Você está na página 1de 70

UNIVERSIDADE A POLITÉCNICA

Instituto Superior Politécnico


Universitários Nacala- ISPUNA
Curso de: Engenharia Mecânica
Materiais de Construção I

Aula 10-11-12: Solidificação, defeitos e


difusão em sólidos
Docente:
Engo Aristides Miteca
20/05/2023 1
Conteúdos
4. Solidificação, defeitos e difusão em sólidos
4.1. Introdução
4.2. Solidificação de Metais
4.2.1. Soluções sólidas metálicas
4.3. Defeitos em sólidos
4.3.1. Defeitos pontuais
4.3.2. Defeitos diversos
4.3.3. Defeitos superficiais
4.4. Difusão
4.4.1. Mecanismos de difusão

20/05/2023 2
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Introdução
• Até esta fase do estudo tem-se admitido que os materiais apresentassem uma
estrutura perfeita.
• Todavia, esse tipo de sólido é idealizado, pois na realidade os materiais não
são perfeitos, e contêm vários tipos de imperfeições que afetam muitas de suas
propriedades físicas e mecânicas, as quais, por sua vez, influem em diversas
propriedades de engenharia importantes.
• Vale ressaltar que essa influência não é sempre prejudicial; frequentemente, as
características específicas dos materiais são deliberadamente moldadas pela
introdução de quantidades controladas de defeitos específicos, com o objetivo
de melhorar o desempenho dos materiais no uso a que se destinam.

20/05/2023 3
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Introdução
• Durante a solidificação, um material metálico sofre o rearranjo de seus átomos
que determina a sua estrutura cristalina. Dependendo do modo com que o
líquido transforma-se em sólido, podem ocorrer defeitos no empilhamento e na
organização dos átomos, resultando em imperfeições estruturais.

• Com exceção de alguns poucos produtos conformados por sinterização


(metalurgia do pó), todos os produtos metálicos passam necessariamente pelo
processo de solidificação em algum estágio de sua fabricação. Dessa forma, o
conhecimento do processo de solidificação de materiais metálicos é importante,
pois permite entender como alguns defeitos surgem no material.

20/05/2023 4
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais
• Em geral, a solidificação de um metal ou liga metálica pode ser dividida nas
seguintes etapas: nucleação, que é a formação de núcleos estáveis no
líquido; e crescimento dos núcleos, que origina cristais e formam uma
estrutura de grãos.

20/05/2023 5
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais
• Os principais mecanismos responsáveis pela nucleação de partículas sólidas
em um metal líquido são: nucleação homogênea e nucleação heterogênea.
Nucleação homogênea
• A nucleação homogênea é o caso mais simples de nucleação, pois em um
metal líquido ela ocorre quando o próprio metal fornece os átomos para formar
os núcleos.
• No caso de um metal puro, quando o metal líquido é suficientemente resfriado
abaixo da sua temperatura de solidificação (super-resfriamento, T = Tf - T),
formam-se numerosos núcleos homogêneos por meio do movimento lento de
átomos que vão se ligando uns aos outros.

20/05/2023 6
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• Geralmente, a nucleação homogênea exige um grau de super-resfriamento
considerável, da ordem de algumas centenas de graus Celsius

20/05/2023 7
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• Um núcleo, para ser estável de modo a poder crescer até formar um cristal,
tem que atingir um tamanho crítico. Se o tamanho é inferior ao crítico, o
grupo de átomos é denominado embrião e dissolve-se no metal líquido
devido à agitação dos átomos.

• Na nucleação homogênea, que ocorre durante a solidificação de um metal


puro, há dois tipos de variação de energia a considerar: a energia livre de
volume, liberada pela transformação líquido-sólido; e a energia de
superfície, necessária para formar as novas superfícies das partículas
solidificadas.

20/05/2023 8
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• Quando um metal puro líquido é super-resfriado, a energia motriz para a
sua transformação líquido-sólido é a diferença entre a energia livre de
volume (∆ Gv) do líquido e a do sólido. Se ∆ Gv for a variação de energia
livre entre o líquido e o sólido por unidade de volume de metal, então a
variação de energia livre de um núcleo esférico de raio r é 4/3r3∆Gv, já que
o volume de uma esfera é 4/3r3.

20/05/2023 9
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• A Figura abaixo representa esquematicamente a variação da energia livre
de volume em função do raio do embrião ou núcleo, a qual é negativa uma
vez que é a energia liberada pela transformação líquidosólido.

20/05/2023 10
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• Por outro lado, existe uma energia que se opõe à formação dos embriões e
núcleos, que é a energia requerida para formar uma superfície destas
partículas. A energia necessária para criar a superfície de partículas esféricas,
∆Gs, é igual à energia livre específica da superfície da partícula, , multiplicada
pela área da superfície da esfera π 4r2 𝛾.
• A Figura do slide 10 também representa este tipo de energia, bem como a
energia total associada à formação de um embrião ou núcleo.
• Portanto, a variação total de energia livre para a formação de um embrião ou
núcleoesférico de raio r durante a solidificação de um metal puro é:

4 3
∆GT = π𝑟 ∆𝐺𝑣 + 4𝜋𝑟 2 𝛾
3

20/05/2023 11
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• onde

∆ GT = variação total de energia livre,

r = raio do embrião ou núcleo,

∆ Gv = energia livre de volume,

𝛾 = energia livre específica de superfície

20/05/2023 12
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• A partir da derivação dessa equação, pode-se obter uma relação entre o
tamanho crítico do núcleo, a energia livre de superfície e a energia livre de
volume. A derivada da energia total, GT em relação a r é zero quando r = r*,
já que a curva da energia livre total em função do raio do embrião ou
núcleo tem um máximo, assim:

20/05/2023 13
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea

• Quanto maior for o grau de super-resfriamento ∆ T, maior é a variação de

energia livre de volume ∆ Gv; entretanto, a variação de energia livre devido à

energia de superfície ∆ Gs não depende muito da temperatura. Nestas

condições, o tamanho crítico do núcleo é determinado principalmente por ∆ Gv.

Próximo da temperatura de solidificação, o tamanho crítico do núcleo deverá

ser infinito, uma vez que ∆ T se aproxima de zero; contrariamente, à medida

que o grau de super-resfriamento aumenta, o tamanho crítico diminui.

20/05/2023 14
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação homogênea


• O tamanho crítico do núcleo está relacionado com o grau de super-
resfriamento pela equação:

2𝛾𝑇𝑓
• 𝑟 ∗ = ∆𝐻 ∆𝑇
𝑠

• Onde r* = raio crítico do núcleo, ∆𝐻𝑠 = calor latente de solidificação e ∆ T =


grau de superresfriamento do metal.

20/05/2023 15
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação heterogênea


• A nucleação heterogênea no líquido ocorre sobre as paredes do recipiente,
impurezas insolúveis ou outro material presente na estrutura que diminua a
energia livre crítica necessária para formar um núcleo estável.

• Como nas operações de vazamento industriais os graus de super-


resfriamento elevados não acontecem (geralmente variam entre 0,1 e
10°C), a nucleação será heterogênea.

• Para que a nucleação heterogênea ocorra, o agente nucleante, também


denominado substrato, terá de ser molhado pelo metal líquido, e este
deverá igualmente solidificar facilmente sobre aquele.

20/05/2023 16
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação heterogênea


• A Figura abaixo mostra um substrato que é molhado pelo líquido a
solidificar e que, portanto, origina um pequeno ângulo de contato entre ele
e o metal sólido.

20/05/2023 17
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Nucleação heterogênea


• A nucleação heterogênea ocorre sobre o substrato, pois a energia de
superfície para formar um núcleo estável é mais baixa se o núcleo se
formar sobre aquele material do que no próprio líquido puro (nucleação
homogênea). Como a energia de superfície é mais baixa no caso da
nucleação heterogênea, a variação total de energia livre, necessária à
formação de um núcleo estável, é menor e o tamanho crítico do núcleo
também é menor; por conseguinte, para formar um núcleo estável por
nucleação heterogênea, necessita-se de um grau de super-resfriamento
mais reduzido.

20/05/2023 18
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Crescimento de cristais e formação da


estrutura do grão
• Após a formação dos núcleos estáveis, estes irão crescer e formar cristais,
Em cada cristal, os átomos estão posicionados da mesma maneira, mas a
orientação entre eles varia de um para outro. Quando a solidificação do
metal se completa, os cristais, com diferentes orientações, juntam-se uns
aos outros e originam fronteiras nas quais as variações de orientação têm
distâncias de alguns átomos. Os cristais no metal solidificado são
designados por grãos, e as superfícies entre eles por contornos de grão.
Quando o metal solidificado contém muitos cristais, diz-se que é
policristalino.
20/05/2023 19
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Crescimento de cristais e formação da


estrutura do grão
• Se durante a solidificação o número de núcleos for relativamente pequeno, a
estrutura resultante será grosseira ou de grão grosso; se muitos núcleos
estiverem disponíveis, será produzida uma estrutura refinada de grão fino, que
é a estrutura mais desejável em termos de resistência mecânica e de
uniformidade dos produtos metálicos acabados.

• Os metais líquidos são vazados em moldes para obtenção de peças ou


lingotes. O lingote passa posteriormente por processos de deformação plástica
(conformação plástica) visando a produção de chapas, barras, perfis etc.

20/05/2023 20
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Crescimento de cristais e formação da


estrutura do grão
• Os grãos que aparecem na estrutura da peça ou do lingote podem ter
diferentes tamanhos dependendo das taxas de extração de calor e
gradientes térmicos em cada momento da solidificação.

• Em geral, existem três regiões de grãos, que se classificam como: zona


coquilhada, zona colunar e zona equiaxial.

20/05/2023 21
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Crescimento de cristais e formação da


estrutura do grão
• Zona coquilhada: Região de pequenos grãos com orientação cristalina
aleatória, situada na parede do molde. Próximo à parede existe maior taxa
de extração de calor e, portanto, elevado grau de super-resfriamento, que
favorece a formação destes grãos.

• Os grãos da zona coquilhada tendem a crescer na direção oposta a da


extração de calor, porém algumas direções cristalinas apresentam maior
velocidade de crescimento que outras.

20/05/2023 22
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Crescimento de cristais e formação da


estrutura do grão
• Zona colunar: Região de grãos alongados, orientados na direção de
extração de calor. Os grãos da zona coquilhada que possuem as direções
cristalinas de maiores velocidades de crescimento alinhadas com a direção
de extração de calor, apresentam aceleração de crescimento. Esta
aceleração gera grãos alongados que compõem a zona colunar, situada na
posição intermediária entre a parede e o centro do molde.

20/05/2023 23
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Solidificação de Metais - Crescimento de cristais e formação da


estrutura do grão
• Zona Equiaxial: Região de pequenos grãos formados no centro do molde
como resultado da nucleação de cristais ou da migração de fragmentos de
grãos colunares (arrastados para o centro por correntes de convecção no
líquido). Nesta região, os grãos tendem a ser pequenos, equiaxiais e de
orientação cristalina aleatória.

20/05/2023 24
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas


• Na maioria das aplicações de engenharia, a necessidade de propriedades
específicas faz com que o uso de materiais metálicos nem sempre esteja
restrito aos metais puros.
• Apenas alguns metais usados comercialmente em aplicações de
engenharia são puros, como por exemplo:
 O cobre de alta pureza (99,99%) usado em condutores elétricos, devido à
sua elevadacondutividade elétrica;
 O zinco utilizado na galvanização de aços;
 O alumínio usado em utensílios domésticos, contendo apenas teores
mínimos de outros elementos

20/05/2023 25
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas


• Na maioria dos casos, outros elementos (metais ou não metais) são
intencionalmente adicionados a um metal, com o objetivo de melhorar as
suas propriedades, formando as ligas metálicas; portanto, uma liga
metálica, ou simplesmente uma liga, é a mistura de dois elementos, sendo
pelo menos um metálico para garantir o caráter metálico no material.
• Como exemplos de liga têm-se:
 O latão, que é uma liga de cobre contendo zinco;
 O bronze, que é uma liga de cobre contendo estanho;
 O aço-carbono, que é uma liga de ferro contendo carbono.

20/05/2023 26
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas


• O tipo mais simples de liga metálica é aquela que forma uma solução
sólida; portanto, solução sólida é um sólido que consiste de dois ou mais
elementos atomicamente dispersos em uma estrutura monofásica.

• Em geral, existem dois tipos de soluções sólidas: solução sólida


substitucional e solução sólida intersticial.

20/05/2023 27
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas


• Soluções sólidas substitucionais - Nas soluções sólidas substitucionais
formadas por dois elementos, os átomos do soluto podem substituir os
átomos do solvente na rede cristalina. Neste caso, a estrutura do solvente
não é alterada, sendo comum ocorrer distorção da rede cristalina, já que os
átomos do soluto não exibem o mesmo diâmetro atômico dos átomos do
solvente, podendo ser maiores ou menores.

20/05/2023 28
Átomos de solutos substituindo átomos da rede
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas


• Solubilidade - A fração de átomos de um elemento que pode ser dissolvida
na estrutura de outro é definida como solubilidade, a qual varia de um valor
muito pequeno até 100%, e é dada em porcentagem em peso (% em peso)
ou em porcentagem atômica (% de átomos).

• Para que haja uma substituição em proporções elevadas (solubilidade


extensa) em uma solução sólida substitucional, as seguintes condições,
denominadas condições de Hume-Rothery, devem ser satisfeitas:

20/05/2023 29
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas


1. Os raios atômicos dos dois elementos não devem diferir em mais de 15%;

2. A estrutura cristalina dos dois elementos deve ser a mesma;

3. Não deve existir diferença significativa entre as eletronegatividades dos


dois elementos, para que não haja a formação de compostos;

4. Os dois elementos devem ter a mesma valência

20/05/2023 30
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas


A tabela abaixo mostra a relação entre a solubilidade e as condições listadas,
para algumas ligas cujo solvente é o cobre (Cu); este elemento apresenta
as seguintes características: estrutura CFC, raio atômico igual a 1,278 Å,
eletronegatividade de 1,9 e valência +1.

20/05/2023 31
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Soluções sólidas metálicas - Soluções sólidas intersticiais


• Nesse tipo de solução, um átomo pequeno pode se localizar nos
interstícios da rede dos átomos maiores (o soluto intersticial é o que fica
posicionado nos interstícios do solvente).

Átomos de soluto localizados nos


interstícios da rede do solvente

20/05/2023 32
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos em sólidos
• As imperfeições estruturais afetam diretamente várias características dos
materiais, como os parâmetros envolvidos na deformação plástica, na
condutividade elétrica de semicondutores, na corrosão metálica e em
processos de difusão atômica.

• Com exceção de alguns poucos produtos conformados por sinterização


(metalurgia do pó), todos os produtos metálicos passam necessariamente
pelo processo de solidificação em algum estágio de sua fabricação.

20/05/2023 33
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos em sólidos
• Durante a solidificação, um material metálico sofre o rearranjo de seus
átomos que determina a sua estrutura cristalina. Dependendo do modo
com que o líquido transforma-se em sólido, podem ocorrer defeitos no
empilhamento e na organização dos átomos, resultando em imperfeições
estruturais.

• Existem três tipos básicos de imperfeições: defeitos pontuais, defeitos de


linha (discordâncias) e defeitos de superfície;

20/05/2023 34
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos em sólidos – Defeitos Pontuais


• São interrupções localizadas em pontos da estrutura cristalina, atômica ou
iônica, e estão associados com uma ou duas posições atômicas.
• Embora sejam chamadas defeitos de pontos, as interrupções afetam uma
região que envolve vários átomos ou íons.
• Essas imperfeições podem ser introduzidas pelo movimento de átomos ou íons,
quando eles ganham energia por aquecimento, durante o processamento dos
materiais, pela introdução de impurezas ou por dopagem.
• Os defeitos pontuais mais importantes são: as lacunas (também chamadas de
vazios ou vacâncias), os autointersticiais, os defeitos intersticiais e os defeitos
substitucionais.

20/05/2023 35
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos em sólidos – Defeitos Pontuais


• Lacunas - É o tipo de defeito mais simples e é caracterizado pela ausência
de um átomo ou íon em um sítio normal da estrutura cristalina.

• As lacunas podem ser produzidas durante o processo de solidificação,


como resultado de perturbações locais no crescimento do cristal. Também
ocorrem no arranjo de um cristal já existente, devido à mobilidade de seus
átomos no material cristalino, ou ainda, em função da deformação plástica,
do resfriamento rápido e do bombardeamento da rede cristalina por
partículas atômicas.

20/05/2023 36
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos em sólidos – Defeitos Pontuais


• As lacunas podem ser produzidas durante o processo de solidificação,
como resultado de perturbações locais no crescimento do cristal. Também
ocorrem no arranjo de um cristal já existente, devido à mobilidade de seus
átomos no material cristalino, ou ainda, em função da deformação plástica,
do resfriamento rápido e do bombardeamento da rede cristalina por
partículas atômicas.

• As lacunas são de grande importância na determinação da taxa de difusão


(processo no qual os átomos ou íons podem se mover na estrutura de um
material sólido, especialmente em metais puros).

20/05/2023 37
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos em sólidos – Defeitos Pontuais


• As lacunas podem ser produzidas durante o processo de solidificação,
como resultado de perturbações locais no crescimento do cristal. Também
ocorrem no arranjo de um cristal já existente, devido à mobilidade de seus
átomos no material cristalino, ou ainda, em função da deformação plástica,
do resfriamento rápido e do bombardeamento da rede cristalina por
partículas atômicas.

• As lacunas são de grande importância na determinação da taxa de difusão


(processo no qual os átomos ou íons podem se mover na estrutura de um
material sólido, especialmente em metais puros).

20/05/2023 38
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos em sólidos – Defeitos Pontuais

20/05/2023 39
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares


• Os cristais podem apresentar defeitos lineares e contínuos em sua estrutura,
dando origem às imperfeições de linha, os quais são também chamados de
discordâncias. Uma discordância, portanto, é um defeito linear ou
unidimensional em torno do qual alguns átomos estão desalinhados.

• Esses defeitos causam a distorção da rede cristalina em torno de uma linha,


gerando campos de tensão nessa região.

• Embora as discordâncias estejam presentes em todos os materiais, inclusive os


cerâmicos e os poliméricos, eles são particularmente úteis para explicar a
deformação e o aumento da resistência em materiais metálicos.

20/05/2023 40
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares


• Essas imperfeições podem ser produzidas durante a solidificação, na
deformação plástica de sólidos cristalinos, como resultado da concentração
de lacunas, ou ainda por desajustamentos atômicos em soluções sólidas.

• As discordâncias são responsáveis pelo comportamento mecânico dos


materiais quando submetidos ao cisalhamento, e justificam o fato que os
metais são cerca de dez vezes mais deformáveis do que deveriam.

20/05/2023 41
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares

Tipos de defeitos lineares


• Os dois principais tipos de discordâncias são identificados como: discordância
em cunha e discordância em hélice. A combinação destes dois tipos origina as
discordâncias mistas, que têm componentes de cunha e de hélice.

• Defeito em cunha

Uma discordância em cunha ocorre pela interrupção de um plano atômico. Este


tipo de discordância pode ser descrita como a aresta de um plano atômico extra
“inserido” na estrutura cristalina, como é mostrado na, o que faz com que também
seja denominada discordância em aresta.

20/05/2023 42
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares

Tipos de defeitos lineares - Defeito em cunha

20/05/2023 43
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares

Tipos de defeitos lineares - Defeito em cunha


• Quando uma discordância em cunha é introduzida no cristal, os átomos
acima da linha da discordância ficam bastante comprimidos, enquanto os
átomos abaixo da linha de discordância ficam muito tracionados; portanto,
zonas de compressão e de tração acompanham uma discordância em
cunha, de modo que há um aumento de energia ao longo da mesma, obtida
por fotoelasticidade.

20/05/2023 44
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares

Tipos de defeitos lineares - Defeito em cunha

20/05/2023 45
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares

Tipos de defeitos lineares - Defeito em Hélice


• Uma discordância em hélice, também chamada de discordância em espiral
ou discordância em parafuso, ocorre quando o empilhamento atômico em
torno da linha da discordância é feito na forma de uma mola helicoidal.

20/05/2023 46
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos– Defeitos Lineares

Tipos de defeitos lineares - Defeito em Hélice


• Nas discordâncias em hélice o vetor de Burgers é paralelo à linha de
discordância.

• Tensões de cisalhamento estão associadas aos átomos adjacentes; assim


sendo, esse tipo de discordância também provoca um aumento de energia.

20/05/2023 47
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos volumétricos ou de massa


• Existem outros defeitos em todos os materiais sólidos que são muito
maiores que todos os que foram discutidos até o momento. Esses defeitos
incluem os poros, as trincas, as inclusões exógenas e outras fases.
Normalmente, eles são introduzidos durante as etapas de processamento e
fabricação dos materiais. Difusão

20/05/2023 48
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos volumétricos ou de massa


• Inclusões

São impurezas estranhas ao material, tais como óxidos e sulfetos, dentre


outros. A Figura abaixo mostra inclusões como observadas no microscópio.

20/05/2023 49
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos volumétricos ou de massa


• Precipitados

São aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz


• Fases
Forma-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga, e ocorrem
quando o limite de solubilidade é ultrapassado.

20/05/2023 50
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos volumétricos ou de massa


• Porosidade
Origina-se devido à presença ou formação de gases. Por exemplo, a superfície
de material puro durante o seu processamento por metalurgia do pó

20/05/2023 51
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos Superficiais


• Os cristais também apresentam defeitos em duas dimensões que se
estendem ao longo de sua estrutura, formando superfícies que são
denominadas de imperfeições de superfície ou fronteiras. Os principais
tipos de defeitos cristalinos nessa categoria são: superfícies livres,
contornos de grão, falhas de empilhamento e maclas.

20/05/2023 52
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos volumétricos ou de massa


Superfícies livres

• As dimensões exteriores do material representam superfícies onde o cristal


termina rapidamente, ou seja, a superfície externa é o término da estrutura

• Entretanto, os átomos da superfície não são completamente comparáveis


aos do interior do cristal, pois possuem vizinhos de apenas um lado;
portanto, têm energia mais alta que os átomos internos e estão ligados a
estes mais fragilmente (átomos fora da posição de equilíbrio).

20/05/2023 53
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos Superficiais


• Contornos de grão
• Durante a solidificação do material, vários núcleos sólidos surgem no
interior do líquido. Em uma fase seguinte, denominada de crescimento,
esses núcleos crescem e se juntam, formando nestas juntas uma região
conhecida como contorno de grão. Como os diversos grãos formados não
apresentam a mesma orientação cristalográfica, o encontro dos mesmos
cria superfícies de contato dentro do cristal, formadas por átomos
desordenados

20/05/2023 54
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos Superficiais


• Maclas

• Ocorrem quando parte da rede cristalina é deformada, de modo a formar uma


imagem especular da parte não deformada.

• O plano cristalográfico de simetria entre as regiões deformada e não deformada


é chamado de plano de maclação ou contorno de macla. As maclas podem ser
produzidas em certos materiais metálicos, a partir de tensões mecânicas ou
térmicas oriundas de processos de deformação ou tratamento térmico, pela
produção de uma força de cisalhamento atuando ao longo do contorno de
macla, causando a mudança de posição dos átomos.

20/05/2023 55
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos Superficiais


• Maclas

20/05/2023 56
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos Superficiais


• Maclas
• Esses defeitos ocorrem durante a deformação ou tratamento térmico de certos
materiais metálicos.
• Os contornos de macla interferem com o processo de deslizamento e,
consequentemente, aumentam a resistência do material.
• Também ocorrem em alguns materiais cerâmicos (zircônia monoclínica e
silicato de cálcio).
• Em função da alta energia associada, os contornos de grão são mais eficazes
no bloqueio de discordâncias do que falhas de empilhamento ou contornos de
maclas.

20/05/2023 57
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Defeitos diversos – Defeitos Superficiais


• Maclas

Quadro comparativo das energias associadas aos defeitos superficiais.

20/05/2023 58
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
INTRODUÇÃO

• Muitas reações e processos importantes no tratamento de materiais


dependem da transferência de massa tanto no interior de um sólido
específico (ordinariamente em um nível microscópico) quanto a partir de
um líquido, um gás ou outra fase sólida. Isso é alcançado obrigatoriamente
por difusão, que é o fenômeno de transporte de matéria por movimento
atômico.

20/05/2023 59
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
INTRODUÇÃO

• O fenômeno da difusão pode ser demonstrado com o auxílio de um par de


difusão, o qual é formado unindo barras de dois metais diferentes, de modo
que haja um contato íntimo entre as duas faces; isso está ilustrado para o
cobre e o níquel na Figura do slide a seguir, que também inclui as
representações esquemáticas das posições dos átomos e da composição
através da interface.

20/05/2023 60
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
INTRODUÇÃO

• Esse par é aquecido a uma temperatura elevada (porém abaixo da


temperatura de fusão de ambos os metais) durante um período de tempo
prolongado e depois é resfriado até a temperatura ambiente.

(a) Um par de difusão cobre-níquel antes de ser submetido a um tratamento térmico a temperatura elevada. (b)
Representações esquemáticas das posições atômicas do Cu (círculos vermelhos) e do Ni (círculos azuis) no
interior do par de difusão. (c) Concentrações de cobre e de níquel em função da posição ao longo do par.
20/05/2023 61
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
INTRODUÇÃO
• Uma análise química revelará uma condição semelhante àquela
representada na Figura no slide a seguir — qual seja, cobre e níquel puros
localizados nas duas extremidades do par, separados por uma região onde
existe uma liga dos dois metais. As concentrações de ambos os metais
variam de acordo com a posição, como mostrado na Figura c) do slide a
seguir. Esse resultado indica que átomos de cobre migraram ou se
difundiram para o níquel e que o níquel se difundiu para o cobre. Esse
processo, no qual os átomos de um metal se difundem para o interior de
outro metal, é denominado interdifusão, ou difusão de impurezas.
20/05/2023 62
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
INTRODUÇÃO

(a) Um par de difusão cobre-níquel após ser submetido a um tratamento térmico a


temperatura elevada, mostrando a zona de difusão com formação de liga. (b)
Representações esquemáticas das posições atômicas do Cu (círculos vermelhos) e
do Ni (círculos azuis) no interior do par de difusão. (c) Concentrações de cobre e de
níquel em função da posição ao longo do par.

20/05/2023 63
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
INTRODUÇÃO
• Interdifusão pode ser observada de uma perspectiva macroscópica pelas
mudanças na concentração que ocorrem ao longo do tempo, como no
exemplo do par de difusão Cu-Ni. Existe uma corrente ou transporte líquido
dos átomos das regiões de alta concentração para as regiões de baixa
concentração. A difusão também ocorre em metais puros, mas nesse caso
todos os átomos que estão mudando de posição são do mesmo tipo; isso é
denominado autodifusão. Obviamente, a autodifusão não pode ser
observada, em geral, por meio do acompanhamento de mudanças na
composição.
20/05/2023 64
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
Mecanismos de difusão
• De uma perspectiva atômica, a difusão consiste simplesmente na migração
passo a passo dos átomos de uma posição para outra na rede cristalina. De
fato, os átomos nos materiais sólidos estão em constante movimento, mudando
rapidamente de posições. Para um átomo fazer esse movimento, duas
condições devem ser atendidas:
a) Deve existir uma posição adjacente vazia;
b) O átomo deve possuir energia suficiente para quebrar as ligações atômicas
com seus átomos vizinhos e então causar alguma distorção da rede durante o
seu deslocamento.

20/05/2023 65
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
Mecanismos de difusão

• Em uma temperatura específica, uma pequena fração do número total de


átomos é capaz de se mover por difusão, em virtude das magnitudes de
suas energias vibracionais. Essa fração aumenta com o aumento da
temperatura.

• Foram propostos vários modelos diferentes para esse movimento dos


átomos; entre essas possibilidades, duas são dominantes para a difusão
nos metais.

20/05/2023 66
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
Mecanismos de difusão - Difusão por Lacunas

• Um mecanismo envolve a troca de um átomo de uma posição normal da


rede para uma posição adjacente vaga ou lacuna na rede cristalina.

• Esse mecanismo é apropriadamente denominado difusão por lacunas.


Evidentemente, esse processo necessita da presença de lacunas, e a
extensão segundo a qual a difusão por lacunas pode ocorrer é uma função
do número desses defeitos que estejam presentes; em temperaturas
elevadas, podem existir concentrações significativas de lacunas nos
metais.

20/05/2023 67
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
Mecanismos de difusão - Difusão por Lacunas

• Uma vez que os átomos em difusão e as lacunas trocam de posições entre


si, a difusão dos átomos em uma direção corresponde a um movimento de
lacunas na direção oposta. Tanto a autodifusão quanto a interdifusão
ocorrem por esse mecanismo; neste último caso, os átomos de impureza
devem substituir os átomos hospedeiros.

20/05/2023 68
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
Mecanismos de difusão - Difusão Intersticial

• O segundo tipo de difusão envolve átomos que migram de uma posição


intersticial para uma posição intersticial vizinha que esteja vazia. Esse
mecanismo é encontrado para a interdifusão de impurezas, tais como
hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio, que são átomos pequenos o
suficiente para se encaixar nas posições intersticiais. Os átomos
hospedeiros ou de impurezas substitucionais raramente formam intersticiais
e, normalmente, não se difundem por esse mecanismo. Esse fenômeno é
apropriadamente denominado difusão intersticial

20/05/2023 69
Solidificação, defeitos e difusão em sólidos

Difusão em Sólidos
Mecanismos de difusão - Difusão Intersticial

• Na maioria das ligas metálicas a difusão intersticial ocorre muito mais


rapidamente que a difusão pela modalidade de lacunas, uma vez que os
átomos intersticiais são menores e, dessa forma, também são mais móveis.
Adicionalmente, existem mais posições intersticiais vazias do que lacunas.
Portanto, a probabilidade de um movimento atômico intersticial é maior do
que para uma difusão por lacunas.

20/05/2023 70

Você também pode gostar