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GESTÃO DE PRODUTOS COSMÉTICOS, ESTÉTICOS E

COSMIÁTRICOS
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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário
GESTÃO DE PRODUTOS COSMÉTICOS, ESTÉTICOS E .................................. 2
COSMIÁTRICOS ........................................................................................................... 2
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 7
GESTÃO DA PRÁTICA FARMACÊUTICA ................................................................. 9
PROCESSO DE CUIDADO .......................................................................................... 12
GESTÃO DA PRÁTICA ............................................................................................... 16
DA CARACTERIZAÇÃO DAS FARMÁCIAS ............................................................ 19
ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO EM ESTÉTICA .................................................. 20
COSMIATRIA ............................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 28

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Vídeos de Apoio

Visando promover mais um pouco de conhecimento sobre o assunto de


GESTÃO DE PRODUTOS COSMÉTICOS, ESÉTICOS E COSMIÁTRICOS,
foram selecionados alguns vídeos que deverão ser assistidos antes de inciar a
leitura do conteúdo da apostila.

➢ Vídeo 1: Gestão de Farmácias e Drogarias na Prática

Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=LxIPb6qWexA >

Sinopse: o Canal Farmacon, por meio de uma live aborda pontos essenciais
sobre a gestão de farmácias e drogarias. Ter uma ou mais farmácias e drogarias
não é uma tarefa fácil. É extremamente desafiador acompanhar o ritmo
necessário para manter uma loja de pé. São muitos detalhes.

➢ Vídeo 2: ÁREAS DE ATUAÇÃO FARMACÊUTICA: Indústria


Cosmética

Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=_0y312gFyhc >

Sinopse: o Canal do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná, at-


ravés da Doutora Mariane Zanetti Schabatura aborda aspectos da atuação far-
macêutica na área de cosmetologia.

➢ Vídeo 2: Erros e acertos na gestão do estoque da farmácia

Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=_0y312gFyhc >

Sinopse: parece um assunto “batido” (e pode até ser), mas, para quem trabalha
na área, todo conhecimento é pouco quando se trata de fazer a melhor gestão
do estoque da farmácia. Por isso, o assunto foi colocado em pauta, desta vez
sob outro ângulo. Já foi abordadoperdas, e agora será dado ênfase na importân-
cia de uma boa gestão do estoque para vender mais e fidelizar o cliente.

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O entrevistado é o Wladimir Ferreira Salles, mestre em Engenharia de Trans-


porte, especialista em Gestão de Cadeia de Suprimentos, consultor empresarial
e diretor regional (RJ) do Conselho Brasileiro dos Executivos de Compras. O É
de Farmácia é um programa de entrevistas com especialistas em varejo, canal
farma, regulação, inovação, tecnologia, gestão e planejamento: tudo voltado
para ajudar o empresário a ter sucesso com a farmácia.

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a prática farmacêutica passa por uma transformação


tida como revolucionária. Através do trabalho de Hepler e Strand, foi estabele-
cido que a prática farmacêutica deve dispor de uma filosofia adequada e estru-
tura estruturada na qual se opere essa prática, sugerindo o conceito de Atenção
Farmacêutica. O foco do trabalho farmacêutico, é o paciente, todos os seus atoa
e compromissos quando pautados no usuário geram benefícios diretos para si,
assim como para o sistema de saúde.

No Brasil, essa transformação vem contribuindo de maneira considerável


para o progresso da profissão, assim como gerado expectativas nos profissio-
nais referentes ao enobrecimento dessa atividade, ofertando uma chance de re-
cuperação da relação entre farmacêutico e paciente. A evolução da profissão no
país teve enorme interferência de interesses comerciais, tendo contribuído para
o abandono da farmácia por parte do profissional e para a perda da relação com
o paciente.

O conceito de Atenção Farmacêutica compreende atitudes, valores éti-


cos, comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabilidades na
prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada
à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, aspi-
rando uma farmacoterapia racional, obtendo resultados definidos e mensuráveis,
voltados para a melhoria da qualidade de vida, esta deve envolver as concep-
ções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais,
sob a ótica da integralidade das ações de saúde.

Nesta sugestão, todas as atividades farmacêuticas relativas ao paciente,


como a indicação de medicamentos e cosméticos que não exigem prescrição
médica, sua dispensação e a orientação acerca de seu uso, são apontadas como
atividades integrantes da prática da atenção farmacêutica em conjunto com o
acompanhamento farmacoterapêutico.

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Analisando a missão da prática farmacêutica estabelecida pela Organiza-


ção Mundial de Saúde (OMS), as atividades de educação em saúde, particular-
mente referentes a utilização correta de medicamentos, produtos estéticos e cos-
méticos, sua dispensação e a indicação farmacêutica podem intervir significati-
vamente no uso adequado de medicamentos pelos indivíduos.

A dispensação, como uma das atividades da prática farmacêutica, deve


seguir os princípios pautados pela OMS, além de entregar o medicamento ou
produto para saúde, este deve prover condições para que o paciente faça seu
uso da melhor forma possível. Esta necessita reunir o caráter técnico do proce-
dimento de entrega que possibilite a recepção de um medicamento ou dispositivo
dentro dos padrões de qualidade, segurança e orientações que garantam o uso
adequado destes.

Na realização da dispensação, o farmacêutico recebe o paciente no bal-


cão, ou em uma sala privativa, não possuindo tempo e nem todas as informações
pertinentes para realização de uma avaliação completa como a que sucede no
acompanhamento farmacoterapêutico. Desse modo, se faz necessária a redefi-
nição da dispensação, propondo os processos envolvidos conforme os seus ob-
jetivos, tendo em conta a realidade dos estabelecimentos farmacêuticos.

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GESTÃO DA PRÁTICA FARMACÊUTICA

Apesar de existirem tentativas de acordo de termos e definições relativas


à prática farmacêutica, até então ocorrem diversas polêmicas na legislação e
diferentes propostas de conceitos. Na prática, a dispensação permanece sendo
vista como somente um ato de entrega de um produto desprovido de sua função
técnica e profissional.

Apesar de ocorrer um avanço atestado pelo Ministério da Saúde por meio


da Política Nacional de Medicamentos, na qual a perspectiva comercial da ativi-
dade é extinta, atribuindo-lhe um caráter profissional tornando evidente que o
farmacêutico é responsável pelo fornecimento de medicamentos e produtos cos-
méticos, assim como pela orientação do seu uso correto e inserindo a atividade
num grupo multiprofissional de assistência à saúde (a assistência farmacêutica),
não houve mudanças nos conceitos utilizados pelos principais órgãos regulado-
res sanitário e profissional, respectivamente a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - ANVISA e o Conselho Federal de Farmácia - CFF. Estes últimos
reiteram a descrição da Lei nº 5991, de 17 de dezembro de 1973: ato de forne-
cimento ao consumidor de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e cor-
relatos, a título remunerado ou não, incluindo a palavra orientação.

Destaca-se que farmacêutico deve possuir atitude ativa na entrega de in-


sumos medicamentosos em condições qualificadas e conforme as normas legais
vigentes, resguardando o paciente de uma provável manifestação de problemas
referentes aos medicamentos.

ANGONESI; RENNÓ (2011), lecionam:

Dupim afirma que a dispensação é um procedimento que tanto pode


representar a etapa final que sintetiza todas as anteriores, como pode
ser o ponto de partida para o encaminhamento do paciente a outros
serviços de saúde.
Segundo esse autor, no momento da dispensação o farmacêutico ouve
o usuário, esclarece suas dúvidas e complementa as informações for-
necidas por outros profissionais de saúde sobre o uso e a guarda do
medicamento, com o objetivo de evitar o aparecimento de problemas
que possam comprometer a terapêutica. ANGONESI; RENNÓ (p.
3883-3891, 2011)

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Na realização da orientação do farmacêutico ao paciente acerca do uso


correto dos insumos medicamentos, pode-se destacar pontos importantes: ên-
fase no cumprimento do regime da dose, a influência dos alimentos, a interação
com outros medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e
as condições de conservação do produto. Perante essas definições, percebe-se
que geralmente a dispensação não é realizada das forma proposta, sendo um
dos motivos a falta de procedimentos e recomendações para se colocar em prá-
tica.

Não é possível desassociar a característica comercial dos estabelecimen-


tos farmacêuticos nos dias atuais, devido esta suceder de um processo cultural
que engloba questões socioeconômicas amplas. Sendo assim, deve-se compre-
ender a dispensação como uma prática eficiente e ágil para incorporar as dimen-
sões técnicas e comerciais.

De acordo com o Consenso Espanhol a dispensação deve se expor


como:

- fonte de informação para os pacientes sobre os insumos medicamento-


sos que irão utilizar;

- filtro para detecção de situações em que exista um risco de ocorrência


de problemas relacionados aos insumos medicamentosos;

- fonte de informação ao farmacêutico, por meio da qual ele consiga tomar


decisão mais benéfica para o paciente, podendo ser, a dispensação do insumo
conforme a prescrição, oferecimento de assistência complementar frente a outro
serviço de atenção farmacêutica, ou não dispensação sem consulta ao médica.

Ademais, é descrito que a dispensação deve executar três princípios bá-


sicos, sendo estes, atendimento a totalidade de consumidores, ser ágil e efici-
ente e estar integrada à rotina diária do profissional. Devendo esta, ser realizada
pelo farmacêutico ou por profissional sob sua supervisão. A agilidade e a efici-
ência exigem que as informações fornecidas sejam as mínimas necessárias para
uma farmacoterapia adequada.

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Dessa forma não deve ser condição na dispensação somente o forneci-


mento de informações sobre interações medicamentosas e reações adversas,
mas também a avaliação de todas as necessidades farmacoterapêuticas do cli-
ente. De outra forma, devem-se reconhecer situações que possam afetar o tra-
tamento, apontando a exigência de encaminhamento do paciente para um aten-
dimento mais completo, resolvendo as demandas possíveis de intervenção no
balcão.

É necessário salientar, que é interessante proporcionar o aperfeiçoa-


mento de habilidades e competências de modo que o paciente demonstre com-
portamento positivo relativo à sua farmacoterapia, admitindo comportamentos
que demonstrem o uso adequado dos insumos medicamentosos.

Para realização da dispensação a toda porcentagem de clientes, esta


deve ser executada com o apoio dos auxiliares sob responsabilidade do farma-
cêutico. Para isto, é fundamental que os auxiliares possuam capacitação para
realização desse serviço, identificando as situações em que somente o farma-
cêutico pode tomar decisão. É essencial que ocorra uma transformação do far-
macêutico de forma direta ao novo paradigma de cuidado ao paciente e, dessa
forma, compreendê-la como a atividade crucial dentro das farmácias.

O farmacêutico deve assumir uma postura de cuidador, não apenas de


vendedor de medicamentos e produtos cosméticos. Desse modo, a filosofia
dessa prática deve ser pautada nos seguintes fundamentos:

• Atender à necessidade social de redução da morbimortali-


dade de medicamentos;
• Estabelecer uma relação de confiança entre o farmacêutico
e o paciente;
• Atender o paciente de forma individualizada, focando em
suas necessidades relacionadas ao uso adequado do medicamento;
• Responsabilizar-se pelo ensino ao paciente do uso ade-
quado dos insumos medicamentosos, identificando as situações que ne-
cessitem de outros cuidados.

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PROCESSO DE CUIDADO

O objetivo do processo de cuidado do paciente é direcionar a conduta do


farmacêutico durante a dispensação, por meio da obtenção de informações, aná-
lise e tomada decisões em relação à orientação sobre o uso adequado dos insu-
mos medicamentosos e à identificação de possíveis problemas que necessitem
de encaminhamento para outros serviços.

De forma inicial o farmacêutico deve analisar se há prescrição, devido isso


indicar que o paciente passou por uma avaliação médica, em que foi estabele-
cido um diagnóstico que necessite do uso do medicamento, ou cosmético. Caso
contrário, deve ser considerada a possibilidade do paciente descrever ocorrência
de indicação médica apesar de não apresentar a prescrição. Essa é uma prática
comum, principalmente para aquisição de medicamentos de uso crônico que ne-
cessitam da prescrição, devido a vários fatores que resultam na desvalorização
da importância deste documento por parte dos pacientes, prescritores e farma-
cêuticos.

O farmacêutico deve avaliar se caso não entregue o medicamento, isso


cause o descontrole da doença ou se a dispensa de medicamento que não foi
prescrito poderá causar prejuízos à saúde do paciente. É imprescindível que o
farmacêutico oriente o paciente acerca da importância de se apresentar uma
prescrição, visando a diminuição da ocorrência de eventos adversos.

Na presença da prescrição deve-se avaliar o cumprimento das exigências


legais, a Lei n. 5.991/73 do governo federal dispõe sobre o controle sanitário do
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, esta
estabelece que somente deve ser aviada a receita que estiver escrita a tinta, em
vernáculo, por extenso e de modo legível, observados a nomenclatura e o sis-
tema de pesos e medidas oficiais, contendo o nome e o endereço residencial do
paciente e, expressamente, o modo de usar o medicamento. E ainda conter a
data e a assinatura do profissional, endereço do consultório ou da residência e
o número de inscrição no respectivo Conselho profissional. Já o aviamento de

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receitas contendo medicamentos sob controle especial deve obedecer às dispo-


sições da Portaria n. 344/98. Embora esses critérios sejam exigidos por lei, na
prática nem sempre as prescrições estão completas.

No entanto, alguns pontos são fundamentais na garantia da segurança da


dispensação, sendo eles: nome, registro no Conselho Profissional e a assinatura
do prescritor e, ainda de forma legível, o nome do medicamento, a concentração,
a dose, o intervalo de administração, a quantidade e a duração do tratamento.
Essas informações são indispensáveis para que o farmacêutico oriente o paci-
ente quanto a forma de uso correto dos medicamentos e cosméticos.

Caso seja necessário, o farmacêutico pode não realizar a dispensação e


encaminhar o paciente de volta ao médico para correção ou complementação
da prescrição. Na hipótese da solicitação ser realizada por terceiros, este deve
ser orientado em relação a forma de uso adequado do medicamento, recebendo
uma cartilha contendo informações relativas ao produto. Esta é importante para
ofertar as informações básicas sobre o uso dos insumos, visto que a pessoa
compradora normalmente não possui condições de transmitir dados relativos ao
estado de saúde do paciente, fator necessário para a dispensação.

A avaliação de contra indicação ou alergia deve ser realizada em todos


os clientes, mesmo que este já utilize o insumo medicamentoso. Deve-se ofere-
cer atenção especial à grávidas e lactante, e em situações na qual o paciente
referencie doenças que revelem contraindicação, devido a impossibilidade de
avaliação de todas as prováveis medicações contraindicadas.

Em caso de primeira utilização dos insumos medicamentosos, é neces-


sário questionar acerca da utilização prévia de similares, com intuito de apurar a
probabilidade de ocorrência de alergia. Caso se identifique alguma contra indi-
cação ou alergia, o paciente deve ser encaminhado ao atendimento médico para
reavaliação. O farmacêutico deve analisar a situação atual do paciente, para
verificar se o risco da não dispensação será maior do que o da possível contra
indicação.

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A informação do motivo da utilização do insumo é necessária para a acei-


tação do paciente ao tratamento, devido a possibilidade dele perceber a impor-
tância do uso no controle da sua doença, bem como as consequências de não
usá-lo. Caso o indivíduo não saiba informar o diagnóstico, o farmacêutico deve
realizar outras interrogações, tentando reconhecer a provável causa de sua uti-
lização, levando em conta que determinados insumos medicamentosos pos-
suem diversas indicações.

Para avaliação da eficiência do insumo medicamentoso, devem ser reali-


zadas perguntas pertinentes ao quadro clinico do paciente, por exemplo, se for
um quadro de acne severa com prescrição de Isotretinoína, deve-se perguntar
se o paciente tem notado realmente a cicatrização das acnes. Os pacientes que
não realizam monitoramento de seu tratamento devem ser orientados sobre a
importância dessa prática, para alcance dos resultados almejados.

Em casos de ineficiência do uso dos medicamentos e cosméticos, deve-


se tentar avaliar a causa dessa situação, principalmente se está sendo realizado
o uso correto, assim como as interações. Na situação do uso incorreto pode ser
realizada intervenção imediata, bem como em algumas interações, no entanto,
na maioria das vezes, o paciente deverá passar por reavaliação médica.

No que diz respeito à segurança do uso dos insumos medicamentosos,


se faz necessária a realização de perguntas acerca da presença de sintomas
que gerem incômodo ao paciente, avaliando se a queixa possui relação com a
medicação ou cosmético.

É imprescindível que na realização da dispensa dos insumos o cliente


seja estimulado a realizar a forma adequada de administração dos medicamen-
tos, visando a efetividade e a segurança do tratamento. É considerado uso cor-
reto a utilização de dose, via e intervalos prescritos, com técnica de administra-
ção adequada e dentro do tempo estipulado. O farmacêutico deve se certificar
de que o paciente realmente sabe o modo de administração.

Caso o paciente não possua conhecimento sobre a utilização dos insu-


mos medicamentosos prescritos, é necessário orientá-lo e nos retornos seguin-

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tes questioná-lo se o uso está sendo realizado conforme recomendado. As pre-


cauções durante o uso dizem respeito as recomendações de armazenamento
adequado, prevenção de reações adversas e as atitudes que aumentam a co-
modidade do tratamento. Como exemplo, a utilização de protetor solar no caso
de medicamentos que causem fotossensibilidade, como é o caso de ácidos der-
matológicos, bem como a necessidade do aumento da ingestão de certos nutri-
entes que podem estar diminuídos devido ao medicamento.

O farmacêutico deve avaliar também a integridade física da embalagem


do produto, com intuito de averiguar se estão presentes alterações visíveis, as-
sim como o prazo de validade, que necessita ser compatível ao tempo do trata-
mento. Neste instante podem ser reforçadas as orientações repassadas ao pa-
ciente e realizado o esclarecimento de dúvidas.

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GESTÃO DA PRÁTICA

Para implementação desta forma de dispensação é preciso dispor de uma


equipe de profissionais capacitados, infraestrutura adequada e procedimentos
descritos e integrados à rotina da farmácia. O farmacêutico necessita manter-se
à disposição para o atendimento de pacientes no balcão. Desse modo, não deve
acumular outras funções como a gerência da farmácia ou drogaria. Caso o local
não disponha da presença de outro farmacêutico, as atividades administrativas,
incluindo o registro da movimentação de medicamentos controlados, devem ser
delegadas à outros profissionais administrativos.

O farmacêutico responsável pela dispensação deve possuir conheci-


mento técnico, habilidade de comunicação com pacientes e a equipe multidisci-
plinar, liderança para coordenar a equipe de auxiliares, assim como, saber aco-
lher, ouvir e ser empático. Esses atributos necessitam ser atualizados e recicla-
dos através da educação continuada. Os atendentes devem ser capacitados
para auxiliar na dispensação, iniciando o processo de acolhimento ao paciente
e encaminhando aqueles que carecem de atendimento do profissional farmacêu-
tico.

Há possibilidade da dispensa ser feita no balcão da farmácia ou drogaria,


no entanto, recomenda-se que possua cadeiras no local favorecendo o conforto
do cliente e divisórias para garantir a privacidade do atendimento. É considerável
que a farmácia oferte um serviço de aferição de sinais vitais. Esses procedimen-
tos possuem uma determinada regulamentação na ANVISA, entretanto se é in-
tencionada a normatização conforme Consulta Pública n. 69/2007.

O farmacêutico também deve dispor de bibliografia básica para consulta


rápida quando necessária no atendimento, como informações sobre uso correto,
precauções, principais interações, reações adversas e parâmetros de monitori-
zação. Os procedimentos e as informações de suporte devem ser descritos,
entendidos e estarem disponíveis para consulta de toda a equipe, devendo ser
rotineiramente atualizado pelo farmacêutico e pelos profissionais frequente-
mente treinados.

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Como em qualquer prática profissional, é necessário que seja executada


a documentação da dispensação realizada. Por diversas vezes, essa atividade
é desprezada e permanece longe da rotina dos profissionais, todavia, deve ser
desempenhada atenção na elaboração de fichas para realização de registros
que facilitem a avaliação do serviço e a rastreabilidade do paciente e insumo
medicamentoso.

A dispensação além de condizer com a realidade de trabalho dos farma-


cêuticos que são comprometidos com o bem-estar da população não entra em
conflito com a característica comercial dos estabelecimentos farmacêuticos. As-
sim como facilita o desenvolvimento de um trabalho de qualidade e, por meio
disso, possibilita o seu reconhecimento, tornando-se essencial para sociedade.

Dessa forma, a própria sociedade começa a exigir a atuação do farma-


cêutico para atender suas necessidades, independente da presença de obriga-
toriedade legal. Novos estudos são necessários para propor modelos de docu-
mentação para registro da dispensação. Esta tende a propiciar a conquista de
indicativos para gestão da prática, fornecendo dados para estudos de avaliação
do impacto da dispensação na saúde da população.

O farmacêutico pode participar do cuidado aos usuários de medicamentos


interferindo, principalmente, no uso adequado, e isto se reflete de forma positiva
nos resultados da terapia medicamentosa. A atenção farmacêutica é o compo-
nente da prática profissional onde o farmacêutico interage diretamente com o
paciente para atender suas necessidades relacionadas aos medicamentos.

CIPOLLE (2000), destaca que a atenção farmacêutica engloba um pro-


cesso de assistência ao paciente, lógico, sistemático e global, que envolve três
etapas:

a) análise da situação das necessidades do paciente em relação aos me-


dicamentos;

b) elaboração de um plano de seguimento, incluindo os objetivos do tra-


tamento farmacológico e as intervenções apropriadas;

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c) a avaliação do seguimento para determinar os resultados reais no pa-


ciente.

No Brasil, um grupo formado por diversas entidades foi criado com o in-
tuito de favorecer a atenção farmacêutica no país, levando em conta as caracte-
rísticas da prática profissional. Baseado nisto, em 2002, foi sugerido uma con-
cepção para o tema, em que é considerado a promoção da saúde e, através
desta, a educação em saúde, como componentes do conceito de atenção far-
macêutica, sendo definido também os componentes da prática farmacêutica ne-
cessários ao exercício da atenção farmacêutica, sendo eles:

a) educação em saúde,

b) orientação farmacêutica,

c) dispensação,

d) atendimento farmacêutico,

e) acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico e

f) registro sistemático das atividades, mensuração e avaliação dos resul-


tados.

Tipicamente, no Brasil, o farmacêutico não possui sua atuação estimada


no acompanhamento da utilização de medicamentos, na prevenção e promoção
da saúde. De forma geral, o principal serviço realizado em farmácias e drogarias
é a dispensação de insumos medicamentosos, sendo a qualidade dessa prática
abaixo do padrão, devido aos farmacêuticos rotineiramente não estarem presen-
tes no local. Dessa forma, o conceito de atenção farmacêutica indica a necessi-
dade de mudanças na atuação profissional predominante.

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DA CARACTERIZAÇÃO DAS FARMÁCIAS

Apesar da legislação brasileira estabelecer que farmácias possuam as-


sistência de técnico responsável e que este deva permanecer durante todo o
horário de funcionamento no local, ainda encontram-se farmácias sem respon-
sabilidade técnica, devido falta de contratação ou ausência do profissional. Essa
condição, proibida por lei, revela que a fiscalização deve ser mais efetiva em
relação à presença desses profissionais, não somente pela questão legal, mas
pelas implicações que sua ausência pode gerar, como por exemplo a falta de
assistência ao paciente.

Apesar da existência de estabelecimentos irregulares em relação à assis-


tência técnica, a situação atual tem melhorado em comparação com os anos
passados, em que o profissional apenas se apresentava como responsável, não
estando presente na farmácia,

A existência de um local reservado para realizar entrevistas é essencial


ao processo de atenção farmacêutica de modo que este engloba, dentre suas
etapas, a coleta de dados de usuários e atividades de aconselhamento e discus-
são. É notável que poucas farmácias possuem local adequado a esse tipo de
atividade, podendo ser um fator limitante para sua execução.

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ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO EM ESTÉTICA

O farmacêutico procura garantir o bem-estar e a segurança dos indiví-


duos, por meio das 74 áreas diferentes regulamentadas pelo Conselho Federal
de Farmácia (CFF). Suas funções principais são a orientação e instituição ao
paciente em relação aos erros relativos a medicamentos sendo este um papel
importantíssimo, visto que diversas vezes ele é o último profissional a ter contato
direto com o paciente. Cabe ainda salientar, que a orientação é um procedimento
de enorme importância, devido a adesão do paciente ao tratamento, através do
diálogo que o mesmo possui com o paciente ofertando e executando todos os
serviços necessários para um tratamento farmacoterapêutico eficiente.

Tendo em conta que a estética está ligada com a saúde e bem-estar do


indivíduo, a alimentação é um fator importantíssimo para manter o equilíbrio en-
tre saúde e estética, visto que para alcançar um tratamento satisfatório em pro-
cedimentos estéticos o paciente deve possuir um padrão alimentar saudável,
associado a terapêutica, possibilitando um melhor controle de doenças crônicas
como por exemplo a diabetes e hipertensão.

As pessoas procuram tais tratamentos para melhorar sua própria autoes-


tima, por meio de um efeito rejuvenescedor. No entanto, os benefícios dos pro-
cedimentos e produtos estéticos são capazes de ir além da melhora da aparên-
cia física, através da realização segura em que as vantagens prevalecem aos
riscos. Com o advento dos procedimentos dermatológicos menos invasivos e a
tendência de maior popularidade do uso de procedimentos estéticos, não é sur-
preendente se observar um aumento da sua realização. A busca pela rejuvenes-
cimento leva o ser humano à área da estética que garantam rapidez e resultados
eficientes, o que é notado através do aumento deste setor nos últimos anos,
assim como a crescente variedade de práticas e técnicas no cuidado da beleza,

A estética vem apresentando um novo conceito, no qual a beleza engloba


a imagem pessoal e conservação de um corpo saudável. O cenário estético é
um mercado promissor, que carece de atualizações contínuas, devido ao público
tornar-se mais exigente e buscar técnicas e produtos que condizem com a mo-
dernidade trazendo-lhes benefícios para saúde corporal e interior.

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A busca por serviços estéticos, em sua maior parte, é derivada da indução


da mídia na busca de um corpo perfeito, situação que pode ser maléfica caso
realizada de forma inadimplente. Diversos são os casos de indivíduos que utili-
zam produtos estéticos sem prescrição médica e farmacêutica, e sofrem conse-
quências severas. O processo de envelhecimento e o corpo fora do
padrão estipulado não são mais tidos como processo natural da vida, mas como
algo que pode ser tratado, intensificando o alto consumo de produtos estéticos
e procedimentos cirúrgicos.

A indústria cosmética e estética vem desenvolvendo produtos cada vez


mais avançados que conseguem amenizar problemas estéticos com menor
custo e tempo de recuperação. O que leva os pacientes a procurar cada vez
mais estes tratamentos menos invasivos. O baixo custo relacionado a um
procedimento cirúrgico é também um fator diferencial no aumento da busca de
profissionais qualificados para utilização dos recursos estéticos.

DE PAULA LUIZ; COLLI (2021), destacam:

Os procedimentos estéticos associados a técnicas de massagem e te-


rapias alternativas contribuem com estes objetivos, através do em-
prego de cosméticos e equipamentos específicos, respeitando as ca-
racterísticas e anseios do paciente. Farmácia estética tem crescido
muito e o farmacêutico habilitado estará apto a se responsabilizar por
estabelecimentos de saúde estética, a realizar procedimentos não in-
vasivos e invasivos não cirúrgicos, utilizando recursos terapêuticos es-
téticos e realizando o uso e compras de produtos e equipamentos uti-
lizados nesses procedimentos. DE PAULA LUIZ; COLLI (p. 262-272.
2021)

Por meio da Resolução nº 573/2013, do Conselho Federal de Farmácia,


foram regulamentadas as atribuições do farmacêutico no exercício da saúde es-
tética e da responsabilidade técnica pelo estabelecimento que executam tarefas
afins. Ao identificar a estética como área de atuação do farmacêutico, é propor-
cionado um firme fundamento de qualificação técnica e cientifica ao setor, devido
este profissional ser detentor de conhecimentos clínicos executados na terapêu-
tica para fins estéticos e de saúde.

Outro ponto importante, foi a aprovação da Resolução nº 616/2015 na


qual foi determinada uma revolucionaria área de atuação, a Farmácia Estética,
possibilitando ao Farmacêutico a aplicação de recursos terapêuticos como: apli-

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cação de toxina botulínica, preenchimento dérmico, carboxiterapia, intradermo-


terapia/mesoterapia, agulhamento e microagulhamento estético e criolipólise.
Desse modo, o especialista nesta área, portador de certificado de pós graduação
reconhecido pelo Ministério da Educação, ou ter concluído curso livre na área de
saúde estética reconhecido pelo Conselho Federal de Farmácia, é apto a realizar
procedimentos invasivos não cirúrgicos.

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COSMIATRIA

A procura pela beleza e juventude é atributo básico da sociedade contem-


porânea. Atualmente, com evolução tecnológica, a internet, é importante fonte
de informação para indivíduos que buscam uma intervenção estética mais apro-
priada e viável. Alguns produtos das pesquisas cosméticas em laboratório já se
encontram nas prateleiras de farmácias, drogarias, e ficam à disposição dos pro-
váveis clientes, de forma que não há obrigatoriedade de receita médica para a
venda da maioria destes.

Frente a grande gama de informações referente os produtos para realiza-


ção tratamentos estéticos, a população se mostra mais confusa, grande parcela
não reflete que tais dados podem ser oriundas de fontes contestáveis, o que
pode ser considerado como um risco para saúde destes.

No ano de 1938, o Congresso dos Estados Unidos promulgou a Lei Fe-


deral de Alimentos, Drogas e Cosméticos (The Federal, Food, Drug, and Cos-
metic Act, FD&C ACT) que determinou normas para realização da classificação
de drogas e cosméticos. Nessa lei, os cosméticos foram definidos como artigos
que visam ser espalhados, derramados, aspergidos ou nebulizados, introduzidos
ou aplicados de outro modo no corpo humano ou qualquer parte dele, para fins
de limpeza, embelezamento, promoção de atratividade ou alteração da aparên-
cia. Por outro lado, uma droga é caracterizada como substância que visa afetar
a estrutura e função do corpo.

Vale ressaltar que toda droga nova deve ser testada em laboratório obe-
decendo às diretrizes do Food and Drug Administration (FDA) para a inscrição
de nova droga (New Drug Aplication, NDA) nos Estados Unidos e na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. O processo de aprovação da
droga tende a durar cerca de dez anos e custar centenas de milhões de dólares.
Claramente é muito mais simples para as empresas de cosméticos obedecer às
diretrizes para manter seus produtos classificados como cosméticos. Os consu-
midores experimentarão produtos com pouca orientação, em virtude da falta de

23
1

informação da comunidade médica a seu respeito, e que serão vendidos livre-


mente sem prescrição, e provavelmente provocarão desapontamento pela falta
de resultados.

É necessário salientar o eterno dilema enfrentado pelas empresas de cos-


méticos, caso estas apoiem um estudo de pesquisa e o produto não funcione,
perdem dinheiro e possivelmente enfrentam diminuição de vendas assim como
publicidade negativa. Já se o produto funcionar, esta deverá enfrentar a regula-
mentação como droga e a demora de tempo até sua comercialização.

Economicamente, o mercado de beleza brasileiro, o terceiro do mundo,


atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, quintuplicou seu faturamento entre
1996 e 2009, conforme dados da Associação Brasileira de Indústrias de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). No ano de 2012, ocorreu um mo-
vimento de R$ 36,24 bilhões, e a estimativa da Abihpec apontou um salto, em
valores, para R$ 50 bilhões em 2015. Os dados são do Pyxis Consumo, ferra-
menta de dimensionamento de mercado do Ibope Inteligência, e indicam a
classe C como a maior consumidora do setor no país. Relacionando às regiões
do Brasil, o Sudeste possui 50% do potencial de consumo dos produtos de be-
leza, com gasto total de R$18,08 bilhões estimados para a área. No entanto, o
maior gasto per capita ao ano é registrado na região Sul, esta que representa
16% do consumo nacional.

MARTINS et al. (2013), destaca:

Em 2009, foram divulgados na revista eletrônica Fator Brasil dados


identificando os hábitos de consumo do brasileiro e seu respectivo
comportamento diante da crise financeira ocorrida em 2008 e início de
2009. Na pesquisa, os consumidores responderam a uma pergunta di-
reta sobre a alteração de seus hábitos de consumo frente ao momento
de crise, indicando se tais hábitos seriam alterados ou não. Os resul-
tados mostraram que o gasto com beleza e saúde estética sofreram
pouco impacto com a crise, oscilando de 49% em 2008 a 51% em
2009. MARTINS et al. (p. 226-233. 2013)

Atualmente, a maioria das pessoas que busca tratamentos estéticos é do


sexo feminino, no entanto o mercado masculino vem se mostrando cada vez
mais expressivo, sendo necessário para o farmacêutico estar ciente dos interes-

24
1

ses dos clientes, bem como das opções terapêuticas. Os estudos sobre os tra-
tamentos estéticos, em sua maioria, não fazem menção ao conhecimento da
população sobre esse tema.

No entanto, o custo e a maior difusão de informações fazem com que os


tratamentos cosmiátricos sejam cada vez mais questionados. Desse modo, sa-
ber qual é o conhecimento, quais são as dúvidas e quais são os anseios da
população com a qual interagimos é imprescindível.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), “cosmia-


tria é a área da dermatologia dedicada ao tratamento e prevenção de alterações
estéticas da pele. É a ciência médica que estuda e trata a beleza humana de
maneira embasada, responsável e ética”. A cosmiatria diz respeito a realização
de procedimentos e tratamentos que possuam como finalidade a manutenção
da beleza, assim como o aperfeiçoamento da aparência da pele e seus anexos,
como por exemplo, a aplicação de toxina botulínica, os preenchimentos faciais,
e os peelings químicos.

Diante desse cenário, farmacêuticos e outros profissionais de saúde pas-


saram a exercer a cosmiatria, sendo referendados por seus respectivos conse-
lhos profissionais através de diversas resoluções. Diversos conflitos resultaram
dessas normas, causados principalmente por ações judiciais da classe médica.
Possuindo como argumento médico o risco à saúde pública, uma vez que, par a
classe, os procedimentos seriam atividade privativa de médico. Para os outros
profissionais, no entanto trata-se somente da tentativa dos médicos em garantir
uma reserva de mercado e através de uma aplicação equivocada da interpreta-
ção da Lei do Ato Médico (LAM).

Não ocorrendo consenso entre os diversos conselhos profissionais, e na


falta de um órgão específico na coordenação do espaço regulatório, a questão
foi judicializada. Passando a ser um problema resultante da autorregulação dos
conselhos profissionais que, possuindo natureza de autarquias públicas fede-
rais, apesar de não pertencentes à administração pública centralizada, emitem
normas de caráter público, mas também com interesses corporativos da classe

25
1

profissional de cada conselho. O autogoverno dos conselhos profissionais difi-


culta a coordenação regulatória dessa atividade econômica, que neste momento
tem sido exercida quase que exclusivamente pelo Poder Judiciário, a partir de
ações judiciais promovidas pelos próprios conselhos profissionais de saúde.

Apesar do Judiciário não ser um órgão regulador típico, é a ele que os


conselhos (que não dispõem de um ente coordenador legal e hierarquicamente
constituído) têm recorrido para garantir o que têm chamado de limite da regula-
ção setorial, e os critérios utilizados para decidir: legalidade, urgência e existên-
cia de externalidades, na qual a atuação, aparentemente, encontra dificuldades
próprias de um órgão que não tem natureza regulatória típica. As decisões do
Judiciário, apesar que possam ser corretas do ponto de vista do controle regula-
tório, do ponto de vista de coordenação regulatória podem trazer riscos à ativi-
dade socioeconômica ora estudada e à saúde pública, uma vez que uma decisão
pode criar restrições e limitações ao exercício da profissão, à coibição de mono-
pólios e, também, riscos às políticas públicas na área da saúde.

Tendo em vista a natureza predominantemente pública dos conselhos


profissionais de saúde e seus interesses aparentemente privados quando regu-
lamentam os limites da atuação das profissões, as normas emitidas precisam de
alguma contenção, pois sendo a saúde uma atividade de interesse público e a
profissão um direito constitucional garantido, não poderiam entes autorregulados
gerar normas que resultem em efeitos sobre terceiros, sem amparo legal.

Geralmente, os procedimentos estéticos mais empregados pelos profissi-


onais de saúde são os esfoliativos, os peelings químicos, de luz e calor e os de
injeção. Procedimentos esfoliativos são aqueles executados na parte mais su-
perficial da pele, por meio de técnicas como peelings físicos, químicos e micro-
dermoabrasão, normalmente é aplicado sobre a pele uma quantidade de micro-
cristais de compostos quimicamente inertes, com ou sem equipamentos que
possibilitam regular os níveis de esfoliação sob pressão assistida. O elemento
abrasivo é passado sobre a pele por esfoliação mecânica para produzir abrasões
superficiais na superfície cutânea.

26
1

Os procedimentos microdermoabrasivos são indicados também para fins


terapêuticos inestéticos ou mesmo estéticos causados por eritema facial, acnes
não inflamadas, hiperpigmentação, cicatrizes superficiais inestéticas pós-acne
ou pós-cirúrgicas, rugas finas, estrias superficiais, e outros.Os tratamentos de
peeling químico, também conhecidos como quimioesfoliação, quimiocirurgia ou
dermopeeling, removem as camadas mais externas da pele com intuito de me-
lhorar a função global e a aparência da pele. O mecanismo de ação dos peelings
químicos baseia-se nos princípios da cicatrização das feridas, pois os peelings
geram um dano intencional, programado e controlado nas camadas mais super-
ficiais da pele, tencionando estimular um processo de regeneração da superfície
cutânea, possuindo como resultado uma melhor a textura e aparência da pele.Os
produtos químicos, nesta situação, causam uma verdadeira reação na superfície
da pele, por serem ácidos, mas sempre de forma controlada, chegando, em al-
guns casos, a penetrar na derme reticular, o que leva a complicações inestéticas
como cicatrizes, um efeito indesejado no peeling, que significa um aprofunda-
mento de tal maneira que tende a gerar uma lesão semelhante a uma cicatriz de
queimadura.

As técnicas de luz e calor não são exclusivas da cosmiatria. O laser é


utilizado largamente em cirurgias e tratamentos diversos na área médica. No
entanto, como tratamento na dermatologia estética, seu campo de atuação vem
crescendo nos últimos tempos. Além do laser, há ainda tratamentos físicos por
aplicação de radiofrequência, de infravermelho, o uso do LED (Light Emitting
Diodes), ultrassom e a criolipólise, todos utilizados para o rejuvenescimento da
pele.

Existem ainda os procedimentos de injeção na pele, sendo os mais im-


portantes a toxina botulínica (botox) e os preenchedores cutâneos, como o ácido
hialurônico. Sendo substâncias usadas para atuar principalmente nos efeitos do
envelhecimento facial, que está associado com a diminuição gradual da espes-
sura da pele, a perda do volume facial e a perda da elasticidade ao longo do
tempo. Sua indicação em geral é para tratamento de rugas e sulcos faciais, no
entanto mas têm avançado para aplicações mais sofisticadas de escultura e con-
torno faciais, possibilitando um rejuvenescimento facial. É também utilizada em

27
1

fins terapêuticos, tais como a uniformização do sorriso, o preenchimento de sul-


cos provocados por lesões, para fins odontológicos e eliminação de cicatrizes de
depressão.

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