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Mensagem do Autor 3
Os 4 Princípios 6
Mensagem Final 11
Os princípios que regem a relação entre o médico e seu paciente são os mesmos desde os
tempos de Hipócrates. Cuidar, ouvir, confortar, ter um relacionamento próximo com seu
paciente, entender e participar das suas angústias, são diretrizes éticas, nortes, que o
profissional deve ter na sua formação e aplicar em sua atuação. Contudo, é evidente que
a medicina romântica de outrora não mais existe. A medicina como vivida até o final de
1980 possuía um componente muito forte de confiança, mas também era atrelada a uma
posição, por vezes autoritária e paternalista, em que, ao mesmo tempo que o doente não
tinha voz ativa, o médico era responsável por tomar, sozinho, as difíceis decisões sobre
os tratamentos e procedimentos, numa relação absolutamente vertical. Com o avanço da
tecnologia, o advento da medicina de grupo, a formação médica com um foco cada vez
mais na doença, calcada em múltiplas possibilidades de exames complementares, o
olhar, o tocar e o ouvir foram se distanciando da prática profissional, afastando do
consultório a medicina baseada em evidências. Por outro lado, o paciente também
assumiu uma postura mais defensiva diante de tantas informações de fácil acesso pela
internet, smartphones, além dos noticiários que, diuturnamente, divulgam casos de
“erros médicos”. Trata-se, sem sombra de dúvida, de uma nova relação médico paciente,
que não pode ser catalogada como melhor ou pior do que a “antiga” relação, mas
“diferente”. E ambos atores e partícipes ativos desta nova forma de relacionamento terão
que se adaptar e compreender as angústias e dificuldades para o melhor aproveitamento
em prol da saúde. O médico não é o culpado pela má prestação dos serviços de saúde,
tanto no âmbito privado quanto público, mas apenas mais uma vítima. Tanto as
péssimas condições do atendimento público, quanto as mazelas dos serviços privados
colocam os profissionais de saúde como padeceres dos mesmos males que acometem
seus pacientes: a chamada mistanásia ou eutanásia social. Por tal razão é que, juntos,
devem se esforçar, não para retomar a “antiga” relação, mas resgatar as históricas
diretrizes, adaptando-as à nova realidade da relação médico-paciente.
Este e-book tem, justamente, esta missão: colaborar para o resgate dos princípios que
devem direcionar a relação entre médico e paciente, aplicando-os às novas situações
diárias.
3º. Autoridade.
A Autoridade é um princípio de grande relevância na relação.
Você só consegue estabelecer uma saudável interlocução com
seu paciente se demonstrar que tem conhecimento a respeito
do tema. Como já apontamos nos princípios anteriores, o
paciente hoje tem acesso a uma gama muito grande de
informações e o médico deve estar preparado para isso. O
paciente deve admirar o profissional que lhe atende. Se você
está com um problema e necessita contratar um advogado,
certamente vai pesquisar sobre seu caso antes na internet, vai
estudar o assunto e quando chegar ao profissional vai querer
“checar” se ele realmente sabe o que está dizendo, tal qual
como acontece nas consultas médicas e nas demais relações
atuais. Todavia, se profissional se apresentar confuso, com
informações contraditórias, certamente não demonstrará
“autoridade” no assunto, encerrando a relação naquele
momento. De certo, não terá adiantado em nada percorrer os
caminhos da “reciprocidade” e da “confiança” se houver
conteúdo para demonstrar ao seu paciente, transmitindo
segurança e domínio sobre o assunto. O médico deve
demonstrar firmeza, conhecimento e habilidade para
conquistar seu paciente de maneira perene, fiel e saudável.
4º. Ética.
Primun non nocere ou, “primeiro, não prejudicar.” A ética é a base
das relações humanas. Não aquela “codificada”, de cunho
“profissional”, mas a estabelecida para o convívio saudável em
sociedade, a partir das boas relações humanas. Estamos falando de
conduta, de forma de agir, de consciência quanto ao que,
moralmente, é certo ou errado. O médico que se utiliza da
fragilidade de seu paciente para obter qualquer vantagem
indevida, seja de cunho financeiro, emocional, físico, além de
cometer uma infração sob o ponto de vista profissional, quebra o
fator mais importante desta relação, já visto anteriormente: a
confiança. Entretanto, a ética é uma via de mão dupla. O paciente
que procura o serviço médico apenas para obter um “atestado
gracioso”, visando faltar ao trabalho, não age com ética e,
portanto, não colabora para o estabelecimento de uma boa
relação. Por vezes, há que se observar que a conduta adotada não
será “ilegal”, sob o ponto de vista das normas de direito, mas
absolutamente imoral e não aceita pelo convívio social. Assim,
tanto o médico quanto o paciente devem agir de maneira
escorreita, a fim de preservar esta relação sagrada e importante.
Como já citado, não cabe ao paciente procurar o serviço de saúde
apenas para obter algum “proveito”, como também não pode o
médico, por exemplo, fazer qualquer solicitação indevida, como
um pagamento “extra” se está atendendo pelo SUS. Aliás, não
sendo uma situação de urgência e emergência, pode o médico
renunciar ao atendimento, comunicando previamente, desde que
assegure a continuidade dos cuidados e forneça toda as
informações necessárias ao médico que lhe suceder, reforçando a
ideia de que se trata de uma relação que envolve uma postura
correta de ambos os partícipes, ou seja, médicos e pacientes.
Os 4 Princípios da Relação Médico Paciente 10
Mensagem Final
Um dos pilares da relação entre o médico e seu paciente é o
chamado “dever de informação” e que, num ambiente saudável,
deixa de ser uma “obrigação”, passando a uma evolução natural.
O paciente tem direito de saber todas as informações sobre seu
diagnóstico, prognóstico, os objetivos do tratamento, a fim de que
participe dos processos decisórios e exerça sua autonomia de forma
plena. Entretanto, há casos que a própria comunicação pode causar
dano ao paciente ou à própria relação, momento em que o médico
deve fazê-lo, se possível, a um terceiro que o represente. Este é o
espírito ético desta sagrada relação: a atuação ética, em prol do
melhor a ser feito ao paciente. E, uma vez construída em bases
sólidas de reciprocidade, confiança e autoridade, a atuação ética
torna-se uma consequência natural.
Não nos esqueçamos, jamais, que: “A Medicina é uma profissão a
serviço do ser humano e da coletividade”, sendo que o “alvo de toda a
atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá
agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.”
(Princípios do exercício profissional, contidos no Código de Ética
Médica).
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