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IRMÃO PODE NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA ABRIR INVENTÁRIO

TESE
Diógenes Duarte Sobral
omaci2008@gmail.com

Toda legislação para a petição se baseia no CPC/73 e no CC2002, vigentes por ocasião da abertura do
inventário em set/2014.
A petição suscitando a ilegitimidade da parte para propor a abertura do inventário tem como base o Art. 3º;
13º, I e 283 do CPC 73, (Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à
propositura da ação.).
Em síntese a tese é de que na propositura da ação os requisitos mínimos de admissibilidade (interesse
processual, legitimidade das partes e a possibilidade jurídica do pedido formulado) devam ser provados
documentalmente, e em caso negativo é inepta a ação devendo o magistrado não acolhê-la com base no
Art 283, 284 e 295, II do CPC/73.

Para justificarmos a tese defendida iremos provar que um irmão, apesar de legitimado na “Linha sucessória”
como passível de obter o status de “herdeiro”, carece de circunstâncias específicas que, caso não se
configurem, impedem que este venha a ser considerado herdeiro.
Na realidade, apesar de o CC estipular que “com a morte a herança passa imediatamente aos herdeiros”, a
qualidade de herdeiro tem de ser provada documentalmente.
Todos os agentes elencados pelo Art 988 do CPC/73 possuem esta possibilidade de fazer prova positiva de
sua condição, no entanto em se tratando dos herdeiros (988, II) estes são divididos em classes e mesmo o
CC/02 em diversas ocasiões deixa patente tal situação.
Mesmo os arts. de 1830 a 1839 não falam em momento algum dos colaterais e ordenam a sucessão entre
possíveis “herdeiros necessários”.
Apenas no caso de inexistirem os herdeiros necessários é que a sucessão se abre aos colaterais os
alçando a condição de herdeiros, tendo mesmo o art 1840 do CPC/73, indicado serem os colaterais uma
classe distinta de sucessor, eis que carecem da verificação da inexistência inequívoca de herdeiros
necessários para que alcem ao status de “herdeiros”.
Outros artigos deixam patente tal ilegitimidade, em especial o Art. 20 do CC/02, que trata de ações por
ofensa a honra, boa fama e respeitabilidade do morto ou ausente:
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem
pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
(Vide ADIN 4815) Ver tópico (59954 documentos)
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção
o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

O Art. 22 do CC/02, que trata da curadoria dos bens de ausentes:


Da Curadoria dos Bens do Ausente
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois
anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. Ver tópico (6189 documentos)
§ 1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta
ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
CPC 73
NOTE QUE EM NENHUM MOMENTO OS COLATERAIS FIGURAM COMO LEGÍTIMOS A CURADORIA
DOS BENS DO AUSENTE E NA FALTA DE HERDEIROS NECESSÁRIOS (CÔNJUGES/COMPANHEIROS,
ASCENDENTES OU DESCENDENTES), FICANDO PATENTE SUA QUALIDADE DE SUCESSORES DE
SEGUNDA CLASSE

Por fim temos a confirmação desta tese com o que define o Art. 30, § 2º onde apenas os herdeiros
necessários são considerados a imissão da posse dos bens de um ausente, deixando patente a
ilegitimidade de um colateral em exercer prerrogativas exclusivas de uma classe de herdeiros da qual não
faz parte.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles,
mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será
excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro
designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros,
poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.

Desta forma em que pese o Art. 1829 elencar a linha sucessória a que alguém assuma o status de
“herdeiro”, deixando claro em seu título que se trata de “vocação hereditária a sucessão” e não
determinação de condição de herdeiro sumária; em caso de falecimento, tais condições têm de ser,
necessariamente, comprovadas por todos os agentes, elencados pelo Art. 988, sendo que em se tratando
de herdeiros (988, II do CPC/73) apenas os herdeiros necessários podem fazer prova positiva de sua
condição, dada a qualidade de sua vocação hereditária (uma certidão de casamento, nascimento, uma
identidade, uma declaração de união estável, etc... tudo seria o necessário e suficiente para comprovarem
sua condição de herdeiro).
No caso dos colaterais nunca, de plano, seria possível determinar este status, eis que ele depende da
inexistência de qualquer um dos herdeiros necessários.
É fato que poderíamos provar a inexistência dos ascendentes com as certidões de óbito da falecida, mas
como provar que ela não possuía filhos? Apenas com um ofício à Receita Federal solicitando informações a
respeito da inexistência de indivíduos cuja mãe seja a falecida poderíamos ter esta certeza (ainda com
agravante de poder existir filhos registrados em outros países);
Como provar a inexistência de um companheiro que detenha uma Declaração Pública ou particular de
União Estável?
Ou seja, a condição de herdeiro somente poderia advir de uma ação declaratória autônoma ou nos próprios
autos do inventário após todas as diligências, levantamentos dilações probatórias ao qual o colateral
poderia pleitear solicitando sua habilitação em um inventário já aberto, mas nunca procedendo a abertura
deste.
É patente que os colaterais carecem de legitimidade para propor a abertura do inventário por não estarem
inclusos nos agentes especificados nos Art. 987 e 988 do CPC/73.
Também a Jurisprudência deixa patente esta condição precária e condicional aos colaterais para que
figurem como “herdeiros”, eis que em diversos julgados são preteridos de tal condição bastando apenas o
aparecimento de herdeiros necessários. Em nenhuma situação (além das elencadas em casos específicos
de atentados contra a vida, integridade, honra, etc, do falecido(a), e outras situações específicas), um
herdeiro de fato seria destituído de sua condição, o que deixa claro que alçar ao status de herdeiro depende
de prova inequívoca desta condição, sendo que a alguns tal prova independe de outras circunstâncias
externas e alheias, o que não ocorre com os colaterais.

A pergunta a ser feita então é: Irmão é herdeiro? A resposta é Não, mas possui vocação para vir a sê-lo, se
certas circunstâncias.
Na realidade todos os habitantes do mundo tem vocação hereditária, bastando que certas circunstâncias
ocorram (um testamento, um título de crédito, etc).
Mas em se tratando de legitimidade para a abertura do inventário é necessário que esta legitimidade possa
ser provada imediatamente à abertura deste, e se isto não puder ocorrer por comprovação documental na
propositura da ação de inventário, juntamente com a inicial, de acordo com o que prevê o art 283 do
CPC/73, tal distribuição carecerá dos requisitos básicos fundamentais e indispensável para a ação,
acarretando a necessidade de sua extição.
Todo processo para se iniciar e ser considerado válido exige agente capaz (legitimidade ativa e/ou passiva),
interesse processual (demonstrado com a própria propositura da ação) e objetivo jurídico legal e possível de
ser atendido.
Sem estes três elementos fundamentais, impossível que uma ação possa se desenvolver ou ser aceita.
Aqui uma observação de que existem casos em que alguma deficiência pode ser detectada para a
configuração das condições essenciais da ação, cabendo ao juiz solicitar que esta deficiência seja sanada
antes da aceitação da ação, mas no caso em tela nunca o irmão poderia comprovar sua condição de
“herdeiro” em razão da inexistência de herdeiros necessários, ou a inexistência de outros casos descritos
como legítimos de cordo com o Art. 988, CPC/73.
Foi abordado como jurisprudência não relacionada a ação em tela uma ação em que a justiça determinou a
exclusão do irmão do polo passivo sob a argumentação de que a existência de companheira, meeira,
afastaria sua condição de herdeiro e, assim, sua legitimidade.
É justamente esta visão, que consideramos correta, que vocação hereditária, conforme o título do CC/2002,
Título II, Capítulo I, “Da ordem da vocação hereditária”, não é consumação de fato mas uma predisposição
existente e carecerá das devidas comprovações documentais e condicionais para a definição do status de
herdeiro.
Vocação, como entendimento léxico comum, é a predisposição para que algo se materialize no futuro, o que
não torna tal previsão determinante e conclusiva.
São necessários certos requisitos para que a vocação se materialize em realização.
O garoto promissor tornar-se jogador; o aluno dedicado tornar-se aquele médico, advogado ou engenheiro;
aquela menina que sonhava em ser bailarina finalmente exercer seu ofício; e certamente um vocacionado a
herdeiro tornar-se de fato um.
E certo que algumas qualidades de herdeiro são materializadas apenas com o nascimento.
Basta que haja o nascimento de uma pessoa para que o vínculo hereditário aconteça (tanto entre
ascendentes com relação a sua prole, como o contrário).
Ainda mais longe podemos ir para afirmar que em todos os casos, mesmo os em que a dilação probatória é
simples, dependendo apenas de um documento de identificação ou certidão de nascimento; até as mais
complexas como a dos credores que dependem de demonstrar de forma cabal a existência do referido
crédito e/ou título creditício que forma tal relação jurídica, passando pelos cônjuges, que o fazem com a
devida certidão de casamento; os companheiros com as declarações públicas ou privadas de união estável;
os herdeiros testamentários, que dependem da abertura do testamento para comprovarem sua condição
como desejo do(a) falecido(a); e todas as demais situações previstas, em todos estes casos é possível de
plano comprovar sua condição de herdeiro ou sua legitimidade para abertura do inventário (nos casos de
que tratam não os herdeiros mas os credores, a fazenda pública, administrador dos bens, etc, por exemplo),
mas em nenhuma destas hipóteses poderia o colateral comprovar a inexistência de herdeiros das classes
anteriores de acordo ao que estabelece o Art. 1829, CC/2002, impossibilitando, assim, que este faça prova
positiva de sua condição de herdeiro e legitimidade para a propositura da abertura do inventário.
É notório, fatual e exigência legal, que a legitimidade seja comprovada de forma inequívoca, em todos os
casos, na propositura da ação, sem a qual, não se podendo fazê-lo de forma objetiva, não se pode buscar
no decorrer do processo que se obtenha tal conclusão, a não ser nos casos dos processos que buscam
exatamente definir tais situações e vínculos (em uma ação declaratória ou de reconhecimento de união
estável, por exemplo).
Não se pode servir de uma ação de inventário para que no decorrer desta ação se busque a
comprovação da legitimidade ativa para propor a própria ação.
É certo que se pode pleitear neste tipo de ação a declaração da condição de herdeiro aos habilitantes ,
mediante solicitação e comprovação de forma objetiva e conclusiva, no entanto na propositura da ação se
exige a legitimidade ativa elencada pelos agentes indicados pelos Arts. 987 e concorrentemente os outros 9
descritos no 988 do CPC/73.
Todos os elencados pelo Art. 988 do CPC/73 podem documentalmente e de forma imediata comprovarem
sua condição, no entanto no tocante aos herdeiros apenas 3 qualidades podem de plano comprovarem tal
condição e assim obter a legitimidade necessária para a abertura do inventário. Estes seriam os
ascendentes, os descendentes e os cônjuges/companheiros.
Nunca os colaterais conseguiriam sem uma dilação probatória necessária comprovarem a
inexistência de um herdeiro necessário vivo. Não poderiam fazer prova negativa de tal fato e seu
desconhecimento não se pode afirmar inexistência e desta forma, como sua condição de herdeiro é
condicionada a inexistência dos herdeiros necessários não se pode de plano atribuir-lhe tal status na
propositura da ação, mas apenas após um transcorrer da ação e das provas carreadas aos autos.
Mas grave ainda o fato em tela, eis que o inventariante sabia da existência de companheiro de fato,
atestada por ele próprio em documento assinado e entregue a FAPES/BNDES (doc xx).
Além deste documento com força probante, de acordo com o que expressa o Art 212, I e 219 do CC/02,
outros elementos diversos oriundos do inventariante, referentes a diversos e-mails trocados entre este e o
habilitante dando conta das tratativas para composição amigável entre o inventariante e o habilitante,
inclusive com o reconhecimento judicial da união estável no processo movido pelo habilitante na 9 Vara de
Família, demonstram cabalmente sua ciência do fato e da existência da referida união entre o habilitante e
sua finada irmã.
Temos aqui um exemplo claro de litigância de má-fé, além de fraudes, coação de testemunhas e outras
transgressões mais, como será demonstrado adiante.
Não se pode conjecturar como um ato jurídico viciado tão relevante pode passar despercebido a tantos e
por tanto tempo, mas aqui temos um exemplo claro disto.
Para que um seja validado é essencial que certos preceitos fundamentais estejam presente sob pena de
nulidade absoluta.
Importante frisar que neste tocante é de fundamental importância que inicialmente, para a formação da
própria relação jurídica, alguns elementos e preceitos fundamentais devem existir, sob pena de
invalidação ou anulação até mesmo do processo como um todo.
Nesta seara, a própria formação do processo depende da existência prévia, de certos pressupostos legais
que, inexistindo acarretariam na não aceitação de plano da petição inicial pelo magistrado.
Dentre estes pressupostos temos o INTERESSE PROCESSUAL, A LEGITIMIDADE E A POSSIBILIDADE
JURÍDICA DO PEDIDO.
Estes pressupostos devem estar presentes no momento da distribuição e não se pode, ao longo do
processo, verificar sua existência pois que, em caso negativo, inócuos serão todos os atos e a validade do
processo como um todo, o que configuraria uma total perda de tempo e recursos.
Este é o caso em tela e além de demonstrarmos de forma cabal a ILEGITIMIDADE DA PARTE ATIVA
quando da distribuição do processo, atentando frontalmente com o que determina o CPC/2002 e o CC/73,
conforme artigos elencados no início (vigente por ocasião da distribuição).
Além deste fato condutor à nulidade processual que se afigura patente, também iremos demonstrar a total
má-fé da parte autora que desde o início, mesmo antes da formação processual, conduziu de forma vil a
situação desejando apenas se utilizar do processo e da inventariança alcançada para minar e desconstituir
o legal detentor do direito sobre a herança jacente, de forma que sem estes poderes ardilmente
conquistados, e sem toda sorte de factoides, falsas afirmações e litigância de má-fé adotada, certamente
seria de uma clarividência tal a existência da relação de união estável entre a falecida e o habilitante que
após a retirada de todo entulho e lama lançados sobre o processo e os fatos não se poderá chegar a
conclusão diversa correspondente a verdade sobre os fatos.
Sem mais delongas vamos aos fatos.

ILEGITIMIDADE
É evidente que a legitimidade da parte autora não ficou comprovada quando da formação e distribuição do
processo e mesmo a incidental legitimidade, precária e circunstancial, conquistada com a sentença
desfavorável ao habilitante no processo original de Reconhecimento Post Morten de União Estável, que
será motivo de ação Rescisória já em análise pela Defensoria Pública da 9VF, em função da nulidade do
inventário e da ilegitimidade em figurar no polo passivo daquela demanda, além de outros motivos que
serão apontados no mesmo processo. Desta forma, todo processo tornou-se viciado, como
demonstraremos a seguir.
De acordo com o que preceitua o Art. 987 do CPC/73, cabe a abertura do inventário a quem estiver na
posse dos bens a serem inventariados.
O artigo 988 do CPC/73, contudo, elenca 9 agentes com capacidade e legitimidade concorrente para fazê-
lo, caso quem detiver a posse dos bens a inventariar não o faça em tempo hábil (60 dias, de acordo com o
Art. 983, do CPC/73).
Focaremos apenas no que foi invocado pelo autor para legitimá-lo, que foi ser único herdeiro da falecida
(988, II, do CPC).
É certo que o autor não se intitulou exatamente como herdeiro, o que de fato não era, mas como “único
irmão da falecida”, e desta forma de fundamental importância para a aceitação da petição inicial seria a
verificação se, conforme instituído pelos Arts. 283 do CPC/73 e 1829 do CC/02, esta condição havia com a
inexistência dos herdeiros necessários o que desqualificaria totalmente o irmão a sucessão, eis que em
caso positivo este não figuraria como herdeiro, mas apenas como irmão da falecida, possuindo sem dúvida
INTERESSE, na herança, mas nenhuma LEGITIMIDADE sobre ela.
Fica claro que a condição de irmão não torna tal colateral imediatamente legítimo herdeiro.
Muita confusão ocorre com a leitura não tão atenta e objetiva do Art. 1829 do CC, eis que podemos ser
levados a engano pelo termo “A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:”.
Como podemos perceber o Art. 1829 não versa sobre quem é ou não herdeiro, mas quem tem ou não
vocação para vir a ser dentro dos laços de parentalidade. Aqui as 4 classes de herdeiros são elencadas e
ordenadas para que se possa determinar qual sua posição dentro desta hierarquia o que, com a existência
de elemento de classe superior, exclui totalmente os demais das classes inferiores da condição de herdeiro.
Assim, a posição dentro desta linha hereditária para cada classe de potencial herdeiro é definida pelo Art.
1829 do CC/2002, indicando estar os colaterais elencados como legitimados a alçarem a condição de
herdeiros,
Acontece que o art. 1829 não versa sobre a determinação de que os elencados em seus 4 incisos
possuem a condição de herdeiros naturais do falecido(a), o que apenas acontece com os ascendentes e
descendentes que desde o nascimento (dos filhos em relação ao falecido e do própria falecida em relação
aos pais). Todos os outros dependem de circunstâncias específicas para alçarem a condição de herdeiro
sendo que os cônjuges, com o casamento; os companheiros, através declaração pública ou privada de
existência de união estável, ou seu reconhecimento post morten; e os colaterais com a inexistência dos
herdeiros necessários.
Uma nota importante, aqui, é que após julgar o Recurso Extraordinário nº 878.694/MG, onde ficou decidido
pela inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil de 2002, o Superior Tribunal Federal extinguiu a
diferenciação ao tratamento entre os companheiros na união estável e os cônjuges na relação matrimonial,
de acordo com o princípio da igualdade, previsto pelo art. 5º, bem como o da proteção da família, art. 226 e
seus incisos, ambos da Carta Magna de 1988, alçando o companheiro a primeira classe na linha sucessória
e excluindo, assim, sua concorrência com ascendentes ou colaterais.
É certo que os herdeiros necessários podem facilmente comprovar de forma imediata e cabal tal condição
através da apresentação de documentos que atestam tal condição como a certidão de nascimento e/ou
casamento da falecida juntamente com seus documentos de identificação;
Os filhos com suas respectivas certidões de nascimento e/ou documentos de identificação;
Os cônjuges com sua certidão de casamento e sua identificação;
Os companheiros com a Declaração pública ou privada da existência da união estável.
No caso dos colaterais, em que pese poder demonstrar de forma cabal a inexistência de ascendentes, pois
para isto bastaria a apresentação das respectivas certidões de óbito; e de cônjuges, bastando para tal
apresentar a certidão de nascimento (o que a princípio comprovaria sua condição de solteira, mas que
poderia ser uma cópia antiga retirada antes de um eventual casamento);
No caso da inexistência de companheiro não se poderia fazer prova negativa da existência, de plano,
(apenas prova positiva com a apresentação dos documentos elencados acima – Declaração publica ou
privada de União Estável).
Desta forma, pela impossibilidade de provar de forma inequívoca a inexistência desta classe de herdeiros
necessários, os colaterais não possuem Legitimidade ativa para a abertura do inventário.

Podemos concluir desta forma que, com exceção dos herdeiros necessários, todos os outros HERDEIROS
EVENTUAIS, carecem de certas condições para alçarem a condição de HERDEIRO de fato, certo que até
que tais condições ocorram não se podem auto intitular herdeiros e, assim, possuírem as prerrogativas
inerentes a esta condição e a legitimidade que a eles é imputada.
Ou seja, a condição de herdeiro para a propositura da ação de inventário quando da distribuição da
inicial do inventário deve ser anterior a sua distribuição e possível de ser determinada
documentalmente juntamente com a inicial, conforme determina o Art 3º e 283 ambos do CPC/73 .
É certo que conforme preceitua o Art 3º do CPC/73, o irmão possui interesse, acontece que nenhuma
legitimidade. Para isto o suposto e autointitulado “irmão herdeiro universal” deveria poder provar sua
legitimidade de forma cabal demonstrando que não existiam herdeiros necessários vivos e que não havia
realmente testamento. A certidão cartorária supre a prova da inexistência de testamento, mas e quanto a
inexistência de herdeiros necessários vivos?;
Como dito anteriormente, é certo que o falecimento dos genitores poderia ser provado com as devidas
certidões de óbito, apesar de que mesmo neste caso poderíamos estar diante de homônimos, senão
quantos filhos os “Josés da Silva” teriam? Mas no caso de sobrenomes tão peculiares, apesar de que não
tão incomuns na comunidade italo-brasileira, as probabilidades de homônimos para pai e mãe
simultaneamente, seria pequena.
Mas em se admitindo que realmente os pais são comuns, o seu óbito anterior a propositura da ação de
inventário deveria ser provado documentalmente, na propositura da ação, não podendo o Juizo se valer da
simples afirmação ou declaração do autor.
Não fosse assim, por analogia, também a simples declaração de ser o habilitante companheiro da falecida
deveria ser aceita como verdade absoluta, pelo princípio da equidade de direitos e valor probante.
Aqui outro ponto importante que poderia elucidar em muito a convicção do magistrado quando definiu não
ser possível naquela ação determinar a existência da união em função de que não havia documento hábil
nem a concordância dos colaterais.
Acontece que existe a concordância do colateral comprovada em documento assinado pelo inventariante
atestando tal situação fática e dando a devida notoriedade, documentos estes revestidos de legalidade e
força probante em razão do que determina os Arts. 334, II; 348; 353; 368 e 373 do CPC/73, e Art. 212, I do
CC/02
Tal documento é representado pela declaração assinada e enviada a FAPES (BNDES).

Provar que se é um herdeiro necessário, único que carece de outras confirmações e/ou condições
Em que pese o art 1829, IV, habilitar os irmãos na linha sucessória, tal status só se atinge caso não existam
herdeiros necessários ou inventário do falecido(a).
Ou seja, o art 1829 não define os irmãos como herdeiros, mas os habilita na linha sucessória para que
possivelmente venham a ser, caso não haja herdeiros necessários ou testamentários.
Seguindo neste raciocínio, antes da propositura da abertura do inventário deveria este comprovar de forma
cabal não existirem herdeiros necessários vivos.
No caso em tela o inventário deveria ter sido aberto de ofício, conforme entendimento do:
Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas nos
artigos antecedentes o requerer no prazo legal
Posto isto notório que a abertura do inventário se deu de forma totalmente ilegítima atentando ao que
determina os Arts. 3º, 282, 283 do CPC/73 e , assim, necessário se faz seu desfazimento, conforme
determina o art 267, IV e VI CPC/73 (art 485, IV e VI, NCPC) e 295, II CPC/73 (330, II do NCPC).

Sendo detectada a ausência de uma das condições da ação, o autor da demanda será considerado
carecedor da ação o feito será extinto sem que o seu mérito seja analisado. De acordo com a doutrina
majoritária, a carência da ação poderá ser alegada a qualquer instante do curso processo, mais
precisamente, tão logo ela seja verificada, inclusive, em fase de apelação caso reste vencido na demanda.

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