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Sempre me inspirei por líderes que são mais que bons gestores de equipes, mas por pessoas
que despertam o potencial do grupo, a partir do potencial individual, que são dirigidos por
valores, que acreditam que conhecimento é para ser partilhado e que o
autodesenvolvimento é um compromisso e um processo incessante, para toda a vida!
Um caminho que vai do fazer ao anfitriar, transpondo o desejo de ser um líder interessante,
passando a ser então um líder interessado e culminando no líder que coloca-se como parte,
que pode “diluir-se” na equipe, como forma de inspiração.
Percebo que essas fases acontecem tanto com líderes vinculados a uma organização como
colaborador ou nos empreendedores… Acontece mesmo no desenvolvimento de famílias,
nos papeis de pai e mãe e acredito até mesmo, que ocorra com os gurus e líderes espirituais.
Assim, este novo líder permanece por algum tempo identificado com aquilo que ele faz
bem e continua fazendo seu papel anterior, aquilo que está acostumado a fazer, atuando
como executor, um fazedor.
Há um tempo e um processo para “desapegar” do papel que exercia, confiar, ou mesmo
formar outra pessoa para desempenhá-lo, tendo assim, tempo e disponibilidade para
desempenhar o novo papel, de líder.
Com os empreendedores, esta fase pode ser ainda mais longa, visto que, em geral,
especialmente nas pequenas iniciativas e start-ups, o empreendedor é a pessoa que conhece
todo o processo operacional, tem o talento para desempenhar, está muito motivado com o
novo projeto e, para completar, provavelmente está economizando ao máximo para investir
no que é essencial para a empresa ou iniciativa começar a caminhar.
O líder fazedor começa a perceber que, para atingir resultados, o trabalho precisa acontecer
através de outras pessoas… Porém, como detentor do conhecimento (ou talvez achando que
detenha o conhecimento do que é certo para a empresa ou área), ele verifica quem pode ser
útil para ajuda-lo e passa a planejar e direcionar o trabalho da equipe. Ele diz o que deve ser
feito.
No texto de Wheatley e Frizzie, uma provocação forte é feita ao líder herói e sua equipe:
“Por que continuamos esperando por heróis? Parece que assumimos certas coisas:
Essas crenças dão origem aos modelos de comando e controle reverenciados nas
organizações e governos em todo o mundo. Aqueles na base da hierarquia se sujeitam à
visão maior e à experiência daqueles acima. Líderes prometem nos tirar dessa confusão; e
nós voluntariamente entregamos a nossa autonomia individual em troca de segurança”.
Líder herói é uma fase do desenvolvimento do líder, mas tenho certeza de que você se
lembra de muitos que pararam por aqui. Deixaram de ser líderes e, infelizmente, tornaram-
se chefes.
A ilusão de que é possível controlar tudo, que a sua decisão é a mais acertada, entre outras
crenças, não só coloca o líder em uma posição de extremo stress e medo de perder o poder
do cargo, como também gera uma equipe infantilizada e dependente, que muitas vezes
transita entre “amor e ódio” em relação à liderança.
O líder evolutivo, que está na fase do herói, mas deseja e quer perceber e responder às
mudanças do ambiente, do mercado, das pessoas e, especialmente, deseja crescer em
direção a um equilíbrio de sua auto-liderança, começa a perceber que várias de suas
demandas à equipe voltam “quadradas”, muitas vezes por falta de acompanhamento (o
herói não tem tempo pra controlar tudo). Com isso, ele passa a questionar, naturalmente, a
atenção que é dada à equipe.
O líder que desenvolve-se nesta fase torna-se mentor, passa a observar a equipe, perceber
talentos, necessidades, pontos frágeis… Percebe também o quanto a equipe espera pelo seu
conhecimento e por um exemplo a seguir, uma inspiração.
Aqui, o líder começa a ser mentor… Porém, é muito comum cair no “buraco” de ser aquela
pessoa que oferece todas as respostas, tentando ter sempre a solução, o exemplo…
Perceber que liderança é escolha e não cargo é a grande sacada do líder evolutivo! E, sendo
escolha, tem a ver com o que o mobiliza internamente, com a integração de seus valores na
ação, com legado, propósito, sentido…
Este é o líder que percebe que a liderança precisa ser compartilhada, situacional e que é
necessário cercar-se de profissionais fortes, maduros emocionalmente, com competências
que vão além da técnica, mas também de relações, visão de futuro e sustentação da força do
grupo.
É aí que o líder assume seu real papel: o de facilitador, de anfitrião, de coach… o líder
passa a ser aquele que acredita no potencial da equipe e a desenvolve, que oferece
ferramentas para que a equipe torne-se cada vez mais autônoma, que possa tomar decisões
calcadas em objetivos, propósitos e resultados comuns (e não só pela visão individual do
líder)…
Ele sustenta um campo onde a confiança se faz presente e é nutrida a cada momento.
Para isso, para que esta evolução aconteça, ser líder é muito mais do que ganhar um cargo!
Ser líder é abandonar o papel a favor do grupo, é perceber as pessoas, a energia do grupo,
muito além da expressão profissional.
O líder anfitrião confia no grupo e coloca-se como igual, lidera de forma circular.
Ele reconhece suas competências e pontos frágeis e agrega profissionais que sejam tão bons
quanto ele. Investe no adultecimento da equipe.
Compartilha a liderança, mesmo que no crachá, ele seja o líder! Fazendo isso, ele
reconhece e dá espaço à equipe, permite que as pessoas com as diferentes competências
necessárias para cada projeto tornem-se líderes situacionais, oferecendo a chance de
amadurecerem na prática, com a experiência diária.
Ele ajuda a equipe a olhar para si mesma, com objetividade, revisitando o propósito a todo
momento e dando suporte ao grupo para o “vai lá e faz”, assumindo riscos em conjunto,
dando contorno, membrana, mas permitindo que a identidade do grupo seja a identidade de
todos e não só a do líder.
Para permitir que sua equipe escolha crescer, o líder primeiro faz esta escolha internamente,
busca seu crescimento, se fortalece para, então, compartilhar de forma autêntica.
Sendo assim, o líder evolutivo pode estar em qualquer uma das fases do desenvolvimento
da liderança, mas ele sabe que não vai parar de crescer e compreende esta jornada como
uma aventura, com curiosidade diante dos desafios, confiando no seu processo de
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amadurecimento e no processo da equipe e da própria organização, galgando cada vez mais
uma inteireza e uma serenidade própria de quem realmente se permitiu passar por
diferentes experiências, que olhou para suas crenças, dores, perdas, ressignificou valores e
o próprio sentido de sua vida e de seu trabalho… e continua aprendendo constantemente.
E você? Escolhe ser líder?! Se respondeu sim, o caminho da liderança evolutiva espera por
você… Boa jornada!
Fonte:
https://medium.com/cuidadoria/as-fases-do-desenvolvimento-de-um-líder-5a6bc6afe742