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AULA VIVA

LÍNGUA PORTUGUESA | 9.º ANO

O empréstimo de manuais escolares a alunos carenciados, representa um


novo modelo de desenvolvimento da acção social escolar. Sensível a esta
questão, a Porto Editora decidiu promover a reutilização destes manuais
escolares.

Assim, disponibilizámos em CD-ROM bem como nos itens que se seguem as


páginas de exercícios para impressão e distribuição pela turma, sempre que
o(a) Professor(a) julgue oportuno.
28 Vamos recomeçar

Conhecer-me, é preciso…
Para o meu portefólio
A. Ouvir/Falar (págs. 22-27)

1. Os diálogos estabelecidos foram vivos: muito ; pouco ; nada .


1.1. Participei nas questões: todas ; algumas ; nenhumas .

2. Face a uma pergunta dirigida a toda a turma:

 tomo a iniciativa de responder: sempre ; às vezes ; nunca .

3. Num trabalho de grupo:

 sei ouvir os meus colegas: sempre ; às vezes ; nunca .


 aceito opiniões diferentes das minhas: sempre ; às vezes ; nunca .
 gosto de impor os meus pontos de vista: sempre ; às vezes ; nunca .

B. Ler
1. Li os três textos e entendi o seu conteúdo: muito bem ; bem ; mal .
1.1. Respondi às perguntas aí formuladas:
com muita facilidade ; com pouca facilidade ; com nenhuma facilidade .

2. Em geral gosto de ler: muito ; pouco ; nada .

3. Sei distinguir os géneros literários: bem ; pouco ; mal .

4. Sei caracterizar as personagens: bem ; pouco ; mal .

5. Conheço os recursos expressivos e sei explicar o seu sentido:


 aliteração: sim ; não ;
 personificação: sim ; não ;
 metáfora: sim ; não .

6. Conheço os modos de apresentação do discurso e sei distingui-los: bem ;


pouco ; mal .

7. Sei transformar um texto narrativo num texto dramático: sim ; não .

8. Tenho dificuldade em dizer poemas: muita ; alguma ; nenhuma .

C. Escrever
1. Escrevi os textos que me foram pedidos: todos ; nenhum ; um .
1.1. Senti dificuldades:
na organização das ideias ; na pontuação ; no vocabulário .
29

2. Em geral, gosto de escrever: muito ; pouco ; nada .

3. Sei escrever
 uma carta: sim ; não ;
 um resumo: sim ; não ;
 uma notícia: sim ; não ;
 um texto narrativo em prosa: sim ; não ;
 uma descrição: sim ; não .

4. Sei pontuar correctamente um texto: sim ; não ; com dificuldades .

5. Dou erros ortográficos: muitos ; alguns ; nenhuns .

D. Funcionamento da língua
1. Considerei as perguntas de gramática acessíveis: muito ; pouco ;
nada .

1.1. Creio que para o 9.º ano tenho bases: muito boas ; boas ; más .

2. Sei o que é:

 um substantivo: sim ; não ;


 um pronome: sim ; não ;
 um adjectivo: sim ; não ;
 um verbo: sim ; não ;
 um advérbio: sim ; não ;
 uma preposição: sim ; não .

3. Conheço o processo de formação de palavras: muito bem ; bem ; mal .

4. Sei conjugar os verbos em todos os tempos e modos: sim ; não .

Nota: Após a tua auto-avaliação, compõe um texto em que os versos de Eugénio


de Andrade reflictam o teu estado de espírito acerca do nível das tuas com-
petências e do incentivo para o futuro no processo ensino-aprendizagem.

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.
A aprendiza 43

Alargar o vocabulário, é preciso…


1. Encontra o nome adequado para as definições apresentadas, conforme
o exemplo:
Aprendiz: pessoa que aprende uma arte ou um ofício.

a) : que não sabe ler nem escrever.


b) : arte de cultivar abelhas.
c) : pessoa que aprende sem mestre.
d) : aquele que escreve peças de teatro.
e) : quem mora numa casa de outra pessoa, a quem paga renda.
f) : o que monta cavalos de corrida.
g) : pessoa que fez oitenta anos.
h) : alguém que fala várias línguas.
i) : personagem principal num romance, numa novela ou num conto.
j) : quem confecciona vestuário para senhoras.

2. Em cada série de cinco palavras, há uma que não pertence ao conjunto,


como podes ver no exemplo:

mar água café ondas rio intruso: café

2.1. Descobre o intruso em cada uma das alíneas que se segue:


a) longe perto abaixo cedo algures
b) conforme contra para sobre pouco
c) hoje ontem agora assaz nunca
d) prédio rua praça bairro avenida
e) azul alto verde turquesa castanho
f) mesa sala degrau quarto escritório
g) apenas salvo senão unicamente até

Ler, é preciso…
1. Insere correctamente nos espaços as palavras que se encontram no rec-
tângulo. Se conseguires, terás entendido o sentido fundamental do texto.

mar, feliz, Enquanto, ficavam, contemplar, aprendiza, notar, Embora, ver,


guarda-sóis, espectáculo, à-vontade, entregar, Janeiro, bom, tempo,
esplanada, bairro, cidade, esplanada, regresso, algum, escolhida

estivesse tempo, as pessoas não na praia


porque era e sempre faria frio. Aproveitavam o
para descansar na , cheia de de muitas cores.
A estava admirada por poder o mar e as pes-
soas tão . Podia a diferença entre o seu e a
. Sentia-se por ter sido por Madame Ivonne para
Outros exercícios no os chapéus a uma freguesa.
Caderno de Actividades. esperava o comboio de , admirava o oferecido
pelo e pela .
Mestre Finezas 49

1. Completa correctamente as frases seguintes:


1.1. Há, no primeiro parágrafo, duas formas verbais que se relacionam com
uma viagem. São elas e . Ambas se encontram no
mesmo tempo verbal, ou seja, no .
Nesta viagem, não se fala do meio de transporte, porque .
1.2. Faz-se ainda, no primeiro parágrafo, o retrato de uma personagem que é
, uma com os .
1.3. Neste retrato, predominam, morfologicamente, os , no grau
.

2. Troca as expressões que te apresentamos no quadro que se segue por


outras com o mesmo sentido. Indica a classificação destas últimas, tendo
em conta a relação semântica que mantêm com as primeiras.

Expressões Novas expressões Classificação


Finjo-me admirado
... de que sim

3. Indica de acordo com a tua leitura:


A loja do Mestre Finezas está sempre deserta porque: Sim Não
 ele tem as mãos muito trémulas;
 abriram novas lojas muito mais modernas;
 a sua loja está velha e não se modernizou;
 ele é muito antipático.

4. “Algo de comum nos aproximou.”


Preenche o esquema com as semelhanças entre o narrador e o Mestre
Finezas.

Narrador Mestre Finezas

5. “Os seus olhos ganham um brilho metálico.”


5.1. Explica o sentido desta frase.
5.2. Refere o recurso expressivo que nela se realiza.

6. Atenta nas palavras sublinhadas: “A loja está sempre deserta”; Também


abriram, na vila, outras barbearias”; “num casebre próximo do castelo”;
Daí eu ser o confidente de Mestre Finezas”.
6.1. Como se classificam quanto à sílaba acentuada?
6.2. Por que razão são acentuadas?

7. “Fixos, olham-me mas não me vêem.”


7.1. Coloca a frase no futuro.

8. Faz o resumo do texto em cerca de 100 palavras.

AV9-04
Conto integral • A Palavra Mágica 51

Motivar, é preciso…
1. Audição do poema “As palavras”:

São como cristal,


as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.


Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem


as recolhe, assim
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade, “Coração do dia”, in Poesia,
Ed. Fundação Eugénio de Andrade
Georgia O’Keeffe, Do lago n.° 1 (frag.), 1924

2. Pequeno debate sobre aquilo que representam as palavras para cada


aluno.

3. Para o poeta, as palavras são cristal, punhal, incêndio e orvalho.


3.1. Associa a cada palavra três sentidos possíveis e pertinentes, conforme
o modelo:

cristal transparência riqueza beleza

punhal
incêndio
orvalho
Conto integral • A Palavra Mágica 57

Compreender, é preciso…
1. Uso do dicionário
1.1. Descobre o significado dos vocábulos sublinhados no texto, “pega”,
“codilhassem”, “puas”, “pederasta”, “souteneur”.

2. Reconto
2.1. Um aluno conta a história de A Palavra Mágica à turma.
(Os outros colegas, se necessário, corrigem imprecisões.)

3. Projecção do acetato “O incêndio”


3.1. Comprova que esta imagem está relacionada com o conteúdo do
poema e com o conto em estudo.

4. Construção e interpretação de esquemas


4.1. Constrói e completa, no teu caderno, os esquemas A e B.

BOLA DE NEV
= E
MICO
souteneur

SO

grossos
dos
UR

rão
RC

ue

lad
roq
PE

esc

dio
va

bêb

assas

etc.

INÓCUO
ado

sino

INOQUE
de
a

os

¿
fac

fin

ca
de

os
ça

ladrão d de
ira
ssino
assa

etc.
58 Género Narrativo

As personagens e a palavra mágica


Onde se Relação entre as Motivo de de- Significado de
movimentam personagens sentendimento inócuo/inoque
O Silvestre entendia
O Silvestre seria Inócuo, inoque,
que a jorna de um
freguês do Ramos. lombeiro, vadio
homem é fraca.
Aldeia

4.2. Retira do texto duas expressões que traduzem muito bem o avolumar das
significações de inócuo/inoque.
4.3. Traça o retrato de Silvestre e refere quem te fornece os elementos para a
sua caracterização.

5. Escolha múltipla

5.1. Assinala com verdadeiro ou falso as frases seguintes, justificando a tua


escolha:
(Se necessário consulta a Ficha Informativa da Narrativa, página 33.)
a) Neste conto, as sequências narrativas V F
 articulam-se por encadeamento;
 articulam-se por encaixe;
 articulam-se por alternância;
 mais não são do que uma sucessão de situações con-
flituosas motivadas pela função injuriosa da palavra
mágica.
b) No primeiro parágrafo do conto, predomina o modo de
apresentação chamado narração.
c) No segundo parágrafo do conto, predomina o modo
de apresentação chamado descrição.

6. Leitura expressiva do texto

Distribuindo pelos alunos o papel do narrador e das várias personagens


que intervêm, faça-se a teatralização do conto.
Conto integral • A Palavra Mágica 59

Aplicar a gramática, é preciso…


1. Atenta nas duas primeiras frases do texto:
– “Nunca o Silvestre tinha tido uma pega com ninguém. Se às vezes guer-
reava, com palavras azedas para cá e para lá, era apenas com os fundos da
própria consciência.”

1.1. Copia os quadros seguintes para o teu caderno e, depois, preenche-os


com base nas frases anteriores:

A.
Frases Substantivos Adjectivos Verbos Conjunções Advérbios

Primeira

Segunda

B.
Frases Tipo Orações Classificação

Primeira

Segunda

C.
Segunda frase: funções sintácticas Elementos da frase

Sujeito

Predicado

Atributo

Complemento determinativo

2. Preenche o quadro seguinte descobrindo no texto frases ou expressões com


que possas fazê-lo correctamente.

D.
Recursos estilísticos Transcrição Explicação do sentido

Enumeração

Personificação

Metáfora
Outros exercícios no
Caderno de Actividades. Dupla adjectivação
78

Leitura orientada de O Principezinho

Compreender a mensagem, é preciso…


1. A acção da obra O Principezinho desenrola-se em quatro etapas.
Encontra os capítulos que as realizam, seguindo este quadro:

Etapas Conteúdo Capítulos

Encontro do principezinho com o piloto no deserto


primeira
do Sara

segunda Visita do principezinho aos asteróides

terceira Visita do principezinho à Terra

quarta O encontro do poço e a partida do principezinho

1.1. Faz um pequeno resumo de cada etapa.

2. Traça o retrato do piloto e do principezinho.

3. A viagem do piloto e do principezinho é circular:

→ re r ó i
m t e d
c
e

s
om
parag

e
a

s
eço

Piloto Principezinho


v o o Te r r a

3.1. Este percurso pode significar:

 A verdade não se alcança sem uma longa procura e sem a ajuda de outrem.
 É necessário “ressuscitar” a criança que mora em cada um de nós.
 É necessário evitar a instalação, recomeçar sempre e nunca desistir.
 O sonho de um mundo melhor deve orientar a vida de cada pessoa.
 Sem autêntica liberdade, não podemos percorrer os caminhos da nossa reali-
zação.

3.1.1. Faz um pequeno comentário a estas hipóteses.


3.1.2. Escolhe a que te parece mais verdadeira e indica as razões da escolha.
80

Leitura orientada de O Principezinho

4. Já compreendeste certamente que a viagem do principezinho aos asteróides


assume um carácter simbólico e crítico.
4.1. Tenta encontrar a verdadeira simbologia dos vários elementos visitados, tendo em
conta o quadro dos vícios que apresentamos abaixo e que são identificados com
as letras de a) a f). Regista o teu trabalho no caderno de Língua Portuguesa.

Asteróides Habitantes Simbologia

o rei
“...ordeno-te que…”
1.o planeta “Ordeno-te que…”
325 “Ordeno-te que…”
“– Vossa Majestade... sobre que reinais?
– Sobre tudo.”

o vaidoso
2.o planeta
“– Tem um chapéu engraçado.
326
– É para agradecer quando me aclamam.”

o bêbado
3.o planeta “– Que estás a fazer?
327 – Bebo (...) Para esquecer que tenho ver-
gonha.”

o homem de negócios
4.o planeta “– Quinhentos milhões de quê? (…)
328 – Coisitas douradas que fazem sonhar os
preguiçosos.”

o acendedor
o
5. planeta “– Tenho uma profissão terrível.
(…) O planeta começou a girar mais
329
depressa de ano para ano, e as
ordens não mudaram!”

o geógrafo
6.o planeta “As geografias são os livros mais preciosos
330 que há. Nunca passam de moda. (...)
Escrevemos coisas eternas.”

a) O vício, qualquer vício, a vergonha de ser viciado, a incapacidade de deixar o vício.


b) Rejeição da novidade, único interesse pelo imutável, a instalação.
c) O poder absoluto, o intocável, o orgulho.
d) A vaidade, o egoísmo, a cegueira.
e) A ambição, a obsessão pela riqueza, a posse dos bens materiais.
f) O absurdo, a inadaptação à mudança.
81

Leitura orientada de O Principezinho

4.2. Embora sejam denunciados vários vícios, é possível agrupá-los em três conjuntos,
tendo em conta a semelhança.
4.2.1. Constitui esses conjuntos, justificando a tua selecção.

4.3. Num quadro semelhante, escreve as virtudes que se opõem aos vícios destacados.

5. Depois de visitar os asteróides, o principezinho visita o planeta Terra.

5.1. Preenche o quadro que se segue, no teu caderno, transcrevendo a frase que
melhor traduz o objectivo dessa visita.
Nós iniciámos o preenchimento.

Capítulos Seres visitados Objectivo crítico Frase

“– Também se está
1. a serpente a solidão do ser humano só entre os homens,
disse a serpente.”

2. a flor e a instabilidade
as pétalas do ser humano

3. o eco ausência de originalidade

4. o jardim
a massificação dos homens
das rosas

a incapacidade
5. a raposa
de criar amizade

a eterna insatisfação
6. o agulheiro
dos homens

7. o comerciante o artificialismo dos homens

5.2. Tenta interpretar as razões da ligação dos seres nomeados aos defeitos denunciados.

5.3. É possível também a organização de três conjuntos:

a serpente
a raposa
a flor de três pétalas
………………………… o eco
o jardim das rosas
o agulheiro
o comerciante

5.3.1. Encontra algumas diferenças entre estes conjuntos.

AV9-06
83

Leitura orientada de O Principezinho

6.2. Assinala com F (falso) ou V (verdadeiro) as afirmações seguintes:


V F
• A viagem do principezinho à Terra tem um significado universal.
• A viagem do principezinho foi um agradável passeio.
• A viagem do principezinho representa a derrota do piloto aviador.
• A viagem do principezinho é antes de mais o triunfo do amor sobre a morte,
o triunfo da verdade sobre a mentira, da solidariedade sobre o egoísmo.
• A mensagem da obra é só para os adultos.
• Os jovens têm aqui alimento para lutar contra a preguiça e as injustiças.
• Vale a pena lutar pelos grandes valores: “querer é poder”.
• O principezinho partiu para ficar eternamente no coração dos homens.

Ouvir/falar, é preciso…
1. Quatro alunos fazem o reconto das quatro etapas em que se desenrola a acção
de O Principezinho, destacadas na página 78.

2. Os outros alunos comentam a intervenção desses quatro alunos.

Escrever, é preciso…
1. Dedica este maravilhoso livro a alguém que precise de ajuda para amar a vida.

2. Eis o início e o final de um conto.


Vais tentar completá-lo, imaginando as peripécias que terão acontecido e que
levaram ao triste desenlace.

Nisto o António chegou-se também para a janela. Que lindo, o


campo! Mas os olhos dos dois não se desfitavam do barco, fascinados.
Demónio de tentação! E para mais tinham-no pintado de novo: sobre o
branco, a todo o comprimento, uma faixa azul-clara destacava nitida-
mente, parece que apenas meio palmo acima do nível da água!
– Tate, ó Manuel! E se nós fugíssemos?
(…)
Tinha surgido a manhã, serena, tranquila, cheia de gorgeios e de azul.
Mas como ninguém acudisse e a luta no rio fosse desigual, num repelão
mais violento o pobre barco esfacelado investiu de proa com o abismo e lá
se sumiu para sempre! Feridos de morte, no último paroxismo da sua
enorme dor desesperada, os dois irmãozitos abraçados sumiram-se tam-
bém com ele!…
Trindade Coelho, “Abyssus Abyssum”, in Os Meus Amores, Colecção Portuguesa, Porto Editora
84

Leitura orientada de O Principezinho

Aplicar a gramática, é preciso…


1. Completa as frases seguintes com as respectivas conjunções:

a) O narrador tentava reparar uma avaria no seu avião apareceu o princi-


pezinho.
b) O principezinho recusou o desenho das jibóias, dizendo estas eram
muito perigosas.
c) O narrador prometeu dar uma corda ao principezinho para segurar a ovelha
ele se portasse bem.
d) Um astrónomo turco tinha demonstrado a existência do asteróide B 612,
ninguém acreditou nele.
e) Um dia, a flor tossiu, não estivesse constipada.
f) A serpente era tão delgada um dedo e tão redonda um
anel.
g) A água é tão importante ninguém a pode dispensar.

1.1. Encontra o sentido de cada conjunção.


1.2. Classifica as conjunções utilizadas.
1.3. Realça a diferença de sentido entre a conjunção utilizada na frase da alínea d) e as
outras conjunções.

2. “...olhei atentamente...”; “Aqui está o melhor retrato...”; “...o meu desenho é muito
menos deslumbrante...”
2.1. Indica a classe e a subclasse a que pertencem as palavras sublinhadas.
2.1.1. Refere, pelo menos, três outras subclasses e exemplifica.
2.1.2. Como se classificam considerando a flexão?

3. “...voltei a desenhar para ele...”; “...e tornei a pensar nas aventuras da selva...”;
“...com pressa de começar a desmontar o motor...”
3.1. As formas verbais sublinhadas indicam acções pontuais (realizadas num instante)
ou acções que perduram? Justifica.
3.1.1. Como se denomina a conjugação verbal à qual elas pertencem?

4. Lê o pequeno texto que se segue ao qual foram retiradas algumas conjunções e


locuções conjuncionais.

“Muito de longe em longe, iam ao cinema. Ambas gostavam muito.


O ganho é que lhes não dava para mais vezes! Discutiam durante
vários dias, uma com outra, os heróis e enredos dos filmes vistos,
se foram seres e acontecimentos reais.
85

Leitura orientada de O Principezinho

Às quintas-feiras, dia de saída, vinha visitá-las a velha Leocádia,


que estava no asilo. Acompanhara a mãe de Rosa Maria ela
casara; sempre a servira pudera, por fim sem já querer sol-
dada; actualmente, estava “um cangalho que não prestava pra nada”
– dizia a própria. Mesmo assim as divertia falava pelos coto-
velos, fora de vivacidade e bom humor admiráveis; e “ja’gora,
moidinha de achaques, iria até à morte sempre a mesma”.
Ao cair da tarde, muitas vezes, por essas alongadas tardes de Verão
em que, depois do jantar, ainda há muito dia como pegado ao céu, Rosa
Maria sentava-se à pequena janela da casa de jantar, sobre o quinta-
lejo florido; e lia romances a si própria e à mãe. Eram romances e nove-
las da estante que lhes deixara o extinto, a viúva não quisera
vender. Bons livros como os de Camilo, Júlio Dinis (os Eças tinham
sido guardados pela mãe), Victor Hugo e Balzac traduzidos. (…)
liam todos, além de alguns emprestados, todos as
interessavam de modo diverso.
Com a idade, os desgostos, a doença do coração de que veio a mor-
rer, a viúva fizera-se duma sentimentalidade pronta e mórbida. (…)
queria fechar o livro o estado da mãe não piorasse
com tais crises, a mãe opunha-se, não conseguia resistir ela própria ao
interesse que a empolgava, a leitura interrompida recome-
çava sofregamente.
O que mais aliciava Rosa Maria em certos livros de intricado
enredo – eram as estampas; (…)
a estampa que mais impressionara Rosa Maria (fosse lá
ela mesma saber porquê!) nada tinha, afinal, de extraordinário ou pal-
pitante: Representava uma curva de estrada perdendo-se entre os
campos rasos, com um pobre e alegrezinho casal nos longes do hori-
zonte, aconchegado entre arbustos… Duas mulheres amparadas uma à
outra, um pouco dobradas numa conversa íntima, iam
virando a curva do caminho. E um pequeno letreiro dizia por baixo:
“Davam grandes passeios aos domingos…”
José Régio, Davam Grandes Passeios aos Domingos,
Col. Brevíssima Portuguesa, Civilzação Ed. (texto com supressões)

4.1. Completa-o com as conjunções e locuções apresentadas, de forma a que as fra-


ses fiquem bem articuladas.

e, porque, quando, como, ainda que, e, porque, como, para que, e,


Mas, ainda que, enquanto, Quando, Mas
90 Género Narrativo

Avaliação

I.
1. Assinala, no teu caderno, com V ou com F, as afirmações que julgues verdadei-
ras ou falsas.

a) O narrador encontra-se no deserto do Sara porque:


• teve uma avaria no motor do avião;
• decidiu dar um passeio.

b) O narrador recebeu a visita do principezinho:


• na primeira noite;
• na segunda noite.

c) O principezinho pediu-lhe que lhe desenhasse uma ovelha porque:


• vinha de uma terra onde só havia ovelhas;
• pensava que as ovelhas não comiam flores.

d) O principezinho tinha chegado:


• de outra terra qualquer;
• de outro planeta.

e) Segundo o narrador, as pessoas crescidas são:


• muito atenciosas;
• muito esquisitas.

f) Os embondeiros serão símbolos:


• dos defeitos que crescem com facilidade;
• da fecundidade da terra.

g) O principezinho aborreceu-se com a sua flor porque:


• ela não era bela;
• ela era muito exigente.

h) Para manter o principezinho como seu súbdito, o rei:


• quis nomeá-lo ministro da Justiça;
• quis nomeá-lo ministro da Cultura.

i) Quando deixou o planeta do geógrafo, o principezinho:


• sentiu tristeza de partir;
• pensou sobretudo na sua flor.

j) A serpente, que falou com o principezinho, era:


• muito inteligente;
• pouco inteligente.
Avaliação 91

k) “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”


Esta afirmação foi feita:
• pelo agulheiro;
• pela raposa.
l) A mensagem fundamental desta obra é:
• os homens devem lutar para eliminar o egoísmo;
• a vida é uma viagem permanente na procura do bem;
• a vida tem pouco valor, o que interessa são os bens materiais.

II.
1. Preenche as quadrículas das colunas segundo as indicações que te são apresen-
tadas.

A. B.
1. 1.

2. 3. 4. 2.
5.
6. 3.

7. 4.
8. 9.
5.
10.
11. 6.
12.
7.

13. 8.

9.

10.

A. B.
1. Conjunção completiva; 2. palavra cuja função 1. Nome de oração usada numa comparação;
é ligar orações; 3. primeiro membro de uma locu- 2. conjunção que indica tempo; 3. locução que
ção coordenativa; 4. conjunção coordenativa que indica oposição; 4. conjunção coordenativa;
indica oposição; 5. conjunção comparativa; 5. nome de conjunção subordinativa que indica
6. conjunção concessiva; 7. contracção da pre- oposição; 6. nome de conjunção subordinativa;
posição em com o artigo definido feminino plural; 7. nome de conjunção que liga orações que não
8. advérbio de tempo; 9. imperfeito do indicativo dependem umas das outras; 8. sentido indicado
do verbo ler, na 3.a pessoa do singular; 10. nome pela locução de tal maneira que; 9. sentido indi-
de conjunção que indica causa; 11. nome de cado pela conjunção mas; 10. nome de conjun-
conjunção que indica fim; 12. imperfeito do indi- ções que indicam uma alternativa.
cativo do verbo ir, na 3.a pessoa do singular;
13. nome de conjunção que indica tempo.
103

Leitura orientada de O Velho e o Mar

Aplicar a gramática, é preciso…


1. Caça ao erro

Nas frases abaixo transcritas há formas incorrectas. Descobre-as e corrige-as.


a) Os pescadores troçaram de Santiago, mas foram os turistas quem admiraram
a grandeza do peixe.
b) Manolin veio contudo o que era preciso para curar o velho.
c) Manolin perguntou ao velho: – Como fizestes tu para pescar tão grande peixe?
d) Se Santiago volta-se a pescar, levaria consigo o seu amigo Manolin.
e) Após a chegada do velho, Manolin viu os objectos da pesca e disse:
– Damos, que eu os distribuo também por Pedrico.
f) A notícia espalhou-se rapidamente: o velho tinha pescado um grande peixe. Eis
a razão porque os pescadores vieram felicitá-lo.
g) Os pescadores tem muita coragem que lhes é necessária para enfrentar o mar.
Este contem uma quantidade infinita de peixes que eles vêm por vezes em car-
dumes.
h) Santiago não caiu no desespero; só caiem nesse sentimento os que desani-
mam facilmente. Os pescadores saiem sempre confiantes para a pesca.
i) Manolin sabia concerteza que santiago venceria. As suas manhas eram tão gran-
des que, se por ventura aparecesse algum obstáculo não calculado, seria capaz
de o vencer.

2. Campo lexical

Forma campos lexicais, seleccionando das palavras retiradas da obra O Velho e


o Mar, e abaixo indicadas, aquelas que os podem integrar. Nós já os iniciámos:

A B C D E
rede praia tartarugas mastro anzolar
iscas espuma camarões motor pescar
fio ondulação atum ré embarcar

linhas, salgar, tempestades, calamares, remos, arpão, remar, estripar, bóias,


calmaria, vante, albacoras, bonitos, palamenta, maré, estoque, cana, aproar,
fundões, delfins, leme, redemoinhos, corrente, pescar, chumbos, croque,
espadarte, escamar, anzol, tubarões, puxar, vela.
104

Leitura orientada de O Velho e o Mar

3. Orações subordinadas consecutivas


Estabelece uma relação de consequência entre as orações simples, a seguir indica-
das, de forma a resultar uma oração complexa. Tens de proceder, em certos casos,
a alterações.

a) Santiago insistiu muitíssimo na pesca do grande peixe; acabou por conseguir o


seu objectivo.
b) Manolin era amigo de Santiago; sempre acreditou na sua vitória.
c) O grande peixe arrastou facilmente o barco de Santiago; ele era pequeno e leve.
d) Santiago mal podia caminhar quando chegou à praia; ele estava cansado.
e) Os tubarões eram numerosos; comeram o grande peixe.
f) Os turistas admiravam o grande peixe pescado por Santiago; era um grande
peixe.

Outros exercícios no Caderno de Actividades.

4. Orações subordinadas concessivas

4.1. Completa, no teu caderno, as frases seguintes, evitando repetir as mesmas


palavras:

a) Manolin quisesse ir à pesca com Santiago, os seus pais não deixaram.


b) Santiago não se zangou, os outros pescadores fizessem troça dele.
c) Por forte um homem seja, tem momentos de abatimento.
d) o peixe fosse muito grande, Santiago não duvidou da possibilidade
de o apanhar.
e) Santiago estava decidido a matar o peixe, tivesse pena de o fazer.
f) não tivesse pescado o peixe, a sua força de vontade ficaria sempre
como exemplo a seguir.

4.1.1. Decompõe cada frase complexa em duas frases simples.

4.1.2. Salienta a relação que se estabelece entre elas.

Outros exercícios no Caderno de Actividades.


Avaliação 107

Avaliação

1. Assinala, no teu caderno, com V (verdadeiro) ou com F (falso), as afirmações que


correspondem ao sentido global do romance.

a) Santiago é um pescador velho, porque:


• é um desiludido da vida;
• tem bastante idade.

b) Santiago é compreendido e bem aceite:


• por todos os pescadores da aldeia;
• apenas por Manolin.

c) Santiago é um modelo de mestre, porque:


• ensinou Manolin a pescar;
• tratou Manolin como criança.

d) Como tem muita fé e confiança, Santiago:


• conhece bem os seus limites;
• nunca desiste face aos obstáculos.

e) Santiago, exemplo de lealdade:


• olha o peixe como seu irmão;
• desiste de matar o peixe por compaixão.

f) A pesca do grande peixe:


• foi rápida;
• foi difícil.

g) Hemingway conseguiu dar-nos:


• um exemplo de harmonia entre a juventude e a velhice;
• um exemplo de alguém ultrapassado pela vida.

h) Quando regressa da pesca, Santiago:


• traz o peixe grande;
• traz apenas os instrumentos da pesca.

i) Santiago pode considerar-se:


• um vencido;
• um vencedor.
108 Género Narrativo

2. Completa as frases de acordo com os teus conhecimentos da obra:

• Santiago nunca porque sabia que tinha manhas e


a sua experiência a sua melhor arma. A sua era ili-
mitada a ponto de afirmar que um homem pode ser mas não des-
truído.

• Manolin era o seu melhor porque, quando todos o ,


ele manteve-se fiel.
Santiago a pensar e sempre como um homem.
A é um grande valor.

• Santiago contra peixe. Teve dele, mas


não podia deixar de o . Afinal, o seu objectivo era um
grande peixe.

• Mas Santiago e a aldeia recuperou a no velho.

• Todos o . Santiago é um bom para os que pensam que a


deve ser vivida até ao fim.

3. Completa as seguintes frases, recordando os teus conhecimentos sobre morfolo-


gia, ortografia e sintaxe.

• Foi Manolin primeiramente viu Santiago. Foram os seus pais


o impediu de ir pescar com ele.

• As razões por procurou Santiago depois da viagem justificam-se


pela sua amizade ao velho pescador.

• Outrora, os outros pescadores viam Santiago como um pescador acabado;


agora, como um pescador vencedor.
Os turistas de longe para contemplar a grandeza do peixe.

• Os turistas , admirando quer o mar quer o peixe.

4. Completa ainda as seguintes frases, recordando os teus conhecimentos sobre


sintaxe:

• Santiago foi forte nunca duvidou da sua vitória.


O empreendimento era difícil poucos o julgavam viável.

• tivesse de lutar contra muitas adversidades, Santiago nunca


desanimou.

• O romance é actual todos, e principalmente os jovens,


imitando Santiago, nunca deixarão de lutar, as adversidades sejam
grandes.

• As causas nós devemos lutar são aquelas que formam a nossa per-
sonalidade. São os jovens merece toda a confiança.
Projecto 109

Projecto
Os textos do género narrativo constituem um bom material para a elaboração de um
Projecto.
Nesse sentido, sugerimos uma proposta que pode enriquecer a aprendizagem e o
portefólio dos alunos.

Olimpíadas de Língua Portuguesa – Concurso


Introdução
Com o objectivo de promover a leitura, sugere-se um concurso (de leitura) sobre uma
obra indicada pelo Programa ou intertextualmente a ela ligada ou, em certos casos, uma
obra de um autor da região da escola. A decisão cabe ao grupo que lecciona o 9.° ano,
ouvidos os alunos. Sendo escolhida uma obra tratada no manual, os alunos têm à sua dispo-
sição variadas pistas de análise. Sendo uma obra que não vem analisada no manual, os pro-
fessores deverão proporcionar aos alunos linhas de leitura. Podem também ser selecciona-
dos conteúdos gramaticais. A título de exemplo, as turmas que estudaram O Velho e o Mar
ou O Principezinho podem concorrer com essas obras ou com O Senhor Fortuna, de Miguel
Torga, ou com Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.

Participantes
1.a fase: a turma organiza-se em grupos.
2.a fase: os grupos vencedores de cada turma numa sessão pública, em dia de festa
para a escola, sendo o júri constituído por professores do 9.° ano.

Sugestão de regulamento de cada sessão


a) As equipas serão constituídas por quatro alunos.
b) O júri colocará previamente numa caixa as questões necessárias para cada sessão,
escritas em pequenos papéis dobrados. O representante da equipa retirará dessa
caixa as questões a que terá de responder.
c) Até aos quartos de final, as respostas serão orais, tendo o aluno, indigitado pelo profes-
sor, trinta segundos para responder. A partir dos quartos de final, as respostas podem
também ser escritas no quadro e o aluno indigitado pode pedir auxílio aos restantes ele-
mentos da equipa. A resposta escrita terá uma duração máxima de um minuto.
d) Cada resposta certa será cotada com cinco pontos, não sofrendo desvalorização a
resposta errada.
e) A resposta fora de vez será penalizada em menos cinco pontos.
f) A pontuação será registada no quadro e na folha do concurso e afixada na sala.
g) Ganhará a equipa que fizer maior número de pontos. Em caso de empate, o professor
colocará uma nova questão a cada equipa e será eliminada a que errar.
h) A ordem de entrada em acção das equipas será feita por sorteio.

Prémios
Às equipas classificadas nos três primeiros lugares, serão atribuídos prémios, que poderão
ser ou cheques-livros ou cheques-CD ou qualquer outra modalidade.

Folha de registo das pontuações


Equipas Resultados
1
2
3
4
5
Leitura recreativa • Um fio de fumo nos confins do mar 111

GUIÃO DE LEITURA

A.
Após a sua leitura e para melhor fixares o seu enredo e melhor apreciares o seu valor
de actualidade, preenche o quadro que te apresentamos, seguindo, em cada item, a
resposta que pode servir-te de modelo:

LEITURA GLOBAL
Nome Seu relacionamento

João Queiroz Grupos Motivos


Crispim • João Queiroz + Narcisa + Cacilda • Pai + Mãe + Filha
Maria Guilhermina
Narcisa • •
Guilherme
Caseiros
Personagens

• •
Nani
Criada • •

Genésio
Cacilda • •

Rute Isabel
• •
Jesuína e irmão
Belezas
• •
Inocência
Fortunata
• •
Deodato e esposa
(...) (...) (...)

Lisboa • Lisboa + C. de Ourique + 3 .° andar • Moram aí os viscondes


Trás-os-Montes
• •
Estúdios de gravação
Espaço

Campo de Ourique
• •
Q. do Recolhimento
Universidade • •
3.º andar
(...) (...) (...)

Identificação Personagens

• da família da narradora • Maria Guilhermina +


mãe + Crispim + Nani

Acção


Histórias

• •

(...) (...)
112 Género Narrativo

• 1.° momento: do nascimento de Cacilda à morte de João Queiroz


das histórias (definido)
Tempo • 2.º momento (indefinido): (...)

histórico • época do 25 de Abril

• Cuidado – Ex.: Um fio de fumo nos confins do mar


Linguagem

Níveis de língua •

(...)

• Ensino/Aprendizagem – Ex.: 9.º ano apenas ou 12.º ano também?


12.º ano apenas ou continuação dos estudos?
Actualidade


Temas

(...)

B.
Se realizaste o trabalho em A., estás de parabéns. Se, por qualquer razão, não leste
a obra na íntegra, lê estes extractos.

Texto 1

Quando a Rute Isabel me telefonou para avisar das gravações, disse-


-me logo que não tivesse muitas esperanças, que tinha sido muito com-
plicado, que ainda estavam a fazer algumas diligências e que, até che-
gar a minha vez de ser entrevistada, talvez alguém desse sinal de vida.
– Por acaso não gosto nada quando isto acontece, mas prontos –
disse a Rute Isabel que, para sua felicidade, não conhece o Crispim,
senão ouviria logo ali das boas por causa dessa história do “prontos”.
Ele diz que só os ignorantes é que falam assim. Português é com ele.
– Isto o quê? – perguntei eu.
– Isto. A gente entrevistar uma pessoa e depois não aparecer nin-
guém. É uma chatice. Ficamos ali pendurados. Não gosto, prontos.
A Rute Isabel falava aos soluços. Ou então era defeito do telemóvel
dela, que estava sempre a ir abaixo. Devia ter a pilha fraca. Ou então
ela estaria a passar por um túnel. Debaixo dos túneis os telemóveis
perdem o pio. Pelo menos o do Crispim.
116 Género Narrativo

– Eu nem gosto de falar disto... mas a Mademoiselle lembra-se


quando a gente veio do Recolhimento, aqui há uns meses? Lembra-se?
Que até me perguntou se tinha acontecido qualquer coisa? Eu nem lhe
disse nada porque isto é assim mesmo, a gente não tem necessidade de
andar por aí a espalhar estas coisas, cada um sabe de si, não é? Mas a
Mademoiselle é como se fosse da família, entrou para esta casa tinha a
minha Cacilda acabado de nascer, é quem nos tem valido. Coitadinho!...
Ele gostava tanto de si! (…)
– Não estou a perceber…
– Eu já conto, Mademoiselle. Pois nós chegámos lá, e sabe o que é que
encontrámos? As excelências a comerem na nossa casa de jantar, Made-
moiselle!, ali repimpados à nossa mesa, a usarem os nossos pratos e os
nossos talheres, a darem ordens aos criados como se fossem donos daquilo
tudo. Ai, Mademoiselle, nem imagina o que me passou pela vista! Se não
fosse o meu João, coitadinho, eu tinha-me ido a eles e desfazia-os.

C.
Vamos apresentar-te dois questionários, mas de formas diferentes. Se leste a obra na
íntegra, estás em melhores condições de êxito. Se leste apenas os extractos, tens, mesmo
assim, muitas probabilidades de responder bem a todas as perguntas.

I
Assinala com V (verdadeiro) ou F (falso) as quadrículas apostas no início de cada per-
gunta e no fim justifica a tua escolha:

1. No título da obra:
não há nenhuma figura de estilo;
predominam os sons vocálicos abertos;
há três sons vocálicos nasais.

2. O binómio cidade/campo expresso na obra é traduzido:


pela Cidade Invicta (Porto) e por um monte do Alentejo;
por uma cidade do continente e pela Quinta do Recolhimento.

2.1. Outros binómios estão expressos na obra:


escritor/leitor;
nobreza/povo;
patrões/empregados.
Leitura recreativa • Um fio de fumo nos confins do mar 117

3. Todas as personagens pensam que os estudos deviam terminar:


no 9.° ano;
no 12.° ano;
na Universidade.

4. Ao longo da obra, há personagens que:


concordam com os acontecimentos do 25 de Abril;
discordam desses acontecimentos.

5. A narradora vai ao programa Quem sabe deles e:


atinge o seu objectivo;
não atinge o seu objectivo.

6. Pronuncio-me quanto aos programas actuais de TV semelhantes ao Quem sabe


deles:
concordo;
discordo;
nem concordo nem discordo.

II

1. Como se explicará o título da obra?

2. Agrupa várias personagens e reconstitui, no todo ou em parte, a sua história.


2.1. Identificas-te com alguma delas? Justifica.

3. Que camadas sociais representam o binómio cidade/campo?


3.1. Como se relacionam entre si?
3.2. Apresenta vantagens e desvantagens desses espaços.

4. Por várias vezes surge na obra esta expressão “essa coisa do 25 de Abril”.
4.1. Com que sentimento será pronunciada?
4.1.1. Que objectivo estará na mente da autora?

5. Que nível de língua predomina no Texto 1? Justifica.

6. Vários temas se evidenciam ao longo da obra e alguns deles dirão respeito aos
jovens como tu.
6.1. Escolhe um desses temas e, num texto bem organizado, manifesta a tua opinião,
falando mesmo do que condiciona ou não a concretização dos teus sonhos.
Auto da Barca do Inferno 127

Cena I

Gil Vicente não dividiu o Auto da Barca do Inferno em cenas. Fazemos, neste
manual, essa divisão para facilitar o seu estudo.

O primeiro entrelocutor é um Fidalgo que chega com um Paje que lhe leva um rabo mui 1. ré: o Diabo manda virar o caro,
comprido e ũa cadeira d’espaldas. E começa o Arrais do Inferno ante que o Fidalgo venha. que é a parte anterior e inferior
da verga, para a popa, na ten-
tativa de adequar a vela à
Dia. À barca, à barca, houlá! – Ora, sus!,6 que fazes tu? direcção do vento. A verga é
que temos gentil maré! 15 Despeja todo esse leito!7 uma peça colocada horizontal-
– Ora venha o caro à ré!1 mente sobre os mastros, onde
Com. Em boa hora! Feito, feito!
se prendem as velas.
Com. Feito, feito! Dia. Abaxa má-hora esse cu!8
2. muitieramá: em má hora! O con-
Dia. 5 Bem está! Faze aquela poja9 lesta10 trário será em boa hora (em-
Vai tu muitieramá,2 e alija11 aquela driça.12 bora). Dizer – “Vai-te embora”
atesa aquele palanco3 Com. 20 Oh-oh, caça! Oh-oh, iça! iça!13 significava “ir em boa hora“.
Hoje significa “sai daqui”.
e despeja aquele banco Dia. Oh, que caravela esta!
3. palanco: cabo ou corda que
pera a gente que vinrá. Põe bandeiras, que é festa. serve para içar a vela; atesar
Verga alta! Âncora a pique!14 significa esticar; estica-se o que
10 À barca, à barca, hu-u! – Ó precioso dom Anrique, está frouxo.
Asinha,4 que se quer ir! 25 cá vindes vós? Que cousa é esta? 4. Asinha: depressa. É um ar-
Oh, que tempo de partir, caísmo, isto é, uma palavra
caída em desuso. Há palavras
louvores a Berzebu! 5 que caem em desuso, outras
que nascem e enriquecem a lín-
gua: os neologismos.
5. Berzebu: nome do Diabo; outros
nomes lhe são atribuídos
como: Mafarrico, Lúcifer, Sata-
Compreender, é preciso… nás, Demo, etc.
6. sus!: é uma interjeição que sig-
I. Coloca uma cruz (X) nas respostas adequadas, de acordo com o sentido nifica eia!; eh, lá!; coragem! Por
esta interjeição se faz erguer o
do texto.
corpo, o ânimo.
7. leito: espaço compreendido
1. O Diabo prepara a sua barca, dando ordens ao companheiro com mostras
entre o mastro grande e a
de: calma ; desinteresse ; pressa ; entusiasmo . popa. Há também o leito do rio
e o leito como sinónimo de
2. O companheiro do Diabo não obedece às ordens ; executa as ordens cama.
permanecendo mudo ; executa as ordens proferindo berros . 8. Abaxa má-hora esse cu!: Tra-
balha com cuidado!
3. O uso dos termos próprios da marinha utilizados pelo Diabo é relevante 9. poja: corda para fixar o cabo na
verga.
para: Gil Vicente ; a época de Gil Vicente ; a verosimilhança da peça .
10. lesta: frouxa, aliviada.
4. Na barca do Anjo, não há qualquer preparação porque: o Anjo não tem com- 11. alija: alivia; este verbo é utili-
zado na frase ou expressão
panheiro ; não terá passageiros ; terá poucos passageiros .
“Alijar a carga ao mar”.
12. driça: corda para içar as velas.
5. O cómico, nesta Introdução: não se realiza de forma nenhuma ; realiza-
13. iça: colhe a vela para a esticar
-se só pela linguagem ; realiza-se pela linguagem e pela situação . e iça a verga.
14. Âncora a pique!: âncora bem
6. O Diabo é muito irónico para com a primeira personagem, dom Anrique. A
puxada com a corda na verti-
sua ironia concentra-se, especialmente, em: “Ó precioso” ; “cá vindes cal. Era uma das últimas
vós?” ; “Que cousa é esta?” ; nas expressões em conjunto . manobras a executar antes da
partida. Note-se que Gil Vicente
conhece muito bem os termos
II. Justifica as tuas escolhas com elementos do texto. da navegação.
134

Leitura orientada do Auto da Barca do Inferno

Escrever, é preciso…
1. Imagina que o Diabo ou o Anjo permitiam que o Fidalgo voltasse à Terra.
Redige um texto, contando o que ele diria à mulher e à amante.

2. Imagina ainda que o pajem era chamado a depor como testemunha do seu amo.
Cria o texto que seria o seu depoimento.

Aplicar a gramática, é preciso…


1. Há, na segunda cena, bastantes arcaísmos. No quadro que se segue transcrevemos
alguns. Desenha um igual no teu caderno e escreve nele as formas actuais respectivas.

Arcaísmos Formas actuais Arcaísmos Formas actuais

Cant’ela leixês
esperar-me-ês mano
havês rezam
is veniredes
irês vinra

2. Identifica os fenómenos fonéticos que se deram na evolução das palavras seguintes:


• dolores > doores > dores
• ad sic > adsic > adsi > assi > assim
• mihi > mii > mi > mim

3. “havês de passar o rio.” / “Rio-me dos argumentos do Fidalgo.”


3.1. Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas.
3.2. Como se denominam essas duas palavras? Justifica.

4. A palavra “fidalgo” resultou da fusão de filho de algo.


4.1. Classifica esta palavra quanto ao processo da sua formação.
4.1.1. Terão sido formadas pelo mesmo processo as palavras resultantes de:
• gira + sol ; • água + ardente; • plano + alto; • vinho + acre?
Justifica.

5. “A cadeira é cá sobeja”
5.1. A palavra cadeira derivou da palavra latina (étimo latino) cathedram, que também
originou cátedra. Como se denominam estas duas palavras por derivarem assim?

6. “Parece-me isso cortiço...”; “Pera vossa fantesia / mui estreita é esta barca.”
6.1. Refere os registos de língua (níveis de língua) realizados nestas frases.

Outros exercícios sobre a formação de palavras no Caderno de Actividades.


Avaliação 173

Avaliação

É muito útil que, no final do estudo de uma obra ou de um conteúdo programático,


os alunos possam, eles mesmos, aferir os seus conhecimentos.
Desta forma, sentem-se sujeitos da sua aprendizagem e por isso mesmo mais res-
ponsáveis. Não dispensam de forma alguma os seus professores, antes formam todos
uma comunidade.

1. Agrupa as personagens do auto, de acordo com o percurso que fazem:

2. Agrupa ainda as personagens, de acordo com os vícios assinalados:

Vícios religiosos Vícios morais Vícios sociais

3. Atenta neste quadro: Cenas

I II III IV V VI VII VIII IX X XI

3.1. Indica as personagens das cenas II, VI e IX e diz em que medida podem rela-
cionar-se.
3.1.1. Estas cenas são constituídas por um maior número de versos, ou, se preferires,
comportam maior percentagem de versos em relação às outras.
Que motivos terão presidido a esta distribuição?

3.2. Indica os principais elementos de versificação que compõem a obra.

3.3. As miniacções que formam a acção do Auto da Barca do Inferno correspon-


dem quase todas às três partes clássicas da acção dramática:
exposição – apresentação das personagens;
conflito – duplo interrogatório;
desenlace – sentença proferida pelos juízes.
3.3.1. Quais as cenas que não contemplam estes momentos?
174 Género Dramático

4. Assinala com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações que se seguem:


• As personagens vicentinas são personagens-tipo.
• As personagens vicentinas são personagens individuais.
• Gil Vicente pretendia apenas fazer rir.
• Gil Vicente pretendia moralizar, fazendo rir.
• Gil Vicente usa uma linguagem moderna.
• Gil Vicente usa uma linguagem cheia de arcaísmos.
• O Judeu não vai na barca do Anjo porque não a viu.
• O Judeu não vai na barca do Anjo porque não acredita na religião cristã.
• Algumas personagens pediram para voltar à Terra.
• Ninguém quis voltar à Terra.
• A prática religiosa de algumas personagens é criticada porque
Gil Vicente não era crente.
• Ninguém se salva.
• Gil Vicente usa insistentemente a ironia.
• Gil Vicente não participa das ideias reformadoras da Igreja que já
vingavam na Europa.
• Como dramaturgo da Corte, Gil Vicente não critica a fidalguia.
• O Parvo foi criado apenas para fazer rir.
• Todas as personagens da peça mantêm actualidade.
• O tema da salvação e da condenação ainda é actual.
• A obra pode ser ainda hoje representada.
• Eufemismo é afirmar com palavras duras o que é mais suave.
• Cada cena pode ser representada isoladamente porque tem princípio,
meio e fim.

5. “A composição por cenas sucessivas poderia dar uma impressão de repetição


e de monotonia. Mas Gil Vicente supre esse inconveniente pela diversidade das
personagens, pela intervenção progressiva na conversa dos condenados que
embarcaram e pelo papel do Parvo, único que, juntamente com os cavaleiros de
Cristo da última cena, será salvo.
A Barca do Inferno é uma peça de riqueza excepcional, desenrolando-se em
vários planos e dilatando-se em várias dimensões. É uma evocação de certos tipos
sociais do Portugal quinhentista. É também uma sátira feroz contra os grandes e os
poderosos – o aristocrata orgulhoso, o frade dissoluto, o juiz corrupto – mas não
poupa os pecadores de condição mais modesta. Ao mesmo que uma meditação ter-
rificante sobre os mistérios do “Além”, é uma peça de franca comicidade. Global-
mente, a Barca do Inferno é uma obra-prima incontestável.”
Paul Teyssier, O Autor e a Obra, 1.a ed., Biblioteca Breve, M.E.I.C., 1982

5.1. Concordas com as afirmações feitas no texto? Justifica a resposta.


Auto da Índia 183

Compreender, é preciso…
O texto dramático destina-se à representação. Todavia, não se pode representar
sem se compreender o texto e não se pode compreendê-lo sem o Ier atentamente.
Por isso, propomos a descodificação do sentido da obra através de actividades que
deves realizar no teu caderno:
• Completar frases.
• Escolher afirmações/interrogações justificadamente verdadeiras.
• Dar resposta a perguntas.

1. Na peça há duas personagens femininas que são a e a


e três personagens masculinas que são o , o
eo .
2. A rainha D. Leonor estava viúva de D. João II e refugiada da peste, em
Almada, em casas que herdou da mãe. É a ela que a peça é apresentada. O
Auto da Índia faz, por isso, parte do teatro da .
3. Gil Vicente conta uma história:
de actualidade;
de ficção.
4. A acção passa-se no interior de uma com janelas para os
e para a .
5. A farsa inicia-se com a entrada da Ama, que vem a chorar porque o marido:
já partiu;
já não parte.
6. Os apelidos apostos ao marido pela Ama indicam:
respeito;
falta de respeito.
7. Na linha 16 aparece a palavra “desconcêrto”, que é uma espécie de mola que
faz girar a farsa, toda ela uma série de desconcertos. Qual o primeiro desses
desconcertos?
8. A Moça vai ver o que se passa com a armada. Para preencher o tempo da
sua ausência, a Ama faz uma reza:
a favor do marido;
contra o marido.
9. A Moça regressa contente porque a armada:
já partiu;
já não parte.
10. A Moça fala e a Ama ouve, mas não entende o assunto da fala.
A Moça fala:
só para si;
para os espectadores.
184 Género Dramático

11. A resposta da Moça (l. 58) inicia o processo de verbalização da cena domés-
tica. A cama é o objecto central porque:
é uma rica peça de mobiliário;
indicia o agir adulterino da Ama.
12. O estatuto económico da família é de:
pobreza;
abundância.
13. A longa fala da Ama (ll. 74-96) apresenta argumentos que justificam o seu
comportamento. Quais?
14. Além disso, essa longa tirada da Ama representa uma aceleração do:
tempo;
espaço.
15. A declaração amorosa é cortada:
pelo riso da Ama;
pela falta de palavras do Castelhano.
16. A intervenção da Ama inverte o discurso do Castelhano:
no sentido do que ele pretende;
no sentido do seu afastamento.
17. A Ama corta de novo a fala do Castelhano (ll. 155-156) e aparece a Moça.
Esta é bem-vinda ou a Ama arranja maneira de a afastar?
18. O Castelhano conseguiu o que pretendia? Justifica a resposta com versos do
Auto.
19. A Moça troça do Castelhano e do Lemos. Que diferenças há entre os dois
tipos de troça?
20. O Lemos:
subiu de repente a escada;
fez mesura.
21. A Ama mente em relação a Lemos chamando-lhe e em relação ao
Castelhano chamando-lhe .
22. O nome “Costança” dado pelo autor à Ama está de acordo com o seu com-
portamento ou contém grande dose de ironia? Justifica a resposta.
23. São 9 horas: é tempo da ceia. A Moça sugere e o Lemos apenas
pode comprar .
24. O Lemos canta. O que Ihe Iembra a Ama?
25. A Ama mente de novo sobre a identidade do Castelhano.
O nome que refere permite:
a obediência do Lemos;
uma cena burlesca.
26. Porque é que o Castelhano nomeia as noites de Natal?
Auto da Índia 185

27. A passagem da noite para o amanhecer pode sugerir:


um corte no discurso;
a vivência de uma noite amorosa.
28. A Moça encarrega-se de marcar a aceleração do tempo. O que lembra à Ama?
29. A Moça tinha ido comprar alimentos para o Lemos; vai agora também para o
marido. Terá trazido alguma coisa?
30. Da primeira vez que foi ver a armada, a Moça veio alegre e cantando; agora
vem “morta”. Porquê?
31. O cómico é produzido sobretudo pelos sucessivos contrastes: neste mo-
mento, entre a afirmação da Ama, renegando a chegada do marido, e o
anúncio dessa mesma chegada, feito pela Moça. Quem ri é:
a Ama;
a Moça;
o público.
32. A Ama dá ordens contraditórias. Antes da chegada do marido, sabendo que
ele já estava em Lisboa, manda a Moça apagar o e destruir as
. Diante do marido, manda a Moça acender e trazer .
33. A cena seguinte (l. 440 até ao fim) é apenas conjugal, composta de desconcer-
tos de narrativas. O “lá” corresponde a ; “cá” corresponde a .
34. Que mentiras apresenta a Ama?
35. O marido narra resumidamente em 8 versos (ll. 472-479) a vida de três anos.
O efeito cómico pode resultar de coincidências. Refere-as.
36. A Ama é quem guia a conversa. Quantas interrogações faz?
37. A Ama namora o marido, mudando completamente de comportamento e
mentindo uma vez mais. Como se pode qualificar a linguagem que usa?
38. O marido fala do seu sofrimento. A Ama compadece-se? Justifica.
39. O marido não vem rico porque:
foi roubado;
não roubou.
40. Desiludida porque o marido veio pobre, a Ama, oportunista, aproveita a oca-
sião para voltar a seu favor as circunstâncias e enganar o marido. Como?
41. As falas da Ama denunciam:
a decadência moral;
a desagregação da família;
o casamento imposto pelos pais.
42. As falas do marido denunciam:
a falta de escrúpulos dos nossos marinheiros;
os abusos cometidos no Oriente;
a ambição da riqueza.
Poemas 201

1.1. Interpreta o esquema da página anterior, referindo:


• as pontes que o sujeito poético terá de quebrar;
• os valores que há-de beber nas fontes;
• como se sentirá quando tiver realizado estes projectos.

1.2. Considera a sociedade actual e diz em que medida o esquema se aplica ao


modo de viver das pessoas.

2. Completa o poema que se segue com as palavras indicadas no quadro.

A uma rapariga
Abre os olhos e encara a !A
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por lamaçais pontes
Com as tuas preciosas de menina.

5 Nessa da vida que fascina


Caminha sempre em , dos montes!
Morde os frutos a rir! nas fontes!
Beija aqueles que a te !

por tu a mais longínqua estrela,


10 com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!

Que as mãos da terra , com amor,


Da do teu corpo, esguia e nova
à luz a duma flor!…
Florbela Espanca, Sonetos, Livr. Tavares Martins

Trata haste graça vida Escava frente


Surgir destina sobre além mãos alteia
estrada Bebe façam sina sorte

2.1. Quanto ao conteúdo, que semelhanças encontras entre os poemas “A uma


raparigas” e “As fontes”?

2.2. E quanto à forma, em que se distinguem?


Poemas 203

As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos (1) se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de (2).
Com mãos se faz a guerra – e são a (3).

5 Com mãos se (4) o mar. Com as mãos se (5).


Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no (6) e na (7)
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como (8)


10 as mãos que vês nas coisas transformadas.
(9) que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada (10) cada cidade.


Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas (11) começa a (12).

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, in 30 Anos de Poesia, Ed. Círculo de Leitores

11. 5. 1. Antónimo de nada.


2. Espaço oposto ao céu.
3. Anseiam-na todos quantos an-
4. dam em guerra.
4. Sulca.
12.
5. Ara.
9. 6. Vem a seguir à flor.
7. Através dela comunicam os su-
8.
jeitos falantes.
8. Cravam-nas os toureiros.
2. 3. 6. 9. Parte da planta que aparece
normalmente antes da flor (pl.).
10. Entra, na sua composição, o
7. androceu e o gineceu.
11. Substantivo que aparece no
poema dez vezes.
1. 12. Última palavra do poema: tra-
duz a maior ambição de quem
10. está preso.

Escrever, é preciso…
1. Num texto bem cuidado e bem significativo, responde a esta pergunta:
– O que é que os jovens podem fazer para melhorar o Mundo?
Avaliação 213

Avaliação

Não há machado que corte


A raiz ao pensamento
Não há morte para o vento
Não há morte
5 Se ao morrer o coração
Morresse a luz que lhe é querida
Sem razão seria a vida
Sem razão
Nada apaga a luz que vive
10 Num amor num pensamento
Porque é livre como o vento
Porque é livre
Carlos de Oliveira, O Nosso Amargo Cancioneiro

Após a leitura do texto e da sua compreensão, assinala, nas quadrículas, V (verda-


deiro) ou F (falso).

1. O texto é um poema porque nele predomina:


o sentido real/objectivo ; o sentido irreal/subjectivo .

2. Cortar “a raiz ao pensamento” é:


amar a liberdade ; evitar que o pensamento se fixe em determinadas coisas ;
não deixar pensar ; não deixar pensar em liberdade .
2.1. Nesta expressão realiza-se:
uma comparação ; uma metáfora ; uma personificação .

3. A comparação é evidente em:


“Não há morte para o vento” (v. 3) ; “Porque é livre como o vento” (v. 11) .

4. “... a luz que lhe é querida” (v. 6)


“luz” é a vida ; “luz” é a liberdade .

5. Há muitas repetições de palavras e expressões no poema. Essas repetições:


desvalorizam a qualidade poética ; pretendem acentuar a força da mensagem .

6. A liberdade é comparada ao vento porque o vento:


sopra de vez em quando ; não se deixa dominar ; sopra onde e quando
quer .
7. No poema, o ritmo (ou a cadência) é conseguido:
pela pontuação ; pela necessidade de liberdade ; pelas repetições parale-
las .
214 Género Lírico

8. O esquema rimático do poema é:


abab ; abba .

9. A rima entre os versos:


9.1. primeiro e quarto é:
rica ; pobre ; esdrúxula ; grave .
9.2. cinco e oito é:
consoante ; toante .

10. No texto:

há três versos ; há três estrofes ; há doze versos ; cada estrofe é um


terceto ; cada estrofe é uma quadra ; cada estrofe é uma quintilha .

11. Os versos de cada estrofe deste poema:


têm todos sete sílabas métricas ; três têm sete e um tem três sílabas métricas .

12. Preenche os espaços em branco do texto que te apresentamos a seguir com as


palavras que se encontram no rectângulo abaixo.

Junquem de flores o do velho mundo:


Vem o aí!
Desejado por todos os poetas
E
5 Da vida,
Deixou a sua ermida
E meteu-se a .
Ninguém o viu ainda, mas é belo.
Éo ...

10 Ponham mais rosmaninho


Em cada rua,
Em porta,
Em cada muro,
E confiança nos milagres
15 Desse Messias que renova o tempo.
O passado passou.
O presente .
Cubram de flores a única verdade
Que se !
Miguel Torga, Cântico do Homem, Coimbra

profetas, eterniza, futuro, chão, tenham, futuro, caminho, cada, agoniza


228

Leitura orientada da Proposição e Invocação

Aplicar a gramática, é preciso…


Recursos estilísticos

1. A SINÉDOQUE é uma figura de estilo segundo a qual se toma a parte pelo todo,
ou vice-versa, o singular pelo plural, ou vice-versa.
1.1. Localiza este recurso no verso 2 da primeira estância.

2. A METONÍMIA é a figura de estilo segundo a qual se substitui um termo por outro


com o qual está em íntima ligação.
2.1. Localiza este recurso no verso 7 da terceira estância.

3. A ANÁFORA é a figura de estilo que consiste em iniciar diferentes períodos, frases


ou versos sempre com a mesma palavra ou expressão.
3.1. Localiza este recurso nas estâncias 4 e 5.

4. Copia agora este quadro para o teu caderno e atribui a cada rectângulo os
recursos estilísticos indicados em 1., 2. e 3.. Justifica a tua escolha.

Recursos estilísticos
O português é pessimista.

À nossa saúde, bebamos um copo.

A vida é o dia de hoje,


A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa.
(João de Deus)

Formação de palavras – DERIVAÇÃO

1. As palavras Proposição e Invocação dizem-se derivadas, quanto à formação.


1.1. Depois de distinguires os elementos que as integram, identifica-os.
1.1.1. Indica o significado dos seus primeiros elementos.
1.2. Refere a diferença entre essas palavras e preposição e evocação.

Outros exercícios no Caderno de Actividades.

Escrever, é preciso…
1. O poeta escreveu. E tu compreendeste. Num texto bem organizado, expõe as
principais ideias da Proposição e/ou da Invocação.
236

Trabalho de Grupo Guião de Leitura

Embora também se possa realizar um trabalho individual, sugerimos, pela sua


dinâmica, um trabalho de grupo em duas etapas:
Primeira etapa: os seis grupos em que a turma se dividirá poderão, em forma de
concurso, responder às perguntas do quadro, depois de estabelecerem as respectivas
regras.
Segunda etapa: diversificam-se as tarefas, ou seja, os grupos 1 e 2 imaginam a
Convocatória e a Acta dos acontecimentos na reunião do Olimpo; os grupos 3 e 4
imaginam a cobertura jornalística, elaborando notícias e/ou uma reportagem desses
acontecimentos; os grupos 5 e 6 imaginam uma entrevista a Vénus, a vencedora.

Consílio dos Deuses = Assembleia/Reunião


Perguntas Estâncias Versos

1. Convocatória

Quem convoca?

Quem é convocado?

Como tomam conhecimento?

Para que se convoca?

2. Reunião

2.1. Ocupação do espaço

Como se distribuem os lugares?

2.2. O Presidente: Júpiter/Pai dos deuses

Como se apresenta?

Onde está sentado?

Que tem sobre a cabeça?

Que tem nas mãos?

A quem se dirige a sua intervenção?

Que argumentos apresenta para defender a sua causa?

Como termina a sua intervenção?

2.3. Os outros deuses

Intervêm hierarquicamente? Justifica.

Quem concorda com Júpiter e quem discorda dele?

Quais os argumentos de quem concorda?

Quais os argumentos de quem discorda?

2.4. Conclusão

Como termina a reunião?


237

Ficha Informativa

1. A acta e a sua estrutura

Acta é um texto de tipo descritivo analítico ou, em casos especiais, de tipo sin-
tético, que regista os aspectos essenciais de uma sessão de trabalho.

A sua estrutura pode visualizar-se assim:

número de ordem

fórmula de abertura

desenvolvimento

fórmula de encerramento

assinatura

A acta obedece a determinações legais, devendo conter os seguintes elementos:


• a indicação do número de ordem;
• a indicação da data, hora e local da reunião;
• a identificação das entidades responsáveis pela reunião, dos participantes e dos
ausentes;
• a indicação da ordem dos trabalhos;
• o registo das principais intervenções dos participantes;
• a inutilização dos espaços em branco com um traço;
• a ausência de rasuras e emendas. No caso de engano, deve escrever-se a pala-
vra digo e, em seguida, rectificar-se o erro. Em caso de omissão, no final, antes
das assinaturas, devem escrever-se as palavras Em tempo e, em seguida, a
parte omissa;
• as assinaturas do presidente e do secretário, após a leitura e aprovação pelos
participantes.

No que diz respeito à notícia, à reportagem e à entrevista, os alunos devem


consultar a Ficha informativa das páginas 70-72.
243

Leitura orientada de Inês de Castro

Ler, é preciso…
1. Para consolidares os teus conhecimentos sobre o caso de Pedro e Inês, trans-
creve este texto para o teu caderno e preenche os espaços, tendo como base as
estâncias 118-121 e as respectivas notas:

Texto

D. Pedro, filho de IV, enamorara-se de Inês de Castro,


fidalga , quando sua esposa, D. , ainda era viva.
Tornara-se Inês sua , passeando “Nos
” onde estava, posta em sossego “Aos
” tinha.
Aí vivia intensamente o amor do seu encantado
cujas lhe moravam na alma sempre que se apartasse
dele: “De noite, ”, “De dia, ”.
E assim, mesmo na do Príncipe era dominada pelo
sentimento de uma grande .

2. Este episódio apresenta uma estrutura bem definida: introdução (anteceden-


tes), acção central e considerações finais.

2.1. Que estâncias correspondem a cada parte dessa estrutura?

3. A tragédia, aqui, pode assemelhar-se a O Rei determina tirar Inês


uma pirâmide invertida, cujo vértice sim- ao mundo (est. 123, v. 1) Início

boliza a morte para a qual contribuem


vários elementos e acções, dispersos
pelas estâncias 123, 124, 130, 132 e
134. Desenvolvimento

3.1. Copia a pirâmide para o teu caderno, e


preenche-a com os versos ou as ideias
Desfecho
que eles veiculam, de tal maneira que
possamos verificar as três etapas da
tragédia. Para facilitar o teu trabalho,
nós apresentamos o início.

3.2. A tragédia é expressa através de um vocabulário próprio.


3.2.1. Faz o levantamento das principais palavras.
3.2.2. Classifica-as morfologicamente.
244

Leitura orientada de Inês de Castro

4. Para evitar a tragédia, Inês, consciente da situação, discursa e o seu discurso


(est. 126-129) é um verdadeiro texto argumentativo.
4.1. Encontra os principais argumentos, identificando os seis versos pela corres-
pondência das respectivas colunas:

1. A estas criancinhas a. com clemência


2. Mova-te a piedade b. e mísero desterro
3. A morte sabes dar c. sua e minha
4. Sabe também dar a vida d. tem respeito
5. Põe-me em perpétuo e. toda a feridade
6. Põe-me onde se use f. com fogo e ferro

4.2. Qual é, do teu ponto de vista, o argumento que melhor satisfaz o intuito de
Inês? Porquê?
4.3. Qual é, então, o intuito de Inês?
4.4. Descobre, nesse discurso, uma censura, um apelo e um pedido.
4.5. O resultado foi favorável a Inês ou não? Justifica.

5. D. Pedro passou à História com o cognome de O Cru ou O Justiceiro.


5.1. As estâncias 136 e 137 ajudarão a esclarecer esse cognome? Justifica.
5.2. Se D. Pedro foi o Cru, não admira que vingasse a morte de Inês.
5.2.1. Como aconteceu tal vingança?

6. Que pensas deste caso de amor?

Aplicar a gramática, é preciso…


Orações, recursos estilísticos e articuladores do discurso

1. Escreve as cinco orações existentes nestes quatro primeiros versos da estân-


cia 129:

Põe-me onde se use toda a feridade 1.a

Entre leões e tigres, e verei 2.a


3.a
Se neles achar posso a piedade
4.a
Que entre peitos humanos não achei. 5.a

1.1. Escolhe uma delas e analisa-a sintacticamente.


245

Leitura orientada de Inês de Castro

2. Faz corresponder os versos e a figura de estilo dominante que eles realizam,


justificando, depois, a tua escolha:

a. Que do sepulcro os homens desenterra 1. eufemismo


b. Tu, só tu, puro amor, com força crua
2. metáfora
c. Aos montes ensinando e às ervinhas
3. hipérbole
O nome que no peito escrito tinhas

d. Tirar Inês ao mundo determina 4. personificação

e. Matar do firme amor o fogo aceso 5. apóstrofe

3. Preenche, com os articuladores do discurso, indicados nos respectivos rectân-


gulos, os espaços dos textos subordinados ao título A história fala de Inês.

Para mais facilmente responderes aos pontos 2. e 3. poderás consultar a


Ficha informativa gramatical das páginas 248-249.

A história fala de Inês

A decisão da morte de D. Inês de Castro

O fidalgo que em 1354 veio a Portugal oferecer a coroa do reino de Castela a


D. Pedro, mãe, a rainha D. Beatriz, era filha de D. Sancho IV de Castela, foi
D. Álvaro Peres de Castro, irmão de Inês de Castro, dama viera no séquito
de D. Constança Manuel e que já em 1354 vivia publicamente na companhia do infante,
de tinha três filhos. Essa ligação não podia ser do agrado do rei de Portugal,
que anos antes fizera leis que proibiam, sob penas graves, essas situações. ,
Inês tinha sido por ordem real expulsa do País anos antes, recolhera-se ao
castelo de Albuquerque; regressara depois da morte de D. Constança,
mulher de D. Pedro, e passara a viver com ele.
Estando el-rei em Montemor-o-Velho, concluindo já e consentindo na morte da
dita D. Inês, acompanhado de muita gente armada se veio a Coimbra,
estava nas casas do Mosteiro de Santa Clara. A qual, sendo avisada da ida de el-rei e
da irosa e mortal tenção que ele contra ela levava, achando-se salteada, para se não
poder já salvar por alguma maneira, o veio receber à porta. Onde, com o rosto transfi-
gurado, e por escudo de sua vida, para sua inocência achar na ira de el-rei alguma
mais piedade, trouxe entre si os seus inocentes infantes seus filhos, netos de el-rei,
com cuja apresentação e com tantas lágrimas e com palavras assim piedosas pediu
246

Leitura orientada de Inês de Castro

misericórdia e perdão a el-rei. E que alguns cavaleiros, que com el-rei iam para a morte
dela, logo entraram. eles viram sair el-rei, como que já revogava a sua sen-
tença, agravados dele por a pública determinação com os que ali trouxera, e pelo
grande ódio e mortal perigo em que daí em diante com ela e com o infante D. Pedro os
deixava, lhe fizeram dizer e consentir que eles tornassem a matar Inês se quisessem.
por isso logo mataram.
Fernão Lopes, Crónica de D. Pedro, Civilização Ed. (adapt.)

Por isso A qual e onde cuja que mas quem Quando

Como foi trasladada D. Inês para o Mosteiro de Alcobaça


e da morte de el-rei D. Pedro

Raramente se encontrou em alguém um amor tão grande como aquele que


el-rei D. Pedro teve a D. Inês. se lhe podia aplicar o dito dos antigos,
segundo o qual não há amor tão verdadeiro como aquele ao qual o grande espaço
de tempo não faz perder da memória a pessoa amada que morreu.
E se alguém disser já houve muitos que tanto e mais que eles ama-
ram, como a Adriana e Dido e outros que não nomeamos segundo se lê nas suas
epístolas, responda-se que não falamos em amores inventados, alguns
autores, abastados de eloquência e floridos em bem ditar, compuseram segundo
lhes aprouve, dizendo em nome de tais pessoas frases que nunca nenhuma delas
cuidou. Mas falamos naqueles amores que se contam e lêem nas histórias que têm
o fundamento na verdade.
Este verdadeiro amor teve el-rei D. Pedro a D. Inês, dela se enamorou,
sendo casado e ainda infante. De tal modo que, no começo perdesse dela
a vista e a fala, estando longe um do outro como ouvistes, o que é a principal causa
de se perder o amor, nunca cessava de lhe enviar recados, como em seu lugar ten-
des ouvido, e quanto depois se esforçou por a haver e o que fez por sua morte, e
quais justiças aqueles que nisso foram culpados faltando ao seu próprio juramento,
bem é testemunho do que nós dizemos. E não se esquecendo de honrar os seus
ossos, já mais nada lhe podia fazer, mandou construir um moimento de
alva pedra, todo muito delicadamente obrado, com a imagem dela sobre a campa de
coroa na cabeça se fosse rainha, mandou-o colocar no Mos-
teiro de Alcobaça, não à entrada, jazem os reis, dentro da
igreja, à mão direita, junto da capela-mor.
E mandou trazer o seu corpo do Mosteiro de Santa Clara onde jazia, com a maior
honra que foi possível. ela vinha num caixão bem arranjado para tal
247

Leitura orientada de Inês de Castro

tempo, trazido por grandes cavaleiros, com acompanhamento de grandes fidalgos e


muita outra gente, e donas e donzelas e muita clerezia. Ao longo do caminho havia
muitos homens com círios nas mãos, dispostos de tal maneira, que sempre o seu
corpo caminhou entre círios acesos. chegaram até ao dito mosteiro, que
ficava a dezassete léguas, onde com muitas missas e grande solenidade o caixão foi
posto naquele moimento. E foi esta a mais honrosa transladação que até àquele
tempo fora vista em Portugal.
Fernão Lopes, Crónica de D. Pedro, Civilização Ed. (adapt.)

embora que onde Por isso e os quais


Assim como mas pois Porque quando

Escrever, é preciso…
1. Lê os poemas a. e b..

1.1. Escreve um texto em que salientes as semelhanças e diferenças entre estes


dois poemas e o episódio de Os Lusíadas que acabas de estudar.

a. Inês de Castro b. Soneto de Inês

Antes do fim do mundo despertar, Dos olhos corre a água do Mondego


Sem D. Pedro sentir, os cabelos parecem os choupais
E dizer às donzelas que o luar Inês! Inês! Rainha sem sossego
É o aceno do amado que há-de vir... dum rei que por amor não pode mais.

E mostrar-lhes que o amor contrariado Amor imenso que também é cego


Triunfa até da própria sepultura: amor que torna os homens imortais.
O amante, mais terno e apaixonado, Inês! Inês! Distância a que não chego
Ergue a noiva caída à sua altura. morta tão cedo por viver demais.

E pedir-lhes, depois, fidelidade humana Os teus gestos são verdes os teus braços
Ao mito do poeta, à linda Inês... são gaivotas poisadas no regaço
À eterna Julieta castelhana dum mar azul turquesa intemporal.
Do Romeu português.
Miguel Torga, Poemas Ibéricos, Coimbra
As andorinhas seguem os teus passos
e tu morrendo com os olhos baços
Inês! Inês! Inês de Portugal.
Ary dos Santos, Obra Completa, Ed. Avante
255

Leitura orientada de A Batalha de Aljubarrota

Compreender, é preciso…
1. Com base na estância 28, copia este esquema para o teu caderno. Em seguida
completa-o e interpreta-o.

 horrendo pelo
levou
O sinal da  pelo
ouvido a
trombeta,  pela que
 pelas

   

recursos e e
estilísticos


1.1. Justifica os recursos estilísticos que assinalaste no quadro.

2. Refere o sentimento dominante que faz perturbar as personagens (est. 28 e 29).


2.1. Identifica um adjectivo e um substantivo que o exprimam no texto.

3. Indica os elementos que melhor contribuem para definir o cenário da guerra


(est. 31).
3.1. Identifica as palavras onomatopaicas (exprimem um ruído imitativo) presentes
nessa estância.

4. Aponta os traidores mencionados nas estâncias 32 e 33 e diz quais são, em teu


entender, os mais repugnantes.
4.1. Que relação existe entre os poemas da página seguinte e as estâncias 34 a 41
que acabaste de ler?

5. O episódio da Batalha de Aljubarrota pode ser dividido em três partes, corres-


pondendo a terceira às estâncias 42, 43 e 44. E as outras duas partes a que
estâncias correspondem?
5.1. Justifica a divisão.

6. Escolhe uma estância em que haja comentários sobre a guerra e sintetiza a sua
mensagem.

7. Explica, por palavras tuas, o que querem dizer estes versos:


“Que, nos perigos grandes, o temor “Seguem-no os que ficaram, e o temor
É maior muitas vezes que o perigo.” Lhe dá, não pés, mas asas à fugida.”
(est. 29) (est. 43)
262

Leitura orientada de Partida das Naus

3.1. Agora preenche o quadro seguinte com expressões de significado equivalente


em ambos os textos, seguindo o exemplo do primeiro rectângulo:

Oitavas de Camões Texto de João de Barros

naus prestes navios prestes

…a capela de Santa Maria de Belém

A gente da cidade, aquele dia, concorria

devota procissão

E, quando foi no embarcar de Vasco da Gama

Pera os batéis viemos caminhando

4. Lê também este poema de Fernando Pessoa, retirado do seu livro Mensagem:

Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

4.1. Quem chora no texto de Camões? E no texto de Fernando Pessoa?


4.2. Valeu a pena derramar tantas lágrimas e sofrer tanta dor?
(Responde à questão com base em argumentos da História de Portugal.)

5. Considera agora as estâncias 90 e 91.


5.1. Que relação existe entre os emissores e os receptores aí presentes?
5.2. Qual é o estado de espírito dos emissores?
5.2.1. Justifica a tua resposta a nível morfológico e sintáctico.
5.2.2. Refere os argumentos apresentados para demover os receptores da sua decisão.

6. Descobre, na estância 92, a resposta às perguntas formuladas nas estâncias


90 e 91.
6.1. Que figura de estilo ajuda a compreender essa resposta?
271

Leitura orientada de O Adamastor

ESTRUTURA Estâncias Resumo

Introdução 37-40

Desenvolvimento

Conclusão

PERSONAGEM:
Estâncias Resumo
O gigante

surge gradativamente
é caracterizado física e psicologica-
mente pelo narrador
provoca sensações

discursa: elogia e profetiza

manifesta conflito no comportamento

PERSONAGEM:
Estâncias Resumo
Os marinheiros

antes do aparecimento do gigante

no discurso do gigante

na interpelação de Vasco da Gama

após o desaparecimento do gigante

ESPAÇO:
Estâncias Resumo
Semelhanças/Diferenças

No início do episódio

No fim do episódio

EXPRESSIVIDADE
Estâncias Recursos estilísticos
Linguagem

no aparecimento do gigante

no discurso do gigante
Avaliação 283

Avaliação

1. Assinala com V (verdadeiro) ou F (falso) os enunciados a seguir apresentados.

1.1. O poema Os Lusíadas:


seis planos ; quatro planos ; um só plano: o da viagem .

1.2. No poema Os Lusíadas:


Camões é o único narrador ; Vasco da Gama também é narrador .

1.3. No poema Os Lusíadas, há:


episódios históricos ; episódios mitológicos ; episódios históricos e mitoló-
gicos .

1.4. O herói do poema Os Lusíadas é:


individual: Vasco da Gama ; colectivo: o peito ilustre lusitano – o povo portu-
guês .

1.5. A narração começa:


no início do poema ; quando os navegadores partiram da praia do Restelo ;
quando os Portugueses já navegavam no oceano Índico .

1.6. A Proposição contém:


uma estrofe ; três estrofes ; duas estrofes .

1.7. Na Proposição são cantados:


apenas os navegadores que partiram para a Índia ; os reis de Portugal ;
os heróis, reis e outros, que realizaram e realizam factos imortais .

1.8. Na Invocação, Camões:


invoca Calíope ; Vénus ; as musas do rio Tejo .

1.9. O Consílio dos Deuses tem por objectivo:


decidir sobre o futuro dos Portugueses ; impedir os portugueses de ir à Índia ;
ajudar os portugueses ; criar uma intriga .

1.10. No Consílio dos Deuses, Baco:


é a favor dos portugueses ; é contra a ida à Índia .

1.11. No Consílio dos Deuses:


Vénus é a favor dos portugueses ; Vénus é contra a ida à Índia ; as razões
de Baco são de ordem cultural ; as razões de Vénus são de ordem material .
284 Género Épico

2. Responde com segurança às questões seguintes e justifica:


2.1. Qual é o episódio estudado que, sendo lírico, tem uma estrutura dramática?
2.2. Em que batalha interveio Nun’Álvares Pereira?
2.3. De que praia partiu a frota de Vasco da Gama?
2.3.1. Quem denuncia os perigos dessa partida?
2.4. Há, num dos episódios, uma figura que aos portugueses tece grandes elogios,
por entre fortes ameaças.
a) Quem é?
b) Em que plano se deve incluir?
c) Tinha razão no que dizia?
2.5. Porque é que os Deuses decretaram a tempestade contra os portugueses?

3. Encontra nos versos transcritos as figuras de estilo neles realizadas e explica o


seu sentido.

Versos Fig. de estilo Sentido

“Que, da Ocidental praia Lusitana”


“Que eu canto o peito ilustre Lusitano”
“E vós, Tágides minhas, pois criado”
“Os ventos brandamente respiravam”
“De outra pedra mais clara que diamante”
“Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida”
“Tu, só tu, puro Amor, com força crua”
“Tirar Inês ao mundo determina”
“Mas ela, os olhos, com que o ar serena”
“Vós, ó côncavos vales, que pudestes”
“Correu ao mar o Tejo duvidoso”

4. Preenche os espaços em branco do texto que te apresentamos a seguir com as


palavras que se encontram no rectângulo.

Os Lusíadas são a culminação de toda uma e de uma civilização.


Mas, porque o são, constituem outra coisa para além disso, cuja quantidade acu-
mulada se numa nova qualidade. (...) fez, a partir das suas
próprias limitações e da amplitude do seu (…), uma obra que, tão
na sua complicada estrutura, se abria para o futuro. Tal como o seu
pensamento de poeta era uma constante da própria mutação essencial
do pensamento, assim a sua , ao basear-se nas mais recônditas e arcâ-
nicas congeminações civilizacionais, assenta em tão profundas que, lá
nesses abismos, a História é Mito. E é esse o triunfo do seu , que torna
inesgotável o seu , do mesmo modo que, por essência, é inesgotável o
seu pensamento lírico. Quando um homem se aproxima tão intimamente, como
ele , das raízes mais ocultas da consciência humana, identifica-se poeti-
camente com a própria que se encarna nele.
Jorge de Sena, A Estrutura de “Os Lusíadas”, Ed. 70

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