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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
LABORATÓRIO DE ENSINO DE HISTÓRIA

Sequência Didática - História

Júlio César Campello da Fonseca


Graduando em História Licenciatura - UFPel

Tema: Rebelião, Revolução e Golpe de Estado/ Revolução Russa


Público alvo: 9° ano do ensino fundamental
Duração: 4 aulas (45/50 min.)
Objetivo: Para essa sequência didática, tem-se como objetivo geral levar o aluno a
compreender os conceitos de Rebelião, Revolução e Golpe de Estado, buscando criar um
embasamento teórico que os possibilite vislumbrar estes conceitos pelo restante de sua
vida escolar e acadêmica, mas, principalmente, mirando o desenvolvimento de uma
capacidade política/critica para suas vidas enquanto cidadãos e atores históricos usando,
a Revolução Russa como exemplo;
E como objetivos específicos: a) questionar as visões assentadas no senso comum acerca
dos conceitos de Rebelião, Revolução e Golpe de Estado; b) apresentar um breve
panorama da Revolução Russa, expondo/debatendo a situação da Rússia pré e pós-
revolução, tentando desfazer alguns preconceitos e apresentando um exemplo de que todo
ser humano é um agente histórico.

Aulas a serem desenvolvidas na sequência didática


Aula 1
Conteúdo: Apresentação e discussão do texto didático
Conceitos fundamentais do conteúdo: Rebelião, Revolução e Golpe de Estado.
Objetivos da aula: Diferenciar os três conceitos.
Metodologia e estratégias utilizadas para o desenvolvimento: Inicialmente a turma
será questionada a respeito do tema. Será perguntado se os alunos estão familiarizados
com o tema, do que imaginam que estes termos se tratam etc. Na sequência um texto será
disponibilizado para cada estudante para leitura conjunta da turma. Em seguida será feita
uma roda de debates onde eventuais dúvidas serão discutidas, exemplos serão expostos e
questionados se fazem sentidos para os (as) alunos (as).
Recursos utilizados: (texto escrito1, lousa/quadro, giz/caneta)
Avaliação: Será feita por meio da discussão ao final da aula, buscando perceber se o
conteúdo foi aproveitado pelos discentes.
Referências utilizadas para preparar a atividade:
BOBBIO, Norberto. REBELIÃO. In Dicionário de Política. Brasília: UNB, 1998, p.
1121.
_________. REVOLUÇÃO. In Dicionário de Política. Brasília: UNB, 1998, p. 1121.
_________. GOLPE DE ESTADO. In Dicionário de Política. Brasília: UNB, 1998, p.
1121.

GOLPE. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021.


Disponível em: https://dicionario.priberam.org/golpe. Acesso em 12 jun 2021]

GOLPE. In Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em:


https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/golpe/. Acesso em:
12 jun 2021.

REBELIÃO. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021.


Disponível em: https://dicionario.priberam.org/rebeli%C3%A3o. Acesso em: 12 jun 2021.

REBELIÃO. In Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em:


https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/rebeli%C3%A3o/.
Acesso em 12 jun 2021.

REVOLUÇÃO. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021.


Disponível em: https://dicionario.priberam.org/revolu%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 12
jun 2021.

REVOLUÇÃO. In Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível


em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/revolu%C3%A7%C3%A3o/. Acesso em: 12 jun 2021.

1 Texto disponibilizado no anexo.


SANTOS, Washington. INSURREIÇÃO. In Dicionário Jurídico Brasileiro. Belo
Horizonte: Del Rey, 2001, p. 127. Disponível em:
http://www.integrawebsites.com.br/versao_1/arquivos/d8545a815ba082afcb4d6d067b471373.p
df. Acesso em: 12 jun. 2021.

__________. REVOLTA. In Dicionário Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey,


2001, p. 220. Disponível em:
http://www.integrawebsites.com.br/versao_1/arquivos/d8545a815ba082afcb4d6d067b471373.p
df. Acesso em: 12 jun. 2021.

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. GOLPE DE ESTADO. In


Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2009. p. 175. Disponível em:
https://efabiopablo.files.wordpress.com/2013/04/dicionc3a1rio-de-conceitos-histc3b3ricos.pdf.
Acesso em: 12 jun 2021.

__________. REVOLUÇÃO. In Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo:


Contexto, 2009. p. 362. Disponível em:
https://efabiopablo.files.wordpress.com/2013/04/dicionc3a1rio-de-conceitos-histc3b3ricos.pdf.
Acesso em: 12 jun 2021.
Aula 2

Conteúdo: Atividade prática


Conceitos fundamentais do conteúdo: Rebelião, Revolução e Golpe de Estado.
Objetivos da aula: Reconhecimento dos Conceitos apresentados na aula anterior.
Metodologia e estratégias utilizadas para o desenvolvimento: No início da aula será
feito uma breve revisão da aula anterior, posteriormente a turma será dividida em grupos
de 4 ou 5 – dependendo do número de estudantes. Os grupos serão batizados com nomes
relacionados ao assunto da aula seguinte (Revolução Russa). Os nomes poderão ser dos
grupos políticos existentes a época (Bolcheviques, Mencheviques, Kadetes, Anarquistas,
Socialistas Revolucionários etc) ou das posições ocupadas pelos russos do início do
século passado (operários, camponeses, industriais, comerciantes etc).
Após a divisão da turma, sinopses2 de filmes serão distribuídas a cada grupo, os grupos
debaterão entre seus membros que situação é retratada nos textos. Se este descreve uma
situação que poderia ser considerada um Revolução, um Golpe de Estado ou uma
Rebelião. Por fim cada grupo irá ler sua sinopse para o restante da turma e falarão a sua
opinião em relação a sinopse.
Recursos utilizados: (texto escrito, lousa/quadro, giz/caneta,)
Avaliação: Será feita por meio da apresentação dos grupos, buscando perceber se o
conteúdo foi aproveitado pelos discentes.
Referências utilizadas para preparar a atividade:
Sinopses de filmes retiradas dos sites adorocinema.com, wikipedia.com.br, filmow.com,
guiadasemana.com.br e papodecinema.com.br.
Os conteúdos conceituais abordados na atividade baseiam-se nos apresentados na aula
anterior, portanto, estão embasados na mesma bibliografia utilizada anteriormente.

2 Slides com as sinopses no anexo.


Aula 3
Conteúdo: Introdução à Revolução Russa.
Conceitos fundamentais do conteúdo: Czarismo, Revolução de 1905, Rússia na I
Guerra Mundial.
Objetivos da aula: Apresentar um panorama da situação do império russo pré- revolução
de 1917.
Metodologia e estratégias utilizadas para o desenvolvimento: Usando os cards3
produzidos no Padlet como guia, será apresentado a situação do Império Russo até a
entrada da Rússia na I Guerra Mundial. Será apresentada a dinastia Romanov, tendo os
Czares Alexandre II e Nicolau II, como exemplos de imperadores; os acontecimentos que
levaram ao Domingo Sangrento, bem como a Revolução de 1905 e seus desdobramentos,
como a criação do parlamento (Duma); O sistema econômico do império, na transição
entre o feudalismo e o capitalismo, sua dependência tecnológica em relação as potências
industriais europeias e a opressão do império sobre os territórios que possuíam influência;
Recursos utilizados: (Datashow, padlet, lousa/quadro, giz/caneta,)
Avaliação: Será solicitado aos(às) alunos(as) que faça em casa e traga na aula seguinte,
uma página de um diário no qual o(a) aluno(a) poderá optar por se passar por um
Czar/Czarina e defender a entrada da Rússia na I Guerra ou um operário(a)/camponês(a),
que tenha sido convocado para a Guerra ou teve um filho convocado a servir o exército
exaltando a sua ida a Guerra ou defendendo sua não ida a Guerra.
Referências utilizadas para preparar a atividade:
Imagem 1 – https://br.pinterest.com/pin/789115165946178855/

Imagem 2 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Russo#/media/Ficheiro:Russian_Empire
_(orthographic_projection).svg

Imagem 3 – https://pt.euronews.com/2014/10/23/fotografia-a-russia-pre-revolucionaria-
a-cores

Imagem 4 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_II_da_R%C3%BAssia#/media/Ficheiro:Zar_Al
exander_II.jpg

Imagem 5 – https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/amante-e-

3 Cards disponíveis no anexo


rumores-a-vida-sexual-do-imperador-nicolau-ii.phtml

Imagem 6 – https://www.coladaweb.com/historia/revolucao-de-1905

Imagem 7 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Duma_Estatal_do_Imp%C3%A9rio_Russo#/media/Ficheir
o:Tauride_duma.jpg

Imagem 8 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito_Imperial_Russo#/media/Ficheiro:Russia
n_Troops_NGM-v31-p372.jpg

-----------------------------------------------------

British Library. The Russian Revolution Timeline. Disponível em:


https://www.bl.uk/russian-revolution/articles/timeline-of-the-russian-revolution. Acesso
em: 04 maio 2021.

FILHO, Daniel Aarão Reis. A REVOLUÇÃO RUSSA 1917-1921. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1989.

GRINBERG, Keila; LIMA, Ivana Stolze; Reis, Daniel Aarão. INSTITUIÇÕES


NEFANDAS: O fim da escravidão e da servidão no Brasil, nos Estados Unidos e na
Rússia. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2018.

MONTEFIORE, Simon Sebag. OS ROMANOV 1613-1918. Companhia das Letras.

PAULO, Guilherme Barbon.A REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917 E OS DIREITOS


FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA DIMENSÃO, Contraponto, Teresina, v.6, n.1, jun.
2017, (pág. 60-73). Disponível em:
https://revistas.ufpi.br/index.php/contraponto/article/download/6873/4034#:~:text=Os%
20direitos%20fundamentais%20de%20segunda%20dimens%C3%A3o%20na%20R%C
3%BAssia&text=Deste%20modo%2C%20o%20processo%20revolucion%C3%A1rio,di
reitos%20garantidos%20nos%20documentos%20jur%C3%ADdicos. Acesso em: 05
maio 2021.

SOUZA, Luiz Enrique Vieira de Souza. A RECEPÇÃO ALEMÃ À REVOLUÇÃO


RUSSA DE 1905. Tese apresentada à banca examinadora com vistas à obtenção do título
de doutor em sociologia, Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Departamento de Sociologia, USP. São Paulo. 319 páginas, 2012.

VARELA, Raquel. A GUERRA DAS GUERRAS, A REVOLUÇÃO DAS


REVOLUÇÕES, 1917. Direito & Práxis, Lisboa, v.8, n.3, (pág. 2227-2255). Disponível
em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/29905.
Acesso em: 05 maio 2021.
Aula4
Conteúdo: Revolução Russa/Breve panorama da guerra civil .
Conceitos fundamentais do conteúdo: Czarismo, Duma, Soviet, Guerra Civil.
Objetivos da aula: Apresentar um panorama da Revolução de 1917, bem como a sua
consequência imediata. Focando na importância da mobilização e atuação de homens e
mulheres incógnitos, Que apesar de terem feito a revolução acabaram por serem
esquecidos em detrimento dos grandes personagens.
Metodologia e estratégias utilizadas para o desenvolvimento: Utilizando-se de uma
apresentação4 em powerpoint como guia, será abordado o tema da Revolução de 1917,
seus atores e resoluções.
Recursos utilizados: (Datashow, lousa/quadro, giz/caneta,)
Avaliação: Após a apresentação da aula, debates e resoluções de eventuais dúvidas,
os(as) alunos(as) serão provocados a criarem o Soviet da turma “X” e em assembleia
deliberarão a respeito do modelo de avaliação que será disponibilizado pelo professor.
Referências utilizadas para preparar a atividade:
Filho, Daniel Aarão Reis. A REVOLUÇÃO RUSSA 1917-1921. São Paulo: editora
brasiliense, 1989.
Jourdan, Camila. TODO PODER AOS SOVIETES: Pra Fazer Um Mundo Novo.
Ecopolítica. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/ecopolitica/article/view/37101.
Acesso em 15 jun 2021.
JUSTO, Saymon de Oliveira. A FUNDAÇÃO DO EXÉRCITO VERMELHO: Entre
Rupturas e Permanências. Crítica & Debates. Disponível em:
http://files.cinedebateuneb.org/200000043-
d77e5d877f/a%20funda%c3%a7%c3%a3o%20do%20ex%c3%a9rcito%20vermelho.pdf
. Acesso em: 14 Jun 2021.
LOMBARDI, José Claudinei. A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E A PEDAGOGIA
HISTÓRICO-CRÍTICA. Disponível em:
http://irsas.cascavel.pr.gov.br/arquivos/04072017_jose_claudinei_lombardi_texto_jorna
da_de_foz_doiguacu.pdf. Acesso em: 15 Jun 2021.

4 Slides no anexo
MARIE, Jean-Jacques. A HISTÓRIA DA GUERRA CIVÍL RUSSA 1917 – 1922.
Contexto. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
br&lr=&id=bwewdwaaqbaj&oi=fnd&pg=pt5&dq=guerra+civil+russa&ots=atw3wsiz4r
&sig=s5_pxx2euxx1fhuzvb1wcxup-
7e#v=onepage&q=guerra%20civil%20russa&f=false. Acesso em: 12 De Jun 2021.
PRADO, Carlos. A REVOLUÇÃO RUSSA E O MOVEMENTO OPERÁRIO
BRASILEIR: Confusão ou Adesão Consciente?. Trilhas Da História. Disponível em:
https://desafioonline.ufms.br/index.php/revth/article/view/3857. Acesso em: 13 jun
2021.
Considerações finais:
As atividades desenvolvidas ao longo das quatro aulas buscam alcançar três
pontos principais, quais sejam:
- Apropriação dos(as) estudantes de conceitos muito presentes no vocabulário da
população, porém frequentemente tendo seus significados ignorados como Rebelião,
Revolução e Golpe de Estado;
- A percepção de que todos e todas tem o poder de tomar o destino da sua cidade,
estado, país e, porque não, do mundo em suas mãos. Notar que a sociedade é formada
pelo conjunto de ações e omissões de seus integrantes e que coletivamente grandes feitos
podem ser realizadas e que qualquer pessoa é capaz de grandes feitos;
- Desmistificação do Socialismo Soviético.
Para que estas atividades sejam bem aproveitadas por todos (professor(a), alunos
e alunas), é de grande valor que provoque discussão em sala de aula, questionamentos,
discordâncias, motivando a todos a pensar a respeito, pesquisar mais a respeito. Quando
isso ocorre é sinal de que a curiosidade foi provocada e isso é fundamental para o
desenvolvimento escolar bem como ao interesse do(a) discente em relação a disciplina.
É importante tentarmos tornar possível a experimentação da história, tentar criar
laços de empatia com os personagens que estudamos, para que se de sentido ao passado
e não enxergá-lo como algo distante que nada tem a ver com o hoje, com a gente. Dessa
forma o estudo da história “pode, portanto, ser compreendido como um processo mental
de construção de sentido sobre a experiência do tempo através da narrativa histórica”
(Rüsen, 2011, p. 43).
Demonstrar para o aluno a importância do conhecimento histórico é muito mais
do que convencê-lo de que é necessário ter uma base mínima de conhecimento sobre
determinado assunto, para eventualmente realizar uma prova, mas sim que a história é um
processo contínuo e permanente construído pela humanidade e que nos trouxe até aqui e
que nos levará adiante.

ANEXOS

Texto utilizado na primeira aula:

REBELIÃO, GOLPE DE ESTADO E REVOLUÇÃO

O que a palavra rebeldia traz à sua mente?

Essa palavra é de uso comum. Está presente no nosso dia a dia. Quando alguém

se mostra muito indignado acerca de algo é frequentemente dito que esta pessoa é/está

rebelde, certo?

Quantas vezes não ouvimos de pessoas conhecidas – nossos responsáveis ou

amigos – que uma pessoa de comportamento estressado, que costuma agir de forma

conflituosa, que perde a paciência facilmente, é um rebelde? Quantas vezes não nos foi

dito que nós mesmos éramos rebeldes?

A palavra rebelde está intimamente ligada a palavra rebelião.

O dicionário; o que ele nos diz do significado desta palavra? E na filosofia política,

na terminologia jurídica, na história; a que a palavra Rebelião nos remete?

Falando em vocábulos de uso frequente, principalmente nos dias atuais, podemos

apontar para duas, muito presentes, Revolução e Golpe. O que são? Como são

classificados? Seu uso pode ser considerado como expressões subjetivas, ou seja, ambas

palavras carregam uma carga emocional que optamos por utilizar dependendo da nossa

visão em relação ao fato (a revolução ou golpe) com bons ou maus olhos? Existem
Golpes chamados de Revolução ou vice-versa? E quanto a estas palavras, o que o

dicionário nos diz? E politicamente, filosoficamente, historicamente? Existe consenso

sobre seus significados?

Para discutirmos este assunto trago algumas definições sobre o tema extraídos de

5 dicionários, 2 de língua portuguesa (Michaelis e Priberam) e outros 3, sendo um deles

o Dicionário de Política do filósofo italiano Norberto Bobbio, o Dicionário Jurídico

Brasileiro do professor de História, Sociologia e Psicologia Washington dos Santos,

assim como o Dicionário de Conceitos Históricos de Kalina Vanderlei Silva e Maciel

Henrique Silva.

REBELIÃO

Quanto a palavra Rebelião, algumas definições encontradas nos dicionários

Michaelis e Priberam são as seguintes:

• Resistência violenta, geralmente armada, à autoridade ou ao poder constituído;

insurreição, levante, revolta, sublevação;

• Oposição aberta a uma pessoa ou a um grupo de pessoas na posição de

autoridade ou de comando;

• Resistência, geralmente violenta, contra os agentes da autoridade ou contra a

ordem de coisas estabelecidas. = INSURREIÇÃO, LEVAN-TAMENTO,

REVOLTA;

• Ato de se opor ou de resistir a algo.= DESOBEDIÊNCIA,

INSUBORDINAÇÃO, INSUBMISSÃO.

Observamos que estas definições remetem a reações direcionadas a algo ou

alguém; a busca pela superação de algum problema.

O filósofo Norberto Bobbio aponta que uma Rebelião

[...] se limita geralmente a uma área geográfica circunscrita, é, o mais das


vezes, isenta de motivações ideológicas, não propugna a subversão total da
ordem constituída, mas o retorno aos princípios originários que regulavam as
relações entre as autoridades políticas e os cidadãos, e visa à satisfação
imediata das reivindicações políticas e econômicas. A rebelião pode, portanto,
ser acalmada tanto com a substituição de algumas das personalidades políticas,
como por meio de concessões econômicas. (1998, p. 1121).

Já com o professor Washington, encontramos duas definições, não

necessariamente sobre Rebelião, mas expressões próximas:

Insurreição – (Lat. insurrectione.) S.f. Rebelião, revolta, sublevação; delito de


natureza política e de caráter popular que consiste na rebelião armada, civil ou
militar, com o objetivo da deposição de um governo legalmente constituído e
sua substituição por outro de confiança dos revoltosos.(SANTOS, 2001, p.
127).

Revolta – S.f. Manifestação, armada ou não; insurreição, motim, rebelião,


sublevação, sedição, levante. (SANTOS, 2001, p. 220).

Podemos usar como exemplo, para melhor fixar o conceito, o bloqueio de uma

rodovia com detritos ou pneus em chamas, em protesto ou reivindicação de algo ou uma

ocupação de um terreno improdutivo por um movimento social no qual os manifestantes

podem portar paus, pedras e ferramentas utilizadas no campo, como armas para

defenderem-se de uma eventual resistência, com intenção de que este terreno seja

desapropriado e utilizado para fins de reforma agrária. Por fim, também podemos utilizar

como exemplo as manifestações ocorridas no Chile, onde houve diversos confrontos entre

os manifestantes e a polícia local, que culminou em uma constituinte (confecção de uma

nova Constituição do país).

REVOLUÇÃO X GOLPE DE ESTADO

Seguindo em nossos estudos, partiremos para as questões que envolvem o debate

Revolução X Golpe.

Qual a primeira coisa que vem à mente quando ouvimos essas palavras? Alguma

delas gera um sentimento positivo? E negativo? Quais e por quê?

Estas palavras e este debate nunca estiveram totalmente ausentes do nosso

quotidiano, nas nossas rodas de conversas, TV’s, internet, etc. Com certeza alguma vez

já se ouviu sobre o Golpe de 1930 (que pôs Getúlio Vargas no poder), outros chamarão
Revolução de 1930. Ainda mais comum é o debate sobre o que o ocorreu em 1964. Há

debate inclusive sobre a data/marco do fato. Costumeiramente quem defende que a data

do estopim gerador do “regime militar” foi dia 31 de março, defende a ideia de que este

tratou-se de uma revolução, já quem advoga que o que ocorreu no Brasil de 1964 a 1985

foi uma ditadura derivada de um Golpe Civíl-Militar (visão majoritária entre cientistas

políticos e sociais, assim como historiadores e sociólogos), costumam apontar a data do

Golpe, o dia 01 de abril. Ainda mais recente é o debate sobre o que se deu em 2016.

Alguns definirão: - Em 2016 houve um Golpe! Enquanto outros responderão: - Não foi

Golpe!

Vamos tentar entender do que se trata cada uma destas palavras ou expressões?

A palavra Revolução, quando pesquisadas nos dicionários, apresenta, entre outras,

as seguintes definições:

• Movimento de revolta, súbito e generalizado, de caráter político e

social, por meio do qual um número significativo de pessoas procura

conquistar, pela força, o governo de um país, a fim de dar-lhe nova

orientação;

• Ato ou efeito de revolucionar(-se), de realizar mudanças profundas ou

radicais;

• Mudança brusca e violenta na estrutura econômica, social ou política

de um Estado

Para falarmos de Revolução traremos os autores do Dicionário de Conceitos

Históricos. Eles nos dizem que não existe polêmica quanto a definição de Revolução nas

Ciências Sociais, exceto quando do uso político desta palavra, pois também podem ser

utilizadas quando buscam referir-se a golpes ou reformas (Silva;Silva, 2005).

Para ambos uma Revolução pode ser definida como “um processo de mudança

das estruturas sociais. ”, eles ainda nos explicam que Hector Bruit, autor de Revoluções

na América Latina,
[...] define uma revolução como um fenômeno político-social de mudança
radical na estrutura social; um confronto entre a classe que detém o poder do
Estado e as classes que se acham excluídas desse poder. (BRUIT, 1988 apud
SILVA; SILVA, 2009, p. 362).

Norberto Bobbio em seu livro refere-se à Revolução como

[...] a tentativa, acompanhada do uso de violência, de derrubar as autoridades


políticas existentes e de as substituir, a fim de efetuar profundas mudanças nas
relações políticas, no ordenamento jurídico-constitucional e na esfera sócio-
econômica. (BOBBIO, 1998, p.1121).

Como podemos observar, ambos autores definem de forma equivalente uma

Revolução.

O Golpe de Estado pode ser confundido com uma Revolução se observarmos

apenas a sua intenção final; substituir o poder atual por um novo, entretanto, seus atores

diferem fortemente como veremos a seguir.

Para os dicionários utilizados no desenvolvimento deste texto, a expressão Golpe

de Estado, remete à:

• Ato de se apoderar, pela força, do governo estabelecido, para implantar

um novo sistema governamental, sem aprovação do povo;

• Ação de uma autoridade que viola as formas constitucionais; conquista

do poder político por meios ilegais.

Seguindo os apontamentos, para Bobbio:

[...] este se configura apenas como uma tentativa de substituição das


autoridades políticas existentes dentro do quadro institucional, sem nada ou
quase nada mudar dos mecanismos políticos e sócio-econômicos.
[...] é tipicamente levado a efeito por escasso número de homens já
pertencentes à elite, sendo, por conseguinte, de caráter essencialmente cimeiro.
(1998, p.1121).

Já para Santos (2001, p.106) o Golpe de estado trata-se da “Subversão da ordem

constitucional geralmente através de força armada, implantando sem processo eletivo,

como conseqüência, a ditadura”. Por fim, Silva e Silva descrevem que

O golpe de Estado como conceito se aproxima de outros, como revolução: em


comum, ambos se apresentam como rupturas bruscas da ordem institucional.
Além disso, o objetivo dos dois é derrubar um governo e instituir outro, mas
enquanto a revolução é uma modificação radical das estruturas econômicas e
sociais, o golpe, em geral, é apenas a substituição pura e simples no poder,
quase sempre levado a cabo pelas chamadas elites orgânicas, ou seja, as elites
inseridas no próprio Estado, como os burocratas e os militares.
(SILVA;SILVA, 2005, p.175).

Desta forma podemos entender os motivos das confusões entre os termos.

Entretanto não devemos ignorar que muitas vezes a substituição de um termo por outro

não se trata de mero acaso, como vimos anteriormente.

Após a leitura deste texto foi possível entender do que se tratam a Rebelião,
o Golpe de Estado e a Revolução?
Quais dúvidas surgiram?

É possível, após a leitura e discussão em sala de aula, pensar em algum

exemplo de Golpe ou Revolução?

REFERÊNCIAS:

BOBBIO, Norberto. REBELIÃO. In Dicionário de Política. Brasília: UNB, 1998, p.


1121.

_________. REVOLUÇÃO. In Dicionário de Política. Brasília: UNB, 1998, p. 1121.

_________. GOLPE DE ESTADO. In Dicionário de Política. Brasília: UNB, 1998, p.


1121.

GOLPE. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021.


Disponível em: https://dicionario.priberam.org/golpe. Acesso em 12 jun 2021]

GOLPE. In Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em:


https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/golpe/.
Acesso em: 12 jun 2021.

REBELIÃO. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021.


Disponível em https://dicionario.priberam.org/rebeli%C3%A3o. Acesso em: 12 jun
2021.
REBELIÃO. In Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/rebeli%C3%A3o/. Acesso em 12 jun 2021.

REVOLUÇÃO. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021.


Disponível em: https://dicionario.priberam.org/revolu%C3%A7%C3%A3o. Acesso em:
12 jun 2021.

REVOLUÇÃO. In Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível


em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/revolu%C3%A7%C3%A3o/. Acesso em: 12 jun 2021.

SANTOS, Washington. INSURREIÇÃO. In Dicionário Jurídico Brasileiro. Belo


Horizonte: Del Rey, 2001, p. 127. Disponível em:
http://www.integrawebsites.com.br/versao_1/arquivos/d8545a815ba082afcb4d6d067b4
71373.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.

__________. REVOLTA. In Dicionário Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey,


2001, p. 220. Disponível em:
http://www.integrawebsites.com.br/versao_1/arquivos/d8545a815ba082afcb4d6d067b4
71373.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. GOLPE DE ESTADO. In


Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2009. p. 175. Disponível em:
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__________. REVOLUÇÃO. In Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo:


Contexto, 2009. p. 362. Disponível em:
https://efabiopablo.files.wordpress.com/2013/04/dicionc3a1rio-de-conceitos-
histc3b3ricos.pdf. Acesso em: 12 jun 2021.
Slides da segunda aula:
Padlet da terceira aula:
Slides da quarta aula:

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