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Alzheimer e Exercício Físico

A doença de Alzheimer é conhecida por sua característica neurodegenerativa progressiva que,


com o passar do tempo, compromete a capacidade cognitiva de seus pacientes, resultando em
alterações comportamentais, redução da capacidade de aprendizagem, dificuldades motoras e
perda da memória. Ela possui relação íntima com o processo de envelhecimento humano e é
uma das principais doenças promotoras de demência do país. No Brasil, estima-se a existência
de 1,2 milhão de pessoas acometidas por Alzheimer e seus pacientes possuem expectativa de
vida média entre 8 a 10 anos a partir do diagnóstico.

Como já é sabido, o exercício físico possui capacidade de modulação positiva em diversos


aspectos do nosso organismo de maneira não farmacológica. O aumento do metabolismo e
gasto energético, ganhos em capacidades físicas (força, flexibilidade, resistência aeróbia etc.),
maior eficiência nas sinalizações hormonais e melhora das capacidades cognitiva e de memória
são alguns dos benefícios que o exercício físico é capaz de promover em seus praticantes. O
treinamento físico é responsável por promover adaptações moleculares e fisiológicas capazes
de reduzir as chances de desenvolvimento e progressão do Alzheimer. Isto ocorre pois o
exercício físico é capaz de estimular a expressão gênica e a liberação de citocinas e hormônios
que estimulam diversas adaptações em células neurais, tornando-as mais saudáveis e
eficientes para realizar suas funções.

Organelas como as mitocôndrias e o núcleo celular recebem os estímulos oriundos de


respostas do exercício físico e passam a transcrever e traduzir genes relacionados a
longevidade celular, melhora das capacidades de obtenção de energia e de estimulantes para a
formação de novos neurônios e fatores que aprimoram a comunicação sináptica. Em conjunto,
estas adaptações contribuem para melhor atividade de todo o tecido encefálico, melhora da
capacidade sináptica e combate a agentes inflamatórios e tóxicos ao sistema nervoso central,
resultando em menor chances de acometimento ou progressão do Alzheimer.

Além disso, o exercício físico é capaz de estimular a liberação de citocinas anti-inflamatórias,


ou seja, substâncias capazes de contrabalancear o perfil inflamatório subclínico, relacionado
ao sedentarismo, má alimentação, obesidade e diabetes, fatores estes que possuem
participação considerável para o aumento das chances de desenvolvimento do Alzheimer. Por
isso, a prática regular de exercícios físicos consegue prevenir e, muitas vezes, reverter o perfil
inflamatório existente em indivíduos com doenças crônicas, evitando assim que ocorram os
processos moleculares que podem levar ao surgimento do Alzheimer. A redução dos riscos de
Alzheimer em indivíduos fisicamente ativos ocorre principalmente pela supressão do acúmulo
de emaranhados neurofibrilares e placas senis de beta-amiloide e p-Tau que estão fortemente
relacionados a um menor perfil inflamatório.

Por estes motivos, o exercício físico se mostra cada vez mais importante na promoção e
melhora da saúde, qualidade de vida e longevidade. Além de seus benefícios clássicos,
relacionados ao combate à obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, com o
aprimoramento de técnicas de biologia molecular, novos estudos têm evidenciado
mecanismos específicos pelos quais o exercício físico é uma ferramenta não farmacológica
importante para o tratamento e prevenção de inúmeras doenças.

E de forma crescente, novos estudos têm demonstrado e consolidado o papel do exercício


físico como modulador do nosso sistema nervoso central, aumentando, deste modo, a
importância de se incentivar a prática de exercícios físicos para a prevenção e tratamento da
Doença de Alzheimer.

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