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Introdução (ácido clorídrico)

Quando tratamos de acidez ou pensamos em uma substância ácida, remetemos logo à ideia de
perigo ou uma decomposição agressiva, o que não deixa de ser condizente com o real efeito
desse tipo de composto, mas não se aplica a todos os casos. Um exemplo disso são os usos
que fazemos no nosso dia a dia para fins alimentícios, higiênicos ou até mesmo para
funcionamento do próprio corpo, sendo citável aqui a presença do ácido clorídrico no
estômago como principal constituinte do suco gástrico (BROWN; LEMAY; BURSTEN,
2004). Esse mesmo ácido ainda conta com grande demanda em diversos setores da indústria e
é utilizado na fabricação de tintas e corantes, na redução do ouro, na limpeza de metais, na
acidificação de poços petrolíferos e em processos que envolvam hidrólise de amidos.
Entretanto, tal substância inorgânica que hoje nos traz tantos benefícios, não é conhecida há
pouco tempo, muito pelo contrário, o ácido clorídrico veio a ser descoberto muito antes da
química ser o que é e os processos de transformação de matéria serem pauta dos alquimistas.
O primeiro deles a lidar com o ácido em questão foi o árabe Jabir ibn-Hayyan (721 - 815),
conhecido também como Geber (MORENO; MARTINS; RAJAGOPAL, 2015), que ainda na
idade média foi capaz de desenvolver a mistura de cloreto de sódio e ácido sulfúrico, e ainda
tem seu nome associado ao ácido hidroclorídrico, que consiste na dissolução do composto
ácido-cloroso em água. Desde esse recorte histórico até aqui, já com a química validada
cientificamente, muito se foi descoberto acerca do ácido clorídrico, o qual possui fórmula
molecular equivalente à HCl e pode ser formado através da dissolução de cloreto de
hidrogênio gasoso em água. Essa formação acontece graças ao fato de ácidos serem capazes
de se ionizarem em substâncias aquosas, o que aumenta a concentração de íons H+ e faz com
que o produto seja positivamente carregado, assim, sendo o hidrogênio possuidor de um
elétron, o H+ passa a ser meramente um próton, trazendo a esses compostos a fama de
doadores de prótons (BROWN; LEMAY; BURSTEN, 2004). Ao contrário do que se vê em
teoria, laboratorialmente, a síntese do HCl é feita por meio de processos diferentes, sendo um
dos principais e mais básico, à princípio, a síntese direta, que consiste na combustão do
hidrogênio tendo o cloro presente no sistema, ambos em estado gasoso. Basicamente, a
síntese de ácido clorídrico direta é feita por eletrólise de salmoura, a qual, utilizando
reagentes puros formam o gás cloro, gás hidrogênio e gás hidróxido, e são removidos da
solução íon de cálcio, ferro e magnésio (TOLENTINO; FOREZI, 2014). Outro processo
utilizado é a cloração de compostos orgânicos, em que o ácido é um subproduto da cloração
de hidrocarbonetos, e, para maior concentração, as substâncias não cloradas são retiradas e o
HCl é absorvido em água (TOLENTINO; FOREZI, 2014). Além destes, também está o
processo de Mannhein, que se concentra no consumo de ácido clorídrico resultante da
endotermia da reação de cloreto de sódio e ácido sulfúrico quando superaquecidos à
temperatura aproximada de 538°C. Sendo todas as metodologias citadas muito eficientes, um
meio ainda muito utilizado é o processo de Hargraves, utilizado inicialmente para obtenção
de sulfato de sódio, mas que ao reagir com a água forma o ácido sulfúrico. Para chegar ao
produto desejado em questão, à partir disso, o processo Mannhein é realizado. Outrossim, é
válido ressaltar que ainda é necessária a retirada dos gases SO2 e NO2 da solução, e se não
supervisionado corretamente podem ocasionar altíssimo risco de contaminação do meio
ambiente, o que, para a química se demonstra anti-ético.
Referencial teórico
BROWN, T. L.; LEMAY, Jr. H. E.; BURSTEN, B. E.. Química - A Ciência Central, Pearson:
Prentice Hall, 2004, ed. 1.

MORENO, E. L.; MARTINS, E.; RAJAGOPAL, K.. “Basicidade e acidez, da pré-história aos
dias atuais”, Revista Virtual de Química, UFF, 2015, v. 7, n. 3, p. 893-902. Disponível em:
https://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/1029/508. Acesso em: 29 mar 2022.

TOLENTINO, N. M. C.; FOREZI, L. S. M. “Métodos de preparação industrial de solventes e


reagentes químicos: ácido clorídrico”, Revista Virtual de Química, UFF, 2014, v. 6, n. 4, p.
1130-1138. Disponível em: https://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/705/474.
Acesso em: 29 mar 2022.

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