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Recursos eleitorais

INTRODUÇÃO

As modalidades recursais adotadas não guardam absoluta fidelidade às


características vigorantes na sistemática processual civil, incorporando traços
múltiplos, para que melhor se possam ajustar às peculiaridades do contencioso
eleitoral.

  Este trabalho tem por escopo desenhar os institutos jurídicos do ramo do


direito eleitoral de uma importância ímpar: os recursos eleitorais.

            É também seu objeto mostrar suas modalidades, quais sejam: apelação
eleitora, apelação criminal, agravo de petição, agravo de instrumento embargos de
declaração, embargos de nulidade e infringentes do julgado, recurso ordinário recurso
especial, recurso de procedência extrajudicial e recurso partidário interno; seus
caracteres peculiares; suas diferenças; seus procedimentos; prazos efeitos; e
principalmente suas aplicações práticas no mundo do Direito.

  Seu intuito maior é esclarecer todas os conceitos e características, à cerca dos


recursos eleitorais, para que os que dele utilizarem estejam aptos a aplicar esses
institutos assim que precisar.

1. CONCEITUAÇÃO DO RECURSO.

            A parte que se sente desfavorecida com decisão emitida dispõe do direito de
recurso para provocar reexame da espécie.

            O reconhecimento da falibilidade do homem e a preocupação com a segura


distribuição da Justiça tornam recomendável que os julgamentos, via de regra, sejam
passiveis de reapreciação antes que se tornem imutáveis.

            O recurso é uma complementação ao direito de ação, uma vez que implica o
prosseguimento do contraditório processual estabelecido, por iniciativa da parte que se
sinta de algum modo prejudicada com o pronunciamento judicial.

            Em síntese, podem ser apresentadas as seguintes características do recurso


jurisdicional: a preexistência de relação processual; antecedente emissão de ato
decisório por órgão judiciário; a provocação de uma das partes, inconformada com o
resultado desfavorável. Por intermédio do próprio órgão prolator da decisão; a
preexistência do contraditório processual; impedimento a que se corporifique o efeito
de coisa julgada; a emissão de novo julgamento sobre as partes afetadas pelo recurso
perante a mesma ou diante de autoridade julgadora de superior instância.
2. MODALIDADES DE RECURSOS ELEITORAIS.

            Nem todos os recursos utilizados do Direito Eleitoral brasileiro recebem


designação.

            As modalidades recursais adotadas não guardam absoluta fidelidade às


características vigorantes na sistemática processual civil, incorporando traços
múltiplos, para que melhor se possam ajustar às peculiaridades do contencioso
eleitoral.

            São espécies de recursos eleitorais: apelação eleitoral, apelação criminal,


agravo de petição, agravo de instrumento embargos de declaração, embargos de
nulidade e infringentes do julgado, recurso ordinário recurso especial, recurso de
procedência extrajudicial e recurso partidário interno.

   2.1. Apelações eleitorais.

            O recurso de apelação pressupõe duplo grau de jurisdição, acarretando a


devolução da espécie à instância superior para completa reapreciação

            É o recurso por excelência para provocar o reexame do mérito da causa.

            Os elementos que nos conduzem à identificação do recurso apelatório eleitoral


são o deslocamento completo do caso decidido em definitivo ao exame de uma
instancia superior e o encerramento que se opera do poder decisório do juiz a quo a
partir de sua tempestiva interposição.

            Inexiste, por isso, qualquer margem para retratação do juízo recorrido, ao qual
cabe tão-somente dar encaminhamento da matéria ao órgão judiciário de instancia
mais elevada, sem mesmo aduzir qualquer sustentação.

            Podem ser agrupados entre os recursos de apelação os seguintes: de decisão


sobre a expedição de diploma; dos atos, resoluções ou despachos dos Presidentes
dos Tribunais Regionais e Tribunal Superior para os respectivos Tribunais; dos atos,
resoluções ou despachos das Juntas Eleitorais para os Tribunais Regionais; do
desprovimento das impugnações e reclamações pela Comissão Apuradora Regional;
da decisão da Junta Eleitoral que rejeita impugnações, da sentença do juiz acolhendo
ou rejeitando arguição de inelegibilidade de candidato em pleito municipal.

            Devem ainda figurar no elenco das apelações as hipóteses constantes do art.


165, § § 3º e 4º, do Código Eleitoral.

            Cogitam-se aí de apelações de oficio, aplicáveis a toda e qualquer decisão que


importe em reconhecimento da invalidade da votação. Desde que a decisão considere
válida a votação, caberá apelação voluntária, pois o recurso de oficio somente tem
cabimento se a votação é declarada inválida.
  2.2. Apelação criminal.

            Das decisões condenatórias ou absolutórias emitidas pelos Juízes Eleitorais


em matéria criminal cabe recurso de apelação, a ser interposto no prazo de 10 dias.

            Trata-se de recurso a ser manifestado da sentença em julgamento do mérito


da ação penal, condenando ou absolvendo o acusado.

            Esse recurso poderá ter alcance total ou parcial, conforme se revele a


irresignação do recorrente. Será sempre voluntário, a significar que não tem cabimento
o recurso de oficio.

            Acrescente-se que a apelação criminal é o único recurso eleitoral afetado de


eficácia suspensiva e devolutiva.

            Tem cabimento o recurso em sentido estrito nos procedimentos criminais


eleitorais nas hipóteses ajustáveis ao art.381 do Código de Processo Penal. São ainda
utilizáveis os embargos de declaração para dissipar as contradições, obscuridades,
ambiguidades ou omissões dos acórdãos prolatados pelos órgãos judiciários
colegiados.

            Admite-se ainda a carta testemunhável para assegurar a subida do recurso


para o juízo ad quem, nos termos do art. 639 do Código de Processo Penal.

2.3. Agravo de petição.

            O agravo de petição é o recurso dominante em matéria eleitoral com


referencia às decisões emanadas dos Juízes Eleitorais.

            Apesar das decisões eleitorais postas em apreciação versarem sobre solução


final de mérito, parece-nos que não se revela cabível considerá-las passiveis de
apelação, mas de agravo de petição. Esse entendimento decorre da intercalação de
um poder cometido ao juízo a quo de reexaminar a sua própria decisão, mantendo-a
ou reformando-a.

            Não se pode tomar como elemento especifico da apelação a incidência do


recurso sobre decisões definitivas, pois são inúmeros os casos de cabimento de
agravo de petição das decisões pertinentes ao mérito. É no efeito regressivo próprio
do agravo de petição que deve ser encontrado o elemento que vai distinguir da
apelação, em se admitir que o juiz, antes de remeter o recurso para a superior
instância, poderá rever e reformar sua decisão. Se o não fizer, fará subir o recurso,
que terá assim, efeito devolutivo e, às vezes, também o efeito suspensivo.

  É portanto, a presença dessa nova atividade decisória que se exige do juízo a quo,
despertado com a interposição do recurso, que pode ser apresentada como
característica determinante de sua vinculação na categoria de agravo de petição.

            Podem ser agrupados como agravo de petição os seguintes recursos previstos


no Código Eleitoral: de decisão deferindo ou indeferindo a inscrição eleitoral; de
decisão prolatada em requerimento de transferência de eleitor; de decisão que rejeita
impugnação a nome indicado para preparador; de decisão sobre cancelamento de
inscrição; de decisão exarada em reclamação sobre de mesa receptora; de decisão
emitida em reclamação sobre a localização de seções eleitorais e de atos, resoluções
emitidos singularmente pelos Juízes Eleitorais.

            2.4. Agravo de instrumento

            Essa modalidade de recurso não possui aplicabilidade abrangente em matéria


eleitoral, uma vez que está adstrita exclusivamente aos casos previstos pelos artigos
279 e 282, ambos do Código Eleitoral.

            De acordo com o art. 279 do citado diploma legal, o agravo de instrumento
poderá ser interposto, no prazo de três dias, quando o recurso especial for denegado
em primeira instância (Tribunal Regional Eleitoral). Deverá este recurso ser interposto
por meio de petição, a qual deverá conter: a exposição do fato e do direito, as razões
do pedido de reforma da decisão e a indicação das peças do processo que deverão
ser trasladadas. Embasarão o instrumento os documentos apontados pelo agravante,
aqueles apontados pelo agravado, bem como os que serão obrigatoriamente
trasladados, tais como a decisão recorrida e a certidão da intimação.

            Ainda de acordo com o art. 279 do Código Eleitoral, uma vez deferida a
formação do agravo, será o recorrido intimado para, no prazo de três dias, apresentar
as suas razões e indicar as peças que também serão trasladadas. Concluída a
formação do instrumento, o Presidente do Tribunal determinará a remessa dos autos
ao Tribunal Superior, podendo, ainda, ordenar a extração e juntada das peças não
indicadas pelas partes. Tal determinação em hipótese alguma poderá ser negada,
ainda que haja a interposição intempestiva do recurso. Contudo, se o dito instrumento
não puder ser apreciado pelo Tribunal Superior porque interposto fora do prazo legal,
o Tribunal Superior imporá multa ao recorrente correspondente ao valor do maior
salário mínimo vigente no país, o que não ocorrerá na hipótese de improvimento do
recurso.

A análise da denominação dessa figura recursal leva à compreensão de que a


ordenação de sua remessa para a instância superior (Tribunal Superior Eleitoral) é
feita em separado, com o traslado de cópias dos autos da ação principal. Pode-se
então afirmar que a principal característica do agravo de instrumento é justamente
dispensar a remessa dos autos à instância recursória, possibilitando ao julgador
analisar as alegações do recorrente por meio dos elementos reproduzidos.

            Conforme foi explicitado em considerações pretéritas, no Direito Eleitoral


brasileiro os préstimos do agravo de instrumento são restritos às hipóteses de
inadmissibilidade de recurso pelo Presidente do Tribunal Regional Eleitoral a recurso
especial para o Tribunal Superior Eleitoral, por não o considerar consentâneo com as
hipóteses previstas pelo art. 276, I, do Código Eleitoral.

            Não está adstrito o agravo de instrumento à análise da admissibilidade por


parte do Presidente do Tribunal Regional, o qual, sob qualquer hipótese, poderá
esquivar-se de determinar a sua subida ao Tribunal Superior, nem mesmo que
reconheça a sua intempestividade, uma vez que tal exame lhe é defeso. A análise dos
requisitos, bem como de toda a matéria pertinente ao recurso deverá ser feita
unicamente pelo Tribunal Superior Eleitoral.
            2.5. Recurso ordinário

            Em regra, quase todas as decisões de cunho eleitoral se exaurem nos


Tribunais Regionais. Contudo, excepcionando a regra, estão previstas no
ordenamento jurídico as duas categorias de recursos para o Tribunal Superior
Eleitoral, quais sejam, o recurso ordinário e o especial.

            Essas espécies de recursos estão previstas no artigo 276 do Código Eleitoral.


Por ora, vamos nos ocupar apenas do recurso ordinário.

  Pode-se afirmar que o recurso ordinário apresenta um amplo rol de circunstâncias


que autorizam a sua interposição. Dessa forma, é cabível sempre que haja denegação
ou cancelamento de registro e de expedição de diplomas julgados originariamente por
Tribunais Regionais nas eleições federais e estaduais ou que tenha havido decisão
denegatória de habeas corpus ou de mandado de segurança.

            Em havendo qualquer das situações acima apontadas, é suficiente para


embasar a interposição do recurso que a parte sucumbente demonstre inconformação,
não ficando o mesmo a depender de admissão do Presidente do Tribunal a quo, que
deverá tão somente providenciar a sua subido ao juízo ad quem, com a juntada das
contrarrazões do recorrido, desde que tempestivamente apresentadas.

            O recurso ordinário relativo ao registro de candidatos e expedição de diplomas


nas eleições estaduais e federais se identifica consideravelmente com a apelação. É
sabido que a competência para decidir originariamente sobre registros e diplomas nas
eleições ao Congresso Nacional e estaduais pertence aos Tribunais Regionais. Assim
sendo, o recurso que se tenha de intentar sobre o mérito da decisão, deferindo o
registro e expedindo ou cassando registro ou diploma eletivo, comporta reapreciação
em segundo grau, por tempestiva iniciativa da parte sucumbente, não tendo de
comprovar o seu cabimento, bastando traduzir a sua inconformação com o resultado
do julgamento. Nessas situações, funciona o Tribunal Superior Eleitoral como órgão de
segunda instância, com competência para reavaliar a decisão promanada do Tribunal
Regional.

            Relativamente ao recurso ordinário versando sobre as decisões denegatórias


de habeas corpus ou mandado de segurança, necessária se faz uma análise mais
acurada das circunstâncias se se tratar de situação em que a decisão recorrida tiver
emanado de Tribunal Regional, após manifestação prévia do Juízo Eleitoral singular, o
que reclamaria a composição de uma terceira instância para apreciação dessas
matérias. Caso a decisão recorrida tenha sido prolatada por Tribunal Regional, mais
simples se torna o desfecho dos fatos, devendo o Tribunal Superior conhecer da
matéria em segunda instância.

            A interposição do recurso deve ser apensada aos autos, abrindo-se


imediatamente vistas à parte recorrida para que ofereça as suas razões no prazo de
três dias. Uma vez transcorrido esse prazo, e em havendo o a apresentação por parte
do recorrido das razões, serão estas juntadas aos autos para remessa ao Tribunal
Superior. Caso o recorrido deixe o prazo se escoar sem que apresente as razões, os
autos subirão após lançada a necessária certidão sobre a defluência do prazo legal,
não comportando qualquer sustentação pelo Tribunal a quo.

       Uma vez interposto o recurso, é defesa ao Tribunal Regional a prática de qualquer


ato de natureza cognitiva, dado o efeito devolutivo inerente a essa modalidade de
recurso. Contudo, nada obsta que o Tribunal proceda à execução do seu julgado,
porque o recurso não tem efeito suspensivo, como ocorre, via de regra, em matéria
eleitoral.

            2.6. Recurso especial

            De acordo com a legislação eleitoral brasileira, o recurso especial tem o


condão de devolver ao Tribunal Superior a competência para emitir novo julgamento,
no âmbito das questões suscitadas, mantendo a decisão recorrida ou reformando-a
total ou parcialmente.

            O recurso especial está adstrito ao conhecimento de sua admissibilidade pelo


Presidente do Tribunal Regional. Deve-se, dessa forma, anexar a petição de
interposição do recurso aos autos da ação principal, para que o exame da mesma
possa ser levado a efeito dentro de quarenta e oito horas e, posteriormente, em igual
prazo, seja exarado despacho fundamentado admitindo-o ou não.

            Em sendo o recurso admitido, abrir-se-á vista à parte recorrida para que no
prazo de três dias apresente as suas razões. Findo esse prazo, com ou sem as razões
do recorrido, retornarão os autos conclusos ao Presidente do Tribunal para que este
diligencie no sentido de fazê-los subir até o Tribunal Superior Eleitoral, sem
acrescentar qualquer sustentação.

            A decisão que não reconhece a plausibilidade do recurso pode ser atacada via
agravo de instrumento, sendo levada à apreciação do Tribunal Superior Eleitoral, para
que este ordene ou não a subida dos autos para exame de recurso especial, dando,
assim, por seu enquadramento a uma das modalidades contidas no art. 276,I do
Código Eleitoral, in verbis:

 "a) quando forem proferidas contra expressa disposição de lei;

  b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais Tribunais
Eleitorais."

            Na primeira alínea reclama-se a ostensiva ofensa no julgado a uma norma


legal, independentemente de sua natureza, quer seja federal, estadual ou mesmo
municipal, desde que pertinente à espécie litigiosa.

            Na segunda hipótese, é necessário que a divergência jurisprudencial esteja


correlata à matéria eleitoral, bem como que as posições discrepantes ocorram entre
Tribunais Regionais Eleitorais, ou destes com o Tribunal Superior Eleitoral. Descabe,
porém, o recurso, fundado na alínea b, se a divergência suscitada promanar de outro
Tribunal não integrante da Justiça Eleitoral, mesmo que esteja a apontar decisão do
Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, é válido ressaltar que o âmbito do recurso
especial eleitoral em matéria de divergência jurisprudencial refere-se tão somente a
posições adotadas entre dois ou mais Tribunais Eleitorais; por conseguinte, somente
serão afetadas pela cláusula de irrecorribilidade, de que trata o art. 121, § 4º, da
Constituição Federal, os casos de dissídios jurisprudenciais entre Tribunais Eleitorais,
que são exatamente os que autorizam o recurso especial eleitoral. Nos demais
contrassensos jurisprudenciais, envolvendo Tribunais não eleitorais, não será cabível
o recurso especial eleitoral, comportando o recurso especial constitucional, previsto no
art. 105, III da Constituição da República.
            2.7. Embargos de declaração

            Através dos embargos de declaração, a parte inconformada com o enunciado


da decisão provoca o próprio Juízo que a emitiu para que dissipe as dúvidas nela
existentes. É um procedimento destinado a extinguir equívocos e oferecer clarificação
que faltou no julgamento embargado.

            Abre-se, à vista dos embargos opostos, ensejo a uma verdadeira retratação


judicial sobre as obscuridades, dúvidas, contradições ou omissão de algum aspecto
que deveria ter pronunciamento.

            A legislação processual civil dispõe acerca dos embargos de declaração em


seus artigos 535 a 538. O Código Eleitoral, em seu artigo 275, assim dispõe:

 "São admissíveis embargos de declaração:

            I- quando há no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição,

            II- quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal.

            § 1º Os embargos serão opostos dentro de 3 (três) dias da data da publicação


do acórdão, em petição dirigida ao Relator, na qual será indicado o ponto obscuro,
duvidoso, contraditório ou omisso.

            § 2º O Relator porá os embargos em mesa para julgamento, na primeira


sessão seguinte proferindo o seu voto.

            § 3º Vencido o Relator, outro será designado para lavrar o acórdão.

            § 4º Os embargos de declaração suspendem o prazo para interposição de


outros recursos, salvo se manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão
que os rejeitar".

    Relativamente à matéria eleitoral, os embargos de declaração só são admitidos


para atingir as decisões provenientes dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Tribunal
Superior Eleitoral, sendo, portanto, inaplicáveis às decisões dos Juízes e Juntas
Eleitorais.

            Os embargos são opostos ao próprio Relator do acórdão que se pretende


reformular, nos três dias subsequentes à sua publicação, em petição escrita, com
indicação do ponto havido por omisso, contraditório, ambíguo ou obscuro. Recebendo-
os, sem audiência da parte adversa, deverá o Relator apresentá-las para julgamento
na primeira sessão, independentemente da inclusão em pauta, com emissão de seu
voto.

            A condição do relator prorroga-se à fase do julgamento dos embargos, a qual


somente desaparecerá se ficar vencido, passando então a outro julgador a
incumbência da lavratura do acórdão substitutivo, em decorrência do provimento dos
embargos.

Opostos os embargos, via de regra, opera-se a suspensão de prazo para interposição


de outros recursos que se façam cabíveis, pois é o próprio acórdão que está sendo
objeto de pendência. Desde que fique evidenciado o propósito meramente protelatório,
caberá ao Tribunal, em assim reconhecendo, inserir essa circunstância no contexto da
decisão que os rejeitar. Mas, se o acórdão referente à rejeição dos embargos silencia
nesse ponto, somente a partir de sua publicação passa a ser contado o prazo para
utilização de qualquer outro recurso que possa comportar. Prevalece, dessa forma, a
regra da não-suspensividade, consignada no art. 275 do Código Eleitoral, com a única
exceção já anteriormente ressaltada das apelações criminais, pondo-se em conexão
os artigos 361 e 362, ambos do Código Eleitoral.

            2.8. Embargos de nulidade e infringentes do julgado

            Essa modalidade de recurso estava consagrada na anterior Lei Orgânica dos


Partidos, lei nº 5.682/71, que cedeu lugar a atual lei. Sua aplicação se dar em relação
às decisões sobre arguição de infidelidade partidária, com o escopo de decretar, como
sanção de tal ato, a perda do mandato legislativo.

            A competência originária para conhecer e julgar a representação era ou do


Tribunal Regional Eleitoral ou do Supremo Tribunal Eleitoral, conforme fosse o caso.
Se a representação eleitoral fosse relativa a ato praticado por Vereador ou Deputado
Estadual, a competência era do Tribunal Regional Eleitoral. Porém, se a
representação se desse em torno de ato praticado por Senador ou Deputado Federal,
a competência era do Tribunal Superior Eleitoral.

            Seu cabimento se dava em relação a decisão que apresentasse pelo menos 2


(dois) votos divergentes nos três dias subsequentes à publicação do Acórdão, que
eram entregues à secretaria do respectivo tribunal e anexado aos autos
independentes de qualquer despacho ordinatório, depois de admitidos os embargos, o
embargado tinha o direito de vista dos autos para impugná-los, no prazo de 3(três)
dias.

            Assim como nos embargos declaratórios, havia nessa modalidade de recurso o


que denominamos de Juízo de Retratação, uma vez que haveria por parte do juiz
reexame do próprio conteúdo do julgamento procedido, pelo mesmo tribunal que o
proferiu.

            2.9. Recursos de procedência extrajudicial

  Por meio da anterior Lei Orgânica dos Partidos Políticos o direito eleitoral restaurou o
recurso extrajudicial que se encontrava expungido do sistema processual brasileiro.

            A interposição de tais recursos se dava em relação aos atos decisórios dos
partidos políticos para os órgãos da Justiça Eleitoral. Embora já esteja revogada a
matéria merece permanecer pelo aspecto incomum, com enfoque analítico.

            O contencioso iniciava-se no próprio âmbito da agremiação partidária.


Somente quando da interposição de recurso é que se deslocaria para o âmbito judicial.
Percebe-se, então, que ima situação inicialmente extrajudicial irá ser apreciada pelo
Judiciário somente a fase recursal.

            Por meio desta modalidade de recurso pretendeu-se adotar uma sistemática


de controle das atividades partidárias, buscando-se com esta sistemática refrear o
comportamento, na maioria das vezes déspota, dos partidos políticos e de suas
agremiações. Essa atitude prática se tornou muito plausível para a nossa realidade
política.

            Não é possível cogitar-se de que se trata de mera função censora, uma vez
que não se fazia um ajuizamento de uma pretensão para que a lei se fizesse aplicável,
mas transpor uma relação processual já constituída, para que se submetesse a
decisão do reexame de uma instância mais elevada. E a circunstância de essa
atividade partidária projetar-se apenas entre os filiados dos partidos não comprometia
o caráter jurisdicional da atividade conferida às direções partidárias, pois apenas está
sendo definida a legitimidade dos protagonistas desse contencioso original.

            Temos que reconhecer que a consagração da recorribilidade das decisões


proferidas pelos partidários políticos para a Justiça Eleitoral, demonstrava que o
partido político brasileiro compartilhava da atividade jurisdicional típica do Estado, a
nível de primeira instância.

            Cabe ressaltar que tal fato embora "anômalo" poderá existir, pois ao adotar a
ordem constitucional brasileira a tríplice divisão dos poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário de forma independente e harmoniosa, não estabeleceu monopólio funcional
entre eles, de modo que as atividades funcionais poderiam ser compartilhadas
reciprocamente.

            Desta forma, o Poder Legislativo, ao lado de sua atividade de legislar, recebe a


título excepcional, competências materialmente jurisdicionais e administrativas. Igual
orientação é mantida para o Poder Executivo, o qual não tem sua atividade limitada
exclusivamente a emissão de atos administrativos, sua missão vai além disso, ao
mesmo é auferida a competência de legislar sobre determinados assuntos e, ainda, a
competência jurisdicional. Tal regra se estende também ao Poder Judiciário que além
dos atos jurisdicionais, realiza atos de competência legislativa e administrativa.

            Pode-se encontrar no quadro institucional brasileiro, múltiplas atividades


jurisdicionais vinculadas a órgãos executivos e legislativos. Exemplo disso vai ser
encontrado na atividade jurisdicional destinada aos partidos políticos quando da
realização de atos que antecediam a fase recursória.

            O procedimento do recurso em análise era instaurado a parti da impugnação a


ser intentada perante a respectiva Comissão Executiva Partidária, que deveria
obedecer ao prazo de 48 (quarenta e oito) horas após a ocorrência do registro dos
candidatos para compor os órgãos partidários.

            Tinham legitimidade para propor tal recurso o representante do Ministério


Público ou qualquer pessoa filiada ao partido. A competência para julgar a
impugnação apresentada pertencia ao diretório do partido afetado.

            Oferecida a impugnação ao registro, dispunha o candidato vítima da


impugnação do prazo de 48 (quarenta e oito) horas para apresentar contestação. E se
transcorresse o referido prazo sem que fosse apresentada a contestação, submeter-
se-ia a espécie à decisão do Diretório Regional, para apreciação no lapso temporal de
3 (três) dias.
            2.10. Recursos partidários internos

            É objeto de abordagem e análise do Recurso Partidários Internos o


contencioso inerente à filiação partidária. Tendo legitimidade para intentá-lo, qualquer
filiado ao partido. Este, deverá oferecer impugnação no prazo de 3 (três) dias, tendo o
impugnado igual prazo para oferecer resposta a impugnação.

            No caso de a impugnação proposta ter sido julgada procedente estava


caracterizada a recusa da filiação partidária, nesse caso deveria a Comissão
Executiva fundamentar substancialmente o seu ato decisório, a fim de que a parte
prejudicada pudesse, no prazo legal, interpor recurso a Comissão Executiva Regional.

            Cabe ressaltar que a recorribilidade da decisão ficava condicionada à


denegação da filiação partidária por ato irreversível.

            Um outro caso de recurso a ser interposto no âmbito das agremiações política
partidária, está relacionado com a aplicação das sanções disciplinares aos seus
respectivos filiados. Tal recurso estava previsto no art. 70, da Lei Orgânica dos
Partidos Políticos, que o previa para os casos de medidas disciplinares aplicadas em
virtude do descumprimento do dever de disciplina, dos princípios programáticos e das
funções partidárias.

            Tem competência para aplicar essas medidas disciplinares o Direito Partidário,


perante o qual tivesse ocorrido a falta funcional passível de sanção.

            Qualquer medida disciplinar aplicada comportaria recurso com efeito


suspensivo para órgão imediatamente superior.

3. INTERPOSIÇÃO DO RECURSO

            A impugnação apresenta-se para dar pela existência de vícios existentes que
atinjam a validade preferencial.

            Pode-se, esta, ser arguida em qualquer momento do processo eleitoral,


passando pelo momento de alistamento, transferência de inscrição, localização de
seção Eleitoral, designação de componentes de mesas receptoras, até o momento do
exercício do sufrágio.

            Exceto os feitos de natureza criminal, a justiça eleitoral procura dar celeridade


aos julgados a que lhe são submetidos. Por isso, aos recursos interpostos à
impugnação são dados a maior celeridade possível. Esse processo é antagônico ao
processo na justiça comum, por isso, a intenção na rapidez processual quando afirma
que de modo geral os recursos não terão efeito suspensivo.

            Para que se recurso destinado a exame pela segunda instância, mister se faz o
exame em caráter inicial dos pressupostos de sua admissibilidade. Até mesmo quando
o recurso é levado à instância superior, deve-se levar a remessa dos autos para que
sejam examinados os requisitos de admissibilidade, correndo o processo
regularmente.
            O princípio do contraditório, outrossim, não desaparece nas vias de recursos.
As fundamentações dos recursos sobre as impugnações sobre apuração de votos
deverão ser apresentados em 48 horas. Muitas vezes, é notório que alguns juízes
desrespeitam o princípio do contraditório, simplesmente encaminham o recurso
quando recebido pelo recorrente à superior instância, excluindo a parte diversa.

            Depois de verificados os pressupostos de admissibilidade, é que se ensejará a


parte contrária pra produzir suas alegação, fazendo com que esse princípio
constitucional do contraditório não seja ferido.

            A oralidade, não exigência de petição escrita, está presente nos recursos
interpostos quando se trata de apuração de votos, no instante em que foi rejeitada a
impugnação sobre vício de apuração, como rege o artigo 169: "A medida que os votos
forem sendo apurados, poderão os fiscais e delegados de partidos, assim como os
candidatos, apresentar impugnações que serão decididas de plano pela junta...parag.
2º De suas decisões cabe recurso imediato, interposto verbalmente ou por escrito, que
deverá ser fundamentado no prazo de 48 horas para que tenha seguimento."

            A situação do processo de apuração a que deu motivo ao recurso deve ser
mantida como no momento da impugnação, ensejando maior segurança à apuração
do fato recorrido. A relevação teria de ocorrer no momento subsequente à interposição
do recurso, por escrito ou verbalmente. Tudo isso para que não haja a alteração ou
perecimento da coisa a ser reexaminada sobre contagem errônea de votos.

            O art. 266 do Código Eleitoral rege os recursos de decisão provocados


singularmente pelo Juiz eleitoral, porém, a interposição não se biparte. As regras em
primeira instância regem-se pelo art. 267 do Código Eleitoral. Em virtude da
simultaneidade entre a rejeição de impugnação e a interposição de recurso torna-se
improcedente a retratação pelas juntas sobre decisões referentes a apuração. O
recurso intentado de decisões prolatadas sem participação das Juntas Apuradoras, é
regido pelo art. 266 do Código Eleitoral, e parágrafo único.

  É importante salientar este último, porque versa sistematicamente que o recorrente
nem sempre é obrigado à apresentar provas documentais daquilo a que alega,
apontando facilmente os meios a que se poderá chegar a certeza dos fatos, quando se
tratar de captação de sufrágios por ilegítimo processo, abuso de autoridade, fraude,
coação, abuso do poder econômico, uso indevido da propaganda. Porém, isso não
exonera o recorrente de provar claramente a viabilidade dessas investigações,
mostrando, ao menos, os caminhos a que se poderá chegar à verificação da verdade
dos fatos apurados.

            Estão delineadas pelo art. 267 as sequências sistemáticas das regras quanto a
tramitação dos recursos em primeira instância, referentes aos atos de decisão dos
Juízes eleitorais, no que tange ao recebimento da petição pelo Juiz, intimação do
recorrido para ciência do recurso interposto, a forma das intimações e citações,
prazos, reformulação das decisões. Quanto àquele, a intimação do recorrido para
ciência do recurso, está esclarecido no artigo o princípio do contraditório, dando
paridade de tratamentos às partes.
4. TRAMITAÇÃO DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS.

            Embora o Código Eleitoral trate em capítulos distintos acerca da tramitação


dos recursos nos Tribunais Regionais Eleitorais e no Tribunal Superior Eleitoral, as
regras são comuns, de modo que os disciplinamentos genéricos constam no capítulo
sobre os Tribunais Regionais, os quais, segundo o art. 280, são estendidos ao
Tribunal Superior Eleitoral. Apenas o disposto nos §§ do art. 271 não se ajusta ao
TSE.

            Com a interposição do recurso proceder-se-á a novo exame da matéria de fato


e de direito.

 Segundo o art. 268 do Código Eleitoral, nenhuma alegação escrita ou nenhum


documento poderá ser apreciado por qualquer das partes na recursal, perante o
Tribunal, pelo que se conclui que a área da atividade jurisdicional já está delimitada,
contendo os elementos probantes que se produziram em instância inferior. Depois de
deslocados os recursos para os tribunais não se possibilita a anexação de qualquer
elemento, sejam documentos ou alegações das partes. Contudo, no momento da
interposição, pode-se complementar as explanações já existentes e juntar novos
documentos perante o Juízo de primeiro grau, desde que sejam pertinentes às
questões debatidas.

            A regra acima, no entanto, tem como exceção o disposto no art. 270, segundo
o qual nos recursos que se ocupam de coação, fraude, interferência abusiva do poder
político ou do poder econômico, infringência às normas que disciplinam a propaganda
eleitoral ou utilização de qualquer processo ilícito de arregimentação de votos, é
admitida a realização de atos probatórios na faze recursal.

            Com o objetivo de assegurar maior celeridade aos recursos em segunda


instância, a secretaria do tribunal, recebendo o recurso, procederá ao seu registro
interno e providenciará para que, em vinte e quatro horas, seja-lhe dado relator,
segundo a ordem de antiguidade de investidura dos membros do tribunal. Logo depois
de efetivada a distribuição, cumprirá à secretaria abrir vista dos autos ao órgão do
Ministério Público, por seu Procurador Geral Eleitoral ou Procurador Regional Eleitoral,
conforme o caso, independentemente de despacho do relator, d modo que quando os
autos sejam apresentados ao relator já contenham o pronunciamento da Procuradoria.
Poderá, no entanto, o órgão do Ministério Público conduzir para emissão de
pronunciamento oral na assentada do julgamento, de maneira expressa, averbando
nos autos esse propósito, ou, implicitamente, ao deixar transcorrer silente o prazo de
cinco dias que lhe está reservado para oficiar.

            No caso de admitir-se instrução probatória (art. 270), o protesto por sua
realização é apresentado ainda no Juízo a quo, embora esteja sendo admitida a sua
realização em segunda instância, se reconhecida sua pertinência. Recebendo os
autos, cumprirá ao relator pronunciar-se pela efetivação das provas indicadas pelas
partes, mandando-as realizar, caso as admita, no prazo de cinco dias. Do despacho
denegatório caberá reexame pelo tribunal se os interessados o requererem, no prazo
de vinte e quatro horas.

Admitidas as provas, consistentes em justificações e perícias, serão as mesmas


processadas perante o Juízo Eleitoral da zona, mediante requisição do relator ou
tribunal.
            Recebidos os atos probatórios, caberá à secretaria abrir vista dos autos, por
vinte e quatro horas, ao recorrente, e depois, ao recorrido, para que ambos possam,
querendo, produzir suas últimas alegações em virtude dos elementos adicionados.

            Em regra, os recursos dependem de inclusão em pauta de julgamento,


havendo, contudo, exceções legalmente previstas, onde não há essa exigência.

            Em seguida, o recurso irá com vistas ao relator para exame, pelo prazo de oito
dias, após o qual deverá ser devolvido à secretaria, para que em vinte e quatro horas,
seja incluído em pauta de julgamento. Porém, versando o recurso sobre expedição de
diploma, os autos, após devolvidos pelo relator, deverão ser submetidos ao exame de
um revisor, pelo prazo de quatro dias, após o que, devem ser devolvidos à secretaria
para inclusão em pauta.

            A inclusão em pauta de julgamento deverá obedecer à sequência cronológica


da devolução dos autos à secretaria, sem prejuízo da ordem de preferência prevista
no regimento interno do tribunal.

            Na oportunidade do julgamento, após encerrado o relatório, ante, portanto, do


relator proferir seu voto, é facultado às partes o direito de fazerem a sustentação oral,
pelo prazo de dez minutos, para cada uma, primeiro o recorrente, depois, o recorrido.
Em se tratando de recursos contra a expedição de diploma, o prazo é elevado para
vinte minutos.

            O Ministério Público poderá reiterar, ou manifestar, seu pronunciamento após a


sustentação pelas partes, sem aplicar-lhe as delimitações de tempo.

 O resultado da decisão em plenário é corporificado em acórdão, cuja lavratura


incumbe ao relator, no prazo de cinco dias da data final do julgamento. Somente se
vencido, perderá o relator a responsabilizar pela redação do acórdão, caso em que a
incumbência passa ao julgador que primeiro anunciar o voto vitorioso. Após a
assinatura dos julgadores, a parte conclusiva do acórdão deve ser publicada no órgão
oficial. Se, porém, essa publicação não se der em três dias, as partes deverão ser
intimadas por mandado, e, não sendo localizadas nas quarenta e oito horas seguintes,
a intimação deverá ser feita por edital.

            Em caso de recursos relativos à arguição de inelegibilidade, a Lei


Complementar 64/90 prevê normas especiais.

            A primeira providência prende-se a distribuição pela presidência do Tribunal,


que deverá ser efetuada no próprio dia em que o recurso tem ingresso no tribunal,
devendo-se, ainda, à mesma data, abre-se vista ao órgão do Ministério Público, pelo
prazo de dois dias, para exarar o seu pronunciamento por escrito ou protestar por
parecer oral na oportunidade do julgamento.

            Após, deverão os autos ser restituídos à secretaria, para serem remetidos ao


relator, que terá três dias para leva-los a julgamento em plenário, sem necessidade de
inclusão em pauta, uma vez que o processo referente à arguição de inelegibilidade
prescinde de pauta.

            O julgamento desse tipo de recurso não pode sofrer adiamento, não
comportando, de maneira alguma, qualquer pedido de vista que leve à interrupção da
deliberação iniciada. Os julgadores presentes, desejando maiores esclarecimentos,
que compulsem, momentaneamente, os autos e peçam explicações verbalmente ao
relator, durante a fase do relatório e depois durante a emissão do voto. O julgamento
deverá ser cumprido em uma única assentada. Mas, após encerrado o relatório,
podem as partes fazer a sustentação oral de seus pontos de vista, concedendo-se a
palavra, por último, ao Procurador Regional, para o pronunciamento adicional que
considerar pertinente, iniciando-se depois a votação, com o voto proferido pelo relator,
seguindo-se os demais na ordem de antiguidade determinada pela investidura no
colegiado.

            Cabe ao tribunal a elaboração do acórdão. Concluído esse trabalho, sendo na


oportunidade, lido, assinado e publicado o acórdão, passa, desde esse instante,
independentemente de qualquer outra formalidade, a correr o prazo de três dias, para
interposição de recurso ordinário para o Tribunal Superior Eleitoral.

            Interposto o recurso para o TSE, a partir do momento em que a petição tenha


ingresso no protocolo, já se inicia a contagem do prazo de três dias para que o
recorrido, querendo, possa apresentar as suas contrarrazões, sem necessidade de
que se lhe faça qualquer notificação.

            Havendo interposição de recurso, transpirado o prazo para juntada das razões


do recorrido, apresentadas as contrarrazões, serão os autos imediatamente remetidos
ao Tribunal Superior, sendo que as normas pertinentes ao julgamento são as comuns
aos Tribunais Regionais e Tribunal Superior Eleitora.

5. PRAZOS

            Os recursos eleitorais, via de regra, devem ser interpostos no prazo de três
dias da publicação do ato decisório. Assim prevê o art.258 do Código Eleitoral:
Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em 3 (três
dias) da publicação do ato, resolução ou despacho.

            Desse modo, se não houver expressa designação de prazo, há de prevalecer o


prazo de três dias para interposição de recurso no Direito Eleitoral.

            Permanecem nesse prazo comum de três dias os recursos seguintes:

  - do despacho do Juiz Eleitoral indeferindo requerimento de inscrição eleitoral (art.


45, § 7º, do Código Eleitoral);

  - da decisão denegatória de transferência eleitoral (art. 57, § 2º, do Código Eleitoral);

 - da decisão que determina o cancelamento de inscrição eleitoral (art.80 do Código


Eleitoral);

 - da decisão que estabelece a composição de mesa receptora (art. 121, § 1º,do


Código Eleitoral);

 - da decisão do Juiz Eleitoral aplicada à reclamação oferecida sobre a localização de


seções (art. 135, § 8º,do Código Eleitoral, acrescentado pelo art, 25 da Lei nº4.961, de
04.05.l966;
            -da decisão em matéria de expedição de diplomas (art. 262 do Código
Eleitoral);

            -dos atos, resoluções ou despachos dos Presidentes (art. 264 do Código


Eleitoral);

            -dos atos, despachos dos Juízes ou Juntas Eleitorais (art. 265 do Código
Eleitoral);

            -para embargos de declaração a acórdão (art. 275, § 1º, do Código Eleitoral);

            -para interposição de recurso especial e ordinário para o Tribunal Superior


Eleitoral (art. 276, § 1º, do Código Eleitoral);

            -para interposição de agravo de instrumento do despacho do Presidente do


Tribunal Regional denegatório do recurso especial (art. 279 do Código Eleitoral);

            -para interposição de recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal das


decisões denegatórias de habeas corpus (art. 281 do Código Eleitoral);

            -para interposição de agravo de instrumento da decisão do Presidente do


Tribunal Superior Eleitoral que inadmita o recurso extraordinário (art.282 do Código
Eleitoral);

            -da decisão do Juiz Eleitoral concedendo ou denegando o registro a candidato


a cargo eletivo (art.11,§ 2º da Lei Complementar nº 64, de 18.05.1990);

            -para interposição de recurso ao Tribunal Superior Eleitoral do acórdão do


Tribunal Regional Eleitoral sobre registro do candidato (art. 14 da Lei Complementar
nº5, de 29.04.l970);

            São submetidas ao prazo de três dias as apelações interpostas das decisões


Juízes em crimes eleitorais, condenando ou absolvendo o acusado (art. 362 do Código
Eleitoral).

            Das decisões proferidas pelas Juntas Apuradoras sobre as impugnações


opostas ao decurso dos trabalhos de apuração, cabe recurso a ser interposto de
imediato, oralmente ou por escrito, fazendo-se, porém, a juntada das razões nas 40
horas que se seguirem, sob pena de deserção. Trata-se, pois, nessa hipótese, de
recurso de preclusão instantânea, se a parte interessada não manifesta, no próprio
instante em que é dirimida a impugnação, o recurso em cogitação.

6. EFEITOS DOS RECURSOS

            Desde que a decisão judicial seja passível de recurso, não se produzirá a coisa
julgada enquanto não houver a transcorrência do prazo sem a iniciativa recursal da
parte em sucumbência, tanto quanto ficará a depender dos recursos admissíveis
tempestivamente interpostos.

            Disso resulta que o estado de pendência não se exaure enquanto houver


admissibilidade a recurso.
            Nesse sentido, com muita procedência, esclarece Tito Costa:

            "Quando a lei eleitoral estabelece que são preclusivos os prazos para


interposição de recurso, salvo quando nele se discutir matéria constitucional, está
adotando para os recursos eleitorais o instituto da preclusão, que consiste na perda de
uma faculdade processual em virtude de terem sido ultrapassados os limites fixados
na lei para exercício dessa faculdade".

            Nem sempre, porém, a existência de recurso constitui causa impeditiva à


execução. Pode em certos casos haver execução provisória do julgado, que se haverá
de desfazer na hipótese de provimento do recurso.

            Essa, por sinal, a regra predominante no Direito Eleitoral brasileiro.

            Nesse sentido estabelece o art. 257 do Código Eleitoral:

            "Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo

            Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente,


através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do
Presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão".

            A exclusão da supensividade dos recursos eleitorais coloca-os submetidos a


efeitos apenas devolutivos.

            Com o efeito devolutivo opera-se o deslocamento integral da matéria afetada


pelo recurso para órgão judiciário competente para dele conhecer.

            Reafirma-se com a recorribilidade das decisões a tutela ao direito individual


conferindo-se nova oportunidade de exame à pretensão dos litigantes.

            No entanto, a não-atribuição de efeito suspensivo reflete a prevalência do


interesse público no disciplinamento dos recursos eleitorais, atribuindo força
executória imediata ao ato decisório emanado do órgão estatal fica o juízo a quo com
a sua competência prolongada para executar a decisão recorrida, mesmo que haja
deslocamento do recurso para instância superior.

            O alcance do recurso pode ser total ou parcial, de acordo com a iniciativa das
partes, sobre o qual incidirá o poder de reexame na instância revisora. Nem sempre o
efeito devolutivo do recurso importa em transposição de conhecimento para órgão
judicante diferente. Pode a competência recursória ser atribuída ao próprio órgão
prolator da decisão recorrida, levando a um novo exame as questões controvertidas. É
o caso, exatamente, dos embargos de declaração previstos no art. 275 do Código
Eleitoral e dos embargos de nulidade e infringentes do julgado de que trata o art. 83 da
Lei nº5.682, de 21.07.1971, cujo conhecimento incumbe ao próprio órgão de onde
emanou a decisão recorrida.

            É de destacar ainda que a inadmissão da suspensividade de efeitos dos


recursos eleitorais torna exequível, de pronto, a decisão judicial, que fica, por
consequência, submetida a efeitos resolutivos se for tornada insubsistente na
apreciação recursal.
            O desfazimento da decisão vai produzir-se prospectivamente, a partir da
decisão superveniente.

            Veja-se, por exemplo, o que dispõem os arts. 216 e 217 do Código Eleitoral:

            "Art. 216. Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra
a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua
plenitude.

            Art. 217. Apuradas as eleições suplementares, o Juiz ou o Tribunal reverá a


apuração anterior, confirmando ou invalidando os diplomas que houver expedido.

            Parágrafo único. No caso de provimento após a diplomação, de recurso contra


o registro de candidato ou recurso parcial, será também revista a apuração anterior
para conformação ou invalidação de diploma, observando no § 3º do art. 261".

            Pelo que pode ser observado, a invalidade de diplomas que acaso possa
ocorrer em decorrência do provimento de recurso contra a diplomação ou de recurso
que modifique a distribuição dos sufrágios tem eficácia ex nunc, a significar que os
atos anteriormente praticados no desempenho do mandato representativo e as
remunerações recebidas não são atingidos. Tem-se como legítimo o desempenho do
mandato até a produção do ato decisório que o invalide. Desde esse momento, sem
mais tardança, dever-se-á dar execução ao julgado, não comportando a prática de
qualquer ato por quem tenha o mandato reconhecido insubsistente.

            Prevalece, neste tocante, o disposto no parágrafo único do art. 257, já acima


transcrito, que determina a execução imediata de qualquer acórdão, mediante
comunicação por ofício ou telegrama. Ora, se a execução é iniciada logo a seguir ao
julgamento, basta que seja este efetivado pra que se defina o momento em que
passou a operar a decisão anulatória do mandato.

            Mas a adoção da regra da não-suspensividade não impede possam ser


atribuídos efeitos regressivos a determinados recursos, quando fica ao próprio órgão
prolator da decisão recorrida a competência da autoridade recorrida para rever a sua
posição, desde que reconheça procedente as arguições interpostas. Trata-se da fase
de relevação, que abre ensejo ao julgador de reformar a sua decisão, à vista da
fundamentação constante do recurso. Essa disponibilidade para relevação é
consagrada para todos os recursos interpostos contra as decisões emanadas
singularmente dos Juízes Eleitorais, com exceções apenas dos recursos sobre crimes
eleitorais.

            Nesse sentido, preceitua o art. 267, § 6º, do Código Eleitoral, com a redação
promanada da Lei nº4.961, de 04.05.1966:

            "Findos os prazos a que se referem os parágrafos anteriores, o Juiz Eleitoral


fará, dentro de quarenta e oito horas, subir os autos ao Tribunal Regional com a sua
resposta e os documentos em que se fundar, sujeito à multa de dois por cento do
salário mínimo regional por dia de retardamento, salvo se entender de reformar a sua
decisão".

            A competência para relevação em matéria eleitoral é apenas aplicável aos


efeitos decididos originariamente pelos Juízes Eleitorais. Assim sendo, havendo
interposição de recurso tempestivo e idôneo escapa aos Tribunais perante os quais
esteja sendo interposto recurso, a competência para reconhece-lo procedente
reformar o seu julgamento anterior. Deverá, pura e simplesmente, desde que
satisfeitos os pressupostos de admissibilidade do recurso, assegurar a persistência ao
contraditório, com audiência à parte adversa, afetando, a seguir, a matéria ao órgão
competente.

            Deve ser acrescentado que na hipótese de serem acolhidas as razões do


recorrente na fase de relevação, fica ao recorrido, que se tornou vencido, a faculdade
de requerer a subida do recurso, operando-se, por consequência, a translação das
posições no feito, com o recorrente na condição de sujeito ativo do procedimento
recursivo, pertinente às decisões dos Juízes Eleitorais.

            A regra da não-suspensividade dos recursos admite exceções no Direito


Eleitoral, não sendo aplicáveis às decisões condenatórias por infrações eleitorais,
como poderá ser visto através das seguintes normas do Código Eleitoral:

            "Art. 362. Das decisões finais da condenação ou absolvição cabe recurso para
o Tribunal Regional, a ser interposto no prazo de 10 (dez) dias.

            Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for condenatória, baixarão


imediatamente os autos à instância inferior para a execução da sentença, que será
feita no prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista do Ministério Público.

            Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de promover a


execução da sentença, serão aplicadas as normas constantes dos § § 3º, 4º e 5º do
art. 357".

            Houve, pelo que entendemos, certa imprecisão do legislador em deixar de


condicionar a baixa dos autos para execução da sentença ao trânsito em julgado.
Parece-nos que, havendo pendência de recurso especial, de que trata o art.276, I, do
Código Eleitoral, não poderá haver imediata restituição dos autos à inferior instância
para dar cumprimento à sentença condenatória. Esse imediatismo referido para
remessa dos autos não pode ser rigidamente adotado, tendo de ser encarado, em
termos relativos, como solução exegética mais racional.

            Verifica-se também haver sido descurada a situação advinda dos julgamentos


condenatórios em casos de competência originária dos Tribunais Regionais Eleitorais.

            Pertence, com efeito, aos Tribunais Regionais competência para processar e


julgar originariamente os crimes eleitorais cometidos pelos Juízes Eleitorais, nos
termos do art. 29, I, d, do Código Eleitoral.

            A decisão condenatória que seja aplicada pelo Tribunal Regional somente
poderá ser atacada desde que se ajuste a uma das hipóteses do recurso especial
consignadas no art. 276, I, do Código Eleitoral.

            Não poderá a matéria ser levada ao Tribunal Superior Eleitoral através do


recurso ordinário, cogitado no inciso II do invocado art. 276, porque não guarda
afinidade com qualquer das duas alíneas contempladas.

            Aliás, a ausência de disciplinamento recursal específico sobre as decisões em


matéria criminal da competência originária dos Tribunais Regionais coaduna-se com a
delimitação das modalidades recursáveis para o Tribunal Superior Eleitoral no art. 138
da vigente Constituição da República.
            Dessa maneira, a decisão condenatória aplicável originariamente pelo Tribunal
Regional tem o seu momento de execução coincidente com o que está previsto para
os julgados prolatados nas vias recursais. Para ambos os julgados, ao que nos
parece, a execução deve ser efetivada enquanto pendente o recurso especial eleitoral.

            Ora, o estado de pendência do recurso especial será determinado pelo


despacho do Presidente do Tribunal Regional, admitindo ou não o recurso interposto.
Se o admite, firma-se a pendência, se não o faz, deve ser levado à execução, depois
da defluência do prazo suficiente à extração das peças para formação do agravo de
instrumento, se porventura for interposto, em consonância com o art.279 do Código
Eleitoral. Cumprida essa etapa, deverão os autos ser remetidos ao Juiz incumbido da
execução do julgado.

            Em linhas gerais, o presente trabalho trouxe uma abordagem clara e precisa
acerca dos recursos pertinentes à Justiça Eleitoral.

            Á princípio, foi feita a conceituação dos recursos eleitorais, delineando-se as


suas características e fundamentos básicos, respaldando-se em estudos da legislação
e doutrina pertinentes.

            Seguindo a mesma linha de pesquisa, constatou-se a existência de várias


modalidades de recursos eleitorais, quais sejam: apelação eleitoral, apelação criminal,
agravo de petição, agravo de instrumento, embargos de declaração, embargos de
nulidades e infringentes do julgado, recurso ordinário, recurso especial, recurso de
procedência extrajudicial e recurso partidário interno, todos previstos pela legislação
eleitoral. Cada modalidade foi caracterizada de acordo com as suas peculiaridades e
hipóteses de cabimento.

            Foram abordados ainda neste estudo as questões relativas à interposição,


tramitação, prazos e efeitos dos recursos eleitorais, evidenciando as semelhanças e
diferenças entre os mesmos e as modalidades de recursos previstas na legislação
processual civil.

            Enfim, através deste, foram traçadas todas as nuances necessárias ao bom


entendimento do tema abordado.

Referências Bibliográficas:

            RIBEIRO, Fávila. Direito eleitoral. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996.

            SANTANA, Jair Eduardo, GUIMARÃES, Fábio. Direito Eleitoral


Resumido. 1 ed. Belo Horizonte: Inédita, 2000.
CESVALE – CENTRO DE ENSINO SUPERIOR VALE DO PARNAIBA
ALUNA: ANA ALINE BEZERRA LIMA
MATRICULA: 18103025
CURSSO: DIREITO
TURNO: NOITE
PERIODO: 10ª A
DISCIPLINA: DIREITO ELEITORAL
PROFESSOR: HAROLDO

RECURSOS ELEITORAIS

TERESINA 14 DE NOVEMBRO DE 2022

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