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CENTRO ESPÍRITA AGANJUÊ

Rua Joaquim Maia, nº 455 – Pedregulho – Guaratinguetá – SP


C.N.P.J. 48.976.492/0001-81 - Fone (012) 3133 5214 - Fundado em 06/01/1972
Reconhecido como de Utilidade Pública através da Lei Municipal nº 1.412/75

UMBANDA – ORIGEM E SINCRETISMO


A Umbanda nasceu principalmente de diversas seitas africanas trazidas
ao Brasil durante a escravatura. Elas sofreram muitas modificações antes
de se transformarem numa religião tipicamente brasileira , quase que
completamente divorciada de sua origem. As alterações , todavia , não
ocorreram de uma só vez , nem provieram de uma fonte apenas.
Verificaram-se por etapas , caracterizadas por quatro fases distintas.

1° Fase: a primeira grande mudança foi consequência da forma de


ser efetuado o tráfico de escravos. Eram capturados e enviados ao Brasil,
desordenada e indistintamente, indivíduos de todas as regiões da África,
sem seleção ou agrupamento tribal. Dessa maneira, misturavam-se numa
mesma senzala, negros procedentes das mais variadas nações, cada qual
com seu costume, cultura e religião próprios: os Nagôs, os Congos, os
Guiné, os Angola, os Keto, os Bantos,os Madagascar, etc. Alguns eram
mais ignorantes e primitivos, outros bem adiantados e com mais
conhecimentos, que os próprios senhores portugueses, na maioria
analfabetos. Os malês, por exemplo, sabiam ler, escrever e conheciam o
Corão, visto que seu idioma era o árabe. Pela obrigatoriedade de
convivência mútua, impossibilitados de agruparem de conformidade com a
tribo a que pertenciam e pela necessidade de continuarem a celebrar o
ofício religioso, foram se adaptando e se entrosando, o que possibilitou a
fusão de suas crenças e culturas. Formaram, assim, uma verdadeira colcha
de retalhos, misturando expressões idiomáticas, hábitos alimentares,
condutas, usos regionais e abraçando uns os ritos dos outros.

2° Fase: a segunda fase consistiu na introdução de novas


modificações e acréscimos, quando da fuga dos escravos, principalmente
dos que se evadiam para o interior. Buscavam abrigo e alimento junto aos
índios que m a princípio desconfiados, terminaram por aceitá-los, apenas
por sua cor diferenciar-se da dos brancos a quem temiam e odiavam. Em
decorrência dessa evasão, não dispunham de local apropriado ou de
apetrechos especiais para executarem seus rituais. Começaram a
improvisar, tomando emprestado dos índios o terreiro e mesmo algum
material que substituísse o usado normalmente nas práticas religiosas.
Ambos os lados passaram, assim, a trocar informações e ensinamentos,
fundindo suas crenças e magias. Dessa mesclagem de línguas, costumes e
práticas, surgiram novas alterações, Outros negros evadidos agrupavam-se

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CENTRO ESPÍRITA AGANJUÊ
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em quilombos, sob a chefia de um líder, misturados ou não aos indígenas,


adotando uma ritualística específica. Alguns conseguiram manter mais ou
menos inalterados os fundamentos primitivos, outros foram obrigados a
grandes reestruturações, pela necessidade de adaptação. Diversos aceitaram
as concepções indígenas, por se assemelharem às suas. Dessa maneira, cada
quilombo adquiriu um culto particular e, para designar cada um, nasceu o
termo “banda”, com o significado de fundamento religioso de um grupo,
expressão que permanece até hoje.

3° Fase: a terceira etapa do sincretismo caracterizava-se pela


influência dos portugueses, os quais professavam o catolicismo. Por
considerarem erroneamente a religião africana politeísta e bárbara, eles e,
com mais afinco, os jesuítas, tentavam incutir sua crença nos escravos.
Doutrinavam e ensinavam-lhes o catecismo, obrigando-os a participar das
missas realizadas. Começaram a cercear sua liberdade religiosa, proibindo-
os de praticar o ritual de seu povo. Coagidos a dissimular e ocultar o
próprio credo, ardilosamente os negros usavam o subterfúgio de colocar,
nos altares improvisados nos terreiros das senzalas, imagens de santos
católicos, sob as quais escondiam a verdadeira representação das
divindades que homenageavam. Desse ardil nasceu uma associação de
veneração a entidades africanas e católicas, de tal forma que até hoje, em
certas invocações e incorporações não se consegue fazer distinção entre
elas.

4° Fase : a quarta etapa de grande modificação sobreveio após a libertação


dos escravos. A característica de grande número de seitas africanas e
indígenas era o culto dos antepassados, fundamentado na crença da
reencarnação. Consideravam os espíritos dos velhos e crianças da aldeia
como protetores, a quem recorriam. Além deles, invocavam outras
entidades, consideradas também em evolução, mas que os ajudavam nas
horas de necessidade. Por isso for muito fácil a aceitação e assimilação de
muitos aspectos do Espiritismo, recém-difundido nas elites brasileiras, por
volta de 1873. Pelo denominador comum da mediunidade e invocação dos
espíritos, foi natural esta penetração de informações. Quando da abolição
da escravatura, a religião africana havia sofrido tantas adições, subtrações e
renovações que já não se tornava possível um confronto com o verdadeiro
credo inicial. Nesta época consolidou-se a aceitação dos Santos Católicos,
admitidos como Espíritos Superiores, na categoria dos Orixás. Foi um
período em que tantas eram as inovações incorporadas por uns e repudiadas
por outros, que nasceu uma profusão de terreiros, com liturgias variadas,
resultando o Candomblé de Caboclo, o Candomblé de Preto -Velho, a
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Pajelança, o Catimbó, o Toré, etc, nos diversos estados do país. Houve


ainda nesta época uma nova absorção sincrética, com a introdução do
ocultismo oriental que fortalaceu a magia já existente , consolidando e
dando mais vigor ao uso dos banhos de descarga, dos defumadores e dos
trabalhos mágicos. No início do século XX, portanto, o abandono de certas
práticas, a absorção doutrinária espírita, a adoção do ensinamento ocultista
oriental, deram uma feição completamente diferente aos cultos já tão
modificados. Surgiu uma concepção inteiramente nova que levou a uma
religião específica – a UMBANDA, através do Caboclo das Sete
Encruzilhadas, entidade espiritual que fundou a Umbanda. Este fato
ocorreu na sessão da Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro (então
sediada em Niterói), a 15 de novembro de 1908, por intermédio
da mediunidade de Zélio Fernandino de Moraes, no distrito de Neves,
em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro.

UMBANDA : UMA RELIGIÃO


Segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Hollanda , “religião é um
sistema solidário de crenças e práticas relativas a coisas sagradas que
unem em uma mesma comunidades moral todos os que a ela aderem.”
Com base nesse conceito, pode-se afirmar que a Umbanda é uma
Religião. A fusão de outros credos e as pequenas diferenças de ritos nos
terreiros não invalidam tal classificação. Variações litúrgicas são passíveis
de ocorrer não apenas em religiões tradicionais, como em todas aquelas
que, por motivos diversos tenham sofrido influências de terceiros.
Por sua doutrina se caracterizar pela infiltração de outros costumes,
pela falta de coesão e de origem única, deve-se considerar-se “eclética”, ou
seja, composta e elementos oriundas de várias fontes.
É essencialmente brasileira, porque, apesar de baseada em cultos
afro-ameríndios e com doutrina e rituais absorvidos por outras fontes,
desenvolveu-se e consolidou-se num credo apropriado à evolução,
temperamento, cultura e anseio do povo brasileiro.
Não representa, portanto, uma simples seita africana, como
pretendem muitos, apesar de ter com algumas delas vários pontos de
contato. Ressente-se ainda de um código e uma ritualística padronizada.
Apesar de alguns ritos diferenciados, a Doutrina de Umbanda, pode
ser resumida da seguinte maneira:

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1. Na existência de um Deus, único, onipotente e


onisciente, criador de todas as coisas.

2. Em Orixás e em Entidades Espirituais, em plano


superior de evolução, responsáveis pela organização
dos mundos e que neles habitam.

3. Em Entidades Espirituais sábias e bondosas, porém


necessitadas ainda de reencarnação para seu
aperfeiçoamento.

4. Em seres da natureza e nas energias cósmicas que,


manipulados com sabedoria e bondade, sob a forma de
magia, auxiliam a peregrinação do homem.

5. Na imortalidade do Espírito sobrevivendo à morte


física, a caminho da evolução.

6. Na reencarnação, possibilitando o aprendizado e


aprimoramento do Espírito.

7. Nas Leis espirituais, como a Lei do Carma, instituindo


que cada ação gera uma reação oposta e da mesma
intensidade.

8. Nos Sacramentos, como o cruzamento, o


descruzamento, o batismo, o matrimônio, a coroação,
etc.

9. Na necessidade do ritual como elemento mágico e


disciplinador.

10. Na prática da mediunidade, sob as mais variadas


modalidades, com o objetivo de caridade material e
espiritual.

11. No respeito às demais religiões, porque todas


constituem caminhos de progresso espiritual que
conduzem a Deus.

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