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Módulo
1 Orçamento Público:
Conceitos e Fundamentos
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa
Conteudista/s
Fernanda Costa Bernardes (Conteudista revisora, 2018).
Enap, 2019
3. Técnicas orçamentárias.................................................................. 9
4. Funções orçamentárias................................................................ 12
5. Princípios orçamentários............................................................. 13
5.1 Princípios orçamentários clássicos..................................................................14
5.2 Princípios orçamentários modernos................................................................15
7. Revisão........................................................................................ 27
8. Referências ................................................................................. 28
Este curso visa contribuir para a melhoria da qualidade dos orçamentos elaborados pelos diversos
entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), trazendo reflexos positivos para
a qualidade do gasto público, bem como para o fortalecimento do controle social.
Você navegará por todo o conteúdo e atividades em sequência, podendo avançar e/ou retornar
sempre que achar necessário.
Sugerimos que você leia o conteúdo e responda as questões na ordem em que estão dispostos.
Mas, você é livre para fazer isso quando e na ordem em que achar melhor - dentro do período de
duração do curso. Só não deixe de garantir que fez tudo, para não ter problemas com a obtenção
do certificado ao final do curso!
É provável também que você já tenha se perguntado sobre o que é feito do dinheiro dos impostos
pagos pelos cidadãos de nosso país. Diante dessa dúvida, podem surgir outros questionamentos,
tais como: Como o governo organiza as contas públicas? Como ele planeja as suas ações e os
seus investimentos? É possível reduzir as suas despesas? Como surgiu o orçamento no contexto
da Administração Pública e qual a sua importância para um país, estado ou município?
Essas reflexões nos permitem concluir que tanto o orçamento pessoal quanto o Orçamento
Público envolvem a tarefa de adequar vontades, por exemplo, desejos de consumo ou planos de
investimento, aos recursos disponíveis. Portanto, a elaboração de um orçamento busca equalizar
necessidades a recursos limitados. Sendo assim, o objetivo aqui é apresentar o conceito de
Orçamento Público e sua importância para a sociedade. Para isso, é importante, inicialmente,
entendermos qual é o papel do Estado na sociedade moderna.
Falhas de mercado consistem em situações em que o mercado competitivo não é capaz de alocar
recursos com eficiência. Giacomoni (2010) cita como falhas de mercado:
• Monopólios naturais
Surge quando apenas uma empresa consegue ofertar um bem ou serviço a um
mercado inteiro a um custo menor do que ocorreria se existisse plena concorrência.
Diante dessa situação, a intervenção do Estado impedindo a cobrança de preços
abusivos, como ocorre na oferta de distribuição de água ou energia, seria justificada.
• Existência de externalidades
Essa falha de mercado ocorre quando as ações de um agente econômico impactam,
positiva ou negativamente, o bem-estar de outras que não tomam parte da ação.
Assim, estaria justificada a intervenção do Estado com o fim de estimular ações
que geram externalidades positivas (concessão de subsídios para a agricultura, por
exemplo) ou desestimular ações que causam externalidades negativas (cobrança de
impostos "pigouvianos" sobre a venda de bens como cigarros).
• Mercados incompletos
Em algumas situações, o mercado não está disposto a oferecer alguns bens e serviços
devido ao alto custo ou risco de provisão, apesar de haver demanda para ele. Com
isso, caberia ao Estado ofertar tais bens e serviços, como ocorre na concessão de
crédito de longo prazo por um Banco de Desenvolvimento do Governo.
Nesse sentido, Giacomoni (2010) observa que uma das características mais marcantes da
economia é o crescente aumento das despesas públicas que, no Brasil, segundo o autor, teve início
mais tarde, sobretudo a partir do término da Segunda Guerra Mundial, em razão das crescentes
demandas por bem-estar social, nas áreas de educação e saúde, do desejo por serviços públicos
melhores e do crescimento das funções administrativas exercidas pelos governos.
Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008), com base em estudos da área econômica, afirmam que
tal contexto demanda do Estado a adoção de mecanismos de correção que levem à construção
de uma sociedade mais harmoniosa. Nesse sentido, destacam que a intervenção estatal na
economia se realiza por intermédio das seguintes políticas:
Regulatória
Realiza-se por meio da edição de atos normativos junto ao setor privado, com
o objetivo de mitigar as imperfeições relacionadas, sobretudo, à formação de
monopólios1 ou àquelas que inviabilizem a universalização da oferta de bens e
serviços públicos. Exemplo: a criação de agências reguladoras em setores como
energia elétrica, telecomunicações e aviação civil.
1. Conceito que descreve uma condição em que um único vendedor domina o mercado, tendo controle total da
oferta de determinado produto ou serviço.
Monetária
Importante
Dentre os conceitos observados na literatura, destacamos o conceito
apresentado por Baleeiro (1998), que define o Orçamento Público como o ato
pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo lhe autoriza, por certo
período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos
serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do
país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.
Vale a pena fazer uma análise dos principais elementos contidos nesse conceito:
• “Ato pelo qual o Poder Executivo prevê (...)” - O orçamento é um ato de iniciativa
exclusiva do chefe do Poder Executivo. Apesar de cada Poder elaborar sua própria
proposta orçamentária, o Poder Executivo é o responsável por sua consolidação e envio
ao Poder Legislativo.
• “(...) e o Poder Legislativo lhe autoriza” - Apesar da iniciativa do orçamento ser exclusiva
do Poder Executivo, é o Poder Legislativo, enquanto representante do povo, que o
autoriza. Não há obrigatoriedade de se executar o orçamento aprovado pelo Legislativo,
sendo ele apenas uma condição necessária para que se possa realizar o que nele está
previsto, conforme a discricionariedade do administrador.
2_ Conjunto de medidas adotadas pelo governo, dentro do orçamento do Estado, que visa obter as rendas indispensáveis
à satisfação das despesas públicas. Envolve a definição e a aplicação da carga tributária exercida sobre os agentes econômicos
e a definição dos gastos do governo com base nos tributos arrecadados.
• “(...) a arrecadação das receitas já criadas em lei. ” - Assim como o orçamento traz a
previsão de despesas, deve também prever a arrecadação das receitas, necessárias para
o custeio das despesas autorizadas, as quais já devem ter sido previamente criadas por
lei.
• Político
O parlamento, formado por representantes do povo, autoriza o gasto público, na
medida em que vota a Lei Orçamentária, levando em conta as necessidades coletivas.
• Econômico
Instrumento de atuação do Estado, no domínio econômico, por meio do aumento e/
ou redução, por exemplo, dos gastos públicos.
• Técnico
Relaciona-se à obrigatoriedade de observância da técnica orçamentária, sobretudo,
em relação à classificação clara, metódica e racional da receita e da despesa.
https://www.youtube.com/watch?v=2jxW4UFD5vk&feature=emb_title
3. Técnicas orçamentárias
Conforme relatam Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008), à medida que evoluíram as técnicas de
planejamento e de intervenção do Estado na economia, novas funções foram incorporadas ao
orçamento. Com isso, distintas técnicas de orçamento foram desenvolvidas.
3_ Orçamento elaborado através de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa, baseado na série histórica
orçamentária. Repetição do orçamento anterior acrescido da variação de preços ocorrida no período. Sua utilização como
prática está associada ao Orçamento Clássico ou Tradicional.
• Orçamento-Programa
Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008) discorrem que a ênfase desta técnica está
nos programas de governo, nas realizações almejadas, isto é, o orçamento passa a
considerar os objetivos que o governo pretende alcançar durante um determinado
período. Assim, o Orçamento-Programa constitui peça intimamente associada ao
planejamento, traduzindo amplamente o plano de trabalho do governo, com a
indicação dos programas e das ações a serem realizadas, bem como dos montantes
e das fontes de recursos a serem utilizadas em sua execução.
Com base nos estudos de alguns autores, a referida técnica tem como principais
características: a integração planejamento-orçamento; a quantificação de objetivos
e a fixação de metas; maior ênfase na relação insumo-produto; o acompanhamento
físico-financeiro das ações orçamentárias; a contínua avaliação de resultados e uma
gestão voltada para o alcance de objetivos.
Essa técnica orçamentária foi consagrada na esfera federal pelo Decreto-Lei 200,
de 23 de fevereiro de 1967, mas foi apenas com a Portaria nº 9, de 28 de janeiro
de 1974, que foi instituída a classificação funcional-programática, que vigorou até
sua revogação pela Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999. Essa portaria alterou
significativamente a estrutura de classificação funcional-programática até então em
voga, ao instituir uma classificação funcional e remeter a estrutura programática aos
Planos Plurianuais (PPA) de cada ente da Federação.
4. Funções orçamentárias
Podemos reconhecer que o Orçamento Público não é apenas uma lei que autoriza a arrecadação
de receitas e a execução de despesas, mas um instrumento que apresenta múltiplas funções.
Nessa direção, o objetivo é apresentar de forma mais detalhada quais são suas múltiplas funções,
dentre elas as principais funções orçamentárias existentes e como elas são aplicadas.
Musgrave (1976), em sua abordagem, informa sobre a existência de várias funções separadas,
embora inter-relacionadas, e propõe uma classificação, baseada na determinação de políticas
orçamentárias em um Estado imaginário, no qual prevaleçam padrões eficientes de planejamento
fiscal.
4. São necessidades satisfeitas por meio do Orçamento Público, além daquilo que já é provido, paralelamente,
pelo mercado e pago pelos consumidores. Exemplo: merenda escolar; subsídio para casas de baixo custo,
educação gratuita.
Função distributiva
5. Princípios orçamentários
Com o objetivo de conferir racionalidade, eficiência e transparência aos processos de elaboração,
execução, avaliação e controle do Orçamento Público, foram estabelecidos, ao longo da evolução
do orçamento, alguns princípios que, apesar de não terem caráter absoluto ou dogmático –
antes constituem categorias históricas, estando sujeitos a transformações em seu conceito e
significação, possuem utilidade conceitual (GIACOMONI, 2010).
A seguir temos dois vídeos que tratam dos princípios orçamentários clássicos:
https://www.youtube.com/watch?v=thqF1ZBhQls&feature=emb_title
https://www.youtube.com/watch?v=ildV6AacTm8
• Anualidade
De acordo com o Princípio da Anualidade, o orçamento deve ter vigência limitada
a um exercício financeiro. Conforme a legislação brasileira, o exercício financeiro
precisa coincidir com o ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro). A Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) vem reforçar este princípio ao estabelecer que as
obrigações assumidas no exercício sejam compatíveis com os recursos financeiros
obtidos no mesmo exercício.
• Clareza
Pelo Princípio da Clareza, o orçamento deve ser claro e de fácil compreensão a
qualquer indivíduo.
• Equilíbrio
No que diz respeito ao Princípio do Equilíbrio, fica evidente que os valores
autorizados para a realização das despesas no exercício deverão ser compatíveis com
os valores previstos para a arrecadação das receitas. O Princípio do Equilíbrio passa
a ser parâmetro para o acompanhamento da execução orçamentária. A execução
das despesas sem a correspondente arrecadação no mesmo período acarretará,
invariavelmente, resultados negativos, comprometedores para o cumprimento das
metas fiscais, que serão vistas mais adiante.
• Exclusividade
Verifica-se que a Lei Orçamentária não poderá conter matéria estranha à fixação
das despesas e à previsão das receitas. A CF/1988 estabelece como exceções:
autorização para abertura de créditos e para a contratação de operações de crédito.
• Legalidade
Esse princípio deve ser observado em dois sentidos: (i) pela legalidade aplicável aos
atos da Administração Pública, segundo a qual só é permitido ao administrador fazer
o que está autorizado em lei; e (ii) pela reserva legal, segundo a qual o orçamento se
realiza por meio de leis (PPA, LDO e LOA), que seguem as regras impostas legalmente
para sua edição. Vale destacar que a abertura de crédito extraordinário, por meio
• Publicidade
Diz respeito à garantia da transparência e pleno acesso a qualquer interessado às
informações necessárias ao exercício da fiscalização sobre a utilização dos recursos
arrecadados dos contribuintes.
• Unidade Orçamentária
Diz que o orçamento é uno, isto é, cada unidade governamental deve possuir
apenas um orçamento. Todas as receitas e despesas devem estar contidas numa só
lei orçamentária.
• Uniformidade
Para a obediência a esse princípio, os dados apresentados devem ser homogêneos
nos exercícios, no que se refere à classificação e demais aspectos envolvidos na
metodologia de elaboração do orçamento, permitindo comparações ao longo do
tempo.
• Universalidade
Todas as receitas e todas as despesas devem constar da Lei Orçamentária, não
podendo haver omissão.
• Especificação ou Discriminação/Especialização
As receitas e as despesas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada,
de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua
aplicação.
• Orçamento Bruto
Determina que todas as receitas e despesas devem constar na peça orçamentária
com somente seus valores brutos, não envolvendo assim os seus valores líquidos.
Dessa forma, devem constar valores totais, sendo vedadas quaisquer deduções.
• Responsabilização
Conforme o Princípio da Responsabilização, os gerentes/administradores devem
assumir, de forma personalizada, a responsabilidade pelo desenvolvimento de um
programa, buscando a solução ou o encaminhamento de um problema.
• Simplificação
Pelo Princípio da Simplificação, o planejamento e o orçamento devem se basear
em elementos de fácil compreensão. No âmbito do Governo Federal observam-se
iniciativas como a publicação da Revista Orçamento Federal ao Alcance de Todos.
• Programação
O orçamento deve relacionar os programas de trabalho do governo, enfatizando as
metas e os objetivos a serem alcançados.
Essas regras são os fundamentos legais que o embasam. Aqui, apresentaremos quais são os
fundamentos legais do Orçamento Público brasileiro, destacando a importância de cada um
deles dentro do contexto orçamentário.
Para iniciarmos, vamos definir o que são fundamentos. A palavra “fundamento” pode ser
entendida como: alicerce, base, apoio, entre outros significados. O termo legal refere-se à lei,
norma ou conjunto de regras aprovadas pelo Poder Legislativo, que devem ser obedecidas pela
sociedade e devem estar de acordo com a CF/88. Infralegais são as normas que estão abaixo de
lei, como portarias.
Assim, nessa perspectiva podemos exemplificar que os fundamentos legais são as leis e os
infralegais são os decretos e portarias que organizam e regulamentam o Orçamento Público
no Brasil. Essas leis e normas estabelecem as “regras do jogo” e existem para garantir que as
despesas e receitas públicas sejam planejadas e executadas pelos administradores públicos de
forma sistematizada, democrática e transparente.
Importante
• Constituição Federal da República de 1988.
Giacomoni (2010) salienta que a Constituição de 1988 trouxe importantes novidades relacionadas
ao tema, tais como a devolução ao Legislativo da prerrogativa de propor emendas ao Projeto de
Lei Orçamentária e a explicitação de universalidade orçamentária, na qual todas as receitas e
despesas devem constar do Orçamento Público, necessitando aprovação legislativa. Ademais,
outra importante inovação foi a exigência de, anualmente, o Poder Executivo encaminhar ao
Legislativo projeto de lei das diretrizes orçamentárias com o objetivo de orientar a elaboração da
Lei Orçamentária Anual.
Além disso, segundo o autor, a Constituição de 1988 reforçou a concepção que associa
planejamento e orçamento como elos de um mesmo sistema ao tornar obrigatória a elaboração
O texto constitucional prevê, ainda, a criação de Lei Complementar, em substituição à atual lei de
finanças vigente, que data de 1964, para dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos,
a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei
orçamentária anual. Essa lei deve, ainda, estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial
da administração direta e indireta, bem como condições para a instituição e funcionamento
de fundos. Porém, as propostas sobre a referida lei ainda estão em discussão no âmbito do
Congresso Nacional.
Diante da demora da aprovação da Lei Complementar, prevista no §9º do art. 1650 da Constituição,
a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem sido progressivamente utilizada como veículo de instruções
e regras a serem cumpridas na execução orçamentária, suprindo a impossibilidade de a própria
Lei Orçamentária, em face do princípio da exclusividade, de disciplinar temas estranhos à previsão
da receita e à fixação da despesa.
Você sabia que a Constituição Federal de 1988 , em seu artigo 167, estabeleceu algumas
vedações a serem aplicadas no processo orçamentário? Seguem elas:
II. realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que sejam maiores que
os valores constantes da LOA ou de seus créditos adicionais;
III. realização de operações de créditos que excedam o total das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais (regra de
ouro);
Uma recente inovação constitucional relacionada ao tema orçamentário foi o Novo Regime
Fiscal, instituído em 2016, por meio da Emenda Constitucional nº 95, que incluiu os artigos 106
a 114 no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.
Esses limites, calculados a partir da despesa primária paga em 2016, corrigida pelo IPCA,
abrangem, além dos órgãos mencionados, fundos, autarquias e fundações integrantes dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, além das demais operações que afetam o
resultado primário do Governo Federal.
Ademais, vale ressaltar que o NRF alterou o cálculo dos valores mínimos a serem aplicados em
Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS) e a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE)
durante sua vigência, que, a partir de 2018, passou a ser calculado a partir das aplicações mínimas
de 2017, corrigidas pela variação do IPCA. Regra semelhante foi definida para as Emendas
Individuais Impositivas, previstas nos §§ 9º e 11 do art. 166 da Carta Magna.
A seguir, temos mais fundamentos legais que dão base ao Orçamento Público brasileiro:
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos
e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Essa lei estabelece as normas gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos
orçamentos e dos balanços da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
De acordo com Giacomoni (2010), a lei foi aprovada com o compromisso de consolidar a
padronização dos procedimentos orçamentários para os diversos níveis de governo. O autor
ainda destaca que a lei desce a particularidades, especialmente na adoção de plano de contas
único para as três esferas, apesar de sua ementa se referir a “normas gerais de direito financeiro”.
Apesar de ter sido elaborada em 1964, essa lei foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988,
ou seja, boa parte de seus dispositivos são aplicados na elaboração, na execução e no controle
Esse Decreto dispõe sobre a organização da Administração Pública. Estabeleceu diretrizes para a
reforma administrativa, ampliou a autonomia administrativa, reduziu a burocracia e aumentou
a capacidade administrativa do Estado brasileiro. Definiu que a ação governamental deveria
promover o desenvolvimento econômico-social do país. (ALBUQUERQUE; MEDEIROS; FEIJÓ,
2008).
Giacomoni (2010) afirma que esse ato define o planejamento como um dos princípios
fundamentais de orientação às atividades da Administração Federal, sendo o orçamento-
programa anual entendido como um de seus instrumentos básicos, conforme dispõe seu art. 16:
Tal período foi marcado por elevados índices inflacionários, planos econômicos inconsistentes e
por desequilíbrios expressivos nas finanças públicas dos três níveis de governo (federal, estadual
e municipal). Além disso, afirmam que a conjuntura política brasileira, na década de 80, serviu
Importante
A referida lei configura-se como um código de conduta para os gestores públicos
do país e tem sua aplicação com abrangência nos três Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário) e nas três esferas de governo (Federal, Estadual e
Municipal). De acordo com essa lei, todos os governantes devem obedecer a
determinadas normas e limites para administrar as finanças, devendo prestar
contas sobre a utilização dos recursos públicos. Em síntese, o foco da Lei de
Responsabilidade Fiscal é a prevenção dos desequilíbrios fiscais.
Nesse sentido, Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008) salientam que a motivação para edição da
referida lei foi a necessidade de condicionar a ação dos governantes aos limites estritos de sua
efetiva capacidade de gasto, de forma a prevenir déficits fiscais e o consequente descontrole das
contas públicas.
Por fim, a LRF fortalece a transparência e eficiência das finanças públicas ao introduzir no setor
público brasileiro mecanismos e práticas de gestão saudáveis das contas públicas.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) institui mecanismos que permitem maior transparência e
a consequente ampliação do controle social na gestão dos recursos públicos.
O art. 48 da LRF trata da transparência na gestão fiscal, mediante a divulgação dos planos,
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias e relatórios específicos. Nesse sentido, para
acrescentar dispositivos que promovessem maior participação popular no acompanhamento
das contas públicas, foi aprovada a Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009.
Conforme observa Giacomoni (2010), no estudo do orçamento público, tão importante quanto
às questões conceituais e de estrutura são os aspectos ligados ao seu processo, à sua dinâmica.
Assim, a função orçamentária compreende um sistema orçamentário e um processo orçamentário
que se complementam.
Assim, tem-se que são agentes do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal todos os
responsáveis por atividades orçamentárias da União, os quais podem ser divididos em:
• Órgão Central
O Ministério da Economia é responsável pela coordenação do sistema e processos
de planejamento e orçamento, inclusive pelo de elaboração do PLOA. Sua função é
desempenhada por suas Secretarias de Orçamento Federal (SOF), de Planejamento
e Assuntos Econômicos (SEPLAN) e de Coordenação e Governança das Empresas
Estatais (SEST). Compete à SOF consolidar e supervisionar a elaboração da
Proposta Orçamentária da União, compreendendo os Orçamentos, Fiscal e da
Seguridade Social, em articulação com Secretaria de Planejamento e Assuntos
Econômicos (SEPLAN), a quem compete a elaboração da proposta de planejamento
governamental. No tocante às empresas estatais, também há articulação com a
Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST).
• Órgãos Setoriais
São as unidades de planejamento e orçamento dos Ministérios, da Advocacia-
Geral da União, da Vice-Presidência e da Casa Civil da Presidência da República,
responsáveis pela articulação com o órgão central nas questões envolvidas no
processo.
• Unidades Orçamentárias
São vinculadas aos respectivos órgãos setoriais, sendo responsáveis pela programação
e execução orçamentária. Saiba que o número de unidades orçamentárias pode
variar de acordo com a estrutura e missão de cada órgão ao qual estão vinculadas.
Com o intuito de facilitar a operacionalização das atividades do Sistema, foi criado o Sistema
Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP), um sistema informatizado que suporta os
processos orçamentários do governo federal em tempo real. Por meio do acesso à internet,
os usuários dos diversos órgãos setoriais e unidades orçamentárias integrantes do Sistema de
Planejamento e de Orçamento Federal, bem como de outros sistemas automatizados, registram
suas operações e efetuam suas consultas online, que também podem ser realizadas pelos
cidadãos, por meio do Painel do Orçamento Federal.
O Painel do Orçamento Federal é uma ferramenta disponível pelo Siop por meio do qual qualquer
cidadão, sem necessidade de possuir login, tem acesso às informações de execução orçamentária
em tempo real. Para acesso ao manual de utilização da ferramenta, acesse: https://www1.siop.
planejamento.gov.br/siopdoc/doku.php/acesso_publico:painel_orcamento
Acrescenta dispositivos à Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências,
a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e contrôle dos orçamentos e
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Acesse: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm
7. Revisão
O Orçamento Público se caracteriza como um instrumento da política fiscal fundamental
para a atuação do Estado, no sentido de alcançar resultados que promovam a estabilidade e
sustentabilidade econômica e uma maior qualidade de vida à população.
Conhecemos um breve histórico e entendemos que a origem dos orçamentos públicos está
relacionada ao desenvolvimento da democracia, em oposição ao Estado antigo, no qual o
monarca considerava-se soberano e detentor do patrimônio originário da coletividade.
Conhecemos também que, ao longo da evolução orçamentária, surgiram diversos princípios com
a finalidade de conferir racionalidade, eficiência e transparência aos processos de elaboração,
execução, avaliação e controle do orçamento público, os quais podem ser agrupados em:
Por fim, abordamos os fundamentos legais que dão base ao Orçamento Público na esfera federal:
Constituição Federal de 1988, Lei nº 4.320 de 1964, Decreto-lei nº 200 de 1967, Lei Complementar
nº 101 de 2000, Lei Complementar nº 131 de 2009 e a Lei nº 10.180 de 2001.
• A Constituição Federal de 1988 é a lei máxima na qual todas as outras leis relacionadas
ao Orçamento Público e todos os processos orçamentários devem estar em harmonia.
• A Lei Complementar nº 131/09 foi criada para acrescentar dispositivos na LRF que
promovessem maior participação popular no acompanhamento das contas públicas.
8. Referências
ALBUQUERQUE, C. M.; MEDEIROS, M. B.; SILVA, P. H. F. Gestão de Finanças Públicas. 2ª edição.
Brasília, 2008.
BALEEIRO, A. Uma introdução à Ciência das Finanças. 15ª edição, Rio de Janeiro, 1998.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado,
1998.
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 02 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para
a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso
em: 02 mar. 2020.
LENZA, P. Direito Constitucional Esquematizado. 15ª edição. São Paulo: Saraiva, 2011.
MACHADO JUNIOR, J.T. Classificação das contas públicas. 1ª Ed.Rio de Janeiro: FGV, 1967.