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Introdução na

Automação da
Manufatura -
EMC5258
Professor: Thiago Marques Ivaniski
thiago.ivaniski@ufsc.br
Programa resumo da disciplina
Aula I Aula II Aula III, IV, V e VI

 Classificação  Cinética de transformação


 Introdução a Materiais  Diagramas TTT
 Conformação Mecânica
Metálicos  Diagramas CCT
Geral
 Estrutura Cristalina  Ensaios de tração
 Temperatura de
 Defeitos Cristalinos  Conformação Mecânica
Conformação e
recristalização.  Fundição

22/11/2021 2
Teoria da nucleação na solidificação

 Dois estágios básicos na transformação de


fases são:
1. Nucleação: Envolve o surgimento de
núcleos ou pequenas partículas de uma
nova fase.
2. Crescimento: Os núcleos aumentam de
tamanho, o que resulta de parte ou toda
sua forma original. Encerra-se a
transformação se o crescimento é
permitido até a sua condição de equilíbrio.

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Tipos de nucleação

Nucleação Homogênea:
 Os núcleos se formam uniformemente
por toda a fase original.
 Necessita de super-resfriamento.

Nucleação Heterogênea:
 Se formam preferencialmente em heterogeneidades
microestruturais como superfícies, impurezas insolúveis, nos
contornos de grão...
 Necessita de menor super-resfriamento .

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Tipos de nucleação

Nucleação Homogênea:
 Energia Livre de Gibbs (G) – Propriedade
termodinâmica
 G = G(H, S)
 ΔG < 0 = Transformação Espontânea

𝛾 = Energia livre de Superfície Contribuição da


Contribuição do
Volume do interface
Condição energética diferenciada que as associada a área
núcleo esférico
superfícies externas tem em relação ao interior. superficial.

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Nucleação Homogênea

Energia livre de Ativação

derivação

Para r = (r*)

Curvas esquemáticas para as contribuições da energia livre Gráfico esquemático da energia livre em função
de volume e da energia livre de superfície para a variação do raio do embrião/núcleo, em que a variação na
total na energia livre associada à formação de um energia livre crítica (ΔG*) e o raio do núcleo
embrião/núcleo esférico durante a solidificação crítico (r*) são mostrados

Aglomerados Parcialmente a energia livre


Porém, ao atingir um raio crítico r*, o crescimento Essa variação na energia livre de volume ΔGv é a força motriz
continuará acompanhado de uma diminuição da para a transformação durante a solidificação, e sua
energia livre. magnitude é uma função da temperatura.
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Nucleação Homogênea
Taxa de Poucos Cristais
Baixo
Nível de sub-resfriamento nucleação núcleos largos
Taxa de Muitos Cristais
Alto
nucleação núcleos pequenos
ΔHf é o calor latente de fusão
Tf = Temperatura de fusão Dessa forma, a partir dessas duas equações, tanto o raio crítico r* quanto a energia
T = Temperatura na qual ocorre a livre de ativação ΔG* diminuem conforme a temperatura T diminui
transformação de fase

o número de núcleos estáveis n* (aqueles com raios


maiores que r*) é uma função da temperatura
Curvas esquemáticas para a energia livre em função do raio do embrião/
núcleo para duas temperaturas diferentes. A variação na energia livre
crítica (ΔG*) e o raio do núcleo crítico (r*) estão indicados para cada
temperatura. 7
Nucleação Homogênea – Taxa de nucleação

1. Aumento drástico de
𝑁 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑑𝑖𝑚𝑖𝑛𝑢𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝑇
2. Intersecção do n* e Vd é
o ponto máximo de N
3. Aumento da Vd, diminui
N e n*.
o número de núcleos estáveis n*
(aqueles com raios maiores que
r*) é uma função da temperatura

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Nucleação Heterogênea
Nucleação Heterogênea:

 Sub-resfriamento na ordem de alguns graus.

 A energia de ativação ΔG* - Diminuiu muito porque os


𝜃
núcleos são formados em superfícies ou defeitos e tem
menos energia livre de superfície 𝛾

 Devemos entender o conceito de molhabilidade 𝜃


Solidificação do ferro puro por ex:

Fator de forma que


depende do ângulo de
molhabilidade
0<𝑆 𝜃 <1

Por exemplo, para ângulos θ de 30º e 90º, os valores de S(θ) são


aproximadamente 0,01 e 0,5, respectivamente.
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Nucleação Heterogênea – Taxa de
crescimento

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Nucleação Heterogênea – Crescimento
“A taxa de transformação global dependem da velocidade em que os
núcleos se formam e da velocidade em que os núcleos crescem.”

Nucleation 10 % of growing 50 %

100 %

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Fundição de metais
“Fabricação corpos sólidos com geometria definida pelo
vazamento / injeção de liga metálica no estado líquido /
pastoso em um molde apropriado.”

Roda de vagão ferroviário

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Cristalização da liga

 Direção de solidificação: Parede até o núcleo


 Formação coquilhas, crescimento zona colunar
e nucleação de grãos equiaxiais

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Histórico
•9000 A.C. - Primeiros objetos metálicos
(forjados) de cobre nativo no Oriente Médio.

•3200 A.C. - Mais antiga peça fundida


existente, uma rã em cobre na
Mesopotamia.

•3000 A.C. - Ferramentas e armas de bronze


fundidas em moldes permanentes de pedra.

•3000-2500 A.C. – Pequenas peças fundidas por


cêra perdida (investment casting) no Oriente
Médio.
Fundição por escravos
no Egito antigo.
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Histórico

•1500 A.C. - Ferro forjado na


China.
•600 A.C. - Primeiro objeto em
ferro fundido pelos chineses
(tripé de 300 kg)
•230 A.C. - Arados de ferro
são fundidos.

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Histórico

• Fundição ferrosa no século XX e XXI Desenvolvimento de


novas tecnologias e crescente demanda impulsionaram a
tecnologia da fundição a partir da segunda metade do
século XVIII. 16
Processo Cêra-Perdida

Carro do Sol de Trundholm / Museu de Kopenhagen

Bronze revestido em ouro ( ca. 70 cm ) século XIV A.C.


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Fundição e Arte
Desde a antiguidade até os dias atuais a fundição tem
sido aplicada para criar obras de arte!

Roma antiga Adenauer RFA Bonn RFA

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Processo Cêra Perdida
A Porta do Paraíso
Ghiberti 1425 -1452

Saleiro em ouro
Cellini 1543 - Florença / Itália

Detalhes de Painéis

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Histórico
Fabricação de sinos em
Moldagem em areia na
bronze com uso de
idade média
‘chapelona’

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Canhões Fundidos em Bronze

Chester
Bronze Cannons

The north cannon


(far) and the south
cannon (near)

Detail of south
cannon
Cast 1814
Photographed on
April 2003

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http://www.angelfire.com/ga4/guilmartin.com/Appendix3.html
Primeira aplicação estrutural

Ironbridge England /1775-1779

Suécia ...anos 80
Emprego de aços ARBL soldáveis

Fundição + Conformação + Soldagem

Detalhe da montagem engastada 22


de partes em ferro fundido
Aplicações
Pás de Turbinas Processo Cêra Perdida

Geometria complexa em  Peças de elevada complexidade


superliga de Níquel geométrica
somente por Fundição  Peças com tolerâncias apertadas
 Tempo e custo de fabricação
Controle da microestrutura para otimizar
elevado
resistência a fluência monocristais

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Pás de Turbinas Processo Cêra Perdida

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Aplicações

Base de Máquina Ferramenta Virabrequins de Automóveis


em FoFo Cinzento em FoFo Nodular

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Ferros Fundidos
Resistência
a Tração
Tenacidade

Resistência a
Compressão
Fragilidade
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Aspectos Vantajosos da Fundição

• Versatilidade múltiplos processos e aplicações variadas


- metais ferrosos e não-ferrosos (Tf < 1800oC)
- dúcteis ou de alta dureza, fácil ou difícil usinabilidade
- peças de diferentes tamanhos (mm / gramas até m / tons)

• Fabricação de Formas Complexas liberdade de concepção

- secções côncavas, convexas,...


- cavidades internas,...

• Economia de Peso e de Usinagem peça moldada com espessura final


e bom acabamento

• Proteção Ambiental reciclagem de sucata

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Classificação dos Processos de
Fundição
Fundição em Molde
Temporário e Fundição em Molde e Fundição em Moldes
Modelo Permanente Modelo Temporários Permanentes

Fundição em Areia Moldagem em


Agregado Refratário Por Gravidade

- Areia –verde Injeção sob-pressão


Cêra – Perdida
- Areia –sêca Centrífuga
Fundição em Gêsso
- Processo CO2 ..............................

- Fundição em Casca Fundição Contínua


Moldagem em Areia
‘shell molding’ sem Aditivos e Atomização
- Caixa-Fria Modêlo Combustível
Melt-Spinning

................................ Molde-Cheio
(Lost Foam)
Fundição em Areia
sem Aditivos

Processo “V”
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Critérios de Seleção de Processos

1. Temperatura de fusão da liga eliminatório!

2. Dimensão / Peso da peça eliminatório!

3. Forma / geometria complexa

4. Acabamento superficial

5. Tolerância dimensional

6. Escala de produção

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Capacitação dos Processos de Fundição
Espessura Rugosidade Tolerância
PROCESSO Material Peso (kg) Mínima (mm) (μm) Dimensional (%)

Aço 0,1 – 200.000 6,0 8


Moldagem em
Areia Ferro fundido 0,03 – 50.000 3,5 8 0,5 – 3,0
Alumínio 0,03 – 100 3,0 8
Aço 0,05 – 120 3,5 6
Moldagem em
Casca Ferro fundido 0,03 – 50 3,0 6 1,0 – 2,5
Alumínio 0,03 – 15 1,5 2,5
Cêra-Perdida Aço 0,005 – 25 1,0 1
Alumínio 0,002 – 10 0,8 1 0,3 – 0,5

Molde
permanente Ferro fundido 0,1 – 10 5,0 2 1,0 – 2,5
por gravidade
Alumínio 0,1 – 50 3,0 2
Injeção sob-
Alumínio 0,015 – 25 0,8 1 0,15
pressão
Zinco 0,05 – 50 0,8 1
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Moldagem Tradicional em Areia
Sistema de Enchimento e Alimentação

1 - Bacia de vazamento 5 - Canal de espuma


2 - Canal de descida 6 - Canal de ataque
3 - Base do canal de descida 7 - Canal de subida
4 - Canal de distribuição 8 - Massalote

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Propriedades das Areias de
Moldagem
a. Permeabilidade
b. Resistência
c. Fluxibilidade (escoamento e capacidade de
adensamento)
d. Refratariedade
e. Dureza
f. Inércia Química
g. Difusidade Térmica
h. Colapsidade / Desmoldabilidade
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Areias de Moldagem

Granulometria das areias (35x)


AREIA refratário granular
CONSTITUINTES
ESSENCIAIS ARGILA ligante
ÁGUA plastificante
depósitos naturais de misturas areia-
AREIAS NATURAIS
argila pela decomposição de arenitos
de cimento argiloso
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Composição de Areias de Moldagem
misturas artificiais de areia-base,
AREIAS SINTÉTICAS
argila, água e outros aditivos:

• ligantes cereais (2% amido de milho)


óleos vegetais (linhaça, mamona, etc)
resinas naturais ou sintéticas

• plastificantes óleo, silicone

• carvão, serragem  expansão térmica

• pó de sílica  acabamento superficial


(até 35% peso  200 mesh)

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Argilominerais
 ligante mais comum das areias-verdes e areias-secas
 partículas com 0,01 – 1 m
 conferem resistência via ligações iônicas entre partículas de argila
hidratadas dispersas na areia
Constituintes minerais principais:
 CAULINITAS  Al2O3.2SiO2.2H2O, MONTMORILONITAS  Al2O3.4SiO2.H2O
(Al3+ ↔ Mg2+, Na2+, Ca2+)
bentonitas + comuns (alteração de cinzas vulcânicas)  ILITAS

Influência do teor de argila e umidade na resistência a verde de


areia de moldagem (Beeley) 35
Fundição em Areia Verde
Moldagem tradicional com areia úmida compactada em torno de um
modêlo permanente bi-partido (madeira / plástico)

Vantagens
1. Econômico e simples
- equipamento mínimo
- areia recuperável (poucos aditivos)
2. Fácil sincronização de operações
3. Desmoldagem muito fácil
.................................................................
4. Possível secagem superficial (gás, óleo, infravermelho)
5. Moldagem sob alta-pressão => acabamento e precisão
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Fundição em Areia Verde
Limitações
• Não aplicável a peças de grande porte ou
geometria complexa
• Acabamento inferior
• Baixa tolerância dimensional
• Umidade da areia “verde” porosidade

Al fundido em areia
Peso = 66 kg

Al injetado sob pressão


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Fundição em Areia Verde
Limitações
• Umidade da areia “verde” => porosidade

Poros sub-superficiais em bronze-vermelho


produzidos pela reação do metal líquido com
umidade da areia.

Porosidade fina típica de evolução


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de gás H2 em liga de Alumínio
Moldagem em Areia Seca
AREIAS SINTÉTICAS SECAS A 150 – 300oC

► VANTAGENS PRINCIPAIS
Maior resistência do molde
Estabilidade dimensional
Acabamento superior

► DESVANTAGENS
Custo + elevado da matéria-prima* Dilatação devido mudanças
alotrópicas do quartzo
Areia não recuperável
Estufas

* AREIAS REFRATÁRIAS  Olivina, Zirconita, Cromita


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Moldagem em Areia - Cimento
AREIA SILICOSA + 10% CIMENTO PORTLAND + 5% ÁGUA

► VANTAGENS
Secagem à frio  não exige estufas!
Alta resistência
Bom acabamento

► DESVANTAGENS
Desmoldagem difícil (colapsidade  )
Areia não - recuperável

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Fundição em Casca (Shell Molding)

• Patente alemã da II Guerra (Kronig)


• Fundição Altona (SC) pioneira no Brasil (anos 60 )

https://www.youtube.com/watch?v=gBrFMzUuMqM

Areia + resinas de cura a quente (p.ex. fenólicas 350oC)


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