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APLICADAS AO DESIGN
Introdução
O uso de normas técnicas é muito comum em diversas áreas. Em muitos
casos, o design se serve de normas criadas para outros setores, adaptando-
-as à especificidade do projeto. Esse conteúdo é de suma importância
para designers que pretendem ingressar no mercado de trabalho, para
que possam apresentar projetos de forma consistente, criando um rela-
cionamento produtivo com os clientes.
Neste capítulo, você vai compreender melhor o contexto das nor-
matizações, conferindo as normas regulamentadoras que viabilizam o
desenvolvimento e a execução de projetos. Você também vai verificar o
motivo pelo qual o uso de normas técnicas favorece o desenvolvimento
de projetos assertivos. Por fim, você vai verificar como é possível desen-
volver projetos que respeitem as normas regulamentadoras.
diversas. Assim, a busca por soluções orienta o trabalho dos designers (MELO,
2003).
Melo (2003) faz uma analogia para nos ajudar a compreender os principais
personagens do contexto das tarefas do designer: o cliente, o usuário e o
próprio designer são personagens que constroem uma história. Essa história
é permeada por um enredo, representado pelo projeto, que tem no designer
o condutor da narrativa. Segundo o autor, o ponto de convergência desses
elementos é o projeto, que é orientado por um problema e pode apresentar
diversas soluções. Essa pluralidade de respostas decorre da dependência que
os resultados têm da experiência do designer, de forma concreta e sensível.
De modo geral, podemos dizer que o designer é contratado por um cliente
para solucionar um problema que é externo a ele. Esse problema, em muitos
casos, parte de uma demanda da sociedade, identificada, na maioria das
vezes, pelo cliente. Portanto, um dos primeiros fatores a serem considerados
e entendidos ao longo do processo de solução do problema é o público a quem
estamos apresentando uma solução. De acordo com Melo (2003), a atividade
do designer influencia a vida cotidiana; portanto, é preciso estar atento à
origem do problema.
A concepção de que o designer trabalha por demandas (ou por soluções de problemas)
não é tão rígida assim. O designer pode e deve ser também agente de proposição de
mudanças ou de soluções de problemas que ele próprio identifica. Essa é uma das
abordagens defendidas em uma área denominada design autoral. Por não ser foco do
estudo deste capítulo, não nos ateremos a ela.
Essas são apenas algumas das questões que devem ser levantadas para se
pensar nos objetivos de um projeto. Deve-se considerar também as necessidades
do público-alvo; porém, estas não devem se desligar dos objetivos da empresa,
pois ela será responsável pelo gerenciamento do produto ou do serviço final.
Para Slack (2013) bons projetos são orientados por princípios de comunica-
ção, criatividade e inovação. Com isso em mente, é possível criar projetos que
geram impacto social e econômico, além de gerar competitividade no mercado.
Um projeto deve atender a requisitos de qualidade, velocidade, confiabilidade,
flexibilidade e levantamento de custos, conforme descrito a seguir.
As etapas de um projeto, de acordo com Slack et al. (2013), são baseadas em recursos
transformados (informação técnica, informação de mercado, informação de tempo)
e recursos de transformação (equipamentos de teste e projeto, equipe técnica e de
projeto). Esses recursos são transformados em elementos de entrada, que resultam no
projeto de produtos e serviços e que podem ser mensuráveis (qualidade, velocidade,
confiança, flexibilidade e custos). Dessa combinação, obtemos os elementos de saída
dos produtos e serviços, ou seja, obtemos as especificações detalhadas dos projetos.
geração de conceito;
avaliação;
projeto preliminar;
avaliação e melhoria; e
protótipo do projeto final.
A partir do texto exposto, pode-se perceber que, ainda que tenhamos partido
da perspectiva de dois autores que falam sobre o desenvolvimento de projetos,
encontramos etapas de desenvolvimento que ora se sobrepõem, ora se excluem
e ora se complementam. Provavelmente, se tivéssemos optado por inserir um
número maior de autores neste tópico, encontraríamos outros processos, com
outros nomes, com outras funções. É com vistas a sanar essas disparidades
no processo de desenvolvimento de projetos que podemos recorrer às normas,
principalmente à NBR 16585, que auxilia na criação de uma organização mais
sistemática sobre a produção de produtos e serviços — ela será abordada
em breve. Ao designer, é importante que tenha domínio de outras técnicas
e metodologias, a fim de adequar as normatizações aos procedimentos e às
necessidades particulares de cada projeto. No tópico a seguir, você entenderá
o porquê de as normas serem importantes no desenvolvimento dos projetos.
recorrer às normas técnicas, que orientam processos de modo que uma tarefa
seja executada da melhor forma possível, observando-se fatores diversos, como
a consistência. Essas normas são criadas e editadas por órgãos competentes,
que buscam criar padrões para o mercado.
Para desenvolver um projeto, é necessário ter uma visão abrangente dos
processos envolvidos na solução de problemas por meio da criação de produtos
ou serviços. A compreensão das etapas de um projeto pode ser orientada por
algumas normas, que garantem a qualidade dos produtos que consumimos
diariamente: uma televisão, uma embalagem de biscoitos, uma interface de
um aplicativo etc. Todos esses elementos são orientados por normatizações
ou requisitos mínimos, que servem como garantia para que um produto seja
lançado com o mínimo de qualidade aceitável pelos órgãos reguladores.
Dentre os órgãos reguladores, podemos citar a ABNT. De acordo com as
informações obtidas no site da associação, a qual consiste no Foro Nacional
de Normalização, cujo reconhecimento pelo governo federal se deu desde sua
fundação, em 28 de setembro de 1940. A ABNT também é responsável pela
avaliação da conformidade e possui programas de certificação de produtos,
sistemas e rotulagem ambiental, que é orientada por guias e princípios técnicos
que são aceitos internacionalmente.
Acesse a página da ABNT e saiba mais sobre a história dessa associação no link a seguir.
https://qrgo.page.link/zHBMB
Segurança
Proteção do
Comunicação produto
Objetivos da Controle da
Compatibilidade
Normalização variedade
Eliminação
de barreiras Proteção do
técnicas e meio ambiente
comerciais Intercambialidade
Acesse a página da ASTM e saiba mais sobre a história desse órgão no link a seguir.
https://www.astm.org/
https://qrgo.page.link/kvgw5
específicos do projeto. Essa norma pode ser utilizada por designers, empresas
de design, prestadoras de serviços, clientes, organizações e todas as áreas que
se servem do design nos seus processos criativos. Para tanto, a norma busca
construir uma metodologia abrangente, que pode ser compartilhada com
diversas áreas do design.
De acordo com a norma, todo projeto de design deve ser orientado por
uma demanda, e isso envolve identificação, elaboração de um briefing e
apresentação de uma proposta comercial (contrato do serviço); essa etapa se
finaliza com a contratação do designer. O briefing deve orientar o contrato
do serviço e deve ser acatado por ambas as partes — clientes e designers.
O processo de captação do briefing pode ser orientado pelo designer,
porém, as respostas devem vir do cliente. Estas, por sua vez, precisam ser
suficientes e o mais detalhadas possível, para que a proposta comercial seja
a mais acertada. É importante que a aceitação da proposta comercial seja
assinada pelo cliente antes que o serviço comece a ser prestado.
É interessante que a proposta comercial esteja em forma de contrato escrito
e, se possível, acompanhada por um advogado. O documento deve evitar
ambiguidades e omissões e deve apresentar as especificações de forma clara.
Todos os documentos relativos à contratação devem estar anexados ao contrato;
em casos em que há a necessidade de um procurador, é importante que a cópia
da procuração componha a documentação do projeto.
O documento de contratação deve transcrever todos os elementos pre-
sentes na proposta comercial, com a previsão de penalidades em casos de
descumprimento de alguma obrigação por parte tanto do contratante quanto
do contratado, com vistas a manter a relação saudável e equilibrada entre as
partes. Deve apresentar previsão e condições para distrato, bem como o foro,
a data e as assinaturas que validem a contratação.
É importante que o orçamento do projeto seja aprovado na validação da
contratação, com valores definidos de acordo com a natureza do projeto e
em proporção à concorrência. O contrato deve também contemplar todos os
terceiros que estão envolvidos no projeto. As previsões de despesa extra de
viagem, transporte de insumos, pagamento de taxas com órgãos certificadores,
registros de marcas, patentes e busca de anterioridade, que deve ser realizada
junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, devem ser expressas
no contrato.
Concluída a contratação, passa-se para a fase de exploração, em que o
designer deve fazer a coleta de informações junto ao cliente, o planejamento
das atividades, o levantamento das informações, as coletas de dados sobre
o produto e o público-alvo e a compilação dessas informações, verificando
Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos 17
ABNT. NBR 16585: serviços de design — diretrizes para bias práticas. Rio de Janeiro, 2017.
ABNT. Normalização: objetivos. 2014. Disponível em: http://www.abnt.org.br/
normalizacao/o-que-e/importancia-beneficios. Acesso em: 31 jan. 2020.
MELO, F. H. O processo do projeto. ADG BRASIL. O valor do design. São Paulo: Senac, 2002.
SLACK, N. et al. Gerenciamento de operações e de processos: princípios e práticas de
impacto estratégico. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
STICKDORN, M.; SCHNEIDER, J. (org.). Isto é design thinking de serviços: fundamentos,
ferramentas, casos. Porto Alegre: Bookman, 2014.
Leituras recomendadas
ABNT. Normalização: importância/benefícios. 2014. Disponível em: http://www.abnt.
org.br/normalizacao/o-que-e/importancia-beneficios. Acesso em: 31 jan. 2020.
ABNT; SEBRAE. Normas técnicas: o que eu ganho com isso? Rio de Janeiro: Sebrae, [20-
-?]. Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/
bds/bds.nsf/1F98F9EABF0D1A9783257284004D79FD/$File/NT00035066.pdf. Acesso
em: 31 jan. 2020.
HAYRTON. Os serviços de design. Revista Digital Ad Normas, 2018. Disponível em: https://
revistaadnormas.com.br/2018/06/19/os-servicos-de-design/. Acesso em: 31 jan. 2020.
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