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Educação física adaptada

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SUMÁRIO

ESCLARECENDO OS TERMOS ADOTADOS ......................................................................... 4


POSICIONAMENTO DIANTE DAS DEFICIÊNCIAS ................................................................. 4
O PORQUÊ DA ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA .................................................................... 5
INCIDÊNCIA DAS DEFICIÊNCIAS NO BRASIL ....................................................................... 6
DEFICIÊNCIA VISUAL (DV) ...................................................................................................... 7
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA DV ................................................................................... 7
HISTÓRIA DA DV NO BRASIL .................................................................................................. 9
QUEM É O DEFICIENTE VISUAL? E O CEGO? .................................................................... 12
ATIVIDADE FÍSICA E DV ........................................................................................................ 17
ESPORTE ADAPTADO PARA DV .......................................................................................... 27
COMPETIÇÕES INDIVIDUAIS – MASCULINAS E FEMININAS ............................................ 33
ATIVIDADES FÍSICAS, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO DV ........................................ 41
DEFICIÊNCIA AUDITIVA (DA) ................................................................................................ 45
ORALISMO E LÍNGUA DE SINAIS.......................................................................................... 45
FALA E LINGUAGEM............................................................................................................... 48
CONCEITO E TIPOS DE SURDEZ ......................................................................................... 48
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E DESENVOLVIMENTO MOTOR ................................................. 52
ATIVIDADE FÍSICA E DA ........................................................................................................ 55
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS PEDAGÓGICOS .................................................................... 56
ESPORTES ADAPTADOS PARA O DA.................................................................................. 57
FILMES QUE APRESENTAM A DEFICIÊNCIA AUDITIVA .................................................... 58
DEFICIÊNCIA MENTAL ........................................................................................................... 58
CATEGORIAS DE DEFICIÊNCIAS ......................................................................................... 59
CARACTERÍSTICAS DO DEFICIENTE MENTAL (DM) ......................................................... 59
SISTEMA 2002 – CONCEPÇÃO DE DEFICIÊNCIA MENTAL (AAMR) ................................. 59
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BASEADO NO QI ............................................................... 61
DEFICIÊNCIA MENTAL LEVE, MÉDIA E PROFUNDA. ......................................................... 62
SUGESTÕES DE ATIVIDADES .............................................................................................. 66
RECURSOS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS ................................................................... 70
ESTIMULAÇÃO PRECOCE ..................................................................................................... 71
FATORES DE RISCO E CAUSAS DA DM .............................................................................. 71
OLIMPÍADAS ESPECIAIS ....................................................................................................... 72
JOGOS PARALÍMPICOS PARA DM ....................................................................................... 73
UM PROGRAMA DE GINÁSTICA OLÍMPICA DESTINADO A CRIANÇAS COM
DEFICIÊNCIA MENTAL ........................................................................................................... 77

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SINDROME DE DOWN (SD) ................................................................................................... 80


AUTISMO ................................................................................................................................. 91
EFEITOS PSICOLÓGICOS DA DEFICIÊNCIA FÍSICA ........................................................ 101
OBJETIVOS DA ATIVIDADE FÍSICO-ESPORTIVA COM ALUNO DF................................. 101
PARALISIA CEREBRAL (PC) ................................................................................................ 102
LESÃO MEDULAR (LM) ........................................................................................................ 122
TETRAPLEGIAS .................................................................................................................... 124
T6 – PARAPLEGIAS .............................................................................................................. 124
AMPUTAÇÃO ......................................................................................................................... 127
HISTÓRIA DO ESPORTE ADAPTADO ................................................................................. 135
PARALIMPÍADAS ................................................................................................................... 136
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL ............................................................................................. 139
MANUAL DE REGRAS DE DESPORTOS (FUTEBOL) ........................................................ 141
CHUTE INICIAL ...................................................................................................................... 152
BOLA FORA E DENTRO DO JOGO ..................................................................................... 153
CONTAGEM DE GOLS .......................................................................................................... 154
TIROS LIVRES ....................................................................................................................... 158
ARREMESSO LATERAL ....................................................................................................... 161
TIRO DE META ...................................................................................................................... 161
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 169

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ESCLARECENDO OS TERMOS ADOTADOS

Os temas abordados neste estudo têm o objetivo de proporcionar informações


teóricas, práticas e úteis aos profissionais da Educação Física e áreas afins, assim
como, a sociedade e a aqueles que se interessam por pessoas que apresentam
algum tipo de deficiência.
Antes de tecer qualquer comentário sobre a Educação Física Adaptada é
preciso, como responsável pela explanação, assumir determinadas posturas e
vocabulários que se tornarão, a partir deste momento, frequentes em nossas
discussões e leituras.
Inicialmente esclareço aos leitores que os conteúdos tratados aqui dentro da
disciplina, denominados Educação Física Adaptada (EFA), vocês encontrarão
conteúdos semelhantes em disciplinas com denominações diferentes como
Atividade Motora Adaptada (AMA), Atividades Físicas Adaptadas, (AFA) que,
embora possuam uma terminologia diferente, desenvolvem estudos e ações práticas
para pessoas que apresentam algum tipo de deficiência.

POSICIONAMENTO DIANTE DAS DEFICIÊNCIAS

A partir deste momento, apropriando-se da palavra deficiência, a qual utilizei


no parágrafo acima, passo a assumir uma segunda posição bastante polêmica sob o
ponto de vista de terceiros, porém utilizadas por mim dia a dia, com muita
tranquilidade e com o pensamento de que ao mencioná-la não estou me referindo a
questões externas ou visíveis como a aparência, mas a características pessoais
como todos nós possuímos. Assim penso ao me expressar da mesma forma como
se estivesse me referindo às pessoas altas, baixas e às suas características e suas
individualidades biológicas.
Além desse motivo é possível analisar estes termos que foram adotados e
empregados às pessoas que apresentam algum tipo de deficiência sob outra ótica,
para esta reflexão recorri a Sassaki (2003) que quanto a esses termos afirma que:
São considerados corretos em função de certos valores e conceitos vigentes em
cada sociedade e em cada época. Assim, eles passam a ser incorretos quando

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esses valores e conceitos vão sendo substituídos por outros, o que exige o uso de
outras palavras. (SASSAKI, 2003).

A minha tranquilidade e segurança na adoção e aplicação da palavra


deficiência, cego, surdo e outras que certamente pela minha vida profissional já foi
aplicada, deve-se ao contato e convívio com esta população que inicialmente me
preocupava em usar determinados termos a fim de não passar a impressão de
sentimentos preconceituosos ou mesmo discriminatórios, e para minha surpresa eles
mesmos me tranquilizavam dizendo: “Professora, sou cego mesmo não precisa falar
deficiente visual”. A partir daí percebi que nossos conflitos internos e nossa
insegurança são maiores que as realmente existentes nesta população, se é que
existem.

O PORQUÊ DA ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA


Atualmente, a Educação Física Adaptada tornou-se um grande desafio frente
à variedade de deficiências que cresce dia a dia com origens (etiologias) diferentes,
ou quando se manifestam e ainda são desconhecidas, o que impossibilita a ação e
intervenção de profissionais como da área de Educação Física. Já não contamos
apenas com alterações genéticas, ou problemas congênitos, mas, atualmente
devido a grandes transformações ocorridas no meio ambiente, a situação
socioeconômica de muitas famílias brasileiras que vivem em condições precárias de
higiene e saúde têm aumentado progressivamente o número de casos de pessoas
que apresentam deficiências.
De acordo com Mauerberg-de-Castro (2007) desde a II Guerra Mundial, em
torno de 70 mil diferentes sintéticos químicos foram desenvolvidos para uso em
alimentos, cosméticos, fertilizantes, pesticidas e outros produtos. Atualmente, mais
de mil novas substâncias são desenvolvidas anualmente. Estas substâncias estão
em contato com a população por meios diretos e indiretos, com e sem controle de
seus efeitos sobre o organismo das pessoas. O que sabemos e estamos
acompanhando é que o número de patologias atualmente existentes na sociedade é
alarmante, e ao mesmo tempo em que nos assusta pelo avanço quantitativo e
qualitativo, pela diversidade que elas vêm se apresentando, novos estudos e
pesquisas surgem por parte de profissionais da área da saúde que buscam
caminhos por meio de orientações, medicamentos, intervenções e a prática de

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atividades físicas, a fim de que garantir a esta população uma melhor condição de
saúde e qualidade de vida.

INCIDÊNCIA DAS DEFICIÊNCIAS NO BRASIL


Após a promulgação da Lei n.7.853/89 que trouxe a obrigatoriedade para que
fossem incluídas em censos nacionais as questões relativas às pessoas que
apresentam deficiências, em 1991 o Brasil passou a contar com mais informações
sobre os deficientes por meio do Censo Demográfico, cujos resultados
apresentaram cerca de 1,7 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência
vivendo em nosso país, um valor equivalente a 1,14% da população total.
Em 2000, no novo Censo Demográfico o quadro já se apresentou diferente e
com valores numericamente maiores que saltaram para a casa dos 24,6 milhões de
pessoas que se declararam com algum tipo de deficiência, cuja representação
também passou a ser 14,5% da população total distribuídas da seguinte forma: 19,8
milhões na zona urbana e 4,8 milhões na zona rural.
Embora possa se notar um aumento de 14,5% de pessoas que apresentam
alguma deficiência entre o Censo demográfico de 1991 e 2000, algumas
considerações devem ser levantadas como mudanças nas questões do Censo de
2000 que permitiu agrupar a este valor (14,5%) uma maior variedade de tipos de
deficiência, a questão da incapacidade que incluiu a população idosa nesse
segmento que apresenta dificuldades em função do processo de envelhecimento.
Agora que já conseguimos ter uma ideia do contingente populacional que
apresenta deficiência no cenário nacional, resta-nos conhecer qual a prevalência de
cada tipo de deficiência dentro dele.
Dos 24,6 milhões de deficientes existentes no Brasil, 48,1% corresponde a
deficiência visual; 27% a deficiência física ou motora; 16,7% a deficiência auditiva e
8,3% a deficiência mental (Censo, 2000).
É importante esclarecer ao leitor que esta classificação em tipos de
deficiência na prática não é funcional e nem sempre representa a realidade em que
trabalhamos ou vivemos. Esta colocação torna-se significativa quando nos
deparamos com pessoas que apresentam múltiplas deficiências, como, por exemplo,
não possui uma perna e é cego. Dentro deste exemplo classificaríamos como?
Deficiente físico ou visual? Ou os dois?

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Porém no momento esta não é uma questão importante para este estudo e
nem traçada como objetivo para ele, e somente foi levantada para esclarecer ao
leitor que para efeitos didáticos e de organização textual esta classificação das
deficiências em visual, física ou motora, auditiva e mental será adotada, e dentro de
cada uma delas, quando for necessária, outra deficiência relacionada à classificação
que no momento estiver sendo discutida será elucidada.
Como estamos começando a organizar os nossos estudos, é importante a
partir deste momento, explicar como será estruturado o conteúdo sobre cada tipo de
deficiência. Inicialmente, destacarei os períodos históricos (1) mais importantes de
cada uma delas, a partir disto à evolução conceitual (2), para depois apresentá-las
dentro do contexto educacional (3), esportivo (4) e da saúde e qualidade de vida (5)
desta população.

DEFICIÊNCIA VISUAL (DV)

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA DV

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima em mais de 1,5 milhões o


número de cegos no mundo. No Brasil este número chega a mais de 825.000 cegos,

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ou seja, perto de 7% da população brasileira possui algum tipo de deficiência visual.


EmMato Grosso do Sul, temos um total geral de homens e mulheres com deficiência
visual equivalente a 198. 358 (UBC-União Brasileira de Cegos).
A deficiência visual é caracterizada pela perda parcial ou total da capacidade
visual, em ambos os olhos, levando o indivíduo a uma limitação em seu
desempenho habitual. Ela pode ser congênita ou adquirida. Congênita é quando a
criança nasce sem resíduos de visão, ou mesmo perde a visão até os três anos de
idade. Até essa idade, a criança ainda não grava imagens e não forma conceitos. A
partir daí, porém, a cegueira é adquirida (MOSQUERA, 2000, p. 27).

FIGURA – ÓCULOS PARA ALUNOS

<http://www.usp.br/agen/bols/2000/rede554.htm>

Então, quer dizer que se utilizo óculos porque sem ele me sinto limitada em
desempenhar determinadas funções dependendo exclusivamente dele para me
sentir independente, posso ser considerada como deficiente visual?
Sim ou não como resposta não altera a minha condição ou situação visual,
mas certamente altera a maneira como as pessoas me “veem” ou passarão a me
“ver”, se assim eu for classificada.
Fizemos a discussão de um item da definição, mas outros pontos ainda
podem ser discutidos e algumas questões levantadas. Por exemplo, como
chamarmos uma pessoa que não possui um olho, e o outro que possui enxerga
perfeitamente? Para alguns autores, neste caso a pessoa não é considerada
deficiente visual porque no único olho ele não apresenta perda parcial nem total e do
outro lado, vamos dizer assim, não possui, nenhum órgão da visão.
No entanto, entendermos que as pessoas que apresentam perda parcial da
visão e as pessoas que apresentam perda total da visão, assim como o momento e

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a origem destas perdas, torna-se importante para o entendimento de determinados


comportamentos e ações que poderão estar impedindo esta pessoa de (con) viver
melhor consigo e com as pessoas que o cercam.
Estas relações são estabelecidas no ambiente escolar, esportivo, no trabalho,
com os amigos e com a família. Para nossos estudos nos restringiremos a três
ambientes conforme traçado inicialmente no objetivo, que são: escolar, esportivo e
da saúde.
INCIDÊNCIA DE DEFICIENCIA NO BRASIL
FONTE: IBGE, Censo, 1920.

HISTÓRIA DA DV NO BRASIL

É necessário apresentar um pouco de história para entendermos como os


deficientes visuais foram atendidos no Brasil primeiramente e quais as questões que
envolviam este atendimento. A partir deste breve histórico chegaremos a atual
situação do DV nas escolas.
No Censo Demográfico de 1920, já apareciam dados de indivíduos que
apresentavam deficiência sensorial, os chamados na época como “cegos” e “surdos-
mudos” as pessoas com deficiência visual e auditiva. O quadro abaixo representa a
incidência destas deficiências.

Segundo Jannuzzi (2004), em meados do século XIX teve início a educação


para crianças com deficiência visual, predominantemente institucional e vinculada à

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área médica. No final deste mesmo século, é criada no Brasil uma instituição
governamental direcionada para o atendimento educacional de pessoas cegas
conhecido como Instituto Imperial dos Meninos Cegos hoje, atual Instituto Benjamin
Constant.
O Instituto Benjamin Constant foi criado a partir da iniciada de José Álvares
de Azevedo, jovem cego descendente de família abastada e que, ainda menino e a
conselho do Dr. Maximiliano Antônio de Lemos, amigo de um tio seu, fora mandado
estudar em Paris, no Instituto Imperial dos Jovens Cegos, idealizado por Valentin
Hauy e que também servira de escola a Louis Braille, onde, aliás, desenvolveu o
Sistema Braille. Regressando da França em 1852, após ter permanecido por oito
anos, lançou-se à luta pela educação de seus compatriotas, ora escrevendo artigos
em jornais, ora ministrando aulas particulares dos conhecimentos lá adquiridos.
Foi na condição de professor que se tornou amigo do Dr. José Francisco
Xavier Sigaud, francês naturalizado brasileiro e médico da Imperial Câmara, cuja
filha cega, Adéle Marie Louise Sigaud, veio a ensinar o sistema Braille trazido da
França. Encantado com tal técnica, resolveu criar uma instituição, aprovada pelo
império de Dom Pedro II, que, ao ser fundado, teve o nome de Instituto dos Meninos
Cegos, e logo depois Dr. Benjamin Constant Botelho de Magalhães que lecionou
muitos anos no instituto.
A preocupação com a Educação Física para alunos cegos, segundo
informações colhidas junto a professores cegos aposentados do Instituto Benjamins
Constant, já existia nesta Instituição desde a primeira década do século. A atividade
física era orientada por um instrutor, funcionário da Instituição, que ocupava o cargo
de “Mestre de Ginástica”.
Em 1931, houve uma demonstração especial de ginástica calistênica, por
alunos cegos do IBC, treinados pelo Tenente Bonorino, do 3º Regimento de
Infantaria, situado na Urca, já utilizando o uniforme de ginástica. Essa demonstração
especial realizou-se na Fortaleza de São João, por ocasião de uma visita do General
Leite de Castro, Primeiro Ministro da Guerra, do Governo do Presidente Getúlio
Vargas. A prática da ginástica calistênica prevaleceu para os alunos do IBC até
1937, época em que se deu o fechamento da Instituição, para obras.
Mais tarde com a abertura do IBC em 1944 e o reinício de suas atividades
escolares têm-se notícias de uma mudança de orientação na prática da Educação
Física para alunos cegos. A partir dessa época a Educação Física foi considerada

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fator importantíssimo no processo educacional dos alunos cegos, no que diz respeito
a problemas de postura, equilíbrio, marcha, recreação, integração e socialização.
Essa valorização deu-se, por meio da contribuição e orientação de professores de
Educação Física diplomados pela Escola Nacional de Educação Física, que
começaram as primeiras experiências com alunos cegos do Instituto Benjamim
Constant. A partir de 1946, professores de Educação Física em caráter interino,
passaram a exercer as suas funções dando aulas a alunos cegos no IBC.
Em 1947, seis professores aprovados em Concurso Públicos desenvolveram
um trabalho para melhorar a orientação da Educação Física a alunos cegos,
contando com equipamentos modernos adquiridos na época. A partir de então,
práticas como atletismo, ginástica rítmica, luta livre e recreação, começaram a ser
introduzidas no processo educacional das pessoas cegas, conforme informações
colhidas entre professores e funcionários do IBC (BARUKI et. al, 2007).
A partir da criação do IBC, ex-alunos do Instituto com o auxílio de pessoas
influentes na sociedade foram responsáveis pela criação de outras organizações
responsáveis pela formação e orientação para o trabalho e educação para cegos.
E hoje nas escolas como se encontram os alunos DV? Estão presentes nas
aulas de Educação Física?
É importante inicialmente sabermos que a partir da educação especial no final
do século XVIII e início do século XIX, quando houve a institucionalização
especializada dos indivíduos em condição de deficiência e a preocupação da
sociedade em prestar apoio aos deficientes, mas, o que acabou ocorrendo foi à
segregação destes. Porém no século XX ocorreu a expansão da escolarização
básica e consequentemente o aumento dessa população nas escolas. (SILVA
et.al,2008)
Para tanto, foram necessárias algumas alterações para que o aluno DV fosse
recebido no ambiente escolar, tanto o cego como a pessoa com baixa visão.

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QUEM É O DEFICIENTE VISUAL? E O CEGO?


FIGURA – PESONAGEM DE INCLUSÃO

<http://johannaterapeutaocupacional.blogspot.com.br/2011/07/os-
personagens-de-inclusao-da-turma-da.html>

Pessoa que apresenta baixa visão é aquela que possui dificuldade em


desempenhar tarefas visuais, mesmo com prescrição de lentes corretivas, mas que
pode aprimorar sua capacidade de realizar tais tarefas com a utilização de
estratégias visuais compensatórias, outros recursos e modificações ambientais. Os
recursos para baixa visão partem do princípio de que a imagem deve ser ampliada.
Sendo assim, eles são divididos em três grupos de acordo com Bonatti (2005):

a) Para perto: lupas manuais, lupas de apoio, óculos com adições


especiais;
b) Para longe: os sistemas telescópicos que são esteticamente
apresentáveis e tem um custo elevado, além de reduzirem o campo visual;
c) Sistemas de videomagnificação: usados para a ampliação da imagem
projetada por meio da tela da televisão.

Não podemos atualmente desconsiderar e deixar de mencionar os esforços e


estudos efetuados na área da deficiência visual, no que diz respeito aos avanços
tecnológicos como as novas metodologias de ensino, que oportunizam o
aprendizado e acesso a estas pessoas as escolas e outros ambientes, sobretudo
permitindo-lhes uma condição de vida mais independente. Para isso, recorri aos

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estudos de Bonatti (2005) que em seu trabalho intitulado “Desenvolvimento de


equipamento de auxílio a visão subnormal”, percebeu o quanto poderia ser cansativo
para um DV segurar a lupa o tempo todo em uma mão durante sua leitura, em que o
foco também deve ser ajustado constantemente. Seu estudo teve como produto final
à elaboração de um protótipo para utilização com a lupa conforme figura abaixo:

FIGURA– EQUIPAMENTO DE AUXÍLIO A VISÃO SUBNORMAL

Lendo este trabalho uma questão me deixa intrigada, quando penso no DV


que utiliza este recurso diariamente. Será que ele não se sente desestimulado nas
aulas algumas vezes pelo cansaço? Não sei, mas, considerando que o
conhecimento é importante e para evitar o desestímulo devem ser utilizados
diversos recursos pedagógicos a fim de proporcionar ao aluno uma aprendizagem
prazerosa e significativa.
A pessoa é considerada cega quando a perda que ela apresenta vai desde a
percepção luminosa até a ausência total de visão. Geralmente essas pessoas
desenvolvem os outros órgãos dos sentidos como a audição, olfato, paladar e o tato
para auxiliarem no seu desenvolvimento global, e que denominamos de “sentidos
remanescentes”, importantes e utilizados para locomoção, orientação,
reconhecimento, percepção dos espaços e pessoas meio pelos quais os DV,
constroem seu mapa mental utilizando como ferramenta esses canais que são os
outros sentidos já que não podem contar com a visão. Diferente da pessoa com
baixa visão, a pessoa cega necessita utilizar o sistema Braille para a comunicação
da escrita.

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A simples utilização de óculos ou lentes de contato não é suficiente para


caracterizar a deficiência visual, pois a prescrição de correção óptica adequada pode
conferir ao indivíduo uma condição visual ideal.
Se um indivíduo perder a visão de um dos olhos, mas o outro olho tiver uma
visão normal, este não é considerado deficiente visual, pois para isso são
necessários que tenha comprometimento em ambos os olhos. A terminologia para
se referir à pessoa que apresenta deficiência visual tem sido alvo de intermináveis
discussões: deficiente visual, cego, portador de deficiência visual, pessoa com baixa
visão, portador de visão subnormal. Estes são alguns dos termos frequentemente
encontrados na literatura sobre deficiência visual.
Há várias classificações para a deficiência visual, que variam conforme as
limitações e os fins a que se destinam. Apesar das pessoas com deficiência visual
possuírem em comum o comprometimento do órgão da visão, as alterações
estruturais e anatômicas promovem modificações que resultam em níveis
diferenciados nas funções visuais, que interferem de forma diferenciada no
desempenho de cada indivíduo. Sendo assim, torna-se necessária à existência de
classificações, que de acordo com as necessidades e particularidades apresentadas
pelo deficiente visual, possibilite-os ter uma participação ativa no meio educacional,
esportivo e social. Na literatura, a classificação da deficiência visual baseia-se em
alguns parâmetros como: Legais, para efeito de elegibilidade em programas de
assistência e obtenção de recursos junto à previdência social; clínicos, para
diagnóstico, tratamento e acompanhamento médico especializado; educacionais,
relacionados aos recursos necessários para o processo ensinoaprendizagem;
Esportivos, como critério de divisão em diferentes categorias para competições e
eventos esportivos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu a classificação das
deficiências visuais baseada na Acuidade Visual e no Campo Visual.

a) Acuidade visual: pode ser definida como a capacidade de distinguir


detalhes. Esta é tomada a partir da relação entre o tamanho do objeto e a distância
onde está situado. O procedimento básico de avaliação da acuidade visual envolve a
apresentação de uma sequência de estímulos padronizados progressivamente
menores, a partir de distâncias também padronizadas. O resultado é baseado na
relação entre os valores distância/tamanho, podendo ser representado por diferentes

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escalas. A avaliação é feita utilizando a escala de Snellen (MEY e ALMEIDA, apud in


GORGATTI E COSTA, 2005, p. 33).

b) Campo visual: a função macular (visão central) é determinada pela


acuidade visual (AV). O restante da retina (visão periférica) determina o "campo
visual". Quando fixamos um ponto, fixamos com a mácula, mas cada olho poderá
ver em torno desse ponto de fixação uma área ampla, determinada "campo visual"
(FUNDAÇÃO HILTON ROCHA, 1987, p.36).

De acordo com as classificações para o nosso estudo vamos enfatizar as


seguintes:

1a. Classificação educacional


• Enfatiza os efeitos da limitação visual sobre a habilidade crítica da
leitura;
• O instrumento padrão usual é a Escala de Snellen;
• Pessoa Cega: é aquela que possui perda total ou resídua mínimo de
visão, necessitando do método Braille como meio de leitura e escrita e/ou outros
métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para o processo ensino-
aprendizagem.
• Pessoa com baixa visão: é aquela que possui resíduos visuais em
grau que permitam ler textos impressos à tinta, desde que se empreguem recursos
didáticos e equipamentos especiais, excluindo as deficiências facilmente corrigidas
pelo uso adequado de lentes (BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto,
1993).

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2a.Classificação esportiva

FIGURA – VELOCISTA ADRIA ROCHA SANTOS ESPECIALISTA NOS 100,


200 E 400 METROS.

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A classificação esportiva é utilizada nas competições e é especificada pela


InternationalBlind Sport Association (2005).

• B1: Ausência total da percepção da luz em ambos os olhos, ou alguma


percepção da luz, mas com incapacidade para reconhecer a forma de uma mão em
qualquer distância ou sentido.

• B2: Da habilidade de reconhecer a forma de uma mão até uma


acuidade visual de 2/60 metros e/ou um campo visual inferior a 5º de amplitude.

• B3:Desde uma acuidade visual superior a 2/60 metros até 6/60 metros
e/ou um campo visual de mais de 5º e menos de 20º de amplitude.
Todas as classificações devem ser feitas medindo o melhor olho e a correção
mais elevada possível. Isto significa que todos os atletas que usam lentes de contato

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ou vidros devem corrigir normalmente durante a classificação, se pretenderem ou


não as usar durante a competição.
A letra "B" refere-se ao termoblind, que significa cego, segundo a
InternationalBlind Sport Association (2005).

ATIVIDADE FÍSICA E DV

O corpo com deficiência movimenta-se assim como qualquer outro corpo. O


que muitas pessoas pensam, de forma equivocada, é que o deficiente visual não
pode realizar nada sem ter ajuda de outra pessoa, ou seja, ele não tem a
capacidade de vivenciar e experimentar uma atividade motora ou o esporte de
maneira independente. As atividades motoras, principalmente o esporte acontece de
forma positiva e relevante para essas pessoas, trazendo os mais diversificados
benefícios como: locomoção, equilíbrio, noção espacial, conscientização corporal,
agilidade, amplitude dos movimentos em geral, maior integração com outros
indivíduos, melhora da autoestima, e da autoconfiança. As atividades físicas podem
contribuir nas perdas ou defasagens motoras e afetivas provocadas pela ausência
da visão, comumente encontradas no deficiente visual, que precisam ser
trabalhadas para pelo menos não serem acentuadas.
Se analisarmos e conhecermos as características comuns dos DV será mais
fácil entendermos, assim como elaborarmos um plano de atividades que vão de
encontro as suas necessidades. Então vejamos quais são estas características que
se apresentam com frequência em uma pessoa com DV:

• Mobilidade prejudicada;
• Equilíbrio falho;
• Esquema corporal e cinestésico não internalizados;
• Locomoção dependente;
• Postura defeituosa;
• Expressão corporal e facial muito raras;
• Coordenação motora bastante prejudicada;
• Lateralidade e direcionalidade não estabelecidas;
• Inibição voluntária não controlada;
• Falta de resistência física;

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• Tônus muscular inadequado;


• Falta de autoiniciativa para ação motora.

As pessoas cegas, em geral as crianças, apresentam desenvolvimento


inferior nas áreas motora, cognitiva e afetivo-social. O potencial mental delas não é
diminuído pela cegueira. Pode ser diminuído pelas limitações impostas por seu
déficit sensorial. A audição fornece pistas quanto à direção e distância dos objetos
que produzem sons, mas não traz uma ideia dos objetos como tal. Quando utilizam
o tato constroem o conceito dos objetos por partes, conforme passam os dedos e
mãos sobre eles, construindo assim primeiramente sua aprendizagem de partes
específicas para formar o todo, o completo. Geralmente nas crianças videntes o
primeiro contato com os objetos a visão oferece uma informação do todo (caminho
inverso), posteriormente ela passa a percepção das partes. As figuras abaixo
representam as duas formas de aprendizado por uma criança cega e por uma
criança vidente.

FIGURA - USO DO TATO

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FIGURA - USO DA VISÃO

A família, muitas vezes, com cuidados excessivos, na intenção de proteger a


criança cega acaba sem perceber prejudicando seu desenvolvimento motor geral. A
relação da criança cega com o meio é fundamental para o seu desenvolvimento em
todos os aspectos, e quanto menos ela interagir fisicamente no ambiente, menos
oportunidades ela tem de formar conceitos básicos, menos ela relaciona-se com as
pessoas e mais ela se fecha dentro do seu mundo particular e restrito pela falta de
informações visuais. Sem dúvida a educação física é um importante aliado na
interação social, no incremento das funções da inteligência e principalmente no
desenvolvimento das condições motoras dos indivíduos cegos. Por meio de
atividades lúdicas, podemos alcançar os 3 domínios e melhorar a qualidade de vida
dessas pessoas. As defasagens no desenvolvimento geral da criança cega, que se
apresentam como estatisticamente relevantes, são mais acentuadas na área motora.
(PEREIRA SOUZA, 2007).
A Educação Física Adaptada para o DV tendo como ponto de partida o
conhecimento, o controle e domínio do corpo, utiliza o movimento como estratégia e
enfatiza:

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1. A diminuição da limitação motora;


2. Desenvolvimento da autoconfiança, autoestima, colaboração e
coparticipação;
3. Ampliação das possibilidades de formação de conceitos por meio da
exploração dos ambientes e das situações de aprendizagem. Formação de imagens
e esquema corporal (internalização).
4. A superação de situações-problema por meio da descoberta do corpo e
do movimento.

FIGURA– BRINCADEIRA “CABRA CEGA”

Conversamos até agora sobre as atividades físicas e a sua relação com o


desenvolvimento motor, cognitivo, social e afetivo do DV, mas na prática como isso
se efetiva?
Vimos também que podemos proporcionar-lhes estas aprendizagens de
formas mais variadas e diferenciadas possível, pois a Educação Física nos oferece
um contexto imenso e diversificado por meio de jogos, esportes, danças, atividades
rítmicas etc.
Chegamos ao momento de colocarmos algumas atividades que possam
ilustrar e incentivá-los a criação de outras. As atividades que serão aqui registradas
tratam-se de exercícios elaborados por acadêmicos de Educação Física quando
trabalhamos juntos na disciplina Educação Física Adaptada.

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Educação física adaptada

Atividade 01: Lateralidade, confiança no grupo.

• Em colunas os alunos deverão segurar no ombro dos colegas e


caminhando pelo espaço, sob o comando do professor (direita, esquerda, um salto,
para trás etc.) deverão realizar os movimentos solicitados ao mesmo tempo e
trocados constantemente. A coluna que fizer as mudanças em conjunto será o grupo
vencedor.

Atividade 02: Expressão corporal.

• Os alunos em duplas sentados um de frente para o outro em círculo.


Primeiramente os que estão sentados na parte interna do círculo farão expressões
com a face “cara e bocas” (sorrindo, bravo, triste, chorando) e o colega a sua frente
tentará descobrir o que seu parceiro está expressando no momento.

• Variação: aluno em pé brincando de estátua ou imitando um animal e o


colega da frente por meio do tato tentará adivinhar a imitação.
OBS: O DV não se utilizando deste sentido deixa de utilizar também as suas
expressões faciais e não se manifesta por meio dela seus sentimentos. A posição da
cabeça fica baixa e seu corpo comunica-se do tronco para baixo timidamente. Este
exercício é importante a partir do momento que lhe mostra que a ausência da visão
não lhe tira os demais sentidos nem o movimento dos músculos e comunicações
que estes transmitem por meio da face.

Atividade 03: Caminhar sobre a corda.

• Caminhar sobre a corda estendida no chão, descalços, passando uma


perna à frente da outra, com os braços na linha dos ombros.
• Associar a este exercício uma parada no meio da corda para a
realização de uma posição estática (avião, apoio sobre um pé).
• Caminhar sobre o Banco Sueco.
OBS: É importante que durante a realização destes exercícios a postura do
DV seja orientada com a cabeça reta, não para baixo, com o “olhar” para frente.

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Atividade 04: Telefone sem fio com o corpo.

• O primeiro aluno de cada grupo fará certo movimento em que o


segundo aluno do seu grupo segurando no seu ombro tentará entendê-lo e realizá-lo
para o seguinte e assim sucessivamente. Ao chegar ao último aluno ele realizará o
movimento para o primeiro que iniciou e criou o movimento a fim de que ele possa
senti-lo e perceber se foi mudado ou não.

Outras atividades propostas por autores da área da Educação Física


Adaptada:

FIGURA - CRIANÇA CEGA GUIADA POR CORDA

FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2005.

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GRUPO DE CRIANÇAS E ADULTOS CEGOS DURANTE UM PROGRAMA


DE NAVEGAÇÃO EM AMBIENTES NATURAIS

FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2005.

FIGURA -ATIVIDADES LÚDICAS ENTRE PARES

FONTE: Atividades Lúdicas entre Pares (MEC, 2001).

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ATIVIDADES GRUPAIS

FONTE: Atividades Grupais (MEC, 2001).

O professor de Educação Física em suas aulas não deve colocar o DV nas


atividades como “cone humano”, mesário ou juiz porque nestas funções ele não está
adicionando ao seu desenvolvimento. Quanto às perguntas recomenda-se começar
na “O que você consegue enxergar?” e não “quanto você consegue enxergar?”
Porque para ele esta medida deverá ter um referencial que ele não tem condições
de definir pelo fato de não enxergar.
Na maioria das deficiências visuais, a iluminação forte potencializa a visão.
No caso do albinismo e o glaucoma a claridade é um problema.
Existe alguma atividade física contraindicada?
Existem, mas para isso é preciso obter algumas informações como:
• A causa da cegueira;
• Pessoas com cegueira total há poucas contra-indicações;
• Restrição com as que possuem baixa visão;
• Pessoas com Deslocamento de retina não podem sacudir a cabeça,
esporte de contato, mergulho e natação.
• Glaucoma: não podem ficar em posição de apoio invertido (cabeça
para baixo) e natação em submersão.

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Glaucoma: O glaucoma é uma doença causada pela lesão do nervo óptico


relacionada à pressão ocular alta. (IBC, 2005).

FIGURA – NERVO ÓPTICO

<www.hojf.com.br>

FIGURA - OLHO COM GLAUCOMA

www.hojf.com.br

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Conversar com o DV e mediante a conversa fazer algumas perguntas como:


Quais são as atividades que você gosta?
Como você gosta de correr? Com um guia? Com cabo-guia? Sozinho?
Recomendações para que o aluno se movimente com independência nas
aulas de Educação Física é preciso que inicialmente:

• Reconhecer o local quantas vezes for necessário.


• Deixar os materiais existentes no local sempre na mesma posição.
• Se os materiais forem mudados deverá ser feito um novo
reconhecimento do local pelos alunos cegos e ele deverá ser avisado.
• Deixá-lo sentir no local o vento das portas, janelas e a iluminação para
que ele possa construir o mapa mental do local.

Durante a prática das atividades físicas:

• Haverá em determinados momentos, necessidades de demonstração


de algum exercício. Esse deverá ser feito com ajuda física, tocando o aluno e
deixando que ele possa tocá-lo.
• É absolutamente necessário que o professor saiba o nome de seus
alunos. Além da demonstração de interesse, assume um papel importante na
segurança do aluno. Eles não poderão responder a expressões acompanhadas de
gestos do tipo: Ei! Você aí!! Pare!!
• Uso de dicas específicas ambientais tais como: muretas, muros, odor
característico, textura do solo e da parede, posição do sol, auxiliarão o DV na sua
locomoção e formação de mapa mental do ambiente físico.
• Procure evitar ambientes com muitos estímulos sonoros para as
atividades com seu grupo.
• Nunca saia de uma conversa com o seu aluno cego antes de avisá-lo,
tampouco entre em um grupo sem comunicar a sua chegada.
• Não tenha melindres em avisar ao seu aluno, sobre qualquer problema
em seu vestuário.

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ESPORTE ADAPTADO PARA DV

O Esporte Adaptado refere-se ao esporte modificado para atender e suprir as


necessidades especiais dos deficientes. Os programas de esporte adaptados são
realizados em vários ambientes com objetivos diversos.
Como segunda parte deste estudo farei agora junto a vocês um levantamento
dos esportes adaptados praticados pelos DV. Não é intenção deste estudo discutir
as questões técnicas, táticas e de regras de cada modalidade, mas apenas
apresentá-las a vocês.
Iniciarei descrevendo a vocês sobre o Goalball, sabem por que? Por que é o
único esporte para o DV que não é considerado adaptado, pois foi criado
exclusivamente para eles. Considera-se esporte adaptado aquele cuja regra,
material, ou mesmo espaço físico e metodologia sofrem alterações para atender
determinada deficiência. No caso do Goalball isto não aconteceu. Suas regras,
matérias, espaços já foram criados visando atender os DV. Em que consiste este
jogo? Falaremos rapidamente sobre ele.
Em 1946 o austríaco HanzLorenzen e o alemão SettReindle desenvolveram
uma atividade para ajudar na reabilitação de soldados veteranos que haviam
adquirido a deficiência visual durante a Segunda Guerra Mundial. Era o goalball.
Nos Jogos Paraolímpicos de Toronto, em 1976, o esporte foi disputado em
caráter de exibição e a partir dos Jogos de Arnhem 1980, na Holanda, entrou para o
programa da competição. As mulheres fizeram sua primeira participação nos Jogos
de Nova York 1984. Em 1978, na Áustria, foi realizado o primeiro Campeonato
Mundial da modalidade. Atualmente é praticado nos cinco continentes do mundo.

Como é jogado?
É um esporte coletivo, em que participam duas equipes de três jogadores,
com no máximo, mais três atletas (reservas). Competem, na mesma classe, atletas
classificados como B1, B2 e B3, segundo as normas de classificação desportiva da
InternationalBlind Sports Federation (IBSA), separados nas categorias masculina e
feminina.
O desenvolvimento do jogo é baseado no uso da percepção auditiva para a
detecção da trajetória da bola, que tem guizos, e requer uma boa capacidade de
orientação espacial do jogador para saber onde está localizada.

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O silêncio no decorrer da partida deve ser absoluto para que os jogadores


não sejam prejudicados. O principal objetivo é que cada equipe jogue a bola rasteira
para o campo adversário e marque o maior número de gols em dois tempos de 10
minutos jogados. Os três jogadores atacam e defendem. Abaixo as figuras mostram
os jogadores no momento da defesa e do ataque.
DEFESA

ATAQUE

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FIGURA – JUDÔ PARALÍMPICO

www.medalhabrasil.com.br

A arte marcial foi à primeira modalidade de origem asiática a entrar no


programa Paralímpico. O judô Paralímpico é disputado por atletas cegos ou
deficientes visuais.
Desde a sua entrada no quadro dos Jogos Paralímpicos, na década de 70 já
se praticava esta modalidade. A estreia, no entanto, foi nas Paraolimpíadas em
1988, em Seul, mas nesta época, só lutaram os homens com deficiência visual. E
assim foi em Barcelona, Atlanta e Sydney. As mulheres só puderam competir nos
Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004.
Os atletas lutam pelo ouro seguindo praticamente as mesmas regras da
Federação Internacional de Judô. A deficiência faz com que os judocas utilizem sua
sensibilidade por meio do tato e seu equilíbrio. Os únicos três aspectos que diferem
o judô Paralímpico são:
• Os atletas já iniciam a luta com a pegada feita;
• Ocorre a interrupção da luta quando os oponentes perdem o contato;
• Não há punições para quem sai da área de combate.

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Judocas das três categorias oftalmológicas, B1 (cego), B2 (percepção de


vulto) e B3 (definição de imagem) lutam entre si. O atleta cego (B1) é identificado
com um círculo vermelho em cada ombro do quimono.

JUDÔ PARALÍMPICO

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Em Seul (1988), Jaime de Oliveira (categoria até 60 kg), Júlio Silva (até 65 kg)
e Leonel Cunha (acima de 95 kg) conquistaram a medalha de bronze. Com esses
resultados, o judô passou a ser a quarta modalidade brasileira a subir no pódio
Paralímpico. Atlanta (1996) teve um significado especial: o Brasil conquistou pela
primeira vez a medalha de ouro com o judoca Antônio Tenório da Silva, na categoria
até 86 kg. Em Sydney, Tenório foi novamente campeão
Paralímpico, desta vez na categoria até 90 kg. As mulheres não ficam atrás.
Karla Cardoso (até 48 kg) conquistou no Mundial da IBSA, em 2003, a vaga de
Atenas. Danielle Bernardes (até 57 kg) ganhou o bronze e também carimbou seu
passaporte para a Grécia. Em Atenas os brasileiros brilharam mais uma vez, com a
medalha de ouro de Antônio Tenório (até 100 kg), a prata de Eduardo Amaral (até
73 Kg), a prata de Karla Cardoso (até 48 kg) e o bronze de Daniele Silva (até 57 kg).

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Classificação Funcional
Nesta modalidade os atletas deficientes visuais das classes B1, B2 e B3,
competem juntos, ou seja, do atleta completamente cego até os que possuem
acuidade visual parcial.
• B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos
até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma
mão a qualquer distância ou direção.
• B2 – Lutadores que já têm a percepção de vultos. Da capacidade em
reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual
inferior a 5 graus.
• B3 – Os lutadores conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60
a 6/60 ou campo visual entre 5 e 20 graus.

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KARLA CARDOSO CATEGORIA ATÉ 48 KG

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Considerações:
Todos os atletas classificados como B1 deverão ter um círculo vermelho com
7 cm de diâmetro costurado na parte externa de ambas as mangas. O centro do
círculo deverá ser posicionado a cerca de 15 cm do ombro. Isto é necessário para
que os juízes apliquem as regras específicas.
Quando um participante também for surdo, um pequeno círculo azul com 7cm
de diâmetro deverá ser colocado nas costas do judogi, na parte superior direita da
gola. Isto é necessário para que os juízes apliquem as regras específicas.

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Todas as classificações serão baseadas em ambos os olhos, com a ajuda das


melhores lentes corretivas, ou seja, todos os atletas que usam lentes de contato ou
óculos devem utilizá-los durante o teste (se forem usá-los durante a competição).

COMPETIÇÕES INDIVIDUAIS – MASCULINAS E FEMININAS


Regras Internacionais de Judô Publicadas pelo Subcomitê de Judô da
IBSA

Paralimpíada e Campeonatos Mundiais


1. Cada país pode inscrever um participante por categoria de peso;
2. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos;
3. A duração de cada luta é de:
Masculina – 5 minutos – tempo efetivo de luta;
Feminina – 5 minutos – tempo efetivo de luta.
4. Cada participante tem direito a um intervalo de 10 minutos entre cada
luta.
5. Dependendo do número de participantes inscritos em uma determinada
categoria de peso, se aplicam as seguintes regras:
• Se forem inscritos mais de 6 participantes em uma única categoria de
peso, serão necessárias duas repescagens;
• Se forem inscritos até 6participantes em uma única categoria de peso,
será necessária somente uma repescagem;
• Se forem inscritos 4 a 5 participantes em uma única categoria de peso,
o sistema olímpico será usado;
• Se forem inscritos até 3 participantes, o título Paralímpico ou mundial
não será concedido.

Campeonatos Regionais Individuais


1. Cada país pode inscrever dois participantes por categoria de peso;
2. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos;
3. A duração de cada luta é de:
• Masculina – 5 minutos – tempo efetivo de luta;
• Feminina – 5 minutos – tempo efetivo de luta;

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4. Cada participante tem direito a um intervalo de 10 minutos entre cada


luta.
5. Dependendo do número de participantes inscritos em uma determinada
categoria de peso, se aplicam as seguintes regras:
• Se forem inscritos mais de 6 participantes em uma única categoria de
peso, serão necessárias duas repescagens.
• Se forem inscritos até 6 participantes em uma única categoria de peso,
será necessária somente uma repescagem.
• Se forem inscritos 4 a 5 participantes em uma única categoria de peso,
o sistema olímpico será usado.
• Se forem inscritos até 3 participantes, o título regional não será
concedido.

Torneios Individuais Internacionais


1. O número de inscrições por categoria de peso será estabelecido pelo
organizador do evento.
2. A duração e o sistema de luta serão estabelecidos pelas regras do
torneio;
3. O árbitro deve ser informado sobre a duração da luta antes de subir ao
tatame;
4. Dependendo do número de participantes inscritos em uma determinada
categoria de peso, se aplicam as seguintes regras:
• Se forem inscritos mais de 6 participantes em uma única categoria de
peso, serão necessárias duas repescagens.
• Se forem inscritos até 6 participantes em uma única categoria de peso,
será necessária somente uma repescagem.
• Se forem inscritos 3 a 5 participantes em uma única categoria de peso,
o sistema olímpico será usado.

A – COMPETIÇÕES MASCULINAS POR EQUIPE:


Campeonatos Mundiais e Regionais
1. Cada país pode inscrever uma única equipe representante, composta
pelas seguintes categorias de peso:
Até 66 kg; até 90 kg;

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Até 73 kg; acima de 90 kg;


Até 81 kg;
2. Os países participantes podem inscrever dois atletas por categoria de
peso;
3. A equipe deve ter pelo menos 3 categorias de peso para ser admitida
na competição;
4. Os atletas podem competir na categoria de peso imediatamente acima
da sua, entretanto isto deve ser comunicado antes da entrega da ficha com a
escalação da equipe, dez minutos antes de cada “luta”.
5. Os mesmos atletas podem retornar à sua categoria de peso natural nas
disputas seguintes.
Após ser notificada, a composição da equipe não pode ser modificada durante
a disputa, somente nas disputas seguintes, mas sempre com os atletas que constam
no relatório de pesagem.
6. No caso de uma contusão, serão seguidas as regras da IJF.
7. A equipe com o maior número de vitórias é a vencedora:
Em caso de igual número de vitórias, a equipe com o maior número de pontos
de judô é a vencedora;
Caso a igualdade persista, serão sorteadas três categorias de peso na
presença dos Chefes de Delegação das equipes, para a realização de três lutas com
uma decisão por vitória forçada. No sorteio, categorias em que os países não
inscreveram atletas serão excluídas.
8. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos;
9. Nos casos não previstos nestas regras, serão seguidas as da IJF.

Torneios Internacionais
1. Cada país pode participar com mais de uma equipe, de acordo com
decisões dos organizadores.
2. As regras do Subcomitê de Judô da IBSA e da IJF se aplicam a estes
tipos de eventos;
3. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos.

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B – COMPETIÇÕES FEMININAS POR EQUIPE:


Campeonatos Mundiais e Regionais
1. Cada país pode inscrever uma única equipe representante, composta
pelas seguintes categorias de peso:
Até 52 kg; Até 57 kg; Até 63 kg.
2. Os países participantes podem inscrever dois atletas por categoria de
peso;
3. A equipe deve ter pelo menos 2 categorias de peso para ser admitida
na competição;
4. As atletas podem competir na categoria de peso imediatamente acima
da sua, entretanto isto deve ser comunicado antes da entrega da ficha com a
escalação da equipe, dez minutos antes de cada “luta”.
5. As mesmas atletas podem retornar à sua categoria de peso natural nas
disputas seguintes. Após ser notificada, a composição da equipe não pode ser
modificada durante a disputa, somente nas disputas seguintes, mas sempre com as
atletas que constam no relatório de pesagem.
6. No caso de uma contusão, serão seguidas as regras da IJF.
7. A equipe com o maior número de vitórias é a vencedora:
Em caso de igual número de vitórias, a equipe com o maior número de pontos
de judô é a vencedora;
Caso a igualdade persista, será sorteada uma categoria de peso na presença
dos Chefes de Delegação das equipes, para a realização de uma luta com uma
decisão por vitória forçada. No sorteio, categorias em que os países não
inscreveram atletas serão excluídas.
8. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos;
9. Nos casos não previstos nestas regras, serão seguidas as da IJF.

Torneios Internacionais
1. Cada país pode participar com mais de uma equipe, de acordo com
decisões dos organizadores.
2. As regras do Subcomitê de Judô da IBSA e da IJF se aplicam a estes
tipos de eventos;
3. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos;

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Natação

Na natação foram adaptadas poucas regras para a prática de DV. Elas se


baseiam nas normas da Federação Internacional de Natação - e as provas
disputadas são: livre, costas, peito e borboleta, divididas nas classificaçõesB1, B2 e
B3, sendo que cada uma disputa entre si. Para os nadadores B1 é obrigatório o uso
de uma venda totalmente opaca. Em 1980 foi introduzido o tapper nas provas para
atletas B1 e B2.
Sabem o que é o Tapper?
É um técnico que fica à beira da piscina segurando um bastão com uma bola
de tênis na ponta, que serve para tocar nas costas do atleta para que ele saiba a
hora exata da virada.

FIGURA – TREINAMENTO COM TAPPER

www.atimais.blogspot.com

Atletismo
O Atletismo para Deficientes Visuais é constituído basicamente por todas as
provas que compõem as regras oficiais da Federação Internacional de Atletismo -
I.A.A.F., com exceção das provas de salto com vara, lançamento do martelo,
corridas com barreira e obstáculos.
As provas são divididas por classificação B1, B2 e B3 e as regras são
adaptadas para os atletas B1 e B2. Para esses, é permitido o uso de sinais sonoros

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e de um guia, que corre junto com o competidor para orientá-lo. Eles são unidos por
uma corda presa às mãos e o atleta deve estar sempre à frente. As provas para os
competidores B3 seguem as mesmas regras do atletismo regular. Ádria Santos é a
maior medalhista cega da história paralímpica brasileira com 12 medalhas.

FIGURA– CORRIDA COM GUIA

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=16090

FIGURA - SALTO EM DISTÂNCIA COM ORIENTAÇÃO

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Futebol

Futebol Para Deficientes Visuais

No Brasil
O Brasil é uma superpotência no Futebol de 5, como é conhecido o futebol
para cegos. A modalidade começou a se desenvolver no país nos anos 60, em
escolas e institutos de cegos, nos intervalos das aulas e não parou mais de crescer.
A ABDC (Associação Brasileira de Desporto para Cegos) promove
campeonatos de futebol de 5 desde sua fundação, em 1984. Hoje o Brasil é o país
com mais equipes no mundo, com 40 times distribuídos por 21 estados. Por isso é
também a nação que mais realiza competições.
Conquistamos a medalha de ouro na primeira disputa nos Jogos Paralímpicos
de Atenas (2004). Dois jogadores da nossa seleção receberam o título de melhores
jogadores do mundo. São eles: Mizael Conrado e João Batista da Silva.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS PARA CEGOS – ABDC/Estatuto).
Esta modalidade pode ser iniciada na escola, como foi realmente difundida e
não contava com material adequado como bolas com guiso, no entanto atendia
perfeitamente os deficientes visuais que jogavam o futebol com uma bola amarrada
com saco plástico. As que são usadas atualmente em jogos internacionais da IBSA
(InternationalBlindAssociation Sport) são de fabricação brasileira, confeccionadas
por presidiários no programa "Pintando a Liberdade" feito pelo Ministério do Esporte.
Essas bolas são distribuídas gratuitamente pelo mundo todo.

Futebol Para Deficientes Visuais B1


Para esta classe várias adaptações foram feitas, mas a emoção do jogo foi
mantida.
O goleiro é o único jogador que enxerga, mas tem sua área limitada em um
espaço de 5 x 2 metros. Se ele sair desta marcação, é pênalti. O jogo tem dois
tempos de 25 minutos e um intervalo de 10 minutos.
Em cada tempo são permitidas três faltas coletivas.
A partir da quarta, todas são cobradas na forma de tiro direto. Cada time tem
um "chamador", pessoa que fica atrás do gol adversário orientando o ataque. O
goleiro também tem o papel de orientar a defesa.

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A cobrança de pênalti e tiro direto tem um ritual específico: o "chamador" bate


uma pequena barra de ferro nas duas traves para dar ao atleta a dimensão do gol.
As laterais da quadra são cercadas de bandas, proteções que impedem que a bola
saia. Isso tornou as partidas mais dinâmicas. Só há cobrança do lateral, com os pés,
se a bola ultrapassar essas bandas. Caso contrário, o jogo segue normalmente. Os
quatro jogadores de linha devem usar vendas nos olhos. Alguns jogadores B1
(cegos) têm uma leve percepção da luz e isso seria uma vantagem.
As medidas da quadra são as mesmas do futsal, de 38x18m até 42x22m. As
regras são as mesmas da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) com
adaptações da IBSA. (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).

Classificação Funcional

Em Jogos Paralímpicos, esta modalidade é exclusivamente praticada por


atletas da classe B1 (cegos totais) que não têm nenhuma percepção luminosa em
ambos os olhos; ou têm percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o
formato de uma mão a qualquer distância ou direção.

Para deficientes visuais B2 e B3


Esta modalidade não diferencia muito do futsal regular. Têm apenas algumas
regras adaptadas e certa preocupação com a luz, esta deve ser homogênea, sem
variações para que não atrapalhe o desenvolvimento do jogo. A bola deve ter uma
cor chamativa, podendo ser verde, amarela ou branca para facilitar sua localização e
percepção por parte dos jogadores. Nessa modalidade atletas com classificações
oftalmológicas diferentes jogam na mesma equipe. Em quadra, cada time deve
escalar pelo menos dois jogadores B2, que devem ser identificados por uma faixa,
adesivo ou braçadeira, e no máximo dois B3.
O goleiro tem sua atuação limitada e não pode sair da área de seis metros.
Se tocar com o pé fora do limite é falta, punida com cartão amarelo. Toque com as
mãos implica cartão vermelho direto.

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FIGURA– FUTEBOL PARA DEFICIENTES VISUAIS II

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O que pode ser alcançado com a prática dos esportes?


Algumas melhoras observadas e relatadas por DV em estudos
realizados:
1- Autoestima e autorrealização;
2- Autonomia;
3- Melhoria das condições orgânicas e de saúde;
4- Desenvolvimento da coordenação motora dinâmica geral (equilíbrio,
velocidade etc);
5- Entendimento, elaboração, conhecimento e reflexão sobre a aplicação
das regras.

ATIVIDADES FÍSICAS, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO DV

A atividade física dentro dos seus aspectos pedagógicos e o esporte tem


alimentado uma bagagem motora, afetiva e social aos DV que os praticam. Estas
práticas lhes proporcionam independência nas ações e na locomoção, elevam sua

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autoestima, melhoram a autoconfiança que é um sentimento pouco desenvolvido


nas pessoas com DV como vimos no decorrer de nossos estudos.
Mas e na saúde e qualidade de vida como visualizamos a prática de
atividades físicas para o DV?
Primeiramente vamos discutir o que é saúde? Para esta discussão trago
alguns conceitos de autores renomados.
a) Primeiro a clássica definição de saúde adotada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) em 1948 que a declara como "estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças", (IN MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1987).
b) Tambellini, citado por Mataruna dos Santos (2000) complementa a
definição da OMS, conceituando saúde como um bem coletivo que é compartido
individualmente por todos os cidadãos.
c) Minayo (1992) acrescenta que saúde é o resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde.

E Qualidade de Vida (QV)?


A Organização Mundial da Saúde (OMS) define QV como “a percepção do
indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos
quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.
Nesta definição estão incluídos os seis principais domínios: físico, estado
psicológico, níveis de independência, relações sociais, meio ambiente e
espiritualidade.
Como podemos a partir destes conceitos trabalharmos nas aulas de
Educação Física e por meio do esporte contribuir com a saúde e qualidade de vida
dos DV?
Antes de começarmos a responder esta pergunta vamos alinhavar alguns
pontos entre a saúde, QV e DV?
Se trabalharmos com as palavras educação, lazer e trabalho (Minayo 1992)
e ligarmos a elas os seis domínios da QV e imaginarmos todos sustentados por dois
braços da Educação Física Adaptada, Aulas de Educação Física Adaptada (AEFA) e
Esporte Adaptado (EA) formaríamos um quadro mais ou menos assim:

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TABELA - ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA


Aulas de Educação Física / Escola Esporte Adaptado/ Competição

Esquema corporal, consciência do Autoestima e autorrealização


próprio corpo

Coordenação Dinâmica Autonomia e Independência

Diminuição da limitação psicomotora Melhoria das condições sociais e


geralmente apresentada. econômicas.

Organização e estrutura espaço- Melhoria das condições


temporal organofuncionais (aparelho
circulatório, respiratório, etc.)
Utilização de todo potencial sensorial Utilização de todo potencial sensorial
e psicomotor. e
psicomotor.

FIGURA - ATIVIDADES DE LAZER

FIGURA - ATIVIDADES DE AVENTURA

www.tartarugas.net

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Diante deste quadro organizado pelos exercícios e redações do próprio texto,


temos condições de alinhavar e destacar alguns pontos desta tríade formada pela
Educação Física Adaptada, Saúde e QV.
a) As atividades físicas tanto realizadas nas escolas como os esportes
coletivos e individuais são atividades que levam o DV ao contato e convívio com
outras pessoas, outros ambientes, situações diferentes da sua rotina e, portanto, o
lança a novas e diversas situações de aprendizagens. Sendo o nível de
independência e relações social um dos domínios da QV, podemos baseados neste
pressuposto, estabelecer uma relação positiva entre a Educação Física Adaptada e
a QV dos DV.
b) A escola e o esporte enquanto espaço de aprendizagem e socialização
tem influência positiva sobre a saúde e QV dos deficientes visuais.
c) A mobilidade independente traduzida pela autonomia e conquistada por
meio de exercícios praticados nas aulas que colaboram com a técnica de Orientação
e Mobilidade vem de encontro aos aspectos físicos, mentais do conceito de saúde e
ao domínio que corresponde ao estado psicológico.
O DV durante seu desenvolvimento experimenta diferentes perdas funcionais
que certamente comprometem a sua QV. Na sua infância sua limitação motora
decorrente da falta de estímulo visual o impede de ter iniciativa e a curiosidade
peculiar das crianças, ou seja, os seus interesses e escolhas, durante um período,
passam a ser interesse e escolhas dos que os acompanha e que julga importante
como estímulo.
Diante disso a QV de uma pessoa com deficiência está diretamente
relacionada com o grau de limitações que ela apresenta diante dos seis domínios no
seu cotidiano.
Independente da escolha pela prática de uma modalidade esportiva ou
simplesmente pela prática de uma atividade física dentro do ambiente escolar ou
fora dele, em uma academia, num parque, caminhada pelas ruas, o importante é
percebermos que os DV conseguem por meio destas atividades expressar
sentimentos de alegria, confiança, esforço, perseverança, que não conseguimos
enxergar em seus olhos.

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA (DA)

Tudo que chega ao nosso cérebro passa pelos nossos sentidos, portanto se
uma porta dos caminhos existentes para as informações chegarem a ele estiver
fechada, certamente alguma lacuna, ou alguma informação, se preferir assim,
deixará de chegar, e assim de ser conhecida, explorada, transferida, relacionada.
Início com a seguinte pergunta: todo surdo é mudo? Faço ainda outra
pergunta: o surdo que por acaso, você conhece não emite nenhum som? Vejam
bem que perguntei sobre som. Não perguntei se fala e veremos mais à frente a
distinção entre fala e linguagem. Pesquisas demonstraram que os surdos podem vir
a falar oralmente por meio de treinamentos com fonoaudiólogos, o que não é
acessível a todos, e que também se comunicam com as mãos e as expressões
corporais e faciais. Sendo assim, o surdo não é necessariamente mudo, ele pode
não se expressar por meio da fala por não conhecê-la, e nunca ter ouvido as
palavras, mas emite sons.
Por muito tempo, o surdo foi considerado incapaz de estudar e trabalhar.
Durante um período de aproximadamente cem anos a língua de sinais foi proibida
nas escolas de todo mundo, obrigando os surdos a aprenderem a falar e fazer a
leitura labial. (1888, Congresso Milão).
Em 2002, a Lei 10.436 de 24 de abril sancionada pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso é reconhecida a LIBRAS como a língua dos surdos brasileiros.

ORALISMO E LÍNGUA DE SINAIS

Na década de 1960, o oralismo imperou e ainda persiste em algumas


escolas e associações. Conforme Goldfeld (1997) o objetivo do oralismo era de
integrar a criança surda na comunidade dos ouvintes para que a língua oral pudesse
ser desenvolvida.
A linguagem de sinais é considerada como língua natural, que utiliza canal
espaço visual, criada por comunidades surdas pelas gerações. Quadro (1997)
explica que a língua de sinais difere de comunidade para comunidade e que tem
suas estruturas gramaticais próprias e independe da língua oral do país em que é
utilizada.

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A língua de sinais (LIBRAS) foi padronizada e desenvolvida pelos surdos no


Brasil para se comunicarem, em 1857, com a fundação do Instituto Nacional da
Educação dos Surdos (INES). No Brasil além das LIBRAS, também é utilizada a
datilologia, conhecido também como alfabeto manual.

FIGURA – ALFABETO LIBRAS

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FIGURA- DATILOLOGIA

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Língua de sinais
Dentre os cinco sentidos do homem, a audição é o principal sentido à
distância, pois ela fornece informações sobre acontecimentos no meio ambiente; é
uma forma de vínculo sócio emocional, e dá sinais de alerta importante para nossa
segurança física. É, também, o órgão responsável pelo equilíbrio.

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FALA E LINGUAGEM

As primeiras palavras são um marco no desenvolvimento infantil. É motivo de


alegria e início de uma comunicação entre pais e filhos mais afetuosa e interativa.
A Fala é uma habilidade de comunicação complexa que reflete a evolução do
pensamento e difere da linguagem que, por sua vez, pode ser expressa de várias
formas, sendo a mais utilizada entre os seres humanos é a linguagem verbal.
Toda forma de utilização de símbolos que possa ser reconhecida e utilizada
por um grupo de indivíduos com o objetivo de trocar alguma informação denomina
de linguagem.
O ato de ouvir é um processo de escolha em que o cérebro seleciona as
informações contidas em uma mistura de sons ambientais familiares ou não. Estes
sons são energias que ocorrem a partir de vibrações randômicas e periódicas
representadas por ondas mecânicas.

CONCEITO E TIPOS DE SURDEZ

A Deficiência Auditiva traz graves dificuldades na vida de uma pessoa, umas


delas pode ocorrer no desenvolvimento do funcionamento normal dos processos
auditivos; outra dificuldade pode ocorrer em nível das experiências sociais, já que a
comunicação é um instrumento muito importante de interação social e emocional.
O conceito mais usualmente empregado para designar as pessoas com
deficiência auditiva é a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade
de compreender a fala por meio do ouvido.
Alguns autores fazem distinção (no que se refere à surdez adquirida) em
termos etários, classificando-a da seguinte forma:
a) Pré-lingual - Ocorre quando a criança já nasce surda ou perde a
audição antes do desenvolvimento da fala e da linguagem. É mais complexa para o
desenvolvimento cognitivo da criança. De acordo com Camargo Neto (1996), a
maioria das crianças surdas que perdeu a audição antes da aquisição da fala utiliza-
se da língua de sinais.
b) Pós-lingual - Perdeu a audição após a aquisição e desenvolvimento
da fala e da linguagem. Nesse caso as crianças conseguem realizar a leitura labial.

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A DA não ocasiona, necessariamente, atrasos no desenvolvimento motor,


ainda que alguns autores afirmem que são frequentes as perdas de equilíbrio e
coordenação geral, por problemas vestibulares, neurológicos, privação do som,
ausência de verbalização e superproteção dos pais (BUENO, 1995).
O diagnóstico do nível de surdez com precisão só é possível com a
audiometria, exame para avaliar o nível de surdez, a perda auditiva remanescente é
medida em DECIBÉIS (dB). Quanto maior for o número de decibéis necessários
para a criança responder a um som, maior e mais significativa será a perda auditiva.
Como nem sempre é possível submeter o indivíduo a audiometria, existem
procedimentos que podem ajudar você a fazer uma classificação grosseira do tipo
de surdez, com o intuito de facilitar seu primeiro entendimento do problema e
encaminhar o seu aluno.
Esses procedimentos são: chamá-lo pelo nome; estalar os dedos ou bater
palmas; deixar cair algo no chão com ruídos diferentes.

FIGURA - BATER PALMAS ATRÁS DA PESSOA

O sistema auditivo começa a evoluir a partir do 5º mês de gestação e se


aperfeiçoa intensamente nos primeiros meses de vida, continuando a expandir suas
conexões neurais por vários anos. A perda auditiva pode ser otimizada pela
estimulação que deve iniciar aos 6 meses de idade.

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Por conta disso, é importante que o leitor tenha conhecimento de outros


testes diagnósticos que podem ser feitos, antes ou associados à audiometria,
considerando diferentes faixas etárias, a fim de perceber, quanto mais cedo melhor,
problemas na audição:

• Nos primeiros dias de vida - Reflexo de Moro (Reagir aos sons com um
movimento brusco);
• 03 meses - Reflexo Cócleo-palpebral;
• 06 meses - Reflexo de orientação-investigação;
• 07 a 08 meses não reagir à voz e a linguagem.

Segundo Mauerberg-de Castro (2007), as perdas auditivas podem ser


observadas por meio de vários comportamentos ligados aos aspectos cognitivos,
quando a pessoa apresenta uma desatenção contínua; aos aspectos afetivos e
sociais apresentados por comportamentos agressivos, ansiosos, de teimosia; e
aspectos motores como equilíbrio insuficiente.

Graus de perda auditiva


➢ Surdez leve/moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta,
mas não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de
perceber a voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho
auditivo.
➢ Surdez severa/profunda: perda auditiva entre 70 e 90 decibéis. As
pessoas não podem ouvir a voz, mas percebem sensações auditivas.
Nesse caso a compreensão da palavra dependerá de uso de
metodologia adequada, na surdez profunda há um impedimento da
percepção da voz humana e não aprendizagem da fala.

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FIGURA - GRAUS DE PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO


ENTENDIMENTO DA FALA

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http://www.centroauditivoaquarius.com.br/sobre-audicao/os-graus-de-perda-
auditiva

Para entendermos melhor os tipos de DA, convido-os a fazermos uma breve


retrospectiva aos estudos anatômicos, referentes ao ouvido é claro, nosso foco de
interesse, com a certeza de que a recordação sempre traz junto às lembranças
novas maneiras de enxergamos e interpretarmos os conhecimentos.
A descrição da anatomia do ouvido obedece a uma divisão em três partes:
ouvido externo, médio e interno. O ouvido externo compõe-se do pavilhão auricular e
do meado acústico externo; o pavilhão auricular é o primeiro elo da complexa cadeia
responsável pela transmissão de vibrações sonoras do meio exterior para o cérebro.
O meato acústico externo tem como finalidade conduzir as ondas sonoras no
ouvido médio. A membrana do tímpano finaliza o conduto auditivo externo
separando-o da caixa timpânica (ouvido médio). Tem como função proteger o ouvido
médio e transmitir as ondas sonoras à cadeia ossicular.
Destaca-se na caixa timpânica, uma cadeia de ossículos denominado
martelo, bigorna e estribo. A condução e amplificação das ondas sonoras decorrem
da ação coordenada desta cadeia de ossículos e de pequenos músculos. O ouvido
interno apresenta uma forma semelhante à de um caracol. Tem como função

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receber as ondas sonoras conduzidas pelos ouvidos externo e médio e enviá-las ao


córtex central por meio do mesmo nervo coclear.
É importante avaliar a estrutura do ouvido, relacionando-a com a perda da
intensidade auditiva, e agora depois desta revisão temos condição para isso, que é a
surdez de condução (ou Condutiva) e com a surdez neural (ou Neurosensorial).
O que ë surdez de condução e neural? A de Condução resulta-se de
alterações patológicas no ouvido médio, podendo ser produzida por malformação
congênita ou adquirida. A consequência é a redução da intensidade dos sons que
alcançam o ouvido interno, onde se inicia o nervo coclear. Se houver um aumento
da intensidade do estímulo, as vibrações sonoras podem estimular a cóclea.
Já a surdez neural é apresentada como uma das características da velhice,
provavelmente causada pelo envelhecimento da cóclea. Ela leva a diminuição da
capacidade de perceber sons. As perdas neurossensoriais são mais graves, tendo
um comprometimento auditivo maior porque os danos sofridos afetam os órgãos
sensoriais terminais ou células ciliadas da cóclea. Este tipo de perda é geralmente
irreversível. (DUARTE et al, 2003).
A surdez pode ser causada por enfermidades que levam ao comprometimento
do ouvido externo, médio e interno, entre elas situam-se alguns fatores etiológicos,
como meningite, a catapora, o sarampo, a rubéola e a sífilis.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA E DESENVOLVIMENTO MOTOR

A partir do momento que estabelecemos uma relação entre o


desenvolvimento motor e a DA, e por meio dela observamos por intermédio de
pesquisas realizadas sob esta ótica que algumas crianças surdas podem apresentar
prejuízos motores em decorrência de problemas auditivos, este fato nos instiga a
buscar dentro das aulas de Educação Física mecanismos que possam auxiliar esta
criança a melhorar seu desempenho e sua participação nas atividades de um modo
geral.
É neste momento que autores como Brunt e Broadhead (1982) Sherrill (1993),
Mauerberg-de-Castro (2007) entram em cena com seus estudos para nos auxiliar
em uma futura programação de atendimento.
Na verdade uma programação, que aqui cabe melhor o termo planejamento,
se faz dentro de um conhecimento prévio de uma situação.

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Dos estudos supracitados, de uma forma resumida apresentarei alguns


resultados, porém suficientes para que novas diretrizes sejam traçadas em uma aula
de Educação Física, como farei após apresentá-los.

a) Em 2000 crianças surdas entre 6 e 7 anos foram avaliados


(Mauerberg-de-Castro) e algumas observações foram relatadas como: desvio de
direção e instabilidade postural, inclinação com rotação anormal da cabeça,
inclinação exagerada do coro para frente, lentidão na performance de tarefas
motoras e passadas arrastadas (SHERRILL, 1998).
b) Indivíduos com surdez hereditária apresentam pouca ou nenhuma
diferença no equilíbrio comparada aos indivíduos não surdos. Já os indivíduos com
surdez adquirida apresentam déficits de equilíbrio (principalmente o estático)
comparados aos indivíduos com surdez hereditária. (BRUNT e BROADHEAD, 1982).
c) Outros estudos referem-se às estratégias motoras desenvolvidas pelos
DA que são amparadas em pistas visuais e proprioceptivas para compensar sua
defasagem auditiva.

Diante destes exemplos como resultados de pesquisas podemos observar


que o equilíbrio tanto em movimento como o estático, a postura, a marcha e as
ações motoras em geral, podem apresentar algum prejuízo na criança com DA.
Ficou evidente também que os DA utilizam-se da visão e da propriocepção como
canais de informações e trocas. Em função deste levantamento apresentarei
algumas propostas de atividades físicas.

ATIVIDADE 01: Cumprimento musical


Os alunos dispersos ao som de uma música deverão se cumprimentar
quando ela for interrompida pelo professor. O aluno DA deverá andar descalço a fim
de sentir a vibração da música e perceber no momento que ela parar.
As atividades que serão descritas abaixo foram retiradas do livro “Jogando
com as Diferenças” Diehl (2006), porém não serão transcritas na íntegra.

ATIVIDADE 02: Como chegar ao Rei Leão


Um aluno será escolhido para representar o Rei Leão e ficará do outro lado,
separado dos colegas. Cada colega do grupo deverá perguntar ao Rei Leão como

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deve fazer para alcançá-lo. O Rei Leão responderá quantos passos seu colega
deverá dar e qual animal deve imitar para chegar até ele. A comunicação entre eles
deverá ser feita na língua de sinais. Vence o colega que chegar primeiro perto dele.

ATIVIDADE 03: jogo dos cartões


Os alunos em círculo passado a bola entre eles deverão ficar atentos aos
cartões que serão mostrados pelo professor. Os cartões terão códigos previamente
combinados: amarelo sinaliza arremessar a bola para qualquer colega, vermelho
significa quicar a bola e passá-la, o cartão azul a bola deve ser arremessada para
um menino, e o cartão rosa para uma menina.

ATIVIDADE 04: Zoológico


Cada aluno receberá uma ficha com o nome de um animal e deverá
representá-lo no meio do círculo. Se no círculo houver um participante que julga ser
também o animal que está sendo representado, irá ao seu encontro, enquanto os
demais tentarão identificá-lo. A identificação será feita por meio da língua de sinais
ou do alfabeto datilológico.
Nas aulas de Educação física, antes da ação, os estímulos são peças
importantes para o melhor aproveitamento das tarefas propostas. Recursos visuais,
por exemplo, darão suporte as orientações para os exercícios. Podemos demonstrar
com um aluno, apresentar o exercício, ou mesmo desenhá-lo para a turma. Essa
atitude não corresponde desviarmos o pensamento ou mesmo programarmos as
aulas em função ou para o aluno DA. Podemos propor este tipo de atividade para
diversificar as nossas aulas e propiciar condições do grupo se desenvolver no
sentido mais amplo como:
• Empenho dos aspectos cognitivos, relativos à compreensão dos
exercícios e atitudes durante a prática das atividades;
• Trabalhar o psicomotor envolvendo movimentos de expressão corporal,
junção de novos movimentos e experiências motoras;
• O DA será também estimulado pela presença e ausência de sons;
• Assim o DA aumentará a oportunidade de eliminar ou repudiar atitudes
incompatíveis com as regras sociais;
• O DA poderá melhorar a marcha (arrasta os pés) orientada pelas
sensações de contato com os colegas.

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ATIVIDADE FÍSICA E DA

FIGURA – FORMAS DE INTERAÇÃO DURANTE AULA I

FONTE: DIEHL (2006).

FIGURA – FORMAS DE INTERAÇÃO DURANTE AULA II

FONTE: DIEHL (2006).

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Assim como os demais alunos o DA necessita de estimulação oral, visual e


tátil para que seu processo de aprendizagem se efetive e sua relação com as
pessoas e o ambiente fique cada vez melhor.

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS PEDAGÓGICOS

• Cartazes alusivos ao que deverão fazer nas suas tarefas como: deitar,
flexionar, devagar, rápido etc.
• Painel e quebra cabeças com motivos esportivos;
• Uso de material que auxilie no desenvolvimento da capacidade
aeróbica, como encher balões, corridas orientadas, assoprar papéis com canudinho
etc., Exercícios de equilíbrio estático e dinâmico.

Algumas considerações
O professor tendo identificado as peculiaridades do aluno com DA, caso ele
faça a leitura labial é necessário que durante suas aulas ele se posicione a frente da
sala de aula e voltado sempre de frente para este aluno durante a explicação oral,
sem objetos e sem fazer gestos que atrapalhem a leitura labial. No caso do aluno
utilizar a língua de sinais será necessária a presença de um intérprete em sala de
aula.
FIGURA – LEITURA LABIAL I

FIGURA – LEITURA LABIAL II

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ESPORTES ADAPTADOS PARA O DA

No esporte adaptado para o DA utiliza-se bandeiras ou sinais visuais ao


invés de apitos. Estas são as alterações no caso da deficiência auditiva. A
arbitragem tem uma preparação por meio de conteúdos específicos para utilizar
sinais e bandeiras no lugar do apito.

Os surdos e o esporte
Historicamente, os surdos têm se utilizado do esporte como meio de inclusão
social. Ainda na década de 50 começaram a surgir as associações de surdos, com o
objetivo de ser um lugar onde os surdos pudessem se reunir, praticar esportes, lutar
por seus direitos. Foram nas associações que muitos surdos descobriram que eram
sujeitos de direitos, onde muitos começaram a praticar esportes e a se sentirem
valorizados (SKLIAR, 1998). Muitos começaram a desenvolver suas habilidades
esportivas e a se dedicarem à saúde física e mental. Os jogos entre ouvintes e
surdos também são importantes momentos de inclusão.
Oficialmente, a Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos representa
o esporte dos surdos nas instâncias oficiais. Os surdos não estão ligados ao Comitê
Paralímpico Brasileiro, por terem condições de competirem sem equipamentos
específicos ou condições especiais. Entretanto, os surdos também não estão
contemplados no Comitê Olímpico Brasileiro, que reúne todas as confederações

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desportivas, tais como CBF, CBV, etc. Essa situação faz com que o apoio ao
esporte dos surdos seja pouco reconhecido pelas instâncias governamentais, e
assim, com poucos recursos para se desenvolver.

FILMES QUE APRESENTAM A DEFICIÊNCIA AUDITIVA

1. Mr. Holland - Adorável Professor


Um homem que quer compor uma sinfonia trabalha como professor para
sustentar a família. Ao descobrir que seu filho nascera surdo, sofre e decide
organizar um concerto para deficientes auditivos.

2. O Piano
Uma deficiente auditiva casa-se com um proprietário de terras. Ela comunica-
se por meio de um piano.

3. Quatro Casamentos e um Funeral


A história de Charles, solteirão convicto, que fica apaixonado por Carrie e
passa a encontrá-la em casamentos e funerais. O irmão de Charles é um ator surdo.

DEFICIÊNCIA MENTAL

A DEFICIÊNCIA MENTAL NO BRASIL

Deficiência Mental, excepcional, retardado, retardado mental, atrasado


intelectualmente, atrasado mental e outros termos permearam a história do
deficiente mental no Brasil. De acordo com Januzzi (1992), o diagnóstico da
deficiência mental no Brasil relaciona-se a valores e normas de comportamentos do
ideal de homem que está inserido nos diferentes momentos da evolução cultural e
que ao referir-se à terminologia adotada para expressar a deficiência mental, afirma
que “a nova palavra passava a incorporar o conjunto de normas e valores que a
sociedade naquele momento histórico atribuía a essas crianças”. A partir disso,
posso dizer-lhes que os termos adotados acompanham também este processo
evolutivo.

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Existem 156 milhões de pessoas com deficiência mental no mundo. No Brasil,


o IBGE aponta números de aproximadamente 10% da população de acordo com o
censo de 1991.
Para que vocês tenham uma ideia, a figura abaixo apresenta a relação entre a
DM e as outras deficiências.

CATEGORIAS DE DEFICIÊNCIAS

TABELA DE PROPORÇÃO

FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2006, p.151.

CARACTERÍSTICAS DO DEFICIENTE MENTAL (DM)

Quem é o deficiente mental (DM)? São diferentes das outras pessoas?


Não aprendem?
São pessoas que apresentam limitações essencialmente no desempenho
intelectual, que ocorre até os 18 anos de idade e que interferem no aprendizado e
na vida como um todo. Estas limitações se dão por problemas que ocorrem durante
o desenvolvimento do Sistema Nervoso.

SISTEMA 2002 – CONCEPÇÃO DE DEFICIÊNCIA MENTAL (AAMR)

De acordo com a concepção multidimensional do sistema 2002 que explica e


define a DM segundo cinco dimensões que relatarei brevemente neste estudo para
conhecimento. Sugiro, no entanto aos interessados pela DM que deverão se

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aprofundar mais aos conceitos, inclusive comparando-os ao longo da história, e


dentro da própria AAMR (Associação Americana de Deficiência Mental).

As cinco dimensões apresentadas pelo sistema 2002 envolvem aspectos


relacionados à:
1. Habilidades Intelectuais: A inteligência é concebida como a
capacidade geral, incluindo “raciocínio, planejamento, solução de problemas,
pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, rapidez de aprendizagem
e aprendizagem por experiência”. (LUCKASSON, 2002, p. 40).
2. Comportamento Adaptativo: Diferente do sistema 92 (que
apresentava 10 comportamentos adaptativos), o atual sistema (2002) apresenta três
áreas com os Comportamentos Adaptativos que são definidos como “conjunto de
habilidades conceituais, sociais e práticas adquiridas pela pessoa para corresponder
às demandas da vida cotidiana”.
(LUCKASSON, 2002, p.14).

Áreas do Comportamento Adaptativo


a) Habilidades Conceituais: relacionadas aos aspectos acadêmicos,
cognitivos e de comunicação. Como exemplos há a linguagem, leitura, à escrita, os
conceitos (entendimento de conceitos como grande/pequeno/fora/ dentro/ontem/
hoje, etc.).
b) Habilidades Sociais: São exemplos relacionados à responsabilidade,
a ingenuidade, o fato de ser enganado, alvo de abuso e violência, a observância de
regras, normas e leis.
c) Habilidades Práticas: Exercícios da autonomia como, por exemplo, as
atividades de vida diária: alimentar-se, vestir-se, utilizar meio de transporte, higiene,
atividades relativas à segurança pessoal, manejar dinheiro.

3. Participação, interações, papéis sociais: Esta dimensão refere-se à


participação na vida comunitária. Sua participação na comunidade em que vive e
suas interações sociais são avaliadas por meio de depoimentos e observações.
4. Saúde: A AAMR (2002) aponta a necessidade de considerar fatores
etiológicos e de saúde física e mental que influenciam o funcionamento do indivíduo.

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5. Contextos: Esta dimensão considera as condições em que a pessoa


vive relacionando-as com sua qualidade de vida. Os níveis de contexto consideram
a concepção de Bronfenbrenner (1979), que são: Microssistema (Ambiente social);
mesossistema (vizinhança e comunidade); macrossistema (contexto cultural,
sociedade e grupos populacionais).
Diante das perguntas que levantei inicialmente e mais o conceito da DM,
vocês puderam refletir um pouco sobre quem é esta pessoa e o que ela é capaz de
realizar. Portanto, vamos adiante com mais alguns esclarecimentos. A pessoa com
DM pode ser alfabetizada, mesmo apresentando um QI inferior a média, realizar
tarefas simples e, às vezes, complexas dependendo do apoio e orientação, praticar
atividades físicas e esportivas.
Para elucidar melhor esta ideia apresentarei dois quadros de classificação da
DM.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BASEADO NO QI

FIGURA– CLASSIFICAÇÃO EDUCAÇÃO ESPECIAL

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FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2006, p. 152.

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Evolução dos comportamentos adaptativos com base no QI e sua


relação com a idade escolar e pré-escolar, e vida adulta.
FIGURA– CLASSIFICAÇÃO DOS COMPORTAMENTOS

FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2002, p. 153.

DEFICIÊNCIA MENTAL LEVE, MÉDIA E PROFUNDA.

As crianças que apresentam DM com comprometimento leve ou moderado


podem apresentar respostas parecidas com as crianças que não apresentam DM,
principalmente se as diferenças físicas, ou comprometimentos motores forem sutis.
O DM leve que se expressa com facilidade verbalmente pode mascarar sua
deficiência e, às vezes, não conseguimos distingui-los no meio de outras pessoas.
Até agora relatei e exemplifiquei a respeito da DM com comprometimento leve
e moderado, mas, e as pessoas que apresentam a DM com comprometimento mais
profundo, quais são as suas características?

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Diferente destas crianças as que apresentam um grau de comprometimento


mais profundo possuem características mais evidentes que vão desde a marcha
desequilibrada até a ausência de controle da saliva. A idade mental geralmente não
evolui mais que do que três anos, sendo assim seu rendimento escolar não
ultrapassa os conhecimentos de algumas vogais e números. O equilíbrio é
insuficiente um pouco pela falta de coordenação e também pela presença dos pés
chatos. As sincinesias são numerosas. Define-se por sincinesia a ocorrência de
movimentos simultâneos ou uma sequência coordenada de movimentos de
músculos inervados por diferentes nervos ou diferentes ramos do mesmo nervo,
descrito pela primeira vez em 1883 por Marcus Gunn. (TORRES et. al, 2004).

FIGURA – EXEMPLO MARCUS GUNN

A memória de curto prazo é ruim e a de longo prazo é trabalhada por meio de


tarefas repetitivas, o que sob o ponto de vista de alguns professores é considerado
um ato de adestramento. Prefiro pensar com vocês que devemos utilizar o método
que melhor atende os nossos alunos e aquele que poderá trazer-lhe alguma
contribuição.

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TABELA - PRINCIPAIS DEFASAGENS ENCONTRADAS NA DM

Nesse caso as aulas de Educação Física devem objetivar entre outras


questões, a organização do plano motor, por meio da relação do DM com o meio e
as pessoas. Abaixo apresentarei alguns exemplos para posteriormente acrescentar
mais atividades relacionadas a cada defasagem ilustrada no quadro acima.

FIGURA - EXERCÍCIOS DE EQUILÍBRIO

FIGURA - EXERCÍCIOS EM DUPLAS

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FIGURA - TRABALHANDO CONCEITOS “DENTRO/FORA”

FIGURA - TRABALHOS COM BEXIGA (ASSOPRAR)

O trabalho com balões (bexigas) é muito interessante para exercícios


respiratórios, no trabalho de coordenação viso-manual, locomoção, e conhecimento

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de diversas partes do corpo ao tocá-la, porém nem toda criança com DM gosta de
utilizar este material, pois algumas podem ter o ouvido muito sensível e se
mostrarem irritadas com o barulho, ou apreensivas e com medo do barulho que
fazem ao estourar. Portanto, antes de utilizá-las observem se os alunos apresentam
alguma rejeição com este material.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 01: Distinguir diferentes estruturas e seus contrastes como áspero,


quente, frio, mole duro.
Atividade 02: Contar o que está vendo, observando em uma figura e
representar a história. Auxilia no trabalho de memorização.
O equilíbrio é um dos sentidos básicos para a vida de relação do homem. Ele
sofre interferência de diversos fatores como os sentidos labirínticos, do cerebelo, da
visão e do tato. Como o DM apresenta um equilíbrio deficiente deve ser trabalhado,
também porque outras habilidades dependem dela como a coordenação motora, a
organização espacial e temporal, por exemplo.
Atividade 03: cada aluno deverá percorrer o seguinte caminho: passar pela
corda até a trave de equilíbrio que deverá ser percorrida e no final dela deverá saltar
dentro de um arco. Este percurso será acompanhado de uma estória narrada pelo
professor.

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FIGURA – SUGESTÃO DE ATIVIDADE I

FONTE: DIEHL, 2006, p. 161.


Atividade 04 com balões: cada aluno receberá um balão e em uma área
limitada deverão ficar tocando os balões sem deixá-los cair e sem segurá-los. Os
balões que caírem deverão ficar no chão. Depois de um determinado tempo o
professor encerrará a atividade e contará os números de balões caídos no chão. Os
alunos contarão junto com ele. A atividade deverá ser repetida e o número de balões
no chão no final dela deverá ser menor.

FIGURA – SUGESTÃO DE ATIVIDADE II

FONTE: DIEHL, 2006, p. 168.

Atividade 05: Jogo de atenção e contagem: passar a bola em círculo


contando de 1 a 10 e ao chegar ao número 10 no lugar de mencioná-lo o grupo
falará o nome de um colega combinado antes com o professor.

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FIGURA– SUGESTÃO DE ATIVIDADE III

FONTE: DIEHL, 2006, p. 174.

Atividade 06: a organização espacial compõe-se da relação da criança com o


que está a sua frente, atrás, do lado direito, esquerdo, em cima, afastado, etc.

Organização espacial: é a consciência de que seu corpo pode movimentar-


se e que esta movimentação incide na relação do seu corpo com os objetos e os
componentes de seu meio.

Atividade 07: Movimentar-se de forma lenta ou rápida respondendo


ritmicamente a música tocada.

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FIGURA – SUGESTÃO DE ATIVIDADE IV

FONTE: DIEHL, 2006, p. 171.

Organização do tempo: é a consciência da duração, da intensidade, do início,


do fim, da velocidade relacionada à suas ações e respostas motoras.
Até o momento coloquei para vocês características e sugestões de atividades
para as crianças que apresentam DM, no entanto não posso deixar de partilhar com
vocês, leitores, algumas questões que sempre me acompanharam quando em
contato com a disciplina Educação Física Adaptada, alguns alunos me abordam
relatando a insegurança que sentem em trabalhar com estas crianças diante das
atividades que elas podem apresentar como, não entender as atividades. Eu lhes
devolvo com as seguintes perguntas:
A dificuldade de entender é somente das crianças que apresentam DM? Será
que esta dificuldade também não é nossa. Por não conseguirmos transmitir o que
queremos, adequadamente?
O que queremos ensiná-los é importante para o seu aprendizado? Para sua
vida?
Por isso considero pertinente alguns princípios serem adotados no decorrer
do trabalho com estas crianças como:
➢ Descobrir como se relacionar com eles;

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➢ Registrar tudo, detalhes por menos significantes que pareçam porque


serão utilizados quando avaliá-los para a elaboração de um novo programa;
➢ Evitar o excesso de exercícios;
➢ Graduar as repetições;
➢ Observar se as atividades propostas têm significado na vida dos
alunos;
➢ Nunca subestimar as possibilidades do aluno.

RECURSOS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS

O professor de Educação Física deve considerar alguns aspectos


fundamentais e necessários para uma maior e melhor adequação das tarefas aos
alunos que apresentam DM. São eles:
Aprendizagem global versus aprendizagem por partes– O melhor método será
aquele no qual o seu aluno com DM conseguirá estabelecer um vínculo com você a
ponto de interessar-se pelas atividades propostas e por meio delas melhorar sua
condição de pessoa/cidadão.
Importância da propriocepção na aprendizagem -a aprendizagem do
movimento é influenciada e facilitada pela percepção sinestésica. Assim o aluno
pode vivenciar o movimento, visualizar, apontar no outro, observar e comparar os
seus movimentos com os do colega.
Tipo de ajuda prestada - o professor de Educação Física deverá prestar ajuda
ao aluno que necessite dela para executar o movimento, procurando escolher a mais
adequada à situação, seja ela verbal ou por demonstração. Em alguns casos a ajuda
manual ou mecânica poderá ser necessária para os alunos com DM mais
comprometidos ou à medida que aumente a complexidade da resposta motora. Em
determinadas situações, utilizaremos todos os tipos de ajuda, a verbal, a
demonstração e a ajuda manual devido às dificuldades de compreensão da
mensagem.
Conhecimento dos resultados - O professor deve assegurar-se de que o aluno
com DM compreendeu a tarefa, entretanto, se não houver esta compreensão o
professor poderá recorrer a diferentes estratégias que permitam o entendimento da
mensagem emitida.

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ESTIMULAÇÃO PRECOCE

Todo o investimento em programas de estimulação precoce levará a criança


com DM ao pleno desenvolvimento do seu potencial e, consequentemente, sua
inserção na comunidade.
Esta intervenção pode ser realizada o mais cedo possível, pois no processo
de desenvolvimento das crianças que apresentam a DM alguns indicativos podem
ser observados no nível neuropsicomotor como quando a criança demora a firmar a
cabeça, sentar, andar e falar.
Demora a compreender normas e ordens, e apresenta dificuldades no
desempenho escolar.

FATORES DE RISCO E CAUSAS DA DM

A DM pode ser consequência de fatores genéticos, de agentes tóxicos, de


carências físicas e nutricionais, de doenças infecciosas ou agressões diretas sobre o
cérebro.
1) Pré-natais:
• Desnutrição materna;
• Má assistência à gestante;
• Doenças infecciosas: sífilis, rubéola, toxoplasmose.
• Tóxicos: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de
medicamentos, poluição ambiental e tabagismo;
• Genéticos: alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais), como
por exemplo, a Síndrome de Down, Síndrome de Martin Bell, erros inatos do
metabolismo (fenilcetonúria), Síndrome de Williams, etc.
2) Perinatais – Riscos e causas que vão incidir do início do trabalho de parto
até o 30o dia de vida do bebê.
• Má assistência ao parto e traumas durante o parto;
• Hipóxia ou anóxia;
• Prematuridade e baixo peso (PIG - Pequeno para Idade Gestacional).
3) Pós-Natais- Riscos e causas que vão incidir do 30o dia de vida até o final
da adolescência.

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• Desnutrição, desidratação, carência de estimulação global;


• Intoxicações exógenas (envenenamento): remédios, produtos químicos
(chumbo, mercúrio, etc.).
• Acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc.

OLIMPÍADAS ESPECIAIS

As Olimpíadas Especiais foram criadas em 1968 por Eunice Kennedy Shriver


e pela Fundação Joseph P. Kennedy Jr. Refere-se a um programa internacional de
competição esportiva para pessoas com DM e idade igual ou superior a 8 anos,
independentemente de suas habilidades. (WINNICK, 2004).
O objetivo deste evento é proporcionar treinamentos a estas pessoas durante
o ano todo em várias modalidades olímpicas, tanto para crianças como para adultos
que apresentam DM. Os esportes oficiais de verão das Olimpíadas Especiais são:
atletismo, basquetebol, boliche, ciclismo, esportes aquáticos, equitação, futebol,
ginástica artística, golfe, halterofilismo, patinação, tênis e voleibol. Para que o
treinamento seja consistente, as Olimpíadas Especiais adotam as regras da
International Sports Federation para regulamentar os esportes.
Devido à amplitude das habilidades atléticas apresentadas pelas pessoas
com DM, as Olimpíadas Especiais desenvolvem três programas para ajudá-los na
integração de programas esportivos na comunidade e nas escolas.
a. Primeiro Programa Parcerias Esportivas: os alunos DM treinam e
competem com atletas interescolares ou de clubes. Os atletas da categoria principal
e Junior atuam como técnicos dos colegas.
b. Segundo Programa Esportes Unificados: cria times com um número
aproximadamente igual de atletas com DM com idades e capacidades semelhantes.
c. Terceiro Programa Clube de Parceiros: reúne alunos de faculdade e
do ensino médio com os atletas das Olimpíadas Especiais para treinar e competir
em esportes regulares e participar de outras atividades sociais e recreativas, na
escola e na comunidade. (WINNICK, 2004).

FIGURA - TREINAMENTO DE GINÁSTICA ARTÍSTICA

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FIGURA - POSIÇÃO DE EQUILÍBRIO

JOGOS PARALÍMPICOS PARA DM

Diferente das Olimpíadas Especiais que oferecem competição para todos os


atletas com DM independente de sua capacidade, os jogos paralímpicos oferecem
competições internacionais para atletas com DM de elite com 15 anos para cima. A

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InternationalAssociationof Sport for theMentallyHandicapped, realizou os primeiros


Jogos Paralímpicos para atletas com DM em 1992.

AVALIAÇÃO PARA O DM

Para que?
Para falar de avaliação é pertinente que eu recorra aos registros e
orientações do Prof Dr. José Irineu Gorla do departamento de estudos da Atividade
Física Adaptada que há algum tempo tem se dedicado e se preocupado com os
aspectos avaliativos em busca de novas técnicas a fim de assegurar um melhor
planejamento das atividades que lhes são desenvolvidas.
De acordo com Gorla (1997) a avaliação tem um objetivo muito importante
para o desenvolvimento motor. Por meio dela, representando vários aspectos do
comportamento motor, o professor de educação Física tem melhores condições de
acompanhar e monitorar alterações desenvolvimentistas, identificar atrasos e
elaborar estratégias de intervenções.
Como estudamos anteriormente podemos observar alguns atrasos motores
no desenvolvimento infantil e, por meio deles detectar precocemente um caso de
DM. Mas detectar não é suficiente. Em determinadas situações observamos a
descoordenação, falta de equilíbrio, pouca força, mas não precisamos o quanto à
pessoa apresenta-se com falta de coordenação em relação à idade cronológica que
apresenta. O mesmo acontece com o equilíbrio, pois, se considerarmos o
desenvolvimento motor normal de uma criança (GALLAHUE & OZMUN, 2003), na
idade entre 6 e 8 anos as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas
fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso
em situações crescentemente exigentes. Considerando isso, é importante
relacionarmos tanto as aquisições como as defasagens motoras com a idade
cronológica das crianças.

Origem do teste K.T.K


O teste de coordenação corporal para crianças (K.T. K) surgiu de um trabalho
estreitamente conjunto do
“WestfalischenInstitutFurJugendpsychiatrieundHeilpadagogik Hamm” e do
InstitutFurArztl. Pad. Jugendhilfe der Philippe-Universitat”, frente a necessidade de

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diagnosticar mais sutilmente as deficiências motoras em crianças com lesões


cerebrais e/ou desvios comportamentais.

1a. TAREFA – TRAVE DE EQUILÍBRIO


Objetivo: estabilidade do equilíbrio em marcha para trás sobre a trave.

FIGURA – EQUILÍBRIO NA TRAVE

2a. TAREFA – SALTO MONOPEDAL


Objetivo: Coordenação dos membros inferiores; energia dinâmica/força.
FIGURA 50 – SALTO MONOPEDAL

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3a. TAREFA – SALTO LATERAL


Objetivo: Velocidade em saltos alternados.

FIGURA – SALTO LATERAL

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4a. TAREFA – TRANSFERÊNCIA SOBRE PLATAFORMA


Objetivo: lateralidade: estruturação espaço-temporal.

A intenção ao colocar as figuras sobre os testes e apresentar o teste de


Coordenação corporal (K.T. K) é para mostrar-lhes mais um campo que se abre na
Educação Física Adaptada em estudos, pesquisas e na prática para que os
profissionais interessados se aperfeiçoem e invistam em estudos. Para tanto, consta
nas referências o livro do Prof. Dr. Gorla com explicações detalhadas, com
protocolos e tabelas de referências para ser consultado e explorado.

UM PROGRAMA DE GINÁSTICA OLÍMPICA DESTINADO A CRIANÇAS


COM DEFICIÊNCIA MENTAL

Por que Ginástica Olímpica no meio de tantos esportes?


Por que para DM?
É muito fácil responder estas perguntas quando elas foram às responsáveis
pela criação do trabalho que a partir de agora vou apresentar-lhes de maneira
sintetizada. Confesso-lhes que nem sempre fui adepta da ideia do ditado “vender
meu peixe”, no entanto, hoje quando volto a ler o material escrito, com muito suor, e

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queima de “fosfato”, em 2002, em confronto com as leituras e pesquisas para


elaboração deste material, percebo que há muitos pontos coerentes e que
comungam com pensamentos de autores atuais que tratam de assuntos sobre a
DM.
Quanto às perguntas, a dissertação por si só responderá estas questões.
Vejam a seguir.
Primeiro descrevo a minha vontade em realizar a dissertação dizendo assim:
A necessidade de fazer um estudo de um programa ginástico destinados às
crianças com deficiência mental é reforçada quando se sabe que danos sofridos
pelo sistema nervoso central (SNC) podem ser minimizados e que crianças com
deficiência mental, integrados às formas educacionais especiais, podem atingir
rendimento escolar e ação social tais, que não seriam atingidos com processos
educativos que não contemplam esses aspectos. (BARUKI, 2000).

Depois vêm as

respostas...

Tendo apenas em mãos a ginástica olímpica, e em especial o objetivo inicial


deste trabalho são as crianças com deficiência mental, em que busco por meio desta
atividade, ampliar seu campo de atuação, iniciando pela não exclusão do seu
universo de crianças não condizentes com o biótipo, por ela preconizada, pois afinal
sua aplicação não objetiva a formação de atletas e avaliação de sua performance,
mas explorar a riqueza de experiências contidas em seus movimentos. (BARUKI,
2000).
Aí estão os pontos que chamei de coerentes...
É importante ressaltar que, no decorrer da aprendizagem, outros pontos
devem ser considerados, que ultrapassam as ações motoras e os números de
repetições executados, que é a compreensão. A ginástica olímpica fundamentada
nestas informações apenas será efetiva e representativa a partir do momento em
que os giros, os rolamentos, saltos e demais atividades relacionadas ao programa,

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tiverem significado para os alunos, seja reforçando o aspecto da lateralidade ou


mesmo trabalhando com aspectos afetivos, como insegurança, autoestima e outros.
Na transmissão dos exercícios evitei, sempre que possível, a demonstração
porque queria que os alunos concentrassem a atenção em mim e na minha fala e,
por meio dela, pudessem elaborá-la. Quando eu percebia que o movimento era
complexo para ser apenas passado verbalmente, apresentava-o e pedia para o
aluno, que havia entendido demonstrá-lo.
Alguns resultados para juntos refletirmos e crescermos no conhecimento:
1o. No final deste estudo, quando faço uma reflexão do início do programa,
das primeiras aulas até a finalização dele, meu pensamento é conduzido por dois
caminhos: o primeiro me leva aos alunos (participantes da pesquisa) e às atividades
da ginástica olímpica; e o segundo ao professor de educação física e educador. Os
dois caminhos me levam à criança com deficiência mental, cuja situação ainda se
apresenta obscura, incerta e confusa. Fiz questão de colocar a palavra ainda porque
reflete a lentidão do processo e a impaciência que ela exprime quando constato,
atualmente, que a criança deficiente mental é concebida como incapaz e
impossibilitada de participar das atividades que normalmente as crianças participam.
Percorrer esses caminhos não é fácil, porque implica ultrapassar barreiras e
ideias equivocadas e disseminadas por interesses sociopolíticos.
2o. A ginástica olímpica abre o leque de atividades físicas para as crianças
com deficiência mental e demonstra os desempenhos e aceitação dos alunos pela
sua prática, que na leitura gráfica e textual pode ser observada.
Seu conteúdo não precisa ser alterado ou mesmo adaptado se observarmos o
programa aplicado, mas o professor de educação física precisa estar ciente dos
objetivos que deseja alcançar. As dificuldades e facilidades encontradas por estes
alunos em determinados movimentos, correspondem às mesmas demonstradas por
outros alunos. (BARUKI, 2000).

FILMES SOBRE DM

Simples como amar


Jovem com leve problema mental quando retorna de uma escola especial
entra em conflito com sua mãe superprotetora que não aceita sua recuperação.

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Ratos e Homens
George e Lennie buscam trabalho em uma fazenda da Califórnia. George
cuida de Lennie, que tem grande força física, mas o cérebro de uma criança.

O Oitavo Dia
Empresário estressado passeia sem rumo pelas estradas francesas. Quase
atropela um portador de Síndrome de Down e acaba levando-o no carro. Uma forte
amizade desenvolve-se entre os dois. Prêmio de melhores atores em Cannes.

Forest Gump - O Contador de Histórias


Quarenta anos da História dos EUA vistos pelos olhos de um rapaz com QI
abaixo da média. Há também um amputado das pernas. Oscar de melhor filme, ator,
diretor, roteiro, montagem e efeitos especiais.

SINDROME DE DOWN (SD)

Antes de falar diretamente na Síndrome de Down farei rapidamente com


vocês um esclarecimento sobre distúrbios genéticos para, a partir deles,
conceituarmos anormalidades cromossômicas e entendermos, enfim, a Síndrome de
Down objetivo deste conteúdo.
Antes, porém, devo-lhes explicar o motivo pelo qual, sendo a SD uma
deficiência mental, está sendo descrita de forma “especial” em um conteúdo
separado e não em conjunto com a DM como foi trabalhado no conteúdo anterior.
Na verdade não se trata de diferenciar o que já é tratado de modo diferente a
deficiência, mas o que venho percebendo profissionalmente e posso dizer-lhes
também, que no dia a dia, como cidadã que não perde o olhar profissional, a
presença desses indivíduos sindrômicos aumentou de maneira expressiva tanto na
escola como no mercado de trabalho.
Diante desta observação e, em consideração às características físicas,
Anatomo fisiológicas que a SD possui. Vejo a importância de dedicarmos parte de
nossos estudos a eles para que possamos trabalhar com melhores conhecimentos e
propriedade diante de situações nas quais poderemos agravar ou acrescentar aos
problemas já existentes.

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DISTÚRBIOS GENÉTICOS

Os distúrbios genéticos podem ser divididos em duas categorias principais:


anormalidades cromossômicas e defeitos específicos em genes.
a) Anormalidades cromossômicas: são subdivididas em trissomias
autossômicas, anormalidades cromossômicas sexuais e síndromes de supressão
parcial.
b) Defeitos específicos em genes: podem ser transmitidos de três
modos diferentes de hereditariedade que são: o autossômico dominante,
autossômico recessivo e, ligados ao sexo.
Neste estudo trataremos dentro dos distúrbios genéticos das trissomias,
porque essas anormalidades cromossômicas são mais aptas a incluir sérios
problemas neuromotores.
A SD representa a mais comum causa cromossômica de retardo mental que
pode ir do moderado a condição grave.
Caracterizada pela primeira vez pelo médico John Langdon Down no ano de
1866, esta síndrome recebeu como primeira denominação, a de “mongolianidiots”
devido a alguns traços característicos e comuns entre as pessoas. Esta
denominação exerceu uma influência negativa sobre a imagem da síndrome
aumentando os preconceitos já existentes.
Nesta época, o Dr Down acreditava que a síndrome representava uma
regressão, por degeneração, a uma raça primitiva no caso os mongóis. Os cientistas
acreditavam na existência de uma raça superior, sendo assim havia possibilidade,
então da existência de uma raça inferior. Posteriormente, em 1959, com o professor
Jerome LejeuneGautier e Turpin, quando descobriram os aspectos genéricos da
síndrome, deram-lhes o nome de Síndrome de Down. Cabe ressaltar que síndrome
significa um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma condição e Down
em homenagem ao Dr. John Langdon Down.

FERTILIDADE NA SD

É importante que vocês saibam que a SD por tratar-se de uma anormalidade


cromossômica não é uma doença, mas sim um acidente genético que pode ocorrer

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no óvulo, no espermatozoide ou após a união dos dois (ovo) ou até por ocasião da
formação do bebê, no início da gravidez, apesar de não saber ainda o que causa a
síndrome.

FIGURA - SÍNDROME DE DOWN – RAÇA NEGRA E AMARELA

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Qualquer casal pode ter um filho com SD, mas acredita-se que as chances
são maiores quando a mãe tem mais de 35 anos de idade. Assim como pais que já
têm filhos com a SD é importante que façam um acompanhamento genético com
especialistas se desejarem ter outros filhos. Vamos investigar um pouco? Que tal
pesquisarmos sobre a fertilidade na SD? Vocês já pensaram sobre isso?
Quais as chances de um casal com SD ter filhos? E a mulher com SD?
Vamos por parte responder uma pergunta de cada vez. Todos os homens
com SD são estéreis, e algumas mulheres com a síndrome têm chance de se
engravidar. Sendo assim, entre os casais com a síndrome não há possibilidade de o
casal ter um filho em consequência da esterilidade do sexo masculino.
Mesmo que a mulher com a síndrome fique grávida as possibilidades de
aborto são muito grandes, da mesma forma como correm o risco de gerar (50%) de
filhos com a SD.

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INCIDÊNCIA DA SD

Atualmente a incidência é de 1 a 3% da população mundial, ou 1 em cada


700 a 800 nascimentos, com a SD. Em relação à expectativa de vida destas
pessoas, estudos apresentam dados com avanços qualitativos e expressivos que
demonstram um aumento considerável da década de 20 aos dias atuais. Este
avanço se deve a pesquisas que vêm possibilitando intervenções de profissionais de
diferentes áreas, inclusive da Educação Física que hoje ocupa um papel de
destaque com atividades físicas e esportivas com crianças, jovens e adolescentes
com a SD e apresentando resultados positivos nos aspectos da saúde, das relações
sociais e desenvolvimento físico.
Geneticamente, a SD se caracteriza pela trissomia cromossômica no par 21,
e somente o exame do cariótipo é que realmente comprova o cromossomo extra
com um número total de 47, como resultante da trissomia do cromossomo 21. Os
traços fenotípicos característicos como, excesso de pele atrás do pescoço, perfil
facial aplanado, fissuras palpebrais em declive e outras mais que mencionarei no
decorrer deste estudo, podem auxiliar na identificação, mas somente acompanhados
do exame que podem comprovar a existência da síndrome.

FIGURA - AUMENTO DA DISTÂNCIA ENTRE O PRIMEIRO E O SEGUNDO


ARTELHO E PREGA ÚNICA NAS PALMAS

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TIPOS DE SD

Segundo esses mesmos aspectos genéticos, existem três tipos de SD.

a) Trissomia Simples ou Trissomia 21


É a mais comum dos três tipos. Nela são observados três cromossomos no
par 21 em todas as células do indivíduo, ou seja, a pessoa tem de fato 47
cromossomos, no lugar de 46 que é o normal. Ocorre em 95% dos casos de SD.

FIGURA - CARIÓTIPOS DE PACIENTES DO SEXO MASCULINO E


FEMININO COM TRISSOMIA 21 LIVRE

85

FONTE: SCHWARZTMAN, 1999.

b) Translocação

Em que algumas pessoas com SD tem 46 cromossomos, mas o material


genético é de 47 porque o cromossomo adicional 21 foi conectado a outro
cromossomo, em geral o 14 e o 22.

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FIGURA -CARIÓTIPO DE PACIENTE COM TRISSOMIA 21 POR


TRANSLOCAÇÃO 14; 21

FONTE: SCHWARZTMAN, 1999.

c) Mosaicismo: Na divisão do óvulo fecundado, algumas células ficam com


47 outras com 46 cromossomos. Resulta de um erro na separação cromossômica
durante a divisão celular no embrião. Corresponde a 2% dos casos de SD. O
prognóstico de inteligência depende da proporção de células trissômicas no cérebro.
Este tipo de SD tem poucos sinais clínicos visíveis e a inteligência é normal.

FIGURA - MOSAICISMO

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FONTE: SCHWARZTMAN, 1999.

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FIGURA -MENINA COM DOIS ANOS E TRÊS MESES DE IDADE COM


TRISSOMIA 21, MOSAICO

FONTE: SCHWARZTMAN, 1999.

As crianças com SD necessitam do mesmo tipo de cuidado clínico que


qualquer outra criança. Contudo, há situações que exigem alguma atenção especial
que enfatizarei conforme a necessidade no decorrer do estudo.

CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE DOWN

Cérebro – Apresenta microcefalia com diminuição do córtex frontal, distorção


da árvore dendrítica e sinapses anormais (YAMAKAWA, et al, 1998);
Características físicas – fronte baixa, nariz pequeno, boca entreaberta,
respiração oral, dentes mal-implantados, braços curtos, pés e mãos largos, arco
plantar inexistente, dedos curtos e amplo espaço entre as articulações em geral.
Abdômendistendido e hipotônico.

Vamos refletir sobre estes pontos grifados juntos?

Pensando em nossas aulas e, em especial nas atividades que


desenvolvemos como estas características apresentadas pela SD comprometem o

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equilíbrio deles? Penso que sim e vejam se vocês concordam comigo. A ausência
de o arco plantar (pé chato) associado ao afastamento entre os dedos e
encurtamento deles torna a base de apoio instável, ou seja, o equilíbrio nesta
situação fica comprometido. A condição do abdômen, de distendido e hipotônico
apresenta também um afastamento entre os músculos retos abdominais (diástase),
que por sua vez, como forma de compensação desvia o eixo central do corpo
(centro de gravidade) a fim de manter o equilíbrio.

FIGURA - CARACTERÍSTICA DOS PÉS

FONTE: Maueberg-de-Castro, 2007.

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Problemas esqueléticos – lordose, cifose, deslocamento do quadril, peito em


forma de pombo, instabilidade atlantoaxial.

O que é instabilidade atlantoaxial? Interfere na prática de atividades


físicas?
É um termo utilizado para descrever o aumento da mobilidade da coluna
cervical ao nível da primeira e segunda vértebra (Áxis e Atlas). Esta condição é
encontrada em aproximadamente 14% dos indivíduos com SD. O espaço entre C1 e
C2 deve ser inferior a 5mm para ser considerado normal. De 5 a 7mm é considerado
instabilidade e acima de 7mm são excessivamente comprometedoras. Alguns
sintomas são indicativos da presença da instabilidade, são eles: dor constante no
pescoço, alteração no controle de esfíncter ou ainda reflexos neurológicos alterados.
O diagnóstico pode ser feito pelo exame RX da coluna cervical da criança,
assim que ela começa a andar. Outra informação importante é que a pessoa que
apresenta a SD com a instabilidade atlantoaxial deve evitar atividades de impacto e
de mudanças de direção rapidamente ou bruscas. Qualquer atividade de reflexos
radicais ou pressão direta na cabeça, pescoço ou parte superior da coluna pode
causar problemas sérios até uma secção da medula.

FIGURA - EXTENSÃO

FONTE: SCHWARTZMAN, (1999).

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No coração – os defeitos congênitos (40% a 60%) ocorrem no septo


ventricular e no canal atrioventricular. Nos adultos ocorre prolapso na valva mitral e
regurgitação da aorta.
Nos pulmões – possuem número reduzido de alvéolos.
Nos órgãos sensoriais – problemas visuais e de audição.

FIGURA – PROBLEMAS VISUAIS

FONTE: SCHWARTZMAN,1999.

Obesidade – A prevalência de sobrepeso ou obesidade na SD é


extremamente alta. Cerca de 70% em homens e mais de 95% em mulheres, no
entanto deve-se aos fatores etiopatogênicos principais como: a história familiar de
obesidade, a inatividade física e a maior oferta e ingestão de calorias.
A presença da disfunção da tireoide, muito comum na SD – Hipotiroidismo -
que ocorre em 10% das crianças, pode ser também causa da obesidade, além de
prejudicar o desenvolvimento intelectual.
Os distúrbios da tireoide têm sido associados à SD em 28 a 64% dos adultos
acometidos. O hipotiroidismo é a alteração mais frequente encontrada.
Os resultados deste estudo nestes pacientes apresentaram hipoatividade e
bradicardia. Estes dados são importantes, para profissionais de Educação Física
que podem pensar que eles não gostam de atividades físicas ou são preguiçosos

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como já ouvi falar, descartando e desconhecendo as condições fisiológicas.


(Síndrome de Down e hipotireoidismo: relato de três casos, 1994).
Devido a esses fatores as crianças apresentam déficit no desenvolvimento
motor como é demonstrado abaixo:

TABELA - QUADRO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR


Criança com Síndrome de Down Crianças “normais”

Média (meses) Extensão Média Extensão (meses)


(meses) (meses)

Sorrir 2 1,5-3 1 0,5-3

Rolar (de prono a 6 2-12 5 2-10


supino)

Sentar 9 6-18 7 5-9


Arrastar-se 11 7-21 8 6-11

Engatinhar 13 8-25 10 7-13

Ficar em pé 10 10-32 11 8-16


Andar 20 12-45 13 8-18

Falar (palavras) 14 9-30 10 6-14

Falar (sentenças) 24 18-46 21 14-32

FONTE: PEP – Programa de Educação Postural (2002)


programapostural.com.br.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 01: trabalhar a atenção e concentração.


Os alunos deverão ao sinal de palmas realizar:

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01 palma = parar
02 palmas= agachar
03 palmas = girar e assim sucessivamente.

Atividade 02:percepção espaço-temporal.


Os alunos deverão contornar os obstáculos em zig-zag, primeiramente
olhando para eles e depois com os olhos vendados.

Atividade 03: desenvolvimento dos sentidos (audição, visão e tato).


• Identificar sons de diferentes instrumentos e objetos;
• Reconhecer por meio do toque partes do corpo do seu colega e do seu
corpo, com os olhos vendados e sem a venda;

AUTISMO

A palavra autismo foi usada para dar nome a uma síndrome descrita pela
primeira vez pelo médico Leo Kanner, austríaco radicado nos Estados Unidos, em
1943. Ele estudou 11 crianças que, embora mostrassem grandes conhecimentos em
certas áreas, eram incapazes de conversar. Curiosamente outro médico austríaco
que morava em Viena, Hans Asperger, no mesmo ano apresentou sua tese de
doutorado sobre crianças com os mesmos sintomas, e usou a mesma palavra para
descrever o problema.

O QUE É O AUTISMO?

Autismo é uma desordem na qual uma criança não desenvolve relações


sociais normais, se comporta de modo compulsivo e ritualista, e pode não
desenvolver a inteligência normalmente.
Sinais de autismo normalmente aparecem no primeiro ano de vida e sempre
antes dos três anos de idade. E a incidência é duas a quatro vezes, mais comum em
meninos.

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O QUE ACONTECE?

O cérebro da pessoa com autismo é incapaz de processar informações


multicategoriais simultaneamente, de modo integrado e contínuo. Privilegia a parte
em detrimento do todo. Diante desta situação busca constantemente a ordem e
harmonia. Não conseguindo, confrontar-se com movimentos repetitivos, com as
rotinas e com repetidas tarefas, como, por exemplo, ficar girando um objeto,
repetidas vezes e incansável.
Pessoas com autismo são capazes de realizar cálculos matemáticos, leitura
precoce e domínio de música. O diagnóstico do autismo é muito heterogêneo e inclui
pacientes extremamente comprometidos até pacientes inteligentes. A consistência
diagnóstica é dada pelo reconhecimento de um conjunto de sinais e sintomas
compartilhados por todos os pacientes que têm autismo. Uma tríade que representa
as áreas comprometidas. Mencionarei apenas alguns exemplos de cada área:
1) Comunicação: comprometimentos em brincadeiras de faz-de-conta e
jogos sociais de imitação; Falta de reciprocidade no intercâmbio de conversação;
Pouca flexibilidade na expressão da linguagem e relativa ausência de criatividade e
fantasia nos processos de pensamento.
2) Sociabilidade: falta de respostas para as emoções de outras pessoas;
Uso insatisfatório de sinais sociais, emocionais e de comunicação e, especialmente
uma falta de reciprocidade socioemocional.
3) Interesses e atividades sempre restritos e repetitivos: tendência a impor
rigidez e rotina a uma ampla série de aspectos do funcionamento diário; Pode insistir
na realização de rotinas particulares e rituais de caráter não-funcional;
frequentemente há estereotipias motoras como interesses específicos em elementos
não funcionais de objetos (tais como o cheiro e o tato).
Estima-se que existam cerca de 170 mil brasileiros autistas (www.cdc.gov)
com predominância do sexo masculino (70%).
A participação em atividades esportivas e o esporte com regras definidas
ajudam o autista a ter noções de responsabilidade e vida em sociedade (aconselha-
se uma frequência de 2 a 5 vezes por semana); a atividade física pode anteceder o
horário de estudo ou trabalho, melhorando o desempenho durante o mesmo.
Para que esses indivíduos gostem da atividade física é essencial criar um
clima de confiança, de respeito e aceitação, ajudando o entendimento e

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esclarecimento do que se passa dentro de si; além de certificar-se que houve o


entendimento das regras, pedindo-lhe que olhe para você enquanto fala; aumente o
seu tom de voz e peça para que repita o que foi dito se necessário;
Jogos que estimulem as atividades motoras ou manuais são recomendados,
especialmente jogos de memória e xadrez. O ideal é iniciar com atividades
individuais e ir aumentando o grupo gradativamente.

FILMES QUE APRESENTAM O AUTISMO

1. Prisioneiros do Silêncio
Mãe leva filho autista para uma instituição especializada e descobre maneiras
de comunicar-se com ele.

2. Rain Man
Rapaz vai buscar irmão autista em asilo a fim de herdar a fortuna do pai
sozinho. Os dois desenvolvem amizade no caminho de casa. Oscar de melhor filme,
ator, direção e roteiro.

3. Testemunha do Silêncio
Menino autista e sua irmã testemunham assassinato de seus pais.

DEFICIÊNCIA FÍSICA (DF)

ORIGEM E HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA FÍSICA

Até algumas décadas atrás, as pessoas com DF estavam abandonadas a


uma vida praticamente vegetativa. A expectativa de vida destas pessoas era baixa e
muitos morriam pelas condições precárias em que viviam, sujeitos a infecções e a
instalações de doenças secundárias que advinham de sua imobilidade e
sedentarismo.

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Esta situação começou a se reverter após a segunda Guerra Mundial com a


utilização dos antibióticos e tratamentos de reabilitação aos soldados que chegavam
mutilados da guerra, e nesta condição permaneciam muito tempo nos hospitais, em
fase de recuperação.
Aumenta a cada dia o número de pessoas com DF. Esta informação é
preocupante, pois está relacionada à incidência de problemas sociais ligados a
violência urbana e no trânsito com acidentes automobilísticos, uso de drogas,
desnutrição materna, dentre outros que apontaremos no decorrer de nossos
estudos.

HISTÓRIA DO ESPORTE ADAPTADO

Após a I Guerra Mundial que o esporte começou a ser utilizado como


ferramenta para reabilitação e inserção social da pessoa portadora de deficiência.
No início a preocupação centrava-se em oferecer um tratamento aos indivíduos que
sofreram traumas medulares durante o combate. Entretanto, em 1944, por meio de
um convite do Governo Britânico, Dr. Ludwig Guttmann inaugurou o centro de
traumas medulares dentro do Hospital de StokeMandeville. É a partir deste ponto da
história que começa, segundo pesquisadores e material bibliográfico referente ao
assunto, o início do que hoje podemos presenciar de Esporte Paralímpico (ADAMS,
1985).
Na verdade alguns registros marcam a existência do esporte para portadores
de deficiência há mais tempo e alguns documentos datadas dos séculos XVIII e XIX
atestam a importância da atividade física como agente reeducador e reabilitador
destas pessoas. Antes mesmo do marco histórico de 1948 quando foi implantado o
primeiro programa de esportesna Inglaterra, registros de 1932 apontam para a
existência de uma associação de jogadores de golfe de um só braço na Inglaterra.
(MAUERBERG-de-Castro, 2005).
Dr. Guttmann introduziu o esporte como parte do tratamento de reabilitação
de lesados medulares. A receptividade positiva fez com que rapidamente a atividade
física evoluísse para o nível competitivo. Assim, em 1948 foram realizados os
primeiros Jogos de StokeMandeville, paralelamente aos Jogos Olímpicos que
ocorriam em Londres. Com isso, aconteceram as primeiras competições de atletas

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em cadeira de rodas. Desde então, de quatro em quatro anos são realizados os


Jogos de StokeMandeville. (ADAMS, 1985). Este primeiro passo foi fundamental
para o crescimento do Paradesporto Mundial. Em 1952, foi fundado o Comitê
Internacional dos Jogos de StokeMandeville, que depois viria a se tornar a
Federação Internacional de Esportes em Cadeira de Rodas de StokeMandeville
(ISMWSF). Hoje, a ISMWSF é responsável pela organização e realização de
eventos mundiais direcionados aos atletas cadeirantes (ADAMS, 1985).

FIGURA – BASQUETE ADAPTADO

Em 1960, o Dr. Antônio Maglio, diretor do Centro de Lesionados Medulares de


Ostia, Itália, sugeriu ao Comitê Internacional dos Jogos de StokeMandeville que a
competição fosse realizada em Roma, logo após das XVI Olimpíadas. Assim,
aconteceriam os primeiros Jogos Paralímpicos. A competição utilizou as mesmas
instalações dos atletas não portadores de deficiência e reuniu 400 paratletas. No
total, participaram da primeira Paraolimpíada 23 países e o evento contou com o
apoio de autoridades locais. A partir daí, com raras exceções, os Jogos Paralímpicos

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passaram a ser realizados algumas semanas após os Olímpicos na mesma cidade


(ADAMS, 1985).
Em 1964, foi criada a Organização Internacional de Esportes para Deficientes
(ISOD). A ISOD, na época, oferecia aos atletas com outras deficiências, que não a
lesão medular, a oportunidade de participarem de eventos que contribuíssem para o
desenvolvimento esportivo dos mesmos. Já no início, a ISOD contava com a filiação
de 16 países. Até então somente havia competições paraolímpicas para pessoas em
cadeira de rodas.
Já a história do tiro ao alvo para as pessoas com necessidades especiais foi
introduzida formalmente em 1954, no Hospital Estadual Gillette, em St. Paul, no
Estado de Minnessota. O local originalmente usado era uma pista de 15m de
comprimento para tiros com calibre 0,22, construída e financiada pelo posto # 5 da
Legião Americana em St. Paul. (ADAMS, 1985).

FIGURA - PROVA DE TIRO COM ESPINGARDA

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FIGURA - PROVA DE TIRO COM PISTOLA

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Ernie Davies, era praticante da modalidade de tiro e adora esse esporte, foi
quando em um acidente de carro ele sofreu uma lesão na medula, em que ficou
paraplégico. Davies como já era praticante de tiro viu a oportunidade de estar
trabalhando onde ele mais entendia que era a prática do tiro ao alvo, pois as
atividades pararam de 1957 a 1959, em virtude da falta de instrutores qualificados.
Foi então que Ernie Davies fundou um grupo para tiro a ar e estabeleceu as regras
para as competições entre atiradores com necessidades especiais. Ele escolheu
para este fim as espingardas de marca Daisy, movidas à mola e êmbolo, porque
representava risco menor para os participantes. As competições de tiro ao alvo,
tanto em base individual quanto em equipe, ainda se encontram pouco evoluídas em
nível nacional. (ADAMS, 1985).
O tiro ao alvo com espingarda de ar de precisão antes pesava entre 3 a3,5 kg
atualmente a carabina pesa 4,5kg, enquanto a pistola pesa 1,070g, e a competição
pode ser realizada em duas categorias: sentado ou em pé. (ADAMS, 1985)

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Em 1975, um atleta norte americano, Bob Hall, participou da maratona de


Boston, o que incentivou a participação de outros portadores de deficiência física em
corridas de rua. Em 1976, nas Olimpíadas de Toronto, 1500 deficientes competiram
representando 36 países. O número de inclusões nas Olimpíadas Especiais
aumentou de 1000 para 3200 entre 1967 e 1975.
Em 1978, formou-se a Associação Internacional de Esportes e Recreação
para Paralisados Cerebrais (CP-ISRA) e em 1981, os portadores de deficiência
visual formaram a Associação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA). Desde
a primeira Paraolimpíada, os jogos são realizados a cada quatro anos, e na última,
em Sidney 2000, participaram 4500 atletas, sendo 64 brasileiros.
O esporte adaptado no Brasil iniciou-se na década de 50, quando os
senhores, Robson Sampaio de Almeida, do Rio de Janeiro, e Sérgio Serafim Del
Grande, de São Paulo, ficaram deficientes físicos e procuraram serviços de
reabilitação nos EUA. Eles fundaram os dois primeiros clubes, o Clube do Otimismo,
no Rio de Janeiro, e o Clube dos Paraplégicos, em São Paulo.
Em 1969, o Brasil participou dos II Jogos Pan-americanos em Buenos Aires
com sua primeira seleção de basquete em cadeira de rodas, conseguindo a medalha
de bronze.
Desde que o País mandou a sua primeira representação aos jogos
paralímpicos, em 1972, na cidade de Heidelberg, na Alemanha, a presença
brasileira nestas competições vem se ampliando. Em Sydney, o Brasil teve sua
maior delegação em uma Paraolimpíada: 64 atletas, divididos em nove modalidades.
O alto nível técnico da delegação enche o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) de
esperanças quanto a um recorde de medalhas. Na Tabela abaixo podemos ver o
número de medalhas conquistadas nas Paraolimpíadas em que o Brasil participou

TABELA – QUADRO GERAL DE MEDALHAS


Ano Local País Ouro Prata Bronze Total

1972 Heildelberg Alemanha 0 0 0 0

1976 Toronto Canadá 0 2 0 2

1980 Arnhem Holanda 0 0 0 0

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1984 Nova Iorque EUA 1 3 2 6

Stoke Mandeville Inglaterra 6 14 2 22

1988 Seul Coréia 4 10 13 27

1992 Barcelona Espanha 3 0 4 7

1996 Atlanta EUA 2 6 13 31

2000 Sydney Austrália 6 10 6 22

<http://www.cpb.org.br

Os atletas com deficiência física são classificados em cada modalidade


esportiva por meio do sistema de classificação funcional. Este sistema visa
classificar os atletas com diferentes deficiências físicas em um mesmo perfil
funcional para a competição. Tem como meta garantir que a conquista de uma
medalha por um atleta seja fruto de seu treinamento, experiência, motivação e não
devido a vantagens obtidas pelo tipo ou nível de sua deficiência. (SOUTO e LIMA,
2004).

CONCEITOS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA (DF): DA LEGALIDADE AO


CONHECIMENTO CONSTRUÍDO POR ALGUNS AUTORES

O Decreto n.º 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a lei n.º


7.853, de 24 de dezembro de 1989, e dispõe sobre a Política Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define deficiência física, como
sendo a caracterizada por: “Uma alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, (...)
membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções”.
É uma alteração no funcionamento normal do aparelho locomotor.
Compromete a movimentação e a deambulação do indivíduo.
Segundo Telford e Sawrey (1988), a DF apresentam variação ou grau de
dificuldade na realização de um movimento físico. Já para Kirk e Gallagher (1991),

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refere-se à variabilidade de condições não sensoriais que afetam o bem-estar da


criança e que podem criar problemas de educação especial em torno da mobilidade,
vitalidade física e autoimagem.
Podem ocorrer em vários níveis: ósseo, articular, muscular e nervoso.

1-Neurológicas podem ser causadas por:Agentes externos – poliomielite.


• Trauma – traumatismo raquimedular, acidente vascular cerebral.
• Encefalopatias Infantis – paralisia cerebral, espinha bífida,
mielomelingocele.

2. Ortopédicas
Amputações membros inferiores e superiores podem ser congênitas
(talidomida) ou adquiridas (traumáticas ou distúrbios vasculares).

3- Outras (lesautres)
Distrofia muscular progressiva, lesões decorrentes de parto, esclerose
múltipla, artrite com osteoporose.FIGURA 65 - FOTOS DE ALTERAÇÕES NA
COLUNA OCASIONADAS
PELA DISTROFIA MUSCULAR

Tais problemas podem ocorrer nos períodos pré-natal, natal e pós-natal.

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EFEITOS PSICOLÓGICOS DA DEFICIÊNCIA FÍSICA

Os efeitos psicológicos da deficiência física estariam condicionados, entre


outros, aos seguintes fatores (SOUZA, 2004):
À própria concepção sobre a deficiência;
À estrutura e à estabilidade emocional da pessoa;
Ao grau e à abrangência do comprometimento;
À concepção e ao posicionamento da família e da sociedade (escola,
vizinhança, amigos, etc.) em relação à deficiência;
À aparência física ou à visibilidade do comprometimento;
Ao grau de independência ou de dependência;
À capacidade de tomar decisões;
Às consequentes alterações na vida da pessoa;
Ao prognóstico de duração do comprometimento (temporário ou permanente);
Ao caráter progressivo ou de estabilidade do comprometimento;
À tendência à depressão;
Às implicações sociais, afetivas, financeiras da deficiência.

OBJETIVOS DA ATIVIDADE FÍSICO-ESPORTIVA COM ALUNO DF

•Adaptação dos movimentos de acordo com as limitações;


•Prevenção de deficiências secundárias;
•Estímulo à superação diante de situações de frustração.

É importante que o professor saiba:


• Tipo de deficiência;
• Idade em que apareceu a deficiência;
• Se foi repentina ou gradativa;
• Se é transitória ou permanente;

As funções e estruturas que estão prejudicadas.

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Como vocês podem perceber, dentro dos três tipos de DF encontramos


diversas patologias, porém neste estudo falarei com vocês apenas sobre a Paralisia
Cerebral (PC), Lesão Medular (LM), Distrofia Muscular (DM), Amputações e
Esclerose Múltipla (EM), não considerando menos importante às outras, mas porque
estas apresentam profissionais da área da Educação Física atualmente
desenvolvendo programas de atividades físicas e outras em que encontramos a
participação de atletas paralímpicos.

PARALISIA CEREBRAL (PC)

O que é Paralisia Cerebral?


Segundo Souza e Ferraretto (2001), a Paralisia Cerebral foi descrita pela
primeira vez em 1843 por um ortopedista inglês chamado William John Litle como
uma rigidez espástica. O termo "Paralisia Cerebral" foi introduzido por Freud para
diferenciá-la da Paralisia Infantil causado pelo vírus Poliomielite.

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FIGURA - PARALISIA CEREBRAL ESPÁSTICA

FONTE: WINNICK, 2004, p. 209.

Para BOBATH (SD) é o resultado de uma lesão ou mau funcionamento do


cérebro, de caráter não progressivo, e existindo desde a infância. A deficiência
motora se expressa em padrões anormais de postura e movimentos associados com
o tônus postural anormal. A lesão que atinge o cérebro quando ainda é imaturo
interfere o desenvolvimento motor normal da criança. Há vários casos de paralisia
cerebral.
A paralisia cerebral é definida como sendo o resultado de um distúrbio do
desenvolvimento cerebral ou de uma sequela que acomete o cérebro durante a fase
pré-natal, perinatal e pós-natal, sendo limitada sua ocorrência, por questões de
definição teórica, até os primeiros anos de vida. Esta definição de paralisia cerebral,
limitada ao tempo de sua ocorrência, tem por finalidade diferenciar a paralisia
cerebral de outros comprometimentos do cérebro, manifestos na juventude, idade
adulta ou senil.
A paralisia cerebral designa um grupo específico de desordens motoras, que
não são progressivas, não implicando, portanto, em risco de piora do quadro clínico,
desde que não haja abandono dos cuidados e tratamentos prescritos.

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Em muitos casos de PC a inteligência da pessoa é normal, a não ser que a


lesão tenha afetado áreas responsáveis pelo pensamento ou pela memória.
Portanto, uma pessoa com PC não pode ser classificado, como uma deficiência
mental. Machado (1981) enfatiza que o sistema nervoso da vida de relação a todas
as partes do corpo, relacionando o organismo com o meio, os quais são conduzidos
do cérebro por neurônios sensitivo por meio da medula ou tronco encefálico a todos
os receptores do corpo, portanto, a coordenação de todos os movimentos do corpo é
feita pelo cérebro, e no caso da pessoa com Paralisia Cerebral, esses estímulos
foram de alguma forma bloqueados, causando a elas sequelas, como ausência de
coordenação motora, dificuldades na fala, em alguns casos paraplegias,
tetraplégicas e outros comprometimentos.
Mesmo sendo a PC é um comprometimento do desenvolvimento cerebral ou
de seu funcionamento e que pode afetar todas ou algumas funções reguladas pelo
cérebro como registradas no parágrafo acima, algumas considerações devem ser
enfatizadas como:
a) Ela pode estar associada ao comprometimento de outras funções do
cérebro como a visão, audição, fala, cognição, comportamento, etc.
b) Nem toda pessoa com PC necessária e obrigatoriamente tem
comprometimento da inteligência ou em distúrbios do comportamento. É importante
entendermos isso porque equivocadamente muitos atribuem à dificuldade de
aprendizagem que as crianças com PC apresentam a algum comprometimento ou
deficiência mental, que pode não corresponder à realidade como já vimos. Em
determinadas situações a aprendizagem fica dificultada pelo comprometimento
motor que esta criança apresenta e que é característico do quadro de PC. A
limitação motora pode impedi-la de acompanhar dentro do ritmo de sala de aula,
mas não a impede de, com acompanhamento e materiais adequados acompanhar
todo o processo.
c) O termo Paralisia Cerebral não é considerado ideal para designar o
quadro da doença, haja vista que o cérebro sofre uma desordem, mas continua
trabalhando e não paralisado. A PC, assim mais conhecida é denominada de
Encefalopatia Crônica Infantil.
d) A PC não é hereditária, contagiosa ou progressiva, não é uma doença,
mas uma condição médica especial que varia de leve, quando apresenta um
desajustamento generalizado quase imperceptível, que torna as pessoas

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desajeitadas ao andar, falar ou usar as mãos até severa quando apresenta


incapacidade motora grave, impossibilitando de andar, falar, gerando dependência
para o desempenho das atividades da vida diária (Filme Meu Pé esquerdo).
Esta situação também é importante ser frisada porque ainda existe um
preconceito muito grande por parte das pessoas ao se aproximarem de outra que
apresenta PC. Dependendo do grau de paralisia a pessoa não tem uma aparência
bonita, apresentam movimentos involuntários, sialorreia (Perda não intencional da
saliva pela cavidade oral) e os que não conhecem chegam a pensar que “a saliva
pode transmitir a PC”, que como vocês devem ter percebido coloquei entre aspas
para representar a fala já expressada por alguém e ouvida por mim.
e) Acredita-se que estímulos ao Sistema Nervoso Central, aplicado de
formas coerentes apresentam resultados satisfatórios, em que as células nervosas
(neurônios) vizinhas a da lesão, acabam por se adaptar e assumirem, em partes, a
função da célula afetada. Marchean (1996) cita que por meio de um estudo derivado
de uma lesão central do córtex, onde a região afetada foi a da coordenação fina do
Sujeito, mais precisamente nos dedos, e após estímulos sensoriais: "a função do
tecido destruído foi assimilado pelo tecido nervoso vizinho intacto as custas de uma
assimilação da sensibilidade..." (p. 171).Dessa forma podemos dizer, que por meio
de estímulos adequados, será possível ao menos minimizar sequelas motoras em
portadores de Paralisia Cerebral (PC).
As manifestações podem diferir muito em quadros de PC, devido à
variabilidade de causas (anóxia, infecção, traumatismo, entre outras) e de acordo
com a localização das lesões e áreas do cérebro afetadas. Com o passar do tempo,
os esquemas de classificação foram sofrendo modificação e atualmente a PC é
classificada sob duas perspectivas, a topográfica e neuromotora.

CLASSIFICAÇÃO TOPOGRÁFICA

Baseia-se nos segmentos que foram afetados. Sendo assim a PC pode ser
classificada em:
• Monoplegia – comprometimento de qualquer parte do corpo
isoladamente;
• Diplegia – comprometimento maior de ambos os membros inferiores, e
menos acentuados de ambos os membros superiores;

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• Hemiplegia – envolvimento completo de um lado do corpo;


• Paraplegia – comprometimento apenas de membros inferiores (os
dois);
Triplegia – comprometimento de três membros quaisquer (ocorrência rara);
Quadriplegia – também conhecida como comprometimento total do corpo.

FIGURA – TETRAPLEGIA ESPÁSTICA

FONTE: ADAMS, 1985.

FIGURA – DIPLEGIA ESPÁSTICA

FONTE: ADAMS, 1985.

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CLASSIFICAÇÃO NEUROMOTORA

Dependendo da localização das lesões e áreas do cérebro que foram


afetadas, as manifestações podem ser diferentes. Esta classificação tenta
especificar o tipo de alteração de movimento que a criança PC apresenta.
• Espástica: caracteriza-se por aumento do tônus muscular resultante
de lesões no córtex motor ou na via piramidal. Podem afetar apenas um lado do
corpo como os quatro membros. Os músculos destes membros afetados são tensos
e apresentam reflexo de estiramento Este tipo de PC fica sujeito a contraturas e
deformidades que se desenvolvem durante o crescimento. Em estado de tensão
este quadro tende a se acentuar. Este tipo de PC, espástico, tem movimentos
desajeitados e rígidos e tem dificuldade ao modificar sua posição ou ao tentar pegar
algo com suas mãos. Este é o tipo mais comum de PC.
O PC com espasticidade apresenta algumas características como:

a) Quando o braço é acometido: a mão apresenta dificuldade maior ou


menor de preensão de objetos. Em casos mais graves, pode ser muito difícil o uso
da mão comprometida. O ombro apresenta adução, sendo difícil ou impossível fazer
movimentos de abdução.
Frequentemente o cotovelo comprometido é mantido em flexão, assim como
também o pulso;

b) Quando a perna é comprometida, muitas vezes, dependendo do grau


de comprometimento, a marcha é feita fazendo-se um arco com a perna ou
arrastando-a. O apoio no solo geralmente é feito com a ponta dos pés (pé equino). É
difícil para a pessoa espástica fazer flexão do quadril comprometido, flexão do joelho
e extensão dos quadris.

A paralisia cerebral pode se manifestar em diferentes graus de


comprometimento. No entanto, até hoje só a forma espástica (espasticidade)
apresenta uma classificação, sendo diferenciada em paralisia e paresia, conforme o
grau de comprometimento.

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A espasticidade pode implicar uso de medicamentos, tais como relaxantes


musculares (miorrelaxantes), órteses, que auxiliam as funções da mão ou do pé e da
perna; assim como na realização de tratamento fisioterápico, durante boa parte da
vida da pessoa com espasticidade.

Atetósica
Caracterizada por movimentos involuntários e variações do tônus muscular
resultante de lesões nos Gânglios da Base. O tônus muscular flutua gerando
movimentos involuntários e os movimentos voluntários se deformam, ficando
retorcidos. Observam-se, frequentemente movimentos involuntários na região facial
e nos membros inferiores. A flutuação do tônus muscular dificulta o PC a manter-se
em uma posição, tornando complicado o ato de segurar objetos.
Para caracterizar a importância das disfunções dos gânglios basais para
umas pessoas com paralisia cerebral, em que a atetose se apresenta como uma de
suas características, citamos como exemplo as disfunções que podem acometer o
tálamo. O tálamo é composto de duas grandes massas simétricas de substância
cinzenta, as quais representam 80% do diencéfalo. "Todos os impulsos destinados
ao córtex precisam passar pelo tálamo, a fim de se tornarem conscientes" (DUUS
1989, p. 163). Os sinais e sintomas devidos ao comprometimento do tálamo variam
consideravelmente, de acordo com a natureza da afecção. No entanto, a síndrome
talâmica completa é de ocorrência rara. Isso implica que pessoas com atetose
frequentemente apresentam também movimentos espásticos e/ou atáxicos, além
das características atetoides.

Atáxica
Corresponde de 5 a 10% das pessoas com paralisia cerebral apresentam
ataxia. Ela se caracteriza por distúrbios de coordenação motora, do equilíbrio, da
percepção espaço-temporal, nistagmo (leve tremor dos olhos), baixo tônus
muscular, movimentos oscilatórios do braço e da mão, por exemplo, apagar a luz
apertando o interruptor e fala escandida, que se assemelha à fala das pessoas
embriagadas.
A ataxia é causada, por exemplo, por comprometimento funcional do
cerebelo. O cerebelo distingue-se do cérebro pela sua superfície estriada. Ele atua
como um centro de coordenação para a manutenção do equilíbrio e do tônus

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muscular, devido à sua participação nos complexos mecanismos de "feedback" e de


regulagem do tônus muscular, possibilitando a realização de movimentos suaves e
precisos (finos).
Denomina-se atáxico à pessoa com ataxia, bem como às características dos
movimentos destas pessoas:
Tremor: aparece apenas na movimentação involuntária chamada também de
tremor intencional.
Hipotonia: O tônus muscular é baixo. Também chamado de ATONIA, flacidez
ou frouxidão.
Mista: Em alguns casos o tônus é muito alto, em outros, ele é muito baixo. A
combinação mais comum é a PC espática-atetoide.

TABELA - GRAU DE LIMITAÇÃO LIGADO AO TRANSTORNO


NEUROMUSCULAR

LEVE MODERADO SEVERO


Marcha independente Marcha com ajuda Sem locomoção
Motor fino sem prejuízo Função limitada Sem função
Cognição + 70 50 a 70 50
Fala boa Palavras isoladas Indistinta
Social independente Assistido Dependente

CAUSAS DA PARALISIA CEREBRAL

Problemas durante a gravidez: 60% dos casos


• Anemia Grave (ocorre quando a alimentação materna é muito pobre).
• Infecções renais e urinárias graves com repercussões para a saúde
fetal.
• Hemorragias.
• Distúrbios metabólicos graves (ex. Diabetes). Problemas durante e logo
após o Parto: 30% dos casos Obstruções pélvicas com sofrimento fetal.
• Anóxia (falta) ou Hipóxia Neonatal (dano por não oxigenação cerebral).
• Distúrbios circulatórios cerebrais graves ou moderados.

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• Traumatismos no Parto.
• Infecções pré-natais ou perinatais que atinjam às mães (ex. Rubéola).
• Nascimento Prematuro.
• Icterícia Neonatal Grave (ex. Fator Rh - incompatibilidade sanguínea).
• Acidente ou Erro Médico (ex. uso indevido de ocitócicos em gestantes
de alto risco).
Problemas do Nascimento até os 9 anos: 10% dos casos
• Asfixia.
• Fraturas ou feridas penetrantes na cabeça, atingindo o cérebro.
• Acidentes automobilísticos.
• Infecções do Sistema Nervoso Central (SNC) a exemplo de Meningites.

FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DO SURGIMENTO DE P.C:


• Convulsões;
• Baixo peso fetal (Importância do acompanhamento Pré-Natal);
• Gestantes de Alto risco (com Hipertensão ou Diabetes);
• Idade Materna (acima dos 40 e abaixo dos 16 anos).

Como a criança pode ficar:


• Molinha;
• Toda durinha;
• Pode não andar;
• Pode não falar;
• Pode demorar em sustentar a cabeça;
• Pode demorar em se arrastar;
• Pode demorar em engatinhar.

O que os pais podem perceber:


• Se a criança tem dificuldades para: mamar, engolir ou respirar;
• Se for muito irritada ou apática;
• Se não responde quando os pais falam com ela;
• Se evita o olhar;
• Problemas respiratórios;
• Problemas cardíacos.

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CONSIDERAÇÕES RELACIONADAS À PRÁTICA DE ATIVIDADES


FÍSICAS E ESPORTIVAS

As aulas de Educação Física são importantes para as crianças que


apresentam PC, principalmente por oferecer a elas oportunidades e estímulos
motores que podem compensar alguns atrasos no desenvolvimento. Porém algumas
posições não devem ser fixadas como a do PC espásticos que apresenta o punho e
os dedos curvados em função dos músculos flexores hipertônicos. Movimentos que
estimulem esta posição não são indicados. Outra situação que podemos encontrar
são crianças com PC que necessitam de muletas e coletes para a deambulação
independente e devem utilizar-se destes meios para a prática de atividades também.
Alguns autores recomendam o trabalho com alunos com PC na água pelas
propriedades que ela apresenta, como temperatura que pode ser benéfica para a
espasticidade, pois o calor além de reduzir a sensibilidade das terminações
nervosas, diminuem o tônus à medida que os músculos são aquecidos.

FIGURA - ATIVIDADES AQUÁTICAS (CAMPEÃO 2003).

FONTE: CAMPEÃO, 2003.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 01
A turma será dividida em dois grupos e o grupo de posse de bola deverá
passar a bola entre si de maneira consecutiva sem deixar a outra equipe interceptar
o passe e nem deixar a bola cair. Se a equipe conseguir fazer 10 passes
consecutivos entre si será vencedora.

FIGURA – ATIVIDADE COM CADEIRANTE

FONTE: DIEHL, 2006.

Atividade 02
Os alunos ficarão sentados na quadra de voleibol. Dois, conforme o desenho,
ficarão nas extremidades da quadra e, sentados passarão a bola, um para o outro.
Os colegas que estão sentados ao centro tentarão pegar a bola, e o que conseguir
apanhá-la trocará de lugar com o da extremidade.

FIGURA – ATIVIDADE SENTADO NO CHÃO

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FONTE: DIEHL, 2006.

ATIVIDADES FÍSICAS OU ESPORTES PRATICADOS PELAS PESSOAS


COM DF

Natação ou atividades aquáticas de forma geral;


• Basquete em cadeira de rodas;
• Futebol;
• Tênis de Mesa;
• Dança;
• Ginástica geral, com e sem aparelhos;
• Voleibol, sentado ou em pé;
• Arco e flecha;
• Hipismo;
• Atletismo;
• Halterofilismo;
• Tênis de campo;
• Ciclismo;
• Tiro;
• Canoagem;
• Esgrima;
• Maratona em cadeira de rodas de rodas.

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É importante nas atividades e nos jogos inserir propostas de jogos e tarefas


coletivas visando à participação de todos e o trabalho em conjunto para que a
situação do quadro a seguir ocorra raramente. Vamos tentar?

FIGURA– INCLUSÃO NAS ATIVIDADES

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Embora o PC pratique várias das modalidades esportivas mencionadas acima


vou detalhar para vocês duas que considero importante fazer este destaque pelos
argumentos que passo a explicar neste momento ao mesmo tempo em que as
menciono.
A primeira modalidade a qual me refiro e o Bocha, e o motivo pelo qual quero
destacá-la dentro da PC é pelo fato dela ser considerado uma modalidade limítrofe,
ou seja, participam dela pessoas com grande comprometimento motor, e em função
de seu estado, não apresentam condições mínimas de participarem de outras
modalidades. No caso da PC participam desta modalidade os PC tetraplégicos que
utilizam uma espécie de calha para o lançamento das bolas.
FIGURA - CALHA OU RAMPA

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FONTE: CAMPEÃO, 2003.

FIGURA – ATLETA PC – CEMDEF/MT

FONTE: CAMPEÃO, 2003.

Vamos jogar?

Bocha
O jogo de Bocha é um dos esportes mais significativos e desafiados para as
pessoas com PC.

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Sua origem tem várias versões sendo a de maior referência a de que seja
uma adaptação para quadra fechada do jogo italiano de boliche em grama.
No início era voltado apenas para pessoas com PC com severo grau de
comprometimento motor. Atualmente pessoas com outras deficiências também
podem competir, como, por exemplo, distrofia muscular Progressiva e A.V. C.
A fim de oferecer uma oportunidade no esporte adaptado às pessoas que
apresentam deficiência física com elevado comprometimento motor, a Associação
Nacional de Desporto para Deficientes – ANDE por meio de seus professores
quando participaram dos 1º jogos Panamericanos de Paralisados Cerebrais (PC),
em Mar Del Plata, na Argentina em 1995 importaram o Bocha adaptado como afirma
Lima et.al (2006).
Trata-se de um jogo competitivo que pode ser jogado individualmente, em
duplas ou em equipes. A partida é realizada com um conjunto de bolas de Bocha
que consiste em seis bolas azuis e seis bolas vermelhas e uma bola branca, em
uma quadra especialmente marcas de superfície plana e lisa. A finalidade principal
do jogo é encostar o maior número de bolas na bola alvo (branca). (CAMPEÃO,
2003).

FIGURA - QUADRA

FONTE: CAMPEÃO, 2003.

FIGURA – JOGO DE BOLAS

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FONTE: CAMPEÃO, 2003.

Polybat
A segunda modalidade é o Polybat, o tênis de mesa adaptado que atende os
PC e, se apresenta como uma modalidade importante pelo material que é
confeccionado e o torna acessível não apenas a competição, mas a sua prática no
âmbito escolar. É um esporte que a maioria gosta de participar mesmo sem
apresentar qualquer deficiência, o que possibilita uma maior interação entre os
participantes.
O Polybat é um jogo adaptado do tênis de mesa convencional, que é jogado
em uma mesa de tênis e mesa sem a rede e com bordas altas nas laterais para
evitar que a bolinha saia para os lados. O objetivo dos jogadores de Polybat e
rebater a bola para fora do lado do adversário ou forçar uma falta para ganhar o
ponto.
Algumas informações sobre este jogo.
- Duração da partida: 1 SET;
- Jogo curto 11 pontos;
- Jogo longo 21 pontos;
- Cada jogador tem direito a efetuar 05 saques consecutivos;
- Faixa etária livre; - Jogo misto.

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Materiais:
a) A raquete deverá medir 30 cm de madeira ou material similar;
b) A bola de golf do tipo airflow.
c) Pode ser usada a mesa do tênis de mesa sem a rede ou uma
superfície de compensado ou similar, medindo 1,20m X 2,40m com anteparos
laterais.

FIGURA – MESA DE POLYBAT

O Polybat é dividido em quatro classes:

TABELA – CLASSES DE POLYBAT


Classes Posição Saque

A Somente Sacador deve acertar um lado (qualquer um)


sentado
B Sentado ou em Sacador deve acertar a lateral do campo do
pé receptor

C Sentado ou em Sacador deve acertar lateral do campo do


pé campo do receptor

D Somente em pé Sacador deve acertar a lateral do sacador


primeiro

FONTE: WILLIANSON, 1985.

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Critérios da Classe A
a) Alcance/ área de ação por meio da mesa é limitado pela postura e
braços.
b) Comprimento/ Força de rebatida é fraco.
c) Jogam principalmente um jogo defensivo, de batidas múltiplas, com
diminuição da velocidade da bola para controle e reação à bola mais lenta.

Critérios Classe B
a) Eles têm uma série completa no quesito de cobrir a área de jogo com
relação à largura e movimento para frente, devido ao bom controle de tronco, que
compensa a sua falta de movimento de extensão do braço ou de pulso.
b) Eles são capazes de ler o jogo básico, então, podem transformar
batidas defensivas em batidas de ataque variando a força e a direção das batidas.
c) Eles são capazes de jogar tanto batidas de frente quanto de costas
(com relação à posição da mão), ou de cobrir a mesa inteira com a batida preferida.

Critérios Classe C
a) Capaz de antecipar o caminho da bola e assim ganhar a vantagem em
uma competição geralmente jogada em uma grande velocidade.
b) Pode jogar uma combinação de batidas, em ordem, para ditar ou
ganhar o controle da competição.
c) Capaz de identificar as fraquezas do oponente e, portanto, atacá-lo,
indicando melhor coordenação das habilidades requeridas para um jogo tático.

Critérios Classe D
a) Incapaz de jogar tênis de mesa recreativo.
b) Movimento andante e alcance que emitem uma boa defesa juntamente
com boa reação.
c) Alcance arco do balanço da raquete significando velocidade força são
as características das batidas nos jogos. (WILLIANSON, 1985)

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Futebol de Sete para paralisados cerebrais (PC)


Em 1978 surgiu o futebol de 7 para paralisados cerebrais. Foi na cidade de
Edimburgo, na Escócia, que aconteceram as primeiras partidas. O futebol de sete é
praticado por atletas do sexo masculino seguindo as regras da FIFA com algumas
adaptações.
Em 1978 surgiu o futebol de 7 para paralisados cerebrais. Foi na cidade de
Edimburgo, na Escócia, que aconteceram as primeiras partidas. A primeira
Paraolimpíada em que a modalidade esteve presente foi em Nova Iorque, em 1984.
Em Barcelona (1992), o Brasil estreou nos Jogos Paralímpicos e ficou em sexto
lugar. Na Paraolimpíada de Atlanta (1996), a seleção brasileira ficou em penúltimo
lugar na classificação geral. Quatro anos depois, em Sidney, virou o jogo e
conquistou o terceiro lugar geral. Nos Jogos Paralímpicos de Atenas (2004), o Brasil
se superou mais uma vez e conquistou a medalha de prata, deixando para trás
potências como a Rússia, Estados Unidos e Argentina.
O futebol de sete é praticado por atletas do sexo masculino, com paralisia
cerebral, decorrente de sequelas de traumatismo cranioencefálico ou acidentes
vasculares cerebrais. As regras são da FIFA, mas com algumas adaptações feitas
pela Associação Internacional de Esporte e Recreação para Paralisados Cerebrais
(CP-ISRA). O campo tem no máximo 75m x 55m, com balizas de 5m x 2m e a marca
do pênalti fica a 9,20m do centro da linha de gol. Cada time tem sete jogadores
(incluindo o goleiro) e cinco reservas. A partida dura 60 minutos, divididos em dois
tempos de 30, com um intervalo de 15 minutos. Não existe regra para impedimento
e a cobrança lateral pode ser feita com apenas uma das mãos, rolando a bola no
chão. Os jogadores pertencem às classes menos afetadas pela paralisia cerebral e
não usam cadeira de rodas. No Brasil, a modalidade é administrada pela Associação
Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE).

Classificação funcional
Os jogadores são distribuídos em classes de 5 a 8, de acordo com o grau de
comprometimento. Novamente, vale a regra de quanto maior a classe, menor o
comprometimento físico do atleta. Durante a partida, o time deve ter em campo no
máximo dois atletas da classe 8 (menos comprometidos) e, no mínimo, um da classe
5 ou 6 (mais comprometidos). Os jogadores da classe 5 são os que têm o maior
comprometimento motor.

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Como a classificação funcional segue as adaptações da Associação


Internacional de Esporte e Recreação para Paralisados Cerebrais a letra que vai
anteceder ao número que representa o grau de comprometimento vai ser a letra C
que representa a Cerebral Palsy fica o primeiro nome acompanhado do número.
Exemplos C4, C5, C6 etc.

Perfil da Classificação - Futebol de sete para paralisados cerebrais

Classe – 5
Diplegia, hemiplegia severa, triplegia severa ou leve, coreoatetoide moderada,
quadriplegia leve – estes atletas caminham com extrema dificuldade.
Classe – 6
Quadriplegia leve ou moderada e espasticidade/atetoide, triplegia severa ou
moderada com espasticidade/atetoide – estes atletas caminham com relativa
dificuldade.
Classe – 7
Esta classe é a mais comum entre os PC, caracteristicamente dos
hemiplégicos – severos, moderados e leves, triplegia leve, caminham com visível
dificuldade.
Classe – 8
Esta classe é para os portadores de monoplegia e hemiplegia minimamente
afetada, estes atletas caminham com dificuldades mínimas.

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FIGURA - MUNDIAL – FUTEBOL DE SETE – NOVEMBRO/2007

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LESÃO MEDULAR (LM)

É uma das formas mais graves de lesões incapacitantes. Esta importância se


deve ao fato de tratar-se da medula espinhal que é uma via de comunicação do
cérebro com as diversas partes do corpo. Mais que esta comunicação que ela
estabelece entre o cérebro e partes do corpo, ela é responsável também pela
regulação, controle e função de órgãos importantes como a circulação, a bexiga, o
controle térmico, a respiração, o intestino e a atividade sexual. Vejam então que uma

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lesão na medula não compromete apenas a parte motora e/ou sensitiva, mas pode
acarretar uma série de complicações para a vida diária da pessoa.
A lesão medular traumática ocorre quando um evento traumático, como o
associado a acidentes automobilísticos ou motociclísticos, mergulho, agressão com
arma de fogo ou queda resultam em lesão das estruturas medulares interrompendo
a passagem de estímulos nervosos através da medula. A lesão pode ser completa
ou incompleta. A lesão é completa quando não existe movimento voluntário abaixo
do nível da lesão e é incompleta quando há algum movimento voluntário ou
sensação abaixo do nível da lesão. A medula pode também ser lesada por doenças
(causas não traumáticas), como por exemplo, hemorragias, tumores e infecções por
vírus.
Nas lesões medulares completas, há paralisia, perda de todas as
modalidades sensitivas (tátil, dolorosa, para temperatura, pressão e localização de
partes do corpo no espaço) abaixo da lesão e alteração do controle esfincteriano
(urinário e fecal). As lesões cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos
quatro membros). Na tetraplegia, a insuficiência respiratória é frequente, devido ao
comprometimento do nervo que comanda a contração do diafragma (nervo frênico).
Nas lesões cervicais baixas, observa-se paralisia dos membros inferiores e das
mãos. Nas torácicas, a paralisia é de membros inferiores.
Nas lesões incompletas, há preservação em diferentes graus da função
motora e/ou sensitiva. Nesse caso são lesados somente alguns feixes longitudinais
e/ou a substância cinzenta

As lesões medulares até a primeira torácica são denominadas TETRA.


Abaixo da primeira vértebra torácica denominam-se PARA.

Os termos “Tetraplegia” e “Paraplegia” traumática designam lesões medulares


que têm como resultado a perda de movimento e de sensibilidade.
Tetraplegia – descreve a forma mais grave na quais os quatro membros são
afetados.
Paraplegia – condição em que são afetados, principalmente os membros
inferiores.
O grau de paralisia e/ou perda da sensibilidade está relacionado ao local da
lesão (quanto à altura na coluna) e ao nível de dano neural (grau de lesão).

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Alguns exemplos de locais acometidos e consequências:

TETRAPLEGIAS
C1 Atlas e Axis paralisia do nervo Frênico – Parada respiratória.
C4 Apresenta movimento no pescoço e diafragma.
C5 Apresenta movimento no pescoço, ombro e bíceps.

T6 – PARAPLEGIAS
T12 – músculos abdominais não funcionam.
L4 – conseguem caminhar independente.

PROBLEMAS SECUNDÁRIOS ASSOCIADOS À LESÃO MEDULAR:

• Úlceras de pressão;
• Infecções de trato urinário;
• Espasticidade;
• Obesidade.

Como as funções neurovegetativas são regidas por centros medulares e


encefálicos, são comuns distúrbios de funções do organismo, que devem ser
levadas em conta pelo profissional de Educação Física, para que interfiram o mínimo
possível na vida diária e atlética da pessoa com lesão medular. São elas:
a) Redução da Ventilação Pulmonar e Infecções Respiratórias – pessoas
com lesão medular cervical ou torácica alta (T2), são suscetíveis a problemas
respiratórios, atribuídos ao déficit da função da musculatura respiratória e
abdominal, o que dificulta a inspiração completa. Há uma redução na ventilação
pulmonar.
b) Termorregulação - é uma das funções do sistema nervoso autônomo. As
lesões medulares provocam disfunção do sistema de regulação térmica. Por
exemplo, em temperaturas elevadas estas pessoas têm dificuldades em responder
por que não apresentam uma sudorese ou uma vasodilatação suficiente, podendo
levá-los a uma situação de hipertermia.

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A situação ao contrário, ou seja, em caso de temperaturas baixas também é


verdadeira. As pessoas com lesão medular têm dificuldade em responder com
tremores ou com vasoconstrição às situações de temperaturas baixas, podendo
entrar em estado de hipotermia.
c) Úlceras (escaras) de decúbito –Uma das complicações comuns e
debilitantes encontradas em pacientes com lesão medular são as úlceras por
pressão, que podem ser responsáveis por hospitalizações e longos períodos de
imobilidade.

A circulação adequada de sangue no corpo é fundamental para manter viva a


pele. Quando a circulação é interrompida por tempo prolongado, as células morrem
e surgem úlceras. Elas surgem, geralmente, nas áreas onde os ossos são pouco
protegidos por músculos. As causas mais comuns são a pressão do colchão, de um
assento de cadeira ou de alguma superfície dura em contato com a pele. Ficar muito
tempo sobre uma cama ou cadeira em uma mesma posição leva a um aumento de
pressão sobre a pele. Ao mesmo tempo, o peso do corpo empurra os ossos contra
os vasos sanguíneos. Com esta pressão de fora para dentro e de dentro para fora, a
circulação sanguínea pode ficar prejudicada em uma determinada região e surge a
úlcera por pressão.
Se as úlceras não forem bem cuidadas, vão ficando cada vez maiores e mais
profundas, comprometendo os músculos e podendo chegar até os ossos.
Frequentemente, as úlceras infeccionam e, se a infecção chegar até os ossos, a
cura é extremamente difícil. Uma das principais causas de morte em pessoas com
lesão medular são as úlceras por pressão.
O aparecimento das úlceras pode ser evitado por meio de cuidados simples
com a pele e o corpo. A pele deve ser sempre observada, principalmente as áreas
que recebem maior pressão. As úlceras geralmente se iniciam como pequenas
áreas avermelhadas que podem ficar arroxeadas em pouco tempo até se
transformarem em uma pequena ‘ferida’. Aliviar a pressão sobre a pele quando na
cama ou cadeira de rodas periodicamente, fazer uso de alimentação saudável,
ingerir dois a três litros de líquidos por dia, manter a pele limpa e seca e usar roupas
leves e confortáveis são medidas que auxiliam a prevenção das úlceras por pressão.

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FIGURA - ÚLCERAS DE PRESSÃO

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d) Incontinência Urinária e distúrbio de esfíncter retal – com a lesão


medular a pessoa pode perder o controle voluntário sobre a bexiga e a retenção das
fezes ou, ainda sua eliminação involuntária. Orientações devem ser dadas ao aluno
no sentido de esvaziar a bexiga antes das atividades físicas e educar ou acostumar
a evacuar em um horário regular todos os dias. Alguns utilizam bolsas de coleta de
excreções fecais que devem ser retiradas no caso da natação e ser evitado
modalidades de contato.

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e) Distúrbios no retorno venoso e osteoporose – ausência de contração


muscular voluntária abaixo do nível da lesão medular pode provocar uma perda de
massa óssea progressiva, por dificuldade na absorção de cálcio. A falta de
contração muscular nos membros inferiores dificulta em parte o retorno do sangue
para o coração. Nesse caso o profissional de Educação Física deverá estar atento e
atuar com movimentos passivos (flexão dos joelhos, circundução dos pés) para
facilitar o retorno venoso.

ESPORTES PRATICADOS POR PESSOAS COM LM

Atividadesaquáticas
Adams et al. (1985) em relação às atividades aquáticas enfatiza o consumo
de energia durante a prática da natação prolongada é um dos mais elevados entre
todas as atividades esportivas e é um fator importante para combater a obesidade,
que é um obstáculo à conquista da autonomia. Além disso, segundo o autor as
competições, de âmbitos estaduais, nacionais e mesmo internacional, ajudam a
estabelecer e alcançar determinadas metas importantes para motivar o lesado
medular em relação a sua vida.
Ainda segundo o autor, a natação permite a permanência temporária fora da
cadeira de rodas ou leito, contribuindo para prevenção de úlceras de decúbito;
permite a prática do ortostatismo, nas lesões mais baixas, favorecendo a função
circulatória; apresenta baixo risco de acidentes.
O objetivo emocional é um aspecto importante, pois na natação o aluno é
capaz de deixar seu dispositivo para se locomover (por exemplo: cadeira de rodas,
muletas, aparelhos ortopédicos), deslocando-se de forma independente dentro da
água, fato este que eleva sua autoestima. Mesmo porque como nem todo mundo
sabe nadar, a prática da natação se torna ainda mais gratificante para os alunos
fisicamente deficientes.

AMPUTAÇÃO
Amputação é a remoção total ou parcial de um membro como consequência
de acidentes, traumas, violências, doenças, ou cirurgicamente. (Mauerberg-de-
Castro, 2005).

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Uma amputação pode ser definida como a remoção de um membro ou parte


dele. A amputação pode ser o resultado de um acidente ou pode ser necessária
como uma medida de preservação da vida. (ADAMS, 1985).
As causas mais frequentes de amputações dos membros superiores são
traumáticas e tumorais.
Nos membros inferiores a principal causa de amputação são as patologias
vasculares.

FIGURA – AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR

CASOS DE AMPUTAÇÃO

Congênitas: A ausência de uma parte ou de todo o membro, ao nascimento,


não é uma ocorrência incomum.
As amputações congênitas são chamadas de TALIDOMIDA.
Tumor: Em alguns casos uma amputação pode ser necessária para
interromper uma doença maligna.

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Trauma: Uma amputação traumática é o resultado de um distúrbio físico


repentino que pode remover um membro, ou causar uma lesão extensa que
somente um procedimento cirúrgico pode remover.
Doenças: As doenças que causam problemas circulatórios, como o diabetes
e a arteriosclerose, podem tornar-se graves o suficiente para requerer uma
amputação.

CLASSIFICAÇÃO DAS AMPUTAÇÕES

São classificadas de acordo com o nível onde são realizadas. Quando ela é
realizada em uma articulação é denominada de desarticulação.
Quando a superfície do corte não é coberta por uma pele denominamos de
amputação aberta; quando coberta é denominada de amputação fechada e este
coto é capaz de utilizar um membro artificial.

ALGUNS ESPORTES PRATICADOS POR AMPUTADOS

Histórico do Vôlei Sentado


O primeiro clube esportivo para pessoas com deficiência foi estabelecido na
Holanda, no fim de 1953. O atletismo e o Sitzball (originalmente na Alemanha) eram
as principais modalidades praticadas. Logo se percebeu que o Sitzball que é jogado
no chão era um jogo muito passivo, e partiu-se para a busca de outros jogos que
oferecessem maior mobilidade aos praticantes.
Em 1956 o Comitê de Esportes da Holanda introduziu um jogo denominado
Vôlei Sentado que combinava dois jogos: Sitzball e o vôlei.
O primeiro torneio oficial reconhecido pela Organização Mundial de Vôlei para
Deficientes foi realizado em 1979, em Haarlem, na Holanda. Em 1980, a modalidade
foi aceita como esporte paralímpico com a participação de sete seleções.
Nessa modalidade competem atletas amputados, principalmente de membros
inferiores, e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora (por exemplo,
poliomielite).
Algumas diferenças do vôlei convencional:
• A quadra é menor – 10m x 6m contra 18m x9m;
• Altura da rede – 1,15 para o masculino e 1,05 para o feminino.

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• Os atletas competem sentados na quadra.


• O saque pode ser bloqueado.
• É permitido o contato das pernas de um jogador de um time com os do
outro sem prejudicá-lo;
• O contato com o chão deve ser mantido em toda e qualquer ação;
• Só perde o contato com o chão durante os deslocamentos;
É administrado internacionalmente pela Organização Municipal de Voleibol
para Deficientes (WOVD), e no Brasil, pela (ABVP) Associação Brasileira de Voleibol
Paralímpico.
Até os Jogos Paralímpicos de Sidney, em 2000, este esporte consistiu em
duas vertentes: Vôlei Sentado e Vôlei em Pé (o atleta utilizava-se de próteses para
jogar). Atualmente, por decisão do Comitê Paralímpico Internacional, somente o
Vôlei Sentado faz parte do programa paralímpico de competições.

FIGURA – VÔLEI SENTADO

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Cada jogo é decidido em uma melhor de cinco sets. Vence cada set o time
que marcar 25 pontos. Na rede há duas antenas e a arbitragem também é dividida
entre juiz principal, segundo juiz e dois árbitros de linha. Assim como no vôlei
convencional, os times são formados por 12 jogadores e entre eles há um capitão e
um líbero, que pode entrar e sair do jogo sem a permissão dos árbitros e possui

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exclusiva função defensiva. Para cada jogada, as equipes podem dar, no máximo,
três toques na bola.

FIGURA– VÔLEI SENTADO

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Natação paralímpica
A natação está presente no programa oficial de competições desde a primeira
Paraolimpíada, em Roma, 1960. A primeira participação brasileira no quadro de
medalhas ocorreu em Stoke Mandeville/1984 com a conquista de uma medalha de
ouro, cinco de prata e uma de bronze. Nos Jogos Paralímpicos de Seul/1988, o país
ganhou um ouro, uma prata e sete bronzes. Na Paraolimpíada de Barcelona, o
esporte obteve para o Brasil três bronzes. Em Atlanta/1996, a performance foi
exatamente igual à de Seul. Em Sydney, a melhora no desempenho foi significativa,
rendendo aos brasileiros seis ouros, dez pratas e seis bronzes. O melhor
desempenho ocorreu mesmo em Atenas, onde o país conquistou 33 medalhas – 14
de ouro, 12 de prata e sete de bronze.
A entidade que controla a natação paraolímpica é o IPC - International
Paralympic Committee, com atribuições semelhantes à FINA. Coordena as principais
entidades esportivas internacionais que estabelecem as adaptações específicas
para seus atletas: CP-ISRA (paralisados cerebrais), IBSA (deficientes visuais), INAS-
FID (deficientes mentais), IWAS (cadeirantes e amputados).

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A prática da natação traz inúmeros benefícios. E não é diferente com os


portadores de deficiência, pois, além dos benefícios físicos, nadar proporciona a
integração social, a independência e o aumento da autoestima nos atletas. Com um
programa de treinamentos sério e a consequente profissionalização dos atletas
portadores de deficiência, surge um novo cenário na natação paraolímpica. Sai de
cena o esporte como forma de reabilitação e entra o esporte de altorrendimento
Atualmente muitos atletas ganham destaque por meio da natação
paraolímpica. Um deles é Clodoaldo Silva, um dos maiores medalhistas paralímpicos
em Atenas/2004 e eleito Atleta Paralímpico do Ano de 2005. A partir das
Paraolimpíadas de Sydney/2000 e Atenas/2004, o esporte tem recebido muitas
pessoas interessadas em praticá-lo e em participar de competições da modalidade.
Em 2005 com maior número de competições e participações tem
proporcionado à revelação de novos talentos nas piscinas. Na natação o André
Brasil é um exemplo da importância de realização de competições nacionais.
Descoberto na primeira etapa de um circuito em Belo Horizonte, André é hoje uma
das grandes promessas para Pequim/2008.

FIGURA - AMPUTADOS MMII E MMSS/ PRÓTESE BILATERAL

FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2005.

FIGURA - EQUIPAMENTOS PARA AMPUTADOS

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FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2005.

FILMES DE DF

Dr. Fantástico
Um ataque nuclear acidental gera uma confusão entre EUA e União Soviética.
O conselheiro do presidente americano, que dá nome ao filme, é paraplégico.
Feliz Ano Velho
Adaptação do best-seller autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva conta a
história de um universitário que fica tetraplégico após um mergulho. Vencedor de
sete prêmios no Festival de Gramado, incluindo melhor roteiro.
King Gimp
Vencedor do Oscar, esse documentário retrata a vida de um portador de
paralisia cerebral.
Meu Pé Esquerdo
A história real do escritor irlandês Christy Brown, portador de paralisia
cerebral, que aprende a pintar e escrever com seu pé esquerdo.
Oscar de melhor ator e atriz coadjuvante.

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O Despertar para Vida


A convivência de alguns lesados medulares em um centro de reabilitação.

Sempre Amigos
A história da amizade entre dois meninos, um superdotado, porém com
distrofia muscular e o outro grande e forte, mas pouco inteligente e sem amigos.

Pessoas com DF admiradas por todos

• Antônio Francisco Lisboa: considerado um dos maiores artistas do


Brasil, autor de maravilhosas obras de arquitetura sacra e de esculturas, portador de
deficiência física e, por isto, denominado e respeitado como “O Aleijadinho”;
• Boris Casoy: jornalista, portador de sequelas de paralisia infantil
(poliomielite);
• Christopher Reeve: ator, que nas telas representou, entre outros, o
papel de “Superman” e, na vida real, tornou-se tetraplégico (vide Paraplegia e
Tetraplegia);
• Christy Brown: portador de paralisia cerebral e autor do best seller
Meu Pé
Esquerdo, que se transformou também em filme de sucesso mundial;
• Frank Williams: paraplégico dono da equipe Williams de fórmula 1;
• Georgette Vidor: técnica de ginástica olímpica do Flamengo e da
Seleção Brasileira, que se tornou paraplégica após um acidente automobilístico, mas
continuou exercendo sua profissão de treinadora da seleção;
• Herbert Vianna: cantor, compositor, instrumentista e líder do conjunto
Paralamas do Sucesso;
• Lars Grael: administrador e atleta, ganhador de medalha em
olimpíada, no iatismo, que teve uma perna amputada em um acidente;
• Marcelo Rubens Paiva: autor, entre outros, de Feliz Ano Velho, que
tornou-se tetraplégico (e autor) após um acidente;
• Stephen Hawking: físico, considerado uma das maiores inteligências
da história da humanidade, portador de uma doença progressiva e incapacitante
fisicamente.

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HISTÓRIA DO ESPORTE ADAPTADO

O ESPORTE ADAPTADO NO MUNDO

Em 1948, na Inglaterra, o neurologista e neurocirurgião alemão


LudwingGuttman aproveita a realização dos XIV Jogos Olímpicos de Verão para
criar os Jogos Desportivos de StokeMandeville para atletas portadores de
deficiência. A participação é modesta: 14 homens e duas mulheres das Forças
Armadas Britânicas competem em arco e flecha. Estava selado o futuro dos jogos.
Em 52, os Jogos de Mandeville ganham projeção e participação de 130 atletas
ingleses e holandeses. Os organizadores decidem tornar a competição anual.
Em 1958, quando a Itália preparava-se para sediar as XVII Olimpíadas de
Verão, o diretor do centro de Lesionados Medulares de Ostia, Antônio Maglia,
propõe que os Jogos Mundiais de StoqueMandeville de 1960 se realizem em Roma,
após as Olimpíadas. De acordo com Maglia, seria uma forma de mostrar que os
portadores de deficiência poderiam também ter sua Olimpíada. Com o apoio do
Comitê Olímpico Italiano, cerca de 240 atletas portadores de deficiência, de 23
países, participam da competição, que repercute positivamente em todo o mundo.
Realizou-se então a primeira Paraolimpíada que já iniciou com este nome. O
sucesso dos Jogos fortalece o esporte e funda-se a Federação Mundial de
Veteranos, que irá discutir regras e normas técnicas para as competições. Em 72, os
jogos mundiais ocorrem na Alemanha, mas em cidade diferente da sede da
Olimpíada, ainda por problemas de organização. A Paraolimpíada reúne cerca de
1400 desportistas de 44 nações. Este seria o primeiro ano de participação brasileira.

O ESPORTE ADAPTADO NO BRASIL

Segundo Silva citado por Brazuna& Castro (2002), no Brasil, o esporte para
pessoas com deficiência teve seu início com o atleta Sérgio Seraphindel Grande,
portador de paraplegia. Este atleta, após uma experiência vivida nos Estados
Unidos, onde fora realizar um tratamento de reabilitação foi o responsável pela
fundação da primeira instituição do gênero no Brasil, o Clube dos Paraplégicos de

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São Paulo (CPSP), pode ser considerado como um dos maiores nomes do esporte
paralímpico brasileiro.
Outro exemplo a ser citado é o do atleta Robson Sampaio de Almeida, que no
mesmo ano de 1958, fundou o “Clube do Otimismo” também voltado para a prática
do basquetebol sobre rodas. Em 1959, o CPSP e o Clube do Otimismo realizaram o
primeiro jogo de basquetebol em cadeira de rodas entre equipes brasileiras. A partir
deste evento o esporte adaptado foi crescendo no país, porém lentamente e em
locais isolados, direcionado aos grandes centros. Segundo Brazuna e Castro (2002),
a primeira participação brasileira em paraolimpíadas se deu no ano de 1972, na
Alemanha e em apenas uma modalidade, a Bocha.
Somente em 1976, no Canadá foram conquistadas as primeiras medalhas
brasileiras em paraolimpíadas, também foram nesta modalidade.
Já em 2000, nos jogos paralímpicos de Sidney foram conquistadas 22
medalhas, sendo 6 de ouro, 10 de prata e 13 de bronze, que colocou o Brasil na 24ª
posição geral dos jogos. A participação do Brasil nas paraolimpíadas de Atenas em
2004 foi marcada com a maior delegação brasileira em Jogos Paralímpicos
composta por 98 atletas de 13 modalidades que conquistaram 33 medalhas: 14 de
ouro, 12de prata e 7 de bronze. Essa foi à maior campanha do Brasil no evento, pois
a melhor marca anterior tinha sido feita em 1984, quando os brasileiros
conquistaram 28 medalhas.

PARALIMPÍADAS

PARAOLIMPÍADAS ATLANTA

Data de Realização: 15 a 25 de agosto de 1996 - uma semana após os jogos


Olímpicos, no mesmo local e utilizando as mesmas dependências.
Sede dos Jogos: Atlanta, capital do estado da Georgia.
Atletas Participantes: 3500 de 121 países. A delegação brasileira participou
com 58 atletas.
Modalidades. O Brasil participou em 10 modalidades: atletismo,
halterofilismo, tênis de mesa, futebol de 7 (para paralisados cerebrais), judô (para
cegos), basquete em cadeira de rodas, tênis, natação, esgrima e ciclismo.

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Área de Deficiência: Motora (cadeirantes amputados e paralisados


cerebrais); deficiência visual e deficiência mental (exibição).
Distribuição dos atletas brasileiros por modalidade: basquete feminino em
cadeira de rodas (12); natação (11); atletismo (11); futebol de paralisados cerebrais
(11); judô para cegos (05); tênis de mesa (03); ciclismo (01); halterofilismo (01);
esgrima (01) e tênis (02).

PARAOLIMPÍADAS 2000 – SIDNEY

Os Jogos de Sidney foram estruturados a tal ponto que deram à


Paraolimpíada de 2000 o título de segundo maior evento esportivo do mundo,
ficando atrás apenas da Olimpíada. Um número recorde de 3.800 atletas de 122
delegações ajudou a compor a mais grandiosa Paraolimpíada do século passado,
que se iniciou dia 18 de outubro.
Mais de 300 recordes mundiais e paralímpicos foram superados em 11 dias
de competição. Segundo especialistas do Comitê Paralímpico Internacional-IPC, do
ponto de vista organizacional, essa edição dos Jogos não poderia ter sido melhor.
Cerca de 1,2 milhões de ingressos foram vendidos, o que representa mais que o
dobro de Atlanta (1996).
Os atletas brasileiros tiveram a melhor participação da nossa história, ao
conquistar seis medalhas de ouro, 10 de prata e seis de bronze. Essas conquistas
nos colocaram entre as 24 maiores potências paralímpicas do mundo.
A grande decepção, na edição australiana, foram os EUA que ficaram em
quinto lugar no quadro final de medalhas. Os grandes vencedores foram Austrália.

PARAOLIMPÍADAS 2004 (ATENAS)

Nas Paraolimpíadas de Atenas, em 2004, o Brasil conquistou 33 medalhas,


sendo 14 ouros, 12 pratas e sete bronzes, ficando com o 14º lugar na classificação
geral do quadro de medalhas.
Área de Deficiência: Motora (cadeirantes, amputados e paralisados
cerebrais); deficiência visual e deficiência mental (exibição). Distribuição dos atletas
brasileiros por modalidade: basquete feminino em cadeira de rodas (12); natação

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(11); atletismo (11); futebol de paralisados cerebrais (11); judô para cegos (05); tênis
de mesa (03); ciclismo (01); halterofilismo (01); esgrima (01) e tênis (02).

BRASIL NAS PARAOLIMPÍADAS EM PEQUIM (2008)

Com 109 atletas da delegação brasileira paralímpica embarcaram para a


China. Lá, eles encontram outros 72, que já estão no país desde o último fim de
semana, em período de aclimatação e treinamento. O Brasil terá representantes em
17 das 20 modalidades disputadas nos Jogos Paralímpicos. Algumas pela primeira
vez, como é o caso do tiro esportivo, vela e remo. Durante a competição, os
representantes brasileiros na China mandam notícias no Blog dos Atletas. Os Jogos
Paralímpicos, que tradicionalmente acontecem logo após os Jogos Olímpicos, nas
mesmas instalações, começam dia 6 de setembro.
As seleções de natação e atletismo, dois esportes em que o Brasil tem
grandes chances de medalhas, estão em Macau, mesmo local que serviu de
treinamento para os atletas olímpicos.
Também já viajou a delegação de hipismo, pela primeira vez completa em
uma Paraolimpíada. Os quatro cavaleiros brasileiros estão na Alemanha para o
período de quarentena e adaptação dos cavalos e seguem este fim de semana para
Hong Kong, onde serão as provas.
Essa é a maior delegação brasileira em Jogos Paralímpicos, 188 atletas. Um
aumento de quase 100% em relação aos jogos de Atenas, quando o Brasil competiu
com 99 atletas em 13 modalidades. A delegação brasileira na Paraolimpíada é a
quarta maior dos Jogos, ficando atrás apenas dos donos da casa, Estados Unidos e
Grã-Bretanha. A expectativa é superar o número de medalhas de Atenas, em 2004,
quando o país ficou em 13º lugar no quadro de medalhas, com 14 de ouro, 12 de
prata e 7 de bronze.
Em Pequim, o Brasil terá representantes na natação, atletismo, futebol de
cinco (para atletas cegos), futebol de sete (para paralisados cerebrais), judô,
halterofilismo, vela, remo, tiro esportivo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas,
hipismo, bocha, goalball (esporte exclusivamente disputado por atletas cegos ou
com deficiência visual), basquete em cadeira de rodas (feminino e masculino), vôlei
sentado e ciclismo.

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PARALIMPÍADA DE LONDRES (2012)

Ocorrida em Londres (Inglaterra), no período de 29 de agosto e 9 de


setembro, contou com a participação de 4.200l atletas, de 165 países. Contou com
um programa de 20 esportes paralímpicos. A competição ficou marcada pelo
recorde em quebra de recordes mundiais. Ao todo, 199 marcas foram superadas nos
jogos de Londres. O Brasil ficou em 7º lugar no quadro geral de medalhas com um
total de 21 medalhas de ouro, 14 de prata e 8 de bronze. Destaque para o nadador
Daniel Dias que venceu todas as provas individuais que participou.

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL

HISTÓRICO

É um sistema de classificação médica baseado na funcionalidade e no


potencial residual, avaliando dentro do quadro do atleta suas possibilidades de
desenvolvimento nas atividades físicas. O esporte sempre está regido por regras
estritas, sendo, portanto, a “justiça” um elemento essencial em sua filosofia.
Na prática Desportiva entre pessoas com deficiência a justiça passa a ser
primordial dependendo dela, em sua grande parte para o êxito desportivo. Com o
compromisso do Comitê Olímpico Internacional de transformar o esporte praticado
pelas pessoas deficientes com um propósito exclusivamente de reabilitação social,
para um modelo esportivo de alto nível, houve a necessidade de buscar métodos
eficazes para solucionar os problemas existentes com o sistema de classificação.
Diante disso, a solução foi encontrar um método que pudesse avaliar e
classificar os atletas em agrupamentos, o mais semelhante possível, que tivesse
como referencial os níveis de comprometimento motor, de forma a assegurar um
grau de competitividade dentro desse grupo.
As bases iniciais do Sistema de Classificação Funcional foram propostas pelo
alemão Host Strohkendal, professor de Educação Física e PHD em fisiologia.

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O QUE É CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL?


Conceitualmente, a classificação constitui-se em um fator de nivelamento
entre os aspectos da capacidade física e competitiva, colocando as deficiências
semelhantes em um grupo determinado.

QUAL O OBJETIVO DE REALIZÁ-LA?

Igualar a competição entre os participantes com várias sequelas de


deficiência, sendo pré-requisito para uma competição mais equiparada e justa.
A classificação funcional no esporte paralímpico é dividida em:
a) Classificação médica (oftalmológica) para os deficientes visuais;
b) Classificação funcional para os deficientes físicos.
Para cada modalidade existe um sistema de classificação que considera as
habilidades funcionais que afetam diretamente o desempenho e a performance
exigida por ela. A habilidade funcional independe do nível de habilidade ou
treinamento adquirido. Por isso é preciso que haja uma revisão na troca de classes e
entre as competições, com base nas diferenças funcionais e na performance.
Composição da equipe de avaliação: é composto por três profissionais da
área de saúde médico, fisioterapeuta e professor de educação física.

Exemplo de classificação funcional utilizado para o Basquete em cadeira


de rodas.
É uma escala descrita funcionalmente e juntamente com os movimentos
específicos do basquetebol em cadeira de rodas.

Classe 1.0
Não executam rotação do tronco, paraplégicos até T7, inclusive sem
abdominais, exceto os superiores que não têm valor funcional.
Cadeira com costas altas, profundas e folgadas, com assento muito baixo que
coloca os joelhos significativamente do nível do quadril.

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Classe 2.0
Conseguem desenvolver estabilidade ativa do tronco e/ou de executar a
rotação do mesmo no plano axial. Paraplégicos de T8 a L1. Costas da cadeira com
altura média, ligeiramente folgadas e nível dos joelhos acima dos quadris.

Classe 3.0
Tem controle de pelve e mobilidade do tronco nos planos axial, frontal e
sagital com mobilidade ativa no plano sagital, conseguindo realizar flexão do tronco
sem apoio. Paraplégicos de nível L2 a L4. As costas da cadeira são baixas ou muito
baixas assento em uma posição média alta em que o nível dos joelhos está
ligeiramente acima do quadril.

Classe 4.0
Tem mobilidade ativa nos planos frontal e sagital, flexionam o tronco à frente
e para os lados e algumas vezes abdução de quadril. Lesão em nível de L5 ou
inferior. A cadeira desse jogador tem costas muito baixas ou inexistentes com o
assento em posição elevada. Joelhos em mesmo nível de quadril.

Classe 4.5
Tem mobilidade ativa, podem fazer flexão do tronco para os dois lados com
os braços sobre a cadeira mantendo o controle.

MANUAL DE REGRAS DE DESPORTOS (FUTEBOL)

A ÁREA DE JOGO

A área de jogo deve estar sempre descoberta para permitir uma acústica
ideal.
Em casos de condições de tempo adversas, fora do controle do Comitê
Organizador, como chuva persistente, ventos fortes etc., instalações alternativas
precisam estar disponíveis, como uma área coberta, de características semelhantes,
que poderia também ter uma superfície de madeira, de emborrachado sintético ou
similar que garantisse a continuidade da competição.

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Essa segunda opção para a área de jogo deve ser endossada e aprovada
pelo Comitê Organizador antes do início da competição.

Medidas
COMPRIMENTO 42 metros (máximo) 32 metros (mínimo)
LARGURA 22 metros (máximo) 18 metros (mínimo)

Linhas laterais
As linhas laterais da superfície de jogo devem ser formadas por cercas cuja
finalidade é permitir um ritmo mais fácil e evitar repetidas saídas de bola, o que
atrasaria demais a partida. Além disso, essas cercas serviriam também para facilitar
a orientação dos jogadores.
A altura das cercas pode variar de 100 cm a 120 cm, devendo ficar afastadas
um metro da linha perpendicular de cada um dos cantos da linha de fundo.

Método para marcação do lançamento


A área de jogo deverá ser marcada, segundo o diagrama, com linhas visíveis
de 8 cm de largura.
As linhas mais compridas que delimitam a área são denominadas linhas
laterais, e às mais curtas, linhas de fundo. No sentido da largura, a linha de centro é
marcada para dividir o campo em dois. O centro deve ser marcado claramente com
um ponto ao redor do qual um círculo de 3 metros de raio deverá ser desenhado.

Área de escanteio
Na intercessão da linha de fundo com a lateral será marcada uma linha
retangular de 20 cm de comprimento por 8 cm de largura, na direção externa da
linha de fundo que servirá para orientar os jogadores na cobrança de escanteios.

Área de pênalti
Em cada extremidade do campo, a 6 metros de distância de cada trave, um
semicírculo estendendo-se em direção ao centro da quadra, com um raio de 6
metros, será marcado. A parte central desse semicírculo é formada por uma linha de
3 metros de comprimento, exatamente paralela à linha de fundo entre as traves. A
superfície dentro deste semicírculo liso denomina-se área de pênalti.

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Área do goleiro
Este nome é usado por se tratar da área de atuação do goleiro. Deve ser
retangular, medindo cinco metros de comprimento por dois metros de largura. A
linha mais longa deverá ser marcada paralelamente à linha de fundo,
compreendendo os três metros da linha de fundo mais um metro das traves, com
linhas de dois metros formando um ângulo de 90º em cada extremidade.
Marca do pênalti
Sobre uma linha imaginária perpendicular à linha de fundo, projetada na
metade das traves, será marcado um ponto visível a 6 metros dessa linha. Trata-se
do ponto de cobrança de pênalti.

Segunda marca de pênalti


Sobre uma linha imaginária perpendicular à linha de fundo, na metade entre
as traves, será marcado um ponto visível a 9 metros de distância. Trata-se da
segunda marca de cobrança de pênaltis.

Área de substituições
As substituições podem ser realizadas por meio de uma porta central situada
em frente à mesa do cronometrador ou pela linha de fundo da extremidade
correspondente, caso não haja uma porta central.

Gols
Os gols devem ficar situados no meio de cada uma das linhas de fundo, e são
formados por duas traves verticais separadas por três metros (medida interna) e
unidas na parte superior por um travessão horizontal cuja borda inferior deve estar a
dois metros do chão.
A largura e a espessura dos postes e do travessão devem ser de 8 cm. Os
postes e o travessão precisam ter a mesma largura. Redes precisam ser
enganchadas nos postes e no travessão na parte posterior do gol. É necessário fixá-
las no fundo por meio de tubos curvos ou por algum outro suporte adequado.

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Superfície de jogo
A superfície de jogo deve ser de cimento ou de outro material similar, lisa,
nivelada e não abrasiva.
Nota: Em caso de condições adversas, fora do controle do Comitê
Organizador, consulte a Regra I, Área de Jogo.

Redes do gol
É permitido o uso de cordas, juta ou náilon. No entanto, as cordas de náilon
não devem ser mais finas do que as de juta ou corda.

A bola
A bola deve ser esférica e de couro ou de outro material adequado.
Nenhum material que implique perigo para os jogadores pode ser usado em
sua confecção.
A bola deve ter uma circunferência entre 60 cm e 62 cm. O peso da bola no
começo do jogo deve estar entre 410 (quatrocentos e dez) gramas e 430
(quatrocentos e trinta) gramas.
O sistema sonoro deve ser interno para permitir uma trajetória regular da bola
que, ao girar ou rotar, manterá o som e garantirá a segurança dos jogadores.
Se a bola perder sua condição normal para o jogo, ou com relação ao som,
durante o jogo, a partida deve ser interrompida e a bola substituída. A partida será
reiniciada com a cobrança de um tiro de meta, arremesso manual, pênalti, pênalti
duplo ou escanteio, a bola sendo substituída antes de ser tocada por qualquer outro
jogador ou do movimento ser iniciado. No local reservado para o cronometrador, é
necessário reservar uma bola em perfeitas condições, pronta para ser usada.

Número de jogadores
• A partida será jogada por duas equipes, cada uma das duas constituída
de um máximo de quatro jogadores totalmente cegos (B1) e 1 goleiro que pode
possuir visão ou ser deficiente visual (B2 ou B3).
• Caso o goleiro tenha visão, não pode ter sido registrado em nenhuma
Federação de Futebol de 5 ou Federação de Futebol (FIFA) nos últimos cinco anos.

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• Todas as equipes devem ser registradas com 13 representantes no


máximo, com as seguintes funções: 8 jogadores, 2 goleiros, 1 diretor técnico, 1
assistente técnico e 1 médico ou fisioterapeuta.
• O número mínimo de jogadores exigido para começar a partida é de
cinco jogadores, (um goleiro e quatro jogadores de linha). A partida pode terminar,
em razão de várias circunstâncias, com três jogadores (um goleiro e dois jogadores
de linha).
• Um jogador reserva pode ser usado em qualquer partida que seja
realizada segundo os regulamentos oficiais de competição da IBSA
(InternationalBlind Sports Federation – Federação Internacional de Desportos para
Cegos).
• Cinco é o número máximo de jogadores reservas (um goleiro e quatro
jogadores de linha).

Regras de substituição
a) Durante o jogo, cada equipe poderá, a qualquer momento, efetuar um
número ilimitado de substituições, o cronômetro sendo parado a partir do aviso do
diretor técnico ao cronometrador.
b) Em caso de cobrança de pênalti ou pênalti duplo, o goleiro não pode
ser substituído, exceto quando ocorrer lesão ou contusão examinada pelo árbitro e
comprovada pelo médico da organização, ou pelo massagista na ausência do
primeiro.
c) A substituição deve atender às seguintes condições:

I. O reserva deve entrar na área de jogo pela lateral próxima à porta


central ou vir da extremidade da linha de fundo que corresponde ao seu gol.
II. Toda substituição deve ser anunciada pelo sistema de alto-falantes, a
começar pelo número do jogador que está entrando seguido do número do jogador
que está sendo substituído, com toda a equipe parada no decorrer de toda a
substituição.
III. Todas as substituições precisam ser efetuadas quando a bola não está
em jogo.
IV. Um jogador desqualificado pode ser substituído, mas não pode retornar
à partida, devendo deixar o local de competição.

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V. Todo jogador expulso durante uma partida será substituído, mas não
pode permanecer no banco de reservas.
• Funções atribuídas ao Capitão de cada equipe.
• Representar a equipe por toda a partida, assim como ser responsável
por dirigir-se ao juiz e aos outros oficiais, auxiliando na manutenção da boa conduta
e do espírito de jogo de seus companheiros.
• O Capitão precisa se distinguir do restante da equipe por meio de uma
faixa no braço, usada em uma das mangas da camisa. Caso seja necessário que
deixe o campo, ele mesmo nomeará o novo capitão que assumirá suas funções.

O uniforme dos jogadores


• Um jogador não deve carregar nenhum objeto considerado perigoso
para os outros jogadores.
• O uniforme normal de jogo constitui-se de camisa, calção curto, meias,
caneleiras e chuteiras. Com relação às chuteiras, somente as de lona ou de
pelica com solado emborrachado podem ser usadas. É obrigatório o uso de
chuteiras.
• As camisas dos jogadores precisam ser numeradas, com cada jogador
de uma mesma equipe tendo números diferentes.
• O goleiro está autorizado a usar calças compridas. Além disso, deve
usar cores que o distingam dos outros jogadores e árbitros.
• É obrigatório que todos os jogadores de linha usem, durante toda a
partida, um protetor ocular em cada olho, com uma máscara de tecido absorvente
que os cubra. Essa máscara deve ter uma proteção acolchoada na parte da frente e
nas duas zonas parietais. Essa medida destina-se a assegurar que todos os
jogadores de linha estejam em pé de igualdade, evitando-se assim diferenças
conceituais relativas à classificação de uma pessoa totalmente cega (B1),
• Não será dada permissão para o uso de protetores que, segundo a
opinião do árbitro, constituam risco físico para os outros jogadores.

Punição
Todo jogador que não cumprir essa regra deve ser enviado para fora do local
de competição para fazer acertos no uniforme, ou para completá-lo com algum item
que esteja faltando. Esse jogador pode retornar ao campo após se apresentar a um

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dos árbitros, que deve ter certeza de que o uniforme do jogador agora está em
ordem. O jogador só pode retornar ao campo quando a bola não estiver em jogo.

Decisões
As caneleiras devem estar completamente cobertas pelas meias e ser feitas
de material apropriado que forneça um grau razoável de proteção (borracha,
plástico, poliuretano ou substância similar).

O árbitro principal
Um árbitro principal deve ser indicado para dirigir cada partida. Sua
competência e o exercício de sua autoridade, outorgados pelas regras do jogo, têm
início no momento em que entra a área de jogo e termina quando a deixa. Durante a
partida, seu direito de punir se estenderá às infrações cometidas durante uma
suspensão temporária do jogo e quando a bola não estiver em jogo. Suas decisões
relativas à partida são definitivas quanto ao resultado do jogo. O árbitro principal
deve cumprir e impor todas as regulamentações da FIFA, as adaptações da IBSA e
as regulamentações do Anexo II. Além disso, deve assegurar o silêncio da torcida
por meio do sistema de alto-falantes, permitindo assim que a partida seja jogada de
forma correta e segura.
Todo o pessoal de arbitragem deve usar o uniforme obrigatório, que consiste
de uma camiseta, calças e sapatos de desporto que os distingam claramente dos
jogadores.
A - Fará com que as regras sejam cumpridas.
B - Evitará punir nos casos em que, ao fazê-lo, constatar que a equipe
que cometeu a falta sairia beneficiada.
C - Tomará nota de todos os incidentes que ocorram antes, durante e
depois da partida.
D - Assumirá as funções de cronometrador nos casos em que não houver
um cronometrador disponível.
E - Terá poderes ilimitados para interromper a partida quando infrações
forem praticadas, e para interromper ou suspender definitivamente a partida quando
considerar necessário por conta do tempo, do comportamento dos espectadores ou
por qualquer outro motivo. Nesse caso, um relatório dos fatos deve ser enviado à

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organização competente dentro do período e da forma estipulada pelos


Regulamentos da IBSA.
F - No momento em que entrar no local de competição deve advertir
qualquer jogador acusado de conduta inadequada ou incorreta, podendo expulsar o
jogador se essa conduta se repetir. Nesse caso, o árbitro principal comunicará o
nome do ofensor à organização competente dentro do período e da forma estipulada
pelos Regulamentos da IBSA.
G - Não permitirá que ninguém, exceto os jogadores e o árbitro
assistente, entre na área de jogo sem sua autorização.
H - Interromperá a partida se considerar que algum jogador foi
seriamente machucado, providenciará sua imediata remoção do campo e reiniciará a
partida em seguida. Se o jogador estiver apenas ligeiramente machucado, a partida
não será interrompida até que a bola seja posta fora de jogo. Todo jogador capaz de
chegar à linha de fundo ou à lateral por si próprio não receberá assistência dentro do
local de competição.
I - Expulsará do campo todo jogador que em sua opinião for acusado de
conduta violenta, jogo brusco ou grave e por comportamento insolente ou abusivo.
J - Dará o sinal para reinício da partida após cada uma das paradas.
K - Decidirá se a bola fornecida para a partida atende aos requisitos da
Regra II.
L - O juiz principal deve se dirigir de forma firme e clara à mesa do
cronometrador para informá-lo de todos os eventos que ocorrerem durante o jogo,
visando a uma maior orientação e conhecimento dos jogadores por meio do serviço
de alto-falantes instalado próximo à mesa de controle do cronometrador.
M - O árbitro principal também precisa controlar, tanto antes como depois
da partida, o posicionamento correto das vendas dos olhos e das máscaras que os
cobrem.
N - O árbitro principal deve supervisionar o cumprimento da Regra IV (5)
com relação a todo jogador que entrar no local de competição no começo da partida
e com relação àqueles que entram como reservas ou substitutos.
O - O árbitro principal e/ou seu assistente devem controlar os setores
reservados para os atletas-guia, como especificado nas regulamentações, as quais
precisam ser divididas em três setores de linhas imaginárias.
O.1 Terço defensivo (goleiro); O.2 Terço central (diretor técnico);

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O.3 Terço ofensivo (atleta-guia).

O árbitro assistente
Um árbitro assistente pode ser indicado, e deve atuar no lado oposto ao do
árbitro principal.
O árbitro assistente terá os mesmos poderes do árbitro principal, exceto com
relação aos poderes indicados na Regra V (D). Além disso, a primeira parte da
Regra V (E) aplica-se também ao árbitro assistente: "Este árbitro terá poder ilimitado
para interromper a partida quando infrações forem praticadas contra as regras".
Também terá as seguintes obrigações:
O árbitro assistente deve cumprir todos os regulamentos da FIFA, assim
como as adaptações da IBSA. Além disso, deve assegurar o silêncio da torcida por
meio do sistema de alto-falantes, permitindo assim que a partida seja jogada de
forma correta e segura.
• Se o jogo for jogado sem um cronometrador, deve ser confiado a ele o
controle dos dois minutos de prazo após a expulsão de um jogador.
• O árbitro assistente e/ou o árbitro principal devem controlar os setores
reservados para os atletas-guia, como especificado nas regulamentações, as quais
precisam ser divididas em três setores de linhas imaginárias.
• Terço defensivo (goleiro);
• Terço central (diretor técnico);
• Terço ofensivo (atleta-guia);
• Deve cronometrar o pedido de tempo de um minuto.
Em caso de uma intervenção inadequada por parte do árbitro assistente, o
árbitro principal dispensará os seus serviços e tomará as providências para sua
substituição, informando a organização competente dessa medida.
Será fornecido um apito ao árbitro assistente.

Decisões
Com relação às partidas internacionais, o uso de um árbitro assistente deve
ser obrigatório.

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Cronometrador
Deve ser designado um cronometrador que será mantido fora do campo, na
linha média, no mesmo lado da área de substituição.
O cronometrador deve cumprir com todas as regulamentações da FIFA e
adaptações da IBSA. Além disso, deve assegurar o silêncio da torcida por meio do
sistema de alto-falantes, permitindo assim que a partida seja jogada de forma
correta e segura.
Sua missão será:
a) Assegurar que a partida tenha a duração estipulada na Regra VIII.

Para essa finalidade, deverá:


i) Iniciar o cronômetro no chute inicial e só pará-lo caso haja uma paralisação
solicitada pelo árbitro para assistência médica ou substituições.
b) Cronometrar o período de dois minutos sempre que um jogador for
expulso.
c) Indicar o fim do primeiro tempo, o fim da partida ou do período de
prorrogação, usando o apito ou outro sinal sonoro diferente do usado pelo árbitro.
d) Manter um registro dos pedidos de tempo que restam para cada uma
das equipes e avisar os árbitros e a equipe pertinente, indicando a autorização ao
pedido de tempo quando solicitado pelo treinador de qualquer uma das equipes.
e) Deve manter uma contagem das primeiras três faltas dadas pelos
árbitros contra cada uma das equipes em cada um dos tempos e das cinco primeiras
faltas dadas pelos árbitros durante toda a partida, e advertirá prontamente o jogador
que cometer sua quarta falta.
f) Manterá um registro das interrupções da partida e dos motivos para tal,
anotando os números dos jogadores que fizerem os gols, que tenham sido
advertidos ou expulsos, fornecendo todas as outras informações relevantes da
partida.
Em caso de uma intervenção inadequada por parte do cronometrador, o
árbitro principal dispensará os seus serviços e tomará as providências para sua
substituição, informando a organização competente dessa medida. O cronometrador
deve receber um cronômetro adequado e o equipamento necessário para manter um
registro do acúmulo de faltas, que serão fornecidos pela associação ou clube em
cujo campo a partida está sendo jogada (IBSA).

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Decisões
Com relação às partidas internacionais, o uso de um cronometrador deve ser
obrigatório.

Duração da partida
• A partida consistirá de duas metades, cada um com 25 minutos de
duração, cronometradas com o uso de cronômetro.
• O controle do tempo será de responsabilidade do cronometrador, cujas
funções são especificadas na Regra VII.
• A duração de cada um dos tempos será prolongada para permitir a
cobrança de um pênalti ou pênalti duplo.
• As equipes terão a oportunidade de fazer um pedido de tempo de um
minuto em cada tempo. Os princípios a seguir devem ser observados:
a) Os treinadores das equipes devem estar autorizados a solicitar uma
parada de um minuto ao cronometrador.
b) O cronometrador concederá à parada quando a bola estiver fora de
jogo, utilizando o apito ou outro sinal sonoro diferente do usado pelos árbitros.
c) Após a parada ter sido concedida, os jogadores podem se dirigir ao
meio do campo. Caso desejem receber instruções do chefe da equipe, isso só pode
ser feito próximo à lateral, ao lado do banco de reservas, não lhes sendo permitido
deixarem o campo. Da mesma forma, a pessoa que lhes fornece instruções não
pode entrar em campo.
d) Se a equipe não solicitar à parada que lhe corresponde durante o
primeiro tempo, isso não pode ser feito no segundo tempo.

O intervalo não pode ser superior a 10 minutos.

DECISÕES
Quando não houver cronometrador disponível, o árbitro assumirá essa
função.
Se os regulamentos da competição ditarem que um tempo adicional deve ser
jogado após o período regulamentar em caso de empate, não haverá paradas
durante esse período extra.

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Se não houver cronometrador disponível, o treinador pode solicitar a parada


ao árbitro assistente.

CHUTE INICIAL
No começo da partida (chute inicial), a escolha dos lados e o chute inicial
serão decididos na sorte, usando-se uma moeda. A equipe sorteada terá a opção de
escolher o lado que deseja e se dará ou não o chute inicial.
A um sinal do árbitro principal, o jogo começa com um pontapé inicial, ou seja,
com um chute dado na direção oposta à da equipe, aplicado à bola que está parada
no ponto central. Todos os jogadores devem estar posicionados em sua metade, e
os da equipe adversária ao chute inicial devem permanecer fora do círculo de três
metros do campo até que a bola esteja em jogo.
A bola não deve ser considerada em jogo até que tenha sido movimentada
por uma distância igual à sua circunferência.
O jogador que dá o chute inicial não pode tocar na bola até que a mesma
tenha sido jogada ou tocada por outro jogador.
• O capitão de cada uma das equipes estará presente com seus atletas-
guia para o sorteio de decisão dos lados e do pontapé inicial.
• Após o registro de um gol. A partida será reiniciada da maneira acima
descrita, o pontapé inicial sendo efetuado pelo jogador da equipe oposta à que fez o
gol.
• Após o primeiro tempo. As equipes trocarão de lado e o pontapé inicial
será realizado por um jogador da equipe oposta à que deu o chute inicial no começo
do jogo.

Em caso de quebra dos itens 1, 2 e 3 desta regra, o pontapé inicial será


repetido, a menos que o jogador que deu o chute inicial toque na bola outra vez
antes que seja tocada ou jogada por outro jogador. Nesse caso, um chute livre
indireto deve ser concedido à equipe oposta no local onde a falta foi cometida,
exceto se a falta tiver sido cometida dentro da área de pênalti da equipe adversária.
Nesse caso, o chute livre indireto será dado da linha de 6 metros, no ponto da linha
mais próximo ao local onde a falta foi cometida.
Gols não podem ser feitos diretamente de um chute de saída.

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Após interrupções temporárias. Para reiniciar uma partida após uma


interrupção temporária do jogo em função de algum motivo não coberto por
nenhuma das regras e desde que a bola não tenha cruzado a lateral ou a linha de
fundo imediatamente antes da interrupção, um dos árbitros colocará a bola no local
onde ela se encontrava antes da interrupção, exceto nos casos em que a bola
estava dentro da área de pênalti porque, nesse caso, a "bola ao solo" precisa ser
realizada na linha de 6 metros, no ponto desta linha mais próximo ao local onde o
jogo foi interrompido. A bola será considerada em jogo no momento em que tocar o
chão. Se a bola posta em jogo dessa forma cruzar a lateral ou a linha de fundo sem
ter sido tocada por nenhum jogador, o árbitro repetirá a "bola ao solo". Nenhum
jogador poderá tocar a bola antes que ela toque o chão. Se isso não for respeitado,
o árbitro repetirá a "bola ao solo".

BOLA FORA E DENTRO DO JOGO


A bola está fora de jogo quando:
a) Cruzou completamente a linha lateral ou a linha de fundo pelo chão ou
pelo ar.
b) O jogo tiver sido interrompido por um dos árbitros.
A bola está em jogo em todos os casos, do começo até o fim da partida,
mesmo nos seguintes casos:
a) Quando volta ao jogo após rebote no travessão ou em uma das traves
do gol.
b) Quando volta ao jogo depois de ter tocado no árbitro principal ou no
árbitro assistente situados no interior do campo.
c) Quando a decisão não é aceita em função de uma suposta quebra das
regras do jogo.

DECISÕES
As linhas pertencem às áreas que delimitam. Consequentemente, as linhas
laterais (cercas) e as linhas de fundo fazem parte do local de competição. Quando
uma partida é jogada em local coberto e a bola atinge o teto após uma ordem para
prosseguir ou qualquer ação de natureza involuntária, uma "bola ao solo" deve ser
realizada abaixo do ponto onde a bola atingiu o teto, salvo quando esse ponto fica
acima da área de pênalti.

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Nesse caso, a "bola ao solo" será executada na marca do pênalti.

CONTAGEM DE GOLS
Além das exceções delineadas nessas regras, um gol deve ser contado
sempre que a bola cruzar completamente a linha entre as traves e abaixo do
travessão, desde que não seja carregada, jogada ou intencionalmente agarrada pela
mão ou braço de algum jogador da equipe atacante. A equipe que marca o maior
número de gols vence o jogo. Se não houver gols marcados, ou se ambas as
equipes marcarem o mesmo número de gols, o jogo será considerado empate.

FALTAS E INFRAÇÕES
As faltas cumulativas devem incluir as faltas técnicas, individuais e
disciplinares.
Um jogador será desqualificado quando cometer cinco faltas individuais
durante a partida. É necessário que ele deixe o campo e seja substituído por outro
jogador.
A intervenção do goleiro em qualquer jogada fora da ÁREA DO GOL será
punida como falta (dos 6 metros).
Ambas as equipes podem cometer até três faltas cumulativas em cada um
dos tempos e podem formar uma barreira defensiva.
Após a ocorrência da quarta falta cumulativa da equipe, todas as faltas
resultarão em três chutes livres da linha de 9 metros sendo dados sem a barreira
defensiva. Essa penalidade dupla deve consistir, em qualquer hipótese, de um chute
livre a gol da equipe que cometeu a falta, em uma tentativa de marcar sem que
nenhum outro jogador toque a bola antes do goleiro ou alguma parte do gol faça a
bola parar. Se a falta ocorrer a uma distância inferior a 9 metros, o jogador pode
optar entre dar o chute da posição onde à falta ocorreu ou do ponto de penalidade
dupla. Em ambos os casos, com exceção do goleiro, nenhum membro da equipe
contrária pode estar a menos de 5 metros da bola ou na área de acesso à bola, nem
impedir de forma alguma a cobrança da penalidade.
Todo jogador que tocar insistentemente em sua venda e na máscara será
penalizado, com falta individual cumulativa.

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Um arremesso lateral será concedido na terceira falta da equipe e uma


penalidade dupla da quarta em diante, para qualquer infração cometida pelo diretor
técnico, atletas-guia ou qualquer outro membro do banco da referida equipe.
As faltas serão divididas em três categorias.
A - Faltas técnicas; B - Faltas individuais;
C - Faltas disciplinares.

A- FALTAS TÉCNICAS
Como medida de segurança, todo jogador que não emitir de forma clara e
audível a palavra "MINHA" ou algo semelhante quando se movimentar na busca ou
na disputa da bola será penalizado após receber uma advertência do árbitro na
forma de FALTA.
TÉCNICA INDIVIDUAL, NÃO CUMULATIVA PARA A EQUIPE.
Da mesma forma, como medida de segurança, todo jogador que, após
movimentar-se para buscar ou disputar uma bola, fizer isso com a cabeça baixa
pondo em risco seu adversário, será penalizado, após receber uma advertência do
árbitro, na forma de uma FALTA TÉCNICA INDIVIDUAL, NÃO CUMULATIVA PARA
A EQUIPE.
As infrações a seguir serão consideradas FALTAS TÉCNICAS se o jogador
as cometer de forma intencional:
A1. Dar ou tentar dar um pontapé no adversário.
A2. Calçar o adversário ou derrubá-lo usando as pernas pela frente ou por
trás.
A3. Empurrar um adversário de forma intencional com os braços ou pés.
A4. Obstruir um adversário de maneira intencional, violenta ou perigosa.
A5. Partir para a bola com ambos os pés.
A6. Controlar, parar ou desviar a bola com a mão, exceto no caso do goleiro
dentro da área do gol.
A7. Segurar-se nas cercas da lateral ao disputar a bola.
A8. Qualquer jogada que não envolva a intenção de ferir um adversário, mas
que se transforme em uma situação de risco para esse adversário será penalizado
como falta.
A9. Obstruir ou se lançar em cima do goleiro quando ele tem a posse da bola.

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PUNIÇÃO
Estas faltas serão cobradas com um chute livre direto a ser executado pela
equipe afetada no ponto onde a infração ocorreu. Caso ocorra na área de pênalti da
equipe ofensora, a penalidade será concedida.

B. FALTAS INDIVIDUAIS
As infrações a seguir serão consideradas faltas individuais:
B1. O goleiro não pode reter a bola por mais de quatro segundos após
recebê-la quando está em posição de jogá-la.
B2. Disputa da bola quando no solo, obstrução de jogo ou empecilho à
movimentação da bola.
B3. Levar mais de quatro segundos para recolocar a bola em jogo nas
seguintes situações: tiros livres, pênaltis, pênaltis duplos, tiro de meta e escanteios.
B4. Usar expressões verbais visando a desorientar ou ludibriar um adversário.
B5. Interromper de forma insistente o silêncio necessário à partida.
O futebol para cegos requer o mais alto grau de silêncio possível para
assegurar que seja bem jogado e para facilitar a orientação dos jogadores.
B6. Reter a bola com ambos os pés quando a mesma poderia ser jogada.
B7. Obstruir a visão ou os movimentos do goleiro adversário.

PUNIÇÃO
A posse da bola deve ser concedida à equipe afetada por meio de um tiro
livre indireto do ponto em que ocorreu a infração. Se isso ocorrer dentro da área de
pênalti da equipe ofensora, o tiro livre indireto será dado na linha de 6 metros, o
mais próximo possível do local onde aconteceu a falta.

C. FALTAS DISCIPLINARES
As infrações a seguir serão consideradas FALTAS DISCIPLINARES por parte
dos jogadores no campo e pelos jogadores no banco – incluindo o diretor técnico, o
assistente técnico, o massagista, o médico e os atletas-guia:
C1. Reclamações repetidas.
C2. Não respeitar as áreas dos atletas-guia.
C3. Não respeitar todas as decisões dos árbitros.

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C4. E todas as atitudes observadas pelos árbitros ou cronometrador que


ponham em risco o desenvolvimento desportivo normal do jogo.

DECISÕES
Se, na opinião dos árbitros, um jogador que se dirige ao gol contrário com
uma oportunidade clara de marcar um gol for intencionalmente impedido por um
adversário por meios ilegais, ou seja, por uma falta passível de punição com um tiro
livre (ou pênalti), impedindo assim que a equipe atacante faça o gol, o jogador
faltoso deve ser expulso por jogo brusco.
Se, na opinião dos árbitros, um jogador que não seja o goleiro, dentro de sua
própria área de pênalti, impede um adversário de marcar um gol ao tocar
intencionalmente na bola, o jogador ofensor deve ser expulso por jogo brusco.
No evento de uma expulsão, o jogador envolvido não poderá retornar ao jogo
em andamento, nem se sentar no banco dos reservas. A equipe pode ser
completada 5 (cinco) minutos após a expulsão, a menos que um gol seja marcado
antes que decorram 5 (cinco) minutos. Nesse caso, o seguinte deve ser levado em
consideração:
a) Se 5 estiverem jogando contra 4 e a equipe numericamente superior
fizer um gol, a equipe com 4 jogadores poderá completar seu número.
b) Se ambas as equipes estiverem jogando com 4 jogadores e um gol for
marcado, ambas as equipes completarão seus números.
c) Se 5 estiverem jogando contra 3, ou 4 contra 3, e a equipe
numericamente superior marcar um gol, a equipe com 3 jogadores só poderá
incorporar um jogador a mais.
d) Se ambas as equipes estiverem jogando com 3 jogadores e um gol for
marcado, ambas as equipes poderão incorporar um jogador.
e) Se a equipe numericamente inferior marcar o gol, o jogo continua sem
que haja alteração no número de jogadores.
O controle do período de 5 (cinco) minutos deve ser assumido pelo
cronometrador ou, no caso de um jogo jogado sem esse posto, pelo árbitro
assistente. O jogador que substitui o jogador expulso precisa receber permissão do
árbitro e só pode entrar em campo quando a bola estiver fora de jogo.

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TIROS LIVRES
Na categoria B1 (totalmente cego), os tiros livres, em todos os casos, serão
TIROS
LIVRES DIRETOS (neste caso, um gol podendo ser marcado diretamente
contra a equipe que cometeu a falta). Quando um jogador executa um tiro livre,
todos os outros jogadores da equipe adversária têm de permanecer a uma distância
de, no mínimo, 5 metros da bola até que ela seja jogada. A bola é considerada em
jogo após percorrer uma distância igual à sua circunferência.
Se um jogador da equipe adversária se aproximar menos de 5 metros da bola
antes de o chute ser efetuado, os árbitros podem insistir em que o tiro seja repetido
até que a regra seja cumprida.
A bola deve estar parada no momento do tiro livre e o jogador que o executa
não pode tocar a bola outra vez até que a mesma seja tocada ou jogada por outro
jogador.

PUNIÇÃO
a) Se o jogador que executa um tiro livre tocar na bola outra vez antes
que a mesma seja tocada por outro jogador, um tiro livre direto será concedido à
equipe adversária no local onde a falta foi cometida, exceto se a falta houver sido
cometida dentro da área de pênalti. Nesse caso o tiro livre direto será executado na
linha de 6 metros, o mais próximo possível do local onde a falta foi cometida.
b) Se a equipe que vai executar o tiro livre demorar mais que 4 segundos
para fazê-lo, o árbitro concederá um tiro livre direto à equipe adversária.

FALTAS ACUMULADAS
Faltas cumulativas referem-se às faltas mencionadas na Regra XII. Após uma
equipe acumular três faltas, só tiros livres diretos serão concedidos contra essa
equipe, independentemente do tipo de infração cometida. Um gol pode ser marcado
diretamente de um desses tiros livres.
As primeiras três faltas acumuladas por cada equipe em cada um dos tempos
precisam ser registradas na súmula do jogo.
Com relação aos chutes livres concedidos para as três primeiras faltas
cometidas por cada equipe em cada tempo da partida, uma barreira defensiva de
jogadores poderá ser usada.

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A partir da quarta falta acumulada, a barreira defensiva não será mais


permitida antes do tiro livre.
a) Os jogadores, com exceção do goleiro defensor e do jogador que der o
chute, que precisam ter sido devidamente identificados, podem permanecer na área,
mas deve permanecer atrás de uma linha imaginária alinhada com a bola, paralela à
linha de fundo e fora da área de pênalti.
b) O goleiro deve permanecer dentro de sua área.
c) Os jogadores da equipe adversária também têm de permanecer a uma
distância de 5 metros da bola e não poderão bloquear o jogador que executa o tiro
livre.
Nenhum jogador poderá cruzar a tal linha imaginária até que a bola tenha
percorrido uma distância igual à sua circunferência.
d) O jogador que executa o tiro livre deve chutar com a intenção de
marcar gol e não pode passar a bola a outro colega de equipe.
e) Após realizar o chute livre, nenhum jogador pode tocar na bola até que
a mesma toque o goleiro, rebata em uma das traves ou no travessão ou saia de
campo.
f) O tiro livre não pode ser executado de uma distância inferior a 6 metros
da linha de fundo. Se uma falta for cometida dentro da área de pênalti, punida
normalmente com um tiro livre indireto, o tiro livre deve ser executado da linha de 6
metros, no ponto mais próximo possível do local onde a falta foi cometida.
g) Após uma equipe cometer sua quarta falta, se qualquer jogador da
mesma equipe cometer uma falta no lado do campo da equipe adversária ou em seu
próprio lado dentro de uma zona delimitada pela linha de centro e a linha paralela
imaginária que corta a segunda marca de pênalti, a 9 metros da linha do gol, o tiro
livre deve ser executado na segunda marca de pênalti. A localização da segunda
marca de pênalti é indicada pela Regra I, 5, e o tiro livre deve ser executado
segundo as estipulações do item 4.
h) Se a partida for prorrogada, todas as faltas acumuladas durante o
segundo tempo do jogo continuarão a ser acumuladas durante o tempo extra.

PUNIÇÃO
Para cada infração a essa regra que possa ter sido cometida:

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a) Pela equipe defensora, o tiro livre deve ser executado outra vez se não
houve gol.
b) Por qualquer jogador da equipe atacante, exceto o jogador que vai
executar o tiro livre, o gol – se houver sido marcado – será anulado e o tiro livre
repetido.
c) Pelo jogador que executa o tiro livre após a bola entrar em jogo, um tiro
livre deve ser concedido à equipe adversária e será realizado no local onde
aconteceu a infração.

PÊNALTI
Um pênalti deve ser cobrado na marca de pênalti e, antes disso, todos os
jogadores – com exceção do jogador que irá cobrá-lo, devidamente identificado, e do
goleiro da equipe adversária – precisam estar no campo de jogo, mas fora da área
de pênalti e a uma distância de no mínimo 5 metros da marca do pênalti. O goleiro
da equipe adversária deve permanecer em sua própria linha de gol, entre as traves,
sem mover os pés até que a bola esteja em jogo. O jogador que cobrar o pênalti
deve chutar para frente, não devendo tocar a bola novamente até que ela tenha sido
tocada ou jogada por outro jogador. A bola deve ser considerada em jogo quando
tiver percorrido uma distância igual à sua circunferência. Um gol pode ser marcado
diretamente a partir da cobrança de um pênalti.
Quando um pênalti é cobrado durante o período normal de um jogo ou
durante o tempo extra, acrescentado ao final do primeiro tempo ou da partida para
cobrança ou nova cobrança de um pênalti, o gol não pode ser anulado se, antes de
passar entre as traves e sob o travessão, a bola tocar uma ou ambas as traves ou o
travessão, ou o goleiro, ou qualquer combinação desses fatores, com a condição de
que nenhuma falta seja cometida.

PUNIÇÃO
Com relação a qualquer infração a essa regra:
a) Cometida pela equipe defensora, o pênalti será repetido se um gol não
foi marcado.
b) Cometida por um jogador da equipe atacante que não seja o cobrador
do pênalti, se um gol foi marcado, esse gol será anulado e o pênalti cobrado
novamente.

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c) Cometida pelo jogador que cobrar o pênalti após a bola estar em jogo,
um tiro livre indireto será concedido à equipe adversária, o qual será executado da
marca de pênalti.

ARREMESSO LATERAL
Sempre que a bola passar completamente por cima das cercas laterais, será
devolvida ao campo de jogo por meio de um arremesso com ambas as mãos do
ponto exato por onde deixou o campo. O arremesso poderá ser feito em qualquer
direção e ser realizado por um jogador da equipe adversária à que tocou pela última
vez na bola.
O jogador que fizer o arremesso deve fazê-lo de frente para o campo com
uma parte de cada um de seus pés tocando o chão. Ambas as mãos devem ser
usadas e a bola deve ser arremessada por trás da cabeça para frente, com ambos
os pés em ângulo reto e em contato com a cerca.

PUNIÇÃO
a) Se o arremesso não for efetuado da maneira correta, deverá ser
realizado por um jogador da equipe adversária.
b) Se um arremesso for realizado de uma posição diferente da que a bola
tomou por cima das cercas laterais, será realizado por um jogador da equipe
adversária.
c) Se um arremesso não for realizado em um período de 4 segundos do
momento em que o jogador toma posse da bola, será realizado por um jogador da
equipe adversária.
d) Se o jogador que faz o arremesso toca a bola novamente antes que ela
tenha sido jogada ou tocada por outro jogador, o arremesso será realizado por um
jogador da equipe adversária.

TIRO DE META
O goleiro só pode se movimentar na ÁREA DO GOLEIRO (5 metros de
comprimento por 2 metros de largura). Se colocar um pé totalmente fora da área
enquanto realiza um tiro de meta, um pênalti será cobrado contra ele.

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Se a bola cruzar a linha de centro sem ter sido tocada ou jogada por um
jogador ou sem ter tocado o chão, o árbitro deve conceder um tiro livre direto em
favor da equipe adversária a partir de qualquer ponto da linha de centro.
Se a bola for tocada ou jogada por um jogador da equipe do goleiro que vai
realizar o tiro de meta ou por um jogador da equipe adversária, dentro da área de
pênalti ou da área do goleiro, o tiro de meta terá de ser repetido.
Se, depois que a bola foi posta em jogo, o goleiro recebê-la novamente de um
colega de equipe, tocá-la ou controlá-la com as mãos, um tiro livre direto será
concedido à equipe C adversária. O tiro livre direto deve sempre ser executado da
posição de onde o jogador retornou a bola.

ESCANTEIO
Sempre que a bola cruzar a linha de fundo, desviada pela equipe adversária,
um escanteio será cobrado. Um chute é dado e seu ponto exato é a 1 metro ao
longo da linha de fundo, na direção do gol, na interseção da linha lateral com a linha
de fundo. Os jogadores da equipe defensiva devem permanecer a uma distância de
5 metros da bola até que a mesma entre em jogo.

PUNIÇÃO
a) Quando o escanteio não é cobrado da forma correta, deve ser repetido.
b) Se o jogador que cobra o escanteio tocar a bola por uma segunda vez
antes que a mesma tenha sido tocada ou jogada por outro jogador, os árbitros
concederão um tiro livre direto à equipe adversária, que será sempre executado no
local onde a falta foi cometida.
c) Se o escanteio não for cobrado em 4 segundos, do momento em que o
jogador toma posse da bola, os árbitros concederão um tiro livre direto à equipe
adversária, sempre da posição de escanteio.

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ANEXO I COMPETIÇÕES COM RODADAS DE CLASSIFICAÇÃO –


OBTENÇÃO DE RESULTADOS

INSTRUÇÕES PARA COBRANÇA DE PÊNALTIS


Condições sob as quais os tiros devem ser executados na marca do pênalti
para determinar qual das duas equipes participantes do jogo que terminou em
empate deverá ser declarada vencedora em uma competição classificatória (para
substituir a seleção de lotes).
Caso tenham que ser cobrados pênaltis para decidir qual das equipes é a
vencedora em uma disputa, as seguintes condições devem ser observadas:
A - O árbitro principal deverá escolher o gol que será usado para os
pênaltis.
B - Uma moeda será jogada para decidir qual equipe cobrará o primeiro
pênalti.
C - Cinco tiros serão dados alternadamente e devem ser dados por cinco
jogadores diferentes. Os capitães de ambas as equipes informarão os nomes dos
cinco jogadores ao árbitro principal, antes do início das penalidades máximas. Esses
jogadores são escolhidos entre os oito jogadores nomeados no começo da partida.
D - Se, após cada equipe cobrar cinco pênaltis, ambas tiverem obtido o
mesmo número de gols, ou até mesmo nenhum, os pênaltis continuarão a ser
cobrados até o momento em que cada equipe tiver novamente o mesmo número de
chutes (não necessariamente mais 5) e uma das equipes tiver marcado um gol a
mais que a outra.
E - Esses chutes adicionais devem ser dados pelos jogadores que não
cobraram os cinco primeiros pênaltis. Após todos eles terem executado um tiro, os
jogadores mencionados no parágrafo (C) devem continuar a cobrar pênaltis na
mesma ordem.
F - Um jogador expulso não poderá cobrar pênaltis na marca de pênalti.
G - Em hipótese alguma os goleiros poderão cobrar pênaltis em nenhuma
das categorias (B1, totalmente cegos, ou B2 e B3, visualmente deficientes).
H - Enquanto os tiros são dados, os jogadores devem estar no local da
competição, na metade oposta do campo onde os pênaltis estão sendo cobrados. O
árbitro assistente controlará essa parte do campo e os jogadores presentes lá.

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CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS ADAPTAÇÕES DA IBSA E


SOBRE AS REGULAMENTAÇÕES DA FIFA
Todos os campeonatos internacionais devem ser inspecionados e aprovados
pela IBSA.

1 OPERAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALTO-FALANTES E DE SOM


1.1 O equipamento deve ficar situado próximo à MESA DE CONTROLE e sua
função será informar de maneira contínua, sempre que um jogo é interrompido,
todas as ocorrências, situações ou modificações que ocorram durante a partida,
assim como anunciar as decisões dos árbitros e tudo o mais que se referir à partida.
1.2 Devem fornecer os meios para solicitação de silêncio à torcida, de acordo
com as ordens dos árbitros.

2 LOCAIS DE COMPETIÇÃO
Todos os locais de competição devem possuir áreas de segurança, com não
menos do que 3 metros de largura, contíguas aos quatro lados do campo e livres de
obstáculos arquitetônicos ou estruturais. Onde a distância for inferior à estipulada,
medidas de segurança necessárias devem ser tomadas visando à proteção dos
jogadores.

3. TAREFAS DOS ATLETAS-GUIA


As tarefas dos ATLETAS-GUIA serão executadas de forma DISCRETA,
RESPONSÁVEL, sem afetar negativamente o desempenho dos jogadores.

3.1 DIRETOR TÉCNICO


Ocupará o banco de reservas correspondente à sua equipe. Deste local, pode
dirigir os jogadores. O setor destinado para essa finalidade – o mais adequado – é o
terço central do local de competição.

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3.2 ATLETA-GUIA POSICIONADO ATRÁS DO GOL

Permanecerá atrás do gol adversário para guiar os jogadores atacantes de


sua equipe. O setor destinado para essa finalidade – o mais adequado – é o terço
final do local de competição correspondente ao gol de ataque.
Deve sempre cumprir essa função sem invadir o local de competição e, sob
nenhuma circunstância, está autorizado a se dirigir ao árbitro para reclamar de suas
decisões. Pode indicar, de forma audível, a posição das traves antes de um
lançamento realizado com a bola parada.

3.3 ATLETA-GUIA DO GOLEIRO


Guiará sua equipe no primeiro terço do local de competição, correspondente à
sua defesa. O critério dos árbitros poderá, sempre que a bola estiver parada, guiar e
orientar seus colegas no momento de lançamentos, cobranças de pênaltis ou
pênaltis duplos, assim como organizar a barreira e a posição dos jogadores quando
um chute for dado em direção ao seu gol.

4. OS ÁRBITROS
A principal função dos árbitros é fornecer às equipes participantes a
possibilidade de praticar um FUTEBOL DE CINCO PARA CEGOS digno de ser
assistido, exigindo obediência às regras por parte dos jogadores, sem, porém,
interromper o jogo em demasia ou sem nenhum motivo. Apitar com frequência
excessiva, dando um "concerto de apitos" só atrapalha os jogadores e também a
torcida, roubando o brilho do espetáculo.

5. PENALIDADES
A aplicação de cartões – amarelos (advertência) e vermelhos (expulsão) –
comprovou ser uma medida preventiva inegavelmente eficaz no campo esportivo,
baseada na premissa de se evitar violência individual e grupal.
5.1 Uma suspensão automática deve ser aplicada, impedindo a participação
na partida seguinte, a qualquer jogador, diretor técnico, atleta-guia, diretor
assistente, médico ou massagista que, na mesma competição, pode receber:
a) Um (1) cartão vermelho: Punição por 1 (um) jogo.
b) Três (3) cartões amarelos: Punição por 1 (um) jogo.

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A suspensão será aplicada de forma automática, independentemente da


decisão posterior do Comitê de Competição.
5.2 O somatório de cartões amarelos recebidos na mesma competição deve
ser mantido durante todos os estágios da partida.
5.3 Durante a competição, um cartão vermelho não anula o somatório de
cartões amarelos recebidos até o momento da expulsão.
5.4 Se, em um dado momento durante a competição, o mesmo jogador, o
diretor técnico, o assistente técnico, o atleta-guia, o médico ou massagista acumular
3 (três) cartões amarelos, assim como 1 (um) cartão vermelho, essa pessoa será
automaticamente punida com uma suspensão por 2 (duas) partidas.
5.5 Qualquer equipe que selecione jogadores de forma irregular em alguma
partida durante o campeonato estará sujeita às seguintes punições:
a) Perda automática dos pontos ganhos, em caso de vitória.
Esses pontos serão automaticamente adicionados ao total da equipe
adversária.
b) Em caso de empate, os pontos seriam dados à equipe adversária.
5.5.1. Uma formação irregular será assim considerada nos seguintes casos:
a) Quando não houver sido registrada a tempo ou de maneira correta.
b) Quando um jogador é incluído na formação da equipe estando em
suspensão automática em função de cartão vermelho ou de uma série de cartões
amarelos recebidos.
c) Quando um jogador das categorias B2 e B3 está incluído na formação.
d) Qualquer escalação indevida por parte do diretor técnico, assistente
técnico, médico ou massagista e atletas-guia será punida com a perda dos pontos
da equipe infratora e esses pontos serão acrescentados aos da equipe prejudicada.
e) Quando nenhuma das equipes opostas pôde apresentar o número
mínimo legal de jogadores para a continuação do jogo, ambas as equipes são
consideradas perdedoras.
6. O Comitê Organizador de cada torneio pode optar por 3 (três)
penalidades a serem impostas a cada equipe em qualquer partida que termine
empatada nos grupos de classificação de semifinais e finais.
6.1. Essa será a definição para determinar a classificação no caso de um
empate quádruplo.
Vale dizer que será a quinta opção de definição depois de:

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1. Número de vitórias;
2. Diferença de gols;
3. Maior saldo de gols;
4. Menor número de gols marcados contra.
6.2 Essa definição será usada somente em quinto lugar (consulte o item 6.1)
e não deve modificar de forma alguma a marcação de 1 (um) ponto por empate na
classificação.

SUBCOMITÊ DE FUTEBOL DE 5 ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE


DESPORTOS PARA CEGOS ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE
FEDERAÇÕES DE FUTEBOL (FIFA) REGRAS DO FUTEBOL DE 5 ADAPTADAS
PARA O FUTEBOL DE 5 PARA DEFICIENTES VISUAIS.

CATEGORIAS B2 E B3.
As regulamentações dessa categoria serão as mesmas da FIFA, com as
seguintes adaptações da IBSA.
1. Deve ser fornecida proteção contra possíveis reflexos de a luz solar ou
de outras fontes luminosas que possam chegar ao local de competição e que
possam alterar ou limitar o desenvolvimento do jogo e a movimentação dos
jogadores.
2. Os goleiros podem ser visualmente deficientes (B2/B3) ou ter visão
total. O goleiro não pode sair jogar ou obstruir parte da partida estando fora de sua
área de seis metros. Se fizer isso, será penalizado tanto com uma falta coletiva
quanto com uma falta individual e com um chute livre direto do local onde ocorreu a
infração quando a equipe ofensora não possuir cinco faltas coletivas (Lei XIV.3). Se
a falta ultrapassar a quinta falta coletiva, nenhuma barreira defensiva será permitida
(Lei XIV.4).
2.1 O goleiro não deve jamais jogar fora de sua área.
2.2 Sob nenhuma circunstância o goleiro cobrará pênaltis.
3. A luz precisa ser uniforme e ter a mesma intensidade em todo o
campo. Não são admitidas variações de intensidade de nenhuma espécie.
4. A bola usada nessa categoria será branca, verde ou laranja, ou de
qualquer cor que possa facilitar sua localização.
5. Os árbitros devem pertencer às federações afiliadas à FIFA.

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6. Todo jogador que cometer cinco faltas individuais durante a partida


será desqualificado, terá de abandonar o campo e poderá ser substituído por outro
jogador.

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REFERÊNCIAS

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