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UNIDADE CURRICULAR: Psicologia Social Aplicada

CÓDIGO: 41053

DOCENTE: Ana Isabel Silva

A preencher pelo estudante

NOME: Leila Flávia Ferreira da Silva

N.º DE ESTUDANTE: 1602110

CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 09/11/2022

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

A Psicologia Social, é como uma “mãe” das várias especializações ou ramos


da psicologia que procuram estudar, identificar, analisar e compreender as multíplices
dinâmicas comportamentais, relacionais e consequenciais dentre os indivíduos, e
destes com relação ao ambiente cultural, físico-geográfico real ou conceitual que
vivenciam. Ou seja, como nos traz Allport (1985) citado por Neto (2004, p.16) esta
ciência procura a compreensão da maneira na qual os “pensamentos, sentimentos e
comportamentos” podem ser sugestionáveis pela presença direta física (atual, real) ou
indireta (imaginária ou incursa) de outros.
Moser (1998, pp. 121-130), nos evidencia a diferença entre uma psicologia
ecológica e uma psicologia ambiental, mesmo que a primeira possa ser considerada
precursora da segunda todavia, com maior preocupação com a resolução de
problemas do tipo biológico e científico do meio no qual se vive, enquanto a psicologia
ambiental procura compreender os mecanismos de inter influência entre os seres e o
meio, por isso ocupa uma posição transversal, podendo fazer uso de pluridisciplinas
para a localização e estudo dos problemas nas suas abordagens. A Psicologia
Ambiental, é assim chamada por estudar especificadamente, as relações e influências
psicossociais dos seres humanos entre si (processos psicológicos) e o meio
ambiental no qual vivem. O ambiente físico, é classificado em natural (a geografia,
clima, fauna e flora de um lugar) ou artificial (tudo o que é construído ou modificado
pelos indivíduos), conforme Neto (2004, p.44) e colocados em uma escala gradativa
referida à sua dimensão. Os processos psicológicos são de ordem mental e
comportamental (behavior settings) de acordo com Barker (1968), citado por Neto
(Ibid., p. 45) onde o contexto comportamental (sinomorfismo) denota a sintonia entre
comportamento e ambiente. Conforme Wicker ,1984 (Neto, 2004, pp.45-50), existem
13 noções principais para a identificação de contextos comportamentais. Estas devem
ser:
-Reais;
-Haver componentes humanos e não humanos;
-Estarem cercados por uma fronteira (um limite físico espacial);
-Deve-se estar a seguir regras de acordo com um programa;
-Existir uma relação sinomorfica (relação de interdependência entre o ser humano e o
ambiente específico);
-Conter o surgimento de sinomorfos (os agentes “humanos-ambiente” que se
relacionam e interdependem num contexto comportamental: sinomorfismo)
-A relação entre os componentes humanos e não, criando uma interdependência

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-A hierarquia deverá ser estabelecida;
-Deverá existir a possibilidade de substituição dos componentes humanos e não
humanos;
-Ser composto por um número mínimo de pessoas envolvidas;
-Existir uma auto-regulação dos sistemas ativos;
-O contexto será dependente de quem nele opera;
-Devem conter instrumentos da vontade dos processos de auto-regulação.
Muitos pesquisadores sociais passaram a concentrar seus estudos formando a
Psicologia Ambiental, para estabelecer novas teorias e reafirmar sua aplicabilidade a
partir da implementação e influência do Design, da Arquitetura, da Engenharia,
Geografia e muitas outras prospetivas ambientais (como na saúde, no ambiente
escolar, empresarial, desporto, etc.) de acordo com Pinheiro (1997, p.383), dentro da
necessidade de compreender os efeitos da vivência em territórios modificados pela
superpopulação/sobrepovoamento/sobredensidade populacional (crowding), como nos
traz Soczka, (1980-1985-1988-1993) citado por Neto (Ibid., p.50).
Contudo, na Psicologia Ambiental, existe a ambiguidade entre a causa de sua
importância e sua contribuição que se confrontam também como um grande obstáculo
em sua afirmação. Como exposto por Gifford (2007), referido em Antunes et al. (2011,
p.204), onde o fato que a psicologia ambiental compreende o estudo do
comportamento humano em todas em toda atividade e nos mais vários contextos,
suas mudanças e resultados de suas recíprocas interferências (homem-ambiente),
tornando-se assim muito abrangente e presente nos mais variados ramos da
psicologia. Contudo, visto que as influências do ambiente e do homem, normalmente
não são repentinas, e constatáveis de imediato, mas sim de modo lento e sutil, devido
a capacidade de resistência e adaptação humana e do meio contextual que vivencia,
deixa por tanto, inúmeras vezes esta disciplina marginalizada quanto às outras áreas
da psicologia, ou quanto menos exigindo um maior esforço dos psicólogos ambientais
em colocar suas pesquisas e teorias dentro do âmbito académico e comum de modo a
ser reconhecidamente eficaz e útil.
O atual ritmo de vida quotidiana frenética, a mudança do ambiente natural,
cada vez mais artificial, o medo, o stress nos vários contextos comportamentais,
geram ou estimulam o maior surgimento de novos comportamentos, patologias psico-
sociais e doenças levando a Psicologia Ambiental e suas múltiplas análises e
descobertas nos vários campos de estudo (impactos da poluição, da sobrepopulação,
das condições laborais, do bem-estar urbano, e relações interpessoais nestes
contextos), a um patamar promissor no campo investigativo, de acordo com o que nos
traz Neto (Ibid., pp. 50-68). Inghilleri & Rainisio (2022, pp.151-152), citando vários

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autores como Bowlby 1989, Ainssworth 2006, Terranova-Cecchini 1991, Devereux
2007, Korpela 1989, e outros; afirmam a influência existente, do ambiente no humor e
na Psique das pessoas, estimulando o sistema cognitivo e inconsciente, para amar um
lugar-contexto, que lhe dá boas experiências e estímulos ou ao contrário, odiar um
ambiente por recordar experiências e estímulos traumáticos ou vivenciá-los
diretamente.
Em conclusão, podemos constatar que, além das complexidades verificadas,
quanto aos contextos comportamentais e suas variáveis; é indispensável a
necessidade de um maior controle ou reversão de alguns paradigmas
comportamentais, portanto exigindo um maior espaço de aplicação da Psicologia
Ambiental, pois não basta somente colocar novas “regras ecológicas”, confirmar novos
acordos internacionais, fazer investimentos enormes em tecnologias e objetos, quando
vem desconsiderada a “componente humana”. Esta necessita de uma aprendizagem à
mudança comportamental nos vários contextos e isso poderá ocorrer somente com a
contribuição da visão psicológica e da compreensão dos moventes que adotamos,
proporcionando maior bem-estar e qualidade nos contextos comportamentais.
Atualmente, mais do que nunca urge um reforço da aplicabilidade de uma
Psicologia Ambiental para a mudança de um padrão global para a melhoria do bem-
estar psico-social em grande escala (e tem-se muito o que fazer). Por exemplo,
enquanto escrevo estas palavras, encontram-se no Egito na Cop27 (27ª Conferência
das partes sobre o clima, no período de 6 a 18 novembro em Sharm el-Sheikh-Egito),
líderes mundiais que se comprometem com temas ambientais “belos e promissores”
passando por uma lente ambientalista e ecológica ( enquanto contemporaneamente,
ONGS lutam, com embarcações repletas de refugiados e imigrados, que esperam (e
que fazendo greve de fome ou se jogando no mar gelado) ser acolhidos em algum
porto Europeu. (La Repubblica, 06.11.22)
Está claro que em uma primeira análise dentro da psicologia ambiental,
problemas in loco, quanto aos refugiados que chegam, aos habitantes fronteiriços que
devem deparar-se com aumento da densidade demográfica, várias culturas, possível
aumento de delinquência e violência, e outras características e ocorrências que
acompanham diariamente os telejornais da Europa (e não somente), somos
precipitados em uma constatação: que se faz necessário uma implementação de
estudos e aplicação de suas teorias, em projetos e programas no auxilio e
acompanhamento da psicologia ambiental, juntamente com toda a branca de
especialidades da Psicologia Social Aplicada, numa tentativa extremista de aumentar
a resiliência, adaptabilidade, e formação de contextos mais livres de stress, de
psicopatologias, com uma maior e melhor comunicação e atuação entre os próprios

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seres humanos e o contexto ambiental atual que vivemos. (Ao menos prefiro “esperar”
nisto!)

BIBLIOGRAFIA

-Antunes, D., Bernardo, F. & Palma-Oliveira, J.M. (2011) Psicologia do Ambiente.189-


210. In Lopes, M.P.; Palma, P.J.; Bártolo-Ribeiro, R., Cunha, M.P. (Coord.) Psicologia
Aplicada. Lisboa: Editora RH.
https://www.researchgate.net/publication/237162734_Psicologia_do_Ambiente

-Cop27- Sharm El-Sheikh Climate Change Conference-November 2022.


https://unfccc.int/cop27

-Inghilleri, P., & Rainisio, N. (2022). Amare i luoghi per sentirsi cittadini. [Amar os locais
para sentirem-se cidadãos]. 151-154. Un Quartiere mondo: abitare e progettare il
satellite di Pioltello. Quodlibet Studio. Città e paesaggio. Album.
http://digital.casalini.it/10.1400/288797

-Migranti, Humanity nel porto di Catania. Perego (Cei): "Sbarco selettivo attacco alla
democrazia". Orban loda Meloni: "Grazie per la difesa dei confini europei". {Imigrantes,
Humanity no porto de Catânia. Perego (Cei):” Desembarque seletivo ataque a
democracia”. Orban louva Meloni: “Obrigada pela defesa dos confins europeus”}. La
Repubblica. GEDI News Network S.p.A. Torino-IT. Acessado em 08/11/22. Em linha.
https://www.repubblica.it/politica/2022/11/06/news/sbarco_migranti_catania_humanity_
letta_governo-373213394/?__vfz=medium%3Dsharebar

-Moser, G. (1998). Psicologia ambiental. Estudos de psicologia (Natal), 3, 121-130.


https://doi.org/10.1590/S1413-294X1998000100008

-Neto, F. (coord.) (2004). Psicologia Social Aplicada. Lisboa: Universidade Aberta.

-Pinheiro, J. Q. (1997). Psicologia Ambiental: a busca de um ambiente


melhor. Estudos de Psicologia (Natal), 2, 377-398. https://doi.org/10.1590/S1413-
294X1997000200011

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