Se os testículos que não descenderam não forem removido antes da puberdade, muitas
vezes ocorre o desenvolvimento normativo da mama, resultante dos altos níveis de
testosterona circulante que é aromatizada localmente em estrogénios ativos, estimulando o
crescimento da mama. Se as gónadas tiverem sido ressecadas antes da puberdade, a
suplementação de estradiol é frequentemente administrada para trazer os pacientes 46,XY
com SIAC até à faixa normal feminina da hormona dada.
Défice de 5α-redutase
O gene SRD5A2 codifica uma enzima esteroide 5α-redutase-2, que é responsável por
converter testosterona numa forma mais potente e necessária para o desenvolvimento, a di-
hidrotestosterona (DHT). A DHT é crítica para a masculinização do tecido genital e auxilia no
crescimento adequado do pênis e no desenvolvimento da próstata.
Duas das maiores diferenças mensuráveis de sexo observadas entre os humanos são a
identidade de género e a orientação sexual.
Descobrir o que causa estas diferenças é um assunto que requer muito debate, no
entanto, muitos membros da comunidade científica acreditam que eles sejam mediados em
parte por cromossomas sexuais e mais diretamente por secreções hormonais das gónadas no
útero. A teoria da organização do cérebro surgiu a partir de obras de meados do século XX,
nas quais foi observado que a administração de testosterona em roedores fêmea durante um
período crítico para a organização do cérebro fetal trouxe mudanças sexuais e
comportamentais ao longo da vida.
Os casos de DDS fornecem-nos uma visão única em como é que as hormonas sexuais
masculinas são capazes de estabelecer estas diferenças sexuais no que diz respeito à
orientação sexual e identidade de género.
De um modo geral, foi encontrado na maioria dos estudos que os comportamentos não
heterossexuais estão aumentados em mulheres com HAC, normalmente em comparação com
seus parentes femininos não afetados ou controlos apropriados.
Comportamentos e fantasias não heterossexuais entre mulheres com HAC têm sido
identificados em vários níveis percentuais, conforme destacado num relato exaustivo de tais
estudos compilados por Meyer-Bahlburg e colegas. Em contraste, no entanto, outros estudos
sobre o assunto também não mostraram diferenças na orientação sexual, mas alguns críticos
dessas obras determinaram que os tamanhos das amostras em certos estudos eram muito
fracos para detetar uma diferença.
Num grupo grande de HAC, foi novamente revelado que mulheres com esta condição
mostram mais comportamentos homossexuais e bissexuais, medidos por suas fantasias
sexuais e atuais parceiros sexuais. O estudo também demonstrou com sucesso que o nível de
tendências não heterossexuais aumentou com a gravidade da condição, uma correlação
associada com o nível de exposição ao andrógeno no útero.
Entre os estudos compilados que têm focado em indivíduos 46,XX com HAC e a
identidade de género, foi descoberto que a grande maioria (95%) dos pacientes a que foram
atribuídos o género feminino ao nascimento estavam satisfeitos e não disfóricos na idade
adulta. No entanto, 5% de mulheres com HAC exibiram disforia de género e/ou identificaram-
se com o género masculino.
Nos casos em que indivíduos 46,XX com HAC foram designados como sendo do
género masculino ao nascimento, um estudo com uma amostra pequena mostrou que 12% dos
casos experienciaram disforia de género e se associaram com o género feminino.
Num pequeno estudo com uma população de 12 indivíduos 46,XX com HAC que
foram inicialmente atribuídos como homens, verificou-se que 10 persistiram no género
atribuído e viveram vidas típicas masculinas e satisfatórias. Dois dos indivíduos mudaram
para o género feminino durante a adolescência e posteriormente se reatribuíram de volta ao
gênero masculino na idade adulta.
Esta ocorrência, como dizem os autores, pode ser influenciada por outras causas além
da sua incapacidade de responder aos andrógenos durante o desenvolvimento.
Usando uma abordagem mais imparcial do ponto de vista científico para avaliar a
resposta sexual e talvez a orientação em mulheres com SIAC, um estudo recente focou-se na
ativação neural em resposta à visualização de imagens sexuais. Apoiando a noção de
sentimentos predominantemente heterossexuais em SIAC, descobriram que mulheres com
esta condição assemelhavam-se mais com mulheres heterossexuais 46,XX do que a homens
46,XY.
No que diz respeito à identidade de género, mulheres 46,XY com SIAC quase sempre
relataram que sentem-se confortáveis com a sua atribuição feminina.
O papel das decisões médicas iniciais e sociais associadas aos casos SIAC podem ser
um fator que contribui para estes resultados.
Através dos casos de DDS, fornece-se uma plataforma única com o objetivo
primordial de avaliar os possíveis fatores contribuintes responsáveis por gerar diferenças
sexuais, isto porque estudos em indivíduos com HAC e SIAC estabeleceram influências
hormonais e cromossómicas únicas.
Foram avaliados traços cognitivos adicionais que mostraram que diferenças de sexo
incluem funções dominantes masculinas que envolvem a perceção espacial, navegação em
labirintos, matemática e várias habilidades de caráter mecânico, e por outro lado, funções
dominantes femininas envolvem a memória de trabalho e fluência verbal. Muitas dessas
características foram avaliadas em casos de HAC XX e XY, porém, as habilidades espaciais e
de direcionamento destacadas são as diferenças a nível cognitivo que mostram a influência
mais forte do sexo e dos andrógenos. Valorizam-se os trabalhos conduzidos em casos de
DDS, dado que contribuíram para a expansão da compreensão da influência da testosterona
nos antecedentes genéticos XX e XY no que diz respeito a alteração das habilidades espaciais
e coordenação mão-olho.
Conclusões
Conclusões Cognitivas
A respeito das conclusões a nível cognitivo retiradas deste estudo, possibilitou-se uma
visão sobre alguns dos parâmetros biológicos que geram diferenças sexuais nas habilidades
cognitivas, como a consciência visuoespacial bem como a capacidade de direção ou
orientação.
Estudos com mulheres com HAC ficou bem evidente que através da exposição ao
andrógeno no útero, parece aumentar-se a capacidade de girar objetos mentalmente, bem
como melhorar a coordenação olho-mão durante as atividades de seleção de alvos.
Concluiu-se de igual forma que, homens com HAC na verdade têm um desempenho
pior do que os seus pares de controlo correspondentes, o que é inesperado dado o fato de que
os homens com HAC teriam níveis iguais ou elevados de testosterona circulante, desta forma,
levantou-se portanto, a noção de que o tempo e a dosagem adequada, em homens com HAC,
são importantes para aumentar essas habilidades e que simplesmente ter níveis acima da
média de testosterona durante o desenvolvimento não geraria um "super-masculino".
Estudos de fMRI em indivíduos com SIAC, vieram mais uma vez, minimizar as
influências sociais e permitir uma avaliação mais imparcial no que concerne à exigência da
testosterona sobre a composição genética para moldar essas diferenças sexuais de
desempenho cognitivo.
Conclusões Estruturais
Apesar destas descobertas serem limitadas, permitiram que se abrisse uma nova área
para investigação potencial com foco no papel das influências dos glicocorticoides no cérebro
em desenvolvimento, além das contribuições hormonais gonadais mais frequentemente
estudadas. Descobertas, em caso de estudos extensos serem efetuados e centrados em
indivíduos com SIAC, seriam inestimáveis para determinar efetivamente o efeito direto da
testosterona nas estruturas que, em estudos de ressonância magnética, mostraram alterações
na HAC.
Apreciação Crítica
Dado que o autor não se posicionou nem contra nem a favor de nenhuma teoria,
iremos fazer a nossa apreciação crítica com base nos resultados e nas respetivas conclusões.
Com base na experiência pessoal, concordamos que para além dos cromossomas e das
hormonas sexuais, as influências sociais têm um peso muito grande na identidade de género,
pois na nossa perspetiva uma das razões para estas diferentes identidades existirem são os
papeis de género e os estereótipos estabelecidos pela sociedade, contribuindo para a
necessidade de transição de género ou até mesmo para a autoidentificação com um género
não-binário.
Pelo facto de terem sido realizados estudos escassos em indivíduos com SIAC, não se
pode concluir com exatidão o efeito direto da testosterona nas estruturas que, em estudos de
ressonância magnética, mostraram alterações na HAC, consideramos que pode ser suscetível a
enviesamentos de algumas conclusões a esse respeito.
Bramble, M. S., Lipson, A., Vashist, N., & Vilain, E. (2017). Effects of Chromosomal Sex
and Hormonal Influences on Shaping Sex Differences in Brain and Behavior: Lessons
From Cases of Disorders of Sex Development. Journal of Neuroscience Research, 95
(1-2), 65-74. https://doi.org/10.1002/jnr.23832