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Com treinos, jogos, viagens, a pressão de grandes decisões, longos períodos

longe da família, os jogadores das seleções brasileiras de vôlei precisam

estar preparados mentalmente. Atenta a isso, a Confederação Brasileira de

Vôlei (CBV) mantém psicólogas nas comissões técnicas das equipes

masculina e feminina.

“A atuação das profissionais de psicologia do esporte faz parte da preparação

de todas as seleções, está dentro do plano de treinamento. O pilar da

preparação mental é tão importante quando os treinos na quadra e na

academia. Principalmente com os jogadores mais jovens, influências externas

como as redes sociais interferem bastante. Por isso a preparação mental e o

trabalho com a psicologia. A presença do profissional da psicologia desportiva

na equipe multidisciplinar das comissões técnicas é de grande importância

não só na questão direta com cada atleta, mas também para auxiliar os

treinadores a lidar com estas questões. É um preparo para toda a equipe,

inclusive os integrantes das comissões técnicas”, explica Júlia Silva, gerente

de seleções da CBV.

Carla Di Pierro trabalha com o time masculino comandado por Renan Dal

Zotto, que na quarta-feira estreia na terceira etapa da Liga das Nações,

contra a Alemanha. A partida é em Osaka (JAP), às 3h40 (de Brasília).

“Nossa função é garantir que esteja tudo bem no âmbito da saúde mental. Já
avaliamos os níveis de estresse e seguimos monitorando isso. Caso

identifiquemos qualquer caso de ansiedade ou algo similar, atuamos junto.

Outra área da psicologia do esporte na qual atuamos é a preparação

psicológica de desenvolvimento de habilidades”, explica Carla Di Pierro, que

participou da preparação de atletas para os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2020.

“Os atletas estão sempre sob efeito de estresse, seja o físico, em razão do

treino, ou o causado pela cobrança da performance em alto nível. Precisamos

cuidar disso, prevenir que eles entrem em um nível de desregulação, de

vulnerabilidade emocional. Um dos principais papéis da preparação mental é

prevenir qualquer desequilíbrio. Estamos em uma realidade na qual existe

mais pressão, os estímulos vêm de todos os lugares, inclusive das redes

sociais. Então a gente precisa ensinar estratégias de autorregulação e

descompressão, para que eles estejam preparados e saudáveis para

competir e treinar”, completa Carla, que em 2021 concluiu um curso do

Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre saúde mental em atletas de elite.

A seleção feminina do treinador José Roberto Guimarães encara o Japão

pelas quartas de final da Liga das Nações no dia 13. Quem cuida da parte

psicológica da equipe é Fernanda Tartalha. “A CBV tem a preocupação com

este aspecto da saúde mental. É um assunto que atualmente vem sendo visto

com mais cuidado de forma geral. Temos um olhar diferente. São questões

humanas que estão dentro de todos nós, como ansiedade, depressão,

burnout, e estamos atentos a isso. É preciso um espaço para que isso seja

cuidado. E a presença de um psicólogo na equipe traz essa empatia, esse

acolhimento necessário”, diz Fernanda.


“O trabalho do psicólogo é baseado na relação de confiança, e isso se

conquista com o tempo. Na seleção, este tempo é mais apertado, portanto

preciso me encaixar na dinâmica delas. É um trabalho que construímos

juntos, solidificando esse espaço. O processo está sendo muito bem aceito

pelas atletas e pela comissão técnica. É preciso tornar cada vez mais regular

esse cuidado, esse olhar para a parte mental da preparação dos atletas”,

completa.

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