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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR MATO GROSSO

PREVENÇÃO E
COMBATE A INCÊNDIOS
FLORESTAIS

MÓDULO IV
-
USO DO FOGO NA PREVENÇÃO E COMBATE A
INCÊNDIOS FLORESTAIS
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CONTEÚDOS
1. OBJETIVOS;

2. TERMINOLOGIA;

3. USO DO FOGO NA PREVENÇÃO E COMBATE A IF’s;

4. QUEIMAS PRESCRITAS E CONTROLADAS;

5. TÉCNICAS DE QUEIMAS PRESCRITAS;

6. QUEIMAS DE ALARGAMENTO;

7. CONTRAFOGO - Definições;

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS;

9. REFERÊNCIAS.
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1. OBJETIVOS

➢ Demonstrar a legislação nacional referente ao uso do fogo


na prevenção e combate aos incêndios florestais.
➢ Definir as principais técnicas existentes de queima prescrita,
queima de alargamento e contrafogo, expondo definições
terminológicas e princípios de suas aplicações.
➢ Demonstrar exemplos práticos de aplicação do contrafogo.
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2. TERMINOLOGIA
Com objetivo de padronização de linguagem, importante definir alguns conceitos relativos à prevenção e
combate aos incêndios florestais:
• Linha de Defesa: Faixa de terreno desprovida de vegetação que se constrói durante o combate de um
incêndio florestal.
• Linha Negra: Faixa intencionalmente queimada, geralmente utilizada para alargar a linha de defesa para
evitar, com segurança, que o incêndio a ultrapasse.
• Linha de Controle: Linha de segurança que circunda todo perímetro do incêndio. A linha de controle
pode ser formada por linhas de defesa mais barreiras naturais, artificiais e/ou química, confecção durante
o combate.
• Linha Fria: Faixa de vegetação umedecia mecanicamente.
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2. TERMINOLOGIA
• Linha de Fogo: Perímetro onde está ocorrendo o incêndio ou a queima controlada.
• Ponto de Ancoragem: Ponto que se inicia ou termina a construção de uma linha de defesa,
encontrando uma barreira natural ou artificial.
• Bordadura: É o corte da vegetação próximo à linha de defesa no lado a ser queimado com o
objetivo de reduzir a intensidade das chamas antes da extinção na linha de defesa.
• Aceiros: barreiras naturais ou construídas, limpas de vegetação, parcial ou completamente,
instaladas previamente ao incêndio. Além disso, ele pode ser produzido para auxiliar a ação de
combate (acesso, ponto de ancoragem, etc.). (ICMBIO, 2010, p. 62)
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2. TERMINOLOGIA
Comparando a definição dos termos “linhas de defesa” e “aceiros”, verifica-se que ambos se
baseiam na remoção do combustível, isto é, na quebra de continuidade da vegetação.
Dependendo das circunstâncias e meios disponíveis, as linhas também podem instalar-se com
base na aplicação de água, produtos químicos ou simplesmente cobrindo o terreno com terra.
Portanto, pode-se concluir que:

• A abertura de LINHAS DE DEFESA é uma atividade de COMBATE.


• A abertura de ACEIROS é uma atividade de PREVENÇÃO. (ICMBIO, 2010, p. 62)
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3. USO DO FOGO NA PREVENÇÃO E COMBATE A IFs
Visando sempre a conservação ambiental, os bombeiros devem utilizar o fogo de maneira
técnica e amparada nas legislações ambientais, neste caso, o uso do fogo é regido pela Lei
Federal nº 12.651, de 21 de maio de 2012:

Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas
agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental
competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que
estabelecerá os critérios de monitoramento e controle;
II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o
respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de
Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas características
ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo;
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3. USO DO FOGO NA PREVENÇÃO E COMBATE A IFs
III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado
pelos órgãos competentes e realizada por instituição de pesquisa reconhecida, mediante
prévia aprovação do órgão ambiental competente do Sisnama.

(...)

§ 2o Excetuam-se da proibição constante no caput as PRÁTICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE


AOS INCÊNDIOS e as de agricultura de subsistência exercidas pelas populações tradicionais e
indígenas.
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3. USO DO FOGO NA PREVENÇÃO E COMBATE A IFs
Além de ser utilizado na Prevenção e Combate aos incêndios florestais, o fogo pode ser
utilizado para diversos outros objetivos, conforme afirma Soares e Batista (2007, p. 130):

• Silvicultura (regeneração natural, colheita de madeira, raleio, controle de espécies


indesejáveis, modificação da cobertura vegetal).
• Manejo de pastagens.
• Manejo da fauna silvestre.
• Controle de pragas e doenças.
• Limpeza do terreno para plantio agrícola ou florestal.
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3. USO DO FOGO NA PREVENÇÃO E COMBATE A IFs
Na atualidade o fogo é utilizado de diversas formas no manejo florestal, neste material,
trabalharemos com 03 formas de utilização do fogo para a prevenção e combate aos incêndios
florestais, com cada uma apresentando objetivos distintos:

• Queimas prescritas e controladas.


• Queimas de alargamento.
• Contrafogo.
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4. QUEIMAS PRESCRITAS E CONTROLADAS
• Primeiramente é preciso diferenciar os termos “queima controlada” e “queima prescrita”. No
Brasil, queima controlada é o termo utilizado nos documentos oficiais, decretos e leis, assim
muitos autores consideram os termos como sinônimos. Todavia Lorenzon, et al (2018, p. 183)
descreve a queima prescrita como a utilização do fogo sob específicas condições
meteorológicas, de combustível florestal e de topografia, para obter objetivos do plano de
manejo, sendo feita sob bases técnicas e científicas, com minimização dos efeitos nocivos do
fogo. Por outro lado a queima controlada é uma técnica empírica que não possui o mesmo rigor
que a prescrita.
• Na definição exposta acima as queimas realizadas pelo CBMMT se caracterizam mais como
“QUEIMAS PRESCRITAS”, mas isso não implica que a utilização do termo “queima controlada”
seja incorreto. Mais importante que os termos é a utilização prática do fogo de maneira técnica,
científica e consciente, buscando sempre a minimização de danos na flora e fauna florestal do
Estado de Mato Grosso.
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4. QUEIMAS PRESCRITAS E CONTROLADAS
• A queima prescrita/controlada é um instrumento de PREVENÇÃO de incêndios
florestais, que pode ser utilizada para confecção e/ou manutenção de aceiros e na
redução do combustível florestal, por exemplo.
• A queima prescrita/controlada sempre deve ocorrer mediante prévia aprovação do
órgão estadual ambiental competente ou do órgão gestor da Unidade de Conservação.
• Existem diversas técnicas de queimas prescritas, mas considerando os fatores de
propagação dos incêndios florestais, podemos classifica-las em: a favor do vento,
contra o vento, em faixa, em flanco, ascendente e descendente. Tais técnicas definirão
se o fogo controlado se iniciará pela cabeça, flanco ou retaguarda.
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5. TÉCNICAS DE QUEIMAS PRESCRITAS
• FOGO DE TESTE: antes de iniciar as queimas é necessário que o bombeiro realize um fogo de
teste, a fim de verificar como o fogo está se comportando diante das condições meteorológicas,
topográficas e de combustível. Para tanto, conforme descreve Azcárate, Delgado e Fababú
(2010, p. 43), o bombeiro deve utilizar o seu queimador (pinga fogo), fazer um triângulo
equilátero de 01 metro de lado e verificar como o fogo está se comportando nas condições
ambientais presentes.
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5. TÉCNICAS DE QUEIMAS PRESCRITAS
No manejo florestal existem muitas técnicas de queimas prescritas, com diversos níveis de
complexidade. Neste material serão expostas as técnicas principais, mais seguras, simples e que
podem ser utilizadas também no contrafogo e nas queimas de alargamento.

QUEIMA CONTRA O VENTO: esta técnica irá


produzir um fogo de retaguarda, normalmente é
o primeiro tipo de queima a ser utilizada, pois é a
mais simples e segura. Esta técnica é menos
poluidora e desenvolve temperaturas menores
que as outras técnicas. Uma desvantagem é que
permite somente a queima quando o vento está
perpendicular a linha de fogo. É similar a técnica
de queima descendente (fogo morro abaixo).
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5. TÉCNICAS DE QUEIMAS PRESCRITAS

QUEIMA A FAVOR O VENTO: técnica com alto risco


de perda do controle pois produz um fogo de
cabeça, apresenta a vantagem de ser mais rápida.
Necessita estar contornada por grandes aceiros,
principalmente na área da frente de fogo. A
utilização desta técnica em vegetação rasteira
abaixo de árvores de grande porte, pode provocar
incêndios de copa. É similar a técnica de queima
ascendente (fogo morro acima).
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5. TÉCNICAS DE QUEIMAS PRESCRITAS
QUEIMA EM FAIXAS: esta técnica pode ser
trabalhada em conjunto com as 02 técnicas
anteriores, pois sua função é não permitir que a
linha de fogo cresça em intensidade, auxiliando
no desenvolvimento controlado da queima, pois
uma linha de fogo encontra a outra antes de
crescer em intensidade. Na figura abaixo a
queima está contra o vento, caso o vento inverta
de direção, a técnica é a mesma, mas o bombeiro
1 deve fazer uma queima de alargamento maior a
partir do aceiro.
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5. TÉCNICAS DE QUEIMAS PRESCRITAS
QUEIMA EM FAIXAS: para entender o princípio de
funcionamento da queima em faixas, temos na figura ao lado 03
situações (“A”, “B” e “C”), sendo que a cor verde representa a
fase de ignição, a amarela a fase de crescimento e a vermelha a
fase de estabilização do fogo florestal. Na situação “A” temos uma
queima a favor do vento, o fogo cresce livremente e se
desenvolve ao máximo. Na situação “B” temos a criação das
faixas, que permitem que o fogo cresça um pouco, mas logo é
encontrado por outra linha de fogo e se extingue antes de chegar
no desenvolvimento completo. Na situação “C”, as linhas de fogo
estão bem próximas e o fogo não consegue se desenvolver,
ficando sempre em baixa intensidade. Assim, a técnica de queima
em faixas permite um maior controle da intensidade do fogo
produzido.
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5. TÉCNICAS DE QUEIMAS PRESCRITAS
QUEIMA EM FLANCOS: técnica se caracteriza
por criar linhas de fogo paralelas ao sentido do
vento. O fogo é colocado simultaneamente ao
longo das linhas paralelas, em comprimentos
iguais e espaçadas em intervalos uniformes. É
uma técnica que é utilizada para queimar
grandes áreas em curto espaço de tempo, mas
apresenta com desvantagem a necessidade de
grande experiência e coordenação entre os
membros da equipe e, caso o vento mude de
direção, pode produzir resultados indesejáveis
e perda de controle.
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6. QUEIMAS DE ALARGAMENTO
• QUEIMAS DE ALARGAMENTO: é a queima
que se realiza como queima controlada para
aumentar as zonas desprovidas de vegetação:
linhas de defesa/controle e aceiros, evitando
trabalho adicional para os bombeiros. É um
fogo provocado a partir do aceiro ou da linha
de defesa que possui intensidade suficiente
para ser extinto assim que se consegue a
largura necessária. (RUIZ, 2001, p. 48)
• Pode ser utilizada nas queimas prescritas e
no combate a incêndios florestais, na aplicação
do método indireto e do método paralelo.
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6. QUEIMAS DE ALARGAMENTO
Os princípios da queima de alargamento são:

• Os combustíveis são queimados


intencionalmente.
• A linha de defesa é fortalecida.
• Evita-se que o fogo atravesse a Linha de Defesa.
(MUÑOS, 2009, p. 749)

A realização das queimas de alargamento, devem


estar descritas no Plano de Ação do Incidente,
sendo realizadas somente com pessoal suficiente,
dotados de ferramentas, abafadores e mochilas
costais, em situações que permitam controlar a
intensidade e direção do fogo produzido.
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7. CONTRAFOGO - Definições
O contrafogo é uma queima controlada utilizada nas ações de combate a incêndios
florestais, com objetivo de extinguir o incêndio florestal em parte ou em sua totalidade.
Muñoz (2009, p. 745) define que o contrafogo deve caracterizar-se sempre como queima
controlada, pois se prescreve o fogo para que avance em uma direção prefixada, de acordo
com os condicionantes que atuam em seu comportamento: combustível, topografia e
meteorologia. Portanto, na aplicação do contrafogo são utilizadas, também, as técnicas das
queimas prescritas.
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7. CONTRAFOGO - Definições
• Devido ao alto risco envolvendo as técnicas de contrafogo, seu uso deve estar
condicionado a autorização do COMANDANTE DO INCIDENTE, sendo que, sempre que
possível, sua realização deve estar prevista no Plano de Ação do Incidente.

• Em casos extremos, com risco iminente a vida do bombeiro, em locais sem rotas de fuga,
o bombeiro pode e deve utilizar o contrafogo para criar uma área negra que lhe sirva de
rota de escape. Neste caso o contrafogo é chamado de “queima de segurança” e não há
necessidade de autorização superior para sua realização.
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7.1 CONTRAFOGO – Dinâmica de gases
A figura ao lado representa a coluna de convecção em uma
frente de fogo. Nos gases ascendentes se diferenciam os
gases quentes, do lado da zona queimada, e os gases frios do
lado do combustível sem queimar. Estes gases frios
ascendentes, em direção contrária ao avanço do fogo
constituem a corrente de sucção, chamada de “contravento”.
Na área abaixo da coluna de convecção, verifica-se a “fumaça
pesada”, que atua secando e pirolizando o combustível,
podendo criar uma atmosfera inflamável com alta
concentração de monóxido de carbono (CO), sendo
extremamente perigosa aos bombeiros que atuam em
ataque direto na frente de fogo
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7.1 CONTRAFOGO – Dinâmica de gases

A figura ao lado representa a o progresso de um


contrafogo quando o incêndio se desenvolve com
ventos fracos que permitem realizar um contrafogo
aproveitando o contravento, que auxilia no
direcionamento do contrafogo para a frente de fogo.
Em casos de incêndios com alta intensidade, é
preferível a utilização da queima de flancos à queima
frontal.
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7.2 CONTRAFOGO - Princípios
Muñoz (2009, p. 746) estabelece 11 princípios que o bombeiro deve seguir na aplicação das
técnicas de contrafogo:

1) Aplicar o contrafogo de maneira planejada, estratégica e prevista no PAI/SCI.


2) Possuir efetivo suficiente e capacitado para a operação.
3) Realizar operações prévias do método indireto de combate: construção de linhas de
defesa, linhas de controle, linhas químicas, etc.
4) Sempre estabelecer rotas de fuga e, se possível, reforçar as linhas de defesa com queimas
de alargamento, já verificando a maneira como o fogo se comporta.
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7.2 CONTRAFOGO - Princípios
5) O horário estabelecido para as queimas deve permitir a execução das operações prévias. Este horário
deve estar coordenado com outras operações exercidas nos outros setores do incêndio.
6) A aplicação deve ser justificada como única técnica possível, de acordo com a velocidade e
intensidade da frente de fogo.
7) Assegurar que todo o efetivo que atua ativamente ou passivamente, conheça a operação de
contrafogo, antes de provocar a linha de fogo e, se necessário, solicitar prioridade nas comunicações
por razões de segurança.
8) Sempre impedir a queima por razões de segurança. Se não for possível extinguir um contrafogo que
deu errado, informar a retirada ao Chefe de Operações e a necessidade de implantação de um Plano
Alternativo.
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7.2 CONTRAFOGO - Princípios

9) Caso seja necessário a implantação do Plano Alternativo, o mesmo deverá em horários que
permitam as operações prévias e com condições atmosféricas favoráveis (primeiras horas da
manhã, por exemplo)
10) Sempre que possível estabelecer a linha de fogo nas margens de linhas químicas, com
vegetação impregnada de retardantes à base de polifosfato amônico.
11) Comunicar prontamente ao superior imediato a ocorrência de danos, as pessoas ou bens,
decorrentes da aplicação do contrafogo.
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7.2 CONTRAFOGO - Princípios

O primeiro princípio de aplicação do contrafogo enfatiza a importância de utilização da


técnica de forma planejada e estratégica, assim, antes do início das queimas, as seguintes
perguntas deverão ser respondidas:
• Por que utilizar o contrafogo?
• Onde será realizado?
• Como será aplicado?
• Quando será aplicado?
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7.3 CONTRAFOGO – Triângulo do contrafogo
Para embasar o uso da técnica e planificar a operação de queima, o bombeiro deve trabalhar
com as seguintes variáveis expostas no triângulo do contrafogo:
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7.3 CONTRAFOGO – Triângulo do contrafogo

Ruiz, (200-?, p.17) explica o triângulo do contrafogo da seguinte forma:

“Sua base seria o manejo do fogo por pessoas adestradas e seus outros lados estão
intimamente ligados com o comportamento do fogo no espaço e no tempo. Estes dois lados
do triângulo do contrafogo estão caracterizados, o do espaço, pela técnica a ser aplicada
em razão do combustível e topografia; e no tempo pela oportunidade de aplicar o
contrafogo quando a meteorologia permitir, especialmente quando a orientação e
velocidade do vento são favoráveis ou permitam prefixar um avanço do fogo em direção
contrária ao do incêndio que se pretende extinguir, de acordo com os meios disponíveis.”
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7.4 CONTRAFOGO - Aplicações
Para facilitar a análise meteorológica e topográfica, criou-se a “escala do 30”, a qual
caracteriza como incêndios florestais de alto risco aqueles que apresentam 02 ou mais
dos seguintes fatores (RUIZ, 200-?, p. 30):**

+ Mais de 30 º C de temperatura do ar.


- Menos de 30% de umidade relativa do ar.
+ Mais de 30 Km/h de velocidade do vento.
+ Mais de 30% de inclinação.

**O uso do contrafogo nas situações ambientais descritas acima, pode gerar linhas de fogo extremamente
perigosas, com alta propabilidade de perda do controle pelos operadores. Nestes casos, o contrafogo somente
deve ser utilizado como último recurso, quando a equipe dispor de efetivo experiente e recursos materiais
suficientes paras as operações prévias e controle das linhas de fogo. Sempre com autorização do comandante
do incidente.
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7.4 CONTRAFOGO - Aplicações
Outro fator que justifica a utilização
de métodos de combate indireto,
como o contrafogo, é o nível de
intensidade do fogo, que pode ser
verificado pela altura das chamas.
No quadro ao lado, extraído do
POP/CBMERJ, verifica-se que
chamas com altura acima de 3.5m,
devido a alta intensidade do fogo,
não comportam a utilização do
método direto e, dependendo do
caso, justificam a utilização do
contrafogo.
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7.4 CONTRAFOGO - Aplicações
Verificando as condições expostas no triângulo do contrafogo, e as mesmas sendo favoráveis a
aplicação do contrafogo, o bombeiro utilizará as mesmas técnicas indicadas nas queimas
prescritas, mas com objetivo de que a linha de fogo alcance a frente de fogo que se deseja
extinguir. As principais técnicas de contrafogo são:

1) A favor do vento.
2) Ascendente.
3) Contra o vento.
4) Descendente. **
5) Em flancos.

** visando controlar a intensidade do fogo, as técnicas 1, 2, 3 e 4 podem ser feitas “em faixas”.
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7.4 CONTRAFOGO - Aplicações
Queima em flancos: quando as condições são
adversas (frente de fogo com alta intensidade)
para uma queima frontal, pode-se recorrer a
queima em flancos, juntamente com a
realização de queima de alargamento na linha
de defesa frontal. Nesta técnica o ideal é que o
vento varie pouco de direção. O objetivo é
assegurar o controle dos flancos de um fogo a
favor ou contra o vento, a medida que avança.
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7.4 CONTRAFOGO - Aplicações
Queimas por faixas (incêndio a favor do vento
e/ou ascendente): esta técnica permite um
maior controle da intensidade do fogo e
permite que este se propague com maior
rapidez. A faixa queimada pode ser utilizada
como rota de fuga, por isso deve estar
devidamente ancorada na linha de defesa.
Pode-se também, utilizar a zona de segurança
(área semicircular verde na figura ao lado)
como área de fuga.
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7.4 CONTRAFOGO - Aplicações
Queimas por faixas (incêndio contra o vento
e/ou descendente): nesta situação a frente de
fogo possui menor intensidade. A faixa
queimada pode ser utilizada como rota de
fuga, por isso deve estar devidamente
ancorada na linha de defesa. Pode-se também,
utilizar a zona de segurança (área semicircular
verde na figura ao lado) como área de fuga.
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7.5 CONTRAFOGO – Exemplos práticos
Incêndio com ataque ampliado (várias
GCIF’s atuando): no caso mostrado ao
lado, utiliza-se uma GCIF para realizar o
combate direto pelo flanco sem fumaça
(flanco esquerdo) e outra GCIF para
ataque indireto pela frente de fogo,
utilizando uma queima de alargamento
para ampliar a linha de defesa que irá
parar a frente de fogo e um contrafogo
de flanco para neutralizar o flanco com
fumaça (flanco direito).
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7.5 CONTRAFOGO – Exemplos práticos

Incêndio com forte inclinação descentente:


Abre-se as linhas de defesa e realiza-se
primeiro um contrafogo de flanco para
neutralizar o flanco direito do incêndio (que
pode assumir forma de fogo ascendente, caso
ultrapasse a linha de defesa) e posteriormente,
realiza-se um contrafogo ascendente para
extinguir a cabeça do incêndio.
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7.5 CONTRAFOGO – Exemplos práticos

Incêndio ascendente com forte inclinação:


abre-se uma linha de defesa um pouco abaixo
do cume, na vertente oposta ao incêndio, e
realiza-se um contrafogo ascendente.
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7.5 CONTRAFOGO – Exemplos práticos

Incêndio descendente: abre-se uma


linha de defesa na vertente oposta,
realizando uma queima de alargamento
descendente, sem permitir o fogo de
copa e, posteriormente um contrafogo
ascendente, com fogo de copa, distante
da linha de defesa.
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7.5 CONTRAFOGO – Exemplos práticos
Contrafogo em faixas: em incêndios de
baixa intensidade, as vezes o contrafogo
não avança com facilidade até o
incêndio, assim, pode-se realizar o
contrafogo duplo (queimas em faixas),
que devem estar próximas o suficiente
para se atraírem pelo contravento.
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso das técnicas de queima de alargamento e contrafogo podem ser fatores
determinantes no sucesso ou no fracasso de uma operação de combate a
incêndios florestais. Portanto devem ser utilizadas somente por bombeiros
capacitados e experientes, que saibam analisar as variáveis presentes no
ambiente florestal e nos riscos inerentes a prática. Caso o bombeiro não tenha
recursos suficientes ou confiança na aplicação da técnica, a melhor atitude é
trabalhar com outros meios de combate, evitando danos desnecessários.
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9. REFERÊNCIAS
“Aprender a suportar o desconforto e a fadiga do treinamento continuado, é a única
coisa de que a mente de um Combatente Florestal nunca se cansa, nunca tem medo
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e nunca se arrepende”
(4º Teorema do Combatente Florestal)

FLORESTAL!
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FLORESTAL!!
BATALHÃO DE EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS

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