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Bruna Vieira Gomes

Otávia Cassimiro Aragão

José Jeová Mourão Netto

Michelle Alves Vasconcelos Ponte

Sobral/2016
Bruna Vieira Gomes

Otávia Cassimiro Aragão

José Jeová Mourão Netto

Michelle Alves Vasconcelos Ponte

PRIMEIROS
SOCORROS

2ª Edição

Sobral/2016
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação
Pedagógica

Diretor-Presidente das Faculdades INTA Revisora de Português


Dr. Oscar Rodrigues Júnior Neudiane Moreira Félix

Pró-Diretor de Inovação Pedagógica Revisora Crítica/Analista de Qualidade


Prof. PHD João José Saraiva da Fonseca Anaisa Alves de Moura

Coordenadora Pedagógica e de Avaliação Diagramadores


Profª. Sonia Henrique Pereira da Fonseca Fábio de Sousa Fernandes
Fernando Estevam Leal
Professores Conteudistas
Bruna Vieira Gomes Diagramador Web
Otávia Cassimiro Aragão Luiz Henrique Barbosa Lima
José Jeová Mourão Netto
Michelle Alves Vasconcelos Ponte Produção Audiovisual
Francisco Sidney Souza de Almeida (Editor)
Assessoria Pedagógica
Sonia Henrique Pereira da Fonseca Operador de Câmera
José Antônio Castro Braga
Transposição Didática
Adriana Pinto Martins Pesquisadora Infográfica
Evaneide Dourado Martins Anacléa de Araújo Bernardo

Design Instrucional Ilustrador


Sonia Henrique Pereira da Fonseca Gerardo David

Primeiros Socorros 5
Sumário
Palavra do Professor-autor.................................................................................... 09
Sobre os autores...................................................................................................... 13
Ambientação............................................................................................................ 15
Trocando ideias com os autores............................................................................ 17
Problematizando .................................................................................................... 19

1 ETAPAS BÁSICAS EM PRIMEIROS SOCORROS


Primeiros Socorros.............................................................................................................................22
Habilidades e Atitudes do Socorrista..........................................................................................22
Avaliação da cena do acidente......................................................................................................24
Avaliação do acidentado..................................................................................................................25

ABORDAGEM PRIMÁRIA E ATENDIMENTO PRÉ-


2 -HOSPITALAR

Abordagem primária.........................................................................................................................35
Abertura das Vias Aéreas com estabilização da Coluna Cervical.....................................36
Boa respiração......................................................................................................................................37
Circulação com controle de hemorragias.................................................................................40
Déficit neurológico.............................................................................................................................40
Exposição com controle ambiental..............................................................................................42
Transporte..............................................................................................................................................42
Parada cardiorrespiratória...............................................................................................................49
Trauma de tórax e abdome.............................................................................................................55
Conduta do trauma............................................................................................................................56
Ferimentos.............................................................................................................................................57
Entorses, luxações e fraturas..........................................................................................................61
Entorses..................................................................................................................................................61
Conduta nas entorses.......................................................................................................................62
Luxações.................................................................................................................................................62
Fraturas...................................................................................................................................................6 3
Como imobilizar ?...............................................................................................................................6 4
Choque....................................................................................................................................................6 6
Condutas no Choque........................................................................................................................6 7
Hemorragias.........................................................................................................................................6 8
Principais causas de hemorragias.................................................................................................7 0
Condutas gerais na hemorragia....................................................................................................7 1
Torniquetes............................................................................................................................................7 4
Hipertermia...........................................................................................................................................7 4
Conduta na hipertermia...................................................................................................................7 5
Insolação................................................................................................................................................7 5
Conduta na insolação........................................................................................................................7 5
Queimaduras........................................................................................................................................7 6
Convulsão..............................................................................................................................................7 9
Afogamento..........................................................................................................................................8 1
Corpo estranho....................................................................................................................................8 2
Cólica renal............................................................................................................................................8 5
Coma diabético....................................................................................................................................8 5
Descarga elétrica.................................................................................................................................8 7
Desmaio..................................................................................................................................................8 8
Embriaguez............................................................................................................................................8 8
Acidente com animais.......................................................................................................................9 0
Serpentes...............................................................................................................................................9 0
Escorpiões..............................................................................................................................................9 2
Envenenamento...................................................................................................................................9 3

Leitura Obrigatória...........................................................................................99

Revisando..........................................................................................................101

Autoavaliação...................................................................................................105

Bibliografia......................................................................................................109

Bibliografia Web.............................................................................................111

8 Primeiros Socorros
Palavra do Professor autor

Caro estudante!

Seja bem vindo à disciplina de PRIMEIROS SOCORROS.

O que você entende por primeiros socorros? Vamos ver o que significa? Os
primeiros socorros são os primeiros cuidados prestados ao paciente logo após ter
sofrido um acidente ou um ferimento até a chegada de ajuda profissional. São pro-
cedimentos simples que visam manter as funções vitais do acidentado e evitar com-
plicações ou até mesmo o óbito. As ocorrências mais comuns são atendimento de
vítimas de acidentes automobilísticos, incêndios, afogamentos, catástrofes naturais,
acidentes industriais, tiroteios ou atendimento de pessoas que passem mal, vítimas
de ataque cardíaco, ataques epilépticos, convulsões, etc.

Mesmo sabendo que os primeiros socorros são procedimentos simples, é ne-


cessário um mínimo de treinamento para realizar um atendimento seguro para o
socorrista e para a vítima. Caso uma pessoa despreparada realize os primeiros so-
corros em uma situação de emergência, pode agravar a situação do paciente e até
mesmo colocar-lhe a vida em risco.

Como resultado desta aprendizagem você estará apto a realizar uma aborda-
gem adequada, rápida e com segurança, em situações de primeiros socorros.

O nosso livro é composto de dois capítulos. No primeiro, abordaremos as ha-


bilidades e atitudes necessárias a um socorrista, como realizar a observação do ce-
nário do acidente, e como agir de forma segura, evitando assim agravamento da
situação do acidentado. O segundo capítulo discorre sobre a realização da avaliação
primária, como o transporte do paciente pode ser realizado de forma segura para
uma unidade de pronto atendimento, tendo em vista sua gravidade e o número de
socorristas disponíveis e sobre as principais situações em que há necessidade de
primeiros socorros.

Ao finalizar o estudo dessa disciplina, o estudante estará apto a realizar uma


abordagem adequada, rápida e com segurança em situações que exigem primeiros
socorros.

Primeiros Socorros 9
É importante todas as pessoas terem o mínimo de conhecimento em primeiros
socorros, pois qualquer um pode passar por situações adversas e necessitar prestar
primeiros socorros a alguma pessoa. Com conhecimento e segurança poderemos
prestar um socorro adequado.

Os autores.
Sobre os autores

Bruna Vieira Gomes, mestre em Saúde da Família pela


Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Saúde
Pública e Saúde da Família pela Universidade Castelo Branca
(2006). Especialista em Educação a Distância pelas Faculda-
des INTA (2012). Graduada em Enfermagem pela Universi-
dade Estadual Vale do Acaraú (2004). Experiência na área de
Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes segui-
mentos: saúde pública, saúde coletiva, saúde da família e
saúde mental. Na Educação atuou na produção de material
didático e multimídia para Cursos de Enfermagem, como
Coordenadora de Curso Técnico em Enfermagem, Docen-
te e como preceptora de estágios do Curso de Graduação
em Enfermagem das Faculdades INTA. Atualmente está na
Assessoria da Coordenação do Curso de Medicina das Fa-
culdades INTA, coordena o Curso Técnico em Vigilância em
Saúde da Escola de Formação em Saúde da Família Visconde
de Sabóia - EFSFVS.

Otávia Cassimiro Aragão, mestre em Ciências da Edu-


cação na área Educação em Saúde. Possui formação em En-
fermagem. Especialista em Saúde Pública e Saúde da Família
e em Obstetrícia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú
- UVA (2001). Especialista também em Educação a Distância
pelas Faculdades INTA. Exerceu a função de Coordenado-
ra do Curso Técnico de Enfermagem em EAD e foi revisora
científica da produção de material didático da enfermagem,
em EAD do NITEAD/INTEC/INTA. Atuou como docente res-
ponsável pelas Disciplinas de Introdução à Enfermagem e
Primeiros Socorros do Curso Técnico de Enfermagem do IN-
TEC.

Primeiros Socorros 11
José Jeová Mourão Netto, mestre em Saúde da Fa-
mília (FIOCRUZ/UVA). Enfermeiro da Estratégia de Saúde da
Família (Sobral/CE). Especialista em Saúde do Adolescente
(UVA) e em Saúde da Família (UFC). Experiência profissional
nos níveis de atenção primária, secundária e terciária bem
como na docência em nível técnico, graduação e pós-gradu-
ação na área de Enfermagem e Saúde da Família.

Michelle Alves Vasconcelos Ponte, doutoranda em


Ciências da Educação na linha de Educação e Saúde pela
UTAD/ Portugal. Mestre em Saúde Pública pela Universidade
Federal do Ceará (2012). Especialista em Educação, Profissão
e Enfermagem Clínico-Cirúrgica. Possui graduação em En-
fermagem pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1998).
Na área da Docência atua há 17 anos, destacando-se nas
atividades de professora dos cursos de graduação em en-
fermagem na Universidade Estadual Vale do Acaraú e Facul-
dades INTA. Atualmente ocupa o cargo de Pró-diretora do
Instituto Superior de Teologia Aplicada - Faculdades INTA,
desempenhando atividades nas áreas de urgência/emer-
gência e hemoterapia, como enfermeira. Orienta e desen-
volve pesquisas nas áreas da Saúde Pública, Enfermagem e
Tecnologias da Saúde, com ênfase em uso de substâncias
psicoativas: crack, urgência/ emergência e hemoterapia. Par-
ticipa do grupo de pesquisa em Violência e Acidentes: ação
pela paz (diretório dos grupos - CNPq) e coordena o grupo
de pesquisa em substâncias psicoativas (Faculdades INTA).

12 Primeiros Socorros
Primeiros Socorros 13
AMBIENTAÇÃO À
DISCIPLINA
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina. a
Os acidentes são acontecimentos que advém independente da vontade das
pessoas, e a necessidade de socorro imediato é algo que depende de profissionais
aptos e prontos a ajudarem, cabem às vítimas um pouco de paciência até o socorro
chegar ao local necessário.

A proteção da saúde e do bem estar são prioridades e desde cedo,


crianças, jovens e adultos podem ser instruídos sobre a maneira correta de proceder
mediante situações inesperadas, como por exemplo, uma simples picada de inseto.

Com o aumento significante da violência urbana, do estresse, dos acidentes


de trânsito e de muitos outros adventos adversos à manutenção da vida nas
últimas décadas capazes de desencadear situações de urgência e emergência, se
faz necessário aprimorar a abordagem de temas práticos na solução de situações
críticas, onde o cidadão comum pode auxiliar nos cuidados enquanto aguarda o
socorro médico.

Ressaltamos que a aplicação de primeiros socorros a acidentados está


focada não somente na preservação dos sinais vitais, como também não agravar
os ferimentos das vítimas, para que recebam posteriormente os devidos cuidados
especializados.

Como indicação sugerimos que leia o livro Drauzio Vallera – Guia Prático de
Saúde e Bem-Estar – Primeiros Socorros – Acidentes, dos autores Drauzio Vallera
e Carlos Jardim publicado em 2009. Neste livro os autores abordam de maneira
clara e didática o papel do socorrista e os procedimentos de primeiros socorros em
vítimas de acidentes domésticos, de trabalho e de transito.

Primeiros Socorros 15
ti
TROCANDO IDEIAS
COM OS AUTORES
A intenção é que seja feita a leitura das obras indicadas
pelos(as) professores(as) autores(as), numa tentativa de
dialogar com os teóricos sobre o assunto.
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores

Sugerimos a leitura do livro Primeiros Socorros: Um


Guia Prático de Drauzio Varella e Carlos Jardim, no qual trás
uma série de possíveis acidentes que podem acontecer no dia
a dia e ensinam a reconhecer o que aconteceu a sua gravidade,
e indicam tanto o que fazer como o que não fazer na hora do
socorro. No final do livro, fechando o volume, há uma lista de
telefones úteis e um excelente glossário com os temos técnicos
utilizados ao longo do guia.

VARELLA, DRAUZIO; JARDIM, CARLOS. Primeiros socorros. São Paulo: Claro Enigma,
2011. 63 p. ISBN 978-85-61041-65-6

Após a leitura deste livro, sugerimos que trace as informações que mais
lhe chamou atenção e dê sua opinião crítica sobre as mesmas, em seguida
compartilhe no ambiente virtual.

Primeiros Socorros 17
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito
um texto expondo uma solução para o problema
abordado, articulando a teoria e a prática profissional. PL
Sabemos que os acidentes ocorrem de forma inesperada, esteja quem estiver
por perto e nem sempre são necessários procedimentos complicados no socorro ao
acidentado.

Na literatura especializada e atualizada dos procedimentos primários em pri-


meiros socorros nos mostra a maneira correta do como fazer quando os acidentes
ocorrem como também o que não fazer para não agravar o estado de saúde da
vítima.

Imagine este questionamento:

Como de costume, nos finais de semana a turma bate uma bolinha no cam-
pinho do bairro e durante o jogo deste final de semana um jogador é atingido pela
bola com força no rosto e cai. Levanta e sente-se tonto e uma das narinas sangra.

A bola não tem peso suficiente para causar maiores danos à saúde do jo-
gador? Sangrar após uma pancada no rosto é bom, pois sai o sangue ruim? Se o
sangramento fosse pela boca o trauma seria mais grave? Ou sentaria a vítima com
a cabeça abaixada, aplicaria uma compressa fria no nariz e depois chamaria uma
ambulância?

Após os questionamentos reflita sobre quais respostas daria caso as perguntas


acima fossem feitas e disponibilize na sala virtual.

Primeiros Socorros 19
APRENDENDO A PENSAR
O estudante deverá analisar o tema da disciplina
em estudo a partir das ideias organizadas pelos
professores autores do material didático.
Ap
1
ETAPAS BÁSICAS EM PRIMEIROS
SOCORROS

CONHECIMENTOS
Compreender as principais etapas ao prestar os primeiros socorros
a uma vítima de acidente clínico ou traumático;
Conhecer os perigos do trabalho no atendimento adotando
medidas de biossegurança.

HABILIDADES
Posicionar-se criticamente em relação ao conhecimento científico
adquirido enquanto espaço de aprendizagem;
Analisar os processos de atendimento adotados durante o estudo desta unidade.

ATITUDES
Realizar uma abordagem adequada, rápida e segura em situações
de Primeiros Socorros;
Ter ética, domínio dos conteúdos, habilidade manual, equilíbrio emocional
e agilidade.

Primeiros Socorros 21
Primeiros Socorros

São uma série de procedimentos simples e imediatos que devem ser prestados
rápida e adequadamente a uma vítima de acidente ou mal súbito. Tais cuidados têm
como finalidade manter as funções vitais em situações de emergência e evitar o
agravamento das condições da vítima e lesões, podendo ser aplicados por pessoas
treinadas para esta finalidade, até a chegada da assistência especializada.

Habitualmente os primeiros socorros são aplicados às vítimas de acidentes


de trânsito, de afogamentos, de incêndios, de acidentes com armas, de mal súbito
(ataques cardíacos, epilépticos, convulsivos, etc.) ou de tentativas de suicídio.

Essas inúmeras situações de perigo


às quais estamos expostos poderiam ser
minimizadas se a primeira pessoa a ter contato
com o paciente tivesse bons conhecimentos em
primeiros socorros. Muitas vezes essa provisão
é decisiva para o futuro e a sobrevivência da
vítima.

Qualquer pessoa habilitada poderá ser socorrista, devendo proceder com


serenidade e confiança. Além de conservar o domínio próprio, é igualmente
importante, durante o socorro, ajudar as pessoas a manter o autocontrole. Em
virtude das circunstâncias de cada acidente, devem-se evitar o pânico e a confusão,
procurar a colaboração de outros, dar ordens claras e objetivas, manter afastados os
curiosos e ampliar o espaço para atuação.

Habilidades e Atitudes do Socorrista

Os requisitos básicos para ser um socorrista são: a iniciativa, o dinamismo,


o poder de liderança, o fácil discernimento, rapidez, sentimento de segurança e
atitudes eficazes. É sua função evitar erros na prestação da assistência e assegurar
qualidade no atendimento, através de etapas que incluem a observação e avaliação
de riscos potenciais, a obtenção de dados de interesse diagnóstico, a neutralização
de riscos, a promoção da segurança para a remoção da vítima, a determinação
de prioridades de cuidados, o acionamento de serviços se necessário, a correção

22 Primeiros Socorros
ou redução da gravidade de lesões na vítima e a sua condução ao tratamento
especializado. Considera-se atribuição de um socorrista a aptidão para ministrar
atendimentos de emergência, estabelecendo um tratamento imediato e eficiente às
vítimas.

Dentre os princípios básicos deste tipo de atendimento destacam-se:

A agilidade do socorrista, o reconhecimento do perigo da cena e a reparação


das lesões do acidentado;

A assistência pode ser dividida em etapas que permitam maior organização e


resultados mais eficazes;

Recomenda-se a quem presta assistência que procure conhecer a história


do acidente, solicite ou mande solicitar um resgate especializado enquanto
executa os procedimentos básicos, sinalize e isole o local do acidente (quando
no trânsito) e durante o atendimento utilize Equipamentos de Proteção
Individual (EPI).

Em situações de emergência as ações dispensadas à vítima devem promover


tranquilidade. A calma do acidentado é de grande importância. Suas condições
podem se agravar se ele estiver com medo, ansioso e desconfiado do cuidador. Um
tom de voz confortante, produzido pelo socorrista, estimula na vítima a sensação de
confiança.

O profissional deve estar focado na relevância de uma assistência eficiente,


mantendo o paciente com vida até a chegada do socorro especializado ou até a sua
remoção para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Importante !

Nunca tente transportar um acidentado ou medicá-lo sem suporte


especializado e prescrição médica.

São procedimentos indispensáveis em primeiros socorros: avaliação da cena,


exame primário, exame secundário, monitorização e reavaliação. Vamos agora
conhecer um pouco mais sobre cada um desses procedimentos:

Primeiros Socorros 23
Avaliação da cena do acidente

A avaliação do local do acidente é a etapa inicial em prestação de socorro.


Ao chegar ao local onde se encontra um acidentado, deve-se realizar uma rápida
e acautelada avaliação da ocorrência e tentar obter o máximo de informações
possíveis sobre o acidente.

A coleta de informações inclui a observação de familiares e testemunhas


e a aparência do local do incidente (a impressão criada influencia a avaliação do
socorrista). Há uma abundância de dados a serem coletados olhando, ouvindo e
listando o maior número de informações sobre o ambiente, os mecanismos do
trauma, a situação pré-incidente e as condições gerais de segurança.

Ao se aproximar do paciente, o socorrista deve ser ágil e objetivo,


observando rapidamente se existem perigos para o acidentado e/ou para a equipe
nas proximidades da ocorrência, primando sempre pela segurança de ambos. A
segurança da equipe é prioridade na aproximação de toda cena. Não deve tentar
um salvamento sem estar habilitado, sob pena de tornar-se uma nova vítima. Se a
cena está insegura, o socorrista se manterá resguardado até a chegada de equipes
apropriadas que garantam a proteção de todos.

O socorrista deve retirar a vítima em condição de perigo para um local


seguro, tanto para si, como para o paciente antes de começar sua avaliação e o
tratamento. Deve-se impedir que testemunhas ou pessoas com autocontrole afetado,
prejudiquem a assistência, desloquem ou manejem o acidentado, causando novas
lesões ou agravando as já existentes.

São exemplos de perigos potenciais: fogo, fios elétricos soltos e desencapados,


explosivos, armas, inundações, condições ambientais desfavoráveis, tráfego de
veículos, andaimes, vazamento de gás, máquinas funcionando, dentre outros.
Observar se familiares ou outras pessoas presentes são os possíveis agressores,
portanto, um risco potencial.

O socorrista deve, ainda, identificar pessoas que possam ajudar a desligar a


corrente elétrica, evitar chamas, faíscas e fagulhas, retirar a vítima, evacuar área em
risco iminente de explosão ou desmoronamento, entre outras providências.

24 Primeiros Socorros
Há vários questionamentos que poderão ajudar na abordagem da situação.

• O que verdadeiramente ocorreu?

• Por que foi solicitado socorro?

• Qual o mecanismo do trauma?

• Quais as forças e energias que causaram as lesões no paciente?

• Quantas pessoas estão envolvidas e suas faixas etárias?

• São necessários outros recursos (ambulância, polícia, bombeiro,


companhia elétrica, equipamento especial para retirada de ferragens,
transporte aéreo)?

• Precisa-se de um médico para colaborar na triagem ou na assistência


das vítimas?

Um problema clínico às vezes como um ataque cardíaco ou um desmaio pode


resultar numa colisão.

Todas as informações sobre o local do acidente devem ser verificadas


anteriormente à avaliação individual da vítima, sabendo-se que a avaliação da cena
redunda em benefício da avaliação do acidentado.

A avaliação do acidentado

O conhecimento das condições do traumatizado é a base para as decisões


de atendimento e transporte. Busca-se prioritariamente avaliar seu estado geral e
a funcionalidade dos seus sistemas vitais: respiratório, circulatório e neurológico.
Devem ser imediatamente assistidas quaisquer condições que mereçam atenção
anterior à remoção para a Unidade de Pronto Socorro.

A avaliação deve acontecer na posição em que o acidentado for achado.


As mobilizações devem ser realizadas com segurança, sem aumentar o trauma e
os riscos. Manter a vítima deitada, calma, sempre que possível, passando apoio
psicológico e sempre se identificando com nome e que está ali para ajudar até
que seja examinado e se saiba quais os agravos sofridos. Não fazer quaisquer

Primeiros Socorros 25
alterações na postura da vítima, sem antes definir cautelosamente a melhor conduta
e transporte apropriado para o caso.

A vítima com traumatismo em vários órgãos e sistemas corpóreos é


considerada grave. A máxima prioridade, neste caso, é a identificação e a assistência
urgente às necessidades que ponham em risco a vida. Para esses acidentados o
socorrista deve realizar apenas o exame primário. O foco está na avaliação rápida,
começando em seguida a reanimação e o transporte para o hospital, prestando o
atendimento pré-hospitalar no percurso.

A avaliação geral do paciente consiste em: verificar o estado respiratório,


circulatório e neurológico do doente para constatar se há problemas exteriores
evidentes e significativos, ligados a deficiência na oxigenação e presença de
hemorragias ou deformidades óbvias.

Ao abordar a vítima pode-se verificar:

Se ela tem uma respiração normal ou forçada, se faz uso da musculatura


acessória, se respiração taquicardia, bradicardia ou respiração em gasping, ou
movimentos torácicos regulares ou irregulares;

O estado de consciência (se alerta ou inconsciente, ver a coerência das


respostas às indagações, se orientado em tempo e espaço);

Consegue se movimentar espontaneamente;

Se o pulso está presente, qual a qualidade e frequência cardíaca; enchimento


capilar; temperatura (observação e coloração da face e extremidades);

Cor e umidade da pele.

Perguntar a vítima “o que aconteceu e onde dói”. A resposta indica se o


paciente pode localizar a dor e identificar os pontos mais prováveis de lesão. A
verbalização do paciente fornece ao socorrista informações sobre o estado das vias
aéreas, a atividade mental, a urgência da situação e sobre as pessoas envolvidas.

Na sequência, examina-se com atenção a vítima no sentido cefalocaudal (da


cabeça aos pés), buscando sinais e sintomas de sangramento ou hemorragia (se
presente, avaliar o volume e a qualidade do sangue que se perde, se arterial ou
venoso), e coletando todos os dados necessários ao exame primário.

26 Primeiros Socorros
Em seguida realizar uma breve análise das diversas partes do corpo, evitando
exposição e movimentos desnecessários do acidentado. Os elementos do exame
primário e secundário devem ser memorizados na sua sequência lógica a fim de
facilitar a assistência e a correção das gravidades.

No exame secundário, aborda-se o histórico e o exame físico completo e


detalhado, como complemento do exame primário, identificando e tratando todas
as lesões potencialmente fatais. É nessa fase que se determina a necessidade de
transporte rápido e mais adequado para o hospital (vítimas instáveis), ou se é
possível completar o exame secundário no local ou no percurso.

É imprescindível, em primeiros socorros, ter domínio da aferição dos sinais


vitais por serem úteis na avaliação do estado físico de uma pessoa. São eles:
temperatura, pulso, respiração e pressão arterial.

Vejamos agora cada um dos sinais vitais e o que observar no paciente em


casos de emergência:

Temperatura

A variação térmica humana ideal oscila entre 35,9 e 37,2ºC, porém em


algumas situações de emergências a temperatura pode se alterar subitamente. A
seguir tem-se a Tabela 1 com as variações normais de temperatura por região do
corpo verificada.

Região Temperatura em graus


Celsius (ºC)

Axilar 36 a 36,8
Inguinal 36 a 36,8
Bucal 36,2 a 37
Retal 36,4 a 37,2
Tabela 1: Valores esperados para temperatura do corpo humano por região examinada.

Primeiros Socorros 27
Verifica-se a temperatura nas regiões axilar, inguinal, bucal e retal.
Contraindica-se a verificação da temperatura quando está sendo influenciada
por agentes externos ou quando, para sua aferição são necessárias mobilizações
que possam agravar a condição do paciente ou causar alguma lesão. Eis algumas
dessas situações: após ingestão de líquidos quentes ou frios, principalmente em
crianças; pacientes inconscientes; queimaduras nas áreas de verificação; fratura
dos membros; exposição a calor intenso ou a ambientes excessivamente frios. A
temperatura também pode ser afetada por infecções, pela presença de tumores, em
casos de acidente vascular e traumático ou por qualquer mecanismo que desajuste
a regulação térmica do corpo.

Os extremos de temperatura corpórea, por longo período de tempo, podem


causar danos irreversíveis.

Segue, na Tabela 2, a nomenclatura usada para as variações de temperatura


que o corpo humano pode apresentar.

Estado Temperatura (°C)


Hipotérmico 34-36
Normotérmico 36-37
Febril 39-39
Febre 38-39
Pirexia 39-40
Hiperpirexia 40-41
Tabela 2: Correlação entre o estado térmico e a temperatura corporal verificada.

Na condução da hipertermia, devem ser colocadas compressas úmidas em


áreas de maior calor, como testa, axilas, virilhas, mãos e pés ou coberta fria no
corpo todo; pode, ainda, ser dado um banho frio. Na hipotermia, utilizar compressas
quentes e infusão de soluções cristaloides (soro) aquecidas, se prescrito. Em
primeiros socorros devemos nos ocupar em tratar a sintomatologia da febre e suas
complicações, pois não há tempo suficiente para atender as suas causas.

28 Primeiros Socorros
Pulso

Onda gerada pela pressão do sangue sobre uma artéria, regularmente ritmada
pelos batimentos cardíacos, sendo de fácil palpação. Ele pode sofrer alterações
conforme a idade, como veremos na Tabela 3.

Variação de Pulso por Idade (PPM)


Crianças Lactentes 110 a 130
Crianças menores de 7 anos 80 a 120
Crianças maiores de 7 anos 70 a 90
Puberdade 80 a 85
Homem 60 a 70
Mulher 65 a 80
Adultos maiores de 60 anos 60 a 70
Tabela 3: Variações da frequência cardíaca do pulso, conforme a idade.

Além da variação esperada da frequência, o pulso pode sofrer alterações


quanto ao ritmo e volume.

Quanto ao ritmo classifica-se em:

Taquicárdico (acelerado);

Normal;

Bradicárdico (lento);

Sinusal (regular);

Arrítmico (irregular).

Quanto ao volume pode ser considerado cheio ou filiforme.

A técnica para verificar o pulso do paciente consiste em, com o dedo indicador
e médio, palpar a artéria desejada, acomodando o membro escolhido em posição
adequada. Em casos emergenciais, verificar preferencialmente os pontos centrais
e radial. Imprimir uma pressão suficiente para sentir a pulsação sob os dedos sem
causar restrição do fluxo sanguíneo no local. Identificar, além da frequência, outros

Primeiros Socorros 29
parâmetros citados na tabela anterior. O dedo polegar, por apresentar pulsação
própria, pode confundir o examinador e deve ser evitado ao se palpar uma artéria.
A frequência do pulso deve ser contada em minuto. São permitidas verificações em
frações de tempo menores para pacientes com ritmo regular. A regularidade pode
ser verificada de 5 em 5 segundos, ou seja, contar quantas vezes o pulso é sentido
neste período para determinar se a cada 5 segundos o paciente apresenta o mesmo
número de batidas. Exemplificando uma pessoa que apresenta em 5 segundos 8
pulsações, nos 5 segundos seguintes mais 8, nos seguintes mais 8, mostra uma
regularidade de ritmo.

Veja nas figuras que seguem os locais para verificação de pulso.

30 Primeiros Socorros
Respiração

A conduta basal em primeiros socorros, durante o exame físico do paciente,


é averiguar seu padrão respiratório. A respiração varia quanto ao tipo e frequência
(veja Tabela 4) e é facilmente alterada por doenças, acidentes, vias aéreas obstruídas
pela língua da própria vítima, ou pela presença de secreções, corpos estranhos,
edema (inchaço) e vômito aspirado. A asfixia produzida por obstrução da passagem
de ar, quando prolongada, poderá evoluir para uma parada cardiorrespiratória, se
não revertida a tempo.

Idade Frequência Respiratória (RPM)


Lactantes 30 a 40
Criança 20 a 25
Homem 16 a 18
Mulher 18 a 20
Tabela 4: Variações da frequência respiratória conforme a idade.

Conta-se a frequência respiratória observando a elevação do tórax e


abdome ou verificando as saídas de ar das narinas. São fatores que alteram o ritmo
respiratório: atividade física, frio, calor, sono, doenças nervosas, coma diabético,
problemas cardíacos, estresse emocional e drogas depressoras.

A respiração pode ser classificada quanto a sua frequência em:

• Bradpneia (diminuída);

• Eupneia (regular);

• Taquipneia (acelerada);

• Hiperpneia (acelerada e profunda);

• Dispneia (irregular);

• Apneia (ausente).

Primeiros Socorros 31
Pressão Arterial

É conceituada como a força que o sangue impulsionado pelo coração exerce


sobre as paredes dos vasos.

A pressão arterial (PA) varia normalmente, conforme a Tabela 5 a seguir:

Tabela 5: Valores médios normais de pressão arterial por idade.

A PA pode sofrer alterações pela ingestão de alimentos ricos em sal, período


menstrual, gravidez, emoção, sono, convulsão, hipotireoidismo e hipertireoidismo,
hemorragia, arteriosclerose e anemia. É prudente investigar os antecedentes
pessoais e familiares para hipertensão. Em caso de pico hipertensivo (PA elevada)
manter o paciente com a cabeça elevada, calmo, restringir o consumo de sal e
líquidos e observá-lo rigorosamente até o atendimento especializado ou transporte
para unidade de referência. Se o paciente estiver hipotenso (PA baixa), incentivar o
consumo de líquido salgado, mantê-lo com a cabeça em um nível mais baixo que
os membros inferiores e transportá-lo para unidade de referência. A medição da
pressão arterial pode ser realizada com o paciente sentado, deitado ou em pé.

Continue verificando frequentemente o nível de consciência e a respiração da


vítima, palpe com cautela o crânio a procura de fratura, sangramento ou depressão
óssea. Continuar pelo pescoço, buscando verificar o pulso na artéria carótida,
observando frequência, ritmo e amplitude. Passar os dedos pela coluna cervical,
da base do crânio aos ombros, procurando alguma anormalidade. Solicitar que o
acidentado mova o pescoço lentamente, de um lado para o outro, se houver dor
nessa região, parar qualquer movimentação. Considerando a natureza do acidente,
verificar a sensibilidade e a capacidade de movimentação dos membros inferiores
e superiores do corpo para confirmar ou descartar suspeita de fratura na coluna
cervical.

32 Primeiros Socorros
Correr a mão pela espinha dorsal do acidentado, da região da nuca à região
sacral. Perguntar-lhe se apresenta dorsalgia, que pode indicar lesão. Averiguar se
existem lesões no tórax, se dói ao respirar ou quando o tórax é comprimido levemente.
Verificar no abdome se há algum tipo de ferimento ou dor. Ferimentos de bala
são comumente pequenos, profundos, não sangram e têm graves consequências.
Apertar com cuidado ambos os lados da bacia para sondar se há lesões. Estimular o
acidentado a movimentar vagarosamente os braços e pernas e expressar a presença
de dor ou incapacidade funcional. Localizar a dor e buscar deformidades, edema e
marcas. Manter imóvel o acidentado de choque elétrico ou traumatismo violento,
para um rápido exame. A vítima deve ficar em posição dorsal ou na que achar mais
confortável.

No exame do acidentado inconsciente, os cuidados devem ser maiores,


pois a resposta a estímulos verbais e dolorosos são parâmetros que poderão estar
diminuídos ou inexistentes. Além das limitações dos dados sobre o seu estado, a
própria inconsciência pode gerar complicações. Manter as vias aéreas superiores
(VAS) estáveis e o principal cuidado. Deve-se limpar a cavidade bucal e fazer estender
a cabeça ou mantê-la lateralizada para prevenir aspiração de vômito. A mobilização
deverá ser mínima. A observação das seguintes situações deve ter prioridade acima
de qualquer outra iniciativa: parada cardiorrespiratória, hemorragia abundante,
envenenamento, estado de choque, comas, convulsões, infarto do miocárdio e
queimaduras extensas do corpo.

Primeiros Socorros 33
2
ABORDAGEM PRIMÁRIA E ATENDIMENTO
PRÉ-HOSPITALAR

CONHECIMENTOS
Conhecer os cuidados de enfermagem na abordagem em primeiros socorros;
Entender os procedimentos que serão feitos na abordagem primária.

HABILIDADES
Realizar a abordagem primária no atendimento pré-hospitalar, prestando uma
assistência técnica e sistematizada de enfermagem à vítima de acidente clínico ou
traumático;

ATITUDES
Aplicar os conhecimentos adquiridos nos procedimentos dos cuidados de
enfermagem na abordagem primária e atendimento pré-hospitalar.

34 Primeiros Socorros
Abordagem primária

As primeiras horas após um acidente é de vital importância para a vítima,


tendo possibilidades de sobrevivência se este tempo for otimizado. Quanto
mais precocemente uma vítima for estabilizada, maiores as possibilidades de
recuperação. Algumas estatísticas determinam que, para cada minuto perdido, as
chances de êxito decrescem 1%. Os primeiros 10 minutos devem ser utilizados para
alarme, deslocamento, reconhecimento e estratégias dos socorristas. Os 10 minutos
seguintes servem para estabilização da vítima. Os próximos para acessos venosos,
se necessários, com reavaliação constante e transporte ao pronto socorro mais
próximo.

Para a abordagem inicial é necessário um acesso seguro à vítima, com


identificação rápida das situações de comprometimento, ou seja, vias aéreas e
sistema circulatório, com início imediato dos procedimentos.

Daí a importância dos treinamentos em primeiros socorros. Este treinamento


fundamenta-se no Suporte Básico de Vida (SBV), que se constitui na ordenação
e sistematização dos cinco principais itens responsáveis pelo controle da vida
do doente acidentado que devem ser continuamente verificados na avaliação e
representam:

Primeiros Socorros 35
• Avaliação das vias aéreas com estabilização da coluna vertebral;

• Boa respiração;

• Circulação com controle de hemorragias;

• Déficit neurológico;

• Exposição com controle de hipotermia.

Abertura das vias aéreas com estabilização da coluna


cervical

Abertura das vias aéreas superiores (VAS) com estabilização da coluna cervical.

As vias aéreas devem ser vistas rapidamente para garantir sua permeabilidade.
Se necessário for, realizar sua abertura e limpeza. O seu comprometimento por
obstrução deve ser evitado através de método manual, ao inclinar cuidadosamente
a cabeça para trás e levantar o queixo. Para, além disso, verifique se existem corpos
estranhos dentro da cavidade bucal (por exemplo: existência de secreções, sangue,
próteses, comida, etc). Se houver tempo e recurso, pode-se progredir para os meios
mecânicos, através de cânula orofaríngea e tubo endotraqueal.

O controle da coluna cervical deve ser realizado sempre que houver suspeita
de lesão da medula espinhal e mantida imobilizada até a conduta final do especialista
no hospital. O socorrista não pode esquecer que, enquanto tenta permeabilizar as
vias aéreas, pode causar uma lesão na coluna cervical ou agravar danos causados
pelo acidente, com consequentes complicações neurológicas, devido à compressão
óssea (se houver fratura). O ideal é tentar manter o pescoço em posição neutra,
durante a abertura das vias aéreas e a oferta de suporte ventilatório necessário.

36 Primeiros Socorros
Boa respiração

Após conseguir a permeabilidade das vias aéreas, verifica-se a qualidade e


quantidade da ventilação do paciente. O socorrista deve proceder com os seguintes
passos:

Procedimentos básicos para se obter uma boa respiração:

1. Avaliação e desobstrução das vias aéreas com cautela, pois pode haver
danos na cervical;

2. Afastar curiosos e afrouxar roupas;

3. Inicie uma respiração de resgate.

Se houver apneia, iniciar imediatamente


ventilação assistida com ressuscitador manual e
suporte de oxigênio. Quando necessário auxiliar
a equipe especializada na inserção de uma cânula
orofaríngea, entubação traqueal ou outros meios
de manutenção do suporte ventilatório. Se o
paciente estiver respirando, verificar a frequência
e a profundidade da ventilação, oferecendo
oxigênio por máscara.

Observar a elevação torácica (movimentos respiratórios), se o paciente for


capaz de falar, observar se apresenta alguma dificuldade.

Na tabela segue a nomenclatura relacionada à frequência respiratória.

Estado Frequência
FrequênciaRespiratória
Ventilatória (RPM)
Apneia Ausência de respiração
Bradipneia 12 ou menos
Eupneia 13 – 20
Taquipneia 21 – 30
Taquipneia grave Acima de 30
Dispneia Ritmo irregular
Tabela 6: Valores encontrados na frequência respiratória por minuto verificado.

Primeiros Socorros 37
Como a desobstrução das Vias Áreas Superiores é de importância vital,
vamos nos deter mais neste tema...

Em algumas situações as vias aéreas podem ficar obstruídas por sangue,


vômitos, corpos estranhos (pedaços de dente, próteses dentárias, terra) ou pela
queda para trás da própria língua do acidentado, como acontece nos casos de
convulsões e inconsciência. Em crianças são comuns obstruções por alimento, balas
e moedas.

Vias Aéreas Superiores (VAS)

A assistência começa pela desobstrução das vias aéreas, removendo corpos


estranhos. O socorrista deve colocar a vítima deitada, com a cabeça e o pescoço
alinhados no mesmo plano do corpo. Abrir a boca do paciente com o dedo polegar
tracionando o queixo, observar a obstrução, e quando possível e de forma que não
venha agravar cada vez mais, fazer a retirada rapidamente do corpo estranho, com
material rígido ou metal, tornando as vias aéreas pérvias novamente.

38 Primeiros Socorros
Nos casos de bebês, deve-se colocar a cabeça
levemente mais baixo que o corpo e iniciar cinco golpes
na região dorsal (entre omoplatas) com a mão espalmada.
Em crianças maiores, deitá-las sobre os próprios joelhos,
inclinando o tronco e a cabeça para baixo, proceder
do mesmo modo indicado no caso anterior. Essa etapa
somente será encerrada quando corpo estranho for
expelido totalmente.

O procedimento será alternado e intercalado com tapas na região dorsal e


manobras de compressões torácicas no local indicado da linha intermamilar, no total
de cinco compressões, caso o objeto não saia e a criança venha a ficar inconsciente
o tratamento será através de manobras de ressuscitação cardiopulmonar.

Proceder com uma relação de 02 ventilações para 30 compressões, a oferta


de oxigênio se dá pela técnica do C e E e sempre observar a expansão torácica.

Criança acima de um ano e adulto, a conduta será manobra de heimlich.

Se a respiração não voltar espontaneamente em poucos minutos, o


paciente pode ter sequelas irreversíveis ou evolui para óbito, porque o oxigênio é
indispensável ao cérebro. A inexistência de frequência respiratória, com o coração
em funcionamento é conhecida como asfixia, cujas principais causas estão listadas
na Tabela 7.

Tabela 7: Classificação da asfixia segundo a causa.

Primeiros Socorros 39
A asfixia tem como sinais e sintomas: respiração arquejante, acelerada ou
ofegante, face, lábios e extremidades cianóticos (azulados), dilatação das pupilas,
déficit de consciência, agitação psicomotora e até convulsões.

As condutas realizadas visam a recuperação da passagem de ar das vias


aéreas superiores (boca e narinas), desobstruindo-as, mantendo-as pérvias e sob
observação rigorosa até o restabelecimento do paciente.

Prevenir hipotermia, evitar ingestão de líquidos (risco para broncoaspiração),


evitar o esforço físico imediatamente após o retorno à respiração normal. Sempre
haverá necessidade extrema de remoção.

Circulação com controle de hemorragias

O socorrista deve tratar hemorragias externas, ainda no exame primário, de


acordo com as etapas que seguem:
Pressão manual direta no local do sangramento, com gases ou compressa ou
pano limpo;
Se não conseguir controlar o sangramento, elevar a extremidade afetada,
tendo o cuidado com fraturas e luxações;
Aplicar pressão profunda sobre a artéria proximal da lesão;
Pensar em torniquete em último caso e caso seja capacitado para o
procedimento.

Déficit neurológico

Posteriormente à avaliação e correção dos fatores relativos à oxigenação


pulmonar e à circulação corpórea, o próximo passo é verificar a função cerebral. A
escala de Glasgow é bastante utilizada nessa avaliação.
Se o paciente estiver inconsciente, desorientado e incapacitado para
responder a comandos, devem ser avaliadas as pupilas se fotorreagente ou outros
achados.

40 Primeiros Socorros
Veja a seguir a Escala de Coma de Glasgow, muito utilizada para a avaliação
neurológica. Você terá oportunidade de vivenciar na prática profissionais de saúde
utilizando-a, especialmente nas unidades de urgência e emergência.

As pupilas fornecem indício do estado neurológico.

Pupila é a abertura central na íris (olhos), contraindo-se e dilatando-se


conforme a exposição à luz. Sua dilatação total indica hipóxia cerebral, exceção
nos casos de envenenamento e utilização de colírios midriáticos. Outros fatores
que causam reações nas pupilas são: vivências estressantes, conflito, atemorização,
pré-choque, parada cardiorrespiratória, traumatismo craniano. As pupilas devem
ser examinadas colocando-se uma fonte de luz na lateral do olho para avaliar sua
dilatação, reatividade e simetria.

Primeiros Socorros 41
A miose é a contração da pupila reagindo à luminosidade (fotorreagente).

A midríase é a dilatação da pupila, se completa em torno de 1 min e 45


segundos após a PCR.

Exposição com controle ambiental

Realizadas as primeiras quatro etapas do ABCDE, prosseguimos agora com a


exposição do corpo da vítima, tendo sempre em mente o risco da evolução do quadro
para hipotermia, principalmente se a vítima estiver com hemorragia importante. É
nesta etapa que analisamos cautelosamente o corpo da vítima, identificando áreas
lesionadas e possíveis lesões internas. Observamos a presença de traumas torácicos,
abdominais, escoriações, perfurações, hematomas, fraturas expostas, edemas,
equimoses e qualquer tipo de outro sinal que possa indicar trauma. Atente para
o risco de hipotermia: desligue condicionadores de ar e ventiladores, evite lugares
frios ou líquidos gelados em contato com a vítima.

Tirar as roupas do paciente é fundamental para a avaliação de lesões.


A quantidade de roupa a ser tirada vai depender das condições e das lesões
encontradas. Em alguns casos esta etapa é desnecessária. O socorrista não deve ter
receio de remover as roupas da vítima se esta for a única maneira de realizar uma
completa avaliação.

Transporte

Nos casos em que se evidencia risco de morte, logo após o começo das
atividades na cena, ainda no exame primário, deve-se transportar o paciente para
uma Unidade de Pronto Atendimento mais próxima. No entanto, é necessário

42 Primeiros Socorros
averiguar se o paciente respira e tem pulso, se ausentes iniciar as manobras de
reanimação; identificar a presença de hemorragia externa, devendo ser contida;
prevenir estado de choque; se há evidências de lesões, fraturas ou traumatismo, que
devam ser resguardadas; e se está inconsciente ou consciente, mas impossibilitado
de deambular. O socorrido deve ser reavaliado continuamente até a chegada à
unidade de destino e sanadas suas necessidades na medida do possível.

O transporte exige um grau elevado de atenção, discernimento, criatividade


e praticidade, por ser crucial para a sobrevivência das vítimas em ocorrências graves.
Quando bem realizado, com metodologia e cientificamente compatível com cada
caso, pode evitar danos ou agravos irreversíveis à integridade física das vítimas.
Exige na sua realização: prática, destreza e quase sempre o auxílio de outras pessoas,
orientadas pelo socorrista, adotando como princípio a segurança e proteção do
paciente. Outra característica valiosa para o socorrista é a capacidade de improvisar
materiais indispensáveis para sua ação, utilizando como fonte o próprio local do
acidente. Veja a seguir os modelos de macas improvisadas para transporte da vítima.

Maca 01 – Com varas e duas camisas.


As mangas deverão ser viradas ao avesso. As camisas deverão ser abotoadas.

Maca 02 – Cordas de tamanho adequado poderão ser traçadas entre duas


varas para formar uma rede flexível e esticada.

Primeiros Socorros 43
Maca 03 – Manta dobrada em duas varas

Maca 04 – Manta sem bastões

O transporte do paciente é uma ação na qual devemos ter o máximo de


cautela. Recomenda-se a transferência para o hospital das vítimas que estejam
inconscientes, em estado de choque, eletrocutadas, com queimaduras de terceiro
grau (grande queimado), com hemorragia profusa, envenenadas, picadas por animal
peçonhento, com fratura da coluna vertebral, bacia ou membros inferiores.

O motorista deve ser habilitado e evitar manobras bruscas, além do excesso


de velocidade. Não se dispensa o cinto de segurança sempre que possível. Fazer
o registro (em papel) dos sinais e sintomas verificados e da assistência prestada e
passá-lo para a equipe que irá receber o paciente.

O número indicado de socorristas necessários ao transporte varia conforme as


circunstâncias locais, o tipo de incidente, o número de profissionais ou expectadores
disponíveis para ajudar e a complexidade das lesões.

Veja nas tabelas abaixo os tipos de transporte de vítima e sua relação com
o número de socorristas. Estas informações são baseadas no Curso de Formação de
Monitores de Primeiros Socorros, Cruz Vermelha Brasileira, Caderno nº 2, Capítulo
10, 1973.

44 Primeiros Socorros
Primeiros Socorros 45
Como visto o número de socorristas para transportar um paciente acidentado
depende principalmente da gravidade da ocorrência. Para transportar, por exemplo,
um acidentado inconsciente por conta de afogamento, asfixia e envenenamento,
o número ideal é de um a dois socorristas. Já a imobilização de pacientes com
suspeita de politraumatismo deve ser realizada com o auxílio de três pessoas, agindo
simultaneamente e movimentando a vítima em três blocos:

46 Primeiros Socorros
Primeiro bloco: um socorrista mantém firme cabeça e pescoço do acidentado;
Segundo bloco: outro apoia a região da bacia;
Terceiro bloco: o último segura os membros inferiores, evitando que o
socorrido dobre as pernas.

Realizar os três uma movimentação sincronizada tirando o paciente do chão


e alocando-o nivelado numa superfície firme. Restringir o movimento do pescoço
com colar cervical ou similar, e dos braços e das pernas com contenção, antes de
transportá-lo. Na suspeita de fratura da coluna cervical só transportar com orientação
médica, exceto em urgência extrema ou perigo iminente para a vítima e socorrista.
Nos veículos, observar se a cabeça e corpo do paciente estão alinhados e seguros,
em superfície firme e acolchoada.

Primeiros Socorros 47
48 Primeiros Socorros
Se durante a reavaliação da vítima, for percebida alteração no sistema
cardiovascular, como má perfusão associada à hipovolemia, levando em consideração
que tipagem sanguínea e hemoderivados não estão disponíveis, em geral, no
ambiente pré-hospitalar, dar preferência à reposição volêmica por infusão de ringer
lactato aquecido (quando possível) durante o transporte. Puncionar acesso periférico
na cena só retarda o processo.

Em primeiros socorros há dois contextos que necessitam de triagem


(seleção). O primeiro é quando há insuficiência de recursos para atendimento das
vítimas. Quando isso acontece, se dá preferência ao transporte dos pacientes mais
graves. O segundo refere-se a acidente com muitas vítimas, as quais são classificadas
em categorias para serem atendidas.

Parada cardiorrespiratória

A parada cardíaca é uma interrupção brusca do bombeamento de sangue


promovido pelo coração, evidenciado pelo cessar de suas batidas. A parada cardíaca
pode ser verificada pela ausculta (ausência de batimento evidenciada através do
estetoscópio ou simplesmente encostando o ouvido na região torácica anterior da
vítima), pela palpação do pulso carotídeo (ausente) e pela observação da reatividade
das pupilas (dilatadas após 45 segundos). A parada respiratória, por sua vez, é a
suspensão total da respiração ou a respiração arquejante, incapaz de promover a
troca efetiva de gases, ou seja, a absorção de oxigênio para o sangue e a eliminação
do acúmulo de gás carbônico para o meio.

A parada cardiorrespiratória tem como causa fatores que podem atuar


isoladamente ou em associação, ou ter causa indeterminada. Estão na sua origem:
alterações na condução elétrica do coração (fibrilação ventricular e descargas
elétricas), oxigenação insuficiente (por interrupção do fluxo coronário, isquemia,
hemorragia grave, estado de choque) ou obstrução de vias aéreas (doenças
pulmonares, intoxicação por monóxido de carbono e drogas). Quando identificar
que a vítima está imóvel, pálida, inconsciente, irresponsiva aos estímulos verbais,
solicitar ajuda especializada imediatamente, pois estes podem ser sinais de PCR.
Sempre se certificar se a respiração e o pulso estão muito fracos, respiração em
gasping ou ausentes, antes de iniciar as manobras de reanimação.

Primeiros Socorros 49
Para o atendimento de vítimas de parada cardiorrespiratória seguiremos as
diretrizes da Sociedade Americana de Cardiologia (American Heart Assosciation –
AHA) de 2015.

Veremos a seguir a nova cadeia de sobrevivência e seus elos para atendimento


extra-hospitalar de um adulto

Cadeia de sobrevivência de ACE adulto da AHA - 2015

1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de


emergência/urgência;

2. Em seguida inicia-se a reanimação cardiorrespiratória (RCP) de alta


qualidade, com ênfase nas compressões torácicas;

3. Rápida desfibrilação;

4. Atendimento pelos Serviços médicos básicos e avançados de


emergência;

5. Suporte avançado de vida e cuidados pós-PCR.

A Sociedade Americana de Cardiologia fez algumas modificações na ordem


do atendimento do Suporte Básico de Vida visualizando a simplificar o treinamento
do profissional de saúde e enfatizar a aplicação da RCP de alta qualidade.

50 Primeiros Socorros
Primeiros Socorros 51
Veja a seguir, o novo algorítimo de suporte básico de vida para o adulto
simplificado:

O profissional de saúde deve verificar rapidamente se há respiração ou se a


mesma é anormal ao mesmo tempo em que avalia a capacidade de resposta
da vítima;

Em seguida, deve acionar o serviço de emergência/urgência e buscar o


desfibrilador;

O profissional não deve levar mais do que 10 segundos verificando o pulso,


caso não o sinta deve iniciar RCP e usar o desfibrilador, se este estiver
disponível;

Para a realização de uma RCP de alta qualidade tem-se dado maior ênfase
as compressões torácicas que devem ser realizadas com frequência e
profundidades adequadas conforme veremos a seguir.

O socorrista que atua sozinho deve iniciar as compressões torácicas antes de


aplicar ventilações de resgate.

COMPRESSÕES E VENTILAÇÕES

1. No atendimento utilize a sequência


C – A – B. Iniciando pelas compressões
torácicas, via área e respiração.

2. Para oferecer compressões torácicas


efetivas, deve-se “comprimir com
força e velocidade”. O tórax deve
ser comprimido de 100 a 120 vezes
por minuto em todas as vítimas, com
exceção dos recém-natos.

3. Deve-se permitir que o tórax recue


à sua posição normal após cada
compressão, usando igual tempo para
compressão e descompressão.

52 Primeiros Socorros
4. Limitar ao máximo as interrupções das compressões, pois toda vez que se
param as compressões, o fluxo de sangue cessa.

5. O socorrista que atua sozinho deve iniciar a RCP com 30 compressões


torácicas seguidas por duas respirações.

6. A frequência das compressões deve ser de 100 a 120/minuto.

7. A recomendação confirmada para a profundida das compressões torácicas


em adultos é de, pelo menos, 2 polegadas ou 5 cm, mas não superior a 2,4
polegadas ou 6 cm.

8. É aconselhável que os socorristas forneçam compressões torácicas que


comprimam, pelo menos, um terço do diâmetro anteroposterior do tórax
de pacientes pediátricos (bebês (com menos de 1ano) e crianças até o início
da puberdade). Isso equivale a cerca de 1,5 polegada ou 4 cm em bebês e
até 2 polegadas ou 5 cm em crianças. Para adolescentes utiliza-se a mesma
recomendação para adultos.

8. Em bebês e crianças iniciar a RCP com compressões torácicas, em vez de


ventilações de resgate. Inicie a RCP com 30 compressões (socorrista atuando
sozinho) ou 15 compressões (para ressuscitação de bebês e crianças por dois
socorristas), em vez de 2 ventilações.

9. Recomenda-se que ao final de 5 ciclos de compressões e ventilações os


socorristas troquem de posição em razão do cansaço.

Associação Americana de Cardiologia

(American Heart Association), 2015.

As manobras de reanimação podem determinar a vida ou a morte de uma


vítima, no entanto são incapazes de evitar uma lesão cerebral se a parada se estender
por período prolongado.

As compressões torácicas são enfatizadas para os todos os socorristas,


sejam eles treinados ou não. Caso o socorrista não seja treinado, ele deverá aplicar
a RCP somente com as mãos com compressões rápidas e fortes até a chegada e
preparação de um desfibrilador ou a chegada de profissionais do Serviço Móvel de
Emergência que assumam o cuidado com a vítima.

Nas compressões torácicas, para uma melhor eficácia a vítima deve ser

Primeiros Socorros 53
colocada em decúbito dorsal, sobre uma superfície plana e rígida. Inicie sempre com
rápida avaliação das vias aéreas superiores (VAS) e reconhecimento da cessação
dos batimentos cardíacos e ventilação apropriada. Palpe a região mediastinal do
tórax, localizando o osso esterno. Ponha a palma de uma das mãos sobrepostas
da outra espalmada e pressione a porção inferior do externo, mantendo os seus
braços hiperestendidos (dobrar os braços, durante a massagem cardíaca, equivale
ao efeito de uma dobradiça que reduz a força imprimida), siga comprimindo o tórax
da vítima, impondo-lhe a pressão de seu peso.

Em recém-nascidos, a compressão torácica deve ser realizada com a força de


um único dedo polegar. Em criança maior, comprimir com dois dedos. A proporção
entre ventilação e massagem cardíaca varia conforme o número de socorristas.

Observe as figuras abaixo que demonstram a técnica correta de


posicionamento das mãos para a realização das compressões torácicas.

54 Primeiros Socorros
Para proceder com a ventilação boca a boca, posicione a cabeça da vítima
corretamente (decúbito dorsal). Remova prótese dentária ou qualquer outro objeto
que possa causar obstrução das vias aéreas superiores (VAS). Ponha uma mão
debaixo da nuca da vítima e a outra sobre a testa, fazendo uma inclinação para
trás (o queixo mais elevado que o nariz evita a queda da língua e a obstrução da
passagem de ar), vale ressaltar que socorristas podem se recusar a fazer ventilação
boca a boca e prosseguir apenas com a massagem cardíaca, caso não tenham
dispositivo de ventilação no momento.

Como já foi mencionado anteriormente, aperte (com os dedos da mão


que foi posicionada na testa) as narinas do paciente para impedir que o ar saia e
não chegue aos pulmões. Coloque sua boca sobre a boca do paciente, vedando-a
completamente (em crianças pequenas, abarcar o nariz e a boca) e sopre verificando
a elevação do tórax. Em seguida, iniciar novo ciclo de ventilação (08 a 10/min).
Repetir o processo até a recuperação da vítima ou até receber assistência hospitalar.

Trauma de tórax e abdome

Traumas do tórax são lesões, fechadas ou abertas, situadas na região torácica


e geralmente ocasionadas por acidentes de trânsito, ferimento por arma de fogo ou
branca (faca), máquinas pesadas, ou até mesmo por agressão física.
A gravidade do trauma irá depender da profundidade e das estruturas
lesionadas, já que no tórax se localizam coração, pulmões, timo e vasos sanguíneos
importantes. Um atendimento inadequado ou utilização de técnicas erradas pode
levar o paciente à morte. Estes tipos de acidentes devem ser sempre considerados
como em estados graves, mesmo sem sinais clínicos que o justifiquem.
Os traumas de tórax podem ser fechados ou abertos. Traumas fechados
ocorrem sem rompimento da pele, mas é comum estarem associados a hematomas

Primeiros Socorros 55
que indicam o local do trauma na parede abdominal e podem provocar lesões graves
em órgãos internos, com risco de choque hemorrágico devido ao sangramento
interno. A vítima deve ser levada com rapidez para serviço especializado. Os traumas
abertos ocorrem de forma simples, como um ferimento de pequeno sangramento
no abdome, ou de forma mais complexa levando até uma evisceração, que
ocorre quando órgãos abdominais entram em contato com o meio externo. Estas
perfurações podem atingir a caixa torácica e levar a complicações respiratórias e do
metabolismo.
Nos casos de evisceração, não se deve tocar a víscera ou tentar colocá-la
para dentro da cavidade. Deve-se providenciar a ida imediata da vítima ao serviço
especializado. A víscera deve ser coberta com material estéril ou pano limpo e
umedecido com soro fisiológico a 0,9% ou água limpa. Não se recomenda oferecer
comida ou água à vítima.
Um atendimento inadequado pode aumentar a gravidade do quadro e por
isso a seguinte orientação deve ser seguida:

Conduta no trauma

Avaliar a cena e as prioridades no atendimento;


É necessário agir com cautela, rapidez e estar calmo;
Uso adequado de EPIs;
Pedir ajuda de serviços especializados;
Realizar avaliação primária no tempo ouro;
Tratar lesões graves;
A vítima deve ser encaminhada rapidamente para serviço adequado.

Trauma abdominal posição do acidentado

56 Primeiros Socorros
Ferimentos

Os ferimentos são lesões ou rompimentos na pele causados por algum tipo


de trauma, podendo atingir várias camadas da pele. Classificam-se em:

Primeiros Socorros 57
ESCORIAÇÕES - São lesões simples da camada superficial da pele ou
mucosas que apresentam solução de continuidade do tecido, sem que ocorra perda
ou destruição do mesmo. Geralmente o sangramento é discreto, no entanto são
ferimentos bastante dolorosos. Não representam risco à vítima quando isoladas.
As escoriações, também chamadas de arranhões, são causadas em sua maioria
por instrumento cortante ou contundente. A conduta neste tipo de ferimento é a
assepsia com água e sabão.

ESMAGAMENTOS - São lesões comuns em acidentes de trabalho,


desabamentos e acidentes automobilísticos. Podem resultar em ferimentos fechados
ou abertos. Os esmagamentos de tórax e abdome causam graves distúrbios
circulatórios e respiratórios, por isso é importante considerar esse fato em vítimas
de acidentes com trauma de tórax ou abdome.

AMPUTAÇÃO - Lesões em que há a separação de um membro ou de uma


estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes, por
esmagamentos ou por forças de tração. Acontecem na grande maioria das vezes no
trabalho e em acidentes automobilísticos. O tratamento inicial deve ser rápido, pois
dependendo do local afetado pode levar a morte por hemorragia. Existe também
a possibilidade de reimplantar o membro amputado. O controle da hemorragia é
decisivo na primeira fase do atendimento de primeiros socorros.

O membro amputado deve ser


preservado sempre que possível,
porém a maior prioridade é a
manutenção da vida.

Vejamos os três tipos de amputação:

58 Primeiros Socorros
Durante a assistência é importante que não se toque no ferimento
diretamente com a mão sem proteção. Estes ferimentos devem ser cobertos e
comprimidos com panos limpos ou estéreis, para não correr o risco de infeccionar.

Conduta no ferimento

Lavar as mãos com água e sabão;


Deitar o acidentado em posição neutra, dorsal, (em caso de inconsciência
ou inquietação);
Afrouxar as roupas do acidentado;
Colocar compressa ou pano limpo sobre o ferimento (em caso de hemorragia);
Prender a compressa com esparadrapo ou tira de pano;
Se superficial, lavar abundantemente a ferida com água e sabão;
Realizar tricotomia (corte dos cabelos e pelos), se necessário;
Cuidado ao retirar as sujidades, não esfregar os ferimentos e não remover
coágulos existentes;
Utilizar gaze estéril para secar, realizando a assepsia no sentido de dentro
para fora, para não trazer microrganismos para dentro do ferimento e não
utilizar algodão, pois este se prende ao ferimento;
Não retirar corpos estranhos, pois isto pode piorar a dor e provocar
sangramentos;
Proteger o ferimento com atadura, curativo estéril ou pano limpo.

Bandagens

Recurso de grande emprego pela praticidade facilidade de confeccionar.


Suas dimensões devem ser de 100 x 60 cm. É utilizada na proteção de
ferimentos, com o cuidado de usar apenas panos bem limpos.

Vamos aprender como fazer uma bandagem:

Proteja a ferida com pano limpo (ou compressa), cobrindo até ao redor do
ferimento;
Permita que a extremidade do membro ferido fique descoberta, verifique
coloração;

Primeiros Socorros 59
Garanta a firme fixação da bandagem e o ajustamento do curativo;
O curativo não deve ser muito apertado para permitir a circulação; nem
frouxa demais, pelo risco de se soltar;
Evite o atrito da pele com qualquer superfície;
Posicione corretamente a vítima dependendo do tipo de lesão;
Proteja a ferida (ou saliências) com gaze;
Imobilize a parte do corpo onde está o ferimento.

60 Primeiros Socorros
Entorses, luxações e Fraturas
Quadro clínico diferencial

Entorses

As entorses, também conhecidas como torcedura ou mau jeito, são lesões


dos ligamentos das articulações e acontecem quando as articulações se esticam de
sua amplitude normal rompendo-se.

Quando ocorre entorse há uma distensão dos ligamentos, mas não há o


deslocamento completo dos ossos da articulação.

Primeiros Socorros 61
As causas mais frequentes de entorses são:

Violências como puxões ou rotações, que forçam a articulação;

Uso de calçados altos;

No ambiente de trabalho a entorse pode ocorrer em qualquer ramo de


atividade.

Em suas formas graves produzem perda da estabilidade da articulação às


vezes acompanhada por luxação.

Conduta nas entorses

Aplicar gelo ou compressas frias durante as primeiras 24 horas. Após este


tempo aplicar compressas mornas.

Imobilizar o local como nas fraturas. A imobilização deverá ser feita na posição
que for mais cômoda para o acidentado.

Luxações

São lesões em que a extremidade de um dos ossos que compõem uma


articulação é deslocada de seu lugar. O dano a tecidos moles pode ser muito grave,
afetando vasos sanguíneos, nervos e cápsula articular.

Nas luxações ocorre o deslocamento e perda de contato total ou parcial


dos ossos que compõe a articulação afetada. Acontecem geralmente devido a
traumatismos, golpes indiretos, movimentos articulares violentos. Mas, somente
uma contração muscular é suficiente para causar a luxação.

As articulações mais atingidas são o ombro, cotovelo, articulação dos dedos


e mandíbula.

62 Primeiros Socorros
Conduta nas luxações

Imobilizar o local como nas fraturas. A imobilização deverá ser feita na posição
que for mais cômoda para o acidentado.

Não se deve fazer aplicações de compressas quentes nem massagens no


local afetado.

Fraturas

Fratura é um tipo de lesão em que ocorre a quebra de um osso. Ela pode


ser fechada (interna) ou aberta (externa). A fratura é considerada fechada quando
não ocorre o rompimento da pele. Suspeita-se desse tipo de fratura quando a vítima
apresenta:

Dor intensa;

Deformação no local afetado;

Limitação ou incapacidade de movimento;

Edema e/ou hematomas no local;

Crepitação que é a sensação que se tem ao tocar o local afetado percebe-se


um atrito entre os ossos fraturados.

A fratura aberta ou exposta se caracteriza pela exposição do osso


externamente.

Primeiros Socorros 63
Como imobilizar ?

Importante frisar que ao tentar alinhar o corpo do paciente para imobiliza-lo,


sob nenhuma justificativa deve-se tentar recolocar o osso fraturado de volta
no seu eixo quando o mesmo tiver resistência ou a vitima relatar aumento
da dor, nesse caso, procede a imobilização da maneira encontrado e essas
manobras de redução de qualquer tipo de fratura só podem ser feitas por
pessoal médico especializado. A imobilização deve ser feita dentro dos limites
do conforto e da dor do acidentado;

Quando se tratar de fratura de clavícula, omoplata ou braço, bem como lesões


em cotovelo recomenda-se imobilizar o osso afetado colocando o braço na
frente do peito e sustentando-o com uma atadura triangular dobrada;

Observar o estado geral do acidentado, procurando lesões mais graves com


ferimento e hemorragia;

Ficar atento para prevenir o choque hipovolêmico;

Controlar eventual hemorragia e cuidar de qualquer ferimento com curativo,


antes de proceder a imobilização do membro afetado;

Usar talas, caso seja necessário. As talas irão auxiliar na sustentação do


membro atingido. As talas têm que ser de tamanho suficiente para ultrapassar
as articulações acima e abaixo da fratura;

O membro deve ser mantido numa posição o mais natural possível, não
causando desconforto à vítima;

Improvise talas com material disponível no momento: revista grossa, papelão,


jornal grosso;

Acolchoe as talas com panos ou algo macio para não ferir a pele;

Amarre as talas com tiras de pano em torno do membro fraturado com


cuidado para não provocar insuficiência circulatória.

A vítima não deve ser deslocada, removida ou transportada sem que o


membro ou local fratura esteja devidamente imobilizado. A única exceção
é para os casos em que o acidentado corre perigo iminente de vida. Mas,
mesmo nestes casos, é necessário manter a calma, promover uma rápida e

64 Primeiros Socorros
precisa análise da situação, e realizar a remoção provisória com o máximo de
cuidado possível, atentando para as partes do acidentado.

Tipos de fraturas: transversa, em galho verde, em espiral, cominutiva,


oblíqua e impactada.

Primeiros Socorros 65
Choque

O choque é emergência médica grave e exige um atendimento rápido e


imediato. Veja no quadro os vários tipos de choque:

O reconhecimento da iminência de choque é extremamente importante para


o salvamento da vítima, mesmo que pouco possa fazer para reverter á síndrome.
Vejamos a seguir os sinais e sintomas do choque:

66 Primeiros Socorros
Existem inúmeras razões que poderão conduzir ao estado de choque. Dentre
as principais causas temos:

Hemorragias intensas (internas ou externas)

Infarto

Taquicardias

Bradicardias

Queimaduras graves

Processos inflamatórios do coração

Traumatismos do crânio e traumatismos graves de tórax e abdome

Envenenamentos

Afogamento

Choque elétrico

Picadas de animais peçonhentos

Exposição a extremos de calor e frio

Septicemia

Na maioria das vezes o choque é de difícil reconhecimento, mas podemos


em algumas situações adotar condutas para evitá-lo ou retardá-lo. Veja a seguir
como prestar atendimento às vítimas de choque.

Condutas no Choque

Deitar a vítima em decúbito dorsal ou posição de segurança (caso não


tenha suspeita de trauma);

Afrouxar as roupas da vítima;

Primeiros Socorros 67
Aquecer a paciente;

Verificar presença de prótese dentária, objetos ou alimento na boca e


retirá-los;

Verificar pulso e respiração, iniciando


as técnicas necessárias para o
reestabelecimento caso estejam ausentes;

No caso da vítima estar inconsciente, ou


se estiver consciente, mas sangrando pela
boca ou nariz, deitá-la na posição lateral
de segurança (PLS), para evitar asfixia;

Manter a temperatura corporal, evitando hipotermia;

Elevar membros inferiores em relação ao corpo, para levar o máximo de


oxigênio ao cérebro, isto se não houver fraturas desses membros;

Não oferecer líquidos a vítima, podendo molhar levemente os lábios;

Dependendo do estado geral e da existência ou não de fratura, a vítima


deverá ser deitada da melhor maneira possível;

Tranquilizar a vítima, mantendo-a calma sem demonstrar apreensão quanto


ao seu estado;

Permanecer em vigilância junto à vítima oferecendo-lhe segurança e


monitorando possíveis alterações em seu estado físico e de consciência.

Hemorragias
Hemorragia é uma perda copiosa de sangue devido à ruptura de vasos
sanguíneos, que pode ser revertida com procedimentos básicos. A hemorragia é
nomeada de acordo com a origem de suas manifestações:

Otorragia (ouvido);

Epistaxe (nariz);

68 Primeiros Socorros
Estomatorragia (cavidade oral);

Hemoptise (pulmões);

Hematêmese (estômago);

Metrorragia (vagina);

Hematúria (aparelho urinário);

Melena (aparelho digestivo alto);

Enterorragia (aparelho digestivo baixo).

Podem ser classificadas como arteriais (sangramento em jato pulsátil de


cor vermelho vivo), venosas (o sangramento escorre da lesão continuamente, de
cor vermelho escuro), espontânea (doença grave), traumática (acidente), externa
(extravasa para o exterior do organismo) e interna (sangue no interior do corpo).

A gravidade da hemorragia depende do tipo de vaso atingido (mais sério


nas artérias), do calibre do vaso (quanto mais calibroso pior) e da velocidade do
sangramento (quanto mais rápido maior a probabilidade de levar ao choque
irreversível, parada cardiorrespiratória e morte). Podem ser de origem traumática
ou clínica.

Primeiros Socorros 69
Principais causas de hemorragias

70 Primeiros Socorros
No caso de trauma, os órgãos que produzem sangramentos mais graves são
fígado, baço, bacia e fêmur. É sempre bom suspeitar de hemorragia interna quando
é uma vítima de acidente violento, de queda de altura, de queda de objetos pesados
sobre ela. As hemorragias espontâneas, por problemas clínicos, comumente estão
associadas a uma doença grave, sendo a hemoptise a mais crítica.

Sua sintomatologia envolve a ansiedade, sede, taquicardia, pulso radial


fraco ou inexistente, sudorese fria, palidez, taquipneia, enchimento capilar lento,
hipotensão, alterações mentais, agitação, confusão ou inconsciência, estado de
choque, parada cardiorrespiratória e morte.

A conduta varia conforme a área afetada. Vamos fixar as principais condutas


nas hemorragias.

Condutas gerais na hemorragia


Acalmar o paciente;

Aplicar compressão direta na própria ferida, ou artéria lesada, e curativo


compressivo;

Expor o paciente para que roupas não ocultem algum sangramento;

Averiguar a quantidade de sangue perdido;

Observar presença de feridas penetrantes, equimoses (sangue pisado) ou


lesões na pele sobre estruturas vitais;

Em hemoptise, hematêmese e melena, prestar suporte básico de vida e


encaminhar ao hospital;

Manter a vítima protegida com cobertas, evitando relação direta com chão
frio.

Negar líquido sempre, independente se inconsciente ou consciente;

Conservar a vítima deitada com as pernas mais elevadas que a cabeça, exceto
se lesão no cérebro ou crânio ou se dispneia;

Sobrepor compressas frias no local onde há possibilidade de hemorragia


interna;

Sempre que possível fazer reposição volêmica.

Primeiros Socorros 71
Hematêmese: vômitos com sangue.

Hemoptise: expectoração sanguinolenta através da tosse

Melena: fezes pastosas de cor escura e cheiro fétido.

OTORRAGIA (sangramento no ouvido)

Como os traumas de crânio (TC) podem originar sangramento que escorrem


pelo ouvido, se estiver com líquor, evite estancar e procure um pronto socorro;
Se descartado TC, utilize um pedaço de gaze, fixando-o até que estanque.

EPISTAXE (sangramento do nariz)

Afrouxar a roupa ao redor do pescoço ou tórax;


Manter a vítima sentada (tórax encostado e cabeça erguida) em ambiente
arejado;
Verificar o pulso;
Exercer compressão com os dedos sobre a área externa das narinas;
Deixar a boca da vítima aberta;
Colocar compressas frias (testa e nuca);
Se necessário, por gaze ou similar na narina afetada;
Advertir a vítima a evitar assuar por duas horas.

HEMOPTISE (expectoração com sangue)

Deitá-la em posição lateralizada em repouso;

72 Primeiros Socorros
Aconselhar que evite falar e se esforçar;
Fornecer transporte urgente para unidade especializada.

HEMATÊMESE (vômito com sangue)

Manter o acidentado em repouso em decúbito dorsal (ou lateral se estiver


inconsciente), não utilizar travesseiros;
Suspender a ingestão de líquidos e alimentos;
Aplicar bolsa de gelo ou compressas frias na área do estômago;
Encaminhar o acidentado para atendimento especializado.

MELENA E ENTERORRAGIA (fezes pastosas de cor


escura e cheiro fétido e sangue eliminado pelo ânus)

Deitar a vítima em decúbito dorsal;


Colocar bolsa de gelo no abdome (sobre estômago e intestino) ou na região
anal (se hemorroidas);
Transferi-la com urgência para atendimento especializado.

METRORRAGIA (sangramento uteríno abundante


fora do período mestrual)

Manter a paciente deitada e agasalhada;


Prevenir qualquer esforço físico;
Conservar se possível, a quantidade abolida de sangue e resultados da
expulsão uterina (expor ao médico);
Prevenir o estado de choque;
Descartar uma possível gravidez;
Oferecer absorvente íntimo;
Concentrar bolsa de gelo no baixo ventre.

Primeiros Socorros 73
HEMATÚRIA (presença de sangue na urina)

Encaminhar ao pronto atendimento especializado.

Torniquetes

São utilizados somente para controlar hemorragias nos casos em que a


vítima teve o braço ou a perna amputado traumaticamente ou esmagados e onde
procedimentos normais de estancamento não obtiveram êxito, vale ressaltar que
esse tipo de procedimento requer técnicas de conhecimentos e pessoas qualificadas.

Hipertermia

É a elevação da temperatura corporal superior a 40ºC, tendo como possíveis


causas: infecção orgânica por doença febril, tumores, traumatismo craniano,
acidente vascular cerebral, ou qualquer problema que afete o centro regulador

74 Primeiros Socorros
térmico. Outras causas estão associadas à permanência excessiva em locais quentes
e úmidos, viroses, lesões em tecidos, dermatites generalizadas, doenças infecciosas
parasitárias, câncer e desidratação (infantil).

Conduta na hipertermia

Enrolar a vítima com tecido umedecido em água fria;


Como alternativa dar um banho com água na temperatura ambiente;
Se houver convulsão ou delírio, não banhar;
Usar panos (com gelo) na testa;
Transportar para hospital com urgência.

Insolação

Incidente que acomete pessoas em exposição demasiada a locais


excessivamente quentes. Os principais sintomas são: perda da consciência (ou não),
insuficiência do sistema regulador de temperatura do corpo, lesões múltiplas de
tecidos, morbidez, insuficiência de órgãos nobres (fígado, rins, coração, cérebro) e
óbito. Apresentação lenta de cefaleia, alterações na visão, tontura, confusão mental,
náusea, pele sem suor, taquicardia e elevação da temperatura. Apresentação súbita
de dificuldade para respirar ou taquipneia (com hiperventilação), palidez, desmaio,
elevação da temperatura, cianose de extremidades.

Conduta na insolação

Enrolar a vítima com tecido umedecido em água fria.


Como alternativa dar um banho com água na temperatura ambiente. Se
houver convulsão ou delírio não banhar.
Usar panos (com gelo) na testa.
Transportar para hospital com urgência.
Diminuir gradativamente a temperatura corporal.
Encaminhar a vítima para um ambiente arejado e sombreado;
Livrá-la de roupas, evitando exposição que possa constrangê-lo.
Se consciente, permanecer em repouso com elevação da cabeça.

Primeiros Socorros 75
Proporcionar ingestão de líquidos frios (exceto bebidas alcoólicas).
Umedecer a pele da vítima com água fria, sobrepor compressas frias na
fronte e em regiões mais aquecidas do corpo como, pescoço, axilas e
região inguinal (virilhas).
Imergir o paciente em água fria ou cobri-lo com mantas encharcadas.
Verificar sinais vitais.
Se houver parada cardiorrespiratória, iniciar as manobras de reanimação.

Queimaduras

As queimaduras são deformações corriqueiras responsáveis pela quarta


causa de morte por trauma. Mesmo quando não levam ao óbito, as lesões trazem
muito sofrimento físico e incapacidades. As crianças são as vítimas mais comumente
acometidas.

Maior órgão do corpo humano, a pele desempenha as funções de proteção


contra infecção ou lesão, prevenção contra a perda de líquidos corporais, regulação
da temperatura do corpo e captação de estímulos sensoriais do ambiente. Está
dividida em duas camadas: epiderme e derme.

Camadas da pele.

As queimaduras são classificadas de acordo com o grau de comprometimento


das camadas da pele, ou seja, profundidade e a extensão da superfície corporal
atingida. Ressalta-se que a gravidade da queimadura está mais relacionada com a

76 Primeiros Socorros
extensão do que com a profundidade.

As queimaduras podem ser classificadas quanto a profundidade e


extensão:

a) Profundidade
1° grau: atinge a epiderme e caracteriza-se por vermelhidão e dor;
2° grau: alcança a epiderme e a derme. Além da vermelhidão e da dor, se
diferencia pela formação de bolhas;
3° grau: chega a camadas profundas da pele, podendo atingir os ossos.

Classificação das queimaduras quanto à profundidade

b) Extensão
Para determinar a área corporal atingida por uma queimadura utiliza-se a
regra dos nove, na qual é atribuída uma porcentagem para cada região do corpo,
como vemos na tabela a seguir:

Primeiros Socorros 77
Considera-se como grande queimado as crianças menores de 10 anos e
adultos com mais de 55 anos com 10% de área corporal atingida, e as demais faixas
etárias se 20% de área corporal sofrer lesões.

Regra dos nove para crianças e adultos.

As queimaduras podem ser ocasionadas por calor, por frio intenso,


por agentes químicos e por eletricidade. Dependendo do agente causador da
queimadura, serão adotados os procedimentos específicos para cada caso.

78 Primeiros Socorros
Condutas nas queimaduras

Térmicas:

Interromper o contato;

Resfriar a área;

Não passar nenhum tipo de pomada ou solução;

Retirar roupas que não estejam aderidas;

Retirar pulseiras e anéis das extremidades queimadas.

Químicas:

Lavar abundantemente com água corrente por no mínimo cinco minutos;

Pós-químicos devem ter seu excesso retirado manualmente após a lavagem;

Esse processo requer pessoas treinadas.

Elétricas:

Interromper o contato com a fonte de energia.

Convulsão
Contração muscular, aguda e forte, com ou sem perda de consciência.
Suas causas estão associadas a antecedentes pessoais para convulsão, exposição
a produtos químicos, pirexia, hipoglicemia, baixa dosagem de cálcio na circulação
sanguínea, traumatismo craniano, acidente vascular cerebral hemorrágico, trauma
ou edema cerebral, tumores, intoxicações, epilepsia e doenças do SNC.

Os sintomas incluem inconsciência, queda da própria altura, olhar perdido


(ou revirado), sudorese, dilatação da pupila, cianose labial, secreção da cavidade oral
espumosa, mordedura da língua (ou lábios), contrações da face, rigidez física, palidez
cutânea, contrações desordenadas, relaxamento dos esfíncteres anal e urinário.

Primeiros Socorros 79
Conduta nas crises convulsivas:

Prevenir queda desamparada da vítima;

Retirar dentaduras ou pontes;

Afastar objetos perigosos;

Não inibir as contrações, porém certificar-se da segurança da vítima;

Afrouxar suas roupas;

Manter a cabeça lateralizada;

Evitar objeto rígido na boca do paciente colocar um pano enrolado entre


os dentes;

Deixar a vítima deitada até que recobre o nível de consciência;

Observar seu estado geral, verificar se há ferimentos e sangramento;

Ficar próximo à vítima até sua plena recuperação.

80 Primeiros Socorros
Afogamento

Considera-se afogamento a morte por sufocação em consequência


de submersão, geralmente em água. Cerca de 150 mil pessoas morrem por ano
de afogamentos. É a terceira causa mais comum de morte acidental, sendo que
40% desses acidentes ocorrem com crianças abaixo de quatro anos de idade,
frequentemente em banheiras e piscinas.

O mecanismo da lesão compreende a falta de oxigênio no cérebro (ver


hipóxia e anóxia). Inicialmente, a vítima em contato com a água prende a respiração
e faz movimentos com todo o corpo tentando nadar ou agarrar-se em alguma
coisa. Nessa fase, pode haver aspiração de pequena quantidade de água, que em
contato com a laringe provoca a contrição das vias aéreas superiores. Se não ocorrer
salvamento até essa fase, ocorre inundação total dos pulmões, apneia e consequente
morte.

Primeiros Socorros 81
Conduta em casos de afogamento:

Jogar objetos flutuantes para a vítima se apoiar, como boia, colete salva-
vidas ou tábuas de dimensão proporcional ao tamanho da vítima;
Rebocar com um cabo fixado a um objeto flutuante;
Remar, usando um barco a motor ou a remo, certificando-se de sua
segurança;
Nadar somente quando não forem possíveis os passos anteriores. É preciso
ser bom nadador e estar preparado para vítimas em pânico;
O atendimento à vítima deve se concentrar em retirá-la da água;
A partir daí realizar a abordagem primária, garantindo uma via aérea
permeável e ventilação adequada;
Realizar manobras de reanimação cardiopulmonar, se necessário;
Deitar a vitima de lado, em posição lateral de segurança, caso comece a
respirar.
Tirar a roupa molhada e aquecer a vítima com cobertores ou bolsas quentes;
A vítima, geralmente, apresenta pulso fraco, perda de consciência e queda
de temperatura. Pode ter a pele de cor azulada ou extremamente pálida;
Transportá-la em decúbito lateral (evitar broncoaspiração).

Corpo estranho

Corpo estranho é qualquer partícula de variado tamanho, origem e


constituição física, capaz de penetrar nas vias aéreas, esofágicas, faringianas, oculares

82 Primeiros Socorros
e auditivas, causando algum dano ou moléstia importante. Eis alguns exemplos:
penetração de areia, grãos, insetos, pedaços de espinha de peixe, de ossos, de
plástico, de metal e de vidro, farpas de madeira, espinhos e produtos químicos.

Classifica-se pelo local atingido:


•No olho: Órgão mais ameaçado de acidente com corpos estranhos,
com alto risco para lesões dolorosas e flagelantes da córnea, conjuntiva e
esclerótica, exigindo um manuseio cauteloso.
•Nos ouvidos: A área mais afetada é o conduto auditivo externo,
principalmente em crianças.
•No nariz: Mais frequente em crianças, produzindo dor, espirro e coriza.
Pode irritar se não for retirado rapidamente.
•Na garganta: Sua obstrução estabelece um risco muito grave.

Condutas na remoção de corpos estranhos


A conduta varia conforme o local afetado.

OLHOS:
Visualizar no olho o corpo estranho;
Solicitar que o paciente pisque repetidas vezes para estimular as glândulas
lagrimais a lavarem os olhos (o pestanejar por si só poderá remover o
objeto), a menos que seja desconfortável lacrimejar devido à dor intensa ou
lesão na córnea;
Lavar o olho com água corrente limpa ou soro fisiológico, evitando friccioná-
lo. Corpos estranhos não removidos desse modo devem ser preservados.
Cobre-se o olho com um curativo oclusivo (tampão), até o atendimento
oftalmológico ou do médico do Pronto Atendimento mais próximo;
Objetos alojados na córnea não devem ser removidos e seu manuseio é
contra-indicado, devendo o paciente ser inibido ao tentar fazê-lo. O curativo,
nestes casos, deve ser fixado sem compressão;
Outra opção é a vítima manter o olho protegido com a ajuda de um lenço
(ou similar) segurando-o com a própria mão;
Na pálpebra inferior, pode-se retirar o corpo estranho com a ajuda das

Primeiros Socorros 83
lágrimas ou com água corrente. Se necessário, puxar a pálpebra para baixo
e removê-lo com lenço limpo. Com o mesmo artifício remover o objeto na
pálpebra superior, após levantá-la e dobrá-la sobre um palito sem ponta
para facilitar a visualização.

O olho deve ser sempre lavado, em movimentos de abre-fecha, por no


mínimo quinze minutos, com água corrente, imediatamente após ser que atingido
por alguma substância química. Após, cobrir com gaze e encaminhar ao serviço de
saúde.

OUVIDOS:
Determinar o tipo de corpo estranho;
Evitar usar qualquer instrumento na remoção;
Aplicar compressas com bandagens;
Deitar de lado (o ouvido prejudicado para cima) e retirar;
Retirar o objeto, se visível;
Nos casos em que o objeto permanecer ou tiver chance de adentrar mais,
procurar socorro especializado;
Se insetos vivos, em ambiente escuro, acender uma lanterna próximo ao
ouvido para atraí-los;
Encaminhar para atendimento especializado.

NARIZ:
Comprimir a narina livre com o dedo e pedir ao acidentado para assuar pela
narina interrompida. Evitar assuar com força;
Procurar auxílio médico imediatamente;
Promover a tranquilidade da vítima (para não inalar);
Orientar a aspiração pela boca.

84 Primeiros Socorros
GARGANTA:
Tranquilizar o acidentado;
Incentivá-lo a respirar e tossir;
Identificar o tipo de corpo estranho;
Aplicar a tapotagem, compressão torácica e compressão abdominal.

Cólica renal

É um problema de saúde que causa dores intensas e súbitas com espasmos.


Ocorre em consequência de alterações renais, principalmente cálculos e de infecções
do trato urinário.
Manifesta-se como peso na região dorsal, especificamente na lombar (acima
da cintura), do tipo pontadas, ferroadas, cólica ou latejamento, com irradiação para
hipogástrio (sobre a bexiga) e flanco (direito ou esquerdo), mais intensamente
durante a passagem do cálculo do rim para a bexiga. Pode haver hipersensibilidade
do testículo ou irradiação para vagina. A dor às vezes é tão intensa que a vítima
pode manifestar palidez, sudorese fria, náuseas, vômitos e temperatura elevada.

Conduta na cólica renal

Promover conforto à vítima;


Acalmar e tranquilizá-la;
Deitá-la em local confortável;
Afrouxar-lhe as roupas;
Removê-la imediatamente para um hospital.

Coma diabético

O diabetes sem tratamento adequado ou descompensado pode levar


a vítima ao coma, por conta de elevação abrupta e crescente de glicose no
sangue (hiperglicemia). As taxas de glicose variam conforme a alimentação e o
tipo de alimento. Veja na tabela abaixo os valores normais de glicemia em jejum
e pós-prandial (alimentado). A verificação da glicemia capilar só é possível com
glicosímetros ou exame laboratorial, nem sempre disponível na ocasião.

Primeiros Socorros 85
O coma diabético é causado por irregularidade no tratamento
hipoglicemiante ou na dieta e infecções. Manifesta-se tanto pela elevação nas taxas
de açúcar no sangue, como pela sua redução acentuada.
Perguntar ao paciente, caso esteja consciente, se ele se alimentou e se faz uso
de insulina. Alimento sem insulina recomendada pode indicar coma hiperglicêmico;
insulina sem alimento é causa provável de coma hipoglicêmico.

SINAIS E SINTOMAS

A respiração é o principal sintoma de diferenciação entre a hipo e


hiperglicemia.

Condução no coma diabético

Se coma hiperglicêmico, necessário conduta medicamentosa, porém


só devem ser administrados com prescrição médica ou presença de um médico.
Transferir a vítima ao hospital mais próximo urgentemente em decúbito lateral e
sempre que possível fazer oferta de oxigênio.

Se coma hipoglicêmico, necessário uso de insulina ou outros medicamentos,

86 Primeiros Socorros
que só devem ser administrados com prescrição médica ou presença de um médico.
Transferir a vítima ao hospital mais próximo urgentemente em decúbito lateral e
sempre que possível fazer oferta de oxigênio.

O paciente deve ter sempre em fácil acesso seu cartão do diabético para
facilitar a identificação dos medicamentos utilizados, bem como do andamento de
seu tratamento.

Descarga elétrica

Caracterizada por contrações


musculares intensas devido à passagem
de corrente elétrica pelo organismo.
Os problemas dela decorrentes vão
depender da amperagem ou voltagem
do choque, da duração do contato e
das condições prévias do acidentado.
Quanto maior o tempo de contato com a
eletricidade maior o risco de morte. Todo
cuidado deve ser tomado ao salvar uma
vítima de descarga elétrica devido ao
perigo iminente para o socorrista.

A vítima tende a apresentar mal-estar, angústia, náusea, cãimbras musculares,


dormência, ardor da pele ou falta de sensibilidade, visão de pontos luminosos,
cefaleia, ritmo cardíaco irregular e dispneia. Pode evoluir para complicações, como
espasmos musculares, queimaduras, necrose, escaras, trauma de crânio, ruptura de
órgãos internos, paralisia do bulbo (no Sistema Nervoso Central) com consequente
parada cardiorrespiratória e óbito.

As causas são falhas nas instalações e equipamentos, despreparo e


imprudência da vítima.

Primeiros Socorros 87
Conduta nos acidentes por descarga elétrica

Antes de prestar auxílio à vítima, desligar corrente elétrica;

Acionar serviço de urgência;

Evitar contato com a vítima até que a condução elétrica seja cortada;

Em caso de parada cardiorrespiratória, iniciar manobras de reanimação, sem


cessar até a chegada do atendimento especializado;

Devem-se desapertar as poupas e ficar atento aos sinais, ainda que a vítima
tenha a pulsação e a respiração reiniciada. Em casos de choque, essas
variações de quadro são comuns, e podendo ser necessária nova intervenção
de reanimação, a oferta de oxigênio sempre que possível se faz necessário;

Em seguida, realizar o exame físico identificando se há hemorragias, fraturas


e queimaduras, prestando atendimento nesta mesma ordem de importância.

Desmaio

É definido como a perda repentina e transitória da consciência, por conta da


redução da oxigenação cerebral.

Pode ser causado por baixos níveis de glicose na circulação, dor excessiva,
mudança brusca de posição (deitado para a posição em pé), locais sem ventilação,
bradicardia, cansaço em demasia, ansiedade, estresse emocional, medo, sangramento
intenso. Dentre seus sintomas destacam-se a astenia (fraqueza), diaforese (sudorese
fria e exagerada), ânsia de vômito, palidez importante, pulso filiforme, hipotensão,
bradipneia, mãos e pés frios, tontura, visão turva (escurecida), perda da consciência
e queda.

88 Primeiros Socorros
Condutas no desmaio

Se início de desfalecimento sentar a vítima numa


cadeira, conforme figura que segue, abaixando a
sua cabeça, entre as próprias pernas, numa posição
inferior ao nível do joelho;

Incentivar a respiração profunda até melhora do estado geral;


Se a vítima desmaiar, deitá-la, com a cabeça lateralizada, elevando os
membros inferiores para facilitar o retorno sanguíneo para o cérebro;

Afrouxar sua roupa;


Deslocá-la para um local arejado.

Embriaguez

Define-se como o estado alterado devido ao excesso de álcool etílico na


circulação sanguínea. Dentre os principais sintomas esperados temos: agressividade,
confusão mental, agitação, odor típico, olhar perdido e olhos avermelhados,
problemas com a fala, marcha irregular, tontura, sono, náusea, vômito, delírio,
insônia, cefaleia intensa, visão turva e coma.

Conduta na embriaguez

Evitar que a vítima ingira mais bebida alcoólica;


Se tiver sono, deitá-la com a cabeça lateralizada;
Verificar sinais vitais;
Se PCR, reanimar.

Primeiros Socorros 89
Acidente com animais

Você sabe a diferença entre animais peçonhentos e venenosos? Você conhece


na sua região algum animal que cause envenenamento ao entrar em contato com a
pele, ao ser ingerido ou, ainda, ao ser comprimido?

Animais peçonhentos são aqueles que têm dentes ocos, ferrões ou agulhões,
por onde o veneno passa. Podemos citar como exemplo: serpentes, aranhas,
escorpiões e arraias.

Animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem
aparelho inoculador, provocando envenenamento por contato (lagartas), compressão
(sapos) ou por ingestão (peixe- baiacu).
Vamos falar sobre acidentes com serpentes e escorpiões.

Serpentes

As serpentes podem ser classificadas em peçonhentas (venenosas) e não


peçonhentas (não venenosas). Mas, visualmente não é tão simples diferenciá-
las. A picada das não peçonhentas não provoca manifestações gerais, mas pode
causar alterações locais, como dor moderada e inchaço. Vamos conhecer algumas
diferenças entre as cobras peçonhentas e não peçonhentas.

90 Primeiros Socorros
Para descobrir se a cobra é ou não peçonhenta, há uma regra geral: caso a
cobra apresente um orifício situado entre o seu olho e narina, chamado de fosseta
loreal, a cobra pode ser considerada peçonhenta, é a chamada “cobra de quatro
narinas”. A única exceção a essa regra é a cobra coral, que não apresenta essa
peculiaridade, porém é bastante chamativa, pois é bem colorida.
O grau de toxicidade da picada depende da potência, quantidade de veneno
injetado e do tamanho da pessoa atingida.
No Brasil, a maioria dos acidentes ofídicos é devido a serpentes dos gêneros:

SINAIS E SINTOMAS

1. Botrópicos: (Urutu, Jararaca, Jararacuçu) - Fortes dores no local, inchaço,


vermelhidão ou arroxeamento e aparecimento de bolhas. O sangue torna-se de
difícil coagulação e pode-se observar hemorragia no local da picada, bem como na
gengiva.
2. Crotálico (Cascavel): Quase não se vê o sinal da picada, e também há
pouco inchaço no local. Alguma hora após o acidente se observa a dificuldade que
o paciente tem de abrir os olhos, acompanhada de visão “dupla” (vê os objetos
duplicados). O paciente fica com “cara de bêbado”. Outro sinal é o escurecimento
da urina, após 6 e 12 horas da picada, caracterizando pela cor de coca-cola. É
responsável por 9% dos acidentes.
3. Elapídico (Corais): Pequena reação no local da picada. Poucas horas após,
ocorre a “visão dupla”, associada à queda das pálpebras; a vítima também fica com
“cara de bêbada”. Outro sinal é a falta de ar, que pode, em poucas horas, causar a
morte do paciente.

Conduta nos acidentes com cobras


Manter o paciente deitado e o mais calmo possível, porque agitado o sangue
se espalha mais rápido e o veneno também;

Primeiros Socorros 91
Lave o local com água limpa ou soro fisiológico;
Afrouxe as roupas da vítima, procure retirar os acessórios que possam
dificultar a circulação sanguínea da vítima;
Se for possível, capture a cobra, viva ou morta, para posterior identificação.
Dirija-se urgentemente a um serviço médico. Procure socorro, principalmente
após trinta minutos em que ocorreu o acidente;
A vida do acidentado depende da rapidez com que se fizer o tratamento
pelo soro no hospital mais próximo.

Medidas preventivas
Não andar descalço;
Olhar com atenção para o chão onde há risco da presença desses animais;
Torniquete, garrote, incisões e sucções na picada NÃO devem, sob nenhuma
hipótese, serem realizadas porque bloqueiam a circulação e podem causar
infecção, necrose e gangrena na vítima;
Não movimentar a vítima, pois o veneno se dissemina com maior facilidade;
Não mexer em buracos no chão ou em paredes;
Não ataque esses animais, nem procure importuná-los. Eles o atacarão
apenas ao sentirem-se ameaçados.

Escorpiões

Os escorpiões são animais que atacam para


se defender. Tem hábitos noturnos. Alguns vivem
em lugares áridos e pedregosos, enquanto outros
preferem matas e campos.

A sua picada é geralmente dolorosa, o


veneno é neurotóxico, ou seja, age no sistema
nervoso central. A letalidade depende da toxidade
da picada, quantidade do veneno e porte da pessoa atingida. Os escorpiões picam
com a cauda, causando muita dor local, que se irradia. A vítima pode apresentar
sudorese, vômitos e até mesmo choque.

O tratamento consiste na aplicação local de anestésico e, nos casos mais


graves, deve ser usado o soro antiescorpiônico ou antiaracnídico.

92 Primeiros Socorros
Medidas preventivas

Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;

Examinar os calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;

Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção;

Manter limpo o domicílio, observando atrás de móveis, cortinas e quadros;

Evitar deixar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros. Pode utilizar


vedantes em portas, janelas e ralos;

Combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois


são alimentos preferidos dos escorpiões e aranhas.

Envenenamento

As vítimas de intoxicações não são doentes propriamente ditos. Na maioria


dos casos são pessoas saudáveis que desenvolvem sintomas e sinais decorrentes
do contato com substâncias tóxicas. As substâncias podem ser de uso industrial,
doméstico, automotivo, etc.

As intoxicações correspondem a 10% dos atendimentos nos serviços de


emergência e mais de 5% nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Nos adultos são
mais comuns as tentativas de suicídio e nas crianças a intoxicação acidental.

Primeiros Socorros 93
Vias de administração

SINAIS E SINTOMAS

Dores de cabeça;

Alterações no nível de consciência;

Convulsão;

Alterações pupilares (midríase e miose);

Lacrimejamento;

Queimação nos olhos e mucosas, queimaduras ou manchas ao redor da


boca;

Salivação;

Dificuldade para engolir;

Respiração anormal;

Distensão e dor abdominal;

Vômitos;

Sudorese;

Pulso alterado (rápido lento ou irregular);

Choque.

94 Primeiros Socorros
Conduta nas intoxicações exógenas

Inicialmente avalie se o local é seguro.

Aborde a vítima identificando-se como socorrista e faça o atendimento


primário (ABCDE);

Identificar o produto ingerido;

Nunca fazer oferta de líquidos a fim de diluir o veneno;

Nunca induzir ao vômito, principalmente quando paciente estiver sonolenta


ou comatosa, pelo risco de aspiração;

Paciente deve ser levado ao pronto atendimento especializado.

Primeiros Socorros 95
Como suspeitar de envenenamento?

1. Sinais evidentes, na boca ou na pele, de que a vítima tenha mastigado


engolido, aspirado ou estado em contato com substâncias tóxicas,
elaboradas pelo homem ou animais;

2. Hálito com odor estranho (cheiro do agente causal no hálito);

3. Modificação na coloração dos lábios e interior da boca, dependendo


do agente causal;

4. Dor, sensação de queimação na boca, garganta ou estômago;

5. Sonolência, confusão mental, torpor ou outras alterações de consciência;

6. Estado de coma alternado com períodos de alucinações e delírio;

7. Vômitos;

8. Lesões cutâneas, queimaduras intensas com limites bem definidos ou


bolhas;

9. Depressão da função respiratória;

10. Oligúria ou anúria (diminuição ou ausência de volume urinário);

11. Convulsões;

12. Distúrbios hemorrágicos manifestados por hematêmese (vômito com


sangue escuro e brilhoso), melena (sangue escuro brilhoso nas fezes) ou
hematúria (sangue na urina);

13. Queda de temperatura, que se mantém abaixo do normal;

14. Evidências de estado de choque eminente;

15. Paralisia.

Fontes: CARDOSO, T.A.O. Manual de Primeiros Socorros do


Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. Fundação
Oswaldo Cruz. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro, 188p. 1998

96 Primeiros Socorros
Tome nota de algumas plantas venenosas que devem ser evitadas

Sua ingestão provoca alterações nos sistemas circulatórios, gastrointestinal


ou nervoso central. São exemplos:

Aprenda:

Os sinais vitais das vítimas para todos os casos sempre se faz


necessário e são de extrema importância.

Primeiros Socorros 97
LEITURA OBRIGATÓRIA
Este ícone apresenta uma obra indicada pelos(as)
professores(as) autores(as) que será indispensável
para a formação profissional do estudante.
L
e
Prezado estudante, sugerimos a leitura do livro
intitulado Primeiros Socorros no Esporte. Esta obra
totalmente revisada e atualizada, na sua quinta edição, a
autora Melinda J. Flegel nos seus 27 anos de experiência
na função de preparadora física certificada nos mostra de
forma prática e abrangente a identificação e o tratamento
de mais de 110 lesões e condições súbitas em atletas e
praticantes de esporte, o que deve ser feito e o que não deve
ser feito de acordo como os protocolos e recomendações
das instituições mais respeitadas da área, como American
Heart Association e National Athetlic Trainer´s Association.

MELINDA, J. FLEGEL. Primeiros Socorros no Esporte. Tradução de Douglas Omena


Futuro, 5ª. Edição, Editora Manole, 2015. 288p.

GUIA DE ESTUDO

Faça uma autoanálise crítica dos assuntos abordados no Livro, em seguida


disponibilize na sala virtual.

Primeiros Socorros 99
Rs
REVISANDO
É uma síntese dos temas abordados com a
intenção de possibilitar uma oportunidade
para rever os pontos fundamentais da
disciplina e avaliar a aprendizagem.
Para executar os primeiros socorros é imprescindível que o socorrista assuma
a situação e mantenha a tranquilidade. Avaliar a cena do acidente e observar se ela
pode oferecer riscos para o acidentado, para os espectadores e para si, antecede
qualquer procedimento. Quem oferece socorro não pode tornar-se uma vítima a
mais. Nunca seja precipitado. Utilize luvas descartáveis e evite o contato direto com
sangue, secreções, excreções ou outros fluidos que podem transmitir doenças.

O acidentado deve ser conservado a salvo dos curiosos, resguardando sua


integridade física e moral. Os indivíduos devem ser afastados do local com calma e
educação. Em caso de óbito são necessárias testemunhas do ocorrido. As pessoas
são mais bem aproveitadas quando são chamadas a colaborar com o socorro atra-
vés de ordens claras e concisas, como se encarregar de desviar o trânsito ou erguer
uma proteção provisória, contatar o atendimento de emergência, buscar material
para auxiliar no atendimento (talas e gazes), avisar a polícia se necessário, etc.

Ferimentos ou doença súbita alteram o ritmo de vida das pessoas, por colo-
cá-las subitamente numa circunstância que foge a seu controle e para a qual não
estavam preparadas. Suas respostas e desempenhos se diferem do habitual, dificul-
tando sua avaliação do próprio estado de saúde e as implicações do acidente sofri-
do. Atuar de maneira tranquila e hábil ajuda o acidentado a sentir-se bem cuidado
e reduz o pânico, fator responsável pela piora do quadro. Em todo atendimento
comunicar ao acidentado consciente o que será feito antes de executar, para que
este tenha confiança em quem lhe presta a assistência.

Em casos de choque violento, pressupor a existência de lesão interna. As víti-


mas de trauma demandam técnicas peculiares de manipulação, pois qualquer movi-
mento desconforme pode agravar o seu estado. É contraindicado seu manuseio até
a chegada do atendimento emergencial. O mesmo se aplica aos acidentados presos
em ferragens.

O socorrista necessita de uma série de habilidades para prestar o socorro


adequado sem esquecer a segurança da vítima e sua própria segurança, atentando
sempre para os princípios da bioética.

É de fundamental importância que o socorrista saiba os parâmetros fisioló-


gicos de pulso periférico, frequência respiratória e cardíaca, temperatura corporal e
pressão arterial sistêmica.

O ABCDE é a estratégia mais adequada para prestar socorro à vítima de trau-


ma. Vejamos a seguir:

Primeiros Socorros 101


(A) vias aéreas com controle da coluna cervical. A coluna deve estar hiperes-
tendida. Esta manobra garante a imobilização da coluna e abertura da via aérea. A
cavidade bucal deve ser inspecionada para garantir que não haja corpos estranhos
obstruindo a via aérea.

(B) respiração e ventilação. Deve-se atentar para os movimentos respirató-


rios, expansão dos pulmões e frequência respiratória.

(C) circulação com controle da hemorragia. Observe a coloração da vítima,


perfusão periférica, pulso periférico (ritmo, amplitude e frequência) e, se possível,
pressão arterial da vítima.

(D) déficit neurológico. Aplique a escala de coma de Glasgow, observando as


alterações motoras, verbais, abertura ocular e fotosensibilidade das pupilas.

(E) exposição da vítima com prevenção da hipotermia. A vítima deve ser des-
pida para a melhor detecção das lesões. Atente para o risco de hipotermia: desligue
condicionadores de ar e evite contato da vítima com líquidos e objetos gelados.

Para um atendimento de qualidade lembre-se que primeiro deve-se realizar


as compressões torácicas antes das ventilações. Para o socorrista que atende sozi-
nho a escala de compressões/ventilações é de 30:2, com dois socorristas a escala
passa a ser de 15:2 somente para criança.

A sequência do atendimento agora é C-A-B (Compressões-Vias aéreas-Res-


piração).

Prossiga com o exame secundário, tentando encontrar alterações não identi-


ficadas no exame primário.

O transporte da vítima é uma fase importante dentro do processo de so-


correr e deve ser encarado com seriedade, pois de um transporte mal executado
podem resultar em lesões irreversíveis. Existem diversas formas de transporte para
cada situação e o socorrista deve conhecê-las para executar a melhor.

Em acidentes com animais peçonhentos a vítima deve ser levada o mais rá-
pido para um serviço de saúde e orientada a manter-se calma e com menor movi-
mentação possível, pois do contrário poderá espalhar o veneno mais rapidamente
pelo corpo.

Qualquer corpo estranho deve ser retirado com o maior cuidado possível, de

102 Primeiros Socorros


preferência em algum serviço de saúde. Cuidado ao se deparar com corpos estra-
nhos oriundos de trauma: estes não devem ser retirados no local do acidente, pelo
risco piorar a condição da vítima, como aumentar o sangramento.

Nos casos de convulsões, proteja o crânio da vítima, realize a manobra de


protrusão da mandíbula e afaste móveis e objetos que possam machucar a vítima.
Não tente aplicar força contrária aos movimentos da vítima porque poderá resultar
em traumas.

Muita atenção no uso de torniquetes, pois se ultrapassarem 15 minutos po-


dem provocar necrose do membro. O torniquete deve ser afrouxado a cada 10 ou
15 minutos para que o restante do membro seja irrigado com sangue e em seguida
apertado. O torniquete só deve ser utilizado em último caso.

Ao se deparar com queimaduras não retire resquícios de tecido ou plástico


da pele nem aplique pomadas ou outras substâncias que não seja água corrente até
a chegada ao hospital.

Primeiros Socorros 103


AUTOAVALIAÇÃO
Momento de parar e fazer uma análise sobre o que o
estudante aprendeu durante a disciplina. Av
1. Uma criança de 8 anos sofre um acidente com leite quente. Ao exame obser-
va-se presença de eritema, edema e há de lesões bolhosas. Que tipo de quei-
madura sofreu a criança?

a) 1° grau.
b) 2° grau .
c) 3° grau.
d) 4° grau.

2. Queimaduras podem ser ocasionadas por agentes químicos. Indique as al-


ternativas que caracterizam este tipo de agentes.

a) Água quente, raios ultravioletas e corrente elétricas.


b) Sol, ácido e água quente.
c) Gás mostarda e corrente elétrica.
d) Sol, água viva e lagarta de fogo.

3. Identifique qual o principal problema enfrentado por uma vítima de afoga-


mento?

a) Hipoglicemia.
b) Hipóxia .
c) Trauma musculoesquelético.
d) Hipertermia.

4. Colocar o paciente com os braços estendidos entre as pernas, com a cabeça


mais baixa em relação ao corpo. Deve-se proceder desta forma para evitar?

a) Desmaio.
b) Hemotórax.
c) Convulsão.
d) Pneumotórax.

5. Incluem-se na categoria de animais peçonhentos?

a) Serpentes, aranhas, escorpiões e vespas.


b) Serpentes, aranhas, escorpiões e ratos.

Primeiros Socorros 105


c) Serpentes, aranhas, escorpiões e aves.
d) Serpentes, aranhas, escorpiões e baratas.

6. É coerente com o conceito de Primeiros Socorros:

a) Cuidado mediato que deve ser dado rapidamente a uma vítima de acidentes clí-
nicos ou traumáticos, que representam um perigo a sua vida.
b) Cuidado imediato que deve ser dado rápida e adequadamente a uma vítima de
acidente ou mal súbito, que representam um perigo a sua vida.
c) Cuidado imediato que deve ser dado adequadamente a uma vítima de acidentes
ou mal súbito, que representam um perigo.
d) Cuidado mediato que deve ser dado rápida e adequadamente a um acidentado
sem perigo a sua vida.

7. São finalidades dos cuidados de Primeiros Socorros, exceto:

a) Manter as funções vitais.


b) Evitar o agravamento das condições da vítima.
c) Aplicar medidas e procedimentos até a chegada de assistência especializada.
d) Treinar qualquer pessoa para prestar os cuidados imediatos.

8. São atitudes necessárias na assistência às vítimas de acidentes:

a) Informar ao acidentado tudo sobre seu estado.


b) Tom de voz altivo.
c) Ser tranquilo e passar confiança.
d) Demonstrar impaciência com curiosos que atrapalham os procedimentos.

9. Nas opções que seguem, assinale V para verdadeira e F para falsa:

a) A função de quem está prestando os primeiros socorros é primeiro prestar assis-


tência à vítima e depois contatar o serviço de atendimento emergencial.
b) Fazer o que deve ser feito no momento certo, a fim de salvar uma vida e prevenir
danos maiores.
c) Manter o acidentado vivo e transportá-lo no primeiro transporte que aparecer.
d) Saber que o mais importante é salvar a vida, mesmo que suas condições físicas
sejam limitadas e seu treinamento seja vago.

106 Primeiros Socorros


10. Imagine-se sendo enviado para um cenário onde uma mulher está caída
numa calçada, em um cruzamento movimentado. Ao chegar à cena, você per-
cebe que a paciente sofreu algum tipo de trauma, pois apresenta sangramento
intenso na cabeça e está imóvel. Qual deve ser sua primeira ação?

a) Você busca identificar se a paciente pode falar.


b) Você procura controlar o sangramento da cabeça.
c) Você garante a segurança da vítima.
d) Você investiga como aconteceu o acidente.

11. Uma criança de 12 anos vinha da escola, ao atravessar a linha férrea, que
fica próxima a sua escola, foi atropelada pelo trem. O garoto está consciente,
porém sua perna esta sob as rodas do trem e há muita perda de sangue. O que
você faria ao deparar-se com esta situação? A criança corre risco de vida? Que
cuidados tomar ao socorrer a vítima?

12. Ao andar pela rua você presencia uma senhora vítima de atropelamento
por bicicleta. Descreva os passos da avaliação primária. E o que faria na avalia-
ção secundária?

13. Como e com quantas pessoas deve ser realizada a imobilização do paciente
com suspeita de politraumatismo?

14. Uma criança de 10 anos sofre uma queimadura por água quente e atinge
grande parte do membro inferior e superior esquerdo. Que condutas tomar
neste caso? Qual porcentagem do corpo da criança foi atingido?

15. Um dia, em uma reunião de família, você observa que seu tio de uma forma
súbita começa a tremer e logo em seguida a debater-se com perda de cons-
ciência. O que pode ter ocorrido? Que medidas devem ser tomadas neste caso?

16. Em seu trabalho você se depara com um paciente e sua acompanhante. O


homem de 30 anos sofreu amputação traumática do terceiro quirodáctilo di-
reito e sua acompanhante recolheu o membro e o colocou em um isopor com
gelo. Analise a conduta da acompanhante. Quais os cuidados que devemos ter
com membros amputados?

Primeiros Socorros 107


BIBLIOGRAFIA
Indicação de livros e sites que foram utilizados para a
construção do material didático da disciplina. Bb
BARBIERI, R. L. Cuidados Emergenciais. São Paulo: Rideel, 2002.

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tico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Brasília: Ed. MS, 304
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BRUNNER, L. S. Nova Prática de Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


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Futuro, 5ª. Edição, Editora Manole, 2015. 288p.

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Primeiros Socorros 111

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