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Secretaria Municipal da Educação

Coordenadoria de Educação Infantil


Núcleo de Avaliação e Pesquisas das Políticas de Educação Infantil

PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES DE ORALIDADE, LEITURA E


ESCRITA - EDUCAÇÃO INFANTIL (PRÉ-ESCOLA)

Este documento tem como objetivo colaborar com as práticas pedagógicas vivenciadas
cotidianamente com as crianças da pré-escola, que frequentam as instituições de
educação infantil da rede de ensino de Fortaleza. A metodologia de trabalho com as
sequências de atividades é uma das propostas que contempla a promoção das
aprendizagens em relação à oralidade, leitura e escrita das crianças pequenas. Nessa
perspectiva a SME elaborou este documento visando auxiliar você, professor(a), em sua
prática docente, sugerindo que essa metodologia seja articulada aos tempos que não
podem faltar, no intuito de fortalecer a sua intencionalidade pedagógica, diversificar as
experiências e ampliar possibilidades de interação das crianças com a linguagem verbal.

 Contextualizando a prática pedagógica com as sequências de atividades


As sequências didáticas são um “conjunto de atividades ordenadas,
estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais,
que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores quanto
pelos alunos” (ZABALA, 1998, p. 18).

Partindo dessa consideração do autor, o trabalho com essa metodologia possibilita uma
organização didática que proporciona desafios progressivos, gera conflitos e interesses
cognitivos nas crianças. As atividades propostas seguem uma ordem de complexidade
gradativa, contínua e crescente, ao mesmo tempo em que desenvolvem estabilidade
interna, no sentido de que as crianças vão conquistando segurança para ler e escrever à
medida que se familiarizam e utilizam estratégias de produção escrita. Contudo,
também possibilitam flexibilidade e ajustamentos criativos na condução de seu
planejamento, a fim de contemplar os interesses das crianças, delineando intenções
pedagógicas efetivas que, de fato, proporcionem evoluções cognitivas, ricas e
diversificadas aprendizagens.
É o que muito bem nos confirmam as Orientações Curriculares para a Educação Infantil
(SEDUC, p. 89): “as sequências de atividades são atividades que necessitam ocorrer
segundo determinada ordem, pois visam garantir aprendizagens específicas que
requerem aprimoramento com as experiências da linguagem oral e escrita.”

 Para inspirar... proposta de sequência de atividades!

Tema: Gêneros textuais e literários, portadores sociais e letramento.


Período: Bimestral
Frequência: Semanal (dois dias, variáveis de uma semana para a outra, e de acordo
com os interesses das crianças)
A sequência contemplará diversos gêneros literários, contribuindo de forma
significativa, desafiadora e prazerosa para o processo de aquisição da escrita e da
leitura. Possibilitará o desenvolvimento da linguagem oral, contextualizada às vivências
cotidianas, e para tanto serão utilizados variados portadores de textos, valorizados em
sua função social e integrados aos gêneros textuais, oportunizando vivências de
situações reais de letramento, a serviço do processo de construção e aprimoramento da
aprendizagem da escrita e da leitura nos contextos da educação infantil.
No desenvolvimento da sequência, a escolha de cada gênero título e do correspondente,
bem como a seleção dos portadores sociais de textos que serão utilizados como suporte
para as vivências de letramento, devidamente contextualizadas à rotina escolar das
crianças, devem ser realizadas previamente por você, professor(a).

 Que ações não podem faltar?

 Ler a história ou possibilitar a escuta da mesma pelas crianças (quando se tratar


de histórias ou narrativas de domínio público musicalizadas);
 Encaminhar e encadear as sessões de leitura, intervindo durante a sua realização,
para assegurar a participação das crianças, estimulando a escuta atenta e o
comportamento leitor;
 Apresentar os textos literários, incentivando comparações entre cada gênero;
 Propor atividades de produção escrita, de forma gradativa e regular, seguindo
uma ordem de complexidade e desafios para as crianças:

1. Identificação do título da história;

2. Formação de palavras com letras móveis;

3. Escrita espontânea de palavras e frases significativas da história lida;

4. Escrita convencional de palavras, frases e pequenos textos da história lida.

 A sequência tem como objetivo principal:

Estimular a aquisição da escrita e o gosto pela leitura, ampliando o repertório literário e


utilizando diferentes portadores textuais em situações reais de letramento. Desse foco
central, algumas ações se complementam e trazem objetivos específicos, tais como:

– Conhecer diversos gêneros literários.


– Identificar as características dos diferentes estilos literários.
– Ampliar o repertório literário direcionando-o às produções escritas.
– Conhecer diferentes portadores de textos, identificando suas funções sociais.
– Vivenciar situações de letramento na rotina escolar.
– Desenvolver o comportamento leitor e escritor.
– Qualificar o processo de aquisição da escrita e da leitura, possibilitando a
evolução psicogenética intranível (dentro do próprio nível) e conceitual/internível (de
um nível para o outro).
– Desenvolver a sequência lógico-temporal dos fatos.
– Ampliar o vocabulário.

Sabemos que existe uma grande variedade de gêneros literários que podem ser
utilizados para colaborar com o processo de aquisição da escrita e da leitura das crianças
pequenas.Vejamos alguns deles:

Contos clássicos; contos contemporâneos; narrativas orais;


histórias cantadas; poesias, fábulas; lendas...

Seguindo essa perspectiva, também identificamos gêneros textuais e portadores


sociais de textos com suas estruturas de escrita específicas que podem ser utilizados
significativamente em práticas efetivas de letramento, alinhadas aos gêneros literários,
também nesse processo de construção da linguagem escrita e da leitura. São eles:

Receita; carta; bilhete; lista; cartaz; cardápio; folder;


placas; rótulos; fichas técnicas...

Esse contexto deve partir, inicialmente, do conhecimento, da apreciação dos diversos


gêneros literários e textuais, e contemplar a vivência de práticas de letramento, junto
com ações regulares de produção escrita espontânea e convencional, variando, contudo,
as estratégias para a realização das mesmas. Com isso, as crianças vão se familiarizando
com as práticas de escrita e leitura, com possibilidades diferentes de registros e uso de
estratégias mediadoras para suas produções. Assim, professor(a), as principais
atividades dessa sequência são:

• Apresentação do gênero literário, utilizando variadas estratégias de contação ou


reconto;
• Identificação do gênero;
• Formação do título e de palavras contextualizadas com letras móveis;
• Escrita espontânea de palavras, frases e trechos/textos memorizados e significativos;
• Escrita convencional de palavras, frases e trechos/textos memorizados e
significativos (professora como escriba ou crianças).

Para tais atividades mediadoras, o(a) professor(a) deve pensar em intervenções


pedagógicas desafiadoras que contemplem ora o grupo em sua maioria, ora cada criança
em suas especificidades cognitivas e lógicas psicogenéticas de escrita e de leitura. Dessa
forma, o(a) professor(a) deve escolher os gêneros, títulos e portadores que possam ser
contemplados nas narrativas já selecionadas.

A periodicidade da sequência é bimestral e semanal (sugerimos 2 dias). Logo, serão


trabalhados, em média, até 8 títulos de literatura infantil. Os portadores e gêneros
textuais, por sua vez, podem se repetir conforme interesse e necessidade da turma.
Contudo, para cada gênero/título e portador escolhido, e mediante intenção pedagógica
delimitada, você, professor(a), no planejamento de cada semana, contemplará:

 o campo de experiência que predomina;


 as linguagens e objetivos de aprendizagens;
 as atividades/ações mediadoras contextualizadas aos tempos que não podem
faltar;
 os tipos de registros que valorizem o percurso de cada criança e do grupo,
continuamente.

É importante variar as estratégias pedagógicas para a realização das atividades


propostas nessa sequência, mantendo o cuidado em contemplar o objetivo principal de
cada uma.

 Sugestões de ações para cada atividade da sequência:

- Identificação do TÍTULO das narrativas: oralmente, indicando na capa da história;


a partir de palavras que compõem o título da história, escritas convencionalmente em
fichas ou tarjetas; coletivamente, por meio da brincadeira da forca; brincando de caça ao
tesouro para encontrar as palavras que pertencem ao título/personagens.

- Formação de PALAVRAS significativas pertencentes aos contextos dos gêneros e


portadores usando o alfabeto móvel: entregar várias letras do alfabeto móvel, já
recortadas; reduzir a quantidade de letras do alfabeto, apenas em quantidade um pouco
maior da correspondente para formar a palavra; entregar a quantidade exata das letras
que compõem a palavra, estando apenas desordenadas; substituir símbolos ou números
pelas letras. É importante para que as crianças manipulem as letras nessa atividade, para
também “mexerem” o seu pensamento, fazer, desfazer, flexibilizando a sua hipótese.

- Escrita ESPONTÂNEA de palavras, frases e trechos significativos pertencentes


aos gêneros e portadores sociais de textos no contexto das narrativas: individual, e
fazendo os desenhos correspondentes; escrever a partir de imagens e gravuras, etc. É
necessário, contudo, preparar o espaço do papel (organização espacial) de maneiras
diferentes, para receber a escrita das crianças, possibilitando formas variadas de registro
espontâneo de palavras, frases e trechos pertencentes às narrativas exploradas. É
interessante expor as produções de desenhos e escritas das crianças para valorizar suas
hipóteses.

- Escrita CONVENCIONAL de palavras, frases e trechos significativos


pertencentes aos gêneros e portadores sociais no contexto das narrativas: o(a)
professor(a), como escriba convencional, escreve as palavras que integram o campo
semântico das narrativas, produzindo um texto coletivo (reconto); identificar as palavras
escritas convencionalmente em fichas ou tarjetas; comparar escritas produzidas em
duplas, trios, etc; completar palavras com letras ou sílabas que estejam faltando;
encontrar palavras iguais, relacionando-as aos respectivos desenhos e assim por diante.
Fazer listas das histórias lidas; Não é necessário que as crianças escrevam
convencionalmente, mas que a visualize e compare com a hipótese de escrita em que se
encontra, para refletir e evoluir!

 É importante lembrar:

1) Pedir que as crianças leiam os seus escritos através de leitura analítica “com o
dedo”.
2) Variar as possibilidades de registro da escrita espontânea, pensando no tamanho
do papel, na organização do espaço, fazendo linhas, pensando na estrutura de
texto de cada portador.
3) Fazer uso da criatividade para propor as estratégias para o desenvolvimento de
cada grande atividade.
4) Contemplar as 4 atividades da sequência em 2 ou mais dias, previamente
definidos e acordados com as crianças.
5) Observar o desempenho e as dificuldades apresentadas por cada criança na
realização das atividades para retomá-las.
6) Registrar continuamente o interesse, o envolvimento, o nível real e o potencial
das crianças.
7) Acompanhar a realização das atividades pelas crianças, possibilitando-lhes que
reflitam sobre suas produções.
8) Identificar o nível psicogenético real, para que as intervenções possam confirmar
se a criança está convicta de sua hipótese e promover reflexões para que reflita
sobre ela e a confronte.

 Professor(a), sobre o trabalho com as sequências, NÃO é preciso:

- Utilizar cópias xerografadas para realizar as sequências;

- Fazer todas as atividades da sequência no mesmo dia;

- Na atividade de escrita convencional, a criança grafar a palavra convencionalmente;

- Esgotar todas as atividades que puder em relação à história lida, mesmo que isso
ultrapasse o tempo estipulado.

- Realizar esporadicamente alguma atividade da sequência;

Ressaltamos, professor(a), que para você realizar intervenções que ampliem os


conhecimentos e saberes das crianças é preciso conhecer o que elas pensam sobre a
escrita, por isso organizamos alguns aspectos importantes para o seu estudo sobre as
hipóteses de escrita das crianças.

 Como acontece a aquisição da leitura e escrita das crianças?

[...] as crianças pequenas pensam no texto escrito muito antes do que


imaginamos. Mostraram também que suas ideias são coerentes, que têm uma
coerência evolutiva: à medida que vão operando com a escrita vão
entendendo como ela funciona. (TEBEROSKY, 2003)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1979) acerca do desenvolvimento da linguagem
escrita inauguraram um novo paradigma frente ao processo de alfabetização. A teoria da
Psicogênese da língua escrita traz alguns pressupostos essenciais, tais como:

- a existência e a valorização do pensamento infantil acerca do texto escrito, quer dizer,


as crianças possuem hipóteses prévias sobre a escrita e a leitura, antes mesmo do
ingresso na escolarização regular;

- a função social da escrita e da leitura, isto é, há um sentido social, uma funcionalidade


presentes na ação de ler e de escrever;

- a inserção na/da cultura escrita, ou seja, a criança nasce inserida em um contexto


sócio-histórico que lhe é estruturante e que está imbuído de práticas cotidianas efetivas
de uso social da escrita e da leitura.

Qualquer escrita é um conjunto de marcas gráficas intencionais, mas


qualquer conjunto de marcas não constitui uma escrita: são práticas culturais
de interpretação que transformam essas marcas em objetos simbólicos e
lingüísticos. (FERREIRO, 1996).

Seguindo essas premissas psicogenéticas, a criança pequena realiza inferências,


estabelece relações e procura explicações para compreender o mundo e a realidade que
a cerca. Dessa forma, observar a maneira como as crianças aprendem, conhecendo o
percurso singular de suas hipóteses e lógicas cognitivas proporcionam aos professores e
aos pais, cuidadores ou responsáveis a possibilidade de melhor ajudá-las nesse processo.
É o que nos confirma Magda Soares (2016): “A criança vai fazendo hipóteses e é
preciso dar a ela outras experiências para ela desmanchar essa hipótese, substituí-la. Por
que não clarear as coisas explicitamente para a criança?”

A alfabetização, dentro dessa perspectiva psicogenética, constitui-se uma evolução


conceitual qualitativa do pensamento infantil sobre a escrita, que perpassa as hipóteses:
Pré-Silábica, Silábica, Silábico-Alfabética e Alfabética.

Vamos revisitar então, os níveis de escrita, com suas características e especificidades,


enfocando também as possibilidades pedagógicas interventivas, tanto para qualificá-los
como para gerar conflitos cognitivos a partir do confronto e da reflexão, tão necessários
para que aconteça a evolução na escrita dos sujeitos infantis.

 Como as crianças pensam sobre a escrita?

 As escritas Pré-Silábicas:

São registros aleatórios, ainda destituídos de correlação letra/som. Todavia, nesse nível
há grandes conquistas cognitivas, em que o pensamento infantil vai se desenvolvendo a
partir de lógicas que vão evoluindo gradativamente. São elas:

 Escritas pictóricas, podendo variar da quantidade de desenhos ao uso de letras para


grafar palavras diferentes;
 Escrita indiferenciada (nomes diferentes escritos com os mesmos grafismos e/ou
letras);
 Escrita diferenciada internamente (quantidade fixa de grafismos e/ou letras, porém
variando a ordem da grafia dos mesmos, ao escrever palavras distintas);
 A escrita corresponde ao tamanho do objeto, pois há a centração na percepção visual
– fase do Realismo Nominal;
 Há uma quantidade mínima de letras para escrever (mínimo de 3 letras) – Princípio
da Quantidade;
 Para escrever, utilizam-se letras diferentes, ou seja, não se usam letras iguais ou
repetidas na mesma palavra – Princípio da Variedade;
 Escritas aleatórias e diversificadas – uso de variedade e quantidade de letras
diferentes para escrita de palavras distintas.

ALGUMAS INTERVENÇÕES

É importante que as intervenções pedagógicas e as ações mediadoras propostas na sala


de atividades oportunizem que as crianças: conheçam letras, desenhos e números e os
diferencie em seu uso social; grafem e representem letras, desenhos e números;
escrevam espontaneamente palavras e nomes contextualizados de modo significativo às
suas vivências; apreciem e identifiquem gêneros e portadores sociais de textos;
produzam textos orais e escritos (individual e coletivamente).

 As escritas Silábicas:

Nessa hipótese, a criança conquista a convicção de que cada sílaba representa um


grafismo ou letra. As crianças desenvolvem a consciência silábica. O que controla a
segmentação silábica, primeiramente, é a QUANTIDADE de grafias que devem ser
escritas para representar uma sílaba (Ex: A SOPA - BS), mais adiante, é a
QUALIDADE das grafias, as letras utilizadas vão conquistando o valor sonoro
convencional (Ex.: SAPATO – AAO, MACACO – MCC; MACACO – MAO).

Nesse período, as crianças possuem a consciência silábica, mas é importante que


conquistem a consciência fonológica, pois assim vão evoluindo (essa consciência
refere-se à percepção de que ao mudarmos uma letra, seja no início, meio ou final,
outras palavras podem ser formadas/escritas, como: MATO - trocando o M pelo G,
escrevemos GATO; trocando o G pelo P, forma-se PATO e assim por diante).

ALGUMAS INTERVENÇÕES
É importante que as intervenções pedagógicas e as ações mediadoras propostas na sala
de atividades oportunizem que as crianças: diferenciem letras, desenhos e números,
ratificando que palavras se escrevem com letras; identifiquem letras e sons iniciais de
nomes e de palavras contextualizados de modo significativo às vivências infantis;
ampliem a percepção sonora de consoantes; estabeleçam a correspondência das palavras
com seus respectivos desenhos, a apreciação e identificação de gêneros e portadores
sociais de textos; produzam textos oral e escrito (individual e coletivamente).
 As escritas Silábicas-Alfabéticas:

Constituem um período de transição entre a hipótese silábica e a alfabética. Alguns


elementos da sílaba ficam sem notação (sílaba incompleta): o número de letras é inferior
ao número de consoantes e vogais de uma palavra (Ex.: BALEIA – BALA, PEIXE –
PEI). Há a escrita e a formação de pelo menos, uma sílaba completa.

A evolução dentro do nível Silábico-Alfabético refere-se à conquista da


correspondência sonora entre grafemas e fonemas, pois como se trata de um período de
transição, em que se começa a grafar sílabas completas, é possível que em uma ou outra
sílaba não se estabeleça adequadamente a correlação letras e sons (Ex.: CACHORRO –
CALORO). Nesse exemplo, a criança quer formar a sílaba completa, porém não sabe
como grafa CHO, então, registra com o L ou outra letra de seu repertório.

ALGUMAS INTERVENÇÕES

É importante que as intervenções pedagógicas e as ações mediadoras propostas na sala


de atividades oportunizem que as crianças: reconheçam e formem sílabas, identifiquem
e ampliem a percepção sonora; formem a escrita de sílabas completas; façam
correspondência adequada entre letras e sons; visualizem palavras escritas com
diferentes tipos de letras; apreciem e identifiquem gêneros e portadores sociais de
textos; produzam textos orais e escritos (individual e coletivamente).

 As escritas Alfabéticas:

Nesse nível há a correspondência alfabética na escrita, ou seja, para cada consoante e


vogal da palavra corresponde uma letra; É importante considerar que a correspondência
alfabética não significa, de modo obrigatório, escrita ortograficamente correta. Busca-
se a relação grafema-fonema adequada (Ex.: CACHORRO – CAXORO, KACHORO,
KAXORO, dentre outras).

ALGUMAS INTERVENÇÕES

É importante que as intervenções pedagógicas e as ações mediadoras propostas na sala


de atividades oportunizem às crianças: diferenciar a fala e a escrita (possibilitando a
consciência de que nem sempre escrevemos como falamos); refletir sobre a escrita com
editorações significativas; refletir sobre as convenções da escrita (sentido: esquerda para
a direita/de cima para baixo - tamanho das letras - escrita em cima das linhas -
segmentação entre as palavras nas frases).
 Nesse contexto de práticas de oralidade, leitura e escrita, regulares e
significativas, você, professor(a), deve estar atento a algumas considerações
importantes, para que esse trabalho aconteça de forma efetiva:

 Alfabetização como uma evolução conceitual e processual das hipóteses infantis


sobre a escrita (Pré-silábico ao Alfabético).
 Ler e escrever na educação infantil como um DIREITO que devem ser
integrados às outras linguagens.
 Relação de (in)dependência entre oralidade, leitura e escrita.
 Ações pedagógicas a partir de atividades mediadoras regulares que contemplem
os tempos que não podem faltar.
 A criança precisa da ajuda adulta ou dos pares para atravessar a ZDP e evoluir.
 Organização dos espaços físicos, para que se tornem ambientes promotores de
aprendizagens, mediante o uso de materiais/suportes diferentes para explorar um
repertório de portadores sociais, estilos e gêneros textuais.
 Trabalho COM e a partir do NOME PRÓPRIO, o qual se constitui uma escrita
extremamente significativa e afetiva para as crianças.
 Possibilitar a escrita espontânea para que se conquiste a estabilidade da escrita.
Em momento seguinte, promover a reflexão sobre o escrito, que gera conflito
cognitivo, que desencadeia a transição e a evolução entre os níveis de escrita, ou
seja, os saltos qualitativos.
 Conhecer, apreciar, interagir, identificar e diferenciar suportes gráficos nos
contextos de aprendizagens.
 As crianças devem produzir escritos, confrontá-los e refletir sobre a sua escrita.
 Desestabilizar as certezas do pensamento infantil para gerar conflitos cognitivos.
 Propor INTERVENÇÕES pedagógicas coletivas e individuais para que as
aprendizagens aconteçam.

 Alguns desafios contínuos para você, professor(a):

 Observar para CONHECER os níveis de escrita de cada aluno e planejar


atividades mediadoras sistemáticas, que possibilitem intervenções variadas e singulares.
 Compreender que existe heterogeneidade de níveis de escrita das crianças, os
quais requerem intervenções diferentes e coletivas, porém dentro de um tempo didático
que é comum.
 Atenção para as reflexões em excesso, que podem gerar exaustão cognitiva e
desinteresse nas crianças.

Professor(a), esperamos contribuir com suas reflexões e práticas pedagógicas com as


crianças da pré-escola, no que se refere às aprendizagens da oralidade, leitura e escrita,
salientando a importância de você articular os saberes que as crianças já têm sobre o
mundo letrado com os novos conhecimentos apresentados na instituição escolar.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra.


Paulo Freire
Referências

FERREIRO E. & TEBEROSKY. A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1991.

MORAES, A.G.de. O sistema de escrita alfabética. Coleção: Como eu ensino. São


Paulo: Melhoramentos, 2012.

SOARES, M. Alfabetização. A Questão dos métodos. São Paulo: Editora Contexto,


2016.

___________. Desafios da alfabetização. Revista Neuroeducação. p.12 a 19. São


Paulo: Editora Segmento, 2017

TEBEROSKY, A. COLOMER, T. Aprender a ler e a escrever - uma proposta


construtivista. São Paulo: Penso Editora, 2001.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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