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Periodização Na Musculação
Periodização Na Musculação
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Periodização na musculação
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
B757p
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7655-529-2 (recurso eletrônico)
A musculação vem sendo reportada nos últimos anos por uma variedade de
livros e artigos científicos. Na minha opinião, estamos esquecendo que a
Educação Física é uma área aplicada em que as informações descritas e
produzidas pela comunidade científica devem ser facilmente transportadas à
prática.
Este livro traz um grande número de informações que ainda estão guardadas
nas pesquisas, que, em sua maioria, são as maiores dúvidas e questionamentos
presentes em cursos de extensão, graduação e pós-graduação.
De forma muito didática, um dos objetivos principais da obra é mostrar a
aplicabilidade de métodos e sistemas de treinamento de força. Um ponto
interessante que me chamou a atenção é a organização do treinamento, sendo
descrita a progressão do indivíduo iniciante ao avançado.
Para completar o entendimento do leitor, também há um direcionamento
sobre os modelos de periodização clássico e contemporâneo, e, mais uma vez, o
autor foi cuidadoso em mostrar a aplicação prática de forma muito clara e
objetiva, por meio da montagem de programas de treinamento utilizando os
diferentes modelos de periodização.
O livro destina-se não somente a educadores físicos, mas, também, a
profissionais de áreas afins que desejam um maior esclarecimento sobre a
musculação.
Não há dúvidas de que este livro veio para ser um divisor de águas nessa área
e para conduzir o leitor ao completo esclarecimento sobre a musculação.
Tenha uma ótima leitura.
Artur Monteiro
Coordenador dos cursos de especialização em Pilates, Treinamento Desportivo, Personal Training e
Treinamento Funcional da Estácio de Sá, do curso de especialização da UniFMU e dos cursos de
extensão universitária em Educação Física da Estácio de Sá; professor mestre da Unicid, da UniFMU e
da Estácio de Sá.
Prefácio
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Página de Título
Agradecimentos
Apresentação
Prefácio
Introdução
Parte 1 – Conceitos
1 Aspectos mecânicos da força
1.1 Alavancas
1.2 Músculos
1.3 Propriedades mecânicas
2 Elaboração do treino
2.1 Equipamento
2.2 Exercícios
2.3 Sequência de exercícios
2.4 Complexidade
2.5 Número de repetições
2.6 Número de séries
2.7 Intervalos entre as séries
2.8 Descanso entre sessões
2.9 Respiração
2.10 Organização do treinamento
2.11 Variáveis
2.12 Métodos
3 Planejamento
3.1 Objetivos
3.2 Treinamento de força máxima (pura)
3.3 Ações musculares voluntárias máximas
3.4 Hipertrofia (força dinâmica)
3.5 Resistência muscular localizada
3.6 Endurance
3.7 Potência
3.8 Objetivando a qualidade de vida
Parte 2 – Técnicas e exercícios
4 Estruturas de treinamento
4.1 Planejamento
4.2 Programação
4.3 Periodização
5 Exercícios
5.1 Abdominal na barra fixa
5.2 Flexão de braços com impulso
5.3 Avanço
5.4 Avanço com desenvolvimento unilateral
5.5 Subida no banco
5.6 Flexão do quadril
5.7 Extensão do quadril
5.8 Corrida lateral com cinto de tração
5.9 Agachamento com desenvolvimento
5.10 Meio agachamento com salto
5.11 Corrida com cinto de tração preso no crossover
5.12 Corrida de costas com cinto de tração no crossover
5.13 Corrida na esteira com cinto de tração no crossover
5.14 Barra horizontal
5.15 Levantamento dos pés até o ombro
5.16 Leg press unilateral
5.17 Elevação frontal unilateral com extensão do tronco
5.18 Abdominal com medicine ball
5.19 Rotação do tronco com medicine ball
5.20 Barra
5.21 Tríceps no banco
5.22 Supino barra guiada com impulso
5.23 Supino convergente com impulso
5.24 Supino unilateral declinado convergente com impulso
5.25 Flexão lateral da coluna
5.26 Extensão reversa da coluna
5.27 Crucifixo inclinado no crossover
5.28 Desenvolvimento convergente com impulso
Referências
Sobre o autor
Introdução
1.1 Alavancas
Toda alavanca é constituída de uma resistência, que, no caso do corpo
humano, é o segmento e/ou a sobrecarga por ele utilizada; de um apoio, que são
as articulações, as quais permitem a movimentação dos segmentos; e de uma
potência (força), realizada pelos músculos.
As alavancas são divididas em três classes:
1.2 Músculos
Nos músculos, temos estruturas diferentes com propriedades que permitem
extensibilidade, elasticidade, irritabilidade e capaci dade de desenvolver tensão.1
Extensibilidade é a capacidade de estirar, de aumentar o com primento;
elasticidade é a propriedade que permite o retorno ao comprimento, na qual
agem dois componentes básicos:
Fibras tipo I: apresentam cor vermelha; são lentas; produzem menos força;
têm vascularização e capacidade oxidativa maiores; fadigam-se menos; o
substrato energético, o glicídio e os lipídios passam pela via aeróbica; têm
tamanho e número de miofibrilas menores em cada fibra muscular.12,13
Uma pessoa tem, em média, cerca de 50% a 55% de fibras tipo I.9
Fibras tipo II: nos subtipos IIA, IIX (IIB) e IIC; têm cor branca, alta
velocidade de contração, metabolismo predominantemente anaeróbico e
pequena resistência à fadiga.14 O subtipo IIA é considerado intermediário
por conseguir combinar contrações rápidas e uma transferência tanto de
energia aeróbica quanto de anaeróbica; as fibras são classificadas como
rápidas oxidativas e glicolíticas. As fibras do subtipo IIB são de alto limiar
de excitação, sistema energético ATP-CP e glicólise anaeróbica15 e
encontram-se apenas em pequenos mamíferos, como ratos, e não são
expressas nos músculos humanos.16 Nos seres humanos, recebem a
nomenclatura IIX, pois têm genes de miosina de cadeia pesada.17 O subtipo
IIC é raro, indiferente e pode participar da reinervação ou da transformação
das unidades motoras (UMs).18
Alguns estudos têm demonstrado que é possível a transformação das fibras
IIA em IIX, por meio do treinamento de força máxima, e das fibras IIX em IIA,
com o treinamento de hipertrofia. Badillo e Ayestarán20 mostram que também
existem fibras intermediárias entre os tipos IIX (IIB) e IIA: as fibras IIAX e
IICA.21
Alguns trabalhos vêm tentando firmar a transformação das fibras do tipo I
para o tipo II. Um exemplo é a pesquisa de Kadi,17 que mostra uma redução das
fibras I, IIAX e IIX no músculo do trapézio em pessoas treinadas com exercícios
resistidos e uma adaptação de fibras lentas para fibras rápidas por meio de um
treinamento de força combinado com exercícios anaeróbicos.22 Green et al.23
mostram que um treinamento de resistência aeróbica parece ser acompanhado de
um aumento das fibras tipo I e de uma redução das fibras tipo II. Com essas
análises, chega-se à conclusão de que todos os tipos de fibras podem se adaptar,
dependendo somente dos estímulos dados a tais fibras.24
Essas fibras são recrutadas de acordo com a intensidade da ação e os
neurônios que as inervam. Os neurônios que inervam as fibras tipo I são
recrutados facilmente, ao passo que aqueles que inervam as fibras tipo II são
mais difíceis de serem recrutados; com isso, as do tipo I são as primeiras a serem
recrutadas, mesmo quando o movimento é rápido.25 À medida que o movimento
exige maior grau de força, velocidade e/ou duração, o recrutamento é
progressivo entre o tipo IIA e, depois, o tipo IIX.26
A ideia de que os sistemas energéticos respondem de maneira sequencial à
demanda imposta pelo exercício e que o metabolismo aeróbico responde
lentamente a essa demanda, exercendo, portanto, pequena importância na
determinação do rendimento físico em atividades de curta duração em alta
intensidade, é erro comum no treinamento físico, pois os processos anaeróbicos
e aeróbicos de produção de energia para a realização do exercício físico não
ocorrem isoladamente.27
Os segmentos do nosso corpo têm cargas diferentes que interferem na força e
no volume muscular. O peso relativo dos membros é de: pé, 2%; perna, 5%;
coxa, 12%; mãos, 1%; antebraço, 2%; braço, 3%; cabeça, 7%; e tronco, 43%.29
2.1 Equipamento
Os equipamentos podem ser aparelhos com peso fixo (polias, placas de peso e
barras guiadas) nos quais o cliente realiza o movimento padrão das máquinas,
tornando o treinamento interessante em alguns aspectos, como rápida adaptação
de peso, maior conforto e maior segurança com a utilização de grandes cargas. A
atualização de pesos livres (barras, halteres e anilhas) tem algumas vantagens
muito interessantes, como a realização de movimentos similares aos da vida e
dos esportes, o fato de permitir movimentos multiarticulares e de utilizar toda a
musculatura estabilizadora para realizar o exercício.31 A combinação entre pesos
livres e máquinas é imprescindível, uma vez que os pesos livres exigem mais da
musculatura, levando-a à exaustão mais rapidamente, o que não acontece com as
máquinas.32 Ambos são de fundamental importância para o desenvolvimento da
força e da estética; um dando maior segurança e permitindo um uso de carga
maior, e o outro exigindo mais dos músculos agonistas e estabilizadores.
2.2 Exercícios
A escolha dos exercícios é de fundamental importância para o sucesso do
treinamento; o ângulo em que o exercício será realizado pode ter uma ação mais
rápida e específica para os ideais do cliente. Exercícios multiarticulares que
envolvem várias articulações são mais aconselhados para iniciantes, pois geram
um estresse mecânico distribuído entre diversas articulações e criam exigência
de vários grupos musculares, como supino, agachamento e remada sentada. Os
monoarticulares, que isolam uma única articulação, são indicados para trabalhar
mais isoladamente um grupo muscular, causando maior fadiga nos músculos,
como é o caso da cadeira extensora, da rosca scott e do tríceps na polia.
2.4 Complexidade
A complexidade dos exercícios deve ser levada em consideração na
sequência. Nos casos de clientes avançados e atletas, a ordem pode ser alternada
entre exercícios de diferentes complexidades.
No trabalho de força de exercício funcional, a ênfase é dada aos exercícios
básicos de força, como agachamento, supino e levantamento terra, os quais
devem ser realizados no começo da sessão, pois a sequência imprópria pode
comprometer a capacidade do atleta.36
2.9 Respiração
Na musculação, há vários tipos de respiração:
2.11 Variáveis
2.11.1 Volume
É um requisito quantitativo:
2.11.2 Intensidade
A intensidade engloba os componentes qualitativos, variáveis mais
importantes na musculação. É a função da força dos impulsos nervosos que o
indivíduo emprega em uma sessão de treinamento, a qual depende da carga, da
velocidade e dos intervalos, e é, normalmente, utilizada pela porcentagem da
CM ou pelas RMs.
O trabalho muscular e o envolvimento do sistema nervoso central (SNC) na
contração máxima determinam a intensidade.42 Ela é representada pelo peso
utilizado, absoluto ou relativo; existem outras formas de intensidade que devem
ser consideradas, como a intensidade máxima absoluta, expressa pelo peso
utilizado, e a intensidade máxima relativa, expressa pela porcentagem de carga
que equivale ao peso máximo. Por exemplo:
Atleta A: levanta 170 kg e seu peso é de 81 kg; sua força relativa é de 2,09.
Atleta B: levanta 220 kg e seu peso é de 118 kg; sua força relativa é de 1,86.
Assim, o atleta B tem mais força absoluta (220 kg) e o atleta A tem mais
força relativa (2,09).24
2.11.4 Densidade
Densidade refere-se à frequência de treinamento e ao tempo de recuperação
tanto em séries quanto em sessões; quanto maior a pausa, menor a intensidade.
Na potência e/ou na velocidade de execução na musculação, há algumas
dependências, como peso utilizado, potência e/ou velocidade de execução e
número de repetições totais e por série. Cada repetição está relacionada a uma
potência, que será determinada de acordo com a qualidade física que se quer; um
desvio excessivo dessa velocidade de execução ou da potência do exercício pode
se dirigir para objetivos diferentes.20 É importante reconhecer que o elemento
psicológico também está classificado na intensidade.
2.12 Métodos
2.12.1 Série única
Na série única, realiza-se apenas uma série de cada exercício; são comumente
realizadas entre 8 e 12 RMs. Este método não consegue resultados melhores que
os das séries múltiplas, mas resulta em alguns ganhos significativos46 e deve ser
utilizado nos primeiros treinos para pessoas de grupos especiais e com pouco
tempo para treinar.
2.12.3 Prioridade
Este é um método específico, que consiste em priorizar um grupo muscular e
realizá-lo no início do treinamento, para que possa ser utilizada a maior carga
para o número de repetições desejado.
Supino.
Abdome.
Remada sentada.
leg press.
Rosca direta.
Elevação lateral.
Flexão plantar.
Tríceps paralelo.
Supino.
Crucifixo inclinado.
Supino declinado convergente.
Peck deck.
2.12.6 Pirâmides
Um dos métodos mais tradicionais na musculação são as pirâmides. Elas
quebram a rotina, mas há o momento certo para serem utilizadas.20
2.12.7 Supersérie
O método consiste em realizar dois exercícios sem intervalo entre um e outro;
ao término dos dois exercícios, realiza-se um intervalo. Visa ao trabalho de
resistência, sendo um método que deve ser utilizado para aumento do número de
repetições da série, hipertrofia e definição quando o número de repetições por
exercício é alto.
A supersérie pode ser realizada de três maneiras:
2.12.9 Pré-exaustão
Este método tem como ideal o melhor trabalho de um músculo e consiste em
realizar um exercício monoarticular, além de, depois, executar um exercício
multiarticular, dando ênfase à musculatura desejada.44 É comum que as pessoas
encontrem certa dificuldade de desenvolvimento da musculatura peitoral, dorsal,
dos glúteos etc., isso porque, nos exercícios multiarticulares, os músculos
menores ou de uma articulação secundária se estressam antes e/ou participam
mais que os músculos principais; essa redução de estímulos acontece em virtude
do comprimento dos segmentos, dos desvios posturais, do encurtamento dos
exercícios ou dos músculos e, às vezes, até de fatores genéticos. É comum
acontecer nos exercícios multiarticulares; um exemplo são exercícios para a
musculatura peitoral: o supino pode vir a estressar primeiro o músculo tríceps
braquial, não estimulando a musculatura peitoral maior o suficiente; isso
também pode acontecer no deltoide clavicular e na musculatura dorsal, pois pode
ocorrer estresse do bíceps braquial antes dos redondos; outro exemplo é o
latíssimo do dorso, como no agachamento, no qual ocorre estresse do bíceps da
coxa semitendínea e semimembranácea antes do glúteo. Porém, como já
mencionado anteriormente, analisando o método de pré-exaustão nos exercícios
leg press e cadeira extensora, pode-se perceber que ocorreu uma redução no
recrutamento tanto do músculo quadríceps quanto do músculo glúteo, o que pode
prejudicar a força.35
Para encontrar alguns exemplos de pré-exaustão, seria preciso realizar uma
série de peck deck ; depois, de supino, ou peck deck dorsal; depois, de remada
sentada, e, ainda, extensão do quadril com tornozeleira; depois, agachamento.
Em pessoas de um grau avançado, pode ser realizada a exaustão do músculo
menor ou da articulação secundária; exemplo disso seria realizar o exercício de
tríceps braquial (monoarticular) antes do de peitoral (multiarticular); tríceps testa
e, depois, supino; rosca scott e, depois, puxada fechada pela frente; e mesa
flexora e, depois, agachamento.
Este método pode ser combinado com o superset ou, até mesmo, com o tri‑set
(realizar sem intervalo de uma série para a outra). Uma das atenções é que a
carga de trabalho do exercício multiarticular deve cair, e é necessário observar se
o estresse no músculo menor e ou na articulação secundária continua.
2.12.11 De 6 a 20 RMs
Apesar de alguns fisiologistas considerarem um método pouco eficaz, tem
grande aceitação entre os fisiculturistas.
Consiste em realizar 3 séries de 6 RMs e, depois, mais 3 séries de 20 RMs,
com uma carga inferior.52 É um dos principais métodos para a obtenção de
resultados tanto de hipertrofia quanto de definição, pois deve ser utilizado em
fase de treinamento, na qual o trabalho de hipertrofia é reduzido para um
aumento do de resistência, porém a força continua sendo muito importante, e, se
ocorrer interrupção brusca de um método de força dinâmica para o método de
resistência, a falta de adaptação interferirá de maneira negativa na intensidade do
treino. Essa transição é fundamental para o aumento no número de repetições e a
manutenção da força; por isso, não é interessante inverter a ordem, em virtude da
utilização de fontes energética.
2.12.14 Série 21
Muito utilizada no trabalho de bíceps, é igual ao método de repetições
parciais: realizar 7 RMs do início do movimento até sua metade, retornar ao
início e, depois, realizar 7 RMs da metade do movimento até o final, retornando
à metade do movimento e uma série final de 7 RMs com o movimento completo.
Deve ser utilizado quando a série do exercício começar ou este já estiver muito
encurtado, sendo importante frisar que, se não houver uma das dificuldades, este
método pode ser utilizado visando a um trabalho de resistência. Deve-se tomar
muito cuidado na escolha dos exercícios e na postura do cliente.
2.12.17 Kamikaze
Inicia-se a série com uma carga que permita realizar de 3 a 5 RMs; chegando
a essa quantidade de RMs, retira-se o peso para que possa ser realizado, em
média, o mesmo número de repetições. Sem parar a execução, deve-se repetir a
retirada de carga até a sua redução total. É um método muito avançado, que
trabalha a força de resistência; é ideal para trabalho de definição e não deve ser
utilizado por muitos treinos. Além disso, em virtude do risco de lesão, promove
grande recrutamento de fibras musculares.30
2.12.18 Roubada
É um método que visa à hipertrofia e ao aumento de força e deve ser utilizado
em momentos distintos do treinamento. Ele rompe barreiras de cargas e consiste
em utilizar um movimento do corpo para vencer o ângulo de maior dificuldade
do exercício. Não deve ser realizado por iniciantes, por pessoas com problemas
posturais, nem por muitos treinos e em grandes grupos musculares.44
2.12.22 Circuito
Consiste na realização de vários exercícios seguidos, que podem ser
realizados com muitas variáveis:
Certo número de exercícios sem intervalo: leg press 45°, puxada aberta para
frente, desenvolvimento, extensora de joelho, supino, abdominal.
Dar intervalos de 15 a 30 segundos entre os exercícios.
Manter um exercício como descanso: mesa flexora, abdominal supino,
abdominal, agachamento, abdominal, remada sentada, abdominal, rosca
direta, abdominal, tríceps testa.
Utilizar exercícios aeróbicos nos intervalos, como esteira e bicicleta.
2.12.24 Superlento
Este método já teve sua “fama”. Nele, busca-se realizar durante 7 a 10
segundos o trabalho concêntrico e, por mais 7 a 10 segundos, o excêntrico,
podendo chegar a 20 a 60 segundos em cada fase, realizando-se de 1 a 5 RMs e
de 1 a 2 séries.53 Consegue manter o músculo por muito tempo com tensão,
estimulando bastante, assim, as UMs; porém, a carga utilizada é pequena, e o
treino torna-se monótono, sendo interessante para pessoas que estão em
reabilitação de lesões musculares.
2.12.25 Exaustão
Este método consiste em realizar as séries até a exaustão, exigindo o máximo
de esforço do cliente em cada série. Estudo realizado pelo ACSM,54 com
duração de 11 semanas, para ver qual seria melhor, o treinamento até a exaustão
ou não, chegou a resultados similares no agachamento e no supino; quando foi
analisada a força máxima, o grupo que treinou até a exaustão aumentou a
resistência no supino.52
2.12.28 TNT
Este método tem como objetivo realizar combinações em modelos de força,
que seriam força pura, hipertrofia e resistência. Um exemplo deste sistema é
trabalhar, na primeira semana, 3 dias de força pura (85% a 100% CM de 1 a 5
RMs, 4 a 8 séries) e 3 dias de hipertrofia (67% a 85% CM de 6 a 12 RMs, 3 a 5
séries). Na segunda semana, 3 dias de resistência (40% a 60% CM, de 15 a 30
RMs, 2 a 4 séries) e 3 dias de força pura (85% a 100% CM de 1 a 5 RMs, 4 a 8
séries). Já na terceira semana, 3 dias de hipertrofia (67% a 85% CM de 6 a 12
RMs, 3 a 5 séries) e 3 dias de resistência (40% a 60% CM, de 15 a 30 RMs, 2 a 4
séries).
Tem como objetivo a transição de treinamento de hipertrofia para resistência
e de força para hipertrofia, ou vice-versa.
2.12.29 Choque
Tem como objetivo realizar o máximo possível de séries em um mesmo
exercício. A carga utilizada deve ser por volta de 60% da CM, e o número de
repetições por séries deve ser até a exaustão. O intervalo entre uma série e outra
deve ser pequeno, entre 30 e 45 segundos, o que fará o número de séries ser
muito grande. As séries devem ser realizadas até a falha e utilizadas em
momento de aumento de resistência e/ou quando se encontrar um platô de
treinamento no exercício. Exemplo: 41 séries de agachamento em 50 minutos.
3 Planejamento
3.1 Objetivos
Para entender os objetivos pretendidos pelos clientes, é preciso investigar os
fenômenos ligados à força, às ações que envolvem o ambiente externo e às
características biomecânicas, fisiológicas e psicológicas.19
Um dos pontos que os profissionais que trabalham com musculação devem
entender é que, para se atingir um objetivo, é necessária a utilização de variações
no treinamento, às vezes descaracterizando-o, para a obtenção de resultados
melhores no futuro e que, antes de formular um treino, o profissional deve
realizar estudos sobre a carga e o treino a serem empregados, seus efeitos
fundamentais positivos e negativos, o ângulo de execução, a velocidade e o
tempo para a melhora do rendimento. A compreensão da Tabela 3.1, criada por
Gomes e Araújo Filho,58 é de fundamental importância para traçar os objetivos
para a musculação.
Tabela 3.1 – Objetivos para a musculação55
3.3.1 Efeitos
Aumento da força máxima, por agir sobre os fatores nervo sos, sem
hipertrofia apreciável.
Melhora da coordenação intramuscular.
Redução da inibição do sistema nervoso central (SNC).
Diminuição do deficit de força.
Aumento da força sem muito volume de trabalho.
3.3.2 Cuidados
Não deve ser realizado em iniciantes, crianças, adolescen tes e grupos
especiais.
Há risco de lesão, caso não seja preparado corretamente.
Deve ser combinado a outros tipos de treino.20
3.4.2 Cuidados
Adequado para iniciantes, desde que o número de repeti ções não seja o
máximo.
Há risco de lesão, caso não seja preparado corretamente.
Tem pouca aplicação para esportistas avançados.20
3.6 Endurance
É o trabalho de resistência de longa duração, com predominância no
metabolismo aeróbico, no qual as contrações podem se manter por muito tempo.
É utilizado para definição muscular em combinações de tri‑set, circuito e outros
trabalhos longos.
Tabela 3.5 – Exemplo de trabalho de endurance
Cargas 25% a 40%
RMs Acima de 30
Séries 4 a 6
Descanso entre as séries Livre
Intervalo entre os treinos 48 a 72 h
Velocidade de execução Média a rápida
Treinos semanais 1 a 3 dias58
3.7 Potência
Significa a taxa em que o trabalho é realizado ou a taxa de transformação da
energia metabólica em trabalho e/ou calor. É realizada, normalmente, por atletas
esportivos em sua preparação física e pessoas que almejam adquirir uma forma
física “atlética”. Ela pode ser determinada por um único movimento ou uma
série de movimentos.62 Durante uma repetição, é calculada pelo peso levantado
multiplicado pela distância vertical, a qual é dividida pelo tempo para completar
o movimento.21 Se levantamos 80 kg verticalmente por 0,8 metro em 1 segundo,
utiliza-se uma potência de cerca de 630 W.
Consegue-se um aumento de potência:
3.7.1 Efeitos
Aumento da força máxima, por agir sobre os fatores nervo sos, sem
hipertrofia apreciável.
Melhora da coordenação intramuscular.
Redução da inibição do SNC.
Diminuição do deficit de força.
Aumento da força sem muito volume de trabalho.
3.7.2 Cuidados
Não deve ser realizado em iniciantes, em crianças, em ado lescentes e em
grupos especiais.
Risco de lesão, caso não seja preparado corretamente.
Deve ser combinado com outros tipos de treino.20
3.8.1 Emagrecimento
Um dos assuntos que mais estão em moda, o emagrecimento tem sido um dos
principais tópicos nas academias e para personal trainers. O somatório de vida
sedentária, hábitos alimentares inadequados, estresse, ansiedade e facilidades da
vida moderna tem levado a um acúmulo de gordura muito grande nas pessoas,
acarretando vários problemas de saúde, como a obesidade.
Grande parte das pessoas ativas com esses problemas são os próprios
profissionais de Educação Física e da área da Saúde que, por comodismo, não se
atualizam e mantêm um discurso segundo o qual, para emagrecer, é preciso
realizar atividades aeróbicas ; porém, estudos mostram que atividades aeróbicas
combinadas a uma dieta hipocalórica reduzem a taxa metabólica em repouso
(TMR).67 Sem manter a massa livre de gordura (MLG), o organismo não acelera
a perda de peso, quando comparado somente à dieta.68 Outros trabalhos, como
os de Ballor et al.,69 Bryner et al.70 e Henson et al.,71 mostram que essa
combinação pode não evitar perdas da massa corporal magra, reduzindo, assim,
o metabolismo basal. A massa corporal magra é a variável que mais contribui
com o gasto energético total, cerca de 60% a 70%; o efeito térmico dos
alimentos corresponde, em média, a 10%; e a atividade física, 15% para
sedentários e 30% para pessoas ativas.72 Assim, percebe-se que a manutenção
e/ou o aumento da massa magra é de fundamental importância para o
emagrecimento.
Muita importância é dada ao índice de massa corpórea (IMC), mas, para
pessoas que realizam musculação, é mais interessante o uso da MLG, que pode
ser calculado desta maneira:
3.8.2 Idosos
Hoje, o número de pessoas idosas que procuram academias, personal trainers
e outros tipos de atividade física é muito grande. A musculação vem ganhando
espaço na mídia em virtude da grande quantidade de estudos realizados pelo
mundo os quais mostram a importância do exercício resistido para os idosos e
que analisam a melhora da qualidade de vida desse grupo.
Os idosos normalmente são mais frágeis, menos condicionados, têm um risco
maior de lesões ortopédicas, de complicações cardiovasculares e pulmonares. A
redução da habilidade torna-se um ponto desencadeador de alterações na
composição corporal, como perda de massa muscular, e na densidade óssea.84 A
redução de massa muscular e força ocorre em virtude dos processos
neuromotores progressivos e da redução no nível diário de sobrecarga
muscular.85 Alguns estudiosos, como Hartman et al.,86 avaliaram a utilização da
musculação para a economia de movimentos de homens idosos. Durante 26
semanas, notou-se aumento de massa muscular e de força, e concluiu-se que a
musculação facilita as ações do dia a dia do idoso.
Uma pesquisa128 analisou dois grupos de idosos entre 53 e 72 anos de ambos
os sexos. Um dos grupos realizou 3 séries de 10 RMs, e o outro 3 séries de 15
RMs. Os resultados demonstram melhoras dos idosos que realizaram 3 × 10
RMs no teste de sentar e levantar e dos que realizaram 3 × 15 RMs no teste de
subir escadas. Isso demonstra a adaptação à especificidade do treinamento, uma
vez que os testes foram realizados com o mesmo número de repetições.
Já se sabe que realizar musculação uma vez por semana é suficiente para
promover ganhos de força em idosos.87 Muitos trabalhos buscam descobrir a
frequência ideal. Wieser e Haber88 realizaram uma estrutura de treinamento com
idosos em que eram efetuados 8 exercícios de musculação 2 vezes por semana,
durante 12 semanas; na primeira semana, realizou-se uma série de cada
exercício; na segunda, 2 séries; e, depois, acrescentou-se uma série a cada 4
semanas. Foram obtidos os resultados:
Estudo de Orr,89 realizado com 120 idosos durante 12 semanas para avaliar a
melhora do equilíbrio por meio do treinamento de potência, utilizou quatro
grupos, que treinaram com cargas diferentes: 20%, 50% e 80% da CM e um
grupo controle. Notou-se que todos tiveram um aumento no equilíbrio, quando
comparados ao grupo controle; os que utilizaram as menores cargas tiveram uma
melhora maior.
Collander et al.90 realizaram um treinamento em jovens e idosos com um
trabalho de 3 séries de 8 a 12 RMs, 3 vezes por semana, para membros inferiores
durante 16 semanas. Os resultados demonstraram um aumento de 18% das fibras
vermelhas e de 25% das fibras brancas nos jovens; já nos idosos, ocorreu o
aumento apenas nas fibras brancas, em um total de 16%, e as vermelhas não
sofreram mudanças significativas. Nos estudos de Verdijk et al.,91 que comparam
as células-satélite de idosos e jovens, percebeu-se manutenção dessas células nas
fibras vermelhas e redução nas fibras brancas, o que leva a crer que a grande
perda de fibras brancas no envelhecimento tem influência da redução das
células-satélite.
Esses estudos mostram que os resultados com idosos são evidentes e, com
isso, favorecem os idosos na sua qualidade de vida, no que diz respeito a fatores
como sarcopenia, acúmulo de doenças crônicas, alterações no sistema nervoso,
alterações hormonais, estado nutricional, atrofia por desuso, redução da
flexibilidade, estabilidade postural, risco de queda etc., muito bem relatados pela
ciência, tornando, assim, os idosos mais independentes.83
3.8.5 Diabetes
O diabetes é uma doença crônico-degenerativa caracterizada por absoluta
(diabetes tipo 1) ou relativa (diabetes tipo 2) deficiência de insulina.98
Existem vários estudos que mostram indireta e diretamente os benefícios da
musculação para o diabéticos, como o de Tabata et al.,103 em que se comprova
que o treinamento de musculação prevenido causa declínio no conteúdo de
GLUT-4; o de Zachwieja et al.,104 que relaciona o aumento de massa muscular
esquelética a um aumento da sensibilidade à insulina; e a demonstração via
biópsia muscular realizada por Tesch, Colliander e Kaiser105 de que homens
treinados em musculação têm uma concentração de glicogênio elevada em
relação aos não treinados. Como a mas-sa muscular não é o único fator
determinante para a sensibilidade à insulina, é preciso analisar outros fatores,
como a redução da gordura corporal, já comentada anteriormente.
Estudo de Gobbi, Villar e Zago64 mostra que a união entre dieta, treinamentos
de musculação e treinamentos aeróbicos consegue melhor resultado que apenas
dieta e treinamentos aeróbicos, além de obter melhora no VO2máx.107
Com essa rápida análise, apresenta-se algumas diretrizes a serem seguidas
para maior segurança no treinamento de musculação para diabéticos:73,98
4.1 Planejamento
É uma atividade orientada a estruturar processos que venham a destacar os
objetivos a serem alcançados e os meios, os métodos e o controle para se chegar
a eles. Tem como objetivo a realização de um trabalho geral, que será a base para
trabalhos mais organizados e precisos.20
Esse é o processo de adaptação geral e deve limitar-se à determinação dos
componentes com maior ou menor importância nas variáveis e nos objetivos já
mencionados; toda célula é capaz de adaptar-se, desde que não ultrapasse seus
limites.
Os objetivos da adaptação são ativar todos os músculos, os ligamentos e os
tendões, para que eles se adaptem às cargas das próximas fases, criar uma
estrutura corporal simétrica, prevenir lesões e buscar maximizar o rendimento de
músculos, ligamentos e tendões, para que não haja barreiras de rendimentos.108
4.1.1 Iniciantes
Para iniciantes, o tempo necessário para a adaptação é maior que para
praticantes em destreino, e ela também sofre variações temporais de acordo com
a frequência do cliente. Deve-se começar um planejamento dentro dos objetivos
previamente determinados pelo cliente e pelo profissional de Educação Física,
dando início à elaboração do planejamento da sessão, da semana, do mês e do
período de adaptação.
Para elaborar as primeiras sessões de um cliente, deve-se, primeiramente,
realizar uma avaliação física em busca de informações, como circunferências,
diâmetros, dobras cutâneas, dinamometria, testes de resistência e flexibilidade,
pressão arterial, ausculta cardíaca, anamnese completa e exames médicos. Saber
quais são os objetivos é fundamental, pois é por meio deles que se realizará o
planejamento e a primeira sessão.
A seguir, apresenta-se uma sugestão para iniciar o planejamento para um
cliente que nunca praticou musculação.
Na segunda sessão, devem-se mostrar novos exercícios, mas se em algum
exercício da primeira sessão não houver um desempenho satisfatório, ele poderá
ser realizado novamente, dependendo do condicionamento e do feedback da
sessão anterior. Por exemplo: agachamento sem carga. É importante frisar que,
se houver uma dor muscular muito grande, devem-se diminuir as séries e as
repetições e não repetir os exercícios.
Quadro 4.2 – Exemplo de segunda sessão de treino de adaptação em
musculação
Na terceira sessão, devem-se inserir novos exercícios para adaptação. Pode
ser interessante repetir um ou mais exercícios que o cliente tenha gostado; isso o
motivará, podendo ter um acréscimo de mais 1 série em alguns exercícios
(passar de 1 para 2 séries e/ou de 2 para 3 séries). Os exercícios mesa flexora e
cadeira extensora devem ser realizados após certa vivência, pois as cargas se
concentram em uma única articulação (joelho).
Quadro 4.3 – Exemplo de terceira sessão de treino de adaptação em
musculação
Nas próximas sessões, ainda deve ser mantida execução de novos exercícios e
devem ser acrescentados exercícios unilaterais, uma vez que, nesses, dobra-se o
número de séries, aumentando, assim, o volume de treino.
Quadro 4.4 – Exemplo de quarta, quinta e sexta sessões de treino de
adaptação em musculação
Depois de duas semanas, o aluno já realizou um total de seis exercícios
diferentes para cada grupo muscular, criando, assim, uma pequena identificação
dos aparelhos, do tempo de execução, do espaço e do posicionamento nos
exercícios e de como respirar durante eles. Quando essa estrutura de
planejamento se tornar fraca, sem grandes estímulos, pode-se dizer que o cliente
já não é mais um iniciante, tornando-se intermediário. Não existem cálculos para
indicar essa transição; ela pode durar de semanas até meses.
4.1.2 Intermediários
A partir desse momento, devem-se aumentar o número de exercícios para os
grupos musculares e o número de séries. Os exercícios novos devem continuar
sendo demonstrados ao cliente, porém deve-se iniciar a manutenção de alguns
exercícios para maior aquisição de força. O treino pode ficar um pouco longo;
para que não ocorra perda da motivação, o parcelamento por segmento torna-se
necessário, aumentando, assim, o número de dias de treino, o qual deixa de ser
alternado por articulação e passa a ser localizado por segmento.
Execução: o principal ideal desta fase é realizar os exercícios em
angulações completas, para que não haja deformidade do movimento
(comum com o aumento de carga), e manter velocidade moderada com um
tempo total de 2 a 4 segundos por repetição; podem ser utilizados tempos
maiores na fase excêntrica, dependendo do método.
Respiração: deve-se continuar de maneira passiva, realizando-se a
expiração na fase concêntrica e a inspiração na excêntrica.109
Exercícios: devem-se utilizar exercícios básicos, para a manutenção da
força, e variados, para maior recrutamento de unidades motoras (UMs).
Sequência dos exercícios: nesta fase, utiliza-se a prioridade muscular, pode-
se realizar primeiro os grandes grupos musculares e depois os pequenos.
Cargas: devem-se realizar testes, entre os quais um dos mais indicados para
esta fase é o teste de peso por RMs, que é aplicado da seguinte forma:
considerando a carga atual utilizada pelo cliente, ele é orientado a realizar
as séries já determinadas; na última série, pede-se para que ele realize o
maior número possível de repetições. O número de repetições realizadas
além do previsto representará aumento de carga a ser utilizada em:
Esse parcelamento, com 72 horas no intervalo curto e 96 horas no longo,
permite um anabolismo completo de todos os grupos musculares. Para mulheres,
pode-se adaptá-lo da seguinte maneira:
Quadro 4.8 – Parcelamento adaptado para mulheres
Com 48 horas no intervalo curto e 72 horas no longo, essa divisão atrai mais
as mulheres por treinar 3 vezes por semana os membros inferiores, porém reduz
o tempo de recuperação.
Outro modelo de parcelamento:
Quadro 4.10 – Exemplo de treino A
Observação: a escolha dos exercícios é fundamental para um maior estresse.
Nesse treino, tem-se a participação do músculo peitoral maior nos exercícios
supino, crucifixo inclinado, crossover e desenvolvimento frente; do músculo
deltoide na elevação lateral, no desenvolvimento frente, no crucifixo inclinado e
no supino; do tríceps no tríceps coice, no tríceps testa, no desenvolvimento
frente e no supino. Nota-se que todos tiveram participação em quatro exercícios,
o que traz melhor equilíbrio muscular.
Quadro 4.11 – Exemplo de treino B
Observação: músculos dorsais são estimulados em quatro exercícios: puxada
aberta frente, remada unilateral, pullover e crucifixo inverso; o bíceps também
tem estímulo em quatro exercícios puxada: aberta frente, remada unilateral,
rosca direta e rosca scott ; os músculos da parte anterior da coxa, em dois
exercícios: agachamento e cadeira extensora; os músculos posteriores da coxa
também em dois exercícios: agachamento e mesa flexora; os da perna, dois
exercícios: sóleo e flexão plantar; o equilíbrio muscular foi mantido. Esse
parcelamento, com 72 horas no intervalo curto e 96 horas no longo, permite um
anabolismo completo por exigir mais da recuperação muscular, principalmente
no intervalo curto, uma vez que vários grupos musculares sofrem estímulo nos
dois dias, como é o caso do peitoral maior nos exercícios supino, crucifixo
inclinado, crossover, desenvolvimento frente, puxada aberta frente, remada
unilateral e pullover, por participar dos movimentos abdução horizontal do
ombro, adução do ombro e extensão do ombro. Músculos dorsais, como
latíssimo do dorso, redondo maior e menor, infraespinal, subescapular etc.,
participam nos exercícios puxada aberta frente, remada unilateral, pullover,
crucifixo inverso e crossover, por realizarem os movimentos adução, extensão e
abdução horizontal do ombro, tríceps nos exercícios supino, crucifixo inclinado,
desenvolvimento frente, tríceps testa, tríceps coice, remada unilateral e pullover,
por participarem dos movimentos de extensão do cotovelo e do ombro. Já o
deltoide tem participação em todos os movimentos do ombro, com exceção de
sua adução, porém tem estímulos em partes diferentes: no primeiro dia, grande
estímulo no deltoide clavicular e acromial e, no segundo, grande estímulo no
deltoide espinal; por isso a importância de intervalos longos para se atingir maior
anabolismo.
4.1.3 Avançados
No planejamento, se o cliente treina continuamente e tornou-se um adepto da
musculação, possuindo certa vivência dos exercícios, e se é percebida a
necessidade de aumentar o número de exercícios, séries e colocar mais
intensidade nos treinos, é preciso inserir métodos mais detalhados e um número
de exercícios maior por grupo muscular, o que traz a necessidade de um
parcelamento mais detalhado e um treinamento com menor número de grupos
musculares por dia. Por exemplo:
4.1.3.2 Método 3 × 1
Treina-se 3 dias e descansa-se 1, o que pode ser um problema, uma vez que
há treinos aos domingos.
Quadro 4.12 – Modelo 1
Nesse formato, ocorre uma recuperação de 96 horas para cada treino, e o
treinamento de membros inferiores intercalado torna-se muito interessante para
ajudar na recuperação.
Quadro 4.13 – Modelo 2
Parcelamento montado por articulação, também com 96 horas de intervalo:
Treino A: articulação do ombro.
Treino B: articulações do quadril, do joelho e do tornozelo.
Treino C: articulações do cotovelo e do punho.
Nesse formato, ocorre uma recuperação de 96 horas para cada treino e o
treinamento de membros inferiores intercalado, conhecido, também, como treino
do empurra e puxa para membros superiores.
Quadro 4.15 – Modelo 4
Nesse modelo, que não utiliza um intervalo ativo para membros superiores,
realizando membros inferiores intercalados aos treinos de superiores, deve-se
tomar cuidado com a ação dos músculos bíceps, deltoides e tríceps, tentando
anulá-los na sessão seguinte. Por exemplo: na terça-feira, utilizar nos exercícios
de costas movimentos que não tenham uma participação muito grande do bíceps
braquial; uma saída são exercícios de costas que realizem abdução horizontal,
anulando, também, o tríceps na sessão seguinte.
Quadro 4.16 – Modelo 5
Nesse modelo, divide-se o treinamento de coxa, realizando membro superior
em agonista e antagonista, e o treino C fica com quatro grupos musculares.
4.1.3.3 Método 3 × 1 × 2 × 1
Nesse modelo, não se treina no domingo, ficando mais próximo da realidade
de academias e clubes.
Quadro 4.17 – Modelo 1
Em três semanas, realizam-se cinco treinos para cada divisão.
Quadro 4.18 – Modelo 2
Nesse modelo, prioriza-se o treino A, pelo fato de o cliente estar sempre
descansado, e, no sábado, realiza-se um treino mais longo ou reduzem-se os
exercícios.
Quadro 4.19 – Modelo 3
É variável com treino mais longo após o descanso.
Quadro 4.20 – Modelo 4
É utilizado por mulheres, treinando três vezes a divisão A, com intervalos de
48 horas para cada treino.
Quadro 4.21 – Modelo 5
Nesse modelo, os treinos são mais fortes no sábado, combinando os treinos
A, B e C, para que ocorram duas vezes por semana.
Quadro 4.22 – Modelo 6a
Nesse exemplo, o treino combinado vem após a recuperação de quinta-feira.
Quadro 4.23 – Modelo 6b
Nesse modelo, há troca de recuperação de quinta-feira para quarta-feira, e o
treino combinado passa para a segunda-feira, após o intervalo do domingo, além
de uma variação na ordem dos treinos de quinta-feira, sexta-feira e sábado, para
motivar mais o treinamento.
4.1.3.4 Método 5 × 2
Treina-se a semana inteira e descansa-se no fim de semana; é comum em
academias.
Quadro 4.24 – Modelo 1
Quadro 4.25 – Modelo 2
Combinam-se os treinos para obter dois treinos por semana.
4.1.3.5 Método 3 × 1 × 1 × 2
Quadro 4.26 – Modelo 1
Combinam-se os treinos na sexta-feira.
4.1.3.6 Método 4 × 1
Quadro 4.27 – Modelo 1
Nesse modelo, realizam-se quatro treinos em duas semanas.
4.1.3.7 Método 6 × 1
Quadro 4.28 – Modelo 1
Nesse modelo, treina-se duas vezes cada divisão.
Quadro 4.29 – Modelo 2
É muito utilizado por fisiculturistas.
4.1.3.8 Método 2 × 1 × 1 × 1 × 1 × 1
Quadro 4.30 – Modelo 1
Esse modelo permite realizar treinos mais fortes na quinta-feira e no sábado.
Quadro 4.31 – Modelo 2
Nesse modelo, realiza-se um treino longo e geral no sábado.
Quadro 4.32 – Modelo 3a
4.2 Programação
Para continuar desenvolvendo a força, é necessário aplicar exercícios e
métodos mais exigentes, com base em análise e avaliações que mostrem que o
treino anterior não atingiu os resultados desejados, mas é necessário estar ciente
que o cliente está pronto para esse programa.
Programação é a organização, de maneira concreta e detalhada, de tudo que
foi proposto no planejamento (objetivos, atividades, controles etc.), dando-lhe
ordem, distribuição do tempo, sequência etc., visando harmonizar os princípios
do treinamento; é uma conexão entre estado físico do cliente e determinada
carga.20
As combinações de exercícios permitem um efeito maior do que se eles
fossem realizados separadamente.111 O treinamento parcial (carga de única
orientação) não consegue resultados similares aos de cargas cumulativas (cargas
funcionais e diferentes) aplicadas paralela ou sucessivamente.67,111 Quando se
utilizam grandes car-gas desnecessárias, produzem-se efeitos imediatos,
encurtando a progressão máxima e impedindo o efeito de outras menores; cargas
menores podem produzir grande aumento de força, mas é preciso buscar
exercícios menos específicos, com intensidade e frequência de treino menores.20
Para se conseguir uma progressão adequada, sugerem-se os seguintes fatores:
Nesse esquema, percebem-se variações que, se analisadas por um único
prisma, podem parecer mais fáceis; porém, quando analisadas como um todo,
tornam-se mais complexas, acrescentado mais uma variável, a duração da série,
que intensifica muito mais o treinamento.
Bompa e Cornacchia108 mostram organizações de programas anuais,
explicadas a seguir.
4.2.1 Hipertrofia
Tem como objetivo aumentar a massa muscular e otimizar as reservas de
ATP-CP.
Quadro 4.35 – Programa de hipertrofia
O programa de hipertrofia sugere variações de treinos em três níveis: baixo,
médio e forte, alternando a intensidade das cargas.
Nas semanas iniciais de adaptação, os valores das cargas são de:
60% a 70% para cargas baixas, em 4 séries com 10 a 12 RMs cada, com
variações, dependendo do exercício;
75% de 80% para cargas médias, em 4 séries com 8 a 10 RMs cada,
dependendo do exercício;
80% a 85% para cargas altas, em 4 ou 5 séries com 5 a 8 RMs cada,
dependendo do exercício.
75% para cargas baixas, em 4 séries com 8 a 10 RMs cada, com variações,
dependendo do exercício;
80% de 90% para cargas médias, em 5 séries com 3 a 6 RMs cada,
dependendo do exercício;
90% a 100% excêntrico para cargas altas, podendo chegar a 120% em 2 a 5
séries com 1 a 3 RMs cada, dependendo do exercício (Quadro 4.36).
O ideal dessa fase é a manutenção e/ou o aumento da força máxima durante a
temporada.
Nas Tabelas 4.3 e 4.4, exemplificam-se algumas semanas no treinamento
anual de hipertrofia, detalhando algumas de suas fases.
Tabela 4.3 – Treinamento de hipertrofia – exemplo 1
Tabela 4.4 – Treinamento de hipertrofia – exemplo 2
Nesses exemplos, foi mantido um exercício básico, para manutenção e/ou
aumento da força, e variados, para melhor estimulação muscular.
Tabela 4.5 – Fase de hipertrofia – exemplo 1
Os exercícios foram realizados duas vezes na semana, para melhor adaptação
de estímulo forte para a hipertrofia. No quarto e no quinto dias, foram realizados
três grupos musculares por dia, para manter o treino na semana, por isso a
redução de uma série; assim, o treino não fica muito longo.
Tabela 4.6 – Fase de hipertrofia – exemplo 2
Nessa semana de treinamento, foi utilizado o método pirâmide, sendo
realizados quatro exercícios para os grandes grupos musculares e três para os
pequenos. Nas semanas seguintes, depois da transição, devem-se compensar os
grupos treinados apenas uma vez nessa semana (ombro e costas).
Tabela 4.7 – Fase de transição e controle
Nessa fase, realizam-se as avaliações em geral, e há redução de exercícios,
cargas e repetições, consequentemente, reduzindo volume e intensidade.
Tabela 4.8 – Fase mista – exemplo 1
Os treinos intercalados têm como ideal a manutenção e/ou o aumento da
força, bem como a preparação para fases de treino com cargas maiores. Nesses, a
recuperação da carga máxima é de 24 horas;10 no quinto dia, realiza-se um treino
geral de um exercício para cada grupo muscular.
Tabela 4.9 – Fase mista – exemplo 2
Nessa semana, realizam-se os treinos em ordem contrária, para que seja feito
o trabalho de força máxima em todos os grupos musculares. No quinto dia,
realiza-se um treino geral, com um exercício para cada grupo muscular.
Sugerem-se variações de treinos em três níveis: baixo, médio e forte,
alternando a intensidade das cargas.
Nas semanas iniciais de adaptação, os valores das cargas são de:
60% a 70% para cargas baixas, em 4 séries com 10 a 12 RMs cada, com
variações, dependendo do exercício;
75% a 80% para cargas médias, em 4 séries com 8 a 10 RMs cada,
dependendo do exercício;
80% a 85% para cargas altas, em 4 ou 5 séries com 5 a 8 RMs cada,
dependendo do exercício.
75% para cargas baixas, em 4 séries com 8 a 10 RMs cada, com variações,
dependendo do exercício;
80% de 90% para cargas médias, em 5 séries com 3 a 6 RMs cada,
dependendo do exercício;
90% a 100% excêntrico para cargas altas, podendo chegar a 120% em 2 a 5
séries com 1 a 3 RMs cada, dependendo do exercício.
60% a 75% para cargas baixas, em 4 séries com 8 a 10 RMs cada, com
variações, dependendo do exercício;
80% a 90% para cargas médias, em 5 séries com 3 a 6 RMs cada,
dependendo do exercício;
90% a 100% excêntrico para cargas altas, podendo chegar a 120% em 2 a 5
séries com 1 a 3 RMs cada, dependendo do exercício.
4.2.3 Definição
Quadro 4.38 – Programa de definição
O programa de definição tem como ideal um aumento gradativo de
repetições, variando de 30 até 400 RMs. Busca-se estimular as fibras tipo I, que
são superficiais, e aumentar a densidade capilar.108
Nas semanas iniciais de adaptação, os valores das cargas são de:
60% a 70% para cargas baixas, em 4 séries com 10 a 12 RMs cada, com
variações, dependendo do exercício;
75% a 80% para cargas médias, em 4 séries com 8 a 10 RMs cada,
dependendo do exercício;
80% a 85% para cargas altas, em 4 ou 5 séries com 5 a 8 RMs cada,
dependendo do exercício.
75% para cargas baixas, em 4 séries com 8 a 10 RMs cada, com variações,
dependendo do exercício;
80% a 90% para cargas médias, em 5 séries com 3 a 6 RMs cada,
dependendo do exercício;
90% a 100% excêntrico para cargas altas, podendo chegar a 120% no
método em 2 a 5 séries com 1 a 3 RMs cada, dependendo do exercício.
4.2.4 Estética
Quadro 4.39 – Programa para estética
O objetivo deste programa é iniciar um treinamento visando a dois picos de
performance estética. Como o cliente já cumpriu uma boa base de planejamento
e está vindo de um período de transição, inicia com duas semanas de adaptação
para voltar a adaptar os músculos ao trabalho de força; duas semanas de trabalho
de hipertrofia, para que não ocorra um aumento de carga muito repentino; três
semanas de treinamento misto, de modo que haja aumento de carga para a
preparação de um trabalho de força; uma semana de transição para a recuperação
muscular (é interessante a realização de avaliações e a execução de exercícios na
amplitude máxima, uma vez que as repetições e a carga estão pequenas); seis
semanas de força máxima, para buscar um aumento de força para toda a
temporada (nesse momento, é muito importante que, na primeira e na segunda
semanas, sejam realizados no próprio treinamento os testes de carga); uma
semana de transição para a recuperação muscular, podendo ou não realizar
avaliações; três semanas de treino misto para começar a transferência de força
máxima para força dinâmica (hipertrofia); seis semanas de treinamento de
hipertrofia, buscando aumento de massa muscular (lembrando que o cliente já
vem de uma longa fase de planejamento, na qual estavam sendo almejados seus
objetivos); uma semana de transição, em que se deve realizar uma avaliação para
analisar o treinamento até o momento; duas semanas de hipertrofia, com maior
número de repetições, preparando a musculatura para o trabalho de definição;
quatro semanas de definição, em que será buscado o melhor desenho muscular;
uma semana de transição, na qual se deve realizar uma avaliação para analisar o
treinamento até o momento; duas semanas de hipertrofia, para mudar o estímulo
muscular, visando a um aumento de exigências das fibras tipo II; quatro semanas
de definição, em que será buscado o melhor desenho muscular; e quatro semanas
de transição.
Mostra-se, a seguir, alguns exemplos de semanas variáveis de treinamento. É
importante frisar que esses exemplos, assim como os anteriores, são apenas
sugestões, e não “receitas de bolo”.
Tabela 4.15 – Estética – exemplo 1
Alterna-se um trabalho de pirâmide crescente com um de força, visando à
adaptação ao futuro trabalho de força máxima. No quinto dia, realiza-se um
treino geral de um exercício para cada grupo muscular.
Tabela 4.16 – Estética – exemplo 2
Como, na semana anterior, o trabalho de força já foi realizado nesses
músculos, nessa semana, em vez de um treinamento de pirâmide crescente,
realiza-se um método de ondas de carga para executar um trabalho mais intenso;
mantém-se o trabalho de força máxima alternado, visando à adaptação ao futuro
trabalho de força máxima. No quinto dia, realiza-se um treino geral de um
exercício para cada grupo muscular.
Tabela 4.17 – Estética – exemplo 3
Nessa, semana, deve ser realizado o teste de força submáximo para 4 RMs, e
é considerado que o cliente está exercendo uma força de 90% de 1 RM;
realizado o cálculo, supõe-se a CM. Por exemplo: o cliente realizou o exercício
leg press com 340 kg para 4 RMs; multiplica-se 100(%) por 340 kg e divide-se
por 90(%); a CM do cliente é por volta de 378 kg.
Tabela 4.18 – Estética – exemplo 4
Nesta fase mista, busca-se uma adaptação ao trabalho de hipertrofia visando
mais à resistência; por isso, utilizam-se cargas menores e um número de
repetições maior no trabalho de força máxima e o método de pirâmide
decrescente na fase de hipertrofia. No quinto dia, realiza-se um treino geral de
um exercício para cada grupo muscular.
Tabela 4.19 – Estética – exemplo 5
Nesse exemplo, inverte-se a ordem da semana anterior.
O restante do programa já foi mencionado anteriormente em outros
programas anuais, não havendo a necessidade de repetir os exemplos.
Gráfico 4.3 – Microciclo de choque (cho): tem como ideal atingir picos de
treinamento tanto no volume quanto na intensidade
Como a carga mínima que desejamos trabalhar é de 67% (0%), acrescenta-se
o resultado de 7,2 e tem-se 74,2% de intensidade da carga da primeira sessão.
Realiza-se o mesmo cálculo para a quarta sessão, que tem uma carga de
trabalho de 50%:
Acrescentando 67%, tem-se a intensidade da carga da terceira sessão, que é
de 76%.
Supondo que, tanto na primeira sessão quanto na quarta, será realizado o
exercício leg press 45°, no qual a CM é de 350 kg, utiliza-se, na primeira sessão,
74,2% da CM, aproximadamente 259 kg, e, na quarta sessão, 76%,
aproximadamente 266 kg. Esse procedimento também deve ser realizado com o
número de repetições.
Calculando o número de repetições da primeira e da quarta sessões de treino
dentro de um microciclo de incorporação, que tem uma carga de trabalho de
40% e 50%, se o objetivo é realizar um trabalho entre 6 e 12 RMs, deve-se
perceber que, se utilizar RMs inferiores a 6, o número de repetições será
pequeno, e se utilizar RMs maiores que 12, o número de repetições pode ser
muito grande, fugindo do objetivo desejado. Portanto, cria-se a percepção de
que, nesta fase, o número máximo de RMs é 12 (100%) e o mínimo, 6 (0%), e
que entre 6 e 12 existe uma variável de 6 RMs, que ocorrerá em todo o
treinamento.
Com essas informações, inicia-se os cálculos de treinamento em que a
variável 6 é o total de variação das RMs (100%); se 6 é igual a 100%, 40%, que
é a carga de treinamento da primeira sessão, é x, calcula-se:
Como o número mínimo de RMs com que se deseja trabalhar é 6 (0%),
acrescenta-se o resultado de 2,4 e tem-se o número de RMs da primeira sessão:
8,4 por série, aproximadamente.
Realiza-se o mesmo cálculo para a quarta sessão, que tem uma carga de
trabalho de 50%:
Acrescentando a 6, que é o número mínimo de RMs, obtêm-se as RMs da
terceira sessão, que são 9 por série.
Supondo-se que, tanto na primeira sessão quanto na quarta, será realizado o
exercício leg press 45°, utiliza-se, na primeira sessão, no caso de 3 séries, 1 de 9
RMs e 2 de 8; no caso de 4 séries, 1 de 9 RMs, 2 de 8 e mais 1 de 7 ou outras
combinações; no caso de 5 séries, 2 de 9 RMs e 3 de 8. É importante observar
que é impossível realizar 0,4 RM. Na quarta sessão, serão 9 RMs por série.
Como o intervalo máximo é de 240 segundos, subtrai-se o resultado 48 e tem-
se o intervalo de 192 segundos. Realiza-se o mesmo cálculo para a quarta sessão,
que tem uma carga de trabalho de 50%:
Como o intervalo máximo é de 240 segundos, subtrai-se o resultado 60 e tem-
se o intervalo de 180 segundos.
Dessa maneira, fica fácil compreender a distribuição das cargas pelo
microciclo, em que é preciso visualizar as fases de estímulos I e II e as
recuperações parcial e total.
4.3.2.2 Mesociclo
Mesociclos são estruturas de três ou mais semanas, ou seja, o somatório dos
microciclos, para que a estratégia de treinamento trimestral, semestral ou anual
possa ser analisada e diagnosticada.
A seguir, apresenta-se alguns exemplos de mesociclo.
Gráfico 4.6 – Mesociclo de incorporação: utilizado no período preparatório,
buscando adaptar o organismo a mudanças de treinamento
Para calcular o mesociclo, é necessário somar o total diário de peso levantado
durante o período. No exemplo anterior, na primeira sessão, foram levantados
20.672 kg e, na segunda sessão, 20.736 kg, exemplificando que, durante o
microciclo de incorporação, o cliente levantou um total de 140.000 kg
(somatório das 6 sessões).
Há duas maneiras de calcular: treinar um mês e achar os valores de cada
microciclo e do mesociclo em si, ou interpretar o microciclo de incorporação
como um número exato e, deste, calcular os valores dos próximos microciclos.
Um microciclo de incorporação dentro de um mesociclo tem o valor de 26%.
Gráfico 4.11 – Sessão de treino 70%
Se obtiver um total de 140.000 kg nesse microciclo, qual o valor dos
próximos microciclos e do mesociclo de incorporação?
O valor total de peso levantado no mesociclo deve ser, em média, de 538.450
kg. Para encontrar o próximo microciclo ordinário, é só calcular:
A carga utilizada no microciclo ordinário é de 150.760 kg; dessa forma,
calcula-se o segundo microciclo ordinário:
No segundo microciclo ordinário, a carga fica em torno de 161.535 kg, e, no
microciclo de recuperação, de 86.150 kg:
Com base nesses valores, busca-se o volume de cada sessão procurando
atingir valores predeterminados, facilmente ajustados pela escolha dos exercícios
(unilaterais ou bilaterais) e do número de exercícios e de séries (quanto mais
séries, maior o volume), dando base para estruturar um macrociclo.
O macrociclo pode e deve ter fase de treinamento, buscando, por exemplo:
Como a carga mínima que se deseja trabalhar é de 40% (0%), acrescenta-se o
resultado 10 e tem-se 50% de intensidade da carga da primeira sessão.
Realiza-se o mesmo cálculo para a quarta sessão, que tem carga de trabalho
de 50%:
Acrescentando 40%, tem-se a intensidade da carga da terceira sessão, que é
de 52,5%.
Supondo que, tanto na primeira quanto na quarta sessões, será realizado o
exercício de leg press 45°, no qual a CM é de 350 kg, utiliza-se, na primeira
sessão, 50% da CM, aproximadamente 175 kg, e, na quarta sessão, 52,5%,
aproximadamente 184 kg. Esse procedimento também deve ser realizado com o
número de repetições.
Calculando o número de repetições da primeira e da quarta sessões de treino
de um microciclo de incorporação, que tem uma carga de trabalho de 40% e
50%; se o objetivo é realizar um trabalho entre 15 e 30 RMs, iniciam-se os
cálculos de treinamento em que a variável 15 é o total de variação das RMs
(100%); se 15 é igual a 100%, 40%, que é a carga de treinamento da primeira
sessão, é x, calcula-se:
Como o número mínimo de RMs com que se deseja trabalhar é de 15 (0%),
acrescenta-se o resultado 6 e obtêm-se, aproximadamente, 21 RMs por série da
primeira sessão.
Realiza-se o mesmo cálculo para a quarta sessão, que tem uma carga de
trabalho de 50%:
Acrescentando 15, que é o número mínimo de RMs, são obtidas as RMs da
terceira sessão, que são 22,5 por série.
Supondo que, tanto na primeira quanto na quarta sessões, será realizado o
exercício leg press 45°, na primeira sessão, ocorrem 21 RMs por série; na quarta
sessão, sendo 3 séries, 1 é com 23 RMs e 2, com 22 RMs; sendo 4 séries, 2 são
com 23 RMs e as outras 2, com 22 RMs; e, sendo 5 séries, 3 são com 23 RMs e
2, com 22 RMs. É importante observar que é impossível realizar 0,5 RM.
Como o intervalo máximo é de 45 segundos, subtrai-se o resultado 7,5 e tem-
se o intervalo de 37,5 segundos.
Percebe-se que as cargas de trabalho variarão de 80% a 100%, e no começo
da temporada, a intensidade atinge no máximo 90%, e o volume, 100%,
invertendo os valores na metade da temporada. Visualizando isso nos moldes dos
treinos de musculação, seria possível dizer que, no primeiro semestre, utiliza-se
grande volume de carga, buscando um pico máximo (100%) a cada mês; no
segundo semestre, mantendo a intensidade com picos um pouco abaixo desses
valores (90%), a situação se inverte, e o trabalho de intensidade será realizado
com picos máximos, com uma redução do volume com picos de até 90% no mês.
Essa variação de intensidade e volume fortes e muito fortes dificulta uma
melhora na performance do cliente, mas faz ele se manter bem fisicamente
durante uma temporada.
Esse esquema é adaptável a estímulos fortes e muito fortes durante um mês.
Analisando a porcentagem máxima de cada objetivo (por exemplo, hipertrofia:
85%), considerando 100% como porcentagem máxima e utilizando, durante o
período, cargas com variações de 80% (81,4%) a 100% (85%), tem-se uma
variação de carga que equivale a 81,4% a 83,2%, com RMs que variam de 10 a
11 por série no primeiro semestre, e de 83,2% a 85%, com RMs que variam de
11 a 12 por série no segundo semestre.
O volume total terá uma variação de 90% a 100% nas semanas do primeiro
semestre e de 80% a 85% nas do segundo semestre. Por exemplo: se o planejado
da semana é levantar 50.000 kg por semana, no período de 90%, devem ser
levantados 45.000 kg, e, no período de 100%, 50.000 kg; já no segundo
semestre, as semanas devem ter um volume de 40.000 kg por semana no período
de 80% e de 42.500 kg por semana no período de 85%.
A seguir, apresentam-se exemplos de sessões de treino no primeiro e no
segundo semestres.
Primeiro semestre
Treino forte
Acrescenta-se a porcentagem inferior (67%) e obtém-se 82,3%.
A carga equivalente a 90% da de treino é de 83,2% da CM. O cálculo é
realizado da seguinte maneira: se o máximo que se pretende trabalhar em carga
para hipertrofia é de 85%, e o mínimo, de 67%, é preciso igualar 85% a 100% e
67% a 0%. Feito isso, acha-se uma variável de 85 – 67 = 18, ou seja, uma
variável de 100%; calcula-se:
Acrescenta-se a porcentagem inferior (67%) e obtém-se 83,2%.
Segundo semestre
Treino forte
A carga equivalente a 95% da de treino é de 84,1% da CM. O cálculo é
realizado da seguinte maneira: se o máximo que se pretende trabalhar em carga
para hipertrofia é de 85%, e o mínimo, de 67%, é preciso igualar 85% a 100% e
67% a 0%. Feito isso, acha-se uma variável de 85 – 67 = 18, ou seja, uma
variável de 100%; calcula-se:
Acrescenta-se a porcentagem inferior (67%) e obtém-se 84,1%.
Acrescenta-se a porcentagem inferior (67%) e obtém-se 85%.
Tabela 4.35 – Estrutural – exemplo 4
Como o esquema estrutural de Tschine é um trabalho muito forte, que pode –
e deve – ser realizado com intensidades menores, e tem como ideal a
manutenção da forma física, deve ser utilizado por pessoas já contentes com o
seu desempenho físico. É uma estrutura de periodização que pode se encaixar
perfeitamente no treinamento feminino. Em virtude do ciclo menstrual, que
necessita de uma estrutura de cargas de trabalhos variáveis, a mulher tem um
ciclo de treinamento inconstante; existem fases ideais para um trabalho mais
forte. A seguir, apresenta-se um exemplo para um ciclo de 28 dias.10
A1 – volumes crescentes
A ideia é estimular o cliente a utilizar cargas elevadas. A duração do exercício
deve ter o tempo que o cliente necessite para realizar os movimentos
seguramente, com grande quantidade de carga para poucas repetições, sendo
interessante a utilização de métodos como pirâmide crescente e ondas
(gangorra), em que se utilize um aumento e uma redução de cargas para uma
adaptação mais rápida do cliente. O volume deve ser mantido no nível daqueles
utilizados anteriormente, porém com cargas mais elevadas. A duração de todo o
trabalho varia de cliente para cliente, não devendo exceder a quatro semanas,
para não afetar as fases seguintes de treinamento.
Tabela 4.36 – Cargas concentradas
4.3.3.2 Bloco B
Os principais objetivos deste bloco são o aproveitamento e a transferência de
força adquirida no bloco A para o trabalho potencializar o resultado final
desejado (hipertrofia, resistência etc.), realizando um trabalho específico para o
alcance desse objetivo, com cargas mais elevadas, utilizando, assim, maior
intensidade.
Os métodos iniciais devem ser os de pirâmide, seguidos de drop set,
repetições forçadas, tensão contínua e séries tradicionais, como 4 × 8, 5 × 8, 4 ×
9, 3 × 10, 4 × 12, entre outras, no caso de hipertrofia. As cargas utilizadas devem
ser relativas às do objetivo – por exemplo, de 67% a 85% para hipertrofia –, e os
treinos devem ser mantidos até o princípio de platôs no treinamento e ter
duração média de oito semanas (tempo suficiente para atingir o EPDT). Com o
volume muscular adquirido no bloco B, passa-se para o próximo bloco.
Tabela 4.39 – Cargas concentradas
4.3.3.3 Bloco C
O objetivo deste bloco é chegar à melhora da performance estética, definindo
a musculatura, trabalhando picos musculares e estimulando as fibras mais
superficiais, além de tentar uma redução na porcentagem de gordura.
Métodos que devem ser utilizados inicialmente são superset, depois tri‑set, 6-
20, kamikaze, série 21 etc.; as cargas devem ser utilizadas para o número
máximo de repetições de cada método e estimular as fibras de calibres mais
finos e mais superficiais, para atingir a definição, o que chamamos de shape.
Esta fase deve durar o tempo determinado pelo professor, não mais de oito
semanas, para não descaracterizar as fibras muscular.
Tabela 4.40 – Cargas concentradas
▪ A2: esta fase tem como ideal depredar a níveis ótimos a parte fisiológica,
fazendo que o cliente tenha uma perda da forma física que será notada por
meio da perda de rendimento tanto físico quanto psicológico; quando
forem notados tais fatores, deve-se mudar a fase seguinte, cuja duração
também deve ser de duas a quatro semanas, dependendo de cada cliente e
da frequência semanal de treinos. Devem-se utilizar grande volume de
trabalho e exercícios mais básicos, como agachamento, leg press, cadeira
extensora, supino, crucifixo, remada sentado, puxada fechada, roscas
direta e scott, desenvolvimento frente, elevação lateral, tríceps testa e na
roldana etc.
Tabela 4.42 – MOP: bloco A2
▪ A3: nesta fase, começa-se a redução de volume e aumenta-se a
intensidade. Devem-se realizar métodos que exijam o aumento gradual no
número de repetições, como drop set, repetições forçadas e pirâmide
decrescente, para iniciar a supercompensação, buscando, assim, níveis
mais altos no treinamento no bloco B. Tem duração de duas a três
semanas, variando de acordo com a frequência de treinamento semanal.
Nesta fase, deve ser observada melhora na disposição do treinamento.
Tabela 4.43 – MOP: bloco A3
▪ B3: é o início do trabalho, buscando força rápida e o trabalho funcional
na musculação MOP; as séries devem ser aumentadas para 10 a 12 RMs,
podendo chegar a 15 ou mais, dependendo do método. A utilização de
exercícios próximos aos de força rápida deve ser iniciada, como subida no
banco, avanço, levantamento terra, entre outros que não envolvam
velocidade de movimentos. São utilizados métodos que buscam um
número maior de repetições e, consequentemente, favorecem o bloco
seguinte, como série 21, repetição forçada, drop set etc. Sua duração deve
ser de, no máximo, duas a três semanas, para que o somatório do bloco B
não extrapole a fase de supercompensação.
Tabela 4.46 – MOP: bloco B3
Bloco C: tem como ideal deixar a musculatura mais definida e natural,
como a musculatura dos atletas; por isso, há a necessidade de utilizar
exercícios especiais (funcionais) semelhantes aos utilizados por atletas em
seus treinamentos, porém adaptados para a academia. Esta fase é a principal
para o aumento do desenho muscular. Alguns exercícios convencionais
devem ser mantidos, como agachamento, supino, remadas, rosca direta,
tríceps testa e desenvolvimento, exercícios especiais devem ser
acrescentados, como corrida, e exercícios combinados, realizados de
maneira mais rápida. O número de séries deve ficar entre 2 e 6, dependendo
do desempenho físico adquirido pelo cliente nos módulos anteriores, e as
repetições, de acordo com a resposta dada por ele. É interessante utilizar
métodos de superset e tri‑set quando não forem utilizados exercícios
combinados; a carga deve ser baixa, possibilitando o número de repetições
ideal. Seu tempo de duração deve ser de três a seis semanas, dependendo da
frequência do cliente.
Muitos outros exercícios podem e devem ser acrescentados nesta fase; é
preciso apenas lembrar que o grau de dificuldade dos exercícios tem de ser
mensurado para a clientela, não devendo utilizar exercícios muito complexos
para clientes sem condições físicas para tal.
No Capítulo 5, mostrar-se-ão alguns exercícios adaptados para uma
população de não atletas na academia e de personal trainers.
5 Exercícios
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Edição de texto
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