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TOXICOLOGIA - RHANANY ALAN CALLOI PALOZI

7 ª Aula

ANÁLISES
TOXICOLÓGICAS
Nesta aula, abordaremos tópicos que dizem respeito ao estudo das análises
toxicológicas e a investigação da presença de xenobióticos nos vários ma-
teriais biológicos, utilizando diversas metodologias para este fim.

Boa aula!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

• entender quais os componentes das fases pré-analítica, analítica e pós-analíti-


ca;
• compreender quais os materiais biológicos são utilizados para a investigação
da presença de xenobióticos;
• assimilar os tipos de métodos utilizados na análise toxicológica.

SEÇÕES DE ESTUDO

SEÇÃO 1 – Introdução às análises toxicológicas


SEÇÃO 2 - Xenobióticos: determinação em material biológico
SEÇÃO 3 - Métodos de análise toxicológica
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SEÇÃO 01 INTRODUÇÃO ÀS ANÁLISES TOXICOLÓGICAS

A maioria dos pacientes envenenados pode ser tratada com sucesso sem maiores
contribuições do laboratório de análises clínicas, além da bioquímica clínica de rotina e da
hematologia. Isso é particularmente verdadeiro para os casos em que não há dúvida sobre o
xenobiótico envolvido e quando os resultados de uma análise quantitativa não afetam a tera-
pia (CASARETT, 2009).
No entanto, as análises toxicológicas podem desempenhar um papel útil se existir
dúvida no diagnóstico, nestes casos, tanto a administração de antídotos ou agentes de prote-
ção é contemplada, bem como o uso de terapia de eliminação (KLAASEN, 2013).
As relações do analista com casos de envenenamento são geralmente divididos em
fases pré-analítica, analítica e pós-analítica (ver tabela 1).

Tabela 1. Etapas na realização de uma avaliação investigação toxicológica analítica.


PASSOS A SEREM SEGUIDOS AÇÃO
FASE PRÉ-ANALÍTICA
Obtenha detalhes da admissão atual, inclu-
indo quaisquer evidências circunstanciais de
1.
envenenamento e resultados de investigações
bioquímicas e hematológicas.
Obtenha o histórico médico do paciente,
se disponível, certifique-se de acesso à(s)
2.
amostra(s) apropriada(s) e decida as priori-
dades para a análise.
FASE ANALÍTICA
3. Execute as análises adequadas/solicitadas.
FASE PÓS-ANALÍTICA
Interprete os resultados e discuta-os com o
4.
médico que é responsável pelo paciente.
Realize análises adicionais, se for indicado,
5. nas amostras previamente colhidas ou em out-
ras amostras do paciente.
Fonte: Adaptado de CASARETT, 2009.

XENOBIÓTICOS: DETERMINAÇÃO EM MATERIAL BIO-


SEÇÃO 02
LÓGICO

Amostras de vários fluidos e órgãos corporais diferentes são necessárias, para uma
correta investigação, pois drogas e venenos apresentam afinidades variadas para os diver-
sos tecidos do corpo. Para o início da análise, é fundamental que o manuseio de todas as
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amostras seja autenticado e documentado. Fluidos e tecidos devem ser coletados antes do
embalsamamento ou preparo do corpo para sepultamento, pois este processo irá diluir ou al-
terar quimicamente os xenobióticos ali presentes, tornando sua detecção difícil ou impossível
(KLAASSEN, 2018).
Embora os laboratórios de toxicologia forense normalmente recebam amostras va-
riadas como sangue, urina, tecido hepático e/ou conteúdo estomacal para identificação de
xenobióticos, eles têm sido cada vez mais chamados para enfrentar os desafios analíticos de
muitos tipos alternativos de amostras. Matrizes não tradicionais, como medula óssea, cabe-
los, humor vítreo e unhas, entre outras, podem ser submetidas ao laboratório. Por exemplo,
ocasionalmente, é solicitada uma análise toxicológica ou casos de restos queimados, exuma-
dos, putrefatos ou esqueléticos. Finalmente, em corpos gravemente decompostos, a ausência
de sangue e/ou a escassez de tecidos sólidos adequados, levaram à coleta e posteriores testes
de larvas que se alimentam do corpo (DINIS-OLIVEIRA; CARVALHO; BASTOS, 2015).
Antes de iniciar a análise, vários fatores devem ser considerados, incluindo a quanti-
dade de amostra disponível, a natureza do xenobiótico procurado e a possível biotransforma-
ção do mesmo. Em casos que envolvem a administração oral, o conteúdo gastrointestinal é
analisado primeiro porque grandes quantidades do xenobiótico residual não absorvido podem
estar presentes. A urina pode ser analisada a seguir, visto que o rim é o principal órgão de
excreção da maioria dos venenos e altas concentrações de tóxicos e/ou seus metabólitos estão
frequentemente presentes na urina. Após a absorção do TGI, drogas ou venenos são transpor-
tados para o fígado antes de entrar na circulação sistêmica geral; portanto, a primeira análise
de um órgão interno é realizada no fígado (FILHO; CAMPOLINA; DIAS, 2013).
Um conhecimento profundo da biotransformação de medicamentos é frequentemen-
te essencial antes de uma análise ser realizada. O composto original e quaisquer metabólitos
farmacologicamente ativos principais devem ser isolados e identificados. Muitos testes de
triagem, como os imunoensaios, são especificamente projetados para detectar não o medica-
mento original, mas seu principal metabólito urinário (PASSAGLI, 2018).
A análise pode ser complicada pelas mudanças químicas normais que ocorrem du-
rante a decomposição de um cadáver. A autópsia e a análise toxicológica devem ser iniciadas
assim que possível, ou seja, logo após a morte. No entanto, muitos venenos como arsênico,
barbitúricos, mercúrio e estricnina são extremamente estáveis e podem ser detectados muitos
anos após a morte (FILHO; CAMPOLINA; DIAS, 2013).
Os laboratórios de toxicologia forense analisam as amostras usando uma variedade
de procedimentos analíticos. Inicialmente, testes inespecíficos projetados para determinar a
presença ou ausência de uma classe ou grupo de analitos podem ser realizados diretamente
nas amostras. Exemplos de testes usados para rastrear drogas como as fenotiazinas, anfeta-
minas, benzodiazepínicos e derivados de opiáceos, entre outros podemos citar o teste colo-
rimétrico conhecido como FPN ou os imunoensaios. Hoje, a cromatografia gasosa acoplada
à espectrometria de massa (GC-MS) e a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de
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massa (LC-MS) são as metodologias mais amplamente aplicadas em toxicologia e são ge-
ralmente aceitas como identificação inequívoca para todos os medicamentos/drogas/venenos
(KLAASSEN, 2018).

SEÇÃO 03 MÉTODOS DE ANÁLISE TOXICOLÓGICA

TESTES COLORIMÉTRICOS

Muitas drogas e outros venenos, se presentes em concentração suficiente e na au-


sência de compostos interferentes, geram cores características com reagentes apropriados.
Alguns desses testes são, para fins práticos, análises qualitativas de triagem, mas vale dizer
que compostos contendo grupos funcionais semelhantes ao analisado também irão gerar co-
res parecidos com a do composto de interesse, e, portanto a interferência de outros venenos,
metabólitos ou contaminantes é esperada (BATISTUZZO; CAMARGO; OGA, 2008).
Outras complicações são a descrição da cor observada, e como é muito subjetivo,
mesmo em pessoas sem comprometimento da visão, pois as cores produzidas geralmente
variam em intensidade e também podem ser instáveis. Muitos desses testes podem ser rea-
lizados de forma satisfatória em tubos de ensaio de vidro transparente. No entanto, o uso de
uma placa cromatográfica fornece um fundo uniforme para avaliar todas as cores produzidas,
e também minimiza os volumes de reagentes e amostras que precisam ser utilizados (OGA;
CAMARGO; BATISTUZZO, 2014).
Ao realizar testes colorimétricos, é sempre importante analisar simultaneamente
com a amostra de teste:
a) um branco de reagente, ou seja, uma amostra apropriada conhecida por não conter
o composto (s) de interesse; se o teste for realizado na urina, então deve-se usar urina como
branco (sem analito).
b) uma amostra positiva conhecida em uma concentração apropriada (controle). Se
o teste for realizado na urina, idealmente a urina de um paciente/voluntário conhecido por ter
tomado o composto em questão deve ser usada. No entanto, isso nem sempre é praticável e,
como saída, é possível utilizar uma urina enriquecida, que nada mais é que a urina em branco
para a qual uma quantidade conhecida do composto sob análise foi adicionada.

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Figura 1- Separação de pigmentos de tinta preta usando a cromatografia em camada delga-


da (CCD)

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromatografia_em_camada_delgada#/media/Ficheiro:TLC_bla-
ck_ink.jpg. Acesso em: 21 dez. 2020.

A cromatografia de camada delgada (CCD), pode ser usada também como uma téc-
nica semiquantitativa, que envolve o movimento por ação capilar de uma fase líquida (ge-
ralmente um solvente orgânico) através de uma camada uniforme de fase estacionária (ge-
ralmente sílica gel) mantida em um rígido ou suporte semirrígido, normalmente uma folha
de vidro, alumínio ou plástico. Os compostos são separados por partição entre o dispositivo
móvel e fases estacionárias. A CCD é relativamente barata e simples de executar, e pode ser
uma técnica qualitativa poderosa quando usada junto com alguma forma de pré-tratamento
da amostra, como extração com solvente. Contudo, algumas separações podem ser difíceis de
reproduzir. A interpretação dos resultados também pode ser muito difícil, especialmente se
houver uma série de drogas ou metabólitos presentes (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO,
2014).

ESPECTROFOTOMETRIA ULTRAVIOLETA VISÍVEL

A espectrofotometria ultravioleta visível é uma técnica analítica quantitativa relacio-


nada à absorção de radiação UV (180–390 nm) ou visível (390–780 nm) por espécies quími-
cas em solução. Essas regiões do espectro eletromagnético fornecem energia que dá origem
às transições eletrônicas. Por causa da sobreposição das vibracionais transições e rotacionais,
o espectro UV-visível dos analitos em solução mostra uma delicada sensibilidade de tria-
gem. Por esse motivo, a técnica não é comumente usada para identificação (embora todas
as moléculas tenham um comprimento de onda de absorção máxima), mas é uma das mais
amplamente utilizadas para análises quantitativas. Sob condições experimentais controladas,
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a quantidade de radiação absorvida pode estar diretamente relacionada à concentração do


analito na solução. Esta técnica pode ser usada para quantificar as espécies orgânicas (prin-
cipalmente no espectro UV) e inorgânicas (principalmente no espectro visível) (PASSAGLI,
2018).
O principal problema encontrado com esta técnica são possíveis interferências nos
processos de purificação de amostra, tal como extração de solvente ou microdifusão. O es-
pectrofotômetro pode ser do tipo de feixe único ou feixe duplo. Com um instrumento de feixe
único, a luz passa da fonte através de um monocromador e, em seguida, através de uma célula
de amostra para o detector. Já em instrumentos de feixe duplo, a luz do monocromador passa
através de um dispositivo de divisão de feixe e, em seguida, por meio de amostra separada e
células de referência para o detector (DINIS-OLIVEIRA; CARVALHO; BASTOS, 2015).

Figura 2 - Espectrofotômetro de feixe simples

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Espectrofot%C3%B4metro#/media/Ficheiro:Componentes_de_un_
espectofotometro.jpg. Acesso em: 21 dez. 2020.

Figura 3- Espectrofotômetro de feixe duplo

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Espectrofot%C3%B4metro#/media/Ficheiro:Schematic_of_UV-_
visible_spectrophotometer.png. Acesso em: 21 dez. 2020.

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RETOMANDO A AULA

Chegamos, assim, ao final da nossa aula. Esperamos que te-


nha ficado mais claro entendimento de vocês sobre Análises
Toxicológicas. Vamos, então, recordar:

SEÇÃO 1 – INTRODUÇÃO ÀS ANÁLISES TOXICOLÓGICAS

Na seção 1, observamos que no processo de investigação das alterações fisiológicas


possíveis de serem rastreadas no paciente exposto ao xenobióticos, encontram-se setores do
laboratório de análises clínicas como a bioquímica clínica e a hematologia. Também abor-
damos que o processo de análise é dividido em fases pré-analítica, analítica e pós-analítica.

SEÇÃO 2 - XENOBIÓTICOS: DETERMINAÇÃO EM MATERIAL BIOLÓ-


GICO

Na seção 2, vimos que os materiais biológicos utilizados para a determinação de


xenobióticos podem ser os mais diversos possíveis, desde sangue até medula óssea ou unhas.
Também vimos que, até mesmo larvas que se alimentaram do corpo, podem ser utilizadas. Na
sequência, salientamos que metabólitos gerados a partir de um composto primário podem ser
dosados para comprovar a exposição/ingestão de determinado xenobiótico.

SEÇÃO 3 - MÉTODOS DE ANÁLISE TOXICOLÓGICA

Na terceira e última seção, aprendemos que os principais métodos utilizados para a


detecção de xenobióticos em amostras biológicas são baseados em ensaios colorimétricos,
nas cromatografias e nos métodos por espectrofotometria ultravioleta visível. Devemos nos
lembrar que cada uma das técnicas apresenta vantagens e desvantagens e devem ser utilizadas
nas situações em que melhor se apliquem.

SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES, VÍDEOS E FILMES:

LEITURAS

SMITH MP, BLUTH MH. Forensic Toxicology: An Introduction. Clin Lab Med.
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2016 Dec;36(4):753-759. doi: 10.1016/j.cll.2016.07.002. PMID: 27842791. Disponível em:


https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27842791/. Acesso em: 18 ago. 2022.

MINHAS ANOTAÇÕES:
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