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MANUAL

Abril de 2020
Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Índice
NOTA DE ABERTURA...................................................................................................................... 3
Como está organizado o manual? ............................................................................................. 3
O significado dos símbolos utilizados ........................................................................................ 4
Objetivos de Aprendizagem .......................................................................................................... 5
Avaliação diagnóstica .................................................................................................................... 6
I. O que é o eLearning? ......................................................................................................... 8
1. A evolução do Ensino a Distância (EaD) – do ensino de correspondência à Web 2.0 ....... 8
2. Âmbito do e-Learning ...................................................................................................... 13
3. Definição de e-Learning ................................................................................................... 16
4. Conceitos-chave associados ao e-Learning ..................................................................... 19
II. Quem são os e-formandos?............................................................................................. 23
1. Quais as características dos e-formandos? ..................................................................... 23
2. Competências do e-formando – A Aprendizagem Autodirigida...................................... 26
3. Os Estilos de Aprendizagem ............................................................................................ 31
III. O papel do e-formador ................................................................................................ 33
1. Formador, tutor ou mediador? Em que ficamos? ........................................................... 33
2. Porquê um tutor? ............................................................................................................ 34
4. Áreas e domínios de intervenção do e-formador ........................................................... 35
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 41
Módulo 0 – Introdução ao eLearning

NOTA DE ABERTURA

Como está organizado o manual?

O presente documento constitui-se como o manual de apoio ao participante relativo


ao Módulo 0 – Introdução ao eLearning, integrado no curso de formação pedagógica
especializada para formadores – eFormador, ação piloto 2.

Neste manual iremos abordar diversos tópico, a saber:

Conceitos de eLearning;

Características do eLearning

Componentes do e-learning: Aprendizagem, ensino e


interatividade; Características e necessidades dos e-formandos;

Competências do e-formando;
Funções do e-formador

Para facilitar o processo de aprendizagem e a reflexão acerca dos assuntos, ao longo


do manual apresentam-se algumas questões e ou atividades propostas para apoiar a
sua leitura e interpretação dos conteúdos.

Utilizam-se também uma série de símbolos que pretendem assinalar os conceitos-


chave, as ideias a reter e ainda as atividades para reflexão.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

O significado dos símbolos utilizados

A utilização de símbolos torna a utilização do manual mais amigável e intuitiva. Eis os


símbolos usados no decurso deste manual, visando assim a identificação do conteúdo
a explorar.

Proposta de atividade ou momento de reflexão


Proposta de atividade a realizar para aplicação dos conhecimentos apreendidos
relativamente a uma determinada temática

Em síntese/A reter

Síntese dos principais aspetos abordados num determinado ponto ou capítulo.

 Ligação a recurso externo

Indica a existência de uma hiperligação a um artigo, excerto de obra ou documento


em formato multimédia, filme ou ainda sítio na internet.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Pretende-se que no final deste módulo os participantes sejam capazes de:

Definir o conceito de e-learning e as novas dimensões do ensino e aprendizagem


no e-learning;

Diferenciar o e-learning relativamente a outras formas de ensino aberto e a


distância (EAD) e face às modalidades de ensino tradicional em sala.
Identificar as características dos e-formandos e as suas necessidades;

Definir o conceito de aprendizagem autodirigida e reconhecer as competências


associadas;

Descrever o papel do e-formador e as funções associadas.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

Enquanto protagonista do seu processo de aprendizagem, propomos-lhe que faça a


sua autoavaliação respondendo ao questionário que antecede este Módulo.

Esta autoavaliação tem como objetivos que você:

Defina quais os seus conhecimentos iniciais sobre os temas estudados e que


aplicações concretas conseguem realizar;

Avaliando a sua aprendizagem, no início, no decurso e no final do processo,


pode comparar os seus conhecimentos e as aptidões iniciais com os
conseguidos com o estudo do módulo;

Esta autoavaliação permitir-lhe-á sentir como decorreu o seu processo de


aprendizagem, verificando os resultados da sua progressão mediante a realização dos
exercícios de avaliação no final de cada unidade capitalizável.

Complete o questionário que se segue de acordo com as seguintes instruções:

UTILIZE A ESCALA QUE SE SEGUE PARA AVALIAR OS SEUS CONHECIMENTOS/COMPETÊNCIAS


RELATIVAMENTE AOS DIFERENTES TEMAS

1. Não conheço, nem sem realizar (nunca li nada sobre este tema, nem nunca
trabalhei em nada relacionado)

2. Conheço o tema, mas não sei como se aplica (Já li sobre o assunto e participei
numa atividade associada)

3. Sei fazê-lo de forma empírica (Tenho alguns conhecimentos tácitos, mas não
teóricos sobre o assunto)

4. Tenho conhecimentos sobre o assunto e sei levá-los à prática (estou atualizado


sobre o tema, mas tenho pouca experiência)

5. Tenho conhecimentos sobre o assunto e coloco-os em prática frequentemente


(Estou atualizado sobre o tema e pratico regularmente)

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Apenas poderá assinalar uma resposta. Poderá responder ao questionário, assinalando


como se exemplifica:

Questão 1 2 3 4 5

QUESTIONÁRIO
DE AUTO-AVALIAÇÃO

1.1. Definir o conceito de e-learning 1 2 3 4 5

1.2. Enquadrar o e-learning face ao Ensino


1 2 3 4 5
Aberto e a Distância (EAD)
1.3. Identificar as dimensões centrais do e-
1 2 3 4 5
learning
1.4. Definir o conceito de Aprendizagem
1 2 3 4 5
Autodirigida
1.5. Enumerar três capacidades relacionadas
com esta competência de Aprendizagem 1 2 3 4 5
Autodirigida
1.6. Distinguir e-formador de e-tutor 1 2 3 4 5

1.7. Enumerar 3 tarefas associadas à função de


1 2 3 4 5

1.8. Distinguir tutoria ativa de passiva 1 2 3 4 5

2. Registe aqui três capacidades da competência de Aprendizagem Autodirigida


____________________________________________________________

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

I. O que é o eLearning?

1. A evolução do Ensino a Distância (EaD) – do ensino de correspondência à


Web 2.0

Antes de iniciarmos a explicitação dos


conceitos e princípios fundamentais acerca
do e-Learning, importa enquadrá-lo
enquanto modalidade do Ensino/Formação
a Distância.

Em termos de conceito, o EaD pode ser


definido como

“aquele em que aprendente e formador/tutor não se encontram no mesmo espaço,


estabelecendo-se a comunicação e a interação através de formas de comunicação
distintas das tradicionais, ou seja, sem recurso a comunicação face a face, realizada em
sala de formação ou em contexto de trabalho”. (Koogan, 2008)

O Ensino a Distância tem uma longa história remontando, segundo alguns autores,
pelo menos, ao século XVII. De acordo com estes especialistas, terá sido Sir Isaac
Pitman a dar início aos primeiros cursos por correspondência (Correspondence
Colleges), no Reino Unido.

 Ligação a recurso externo


Poderá consultar um breve resumo da biografia de Sir Isaac Pitman, na Wikipedia,
disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Isaac_pitman

O nascimento do Ensino por Correspondência parece ter surgido por razões relacionadas
com aspetos sociais, profissionais ou mesmo culturais, associado a fatores como o
isolamento, a flexibilidade, a mobilidade ou até a empregabilidade, aspetos que se
mantêm válidos nos tempos atuais. Não é de estranhar que os países que mais se têm
destacado neste tipo de formação sejam aqueles que têm grandes extensões territoriais,

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

com povoamentos dispersos, como sucede com a Austrália, Nova Zelândia, Canadá,
entre outros.

O desenvolvimento do Ensino a Distância pode ser descrito basicamente em quatro


gerações, conforme os avanços e os recursos tecnológicos e de comunicação de cada
uma das épocas:

Primeira geração, dominada pelo Ensino por


Correspondência, recorrendo sobretudo a recursos
didáticos em suporte scripto;

Exemplos de publicidade a curso


por correspondência

Segunda geração, dominada pela Teleducação,


suportado em programas de televisão, gravações
em vídeo e ainda material impresso (scripto). Em
Portugal, destacam-se pelo seu impacto, a iniciativa
do Ministério da Educação designado por
“Telescola”, que se traduziu numa experiência
aplicada pela primeira vez ao ensino básico, e ainda

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

os cursos de nível superior ministrados pela Universidade Aberta (UNIABE),


destinados sobretudo a população adulta;

Poderá consultar um pequeno filme sobre o início da emissão da Telescola aqui:


http://www.youtube.com/watch?v=6UO-5rArfjE. E ainda um exemplo de aula de
História e Geografia de Portugal para o 6º. Ano:
http://www.youtube.com/watch?v=cbVOoCioQLQ

Terceira geração,
caracterizada pela utilização de
sistema de comunicação
bidirecional entre formando e
formador, recorrendo
sobretudo a materiais em vários
suporte diversificados, scripto,
audiovisual, multimédia.

Atualmente, fala-se numa quarta geração,


designada por Web 2.0, considerada por muitos
como uma verdadeira “revolução” pelo potencial
de comunicação e interação relacionado com a
utilização das redes sociais e dos meios de
comunicação diversificados, tais como a
teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio
eletrónico, blogues, espaços wiki, plataformas de
ambientes virtuais e todo um conjunto de redes sociais. Acerca do conceito de Web 2.0 e da
diferença com Web 1.0, poderá ver um pequeno filme disponível aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=Bc0oDIEbYFc

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Hoje assiste-se à entrada na era das comunidades virtuais de aprendizagem, com a


proliferação de escolas virtuais, universidades virtuais, institutos virtuais, grupos de
aprendizagem informal, com cursos e conteúdos acessíveis pela World Wide Web
(WWW), com a possibilidade de aulas colaborativas e interações síncronas e
assíncronas, utilizando vários tipos de metodologias e de tecnologias, que promovem o
ensino e a aprendizagem através da Internet.

 Ligação a recurso externo


Caso pretenda aprofundar um pouco melhor este tema, e das possibilidades de utilização das
ferramentas da Web 2.0 na aprendizagem, nomeadamente, Redes Sociais, Blogs, Wiki, entre
outras, clique nesta hiperligação e veja algumas explicações em formato escrito e vídeo:
http://www.openeducationeuropa.eu/en/blogs/8-teacher-s-guides-free-educational-
technology

O termo Web 2.0 surgiu como forma de descrever a quarta geração do EAS e a segunda
geração da World Wide Web: um espaço de colaboração, interação, comunicação
global e partilha de informações, construindo
aquilo que designamos por inteligência coletiva.

A “revolução” de que se fala, refere-se


pela à facilidade e rapidez com que
permite a publicação e o armazenamento
de conteúdos, tornando-a num ambiente
social, acessível a todos os utilizadores. A
Web 2.0, pelas ferramentas de
comunicação e interação que têm
disponíveis, permite que cada indivíduo
possa ser muito mais do que um mero

espetador ou consumidor de informação, mas se torne no produtor de conteúdos,


criando, modificando e controlando a informação de acordo com as suas
necessidades e interesses.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

As Redes Sociais, com destaque para o Facebook, o Twitter, o Linkindin, o Google +,


entre tantos outros, são apenas exemplos de redes que permitem a criação,
divulgação e partilha de informação e conhecimento entre indivíduos. Sem
condicionalismos de espaço, nem de tempo, à distância apenas de um clique.

Proposta de reflexão 1- As Redes Sociais e a aprendizagem


Pare um pouco e reflita acerca desta questão. Qual o impacto das Redes Sociais na sua vida
pessoal e profissional? É um utilizador habitual de Redes Sociais? Se não, porquê? Se sim,
quais? Com que objetivos as utiliza? Será que as Redes Sociais podem ter um papel ativo na
aprendizagem e na produção de conhecimento? Se entender que o tema é interessante
porque não iniciar um tópico de discussão no Fórum? Coloque a questão e registe as suas
ideias, iniciando um debate com os colegas. Esta é uma atividade de caráter voluntário.

As redes sociais atingiram, pela forma como são utilizadas, uma importância que
dificilmente seria previsível quando do seu surgimento há apenas alguns anos. As suas
características sociais, de utilização e partilha fácil, tornam-nas muito atrativas para
todas as idades, mas principalmente entre os jovens.

A educação e a formação, pode e deve tirar partido deste interesse e canalizá-lo para a
aprendizagem se conseguir que, através dos serviços de redes sociais, os formandos
interajam entre si e, colaborando, adquiriam novos conhecimentos e desenvolvam as
competências pessoais e profissionais.

Também as redes sociais constituem, hoje, a plataforma de suporte para o


desenvolvimento de comunidades de aprendizagem em contextos institucionais e de
comunidades de prática em contextos profissionais.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

2. Âmbito do e-Learning

Como vimos, o ensino a distância, desde os primeiros


tempos, demonstrou uma grande apetência e
abertura relativamente às tecnologias, utilizando-as
logo que elas se começam a generalizar, quer para a
distribuição dos conteúdos, quer para promover a

interação entre formadores e formandos. Não é por


isso estranho que o computador e as suas
potencialidades de tratamento dos conteúdos em

suporte digital e posteriormente as suas capacidades de comunicação através da


Internet tenham sido rapidamente incorporadas no arsenal tecnológico do ensino a
distância.

Com a Internet e a emergência da sociedade da informação e do conhecimento abrem-


se novas possibilidades de distribuição da formação e interação que possibilitam a
utilização de novas estratégias pedagógicas no ensino a distância.

Na realidade, a Internet permite que a distribuição e atualização da informação se


processem muito rapidamente e chegue a um grande número de pessoas. Eis algumas
das principais potencialidades:

Permite a troca de novos tipos de mensagem, incluindo o recurso ao


multimédia;
Potencia criação de comunidades de interesse/aprendizagem através de meios
de comunicação síncronos e assíncronos;
Permite a utilização de estratégias de aprendizagem baseadas na colaboração;
Permite um apoio rápido e eficaz à aprendizagem dos formandos a distância.

(Lencastre, 2008)

Contudo, se analisarmos com alguma profundidade vimos que a internet e o recurso às


tecnologias de informação e comunicação estão cada vez mais interiorizados no
sistema de educação e formação.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Cada vez mais, para permitir a realização dos objetivos perseguidos pela aprendizagem
ao longo da vida, vemos que os sistemas educativos adotam modelos mistos em que
as estratégias da sala de aulas combinam o trabalho ou em grupos, sendo o formando
cada vez mais chamado a responsabilizar-se pela sua própria formação e construção
do seu conhecimentos, cada vez mais com recurso às TIC.

A aprendizagem é assim vista como um continuum em que o formando, por sua


iniciativa ou por sugestão da organização vai controlando e desenvolvendo as
catividades de aprendizagem de acordo com as suas competências, objetivos e
necessidades.

As Tecnologias de Informação e Comunicação estão assim cada vez mais associadas ao


processo de ensino-aprendizagem, seja como suporte à aprendizagem realizada em sala
de aula/formação ou a distância. Na figura abaixo podemos ver precisamos a evolução
deste a formação totalmente presencial, com interação face a face e sem recurso a TIC, ao
modelo misto, com sessões presencial e a distância (vulgarmente designadas por Blended
Learning), até à formação a distância, com suporte total nas TIC.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

De utilização simples a utilização complexa e integrada das TIC

Blended Learning
Sessões em sala
Sessões em sala Sessões em sala
com interação
com interação conjugadas com Sessões online
face a face e
face a face sessões online
utilização das TIC

Sem recurso às TIC Totalmente online

(-) De menor dependência a (+) maior das TIC

Guàrdia (2012)

Proposta de reflexão 2- Qual o futuro do e-Learning?


Há quem diga que o e-Learning está em vias de
extinção. Concorda com esta ideia? Deixe explicar
um pouco melhor o nosso ponto de vista.
Provavelmente, num futuro muito próximo, toda a
aprendizagem, será realizada em sala, em contexto
de trabalho ou a distância, toda será realizada com
recurso a tecnologias digitais e redes de
comunicação e informação. Portanto, deixará de
existir a distinção entre formação tradicional (em
sala) e formação em e-Learning. Tudo será e-
Learning! Talvez isto signifique que este curso
deixará de existir… já pensou nisto? Sugerimos que
reflita sobre este assunto. Como
será o futuro do e-Learning? Terá futuro? Ou o futuro é já hoje? Se entender que o tema é
interessante porque não iniciar um tópico de discussão no Fórum? Coloque a questão e registe as
suas ideias, iniciando um debate com os colegas. Esta é uma atividade de caráter voluntário.

É neste contexto que temos de olhar a realidade catual do ensino a distância e do e-


Learning e perspetival as possíveis evoluções futuras. Neste sentido, o e-Learning
apresenta-se como a última contribuição das tecnologias no sentido de vencer a barreira
que a distância - física, social, psicológica e, naturalmente, comunicativa - que tem sido o
constante desafio do ensino a distância. O grande objetivo perseguido pelo ensino a

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

distância, aprender em qualquer lugar e qualquer ocasião, recolhe assim no e-Learning


contribuições fundamentais para a sua realização.

3. Definição de e-Learning

O "e" significa electrónico o que de imediato nos remete para todas as catividades de ensino-
aprendizagem que utilizam meios eletrónicos.

No entanto, a utilização da expressão e-Learning só surge no campo do ensino e formação com


a generalização da utilização de meios digitais e da Internet.

Proposta de atividade - Definição de e-Learning


Sugerimos-lhe que redija uma definição do que para si é o e-Learning. Seguidamente, faça
uma pesquisa pela internet e registe as várias hipóteses propostas. Após ter recolhido 2 ou 3
distintas, compare-as, identificando o que têm de comum e de diverso. Procure encontrar as
características distintas do e-Learning.

Por ser um campo novo e em constante evolução, não existe ainda uma definição para
e-Learning aceite por todos. Vejamos uma possibilidade.

Um processo que permite a transformação da


informação em conhecimento, utilizando como recurso
as tecnologias de informação e comunicação, quer ao
nível da pesquisa e disponibilização da informação,
quer ao nível da interacção entre os diversos
intervenientes. (ASTD, 2008)

Se procurar elementos comuns entre as várias conceções podemos dizer que o conceito
significa …

Qualquer tipo de aprendizagem que utilize de uma forma


sistemática uma rede (Internet ou Intranet ou Extranet),
e tecnologias digitais para a distribuição dos conteúdos,
a interacção e o apoio ao formando. (Lencastre, 2007)

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

O objetivo de qualquer sistema de ensino é criar um ambiente que permita que o


formando possa ter todas as condições necessárias para aprender.

Importa por isso que o ambiente de e-Learning seja desenhado de forma a permitir a
utilização por formadores e formandos de um conjunto de funcionalidades para o
desempenho das suas funções e tarefas.

Estas condições devem permitir as interações necessárias à aprendizagem, que


como sabemos são essencialmente de três tipos:

Interação formando - conteúdo;


Interação formando - formador;
Interação formando - formando.

Tendo em consideração fatores de natureza

pedagógica e tecnológica podem representar o desenho de um ambiente de


aprendizagem para e-Learning através do esquema abaixo. Em termos de elementos
constituintes do processo de aprendizagem, podemos isolar duas dimensões principais:

• Pedagógica - relacionada com a criação, gestão e distribuição dos conteúdos


de formação

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

• Tecnológica - relacionada com a interatividade, tecnologia utilizada e a


distância
COMPONENTE PEDAGÓGICA COMPONENTE TECNOLÓGICA

Tutoria/
Mediação

E-LEARNING

Recursos
tecnológicos
Conteúdos

Em jeito de síntese, podemos afirmar que a diferença entre a formação tradicional e a


formação em e-Learning assenta essencialmente nos suportes físicos de apoio ao
formando e, consequentemente, na forma como se transmitem os conteúdos para
facilitar a sua apreensão e assimilação. Na formação convencional, o formador assume
o papel de elemento dinamizador do estudo dos conteúdos e despectiva transferência,
utilizando a sala de formação como espaço físico e recorrendo aos tradicionais
suportes (quadro, caneta, projetor, etc.). No e-

Learning, independentemente da existência


de tutores dinamizadores da formação, é a
plataforma online o interface físico entre o
formando e a entidade formadora.

Para além disso, aqui o sujeito é o elemento


central do processo de aprendizagem, e é a
partir do seu próprio ritmo e das suas
necessidades de aprendizagem que se constrói o percurso de autoformação.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Nesta perspetival, o formador/tutor assume-se como um parceiro e elemento


catalisador do desenvolvimento da aprendizagem. Este tema será desenvolvido com
mais profundidade no Módulo 4 sobre Dinamização e Comunicação.

Concebido desta forma, o e-Learning é muito mais do que um processo de


aprendizagem sustentado nas novas tecnologias e em que formador e formando se
encontram em locais geograficamente distantes.

Ao tirar o máximo partido da Internet e do serviço World Wide Web, o e-Learning vem
acrescentar elementos de inovação e um potencial acrescido que é importante
destacar e que se relaciona sobretudo com:

Diversidade de ferramentas e de serviços de comunicação entre todos os


intervenientes no processo de ensino-aprendizagem;

Acesso à informação onde e quando quisermos (“just in time”);

Conteúdo dinâmico, facilmente publicável e de rápida atualização.

A reter

Agora que já fizemos uma breve evolução do Ensino Aberto e a Distância e definimos o
conceito de e-Learning, importa agora identificar os conceitos-chave associados a este tipo
de ensino-aprendizagem. Quais são os pressupostos centrais?

Das ideias a reter, destacamos o conceito de Distância, de Interação e de Autonomia do


Formando.

4. Conceitos-chave associados ao e-Learning

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Agora que já fizemos uma breve evolução do Ensino Aberto e a Distância e definimos o
conceito de e-Learning, importa agora identificar os conceitos-chave associados a este
tipo de ensino-aprendizagem. Quais são os pressupostos centrais? Quais os fatores
críticos a considerar para que a aprendizagem seja bem-sucedida?

1) Conceito de Distância

Para compreendermos este conceito, importa primeiramente definir “transação”. Este


conceito foi proposto por Dewey (1942) e refere-se à interação entre o ambiente, os
indivíduos e seus comportamentos numa determinada situação. No caso da formação
a distância, a transação realiza-se entre formandos e formadores num meio ambiente
(através de uma plataforma colaborativa) que tem como característica fundamental a
separação entre eles, o que leva a que ambos
desenvolvam comportamentos diferenciados
adequados a essa situação.

Na realidade, a separação altera


profundamente os padrões tradicionais dos
comportamentos característicos do ensinar e
aprender. Esta separação não se traduz pela
mera distância física, mas sobretudo pela
existência de um espaço psicológico e comunicativo que terá de ser atravessado pelas
mensagens de formadores e formandos. É a este espaço psicológico e comunicacional
que corresponde a distância transacional.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Naturalmente, este espaço psicológico e comunicacional é diferente para cada


formando e cada formador, dependente de duas variáveis fundamentais: a
Interação/Comunicação e a Autonomia do Formando.

2) Interação e comunicação

A interação e a comunicação, e concretamente, a qualidade destes dois processos


críticos para minimizar o efeito de distância física e psicológica entre formandos e
formador. A sensação de “estar perdido” e “distante” só pode ser colmatada com uma
comunicação do tipo “conversa” didática. A atmosfera, a linguagem e a criação de um
clima de confiança inerente a uma conversa amigável são facilitadores do
desenvolvimento de sentimentos pessoais positivos entre formandos.

A comunicação bilateral, entre formador e formandos e, plurilateral, entre


formandos/formandos deverá ser promovida, visando também a criação de uma
dinâmica de grupo favorável à aprendizagem colaborativa.
3) Autonomia do formando

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Aprender a distância exige sempre que


o formando seja capaz de um
desenvolver as suas catividades com um
determinado (de preferência elevado)
grau de autonomia.

Todavia, na prática, sabemos que muitos formandos, não só, não são capazes de
aprender de uma forma amplamente autónoma, como também, que o exercício da
autonomia é, ele mesmo, objeto de aprendizagem.

Assim, o planeamento e orientação do trabalho, providenciados pela organização de


ensino ou decididos pelo formando, são necessários para organizar a aprendizagem
individual e do grupo e promover a sua autonomia.

Importa por isso que, no desenho de uma Acão de e-Learning, a dinâmica entre estudo
independente e interação seja um facto a ter em consideração, tendo sempre em
consideração a natureza dos conteúdos, os objetivos da aprendizagem e, obviamente
as características dos formandos.

Em síntese

Abordámos neste capítulo os conceitos e princípios fundamentais acerca do e-Learning.

Enquadrámos o desenvolvimento desta modalidade formativa no contexto do Ensino Aberto


e a Distância e identificámos as gerações de evolução, desde o tempo do ensino por
correspondência até à Web 2.0.

Acerca do e-Learning, vimos ainda o âmbito de aplicação e os principais conceitos-chave


associados, com destaque para o conceito de distância, interação e comunicação e
autonomia do formando, verificando que ele poderá ser entendida.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

II. Quem são os e-formandos?

Conforme se referiu no ponto anterior, um dos aspetos críticos da formação em e-


Learning é a focalização no formando.

Esta ideia de focalização comporta duas vertentes:

Por um lado, destaca-se o objetivo de ministrar o ensino e a formação de uma


maneira que tem prioritariamente em conta as necessidades dos formandos e não
a conveniência institucional.

Por outro, significa permitir que os formandos realizem um percurso de


aprendizagem adequado às suas circunstâncias, necessidades, objetivos e estilos
de aprendizagem.

Para uma entidade formadora isto significa proporcionar materiais de aprendizagem


de boa qualidade, usando meios acessíveis, e prestar um apoio suficiente para garantir
que os formandos tenham uma boa possibilidade de completarem o curso.

Momento de reflexão – Quais as minhas práticas?


Reflita um pouco acerca das suas práticas. Considera que o seu desempenho de formador
está centrado no formando? Como definiria “focalização no formando”? De que forma
consegue conciliar a necessidade de cumprir o programa com a focalização no formando? Se
entender um tema interessante, inicie um fórum sobre esta temática. Coloque um assunto
em debate e apresente desde logo as suas ideias.

1. Quais as características dos e-formandos?

Será que existe um formando “típico” do e-Learning? Tendo em conta o aumento


exponencial de pessoas que aprendem com recurso à formação suportada por
tecnologias Web, diríamos que será difícil encontrar um padrão, assim como as
circunstâncias e as motivações de aprendizagem são necessariamente distintas.
Contudo, existem características comuns que importam analisar. Vejamos algumas
ideias no quadro que se segue:

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Características Consequências

Pouco tempo para estudar, e outros


Adultos com vidas ativas e compromissos
compromissos podem interferir nos
familiares e profissionais
calendários de estudo

Mais empenhados em atingir os objetivos


Têm, normalmente, objetivos claros de e em continuar a estudar, desde que
aprendizagem possível
Podem precisar de alguma orientação
Podem estar afastados do ensino formal acerca dos processos de aprendizagem
há já algum tempo formais: redação de textos, pesquisa,
acesso aos recursos, etc.
Mais suscetíveis de estarem motivados
Frequentemente interessados nas para continuar a estudar; podem querer
implicações da aprendizagem nas suas explorar, de que forma a aprendizagem
vidas e trabalho se relaciona com situações profissionais
ou da vida
Podem ter dificuldade de acesso aos Podem precisar que os recursos sejam
recursos tecnológicos, por circunstâncias disponibilizados de maneira diferente,
materiais ou técnicas em termos de tempo, vias de acesso, etc.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Atividade de reflexão – Quais as características dos meus formandos?


Seguidamente sugere-se que pense um pouco acerca dos grupos de formandos com que
costuma trabalhar habitualmente. Quais serão as suas características? E as suas
expectativas? E que impacto terão no seu desempenho de e-formador? Apresentamos um
quadro com alguns tópicos orientadores para que possa completar (em anexo encontrará o
documento em formato Word). Esta atividade exercício é de carácter facultativo.

Implicações no seu
Características Os seus formandos
desempenho

Nível etário

Proveniência

Circunstâncias de vida
profissional e pessoal

Nível de escolaridade

Conhecimentos e
experiência em TIC

Motivações para frequentar


um curso em e-Learning

Objetivos de aprendizagem

Apoios à aprendizagem (por


exemplo, no posto de
trabalho, chefias, etc.)

Outras características

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

2. Competências do e-formando – A Aprendizagem Autodirigida

Estamos certos de que concordará connosco


quando afirmamos que neste modelo de
formação em e-Learning, a tónica encontra-se
mais no Aprender do que no Ensinar. Isto é,
espera-se que o formando tenha um papel
muito mais ativo do que o desempenhado no
modelo tradicional, assumindo papéis bem
distintos do mero recetor de informações a que
muitas vezes estava sujeito nas sessões de
ensino em contexto de sala de aulas.

Esta mudança de papéis a assumir pelo formando obriga a que este possua (ou venha
a desenvolver) um conjunto de competências pessoais e interpessoais que lhe
permitam ser bem-sucedido no processo de aprendizagem e, posteriormente, na
transferência dos conhecimentos adquiridos para o contexto real de trabalho. Sem
elas, o formando terá poucas hipóteses de ser bem-sucedido e certamente irá
engrossar as estatísticas das desistências dos cursos em e-Learning.

Ideia para refletir – Mudança de papéis?


Será que os formandos estão preparados para assumir esta mudança de paradigma? Ou seja,
será que os nossos formandos possuem as competências necessárias para assumir um papel
ativo e responsável pela sua aprendizagem? Não fará por vezes mais conveniente e até
confortável ser um “mero recetor passivo”? Estas são algumas ideias que gostaríamos de
debater em conjunto. Que tal iniciar um Fórum de Discussão sobre este tema ou partilhar
informação relevante sobre o tema?

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning


A aprendizagem Autodirigida

A aprendizagem Autodirigida tem um


papel de destaque na educação e

formação de adultos, e
particularmente na formação em e-
Learning. No entanto, alguma
confusão e pouca clarificação
relativamente a este termo. Importa
assim definir o conceito para
compreendermos melhor a sua
abrangência e relevância.

A opção pelo termo autodireção na aprendizagem deve-se ao facto de se considerar


que transmite melhor o conteúdo da expressão inglesa self-directed learning. Vários
foram os autores que se dedicaram a este tema, no entanto terá sido Knowles (1975) o
primeiro autor a definir este conceito:

“A aprendizagem autodirigida descreve o processo no qual os


indivíduos tomam a iniciativa de, com ou sem a ajuda de
outros, diagnosticar as suas necessidades de aprendizagem,
formular objetivos de aprendizagem, identificar os recursos
humanos e materiais para aprender, escolher e implementar
as estratégias apropriadas, e avaliar os resultados obtidos na
aprendizagem.” (Knowles, 1975)

Durante algum tempo centralizou-se a discussão deste conceito como uma condição
de tudo ou nada, onde o indivíduo isolado assumia o completo controlo sobre a sua
aprendizagem. Mas será que aprendizagem autodirigida significa aprendizagem
solitária? Será que na aprendizagem autodirigida, pode e deve existir interação com
os outros?

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Efetivamente, a aprendizagem autodirigida, ao contrário do que a expressão possa


sugerir, não se trata de um processo solitário, mas antes requer uma permanente
interação com outros, e pressupõe um conjunto de capacidades a desenvolver pelo
aprendente. Vejamos as principais capacidades associadas:

Capacidade para identificar as suas necessidades de aprendizagem

Capacidade para transformar essas necessidades em objetivos de


aprendizagem

Capacidade para formular esses objetivos de forma específica,


realista, mensurável

Capacidade de definir as estratégias e os recursos


necessários para atingir os objetivos a atingir;

Capacidade de definir evidências associadas aos objetivos a


atingir

Capacidade de definir critérios de avaliação adequados aos


objetivos e às evidências

Capacidade de se relacionar com o formador como um


facilitador, consultor, e fonte de recursos

Capacidade de reconhecer os seus pares como fontes de


recursos e de informação e facilitadores da sua aprendizagem

Capacidade de auxiliar os outros no seu processo de


aprendizagem

(Brookfield,1987)

Vários são os especialistas que apontam para a importância da interação entre o formando
e os outros elementos da equipa pedagógica (formadores, tutores, mentores, etc.), sendo
essa interação não apenas do ponto de vista técnico (recurso humano de

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

aprendizagem), mas também um contacto interpessoal transmitindo uma componente


importante de apoio, empatia e entusiasmo.

A característica principal da aprendizagem autodirigida reside no controlo (direção)


que o indivíduo assume sobre a sua própria aprendizagem. Ou seja, o processo no
qual os indivíduos tomam a iniciativa, com ou sem a ajuda de outros.

É na decisão de os aprendentes autodirigidos tomarem a iniciativa da sua


aprendizagem (após a identificação das suas necessidades de aprendizagem), na
definição dos objetivos, na identificação de recursos, e na avaliação dos resultados,
onde se manifesta o controlo que o aprendente assume sobre a sua aprendizagem.

Fica, portanto, claro que, a aprendizagem autodirigida implica apoio e orientação


externa.

A aprendizagem não tem lugar no vazio, sendo a mediação inevitável. Não existe
contradição na noção de que os aprendentes fazem a sua própria aprendizagem e que
eles estão simultaneamente a ser ensinados por um formador.

Ideia a reter

O aprendente autodirigido deve ser capaz de se propor ou aumentar os seus próprios


conhecimentos, definindo a direção do seu percurso. Mas é no diálogo no diálogo com os
outros que o indivíduo testa os seus interesses e perspetivas com as dos outros,
modificando, deste modo, os seus objetivos de aprendizagem, ou os objetivos dos outros. Se
o indivíduo tem a responsabilidade de criar significados, é através da comunicação com os
outros que ele valida esses significados.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Para final este ponto, apresentamos de seguida um quadro resumo com as diferenças entre a
aprendizagem centrada no formador e a aprendizagem autodirigida.

Proposta de atividade – Autodiagnóstico acerca da competência de


Aprendizagem Autodirigida

Sugerimos que faça um diagnóstico acerca das suas competências de aprendizagem


autodirigida. Poderá fazê-lo utilizando o instrumento que se anexa em Word, nos anexos
deste manual. Poderá também realizar um plano de desenvolvimento pessoal e enviar-me
através da plataforma. Outra sugestão é iniciar um fórum de discussão sobre esta temática.
Que tal? Aceita o desafio? Facultativa

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

3. Os Estilos de Aprendizagem

Considerando o e-Learning como um processo de aprendizagem centrado no formando e


que assenta em períodos, mais ou menos prolongados, de autoformação, é importante
que os conteúdos programáticos abranjam um leque variado de atividades que vão ao
encontro das necessidades de formação de todos os participantes.

De acordo com o Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, existem quatro


estilos preferenciais de aprendizagem, que devem ser vistos como um ciclo contínuo
sobre o qual vamos alternando as nossas preferências. São eles:

1. Pragmático: prefere ser envolvido tarefas novas e relativamente curtas, de


preferência assumindo um papel ativo.

2. Reflexivo: aprende melhor quando lhe é permitido recolher informação e refletir


sobre ela, observando os outros ou a própria experiência.

3. Teórico: prefere sintetizar a experiência e a reflexão para criar uma teoria, ainda
que possa estar distante da realidade.

4. Ativo: a melhor forma de aprender é utilizando a teoria para resolver problemas e


confirmar a sua aprendizagem num novo contexto.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Assim, o desenho dos cursos e a definição de estratégias por parte dos formadores e
tutores devem assim procurar ir ao encontro destas características dos formandos,
procurando produzir materiais que lhe sejam adequados. Esta temática, das
metodologias e estratégias pedagógicas será alvo de maior desenvolvimento num
módulo futuro.

Se pretender fazer o seu autodiagnóstico, existe um questionário ao seu dispor na


plataforma.

Em síntese

Depois de termos abordado os conceitos e princípios fundamentais acerca do e-Learning


termos identificado os conceitos-chave, onde destacámos o foco no formando, a interação e
a comunicação, centrámo-nos agora nas caraterísticas do e-formandos, e especificamente na
competência de Aprendizagem Autodirigida.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

III. O papel do e-formador

1. Formador, tutor ou mediador? Em que ficamos?

Provavelmente todos vós já se depararam com esta questão. Na


literatura, mais ou menos fundamentada surgem frequentemente
as várias designações, e-formador, e-tutor e e-moderador, como
se de papéis equivalentes se tratassem. Mas afinal, será que
formador, tutor e mediador são a mesma coisa? Ou serão apenas
variáveis da mesma função?

Momento de reflexão 1 – Quais as diferenças entre formador e


tutor?

Reflita um pouco acerca desta questão. Será que existem diferentes


funções, e estaremos perante uma mudança inevitável da designação do
formador para tutor? Mas o que distingue um tutor de um formador? E o que
faz um mediador? Serão as várias faces da mesma moeda ou serão coisas
distintas? Se quiser partilhar estas suas reflexões, proponha este novo
desafio para o Fórum. Esta atividade tem carácter voluntário

Quase que podemos dizer que cada autor cada designação. Vejamos o breve
panorama dos autores mais relevantes nesta temática:

 Professor (Freenberg; Cheung & Hew, Hew, Khe Foon; Palloff & Pratt);

 Tutor (Garrison, Anderson & Archer; Blake; Ping & Cheah; Kear; Duggleby);

 Moderador (Salmon; Berge; Blake; Duggleby; Paulsen);

 Facilitador (De Schutter et al., 2004; Garber, 2004);

 Instrutor e mentor (Bernath, 2003).

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

De facto, se atentarmos nas próprias mudanças registadas no papel do formando, onde


destacámos a autonomia face ao processo de aprendizagem e a direção relativamente

á gestão do seu percurso formativo, temos de concordar que o papel do formador


tradicional, centrado na transmissão de informação/conhecimento está
definitivamente em desuso.

A tutoria parece ser agora o centro da atuação do formador.

2. Porquê um tutor?

Quando falamos em ensino a distância estamos a referir-nos a aprendizagens


estruturadas, realizadas por um formando sob a orientação de um

centro de formação ou qualquer outra instituição de formação


que define e distribui um determinado programa formativo,
apoia os formandos durante o seu processo de aprendizagem e
avalia as aprendizagens realizadas.

Na formação tradicional esta relação é claramente uma relação

direta entre um formador e um formando e, nessa relação, o formador executa todos


os processos e atos de ensinar de uma forma simultânea e global durante o tempo de
uma aula.

No e-Learning, como sabemos, os atos de ensinar e aprender não só se desenvolvem


de uma forma não simultânea espacial e temporalmente como também, muitas vezes,
os vários processos de ensinar são desempenhados por profissionais diferentes. Por
exemplo o ato de apresentar os conteúdos, não é agora feito através da comunicação
oral, mas através de materiais de apoio à aprendizagem (e-conteúdos). Na verdade, o
formador deverá “estar” dentro dos recursos e, através deles, interagir com o
formando e facilitar a sua aprendizagem.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Isto quer dizer que estas aprendizagens se efetiva durante um processo de relação
pedagógica, em que ocorrem interações distintas.

i) Interação entre formando e formador;


ii) Interação entre formandos e conteúdos;
iii) Interação entre formandos.
iv) Interação entre o formando e a interface ou plataforma.

4. Áreas e domínios de intervenção do e-formador

Em e-Learning, o formador desempenha então fundamentalmente o papel de tutor e


fornece apoio ao formando nas várias vertentes do processo de ensino-aprendizagem.

Mais do que um transmissor de conteúdos, o tutor deve ser um facilitador do da


aprendizagem, o que neste caso implica que assuma um papel ativo na dinamização da
comunidade virtual. Para conceber o ambiente de aprendizagem necessita, mais do
que de dominar o saber científico, de compreender a dinâmica da comunicação e das
interações online.

Ideia a reter

No e-Learning, o formando exerce o controlo da sua própria aprendizagem.


Ao tutor, cabe-lhe auxiliá-lo na tarefa de aprender a aprender, através da
criação de situações de aprendizagem e de redes colaborativas de partilha
de informação.

Assim, para além de promover o desenvolvimento das competências de análise dos


conteúdos, o tutor deve criar um ambiente favorável à partilha num contexto
colaborativo e ter em conta a motivação interna dos formandos, reforçando-a e
revitalizando-a através de uma pedagogia activa e adaptada.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

O conceito de tutor no processo de aprendizagem a distância abrange um leque muito


variado de funções e atividades, construindo-se de acordo com as características dos
formandos e do meio ambiente em que a formação se desenvolve.

Se o papel do tutor se centra na dinamização da relação pedagógica podemos dizer


que esse papel se vai distribuir no fundamental por três grandes domínios:

Cognitivo - apoiando o desenvolvimento das aprendizagens do formando


através da mediação dos materiais e outros recursos;

Afetivo - tornando o ambiente de aprendizagem favorável as tarefas do


formando, criando as condições para o seu empenhamento e para a reforço da
sua autoestima;

Institucional - desenvolvendo procedimentos administrativos e colaborando


nos sistemas de gestão e informação.

Vários são os autores que estudaram o papel do tutor na formação a distância. De


acordo com Waterhouse (1983) propõe as quatro seguintes áreas de intervenção para
o tutor a distância:

Ensino: facilitar a aprendizagem o que significa, por um lado, transmitir


conteúdos e, por outro, orientar com vista ao desenvolvimento de estratégias
individuais de aprendizagem, suscitando a atividade do formando.

Aconselhamento: guiar o formando no que diz respeito a fontes de


informação, ao uso de metodologias de aprendizagem, formas de
apresentação de trabalhos, etc.. Este aconselhamento pode ser feito ao nível
académico e pessoal e visa criar laços numa atitude positiva e construtiva.

Negociação: estabelecer um contrato de aprendizagem entre tutor e formando,


que inclua metas e objetivos individuais a cumprir por ambas as partes.

Avaliação: monitorizar as aprendizagens realizadas pelo formando, avaliando


as atividades e exercícios e fornecendo feedback sobre os critérios em que se

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

fundamentou a avaliação e sobre as estratégias de recuperação. Através do


controlo efetuado desta forma, o tutor pode identificar as necessidades,
localizar dificuldades e redefinir o modelo de ensino-aprendizagem.

Na função ensinar destacamos as


tarefas de instruir e treinar que no
ensino a distância são em grande parte
mediatizadas pelos materiais (e-
conteúdos). Mas o tutor pode ser
chamado a conceber ou completar os
materiais quer explicando de outras
formas, completando e aprofundando,
tirando dúvidas, ajudando a integração
dos novos conhecimentos em
conhecimentos anteriores, dando
feedback às atividades práticas, etc.

Na função avaliar o tutor pode, para além de construir exercícios formativos ou sumativos,
aplicar e corrigir testes, dar feedback formativo sobre os acertos e erros dos formandos.
Por outro lado, em muitas instituições o tutor é chamado a desempenhar também um
papel muito importante na recolha de dados sobre o processo de ensino-aprendizagem
imprescindíveis para a avaliação da qualidade da formação

O tutor é também um conselheiro - ajudando o formando a definir objetivos,


percursos formativos, estratégias de aprendizagem - e um conselheiro pessoal.
Recordamos que a competência da aprendizagem autodirigida, essencialmente ao
formando no e-Learning, implica o recurso ao formador como ajuda externa na
construção do percurso de aprendizagem.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Finalmente ao tutor é-lhe muitas vezes atribuída a função de negociar o contrato de


aprendizagem e renegociá-lo no decorrer do curso de acordo com a progressão e as
necessidades do formando. Também a manutenção da ligação do formando à
instituição de ensino e à formação é uma tarefa imprescindível especialmente no que
se refere à monitorização do processo de aprendizagem e à deteção de possíveis
dificuldades que o formando esteja a enfrentar no sentido de lhe ser dado em tempo
útil o apoio adequado.

Este mesmo autor refere que, para realizar as funções de forma efetiva, o formando
deve deter um conjunto de capacidade e
características individuais
específicas, quer ao nível técnico, quer ao
nível relacional.

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

Empatia: capacidade para se colocar no lugar do outro.

Saber-ouvir: capacidade para manter um diálogo eficaz, refletindo sobre o que


o formando diz e ajudando-o a clarificar as suas afirmações, o que implica saber
manter o silêncio quando o formando está a elaborar um raciocínio.

Capacidade de comunicação: clareza e fluência na comunicação,


especialmente escrita.

Domínio das tecnologias, das linguagens e dos conteúdos.

Tolerância: capacidade para aceitar diferentes valores, pontos de vista e


características de personalidade.

Flexibilidade: para evitar aplicar as regras estabelecidas com bom senso.

Atividade proposta 1 – As competências do e-formador


Este tema será alvo reflexão no Fórum. Será que as capacidades e
características inventariadas cobrem as competências necessárias às
funções do e-formador? Que conhecimentos deverá este possuir? Que
técnicas e tecnologias deverá ser capaz de utilizar? E que atitudes, em
termos de saberes sociais e relacionais deverão ter?

Em síntese

Neste manual abordámos as mudanças ocorridas no papel do formador, as


funções associadas e ainda as competências exigíveis.

Em termos de pontos a reter, destacamos a ideia da função principal do e-


formador ter deixado de ser centrada no ensino e na transmissão de
conhecimentos e muito mais no apoio, acompanhamento e facilitação do
processo de aprendizagem do formando.

As funções de tutoria e moderação são agora centrais no papel do e-


formador, embora este mantenha as funções de ensinar (através dos
processos comunicacionais síncronos e assíncronos), motivar, dinamizar e
avaliar as aprendizagens.

39
Módulo 0 – Introdução ao eLearning

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Módulo 0 – Introdução ao eLearning

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