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ÌNDICE
1. NTRODUÇÃO....................................................................................................................3
2. LUTO EM ISOLAMENTO....................................................................................................4
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1. INTRODUÇÃO
A atual situação excecional, fez-nos mudar a nossa forma de viver e experienciar o
mundo, com consequências impensáveis e relevantes, causando mudanças em todas as esferas
da nossa vida, na nossa maneira de morrer e de nos despedirmos dos nossos mortos. Mudaram
as nossas rotinas, hábitos, costumes, formas de pensar, de nos relacionarmos, o que nos leva a
promover estratégias de adaptação.
Por esse motivo, este grupo de psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e terapeutas
especializados em perda e luto, desenvolveu uma série de propostas que esperamos virem a
ajudar na gestão dos processos de luto, nestes tempos difíceis de isolamento e incerteza. Assim,
propomos outras formas de colmatar essa necessidade de partilhar e expressar a dor com outras
pessoas e, ao mesmo tempo, permitirmos honrar a memória dos nossos entes queridos
falecidos.
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2. LUTO EM ISOLAMENTO
PESSOAS QUE ACABAM DE PERDER UM ENTE QUERIDO
Se você está em luto e começou a ler estas linhas, a primeira coisa que queremos
transmitir-lhe, é que lamentamos muito a sua perda e esperamos que este documento o(a)
possa ajudar a ultrapassar o seu luto.
Como enlutado, é normal que precise de saber que a sua dor tem impacto sobre os
outros; geralmente as pessoas que sofreram uma perda valorizam a presença e a companhia
das pessoas significativas. O apoio emocional recebido nesses primeiros momentos é crucial e
pode dificultar ou favorecer o processo de luto subsequente. Não obstante, para além das
circunstâncias da morte, a personalidade e o sistema de coping também desempenham um
papel importante, uma vez que podem ser fatores de proteção / risco e indicadores da
capacidade de adaptação dos enlutados à sua perda.
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É normal que tenha todas estas perguntas e muito mais. Todos nós encarámos a China
como estando muito longe e nunca pensámos que poderia chegar a Portugal. É por isso que
ainda estamos a processar que o vírus é real, que é uma pandemia global e que estamos em
estado de alerta. Não seja tão duro(a) consigo mesmo(a), as circunstâncias atuais estão além do
controlo de todos, analise esta situação a partir do seu coração, com compaixão e compreensão,
pois não necessita de adicionar mais dor à sua dor. Às vezes, não são as respostas a essas
perguntas que nos irão serenar, mas a aceitação de que, embora seja uma realidade dolorosa e
traumática, somente através de um caminho constante e paciente para a aceitação, o nosso
coração dorido encontrará o conforto e sairemos mais fortes. Sabemos que agora é difícil ver e
sentir isto, é por isso que propomos que conheça algumas propostas de autocuidado que podem
ajudá-lo(a) nas primeiras etapas do seu processo de luto.
Talvez a equipa da agência funerária o(a) possa ajudar a transmitir as expressões que
pessoalmente teria gostado. Por exemplo, suponha que faleceu um dos cônjuges de um casal
de idosos, quão difícil é não poder dizer adeus ao amor de toda a sua vida!..., mas não devemos
isolar o enlutado. Talvez um(a) filho(a) ou um agente funerário possa ser o elo para se realizar
no local uma homenagem: ler uma carta, incluir um objeto no caixão, colocar a música favorita
de ambos... e se fosse possível transmiti-lo em tempo real, por videochamada ou fazer uma
gravação. Proteger através do isolamento os nossos idosos não significa isolá-los ainda mais
emocionalmente, vamos ser mãos, olhos, voz, permitir-lhes que sejam protagonistas, mesmo à
distância. Com isso também queremos reconhecer o valor do trabalho das agências funerárias.
Obrigada.
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Os rituais de despedida são atos simbólicos que nos ajudam a expressar os nossos
sentimentos perante uma perda, a colocar um pouco de ordem no nosso caótico estado
emocional, a estabelecer uma ordem simbólica para os acontecimentos vitais e que nos
permitem a construção social de significados partilhados. Abrem a porta para a tomada de
consciência do processo de luto.
Alguns desses rituais podem ser mais ou menos alargados no tempo, não será o mesmo
escrever uma carta, que criar um diário ou um altar permanente. A questão é que tipo de ações,
que ao terem uma carga simbólica e emocional, te permitem conectar com a tua dor, te ajudam
a ir integrando o que aconteceu e como o estás a viver.
OS RITUAIS DE DESPEDIDA
- Talvez nestes primeiros momentos não lhe apeteça partilhar socialmente esta experiência,
apenas estar com os mais chegados e desta forma resguardar-se num espaço mais intimo. Se é
assim, está no seu direito de o fazer, mas deverá comunicar a quem está à sua volta que este é
o seu desejo. Não obstante, permita que as pessoas que lhe querem bem estejam disponíveis
para si, deixe que o(a) cuidem na medida do possível.
- É uma situação excecional. Penso que mais à frente, se necessitar, organizar uma cerimónia
ou um ritual que teria gostado de realizar naquele momento. Trata-se de encontrar o tempo
para tal.
-Preparar algo escrito para quando reunir com todos os seus familiares/amigos poder fazer uma
homenagem presencial, tal como teria gostado. Ou pode gravar um vídeo e partilhar com as
pessoas que considera significativas, através das redes sociais, WhatsApp, etc.
- Utilize as técnicas da narrativa terapêutica. Pode escrever uma carta, dirigida ao seu ente
querido que faleceu contando-lhe como se sente com toda a situação, ou escrevendo a uma das
suas emoções (Carta para a minha tristeza, raiva, etc.), a Deus, à Vida, a outras pessoas. Outra
opção é escrever poemas e mensagens cujo conteúdo seja algo que diria a essa pessoa, como
se estivesse aqui, lembranças positivas, sentimentos de agradecimento, desculpas etc. Ou
recolha textos escritos por outros autores com os quais se sente identificado(a). Também pode
fazer um diário em que expresse tudo o que está a sentir todos os dias. O que contamos e
expressamos existe e ajuda-nos a tomar consciência da realidade da perda e confronta-nos
durante o processo.
- Faça desenhos que permitam expressar de uma maneira simbólica o seu sentimento, quando
as palavras ficam presas.
- Pode destinar um canto de uma sala, mais silencioso ou íntimo, como o canto da memória.
Coloque uma foto da pessoa falecida ou um objeto que simbolize o relacionamento com essa
pessoa. Decore esse canto como quiser: flores, velas, música, poltrona confortável, etc. Sempre
que quiser (você e as pessoas que moram consigo) podem ir para o canto para ficar em silêncio,
orar, expressar o que sentem, conversar dizendo-lhe como se sente agora que ela morreu, como
você acha que a sua vida será a partir de agora, lembre-se dos momentos que partilharam, do
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que gostou e do que não gostou, explique por que tiveram que se despedir desta maneira,
explique como gostaria de ter feito o funeral e o enterro, etc.
- Se se sentir bem agora, use fotos ou vídeos que possam ajudá-lo(a) a conectar com memórias.
Algumas pessoas acham útil recolher vários documentos e num audiovisual, criar álbuns ou
minidocumentários honrando a vida partilhada. Cada pessoa tem a sua maneira de elaborar e
enfrentar os seus processos de luto e tem o seu próprio tempo para isso.
- Construa uma caixa de memórias, para guardar as lembranças da pessoa que morreu. Decore-
a ao seu gosto. Esta atividade sugerida pode ser realizada com outros membros da família com
quem coabita (por exemplo, filhos).
- Pendure na sua varanda, janela ou porta algum objeto / cartaz / sinal que o(a) lembre quem
morreu ou que simbolize a sua partida. Sugerimos que faça uma bandeira tibetana
(https://budismopetropolis.wordpress.com/2016/06/06/o-significado-das-bandeiras-de-
oracoes/) com pano ou pedaços de papel e corda, e em cada faixa você pode escrever uma
mensagem para o falecido. Pode realizar esta atividade com toda a família e amigos que o
desejarem.
- Organize uma cerimónia ou reunião virtual: proponha uma reunião virtual usando uma
plataforma on-line (Skype, Zoom etc.) que permite ligar-se a várias pessoas e desenvolver um
ritual, onde cada um possa participar com um objeto ou frase que representem a pessoa falecida
e existir assim um espaço de partilha. Construa uma cerimónia para si e para a sua família. Se é
crente, talvez um padre ou um guia espiritual da sua comunidade possa ajudá-lo(a) a fazer essa
cerimónia à distância (videochamada, gravação para a família). Pode escolher uma peça musical,
decorar com desenhos das crianças, fotos, poesia, escreva um texto onde as memórias e os
sentimentos sejam expressos e dirigidos à pessoa falecida, acenda uma vela enquanto diz
algumas palavras ao seu ente querido ausente. Faça um minuto de silêncio para expressar amor,
perdão e gratidão.
- Publique no seu mural / rede social e escreva, como uma homenagem, sobre o legado da vida
que lhe deixou. E assim, partilhando-o, os seus contatos terão a oportunidade de poder
expressar suas condolências e apoio, acompanhá-lo(a) através de palavras, música e imagens.
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- Partilhe memórias e momentos especiais, resolva assuntos pendentes: talvez possa pedir aos
seus amigos e familiares que partilhem um momento especial, uma história para o(a) ajudar a
conhecer melhor a pessoa falecida. Também pode enviar uma foto do falecido para o WhatsApp
ou redes sociais.
- Construção de uma página (web, Facebook) ou grupo do WhatsApp etc., onde familiares,
amigos e conhecidos podem expressar suas condolências e prestar homenagem ao falecido.
É importante incluir crianças, idosos e pessoas com deficiência nos rituais, explicando
naturalmente, de acordo com a idade e condição, o que será efetuado e como podem participar.
Toda a pessoa precisa de se sentir amada e de dar amor, ser cuidada e cuidar, sentir-se seguro(a)
e dar segurança, sentir-se validada, reforçada, compreendida, respeitada e acompanhada nos
seus processos de vida; portanto, também precisará de devolver reciprocamente o que lhe é
dado. Permita que todos os membros da família, sem exclusão, se sintam integrados e
sustentados nestes tempos difíceis. Construa redes em vez de paredes. (Mais adiante poderá
encontrar algumas orientações especificas).
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compras, consumo de álcool, drogas ou outras substâncias tóxicas, festejando, sem falar sobre
o que aconteceu, tentando não pensar nem chorar, etc.), também acabaríamos por cair.
Uma vez que tal seja interiorizado, a primeira regra de autocuidado em pessoas
enlutadas que lhe propomos para se equilibrar, será o cuidar de quatro aspetos importantes em
cada pessoa: parte física-somática, parte emocional-relacional, parte cognitivo-mental e a sua
parte espiritual. 1
- Alimente-se e hidrate-se, não muito, nem muito pouco, coisas boas e saudáveis. Se
tem menos apetite, ingira ao longo do dia pequenas quantidades de alimentos. Evite comer
obsessivamente, em qualquer caso. Não se alimentar bem, aumenta a irritabilidade e reduz a
energia.
- Faça exercício físico, isso ajuda a descansar. Agora, procure um espaço em casa: na sua
varanda, na sua sala de estar, no corredor. Pode pesquisar propostas de exercícios ou de
alongamento na internet, adequando-as à sua condição física e idade, mas que incluam
movimentos dos braços e dos músculos peitorais.
- Faça alguma atividade física criativa: cozinhar, cuidar de uma planta, artesanato.
- Não se abandone, tome banho, escove os dentes, troque de roupa para se manter
apresentável.
- Apanhe sol sempre que possível, vá à janela, sente-se na varanda ou suba ao terraço,
dadas as condições atuais.
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- É normal que surjam emoções e sentimentos de solidão, tristeza, raiva etc. Pode ser
reconfortante partilhar como se sente, seja com as pessoas que o(a) acompanham ou com
outras pessoas através de conversas telefónicas, mensagens ou redes sociais (por exemplo, o
WhatsApp). Embora não estejam fisicamente presentes, certamente os seus familiares/ amigos
estão disponíveis.
- Se quer ficar sozinho, tente respeitar esse sentimento, mas sem se isolar
completamente. Sim, você precisa de momentos de recolhimento, explique-os às pessoas com
quem habita. Encontre um lugar em casa onde possa ficar sozinho(a) e tente digerir calmamente
esses sentimentos.
- Círculos de segurança: faça uma lista das pessoas com quem se sente mais confortável
(comunique via Skype, WhatsApp, telefonemas etc.). Pode ter diferentes listas de contatos para
distintos estados de ânimo, porque cada pessoa das suas listas tem caraterísticas diferentes e
estão lá para o(a) ajudar. Reconforte-se com eles em momentos de desanimo ou preocupação
ou anime-se com a sua alegria.
- Para si, o mais importante é a perda de seu ente querido, e espera-se que possam
surgir sentimentos de solidão, de desamparo, mal-entendidos, ... gerados pela falta de atenção
ao seu redor. Pense que não se trata de falta de apreciação ou indiferença em relação a si, mas
que a atenção das pessoas está focada na situação crítica pela qual estão a passar. Todos nos
sentimos impotentes e chocados com este estado alerta da saúde.
- Se precisar de ver ou conversar com um familiar ou amigo, peça à pessoa que o(a)
acompanha para facilitar esse contato, por telefone, via correio ou através das redes social
(Skype, Face time ou outros media) ... Não espere que eles entrem em contato consigo; está
legitimado(a) e tem o direito de solicitar esse suporte.
- Escreva sobre como se sente. Pode ser reconfortante expressar a sua dor ou a sua
solidão ao escrever ou ao gravar a sua voz.
- Use os grupos de suporte que operam nas redes sociais. Poderão ajudá-lo a sentir-se
menos isolado(a).
- Peça ajuda, se necessário. Lembre-se de que a sua família e amigos vão querer ajudá-
lo(a), embora eles não saibam como fazê-lo. Dê-lhes a oportunidade de fazerem isso e diga-lhes
o que é que precisa. Comunique também com eles com videochamadas, Skype ou WhatsApp.
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- Evite tudo o que contamine a sua mente, imagens, demasiada informação sobre o que
está a acontecer (covid-19), ruídos e experiências que lhe causam dano (violência, negativismo,
estridência). Rodeie-se de coisas, sons, imagens que considera benéficas para si.
- Defina objetivos a curto prazo: tanto para o seu luto, como para a situação de incerteza
em que nos encontramos, tente viver o dia-a-dia com objetivos simples que o(a) ajudarão a ter
uma estrutura e coerência. Nesta situação de isolamento, mantenha uma rotina diária com
horários referentes às atividades de casa, exercício físico, horário da TV, descanso, etc.
- Não tome decisões importantes até que o luto progrida e toda esta incerteza social e
económica causada pelo vírus melhore.
- O que fazer com as recordações? Reserve um tempo para decidir o que gostaria de
fazer com os objetos que pertenciam à pessoa falecida. Por enquanto, eles são a parte física que
resta dela, coisas que você pode tocar, cheirar, beijar, abraçar, ... e que o ajudam a conectar-se
fisicamente com a sua memória e a poder canalizar as suas emoções para viver o agora (tristeza,
saudade, ...). Permita-se conectar com as emoções que surgem neste momento.
- Ler livros sobre luto, assistir a filmes, séries e/ou documentários pode ajudá-lo(a) a
entender e a normalizar o seu processo e a situação atual.
Parte espiritual
A espiritualidade é uma dimensão humana universal. Há pessoas que são religiosas e
pessoas que não são, mas somos todos espirituais, mesmo que não desejemos reconhecê-lo, e
por esse motivo é necessário cuidar desta dimensão.
- Crie um espaço especial, um lugar para colocar as suas lembranças, que simbolize o
espaço destinado a não esquecer. Decore ao seu gosto: flores, velas, livros, fotos. Um canto
onde "eu me permito sentir e expressar as minhas emoções".
- Faça uma prática de silêncio diariamente, isso ajudará a se tornar mais consciente de
si mesmo, das suas emoções e aliviará sintomas como angústia, medo etc.
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- Faça alguma atividade que melhore sua criatividade artística. Desenho, música,
dança, … Isso ajudará a expressar as suas emoções, irá mantê-lo(a) entretido, dará sentido ao
seu processo de luto.
Pode sentir-se triste, zangado, desamparado por não poder estar presente. São
sentimentos normais diante da situação declarada, mesmo que a necessidade de acompanhar
e estar presente seja muito reconfortante nestes momentos dolorosos. Mas é importante que
consiga transmitir os seus sentimentos aos enlutados.
- Partilhar memórias, tudo o que a pessoa que morreu deixou nas nossas vidas.
Pode manter o contato telefónico ou por outros meios com os enlutados para lhes
expressar que gostaria de os acompanhar neste momento. As pessoas em luto raramente têm
a iniciativa de ligar, pode enviar uma mensagem por WhatsApp, para perceber a sua
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disponibilidade para falar e se, nos primeiros momentos, sentir que se a pessoa não está à
vontade, não está recetiva, respeite o seu momento.
Pode enviar uma mensagem escrita ou um vídeo curto, sozinho(a) ou com outras
pessoas amigas íntimas. Não é um discurso elaborado; apenas uma frase, um silêncio, mostrar
a sua disponibilidade ou o seu carinho é suficiente. Frases como:
• “Não precisas de me responder se não estiveres com vontade, só quero saber como estás e
que saibas que estou disponível se quiseres conversar "
• "Eu só quero que tu saibas que estou aqui para ti.", ...
• “Gostaria de estar a acompanhar-te, mas mesmo que não esteja a acompanhar fisicamente
tenho-te presente no meu pensamento”
Às vezes somos nós que não podemos falar com a pessoa que está a sofrer ou temos
medo de o(a) magoar e / ou achamos difícil apoiar a sua dor. Quando for capaz de conversar
com a pessoa, pratique uma escuta ativa e empática, facilita o seu alívio, permitindo que
expresse como se sente e as coisas que sente falta do seu familiar. Evite usar frases feitas, que
apenas servem para desvalorizar a dor.
• NÃO DIGA: seja forte. Anime-se. Faça isso por seus filhos ou outras pessoas
importantes. Distraia-se que ficará bem. Não chore mais pois está a torturar-se, não o deixas
descansar. A vida continua. É a lei da vida. Resigna-te. Foi a vontade de Deus. Agora ele não sofre
mais. O primeiro ano é o pior, então você verá. Eles são jovens, terão outro filho novamente.
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• PODE DIZER: “Gostaria muito de poder dizer algo que alivie a tua dor, mas não consigo
encontrar palavras. Quero que saibas que estou aqui e que penso em ti com muita frequência.”
É importante também prestar atenção às pessoas que não são reconhecidas como
enlutados como casais separados, cuidadores...porque eles também precisam do
reconhecimento de sua dor.
• Não use eufemismos ("ele foi embora", "ele está a dormir", ...). Diga que ele está morto e que
não poderá voltar a vê-lo. Esteja atento à sua reação emocional, acolha-a, valide-a.
• Explique que membro da sua família ficou muito, muito, muito, muito doente, para que
quando alguém ficar doente, não se pense que vai morrer.
• Não esconda os sentimentos na sua presença e responda às suas perguntas de uma maneira
simples e adaptada à sua idade. Podem chorar juntos, para que saiba o que é normal quando
um ente querido morre, mas atenção para não se desequilibrar de modo a poder continuar a
apoiá-los.
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• Crianças e pessoas com deficiência não precisam de ser excluídas da realidade que está a ser
vivida, precisam de ser incluídas, autorizadas, validadas, ouvidas, cuidadas, acompanhadas.
Desta forma, estamos a ajudá-las a sustentar e superar situações difíceis na sua vida. "Não existe
ambiente pior do que aquele que não acompanha e incapacita". O que é apropriado é que elas
sejam informadas e que escolham participar ou não e de que maneira.
• Esteja disponível para responder às suas perguntas, é muito possível que perguntem se a
pessoa que morreu tem fome, sono ou sede. Se não sabe o que responder e / ou não sabe a
resposta, não a engane, não ofereça uma realidade inventada, responda honestamente dizendo
que "neste momento não sei "ou “isso é muito difícil responder agora". Lembre-se de que todas
as pessoas, independentemente da sua idade, precisam de se sentir seguras e cuidadas,
especialmente numa situação de perigo e impacto emocional significativo.
• Explique porque neste momento não tem tanto contato com outras pessoas importantes ou
porque não foi possível despedir-se do seu familiar. Diga que os seus amigos, professores e
família, o amam muito, mas agora existem pequenos bichinhos que podem transmitir-se, e por
isso temos que lavar as mãos e precisamos de encontrar uma maneira de poder transmitir amor
sem estar presente / em contato constantemente, como por exemplo: mandando beijos
voadores, pintando uns traços iniciais de um desenho e a outra pessoa irá continuar esse
desenho, fazer videochamadas com colegas etc. Trata-se de tornar a sua rotina o mais variável
possível.
• Permita que expresse os seus sentimentos e as suas emoções: raiva, tristeza, desamparo, etc.
Após os primeiros momentos do impacto e a sua expressão inicial, ofereça outras alternativas
que ajudem a criança a canalizar a sua dor, por exemplo: fazer um desenho, escrever uma carta,
explicar por escrito como se sente, uma história sobre o que aconteceu, etc. Ou que a criança
diga o que quer.
• Como os adultos, as crianças têm as suas necessidades, as suas estratégias e os seus horários.
Não lhes imponha outros. Em caso de dúvida, é melhor perguntar e esclarecer: "quando me
dizes que tens um nó no estômago, como é isso para ti? ","Podes explicar / desenhar a tua
raiva?”.
• Não devemos interromper a sua expressão com frases como: "Tu precisas de ser forte", "não
chores", "não há problema em ficares com raiva assim” ...É importante validarmos a sua emoção
e expressão de sentimentos: "para mim também está a ser difícil", "é normal chorar / ficarmos
com raiva / medo, eu também chorei / fiquei com raiva / com medo de descobrir ", etc.
• Garanta o cuidado e o afeto. Se os pais estão muito perturbados e não podem assumir as suas
responsabilidades, eles precisam de pedir ajuda profissional. Durante esse tempo é importante
encontrar uma pessoa significativa que garanta a atenção e o cuidado necessários enquanto os
pais recuperam emocionalmente.
• Mantenha uma rotina diária (dentro do possível) para lhe dar maior segurança, ajudando a
recuperar hábitos e a promover maior sentido de controlo da situação (comida, sono, atividades,
escola, etc.)
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• Evite o contato com imagens ou mensagens do que aconteceu através dos meios de
comunicação. Se isso não for possível, devem ser acompanhados por um adulto que possa ouvir
as suas dúvidas, preocupações e emoções quando forem confrontados com a notícia.
• É normal que nos primeiros momentos regridam, fazendo coisas que já tinham ultrapassado,
tais como: não querer dormir sozinho e / ou com a luz acesa, fazer xixi ou cocó, chupar o dedo,
voltar a gatinhar, mostrar medo de estranhos etc.
• Também é normal que algumas crianças, face ao impacto inicial, retomem a rotina como se
nada se tivesse passado. Inclusive não querer falar sobre isso. Nestes casos, você pode dizer por
exemplo: "Quando quiseres conversar sobre o que aconteceu, eu estarei aqui.”
• Outras, por outro lado, mostrarão uma preocupação contínua pelo que aconteceu, chegando
mesmo a manifestações excessivas e obsessivas. Nestes casos, por exemplo: facilitar a expressão
do medo e preocupação, acompanhar a emoção e depois usar outras técnicas que as ajude a
regular e a adaptar (relaxamento, meditação, atividades de distração etc.)
• Em situações de stress e impacto emocional, é normal ter reações e sintomas físicos como:
perda de apetite, náuseas e / ou vómitos, comer demais, dores de estômago ou de cabeça,
cansaço, ... "enjoos".
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"Eu nunca vi crianças traumatizada pela exposição à morte, o que eu vi são crianças
traumatizadas pela ansiedade dos sobreviventes ".
• Existem vários recursos para abordar o conceito de perda e morte e o processo de luto para
crianças: livros, vídeos do YouTube, filmes, jogos, ...encorajamos a que explore estas
possibilidades de modo a obter conselhos o mais apropriados para cada idade e cada situação.
Adaptar-se à situação especial que estamos a viver, devido à presença do vírus Covid-
19, é difícil para todos, é normal que custe a todos nós, incluindo os adolescentes. Mais ainda,
se adicionarmos uma perda familiar a estes momentos. É normal que, durante este período,
surjam momentos de desânimo, de ansiedade, de necessidade de estarem sozinhos no seu
quarto .... É importante acompanhá-los, respeitando as emoções que vão apresentando a cada
momento. Devemos ouvi-los sem julgamento, sem avaliar os seus sentimentos.
Ainda assim, nestes tempos excecionais, onde se podem sentir mais isolados ou
excluídos do que o normal, é aconselhável ter em conta certas orientações relativas aos
adolescentes, muitas vezes considerados "os grandes esquecidos".
- É importante que os adolescentes saibam como manter contato com as pessoas que
amam e com as que não podem ver por causa da situação atual, bem como as que estão
hospitalizados ou em isolamento. Tem de os ajudar a encontrar uma forma de irem mantendo
contato com estas pessoas, para que possam sentir-se mais seguros.
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- Para um adolescente, é muito difícil imaginar a vida sem aquela pessoa que acaba de
perder. O adolescente tem que enfrentar a perda do ente querido, enquanto enfrenta todas as
mudanças, dificuldades e conflitos típicos da idade e as circunstâncias atuais do isolamento.
- É possível que muitas perguntas sejam feitas sobre toda essa situação tão confusa,
sentem raiva, frustração, desamparo ..., portanto, é importante acompanhá-los e transmitir-
lhes que está ali para eles, mesmo que não tenha respostas para todas as suas perguntas.
Partilhar os nossos sentimentos com eles, fará com que se aproximem emocionalmente e
permitirá encontrar outras formas de tranquilidade.
- Tenha em conta a opinião deles, eles sentem que não os têm em consideração. Inclua-
os nas atividades que implementa para estarem em contato com os familiares. Da mesma forma,
também nos rituais que decidir realizar se a morte acontecer. Nesses casos, eles podem ser uma
ajuda valiosa na colaboração com o uso das novas tecnologias ou usarem as suas capacidades
em informática (vídeos, músicas, álbuns digitais). Será uma oportunidade para terem um papel
ativo, sentirem-se úteis e recordarem-se desses momentos com amor e orgulho, porque eles
facilitaram a última despedida, esse acompanhamento ou esse ritual partilhado à distância com
os outros membros da família. Deixe-os também saber da vossa gratidão e apreço pelo seu
trabalho.
- Não esconder o que sentimos, não se esconda para chorar (a menos que seja um choro
desregulado). Promover neles a expressão de emoções e o uso de recursos expressivos que eles
tenham para o fazer: música, escrita, desenho, vídeos .... Respeite os seus tempos e não fique
muito perto (para não os sobrecarregar), nem muito longe deles (para não se sentirem
abandonados).
- Também esteja preparado(a) para que minimizem a dor, mostrando que essa relação
para eles não importava e essa perda não os afeta. Expressarão isto com frases como: "Bah, se
eu não o visse tanto assim!”, ele não era tão importante. Seja paciente, é a sua maneira de se
protegerem da dor.
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GUIA LUTO COVID19
- Tente manter uma rotina diária, não deixe que eles se abandonem, ou vos
abandonem. Dê-lhe alguma responsabilidade dentro de casa. Isso dá-lhes segurança e uma certa
ordem e faz com que se sintam úteis.
- Eles podem mostrar-se apáticos, pensando que a vida não tem sentido e sem paixão
por coisas que costumavam entusiasmá-los. É um bom momento, para que possam procurar
coisas novas para se entusiasmar, existem muitas plataformas, sites etc. onde se ensinam e
praticam uma multiplicidade de atividades.
- Em alguns momentos, eles podem ficar zangados ou culpados pelo que aconteceu,
valide o seu mundo emocional, diga-lhes que todas as emoções são legítimas. Permita que se
expressem, deixe-os desabafar, explore com eles essas emoções, as suas preocupações reais,
vamos ajudando-os a entender a realidade do acontecimento.
- É importante respeitar os seus momentos e os seus silêncios, porque eles nem sempre
querem falar da morte. Muitas vezes escondem a sua dor porque se sentem preocupados com
a sua família e querem protegê-la ("Evito falar sobre o avô porque a mãe está muito doente, eu
vejo-a chorar ... "). Simplesmente informe que estará aqui quando quiserem falar ou perguntar
algo. No entanto, esteja atento a esse comportamento super protetor e também aos
comportamentos que são o oposto, de despreocupação e irresponsabilidade.
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GUIA LUTO COVID19
- Entrar em contato com seu tutor ou professores para explicar a situação e entre todos
acertarem como realizar as tarefas escolares durante esses dias sem excessiva pressão.
- Use recursos como livros, filmes, curtas-metragens, ... sobre a morte e a perda de um
ente querido que pode ajudá-los a entender e integrar o que aconteceu e a aprender estratégias
alternativas.
- Que a vossa atitude em relação à morte durante esses dias, para eles, seja harmoniosa,
embora seja uma aprendizagem difícil. "Não é o que nos acontece, mas a atitude que
escolhemos ter em relação ao que nos acontece”
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GUIA LUTO COVID19
Siga esta orientação: inspire contando até 1 e expire contando até 2. Repita esta ação
duas vezes para depois respirar dobrando os tempos: inspirar contando até 2 e expirar contando
até 4, depois dobramos os tempos novamente, inspiramos contando até 4 e expirar contando
até 8. Chegamos até onde formos capazes. Em seguida, concentre-se na parte do corpo que
mais sente, fique com essa sensação e descreva-a com uma palavra. Por último, associe a essa
palavra, uma imagem relaxante com a sensação de alívio que experimentou. Guarde esta
imagem para a recordar mais tarde, noutro momento em que se volte a sentir o mesmo peso
da tristeza.
b) Praticar ioga para grávidas. Se já praticou anteriormente, pode entrar em contato com o seu
centro ou professor ou procure um especialista que conduza sessões através das redes sociais.
c) Praticar Grounding (enraizamento), é uma técnica muito interessante e fácil de praticar. Está
relacionada com a postura e o tipo de respiração que é realizada para estar em equilíbrio.
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GUIA LUTO COVID19
Etapa 3: Levamos toda a nossa atenção para a sensação de contato de nossos pés com o chão
ou com a sola do sapato, como ela adere.
Passo 5: Agora imaginamos que surgem raízes dos nossos pés, elas entram no chão, na terra, e
vão ficando mais profundas, expandindo-se cada vez mais.
Etapa 6: Sentimos como essas raízes nos fortalecem e nos mantêm ancorados à terra.
Além destas propostas, lembre-se de que, em termos gerais, deve cuidar da sua dieta, seguir
uma rotina diária de autocuidado, procurar ajuda quando precisar e não se isolar
emocionalmente. Reúna-se virtualmente com o seu grupo de amigos, familiares ou outras
grávidas, conte-lhes o que aconteceu e deixe-se cuidar, para que também possa fazê-lo.
Se este é o seu caso, fazemos chegar uma série de recomendações com o objetivo de o
ajudar e permitir que continue a seguir o seu caminho do luto:
• No caso de, por diversas circunstâncias, não possa contar com ninguém que o oiça e
necessita de falar do seu luto ou da angústia que sente nestes dias, existem recursos
telefónicos, online, etc que foram criados devido à situação de isolamento, e aos quais
poderá recorrer.
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• Faça uma lista de pessoas que poderia chamar. Pense em amigos, familiares, ... com os
quais se sente confortável porque o sabem escutar e se sente compreendido dado que
validam a sua dor. Não estamos sós nesta crise de saúde pública e social, podemo-nos
sentir acompanhados, inclusive no distanciamento.
• Em contrapartida, se a sua casa se converteu numa prisão para si, onde as recordações
do ente querido a perseguem continuamente e já não pode recorrer às coisas que a
ajudavam no processo do luto, como sendo: sair e passear, ir aos encontros com o seu
grupo do luto ou a qualquer atividade física, artística, espiritual/religiosa, de lazer, etc;
propomos que se recorde das coisas que gostava de fazer antes da perda, o que são
novidades para si e lhe apeteça descobri-las pela primeira vez. Experimente a fazê-las,
seja só ou acompanhado das pessoas que estão a seu lado. Coisas como: cozinhar, fazer
exercício físico (dança, yoga, tai-chi, alongamentos, etc), desenhar, trabalhos manuais,
cozer, ouvir ou aprender música, aprender a utilizar novas tecnologias, relembrar ou
aprender um novo idioma.... Qualquer coisa que o ajude a focar a atenção, permitindo
descansar a mente de pensamentos improdutivos, mantendo-se intelectual e
fisicamente mais ativo.
• Se se encontra num momento do luto em que seja possível, poderá fazer uma caixa
com as recordações mais significativas do seu ente querido ou elaborar um álbum com
todas as fotografias que não tem organizadas. Este tempo de isolamento pode ser uma
oportunidade para elaborar tarefas do luto que por falta de tempo ou por outros
motivos estavam a ficar pendentes. Sempre e quando sentir necessidade e entenda o
benefício, deverá fazê-las.
• Nestes dias de restrição da liberdade de movimento das pessoas, onde não poderá ir
ao cemitério honrar o seu ente querido, poderá procurar um canto da casa e convertê-
lo no seu lugar de homenagem (embora talvez já tenha esse lugar em casa). Decorá-lo
como mais gosta, poderá colocar flores de papel, velas, objetos que o simbolizem, que
o ajudem a conectar-se com ele/ela, e onde poderá recorrer sempre que precisar, só
ou compartilhando esse momento com a família que tem a seu lado.
• Sabemos que são dias muito complicados onde a gestão de emoções e a regulação
corporal colocam-no à prova. Tenha em conta e reforce o percurso que já decorreu do
caminho do seu luto. Encorajamo-lo a que, apesar da situação de emergência em que
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vivemos, utilize todos os meios ou sugestões que estão nas suas mãos para que possa
prosseguir por eles, para voltar a encarar a vida acompanhado do amor do seu ente
querido. Todos carregamos uma luz interna ao nascer e que nos guia e nos dá calor nos
momentos difíceis; às vezes parece ténue e invisível, mas se nos permitirmos avivá-la,
continuará lá para nós e para os outros.
SE ESTÁ EM CASA
É possível que tenha medo que os serviços domiciliários não continuem; ou que algum
dos membros da equipa médica poderá estar infetado com o vírus e que possa contagiá-lo ou à
sua família, duvidas sobre se poderá continuar a cuidar do seu familiar ou se complicará a sua
situação clinica e o que fará caso isso aconteça. São inúmeros os pensamentos e emoções que
poderão assombrar neste momento.
É importante que saiba que as equipas médicas cumprem as medidas restritas para
evitar que isto aconteça, que pode igualmente executar as diretrizes gerais em sua casa, como
por exemplo, manter a distância de segurança, lavar as mãos, limpar com um produto
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Em princípio, não está previsto cancelar nenhum serviço que requeira uma atenção
urgente como cuidar da situação em que o seu familiar se encontra.
A recomendação geral é que, se está no domicílio, como medida protetora, não recorra
ao hospital, ligar primeiro para aos serviços paliativos domiciliários para colocar qualquer dúvida
ou questão.
Cuide-se! Procure um espaço e tempo para si. Sabemos que é difícil neste momento,
porque as medidas recomendam o menor número de cuidadores por paciente para poder evitar
possíveis contágios. Pratique o aqui e agora, centrando-se nas pequenas coisas do dia-a-dia, as
que são importantes no momento para poder gerar um ambiente mais saudável e equilibrado
tanto quanto possível. Manter as rotinas e permitirmo-nos tempos de descanso e de lazer
dentro de casa, ajudar-nos-á a ocuparmo-nos e a afastar as preocupações. Algumas coisas que
podem fazer: ler, ver uma série ou filme, realizar passatempos, praticar um pouco de exercício
(alongamento, dança, etc), permitir-se um banho mais prolongado, não fazer nada durante um
momento, para estar consigo mesmo, etc.
ASSISTÊNCIA PSICO-SOCIAL
Tanto a nível domiciliário como hospitalar (sujeito à idiossincrasia de cada hospital, entidade
e concelho, dado que nem todos disponibilizam estas opções):
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• Outras opções serão contatar o centro nacional de emergência, que conta neste
momento com apoio psicológico telefónico, como profissionais especializados.
• Também poderá contatar com algum psicólogo no setor privado, terapeuta da dor ou
alguma plataforma que ofereça assistência psicológica especializada (atualmente
existem muitas iniciativas que circulam nas redes sociais, muitas delas gratuitas).
Dizer-lhe que, mesmo que não possa estar perto fisicamente, poderá sempre dar o seu
apoio ao seu familiar ou ao cuidador principal. O que poderá fazer:
• Enviar áudios ou vídeos à sua família, fazendo-lhe sentir a vossa presença e afeto.
Isto ajudará a desconectar do ambiente hospitalar e conectar com situações mais
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amáveis. Também facilitará que os filhos, pessoas com deficiência e maiores a nosso
cargo possam estar conscientes da realidade e ajudar na sua compreensão e
integração posterior no luto.
• Caso o seu familiar já esteja com muita medicação e o nível de consciência seja
diminuto, deve saber que o tato e a audição são os últimos estímulos que deixamos
de sentir pelo que poderá sempre, através do familiar que o acompanha e/ ou da
equipa de profissionais de saúde, enviar um áudio transmitindo o seu amor ou as
coisas que são importantes para si.
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Estas respostas são normais, mas com o tempo podem converter-se em respostas
de stress pós-traumático. Para prevenir e / ou parar a sintomatologia que poderá estar sentindo
agora e que se pode desenvolver, propomos:
• Apoiar-se nos seus companheiros, nos seus amigos e familiares. É normal que
sobre proteja estes últimos para não os “contaminar”, mas lembre-se que “sozinha
é apenas uma gota, mas juntos serão o oceano”.
• Se faz alguma prática de meditação, tente praticar no início e no fim do dia ou talvez
poderá incorporar alguma prática de relaxamento com respiração. Recomendamos
que pratique na sua vida diária.
• Comece o dia com um discurso interno e externo positivo e otimista, sem deixar
de ser realista com a situação. Termine-o agradecendo o recebido e o dado por sua
parte no dia de hoje, cultive a compaixão, a atitude bondosa e compreensiva a si
mesmo e aos outros.
• Utilize os profissionais de saúde mental que estão disponíveis para si, se assim o
considerar.
• Procure o seu sentido de humor, na medida do possível, poder ser uma boa
estratégia para libertar emoções e tensões.
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ferramenta útil que o ajude a seguir o seu trabalho da forma mais humana possível
e reduzir as suas respostas de stress. Assim como um modelo de carta de
condolência para aqueles profissionais / serviços / unidades que o desejem podem
mostrar desde o respeito e o afeto ao apoio e consolo às famílias.
o Identificarmo-nos
o Dar informação clara e progressiva
o Procurar um momento que possamos dedicar ao telefonema
o Fazê-lo num local com pouco ruido e onde possamos dar a informação com o máximo
de tranquilidade.
o Dar à pessoa a possibilidade de fazer as perguntas e de obter as respostas de que
precisa. Se não soubermos responder a alguma questão devemos dizê-lo e se
entendermos poder vir a esclarecer alguma questão mais tarde, devemos comunicá-lo
à pessoa. Esta atitude propiciará tranquilidade.
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- Informar os familiares de que não é permitido estabelecer contacto com o seu familiar
falecido ou com qualquer material contaminado. Se por razão maior, a presença de um familiar
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- Enviar carta de condolências e/ou efetuar contacto telefónico posterior, dando conta
do respeito e do afeto sentidos pela Equipe ao mesmo tempo que se oferece o
acompanhamento nas necessidades que venham a surgir. Desta forma estreitam-se os laços
entre as partes e releva-se o sentimento de humanidade;
- Deve-se ser proactivo respondendo às perguntas que nos colocam evitando os termos técnicos
já que o seu uso aumenta a distância com o familiar. Deve usar-se uma linguagem simples que
possa ser entendida por todos.
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- Início da chamada: Ter em conta o Tom de Voz que desejavelmente será Amável, de
Proximidade, com Discurso Pausado sem acelerar no débito de palavras. Devemos apresentar-
nos: Qual a nossa função, equipe a que pertencemos, o Nome e outros eventuais elementos de
ligação ao doente. Considerar a possibilidade de ter que repetir a informação mais do que uma
vez, reformulando eventualmente, atendendo ao estado emocional que se desenrola e que é
resultado da Má Notícia. Pode haver Choque, Confusão ou outro impacto maior. Deve-se ter
também a perceção da reação da pessoa à notícia, considerar a idade do interlocutor, eventual
doença ou particular fragilidade. Pode pedir-se à pessoa que se sente, perguntar se está
acompanhada, tentar prevenir um impacto doloroso ou desencadeador de uma crise
secundária.
- Comunicar a Má Notícia: Ao comunicar a Má Notícia devemos ser claros, deve ser dito o nome
da pessoa que faleceu e o parentesco que há entre aquele e a pessoa com quem se está a falar.
“... Dª Luísa peço-lhe que se sente por favor, tenho uma notícia muito desagradável para lhe
comunicar. O Sr. Jorge, seu pai, nas últimas horas piorou muito o seu estado saúde e não resistiu,
faleceu. Lamento muito ter que lhe dar esta notícia tão triste.”
“... Joana o seu familiar faleceu serenamente, não houve sofrimento, a medicação ajudou a que
o momento decorresse tranquilamente.”
Finalmente como profissionais podemos fazer uma pausa de minutos para respirar, refletir, ou
procurar um colega com quem partilhar sentimentos, regular emoções para poder continuar
profissionalmente.
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Hospital/Unidade/Equipa................................Data.............................................
Família de ..................................................................
Estimada família:
Neste momento particularmente triste marcado pela perda do vosso ente querido
(Nome da pessoa) e na dificuldade de expressar as palavras certas que possam aliviar a vossa
dor, queremos transmitir as nossas condolências.
A Equipe que acompanhou o (Nome da pessoa) tem consciência da difícil situação a que
estamos sujeitos pela razão da crise pandémica que todos vivemos e do seu impacto na vida de
cada um. Queremos agradecer a vossa compreensão e colaboração no seguimento das nossas
recomendações que são afinal imposições do momento crítico que atravessamos.
Até que seja possível realizar uma celebração mais ampla, podem criar-se momentos de
homenagem mais simples, um lugar com uma fotografia, uma vela acesa em memória da
pessoa, música em sua honra, um trecho de leitura partilhado com pessoas próximas pode
ajudar-vos a suavizar a dor da perda.
Também a criação de grupo de pessoas próximas nas redes sociais onde se possam
trocar fotos, memórias, histórias ou recordações pode ser uma ajuda importante na expressão
das emoções, no aligeirar do sofrimento através da partilha acompanhada de sentimentos
comuns.
É normal que alguns de nós sintam o desejo de recato e de reserva, vivendo por algum
tempo, discretamente e em reflexão pessoal a perda do seu familiar. Isso não faz mal. Não há
prazo para a resolução das feridas emocionais, há sempre tempo para fazer o Luto.
É certo de que quando for já menos intensa a dor da perda chegará o momento da
compreensão do valor que teve o vosso acompanhamento e o cuidado que dedicaram ao
(Nome) e isso, quase sempre nos pacifica.
A Equipe estará disponível para o apoio necessário que venham a necessitar no futuro
próximo.
Assinatura(s)
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6. PARA FINALIZAR…
Queremos valorizar todas as pessoas que neste momento procuram manter a coesão
social, encorajando, apoiando e participando de diversas formas, fazendo lembrar o valor da
humanidade que pode sempre ser solidária e preservar o sentimento do outro, apesar do
cenário de crise. Deixamos o escrito que se segue.
Mãos que temos que cobrir com luvas, para não transmitirmos,
para não infetarmos ninguém com esse Vírus que de repente
entrou nas nossas casas e nos apartou da família, dos amigos e
dos conhecidos.
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9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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