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359 - o Papel Das Emoções No Contexto Da Educação Infantil Perspectiva de Henri Wallon
359 - o Papel Das Emoções No Contexto Da Educação Infantil Perspectiva de Henri Wallon
O PAPEL DAS EMOÇÕES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL:
PERSPECTIVA DE HENRI WALLON
LOPES, Carolina da Silva FCT UNESP
carolzinh4@yahoo.com.br
GARMS, Gilza Maria Zauhy FCT UNESP
gmzauhy@hotmail.com
RESUMO:
Este artigo apresenta algumas considerações da Pesquisa de Mestrado denominada
“Situações de conflitos na Educação Infantil: O professor mediante o Circuito Perverso
na perspectiva da teoria de Henri Wallon” do Programa de PósGraduação em
Educação, da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP – Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Presidente Prudente SP. A
pesquisa tem por objetivo investigar se nas relações estabelecidas entre professor
criança na Educação Infantil (3 a 5 anos) em episódios de conflito ocorre a instauração
do circuito perverso, bem como esse professor se posiciona mediante estas
manifestações em sala de aula. Fundamentase na teoria do desenvolvimento de Henri
Wallon, por abordar o desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo da criança. Tratase
de uma pesquisa qualitativa, caracterizado como estudo de caso, onde os dados são
obtidos a partir da observação em sala de aula e o uso das narrativas. Neste artigo são
feitas considerações sobre o Estado da Arte realizado quanto às publicações realizadas
nos últimos anos sobre o tema. A partir da análise realizada percebeuse que o
mecanismo Circuito Perverso instaurado pelo contágio das emoções de forma não
corticalizada, se apresenta em grande parte das publicações sobre Afetividade. Todos
os trabalhos analisados mencionam o que é o circuito, porque se instaura na relação
professor x aluno, o que é necessário para que o docente não se submeta a ele, além de
alguns de seus prejuízos na atuação pedagógica. No entanto, ainda se apresentam de
forma superficial. Se este mecanismo pode comprometer a atuação pedagógica, bem
como o sucesso do desenvolvimento da criança, cabe um aprofundamento maior neste
processo para que o docente consiga conhecer e se mover circuito perverso de forma
sensível e inteligente.
PALAVRASCHAVE: Circuito Perverso. Afetividade. Educação Infantil.
Este trabalho apresenta e analisa a primeira parte da pesquisa de Mestrado
intitulada “Situações de conflitos na Educação Infantil: O professor mediante o Circuito
Perverso na perspectiva da teoria de Henri Wallon”, pertencente ao Programa de Pós
Graduação em Educação, da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP,
campus de Presidente Prudente, que se expressa pelo Estado da Arte realizado nas
publicações sobre o tema nos últimos anos.
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A pesquisa tem por objetivo investigar se nas relações estabelecidas entre
professorcriança na Educação Infantil (3 a 5 anos) em episódios de conflito ocorre a
instauração do circuito perverso, bem como esse professor se posiciona mediante estas
manifestações em sala de aula.
De acordo com a natureza da investigação o presente trabalho se encaminhará
pelo campo da pesquisa qualitativa, caracterizado como um estudo de caso, por
acreditarse que o circuitoperverso possa ser considerado um caso específico presente
ou não nas relações interpessoais. Além disso, essa metodologia é de grande aceitação
na área da educação por apresentar um potencial significativo no estudo de questões
relacionadas à escola.
Faz parte como sujeitos 3 professores de Educação Infantil atuando com crianças
de 3 a 5 anos (Maternal II, Pré I e Pré II), de uma Escola Municipal de Educação
Infantil de Presidente Prudente, por essas crianças se encontrarem no estágio do
personalismo.
Os procedimentos de coleta de dados escolhidos são a observação das interações
interpessoais entre professoraluno, buscando verificar como são intermediados os
conflitos em sala de aula, que segundo Lüdke e André (1986, p. 26) “possibilita um
contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado”; e a narrativa,
que conforme Galvão (2005, p 331), “na perspectiva de Cortazi (1993), é ideal para
analisar histórias de professores, uma vez que nos oferece um meio de ouvir suas vozes
e começar a entender sua cultura do seu ponto de vista”.
Após a coleta dos dados, eles serão analisados, classificados e interpretados com
base na teoria do desenvolvimento de Henri Wallon, por abordar o ser de forma integral,
com ênfase nas emoções.
Em seus estudos, Henri Wallon (ALMEIDA, 2008) identificou que no
desenvolvimento humano existem etapas ou estágios que se diferenciam, apresentando
um conjunto de necessidades e interesses que as tornam coerentes e únicas. Ocorrem em
uma ordem necessária, de forma que cada uma prepara o individuo para o estágio
seguinte. Ainda, entende o desenvolvimento da pessoa como construção progressiva, de
forma que as fases se alternam entre afetiva e cognitiva. Em cada uma delas predomina
um tipo de atividade que corresponde aos recursos que a criança possui para se
relacionar com o meio.
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São seis estágios: impulsividade motora, emocional, sensóriomotor e projetivo,
personalista, categorial, da puberdade e da adolescência, prevalecendo em alguns
estágios as relações afetivas enquanto em outros as relações ligadas ao conhecimento
Essa pesquisa, focarseá no estágio do personalismo em que corresponde o
período entre três e seis anos. Segundo Galvão (2013, p. 44) “a tarefa central é o
processo de formação da personalidade. A construção da consciência de si, que se dá
por meio das interações sociais, reorienta o interesse da criança para as pessoas,
definindo o retorno da predominância das relações afetivas”.
O estágio do personalismo é marcado por três diferentes fases: oposição,
sedução e imitação. A primeira a se apresentar é a da oposição que ocorre
aproximadamente aos 3 anos de idade com o início da crise de oposição ao outro. É uma
crise intensa, nem sempre demonstrando motivos aparentes, que segundo Bastos e Dér
(2008, p. 41), “precisa ser compreendida como busca da afirmação de si, de uma pessoa
se constituindo, de um eu que apenas está iniciando sua diferenciação em relação ao
outro”.
Nesse período, ir contra ao que os outros dizem é uma forma de se impor, bem
como experimentar sua nova independência. As crianças confrontam e negam como
forma de oposição para se afirmar como pessoa. Ainda segundo as autoras Bastos e Dér
(2008, p.41), a “distinção do eu e do outro é percebida primeiramente em relação aos
objetos, com a criança expressandose na forma do meu e do teu”.
Depois da oposição a criança adentra a fase da sedução, também conhecida
como idade da graça. Para se admirar precisa que o outro a admire e para isso agrada e
seduz na busca de encontrar apoio e de se satisfazer.
Conforme Bastos e Dér (2008, p.42),
Ao se exibir, a criança reconhece que pode ter sucesso ou fracasso.
Dessa maneira, a necessidade de ser admirada e aprovada por quem
admira vem sempre acompanhada por inquietações, conflitos e
decepções, pois nem sempre correspondem à sua expectativa. A
criança tornase não só competitiva, mas ciumenta.
Por último surge a fase da imitação, em que a criança cria personagens a partir
das pessoas que admira no seu convívio ou deseja superar, se apropriando de suas
características ou qualidades.
Desta forma,
[...] busca ampliar e enriquecer as possibilidades de sua pessoa pelo
movimento de incorporação do outro, utilizandose da imitação para
isso. Essa incorporação do outro exige um movimento de
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interiorização e exteriorização que torna possível copiar e assimilar as
qualidades e méritos da pessoamodelo e, posteriormente, reproduzi
los de forma enriquecida, como uma manifestação nova da pessoa.
(BASTOS e DÉR, 2008, p. 4344)
Além do meio familiar, a escola neste período é de suma importância para o
desenvolvimento da criança, pois possibilita novas oportunidades de aprendizado,
relações e convivência, principalmente com crianças da mesma idade. Porém, no início
de sua vida, a criança é emocional por excelência e se manifesta por meio da emoção.
Ao ir para a escola, carrega os prenúncios de sua vida afetiva e esses aspectos interagem
significativamente sobre a afetividade do conhecimento.
Para Galvão (2004, p. 23),
Na idade préescolar as emoções desempenham um papel
primordial nas relações com o meio social, apesar da
progressiva constituição da linguagem. As possibilidades de
controle emocional ainda são frágeis, sendo a criança muito
suscetível a sofrer crises emocionais, manifestações que podem
indicar conflitos no plano intrapsíquico ou serem resultado da
própria dinâmica emocional, essencialmente conflitiva.
De acordo com a perspectiva walloniana, a vida emocional deve ser considerada
por todos os seres presentes no cotidiano das pessoas. E na escola, compete ao adulto,
no caso o professor, por já possuir seus aspectos cognitivos/afetivos desenvolvidos, uma
atitude corticalizada – atitude racional, para poder interagir com as crianças, buscando
descobrir os motivos das crises e compreendêlos.
Segundo Galvão (1996, p. 61) “as emoções, assim como os sentimentos e os
desejos, são manifestações da vida afetiva. [...] A afetividade é um conceito mais
abrangente no qual se inserem várias manifestações”.
Os professores que possuem muita dificuldade em lidar com situações emotivas
encontradas no contexto de sala de aula, ao se depararem com a imprevisibilidade da
emoção se tornam mais suscetíveis ao seu contágio. Ao se entregarem a ele acabam por
adentrar ao ‘circuito perverso’, que de acordo com Almeida, (1997, p. 240) se instala
quando o indivíduo não consegue reagir de forma corticalizada – equilibrada, racional –
diante de reações emocionais alheias. O perigo de não reagir a este circuito está que
uma vez instaurado, o sujeito tornase mais vulnerável à ampliação das reações afetivas
e quanto mais envolvido pelo circuito mais alheio à realidade o professor fica.
Quando uma sala de aula é a platéia da emoção, “participar do circuito perverso
traz prejuízo duplo. De um lado, desgasta fisicamente o professor, e, de outro,
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compromete sua atuação em sala de aula, prejudicando os alunos” (ALMEIDA, 2001,
p.92), interferindo diretamente nas atividades pedagógicas. Ainda, se o professor não
aprender a lidar com as emoções, as crises emotivas podem se tornar um meio de ação
em sala de aula, gerando não só a redução como a multiplicação de explosões emotivas,
num eterno jogo de “baterebate”. Um estado de contágio absoluto que leva o professor
a tornarse incapaz de tomar qualquer atitude de forma racional sobre a emoção.
O que se pode perceber pelo Estado da Arte realizado é que o mecanismo
Circuito Perverso instaurado pelo contágio das emoções de forma não corticalizada, se
apresenta em grande parte das publicações sobre Afetividade. Todos os trabalhos
analisados mencionam o que é o circuito, porque se instaura na relação professor x
aluno, o que é necessário para que o docente não se submeta a ele, além de alguns de
seus prejuízos na atuação pedagógica. No entanto, ainda se apresentam de forma
superficial.
Este mecanismo é abordado em meio à teoria das emoções como consequência
da falta de equilíbrio entre razão e emoção por parte do adulto. Porém, se este
desequilíbrio pode comprometer sua atuação pedagógica, bem como o sucesso do
desenvolvimento da criança, cabe um aprofundamento maior neste processo para que o
docente consiga conhecer e se mover no circuito perverso de forma sensível e
inteligente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALMEIDA, A. R. S. “A Emoção e o Professor: Um Estudo à Luz de Henri Wallon”. In:
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ALMEIDA, A. R. S. “A Emoção na Sala de Aula”. Campinas, SP. 2ª ed. Papirus, 2001.
ALMEIDA, A. R. S. “A vida afetiva da criança”. Maceió: UFAL, 2008.
BASTOS, A. B.B.I. e DÉR, L.C.S. Estágio do Personalismo. In.: ALMEIDA, L. R. e
MAHONEY, A. A.(org). Henri Wallon – Psicologia e Educação. São Paulo: Edições
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GALVÃO, C. Narrativas em Educação. In: Revista Ciência & Educação, v.11, n.2, p.
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GALVÃO, I. “Cenas do cotidiano escolar: conflitos sim, violência não”. Petrópolis,
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GALVÃO, I. “Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil”.
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LÜDKE, M. e ANDRÉ, M Métodos de coleta de dados: observação, entrevista e
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Pedagógica e Universitária, 1986.
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