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CURSO DE PSICOLOGIA
PARNAÍBA
2018
PARNAÍBA-PI
2018
Esse trabalho tem por objetivo dissertar acerca das contribuições de Wallon à relação a cognição e
afetividade situando-as como elementos fundamentais no processo de educação e humanização do
indivíduo.
O texto contempla, primeiramente o significado do educar enquanto atividade estruturante na
formação do indivíduo, ressalta o papel da interação professor-aluno como fator determinante da
aprendizagem. Ressalta a seguir os obstáculos que enfrenta a educação bem como o papel do
reconhecimento da influência afetividade no contexto educacional. Aposteriori, discute-se as
principais teses que costuram a concepção teórica Walloniana, as quais apresentam a
compreensão do der humano como pessoa integral, englobam em um movimento dialético a
cognição, afetividade, níveis biológicos e socioculturais, oferecendo conceitos e princípios
relevantes no que diz respeito ao entendimento da totalidade humana e papel dos professores em
sala de aula, além de apontar a escola como um lugar propício ao desenvolvimento dos sujeitos,
tornando evidente a relação entre Wallon e a educação. Por último, mas não menos importante,
aponta a importância da visão Walloniana da pessoa integrada e sua aplicabilidade nas práticas
educacionais.
O educar constitui uma tarefa complexa cuja missão não limita-se ao ensino de atividades
didáticas direcionadas a compreensão de determinadas áreas do conhecimento, uma vez que
possui o encargo de viabilizar a fusão entre o ensino e as demais esferas da vida, proporcionando
a construção e solidificação de valores morais, posturas críticas, capazes de elaborar juízos de
valor os quais são diretamente responsáveis por suscitar condutas coerentes com os mesmos.
Nogaro e Ecco (2013) ressaltam a indissociabilidade de educação e humanização, afirmando que
educar significa "trans-formar" seres humanos, explorando suas potencialidades e humanizando-
os, promovendo sua dignidade e capacidade de reinvenção.
Decorrente dessa perspectiva, emerge a necessidade de pontuar, de início, o papel do educador
enquanto agente colaborador na construção da identidade do aluno, delineamento de suas
decisões nos âmbitos pessoais e profissionais. Sobre isso, Bock et al (1999) escreve que:
"A escola surgirá, então como um lugar previlegiado para o desenvolvimento, pois é o
espaço em que o contato é feito de forma sistemática, intencional e planejada. O
desenvolvimento - que só ocorre em situações de aprendizagem o provocam- tem um ritmo
acelerado no ambiente escolar. O professor e os colegas formam um conjunto de
mediadores da cultura que possibilita um grande avanço no desenvolvimento da criança"
Em face a extensa gama de impasses e desafios que obstaculizam a educação no contexto atual -
o analfabetismo, a evasão escolar, a educação de jovens e adultos-, a relação entre cognição e
afetividade assume um papel de preponderância, tendo por intento desenvolver uma ampla
cultura de avanço e valorização de uma educação de qualidade substancializada pela função de
abranger o ser humano em todas as suas dimensões.
Wallon propõe uma superação de uma visão de homem razão/emoção, uma visão integrada do
indivíduo que caracteriza cada um dos seus estágios como um sistema em si, resultando em um
ser humano indissociável e único. Em contraposição a ideia fragmentária do indivíduo
argumenta:
''É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade,
ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas
idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de
contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível
de desenvolvimento e de novidade.'' (WALLON, 2007, citado em Ferreira e Regnier, 2010)
O desenvolvimento da pessoa como ser completo não ocorre de forma linear, mas sim através de
acontecimentos, rupturas, alternâncias. A afetividade e cognição revezam-se em termos de
predominância ao longo dos estágios da vida. Contudo, o afeto age diretamente sobre a cognição,
o trabalho cognitivo pode possibilitar lidar melhor com as questões afetivas. As situações
desagradáveis fora da sala de aula, como de dor, perdas, problemas com parentes, financeiros,
violência vivida ou mazelas de quaisquer ordem pode interferir na aprendizagem dos alunos.
Portanto, o manejo das teorias Wallonianas na educação requer por parte do educador o
vislumbramento do indivíduo como pessoa completa, exige que se converse com os educandos
ao invés de estabelecer relações superficiais, ser aberto as dúvidas do aluno, ouvir suas
necessidades e apoiar-lhe quando necessário, considerando seus afetos sem procurar reprimí-los,
equacionando problemas de forma prudente, salienta-se que:
Ao contrário do que propõe a tradição intelectualista do ensino, uma
pedagogia inspirada na psicogenética walloniana não considera o
desenvolvimento intelectual como a meta máxima e exclusiva da educação.
Considera-a, ao contrário, meio para a meta maior do desenvolvimento da
pessoa, afinal, a inteligência tem status de parte no todo constituído pela
pessoa. (GALVÃO, 2007, p. 98)
Conclui-se até aqui a fundamental importância da teoria Walloniana para o entendimento da
totalidade humana e papel dos professores em sala de aula. Antes de tudo, deve-se considerar o
professor enquanto indivíduo com aspirações, sonhos, valores e uma bagagem de experiências
que definiram sua identidade. É importante considerar que o desenvolvimento nunca termina, a
aprendizagem emerge da experiência cotidiana de forma contínua. O adulto de hoje, enquanto
pessoa que passou por determinadas etapas do desenvolvimento, inclusive as da infância, tem
uma visão mais clara de sobre os aspectos que compõem sua identidade. Espera-se então, que ele
tenha atitudes empáticas, prudentes e solidárias com os alunos os quais convive, viabilizando o
crescimento e aprendizagem dos mesmos conforme a permissão das fases do desenvolvimento
em que encontram-se inseridos.