Você está na página 1de 2

Anual Especial Diurno

Direito Penal Especial


Victor Eduardo Rios Gonçalves
Data: 24/09/2012
Aula 14

RESUMO

SUMÁRIO

1) Furto qualificado (continuação)


1.1) Emprego de chave falsa
1.2) Concurso de duas ou mais pessoas
1.3) Veículo automotor

1) Furto qualificado (continuação)

1.1) Emprego de chave falsa

O conceito de chave falsa abrange:

a) A cópia feita sem autorização (cópia clandestina);

b) Qualquer instrumento capaz de abrir a fechadura. Estão aqui incluídos os instrumentos que têm outra
finalidade qualquer (chaves de fenda, grampo de cabelo, clipe de papel) e também os objetos conhecidos
como “mixas” ou “gazuas”, que são confeccionados pelos próprios ladrões para servir como chave falsa.

Alguns ladrões conseguem dar a partida no carro fazendo uma junção de fios sobre o painel e esse tipo de
ligação direta não constitui chave falsa (para tanto, é preciso introduzir algum objeto).

Quem usa fraude para obter a chave verdadeira responde pela qualificadora da fraude.

1.2) Concurso de duas ou mais pessoas

É possível que o juiz condene uma só pessoa e aplique a qualificadora, desde que exista prova do
envolvimento de outra que por razão não pode ser punida. Ex.: por ser menor, por ser filho da vítima, por ter
morrido, por não ter sido identificado etc.

A qualificadora se aplica tanto para casos de coautoria quanto de participação, porque o texto legal se refere
indistintamente a concurso de pessoas, abrangendo, portanto, todas as hipóteses de concurso. Quando a lei
quer restringir algum instituto à coautoria o faz de forma expressa, como no art. 146, §1º.

É possível a qualificadora ainda que uma só pessoa tenha estado no local praticando o furto, desde que tenha
contado com a prévia ajuda de um partícipe.

Encontra-se, atualmente, pacificado no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o


entendimento de que não constitui bis in idem o reconhecimento concomitante da qualificadora do furto em
concurso material com o delito de quadrilha, porque a razão dos institutos é diversa. Na quadrilha, o que se
pune é o perigo que representa para a coletividade a associação viando à prática reiterada de crimes. No furto
qualificado, o que se pune é a maior dificuldade que a vítima encontra para a defesa do seu patrimônio,
decorrente da união de pessoas.
De acordo com a Súmula do STJ nº 442, “é inadmissível, no furto qualificado pelo concurso de pessoas, a
majorante do roubo”.

1.3) Veículo automotor

A pena é de reclusão de 3 a 8 anos se o furto for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou país. A doutrina costuma dizer que são necessários dois requisitos:

a) Intenção de levar o veículo para outro Estado ou país, desde o momento do crime;

b) Que o ladrão consiga transpor a divisa ou a fronteira na posse do veículo.

Se o ladrão furta um carro em SP e fica com ele na cidade de SP por mais de 10 anos e depois vai passar o
carnaval no RJ com o veículo, não surge a qualificadora quando ele passar para este Estado.

Se o ladrão furtou o carro há 4 horas na cidade de SP e está levando o automóvel para o PR, mas o carro é
apreendido ainda em SP, responde por furto consumado e sem a qualificadora do §5º.

Furto qualificado
Art. 155, § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior.

2 de 2

Você também pode gostar