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Resumo:
Neste artigo apresentamos alguns elementos sobre a Modelagem Matemática como
estratégia de ensino de Matemática. O texto é recorte de nossa pesquisa de mestrado, a
qual tem por objetivo desenvolver um trabalho com Modelagem Matemática no Ensino
Médio. Apresentamos no artigo considerações históricas e discussões sobre os meios de
utilizar a modelagem na sala de aula, trazendo as indicações de alguns pesquisadores da
Educação Matemática. As pesquisas sobre essa temática revelam que a modelagem pode
ser utilizada como importante recurso nos processos de ensino e de aprendizagem da
Matemática por possibilitar o tratamento de conteúdos matemáticos por meio da
problematização e modelação de fenômenos reais e sociais pelos estudantes. E também
evidenciam como a modelagem pode enriquecer as aulas de Matemática e favorecer a
aprendizagem. Em nosso estudo estamos interessados em introduzir a noção de funções
periódicas utilizando a modelagem, mais especificamente a função cosseno como meio
de tratar a variação dos índices pluviais de uma região de São Paulo.
1. Introdução
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Matemática, os estudantes poderão, valendo-se dos resultados matemáticos relacionados
a uma dada situação real, ter melhores condições para decidir o que fazer, uma vez que
terão condições que poderão contribuir para a avaliação de aspectos qualitativos e
quantitativos da situação inicial.
2. O que é Modelagem?
Em nossa prática docente, tenho percebido que a modelagem tem como principais
características levar o estudante a assimilar conhecimentos matemáticos a partir de
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situações reais. No entanto, há diferentes concepções sobre os recursos à modelagem no
ensino. Para Bassanezi (2015) e Burak (1992), os estudantes devem escolher os temas
geradores e o professor, a partir dessas escolhas, deve ajudar os estudantes a buscar as
soluções matemáticas para o problema escolhido. Para Beltrão (2009) e Sadovsky (2010),
a escolha do tema pelos alunos pode dificultar na medida em que na escola há um
programa para seguir.
De acordo com Burak (1992) e Bassanezi (2015), a escolha do tema que vai gerar
a construção de um modelo matemático deve ser atribuição dos alunos. Para isso, o
conjunto de conhecimentos prévios deve orientar o caminho a seguir nesse processo de
construção. Em contraposição, Beltrão (2009), assumindo aspectos de sua prática, indica
que os conhecimentos prévios, o prazo fixado previamente para construir o programa do
curso e as exigências da instituição se constituem em obstáculos para frutificarem as
orientações de deixar ao encargo do aluno a escolha do tema no processo de modelagem.
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crianças, dos jovens e dos adultos, que têm em suas mãos a continuidade da produção
cultural e das práticas sociais.
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As aplicações da modelagem no ensino da Matemática tiveram início no século
XX, quando matemáticos puros e aplicados discutiram métodos para ensinar Matemática.
Seu surgimento no Brasil ocorreu tomando-se por base as ideias e os trabalhos de Paulo
Freire e Ubiratan D’Ambrosio, no final da década de 1970 e começo da década de 1980,
os quais valorizam aspectos sociais em sala de aula, conforme destacam Borba e
Villareal, (2005).
Meyer, Caldeira e Malheiros (2011) afirmam que o que se quer com a modelagem
é ensinar Matemática de uma maneira que os estudantes, a partir das ações para esse
ensino, também criem mecanismos de reflexão e de ação. Portanto, nessa perspectiva não
existe mais um currículo neutro, descontextualizado e sem significado nem para o
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professor e nem para o estudante. Ao contrário, o currículo é dinâmico, flexível, e
constantemente reconstruído pelos professores e estudantes.
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consumo de água, à seleção dos programas de TV ou à escolha do candidato a um cargo
político.
Na prática podemos perceber que essas duas formas podem apresentar entraves
e/ou facilitações para o uso da modelagem na sala de aula. No caso de Beltrão (2009),
entendemos que o professor ao apresentar o fenômeno para o estudante se sente melhor
preparado para responder às eventuais dúvidas e ainda conseguir explorar os fenômenos
que contemplem os tempos de ensino delimitados pelo currículo escolar. Entretanto, com
a escolha partindo do professor pode fazer com que os estudantes não tenham tanto
envolvimento no trabalho de modelagem.
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Nesse trecho, percebemos que não há preocupação com o currículo, mas sim com
o conceito matemático. Porém, deve-se lembrar que as escolas têm que tentar cumprir
seus planos de ensino e esses devem ser elaborados também com a participação ativa dos
estudantes e de toda a comunidade escolar.
Com esses dados elaboramos o Quadro 1 que apresenta o índice médio de chuvas
nos anos de 2014 e de 2015. O Quadro foi construído, pelos estudantes, a partir dos dados
diários do índice de chuva. Para sua organização, os alunos tiraram a média aritmética de
cada mês.
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Quadro 1: Índice de chuvas da Cidade
2014 2015
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Gráfico1: Índices de chuva da Cidade
7. Considerações Finais
Nossa intenção, ao apresentar esses dados, é indicar que a modelagem pode ser uma
estratégia de ensino que favoreça a aprendizagem de um conceito matemático. Isso
porque possibilita ao aluno partir de situações reais para entender a matemática, e
também porque em suas estratégias o estudante na figura como principal construtor de
sua aprendizagem, cabendo ao professor o papel de coordenador dos processos de ensino
e de aprendizagem.
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entanto, para isso é preciso que o professor esteja aberto para vencer possíveis entraves
que podem emergir no processo de ensino quando se recorre à modelagem matemática.
Para finalizar queremos explicitar que é também nosso propósito, com este artigo,
motivar outros docentes a experimentar, em suas aulas, o trabalho com a modelagem
matemática.
8. Referências
SANTOS, Ricardo Ferreira dos. O uso da modelagem para o ensino da Função seno no
ensino médio. 2014. 129f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Faculdade
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de Ciências Exatas e Tecnologia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São
Paulo.
STOCCO, Katia Cristina Smole; DINIZ, Maria Ignez de Souza Vieira. Matemática:
Ensino Médio, volume 2, 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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