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EXPLORANDO POLIEDROS PLATÔNICOS POR MEIO

DO POLY: Um Estudo à Luz da Teoria da Aprendizagem


Significativa

EXPLORING PLATONIC POLYESTERS BY POLY: A study in light


of the theory of meaningful learning

FRANKLIN FERNANDO FERREIRA PACHÊCO

Resumo

O presente artigo tem como intuito investigar possibilidades do uso do software de geometria
poly como um material potencialmente significativo para explorar objetos geométricos, como
vértices, faces e arestas de polyesters platônicos. Nosso aporte teórico está embasado pela
teoria da aprendizagem significativa proposta por David Ausubel (1963), na qual tem o intuito
de auxiliar o professor a organizar e tornar suas aulas mais atrativas, identificar os
conhecimentos prévios dos alunos e perceber as lacunas existentes de conhecimentos que
esses possuem, mediante um conteúdo. A metodologia empregada é de caráter exploratório
com abordagem qualitativa, sendo dividida em três momentos: verificação de conhecimentos
prévios do conteúdo e software, apresentação do software poly e suas ferramentas, e, por fim,
desenvolvimento de atividades utilizando o poly. Participaram deste estudo 12 alunos do 6º ano
de uma escola pública municipal da zona da mata norte do estado de Pernambuco. A partir de
nossas análises mediante as respostas apresentadas pelos alunos nos protocolos das
atividades, identificamos que o poly potencializou a visualização dos objetos geométricos:
vértices, faces e arestas e planificações dos sólidos. Portanto, o software permitiu que cada
aluno construísse sua própria conjectura, avançando em seus conhecimentos no que se refere
aos poliedros platônicos.

Palavras Chaves: Material potencialmente significativo. Poly. Sólidos Platônicos.

Abstract

The purpose of this paper is to investigate possibilities of using poly geometry software as a
potentially significant material for exploring geometric objects such as vertices, faces and edges
of Platonic polyesters. Our theoretical contribution is based on the theory of meaningful learning
proposed by David Ausubel (1963), in which it aims to help the teacher to organize and make
his classes more attractive, to identify the previous knowledge of the students and to perceive
the existing knowledge gaps that They have a content. The methodology used is exploratory
with a qualitative approach, divided into three moments: verification of previous knowledge of
content and software, presentation of poly software and its tools, and, finally, development of
activities using poly. Twelve students of the 6th grade of a municipal public school in the
northern forest area of the state of Pernambuco participated in this study. From our analysis
through the answers presented by the students in the protocols of the activities, we noticed that
the visualization of the geometric objects was increased: vertices, faces and edges and
planings of the solids. Therefore, the software allowed each student to construct his own
conjecture, advanced in his knowledge regarding the platonic polyesters.
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Keywords: Potentially significant material. Poly. Platonic Solids.

Introdução

A geometria é um ramo de estudo da matemática que integraliza o currículo da educação


básica. Documentos oficias, a exemplo dos Parâmetros para a Educação Básica do Estado de
Pernambuco (PERNAMBUCO, 2012) ressaltam que este conhecimento se encontra presente
nos blocos denominados de geometria, assim como, grandezas e medidas.
Nesta pesquisa nos detemos apenas no bloco da geometria pois contempla conteúdos
relacionados a geometria espacial, tais como, os poliedros, nosso objeto de estudo no 6º ano
do ensino fundamental.
O estudo das figuras espaciais segundo Pernambuco (2012) se iniciam desde os anos
iniciais do ensino fundamental por meio de sua associação a objetos de mundo real, sua
descrição, composição, reconhecimento e construção, com isto, conjectura que o aluno no 6º
ano concebe conhecimentos para identificar os elementos de poliedros (vértices, faces e
arestas), pois foram conceitos estudados em anos anteriores.
No 6º ano do ensino fundamental Pernambuco (2012) propõe que os alunos aprendam
poliedros, pirâmides e prismas, pois já são capazes de realizar planificações e identificações de
elementos de poliedros platônicos1, seja por meio dos livros didáticos que em alguns casos
quando há representações dessas figuras da forma estática que ao aparecem dificulta a
visualização, sendo preciso a utilizar de recursos que permita essa potencialização
Diversas pesquisas salientam a relevância de estudar a geometria espacial por meio de
softwares, tais como, as realizadas por Fanti et al.(2007), Fanti e Kodama (2010), entre outros,
salientam que a ferramenta tecnológica contribuiu para o processo de ensino e aprendizagem.
Para esses pesquisadores ao se estudar os poliedros platônicos o poly se trata de uma
ferramenta que potencializa a visualização geométrica dos diversos elementos que os
compõem, tais como, vértices, faces e arestas, além de oferecer à possibilidade de planificação
de diferentes poliedros. Por meio deste software, é possível que os alunos avancem no sentido
de poder reconhecer além dos entes matemáticos supracitados, a forma planificada de um
poliedro que esteja em sua representação tridimensional, e que muitas vezes apresentam
limitações pela forma estática abordada pelos livros didáticos.
De acordo com as pesquisas supracitadas no parágrafo anterior, percebendo a relevância
do poly nos detemos em usá-lo no estudo dos poliedros platônicos pois Pernambuco (2012)
ressalva que no estudo dos poliedros platônicos é possível conhecer e identificar elementos de
figura sólidas, assim como, torna-se possível realizar as planificações.
Nesta perspectiva, embasamos nosso trabalho na teoria da aprendizagem significativa de
David Ausubel (1963) ao ressaltar que são necessários dois aspectos para que a

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Pernambuco (2012) denomina de poliedros de platônicos como poliedros regulares.

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aprendizagem significativa aconteça: o material deve ser potencialmente significativo e o aluno


tenha interesse em aprender.
Na busca de contemplar estes dois aspectos em nossa pesquisa, utilizamos o poly como
um material potencialmente significativo auxiliar na aprendizagem dos alunos quanto aos
poliedros platônicos. Trabalhamos de maneira teórica e prática o conteúdo para que o software
auxiliasse na compreensão e interpretação das informações da abordagem do conteúdo no
processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Moreira (2012) é qualquer recurso didático que contribui para o processo de
ensino e aprendizagem do aluno, fazendo com que este associe os conhecimentos anteriores
aos novos em sua estrutura cognitiva.
Baseados pela teoria da aprendizagem significativa, temos o seguinte problema de
pesquisa:, é possível que ao utilizarmos o software poly como um material potencialmente
significativo este auxilie na compreensão do conteúdo dos sólidos platônicos (face, aresta e
vértices) e suas planificações proporcionando uma aprendizagem significativa?
Para respondermos nosso problema de pesquisa, propomos o seguinte objetivo geral:,
investigar possibilidades do uso do software de geometria poly como um material
potencialmente significativo para explorar objetos geométricos, como vértices, faces e arestas
de sólidos platônicos. E, de maneira específica, identificar os conhecimentos prévios dos
alunos participantes da pesquisa no que se refere ao estudo dos poliedros platônicos (face,
aresta e vértices) e suas planificações e o software; utilizar o poly como um material
potencialmente significativo para o processo de ensino e aprendizagem dos sólidos platônicos;
e, por fim, identificar se houve indícios de uma aprendizagem significativa.
A seguir, apresentamos nosso referencial teórico, metodologia, análises dos resultados,
considerações finais, e, por fim, as referências.

Referencial Teórico

A Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel

A teoria da aprendizagem significativa foi criada por David Ausubel (1963) graduado em
medicina e psicologia. Ele doutorou-se no curso de psicologia do desenvolvimento na
Universidade de Columbia, dedicando- se inteiramente para uma visão cognitiva à psicologia
educacional.
A aprendizagem significativa segundo Moreira (2012) se trata de um processo no qual uma
nova informação é adquirida relacionando-se com os conhecimentos já existentes na estrutura
cognitiva do indivíduo, em outras palavras, a aprendizagem significativa acontece quando há a
interação entre os conhecimentos prévios e conhecimentos novos adquiridos e nesse processo
os conhecimentos prévios assumem um novo significado na estrutura cognitiva, com maior

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estabilidade cognitiva.
Neste processo de conteúdo a ser apreendido e aquele já existente apresentam duas
qualidades, são elas, a substantividade e a não arbitrariedade. A substantividade se caracteriza
por compreender quando a relação não for alterada, mesmo se forem utilizados símbolos
diferentes, como exemplo, temos, o sinal da multiplicação que pode ser representado pelo ( * ),
assim como, pela letra ( x ).
A não arbitrariedade é a relação do novo conhecimento com os conhecimentos existentes
na estrutura cognitiva do indivíduo, sendo este segundo, denominado de subsunçor pois é ele
quem possibilita dar um novo significado ao novo conhecimento que é apresentado ou
descoberto, acarretando-se a aprendizagem significativa, conforme propõe (MOREIRA, 2012).
Além da importância dos subsunçores que o indivíduo possui, David Ausubel (1963) define
que para a aprendizagem significativa acontecer no ambiente educacional devem existir duas
condições, são elas: o material utilizado para favorecer a aprendizagem deve ser
potencialmente significativo e os alunos estejam dispostos a aprender.
Para Moreira (2012) estas condições são determinadas pelo fato de que não há á material
significativo, mas que atribuem significados ao utiliza-los para a compreensão da
aprendizagem, ou seja, um recurso facilitador que seja pertinente ao conteúdo abordado. Já a
segunda condição de acordo com Moreira (2012) salienta que os sujeitos participantes devem
estar predispostos para aprender, sendo este processo interligado de maneira substantiva e
não arbitraria por meio de seus conhecimentos existentes em sua estrutura cognitiva.
A teoria da aprendizagem significativa discute outras abordagens, tais como, o papel da
estrutura cognitiva, organizadores prévios, diferenças entre aprendizagem significativa x
aprendizagem mecânica, aprendizagem receptiva x aprendizagem por descoberta, formas e
tipos de aprendizagens significativa, a facilitação da aprendizagem significativa, estratégias e
instrumentos facilitadores e avaliação da aprendizagem significativa, mapas conceituais, mas
em nossa pesquisa nos detemos apenas em contemplar o estudo do material potencialmente
significativo, nosso objeto de estudo.

Um breve estudo sobre os Poliedros e o software Poly

Os poliedros na visão de Lima (2011) são figuras espaciais formadas pela reunião de um
número finitos de polígonos. Em sua composição há diversos elementos, por exemplo, arestas,
faces e vértices.
Os poliedros mais usuais nas aulas de matemática na educação básica são os
denominados de regulares e não regulares. O poliedro regular se caracteriza por compreender
todas as suas faces formadas por polígonos congruentes e regulares, a exemplos, do
tetraedro, hexaedro, octaedro, dodecaedro e icosaedro. Conhecido também por poliedros de
Platão os poliedros regulares são denominados desta forma em homenagem ao filósofo Platão
ao qual atribuiu para cada figura geométrica espacial um elemento da natureza, isto é, o

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tetraedro representa o elemento fogo, o hexaedro elemento terra, o octaedro elemento ar,
dodecaedro elemento universo, e, por fim, icosaedro elemento água.

Caracterizados como poliedros não regulares estes são composto por polígonos regulares e
irregulares, tais como, primas e pirâmides.
Neste contexto, expomos a seguir uma questão acerca dos poliedros não regulares
aplicadas na prova Brasil (2011).

Figura 01. Planificação de poliedros não regular. Fonte: Brasil (2011)

Para responder à questão apresentada pela figura 01 os alunos deveriam conceber


habilidades que lhe permitam reconstruir o sólido por meio de sua planificação. Desta forma, os
mesmos teriam que identificar na figura a existência de seus elementos, tais como, vértice,
arestas e faces para realizar a construção do poliedro não regular. Os resultados indicaram que
apenas 39% dos alunos acertaram.
Apesar de ser um conteúdo que a partir do 3º ano dos anos iniciais do ensino fundamental
que o trabalho com figuras geométricas tridimensionais é abordado de acordo com
Pernambuco (2012), nota-se que há uma certa dificuldade por parte dos alunos em identificar
por meio da planificação o poliedro abordado. Por isso a relevância de no 6º ano do ensino
fundamental, uma nova etapa da educação básica, o aluno precisa ter consolidado
conhecimentos referentes a planificação de sólidos platônicos, prismas e pirâmides, além de
identificar quantos vértices, faces e arestas tem esses sólidos geométricos, porém os livros
didáticos não potencializam essas visualizações, ficando a cargo do aluno, sendo necessário
um esforço cognitivo maior no sentido de verificar os entes geométricos supracitados.
Para facilitar o processo de ensino e aprendizagem da geometria espacial existem diversos
softwares que auxiliam na compreensão do conteúdo abordado possibilitando maior percepção
de visualização que anteriormente não era possível. Nessa perspectiva, temos o intuito de
abordar apenas o estudo dos poliedros regulares por meio do software de geometria poly para
torna-lo um material potencialmente significativo de aprendizagem.
Esse software permite aos usuários por meio de simples acesso aos seus menus,
rotacionar, planificar as figuras geométricas escolhidas e que já estão pré-definidas. As
pesquisas de Fanti e Camargo (2010), entre outros, ressaltam que ao se trabalhar este
conteúdo respaldando-se na utilização do poly, como recurso para a construção do

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conhecimento matemático este software possibilita que os alunos dos mais variados níveis da
educação possam compreender a relevância e aplicabilidade de seu estudo.
O poly2 se trata de um software de geometria que possibilita de maneira dinâmica o
processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos da geometria espacial, a exemplo dos
poliedros platônicos. É um software gratuito que disponibiliza distintas maneiras de
visualização de diversos sólidos geométricos, o que auxilia na compreensão e contribui para a
exploração de arestas, vértices, faces e suas planificações. Esta ferramenta tecnológica possui
um ícone que permite a movimentação do sólido, da representação tridimensional para a
planificação, facilitando a descoberta de suas características e propriedades, sendo, propício
para o ensino e aprendizagem dos poliedros, conforme ressaltam Gerke e Fioreze (2008)
Os autores supracitados, desenvolveram sequências de atividades com uso do software
poly como ferramenta para a construção do conhecimento referente aos poliedros
(planificação, identificação de faces, vértices e arestas), e afirmam a relevância do mesmo na
aprendizagem da geometria espacial.
Fanti et al. (2007) relatam que trabalharam com diversos softwares educacionais, com uma
turma do terceiro ano do ensino médio, mas o poly foi o que mais obteve resultados no que se
refere ao processo de ensino e aprendizagem. Foi com esse software que os alunos
conseguiram observar com maior preponderância dos elementos que compõem os poliedros,
compreenderam suas propriedades e planificações.
De acordo com a prática de Fanti et al.(2007) que utilizaram diversos softwares
educacionais no ensino da geometria espacial e relatam sua relevância para esse contexto,
pois “Não se deve compreender as tecnologias apenas como máquina. Ela inclui as
habilidades e competências, o conhecimento e o desejo, sem os quais não pode funcionar”
(SILVERSTONE, 2005. P. 49).
Nesta perspectiva, de acordo com o relato de Fanti et al.(2007) ao enfatizar a aplicabilidade
dos diversos softwares educacionais, realizamos alguns levantamentos em documentos
oficiais, por exemplo, Brasil (1997), Brasil (1998) e Pernambuco (2012) e percebemos que
estes corroboram da importância de seus usos em sala de aula, para o aprimoramento do
processo de ensino e aprendizagem.
Portanto, a partir da relevância dos softwares educacionais para o processo de ensino e
aprendizagem da geometria espacial, usamos em nosso caso o poly, adaptamos algumas
atividades desenvolvidas por Fanti et al (2007) para verificar a potencialidade deste com alunos
de um 6º ano do ensino fundamental, mediante resoluções das atividades propostas sobre
poliedros regulares.

2
Fanti et al (2007) apresentam que o software poly está disponível no site http://www.peda.com/poly/, há uma cópia
não registrada para demonstração/avaliação. Os arquivos podem ser redistribuídos livremente, com a condição de que
permaneçam juntos e sem modificações. Ele pode também ser obtido na página do Laboratório de Matemática do
IBILCE-UNESP em http://www.mat. ibilce.unesp.br/laboratorio/.

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Metodologia

Partindo do nosso objetivo geral que se delineou por investigar possibilidades do uso do
software de geometria poly como um material potencialmente significativo para explorar objetos
geométricos, como vértices, faces e arestas de sólidos platônicos, temos uma pesquisa
exploratória com abordagem qualitativa.
Gil (2008) ressalta que artigos com abordagens qualitativas de caráter exploratório visam
proporcionar maior familiaridade com o problema da pesquisa, objetivando torná-los mais
explícitos. De todos os tipos de pesquisas é a que apresenta maior flexibilidade de
planejamento e habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e estudo de caso.
Deslandes et al. (2002) ressaltam que a pesquisa qualitativa se apropria de técnicas que
contemplam e favorecem o processo da construção de conhecimentos.
Ao utilizarmos uma metodologia exploratória com abordagem qualitativa nos detemos na
busca de analisar e proporcionar aos alunos a construção de conhecimentos, mediado pela
manipulação do software, sendo vivenciada em três momentos distintos, são eles: verificação
de conhecimentos prévios do conteúdo e software, apresentação do software poly e suas
ferramentas, e, por fim, desenvolvimento de atividades utilizando o poly.
Como já foi descrito anteriormente, no primeiro momento, nos detemos em analisar os
conhecimentos prévios dos alunos, de maneira dialética, no que se refere ao conteúdo
estudado e software. Quanto ao conteúdo (poliedros platônicos), na busca de compreendermos
seus conhecimentos existentes em suas estruturas cognitivas, nos indagamos: O que são
poliedros platônicos? Quais são seus elementos de composição? Porque eles recebem o nome
de poliedros platônicos? É possível planifica-los? De que maneira? Quais procedimentos
utilizar?
Além disto, ainda, nesta etapa, questionamos os alunos participantes se eles já conheciam
ou não o software poly.
Após uma análise dos conhecimentos prévios dos alunos, iniciamos nosso segundo
momento, explicitando os elementos que compõem a formação dos poliedros de platônicos.
Posteriormente, apresentamos aos alunos o software poly e suas principais ferramentas que
lhes permitiriam planificar os poliedros, verificar as faces, vértices e arestas, ou seja, sua
composição.
Esta etapa foi realizada no laboratório de informática da Instituição de ensino, pelo fato do
mesmo ser disponível para uso pelos professores. Para realização e vivência desta pesquisa,
organizamos os alunos em quatro grupos, sendo constituído por 3 membros cada equipe.

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No terceiro e último momento entregamos duas atividades que deveriam ser respondidas
utilizando as ferramentas e menus do poly, para identificação de vértices, faces e arestas,
assim como a planificação concebendo conhecimentos dos sólidos platônicos.
Gravamos por meio de câmeras as interações dos grupos de alunos no momento da
resolução das atividades, assim como a tela dos computadores por meio do software Cantasia
Studio 7 para saber os passos que cada grupo utilizou para concluí-las.
Com o término das atividades por cada equipe, pedimos que os alunos socializassem como
haviam desenvolvido e respondido as atividades e em seguida concluímos corrigindo cada uma
delas.
Participaram desta pesquisa uma turma do 6º ano do ensino fundamental, contemplando 12
alunos de uma escola municipal situada na zona da mata norte do estado de Pernambuco. A
escolha destes alunos foi devido a Pernambuco (2012) salientar que no 6º ano do ensino
fundamental os participantes das pesquisas são capazes de identificar e nomear elementos de
sólidos geométricos, tais como, prismas e pirâmides (vértices, arestas e faces).
Além disto, Pernambuco (2012) enfatiza que neste ciclo os alunos já têm o saber
sistematizado quanto a este conteúdo, podendo fazer análises e comparar figuras planas por
seus atributos, ou seja, números de lados ou vértices, número de faces, tipos de face etc.).
A seguir está descrita a atividade concebendo duas questões que foi aplicada para nossas
análises de resultados.

Quadro 1. Atividades aplicadas aos alunos por meio do Poly. Fonte: Fanti et al (2007)

As duas questões apresentadas foram adaptadas por nós mediante os estudos de Fanti et
al.(2007) no qual utilizaram o poly como um recurso tecnológico para o processo de ensino e
aprendizagem. Estes autores, ressaltam que o uso do poly possibilita grande potencialidade ao

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estudo do sólido platônico no que se refere a visualização de vértices, faces e arestas, assim
como a planificação dos poliedros de Platão.

Resultados

Partindo da nossa metodologia de pesquisa, categorizamos nossos dados em dois momentos,


são eles, a princípio no primeiro momento descreveremos os conhecimentos prévios dos
alunos quanto ao conteúdo e software poly.
No segundo momento analisamos e avaliamos as respostas apresentadas pelos alunos
quanto a utilização do software poly para possibilitar estratégias de resoluções das atividades.
Para adquirirmos alguns dos protocolos da segunda etapa de nossa categorização
utilizamos as câmeras dos computadores por meio do software Cantasia Studio 7 para
captura de imagens e gravação das resoluções e procedimentos utilizados pelos alunos
pesquisados.
Participaram das atividades 4 grupos compostos por três alunos, totalizando 12 alunos.
Denominaremos os grupos de 1 a 4 para explicitar seus protocolos. Com relação as falas de
alguns alunos de cada grupo, durante o período de interação, e que serão pertinentes em
nossas análises, denominaremos da seguinte forma, como por exemplo, se for uns alunos que
participou do grupo 1-(1Algr1-Aluno 1 do grupo 1), se for um aluno que integrou o grupo 2
(1Algr2- Aluno 1 do grupo 2) e assim sucessivamente.
Nesta primeira etapa nos detemos em categorizar os conhecimentos prévios dos alunos
quanto ao conteúdo (poliedros platônicos) e do software poly.
Para verificarmos se estes concebiam algum conhecimento quanto ao nosso objeto de
estudo, indagamos: O que são sólidos platônicos? Quais são seus elementos de composição?
É possível planificá-los? Vocês já utilizaram algum software para aprender geometria? Se sim,
foi o poly?
As respostas foram intermediadas via diálogo, ou seja, perguntava-se e os alunos
respondiam simultaneamente. A seguir, transcrevemos as respostas apresentadas pelo 1Algr1
quanto aos questionamentos.
O que são sólidos platônicos?
1Algr1: São objetos geométricos;
Porque eles recebem o nome de sólidos platônicos?
1Algr1: em homenagem ao seu criador;
Quais são seus elementos de composição?
1Algr1: Não lembro;
É possível planificá-los?
1Algr1: Sim;
Vocês já utilizaram algum software para aprender geometria?

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1Algr1: não por software e sim pelo livro didático;


Se sim, foi o poly?
1Algr1: Não sei o que é poly.

Como é perceptível pela descrição da fala do 1Algr1 esta turma do 6º ano do ensino
fundamental já concebe conhecimentos prévios quanto ao conteúdo, mas não sabem
manipular e utilizar o software poly. Tomamos como ponto de partida que os alunos não
sabiam manipular o software, desta forma os explicamos sua funcionalidade.
A partir deste momento, iniciamos a nossa segunda etapa de nossa categorização de
dados, isto é, frisamos nos procedimentos de resolução apresentados pelos alunos para
obtenção das respostas.
A seguir apresentamos a primeira questão, por meio da figura 2:

Figura 2. Atividades aplicadas aos alunos por meio do Poly. Fonte: Fanti et al (2007)

O primeiro grupo-GRUPO 1, iniciou a atividade discutindo como fariam para visualizar as


regiões poligonais que aparecem como faces dos poliedros de Platão, visto que na primeira
janela do software aparece apenas um triângulo, ou seja, uma face triangular de um tetraedro,
como ilustra a imagem a seguir:

Figura 3. Janela de abertura do Poly. Fonte: elaborada pelo autor da pesquisa

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Após abrirem o software inicia-se o seguinte diálogo:


1Algr1- olha como vamos responder isso?
2Algr1- Os professores ensinaram lembra não?
1Algr1- ah foi mesmo!
3 Algr1- Só é dar um giro da figura, que a gente ver os outros lados.
1 Algr1- Tem outro jeito também, a gente pode utilizar a opção de planifica.
2Algr1- É mesmo tu lembras como é?
1Algr1- Clica lá em cima? Pronto agora a gente ver os outros.
2Algr1- Ficou mais fácil?

Observamos nos extratos das falas dos alunos, a interação para responder as atividades
por meio do software, eles também apresentam não apenas uma forma de poder resolver a
atividade, como a opção de girar ou mesmo de ir até o ícone com a opção de planificação dos
poliedros, como ilustramos abaixo:

Figura 4. Menus do poly Fonte: elaborada pelo autor da pesquisa

Diferentemente do grupo 1, os alunos pertencentes ao grupo 2 após abrirem o software e


seguir os comandos apresentados pela atividade 1, seguiram diretamente para o ícone
representado na figura 4, não giraram os sólidos/poliedros de Platão na tela do software como
o grupo 1, planificaram o tetraedro, assim como os demais e contaram quantas faces e qual
seriam elas.
Apesar da parte teórica ter sido desenvolvida anteriormente a aplicação da atividade, os
alunos do grupo 3 apresentaram um certo grau de dificuldades porque não tinham muita
habilidade de utilizar o computador, assim sentimos a necessidade de um tempo maior para
que eles se apropriassem do software, solicitaram depois de várias discussões entre os
integrantes do grupo, nossa ajuda para lembra-los qual seria a ação realizada após abrir o
software.
Quanto aos procedimentos utilizados por esse grupo, se assemelham aos procedimentos do
grupo 1, primeiro eles giram a figura que aparece na tela, da interface do software assim que
ele é aberto, mas o que nos chama a atenção é que eles não seguem utilizando a ferramenta

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do software explicitado na figura 5, eles contam as faces, após utilizar o botão deslizar, como
ilustramos a seguir:

Figura 5. Planificação de um Octaedro. Fonte: elaborada pelo autor

Mediante nossas análises, verificamos que os grupos utilizaram diferentes procedimentos,


dentre eles: girar a figura, ir diretamente no ícone que permite a planificação, ou mesmo no
botão de arrasto explicitado na figura 3, para então responder a atividade.
A questão 2 da atividade concebia que os alunos participantes realizassem a contagem dos
elementos (faces, arestas e vértices) que compõem os poliedros platônicos. A seguir,
ilustramos a questão por meio a figura 06.

Figura 6. Extrato de preenchimento das respostas da atividade 2. Fonte: Fanti et al (2007)

Quanto a questão 2 da atividade, os grupos 1 e 3, utilizaram os ícones que realçam os


vértices, as faces e um terceiro que destacam a visualização das arestas, como ilustramos a
seguir:

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Figura 7. Apresentação dos menus utilizados pelos alunos. Fonte: extrato da pesquisa

Quanto ao grupo 2 apenas utilizaram a segunda ferramenta explicitada no passo e em


seguida contam, o número de faces, vértices e arestas, inserindo na tabela em seguida.
Concluímos nossas análises enfatizando que nossos objetivos de estudo foram alcançados
pois os dois critérios (o material seja potencialmente significativo e que os alunos tenham
predisposição para aprender) que Moreira (2012) propõe para haver a ocorrência da

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aprendizagem significativa foram almejados. Em nosso caso é perceptível verificar que o poly
assume a primeira condição e os alunos de acordo com a primeiras análises concebem a
concepção de aprendizagem como enriquecimento para suas vidas. Portanto, enfatizamos que
houve indícios de uma aprendizagem significativa no que se refere ao estudo dos poliedros.

Considerações Finais

A partir das nossas análises dos resultados percebemos que o uso do software de geometria
poly se trata de um recurso relevante para potencializar a visualização de objetos/entres
geométricos conforme propõe os pesquisadores Furquim, Fanti e Camargo (2010), Batista,
Barcelos e Afonso (2006), que fundamentam nossa pesquisa.
Utilizando o software percebemos por meio de nossas análises que os alunos foram
capazes de compreender a relevância de aprender um conteúdo de geometria por meio de
uma ferramenta tecnológica, isto é, o material da aprendizagem exerceu um potencial
significativo para a compreensão do conteúdo estudado. Foi perceptível que a partir da
manipulação das diferentes ferramentas e menus do poly os alunos indícios de uma
aprendizagem significativa no que se refere ao estudo dos poliedros platônicos, pois
verificamos por meio de nossas análises que os alunos identificaram os diversos elementos
pesquisados, tais como, vértices, faces e arestas, assim como realizaram as planificações
pedidas na atividade.
Quanto as atividades propostas que foram realizadas pelo auxílio do software, notamos que
os alunos se sentiram entusiasmados com a proposta. Outro fator que nos chamou a atenção
foi que os alunos interagiam entre o próprio grupo para responder as duas questões da
atividade, exemplificando, enquanto um ficava no computador utilizando o software, os outros
sugeriam dicas de como poderiam proceder para visualizar as figuras geométricas de forma
mais pertinente.
Esperamos que o poly não seja utilizado apenas como um recurso a mais nas aulas de
matemática pelos professores, mas que venha contribuir para que os alunos construam cada
vez mais o conhecimento matemático da geometria, quebrando tabus que a matemática é
difícil e pouco prazerosa.
Como já foi mencionado na fundamentação teórica, Brasil (1997), Brasil (1998) e
Pernambuco (2012) corroboram que a utilização de softwares educacionais contribuem para
auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, ou seja, de acordo com a teoria Ausubeliana
estes assumem o papel de um material potencialmente significativo possibilitando estratégias e
dinamismos para a apreensão do conteúdo.
Para a utilização de um material potencialmente significativo é necessário que o professor
se planeje com o objetivo de aprimorar o processo de ensino e aprendizagem, incorporando
diferentes usos de recursos nas aulas de matemáticas para que os alunos tornam-se sujeitos
na construção do conhecimento e aprendam de maneira significativa.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação


Brasil | Recife | Setembro de 2017
ISSN: 1984-6355
Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 15

Sugerimos para outras pesquisas que utilizem o poly, cabri 3d e geogebra 3d no estudo da
geometria espacial e posteriormente realizem um estudo comparativo para observar se os
alunos conseguiriam responder de forma satisfatória atividades de identificar o número de
vértices, face e arestas nos sólidos/poliedros de Platão de maneira estática como se encontram
em livros didáticos, sem a possibilidade de poder manipula-las, como fizeram no software.

Referências

BRASIL. Ministério da educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília, 1997.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


matemática/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF,1998.

RASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova


Brasil. Ensino Fundamental: matrizes de referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SEB,
Inep, 2011

DESLANDES, S. F. et al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 21 ed. Petrópolis,


Rio de Janeito: Editora Vozes, 2002.

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Disponível em <http://www.sbmac.org.br/eventos/cnmac/xxxiii_cnmac/pdf/628.pdf > . Acesso
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FANTI, E.; KODAMA, H. Explorando poliedros convexos com o software Poly. 2010. Disponível
em: < http://www.sbmac.org.br/eventos/cnmac/xxxiii_cnmac/pdf/628.pdf>. Acesso em
10/10/2016.

GERKE, T.T.; FIOREZE, L.A. O uso de vídeo e software poly no estudo de poliedros de
platão. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/134153/000984824.pdf?sequence=1>.
Acesso em 10/10/2016.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

LIMA, E.L. Meu Professor de Matemática. Rio de Janeiro: Impa e Vitae Comunicação Visual,
1991. 206p.

MOREIRA, M. A. O que é afinal aprendizagem significativa? Qurriculum. La Laguna, Espanha,


2012.

PERNAMBUCO, SEDUC. Base Curricular Comum para o Ensino Fundamental, Recife,


SEDUC-PE, 2008.

PERNAMNBUCO, SEDUC. Currículo de Matemática para o Ensino Fundamental com base


nos Parâmetros Curriculares do Estado de Pernambuco, Recife, SEDUC-PE, 2012.
SILVERSTONE, Roger. Porque estudar mídia? 2ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação


Brasil | Recife | Setembro de 2017
ISSN: 1984-6355

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