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LEGISLAÇÃO E NORMAS

APLICADAS AO DESIGN

Adriana Silva da Silva


Normas técnicas para
o desenvolvimento
de projetos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer as normas regulamentadoras utilizadas para desenvol-


vimento e execução de projetos.
 Identificar a necessidade de adequação de projetos às normas técnicas.
 Desenvolver projetos respeitando as normas regulamentadoras.

Introdução
O uso de normas técnicas é muito comum em diversas áreas. Em muitos
casos, o design se serve de normas criadas para outros setores, adaptando-
-as à especificidade do projeto. Esse conteúdo é de suma importância
para designers que pretendem ingressar no mercado de trabalho, para
que possam apresentar projetos de forma consistente, criando um rela-
cionamento produtivo com os clientes.
Neste capítulo, você vai compreender melhor o contexto das nor-
matizações, conferindo as normas regulamentadoras que viabilizam o
desenvolvimento e a execução de projetos. Você também vai verificar o
motivo pelo qual o uso de normas técnicas favorece o desenvolvimento
de projetos assertivos. Por fim, você vai verificar como é possível desen-
volver projetos que respeitem as normas regulamentadoras.

1 Desenvolvimento e execução de projetos


O mundo do design é permeado pela necessidade de sanar problemas. Estes
podem ser dos mais diversos tipos, em diferentes suportes, com consequências
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diversas. Assim, a busca por soluções orienta o trabalho dos designers (MELO,
2003).
Melo (2003) faz uma analogia para nos ajudar a compreender os principais
personagens do contexto das tarefas do designer: o cliente, o usuário e o
próprio designer são personagens que constroem uma história. Essa história
é permeada por um enredo, representado pelo projeto, que tem no designer
o condutor da narrativa. Segundo o autor, o ponto de convergência desses
elementos é o projeto, que é orientado por um problema e pode apresentar
diversas soluções. Essa pluralidade de respostas decorre da dependência que
os resultados têm da experiência do designer, de forma concreta e sensível.
De modo geral, podemos dizer que o designer é contratado por um cliente
para solucionar um problema que é externo a ele. Esse problema, em muitos
casos, parte de uma demanda da sociedade, identificada, na maioria das
vezes, pelo cliente. Portanto, um dos primeiros fatores a serem considerados
e entendidos ao longo do processo de solução do problema é o público a quem
estamos apresentando uma solução. De acordo com Melo (2003), a atividade
do designer influencia a vida cotidiana; portanto, é preciso estar atento à
origem do problema.

A concepção de que o designer trabalha por demandas (ou por soluções de problemas)
não é tão rígida assim. O designer pode e deve ser também agente de proposição de
mudanças ou de soluções de problemas que ele próprio identifica. Essa é uma das
abordagens defendidas em uma área denominada design autoral. Por não ser foco do
estudo deste capítulo, não nos ateremos a ela.

O designer atua, portanto, em projetos de produtos e serviços. O projeto,


por sua vez, é constituído por especificações que parametrizam os produtos
e os serviços e têm como objetivo satisfazer as necessidades do mercado.
Para que um projeto tenha êxito, ele precisa ter seus objetivos bem claros, as
etapas de desenvolvimento do projeto bem estabelecidas e o uso de recursos de
forma a permitir atingir as metas determinadas, de acordo com Slack (2013).
Ainda conforme o autor, o projeto de produtos e serviços se refere a um
processo, em que se definem as especificações necessárias para o desenvol-
vimento de produtos e serviços baseados na identificação das necessidades
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do mercado e que são oferecidos por uma empresa. As especificações e os


requisitos de um projeto são coletados na etapa de briefing, que deve ser
realizada junto ao cliente. Elas podem ser identificadas, também, por meio de
processos controlados, com a finalidade de atingir os resultados levantados
nos objetivos. É importante que projetos sejam orientados por princípios de
inovação e criatividade.
De um projeto de produto e serviço, obtém-se, ao final dos processos, um
entregável, isto é, um produto. É com base nesse produto que devemos pensar
os objetivos do projeto, a partir dos questionamentos elencados a seguir.

 O que ele deve fazer?


 Como deve se comportar?
 Quais são os requisitos básicos?
 Quais são os requisitos desejáveis?
 Quais são os requisitos desnecessários ou que não serão contemplados?
 Quanto o público-alvo estará disposto a pagar pelo produto?

Essas são apenas algumas das questões que devem ser levantadas para se
pensar nos objetivos de um projeto. Deve-se considerar também as necessidades
do público-alvo; porém, estas não devem se desligar dos objetivos da empresa,
pois ela será responsável pelo gerenciamento do produto ou do serviço final.
Para Slack (2013) bons projetos são orientados por princípios de comunica-
ção, criatividade e inovação. Com isso em mente, é possível criar projetos que
geram impacto social e econômico, além de gerar competitividade no mercado.
Um projeto deve atender a requisitos de qualidade, velocidade, confiabilidade,
flexibilidade e levantamento de custos, conforme descrito a seguir.

 A qualidade é expressa pelo grau de funcionalidade de um produto


ou serviço, ou seja, diz respeito à complexidade do uso. Ela pode ser
representada pela experiência do usuário, pela estética ou por qualquer
outro atributo que seja inerente ao produto ou serviço.
 A velocidade é um indicador de competitividade e se relaciona com a
capacidade das empresas em promoverem produtos com periodicidade,
considerando fatores diversos (moda, tecnologia, tendências, entre
outros).
 A confiabilidade pode ser conquistada por meio da entrega de produtos
ou serviços que minimizem as incertezas na hora da sua aquisição. Além
disso, a confiabilidade pode ser gerada por meio de boas relações com
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clientes e fornecedores, monitoramento do mercado e habilidade para


acompanhar as mudanças sutis e as inesperadas.
 A flexibilidade se relaciona com a capacidade de lidar com as trans-
formações que podem ocorrer no contexto do produto ou do serviço,
que podem ser de ordem interna (da própria empresa) ou externa (do
ambiente externo à empresa).
 O levantamento de custos se assemelha ao custo de produção de bens
e serviços e pode ser dividido em três categorias: compra de insumos,
contratação de mão de obra e direção do processo. É impactado pelos
objetivos de desempenho (problemas com qualidade de insumos, in-
certezas em relação ao projeto, atrasos, entre outros).

As etapas de um projeto, de acordo com Slack et al. (2013), são baseadas em recursos
transformados (informação técnica, informação de mercado, informação de tempo)
e recursos de transformação (equipamentos de teste e projeto, equipe técnica e de
projeto). Esses recursos são transformados em elementos de entrada, que resultam no
projeto de produtos e serviços e que podem ser mensuráveis (qualidade, velocidade,
confiança, flexibilidade e custos). Dessa combinação, obtemos os elementos de saída
dos produtos e serviços, ou seja, obtemos as especificações detalhadas dos projetos.

As etapas dos projetos podem variar de empresa para empresa, de projeto


para projeto. Ainda assim, é possível identificar características semelhantes
mesmo sob nomenclaturas diversas. Decorre dessas diferenças a necessidade
de normas que orientem o desenvolvimento de projetos de design.
Slack et al. (2013) apresentam as etapas de projeto de produtos; conforme
avançamos nas etapas, maiores são as certezas em relação ao projeto. São elas:

 geração de conceito;
 avaliação;
 projeto preliminar;
 avaliação e melhoria; e
 protótipo do projeto final.

Já para Melo (2003), o processo do design se inicia com a captação do


briefing, seguida das etapas de conceituação, de elaboração de propostas, de
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validação com o cliente (que pode ser positiva ou negativa), de avaliação, de


ajustes, de testes, entre tantas outras etapas. No entanto, fique atento para o
fato de que a solução de problemas tem uma natureza múltipla e diversa, o
que faz com que as etapas projetuais variem de acordo com a necessidade e
a particularidade de cada projeto.
Considerando as etapas apresentadas por ambos os autores, podemos per-
ceber a sobreposição de algumas etapas e a supressão ou inserção de outras.
Analise a seguir como elas se relacionam e como ambas as perspectivas se com-
plementam. Segundo Melo (2003), basicamente, o trabalho do designer inicia
pelo contato com o cliente e pela organização de um briefing, um documento
que deve reunir informações acerca do problema. Esse não é um momento
de apresentar respostas imediatas, mas, sim, de balizar a compreensão acerca
daquilo que deve ser solucionado. Essa etapa de entendimento do problema
segue com a identificação de custos e prazos — porém, cabe ressaltar que
não se trata efetivamente do custo da execução do projeto, mas, sim, da busca
por informações que orientem a solução do problema. Já na proposta de Slack
et al. (2013), observamos que essa etapa de briefing não é considerada. No
entanto, devido ao seu caráter introdutório e de organização de informações
sobre o projeto, ela é fundamental para as tarefas do designer.
Ambos os teóricos apresentam a etapa de conceituação do problema.
Para Slack et al. (2013), ela se relaciona com a ideação de novos produtos e
serviços, utilizando-se de diversas ferramentas para a coleta de informação
(pesquisas, questionários, entre outros, aplicados aos clientes ou potenciais
clientes). A análise da concorrência não pode ser descartada. Para Melo (2003),
a conceituação se relaciona com as premissas que podem ser utilizadas para
solucionar o problema, em que aspectos estéticos do projeto podem começar
a ser definidos. Slack et al. (2013) propõem uma etapa de avaliação, em que
se discute a viabilidade do projeto, sua aceitabilidade e vulnerabilidade. Essas
questões estão contempladas em Melo (2003) na etapa de conceituação.
O projeto preliminar propõe a transformação dos conceitos em dados
concretos, por meio das primeiras versões e testes do projeto. Ele é orientado
pela padronização (em que a restrição é entendida como um meio de gerar
valor para o cliente), pela comunalidade (que diz respeito à redução de com-
plexidade do projeto), pela modularização (que possibilita que componentes
sejam rearranjados de acordo com a necessidade) e pela personalização em
massa (caracterizada pela oferta de uma grande diversidade de produtos, a
fim de atingir um número maior de clientes), conforme apontam Slack et
al. (2013). A elaboração de propostas de Melo (2003) se sobrepõe à etapa de
projeto preliminar. Para ele, aspectos conceituais e visuais convergem, e é
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possível identificar soluções concretas ou mais assertivas para os problemas.


Essa etapa se dá na forma de estudos para atingir a melhor solução.
A etapa de avaliação e melhoria corresponde à produção do que foi desen-
volvido e à verificação de possíveis melhorias, observando-se se o produto ou
serviço atende às necessidades dos clientes, se as informações apresentadas são
suficientes e se as características estão de acordo com o proposto pelo projeto
(SLACK et al., 2003). Melo (2003) não apresenta essa etapa, no entanto, discorre
sobre a etapa de proposta para o cliente, que, de certa forma, engloba ações da
etapa proposta por Slack et al. (2013). É no momento de apresentar a proposta
para o cliente que a relação entre designer e contratante é concretizada, uma vez
que é nessa etapa que a solução encontrada é aprovada ou não. Nesse cenário,
o designer precisa contar com qualidades que vão além das apresentadas no
projeto — é preciso que ele tenha a habilidade de descrever a proposta e de
persuadir o cliente. Nesse momento, ajustes, correções e alterações podem
ser solicitadas pelo cliente, e cabe ao designer ter jogo de cintura e humildade
para entender que nem sempre seu design será tão assertivo quanto lhe parece
no momento da criação.
A etapa de protótipo e projeto final, defendida por Slack et al. (2013),
corresponde à construção de um modelo que permita a testagem do produto
ou serviço. Essa etapa se sobrepõe à apresentação do projeto para o cliente
de Melo (2003). Os protótipos podem variar quanto ao material, mas é im-
portante que eles permitam avaliar ao máximo o projeto, antes de seguir
para a produção. A partir desse ponto, ambos os autores defendem que, com
o projeto atendendo a todas as solicitações do cliente, e tendo sido realizados
todos os ajustes e verificada a assertividade do produto ou serviço, pode-se
encaminhar a produção.
Considere que a proposta de solução do problema tenha sido aceita pelo
cliente. A execução de um projeto abrange etapas bem distintas da sua con-
cepção. Ela envolve processos de gerenciamento, de diálogo com outros pro-
fissionais, de prototipação (dependendo do tipo de solução encontrada) e de
avaliações, que devem se dar em um processo iterativo.
A vida de um projeto estará em processo de conclusão quando todos os
protótipos tiverem sido aprovados e encaminhados para a pré-produção e a
produção, seguidas pelas etapas de implementação e/ou distribuição. Ao final
dessas etapas, surge uma nova, que é orientada pela percepção do consumi-
dor e define o sucesso ou insucesso de um produto. Aqui, novos problemas
podem ser identificados e impulsionar uma revisão e o relançamento de um
determinado produto.
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Os projetos na área de design podem seguir caminhos diversos e devem considerar


estudos diversos para que sejam desenvolvidos de maneira assertiva. Por exemplo: o
processo de desenvolvimento de uma embalagem é bem diferente dos processos de
desenvolvimento de um projeto de sinalização. Existem alguns pontos de convergência,
como os estudos de ergonomia, que podem ter uma aplicação distinta de acordo com a
natureza do projeto. Quando falamos em desenvolvimento de embalagem, a ergonomia
tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento de uma embalagem que seja fácil de
manipular, que seja confortável de carregar, entre outros aspectos. Quando falamos
em ergonomia aplicada ao sistema de sinalização, estamos remetendo ao conforto
do usuário ao visualizar uma placa, por exemplo. Em ambos os casos, existem normas
específicas: para embalagens, podemos citar a norma brasileira (NBR) da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) número 9461:2011, e, no caso da sinalização,
podemos citar a ABNT NBR 13434-2. Para ambas as situações, é preciso considerar as
normas de desenho técnico, por exemplo, que viabilizarão a representação gráfica de
ambos os sistemas, fazendo com que o processo de produção seja eficiente.

A partir do texto exposto, pode-se perceber que, ainda que tenhamos partido
da perspectiva de dois autores que falam sobre o desenvolvimento de projetos,
encontramos etapas de desenvolvimento que ora se sobrepõem, ora se excluem
e ora se complementam. Provavelmente, se tivéssemos optado por inserir um
número maior de autores neste tópico, encontraríamos outros processos, com
outros nomes, com outras funções. É com vistas a sanar essas disparidades
no processo de desenvolvimento de projetos que podemos recorrer às normas,
principalmente à NBR 16585, que auxilia na criação de uma organização mais
sistemática sobre a produção de produtos e serviços — ela será abordada
em breve. Ao designer, é importante que tenha domínio de outras técnicas
e metodologias, a fim de adequar as normatizações aos procedimentos e às
necessidades particulares de cada projeto. No tópico a seguir, você entenderá
o porquê de as normas serem importantes no desenvolvimento dos projetos.

2 Por que adequar projetos às normas técnicas?


No tópico anterior, você viu que, dependendo do autor, podemos encontrar
na literatura distintas fases para desenvolvimento de projetos, com diferentes
nomenclaturas e algumas semelhanças. Devido a essa variedade, podemos
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recorrer às normas técnicas, que orientam processos de modo que uma tarefa
seja executada da melhor forma possível, observando-se fatores diversos, como
a consistência. Essas normas são criadas e editadas por órgãos competentes,
que buscam criar padrões para o mercado.
Para desenvolver um projeto, é necessário ter uma visão abrangente dos
processos envolvidos na solução de problemas por meio da criação de produtos
ou serviços. A compreensão das etapas de um projeto pode ser orientada por
algumas normas, que garantem a qualidade dos produtos que consumimos
diariamente: uma televisão, uma embalagem de biscoitos, uma interface de
um aplicativo etc. Todos esses elementos são orientados por normatizações
ou requisitos mínimos, que servem como garantia para que um produto seja
lançado com o mínimo de qualidade aceitável pelos órgãos reguladores.
Dentre os órgãos reguladores, podemos citar a ABNT. De acordo com as
informações obtidas no site da associação, a qual consiste no Foro Nacional
de Normalização, cujo reconhecimento pelo governo federal se deu desde sua
fundação, em 28 de setembro de 1940. A ABNT também é responsável pela
avaliação da conformidade e possui programas de certificação de produtos,
sistemas e rotulagem ambiental, que é orientada por guias e princípios técnicos
que são aceitos internacionalmente.

A ABNT é uma entidade privada, sem fins lucrativos, membro-fundadora da Organi-


zação Internacional de Normalizações (ISO, do inglês International Organization for
Standardization), da Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas e da Associação
Mercosul de Normalização. Desde a sua fundação, é também membro da Comissão
Eletrotécnica Internacional.

A Associação conta com estrutura técnica de auditores multidisciplinares,


que objetivam agregar credibilidade, ética e reconhecimento aos serviços
prestados. Ela atua junto ao governo e à sociedade na implementação de
políticas públicas, viabilizando o desenvolvimento do mercado e a defesa dos
consumidores, garantindo a segurança de todos (ABNT, 2020).
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Acesse a página da ABNT e saiba mais sobre a história dessa associação no link a seguir.

https://qrgo.page.link/zHBMB

Agora que você já sabe que o projeto é o norteador de um processo de de-


sign e que a ABNT garante a segurança dos usuários de produtos, precisamos
explicar melhor o que é uma norma. Muitos dos produtos ou serviços que
você utiliza diariamente apresentam bons resultados, são eficientes, seguros
e têm qualidade. Esse contexto permite que você execute suas tarefas com
segurança e assertividade, pois os produtos com os quais você está tendo
contato provavelmente atendem às normas. Porém, se uma norma não for
atendida ou contemplada em um projeto, nossa experiência enquanto usuário
cai por terra. É nesse momento que percebemos a necessidade das normas
técnicas (ABNT, 2020).
Provavelmente, você já se deparou com alguma situação em que um produto
ou serviço não atendeu às suas expectativas. É em situações como essas que
nos tornamos mais atentos a produtos que não funcionam como deveriam,
que apresentam má qualidade, que não possuem compatibilidade com outros
equipamentos ou que são perigosos. Quando isso ocorre, é bem provável
que alguma norma tenha sido esquecida ou simplesmente deixada de lado
(ABNT, 2020).
De acordo com o site da ABNT (2020), uma norma está relacionada a uma
atividade que está associada a problemas existentes ou potenciais, sendo essa
norma prescrita de forma que seja executada ou utilizada de forma comum
e repetitiva. Esse processo viabiliza que, em um determinado contexto, uma
atividade seja ordenada e consistente. Portanto, uma normalização ordena o
processo de formulação e aplicação de regras, que permitem solucionar ou
prevenir problemas, de forma a promover a economia global. Com base nas
regras determinadas, buscam-se elementos tecnológicos para servirem de
instrumento, para fazer com que o produto, processo, sistema, pessoa, bem
ou serviço esteja em consonância com as finalidades estabelecidas, de forma
segura e eficiente.
A norma consiste em um documento consensualmente construído e apro-
vado por um órgão reconhecido. Nela podemos encontrar regras, diretrizes
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e características fundamentais para atividades ou para seus resultados. No


Brasil, as normas não são obrigatórias por lei, portanto, elas são facultativas.
Em outras palavras, pode-se fornecer um produto ou um serviço que não siga
uma norma que seja aplicável e recomendável para o mercado. Porém, alguns
países obrigam o uso de determinadas normas (ABNT, 2020).
Optar por não usar uma norma pode fazer com que um produto se torne
mais difícil de ser introduzido no mercado, pois esse mercado acaba reque-
rendo demonstrações que denotem a qualidade. O não atendimento às normas
implica, do ponto de vista legal, que o fornecedor tenha responsabilidades
adicionais em relação ao produto. A normalização visa a tornar os processos
de desenvolvimento, fabricação e fornecimento de produtos ou serviços mais
eficientes, seguros e limpos. Além disso, visa a simplificar o comércio entre
países de forma justa. Também disponibiliza ao governo uma base técnica
que orienta aspectos como saúde, segurança, legislação ambiental e avaliação
de conformidade (ABNT, 2020).
O uso de normas promove, também, o compartilhamento de avanços no
setor da tecnologia, viabilizando boas práticas de gestão e disseminando, assim,
a inovação. Tem como foco proteger consumidores e usuários de produtos e
serviços, simplificando soluções para problemas comuns que encontramos na
vida cotidiana. Em suma, as normas garantem características desejáveis de
produtos e serviços (qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, inter-
cambialidade, responsabilidade ambiental) com base em um custo que gere
economia (ABNT, 2020).
O objetivo de uma norma é estabelecer soluções consensuais entre as
partes interessadas para temas que tenham aspectos de repetição. Assim, uma
norma pode ser considerada como uma ferramenta que propicia a autodis-
ciplina, por meio da simplificação de temas, identificando a necessidade de
regulamentação em áreas que ainda não estão regulamentadas. Por fim, uma
norma é uma referência idônea, que tem por objetivo regulamentar, acreditar,
certificar, mensurar, informar tecnicamente e mediar a relação entre cliente
e fornecedor. A Figura 1 a seguir apresenta os objetivos mais importantes de
uma norma (ABNT, 2020).
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Segurança
Proteção do
Comunicação produto

Objetivos da Controle da
Compatibilidade
Normalização variedade

Eliminação
de barreiras Proteção do
técnicas e meio ambiente
comerciais Intercambialidade

Figura 1. Objetivos da normalização.


Fonte: Adaptada de ABNT (2014a).

A ABNT possui duas normas que regulamentam serviços da área do de-


sign. Elas foram produzidas por cerca de 50 profissionais e pesquisadores da
área. Essas normas visam a apresentar definições de termos e boas práticas
no setor. Estar atento a essas normas garante que projetos de design tenham
maior qualidade, viabiliza contratações mais assertivas, além de fomentar o
desenvolvimento do mercado do design no Brasil (ABNT, 2020).
O objetivo das normas é tornar compreensível o fato de o mercado de design
ser orientado por um processo. Consequentemente, elas têm a finalidade de
unificar termos do design, tornando mais acessível a concepção de que design
é processo. Basicamente, as normas objetivam esclarecer que bons resultados
em design são consequência do cumprimento de uma série de etapas. Nos
aprofundaremos nessas normas no próximo tópico; por hora, importa saber que
essas duas normas orientam o trabalho de designers e servem como suporte
para contratantes de serviços dos mesmos (ABNT, 2020).
A ABNT disponibiliza diversas normas que se relacionam de alguma
forma com a área do design. Por exemplo, áreas como design de produtos e
design de interiores muitas vezes recorrem às normas para representarem seus
objetos para produção e execução. Nesse contexto, podemos citar as normas
para desenho técnico e suas correlatas. Além destas, a ABNT disponibiliza
12 Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos

os processos de normalização para produtos, implementação de sistemas de


gestão e qualificação profissional, entre outros. (ABNT, 2020).
Além da ABNT, podemos citar outros órgãos que fornecem parâmetros
para a produção de produtos. Um deles é o American Society for Testing
(ASTM), um órgão estadunidense de normalização. Com o desenvolvimento
e a publicação de normas técnicas, a ASTM regulamenta materiais, produtos,
sistemas e serviços, fornecendo suporte aos comitês técnicos, com membros
por todo o mundo. Suas publicações são anuais e podem ser adquiridas em
versões on-line e impressa.

Acesse a página da ASTM e saiba mais sobre a história desse órgão no link a seguir.

https://www.astm.org/

De acordo com Slack (2013), uma das etapas imprescindíveis no desen-


volvimento de projetos de produtos envolve as definições técnicas, em que as
especificações de engenharia orientarão a inspeção, a fabricação e a avaliação
do desempenho. Tudo deve ser documentado e compor o projeto, contemplando
ao máximo as etapas de produção; assim, essas definições abrangem documen-
tos como: desenho do produto, normas técnicas, desenho dos componentes,
folhas de processo, plano de controle, fluxogramas, entre outros. Junto a esses
documentos, deve-se disponibilizar também a documentação que poderá
ser utilizada pelo consumidor (manual do proprietário ou do usuário, bula,
informações de segurança, etiqueta etc.).
O detalhamento técnico de um produto deve indicar quais normas foram
utilizadas no projeto para garantir a sua qualidade. É possível combinar o uso
de normas internacionais (como a ISO) ou utilizar as normas nacionais que
possuam aceitação internacional (como as normas da ABNT).
O projeto conceitual será o norteador dos parâmetros a serem testados no
produto. Esses testes podem envolver verificação dimensional, funcional, de
desempenho, entre outros aspectos, e devem compor a documentação técnica
do projeto. Esse documento reúne informações de produção, avaliação e
alterações eventuais (SLACK, 2013).
Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos 13

Dentre as diversas informações importantes na documentação, algumas


se destacam, como a data de validade do projeto e a assinatura da sua apro-
vação. As características críticas e significativas devem ser detalhadas, bem
como informados os elementos que podem afetar a eficiência do produto ou
representar risco para o usuário. Dimensionamento geométrico, definição
de materiais, tolerâncias e demais características do produto também devem
compor a documentação técnica (SLACK, 2013).
Considerando o que você estudou até este momento, podemos afirmar
que o design está sempre atrelado a projetos, os quais podem ser orientados
por normas que garantem a qualidade e a assertividade dos produtos. Essas
normas são produzidas por diversos órgãos e, no Brasil, são feitas pela ABNT,
que objetiva garantir produtos de qualidade, com segurança, confiabilidade,
eficiência, intercambialidade e responsabilidade ambiental, sem esquecer os
fundamentos econômicos envolvidos no processo.
Você viu que as normas servem para orientar diversos processos, que são
contemplados na documentação técnica de um projeto, e a testagem dos pro-
dutos. Diante disso, podemos partir para a identificação de algumas normas
que podem ser consideradas importantes no contexto do desenvolvimento de
projetos de design; esse será o tema do próximo tópico.

3 Desenvolvimento de projetos orientados por


normas
Como já apresentamos anteriormente, as normas técnicas estão presentes
no nosso dia a dia, porém, elas se tornam perceptíveis quando produtos e
serviços não funcionam da maneira como deveriam. As normas garantem a
qualidade e a segurança de tudo aquilo que usamos no nosso cotidiano: móveis,
brinquedos, eletrodomésticos, alimentos, roupas, entre tantos outros. Além
de envolver questões de saúde e segurança, as normas ajudam na preservação
do meio ambiente.
Além disso, as normas servem para orientar os clientes com referenciais
para aferir a qualidade daquilo que está sendo adquirido. Por meio delas,
geram-se renda e postos de trabalho, além de elas protegerem os empresários
de prejuízos, tornando-os mais produtivos, levando-se em conta as novas
tecnologias de produção de boas práticas para gestão. Para o consumidor, as
normas auxiliam a comparar produtos na hora da escolha dos mesmos e fazem
com que produtos, brinquedos e alimentos sejam mais seguros.
14 Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos

Por aumentarem a qualidade dos produtos e serviços que estão no mercado,


estes se tornam mais competitivos, resultando na redução dos preços. Ainda,
as normas tornam as empresas nacionais mais competitivas, melhorando a
vida dos cidadãos e propiciando a preservação do meio ambiente. No contexto
profissional, as normas propiciam a criação de especificações que tornam o
trabalho mais seguro e menos desgastante. Para os empresários, as normas
reduzem custos e perdas, reduzindo o desperdício e o retrabalho. Os produtos
assumem maior qualidade, os processos passam a ser mais eficazes, resultando
em produtividade e confiabilidade. No campo da exportação, as normas
ajudam a eliminar barreiras técnicas e comerciais, tornando desnecessária
a existência de regulamentações que podem ser conflitantes entre produtos
e serviços de diferentes países. Para o design, o uso de normas auxilia na
geração de confiança e de valor sobre uma marca. Elas podem servir como
estratégia para a fidelização de clientes e a conquista de novos consumidores.
Tendo em vista o aspecto sensível do desenvolvimento de projetos em
design, um conjunto de normatizações foram organizadas com o objetivo de
padronizar boas práticas e nomenclaturas utilizadas na área. Essas normas
são editadas pela ABNT.

A ABNT fornece consultoria sobre como utilizar as normas de forma estratégica,


de acordo com as necessidades da empresa. Você pode entrar em contato com a
instituição acessando o link a seguir.

https://qrgo.page.link/kvgw5

Quando falamos em design, precisamos considerar que a sua atividade


laboral está relacionada ao ramo dos serviços. Podemos entender serviço como
um processo em que alguém realiza um determinado trabalho que atenda às
necessidades de um consumidor ou que agregue valor a determinado tipo
de produto. O resultado de um serviço pode ser tangível ou intangível, e o
design funciona como uma ferramenta estratégica que pode posicionar um
produto no mercado.
De acordo com Stickdorn e Schneider (2014), pode-se dizer que o design é
uma atividade intelectual, técnica, criativa e de planejamento, projeto e desen-
Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos 15

volvimento, que une elementos estéticos, simbólicos, funcionais, produtivos


e do usuário, em sistemas, produtos, serviços, comunicação ou ambientes. O
seu objetivo principal é criar valor e sentido, produzindo adequação, melhoria
e/ou inovação.
Vejamos a seguir duas normas que representam uma grande conquista
para o design no Brasil: a que trata de Serviços de design — Diretrizes para
boas práticas (ABNT NBR 16585), e a que trata de Terminologias (ABNT
NBR 16516), ambas apresentadas a seguir. Elas estão focadas em organizar
o mercado de design, por meio da padronização dos serviços, dos entregáveis
e das expectativas dos clientes.

Serviços de design — Diretrizes para boas práticas


(ABNT NBR 16585)
De modo geral, podemos dizer que a NBR 16585 indica boas práticas para a
prestação de serviços de design. Essas práticas têm como objetivo melhorar o
resultado da prestação de serviço, reduzir erros e inconsistências, tornar mais
assertiva e melhorar a organização de informações, fazendo com que designers
tenham maior êxito nos seus projetos. A norma foi elaborada pela Comissão de
Estudo Especial de Serviços de Design (ABNT/CEE-219) e teve como escopo
a normalização dos serviços de design, no que diz respeito às terminologias, à
gestão e às boas práticas, como já foi mencionado. A comissão foi composta
por mais de 50 profissionais, como membros da ABNT e do Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), empresários, instituições
de ensino, contratantes de serviços, entre outros.
O trabalho foi coordenado pelo designer Alexandre Mussnich (Planobase
Lubianca, Porto Alegre), contou com assistência do professor e designer
Aguilar Selhorst (Megabox, Curitiba). O desenvolvimento da norma durou
cerca de dois anos e contou com reuniões mensais e consultas públicas, sendo
validada com índices expressivos de aprovação.
A importância dessa norma se dá pelo fato de os designers atuarem em
diversos setores, em empresas, escritórios, agências e até mesmo como free-
lancers. Por se tratar de uma área que ainda está em construção, cujos produtos
que ela pode produzir se atualizam na mesma velocidade com que novas
tecnologias são lançadas, ter uma normatização que orienta os profissionais
da área torna o desenvolvimento do projeto um processo mais transparente
e mais sistemático.
A norma propõe um modo de organizar a relação entre os envolvidos na
prestação de serviços de design, indicando a atuação das partes nos momentos
16 Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos

específicos do projeto. Essa norma pode ser utilizada por designers, empresas
de design, prestadoras de serviços, clientes, organizações e todas as áreas que
se servem do design nos seus processos criativos. Para tanto, a norma busca
construir uma metodologia abrangente, que pode ser compartilhada com
diversas áreas do design.
De acordo com a norma, todo projeto de design deve ser orientado por
uma demanda, e isso envolve identificação, elaboração de um briefing e
apresentação de uma proposta comercial (contrato do serviço); essa etapa se
finaliza com a contratação do designer. O briefing deve orientar o contrato
do serviço e deve ser acatado por ambas as partes — clientes e designers.
O processo de captação do briefing pode ser orientado pelo designer,
porém, as respostas devem vir do cliente. Estas, por sua vez, precisam ser
suficientes e o mais detalhadas possível, para que a proposta comercial seja
a mais acertada. É importante que a aceitação da proposta comercial seja
assinada pelo cliente antes que o serviço comece a ser prestado.
É interessante que a proposta comercial esteja em forma de contrato escrito
e, se possível, acompanhada por um advogado. O documento deve evitar
ambiguidades e omissões e deve apresentar as especificações de forma clara.
Todos os documentos relativos à contratação devem estar anexados ao contrato;
em casos em que há a necessidade de um procurador, é importante que a cópia
da procuração componha a documentação do projeto.
O documento de contratação deve transcrever todos os elementos pre-
sentes na proposta comercial, com a previsão de penalidades em casos de
descumprimento de alguma obrigação por parte tanto do contratante quanto
do contratado, com vistas a manter a relação saudável e equilibrada entre as
partes. Deve apresentar previsão e condições para distrato, bem como o foro,
a data e as assinaturas que validem a contratação.
É importante que o orçamento do projeto seja aprovado na validação da
contratação, com valores definidos de acordo com a natureza do projeto e
em proporção à concorrência. O contrato deve também contemplar todos os
terceiros que estão envolvidos no projeto. As previsões de despesa extra de
viagem, transporte de insumos, pagamento de taxas com órgãos certificadores,
registros de marcas, patentes e busca de anterioridade, que deve ser realizada
junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, devem ser expressas
no contrato.
Concluída a contratação, passa-se para a fase de exploração, em que o
designer deve fazer a coleta de informações junto ao cliente, o planejamento
das atividades, o levantamento das informações, as coletas de dados sobre
o produto e o público-alvo e a compilação dessas informações, verificando
Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos 17

o que é mais adequado ao projeto. Uma reunião com os envolvidos ajuda a


manter a saúde do projeto, permite que a compreensão das informações seja
uniforme e que o problema a ser resolvido esteja o mais claro possível. As
informações do briefing devem ser validadas e as informações devem ser
consistentes e de conhecimento do contratante. O cliente deve estar ciente dos
investimentos necessários, dos objetivos estratégicos do projeto, do público-
-alvo, dos usuários que podem ser atingidos pelo produto, dos processos de
produção mais adequados e das particularidades de implementação do projeto.
O contrato também deve dar conta de questões relativas à cessão de direito
autoral, de propriedade intelectual, das condições de exposição do projeto em
portfólios, do uso de marca, da divulgação da autoria e da participação em con-
cursos. Licenças, domínios, hospedagem, assinaturas de licenças, fotografias,
imagens, ilustração, textos (revisão e versão em outros idiomas), maquetes
(físicas ou eletrônicas), provas digitais, impressões, plotagens, protótipos,
mockups e materiais de implementação do projeto devem estar devidamente
previstos e identificados.
É possível que um projeto seja interrompido em algum momento por motivos
diversos. Com isso, é importante que seja considerada a existência de custo
adicional de retorno de fases ou etapas que já foram validadas no contrato. As
atividades devem ser claramente apresentadas, para que, em caso de solicitação
de uma atividade que não esteja contemplada no plano comercial, esta seja
orçada e avaliada por ambas as partes.
O cliente precisa estar ciente que, caso não aceite alguma das alternativas
apresentadas pelo designer, ele não possui direito de uso daquelas que não
foram validadas. É importante também apresentar as interdependências no
cumprimento dos prazos — portanto, para que o designer avance, é necessário
que o cliente cumpra com os prazos estipulados no contrato.
Da exploração, segue-se para uma etapa de identificação do problema,
que é orientada pela análise de informações, validação, definição e validação
do conceito. É importante que haja diálogo entre designer e contratante;
portanto, é indicada uma reunião em que se reportem todos os dados levan-
tados até o momento. Essa etapa precisa ser aprovada pelo cliente e garante
que ambos — cliente e designer — estejam alinhados em relação às ideias
envolvidas no projeto.
Parte-se, assim, para a etapa de criação e desenvolvimento, em que o
designer trabalha gerando alternativas para solucionar o problema e organiza e
seleciona a ideia mais conveniente e que atenda às necessidades levantadas na
etapa anterior. Assim, junto ao cliente, valida-se o anteprojeto, que viabiliza a
18 Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos

produção do projeto executivo e do detalhamento, culminando em uma nova


etapa de validação pelo cliente.
Com a etapa de criação e desenvolvimento aprovada, prossegue-se para
a implementação, que envolve acompanhamento e relatórios. Daí, o projeto
segue para a finalização, momento em que é encerrado e encaminhado para
o pós-venda. Acompanhe o esquema da Figura 2, que apresenta as etapas que
conferem boas práticas no desenvolvimento de projetos em design.

Figura 2. Estrutura das boas práticas para serviços em design.


Fonte: Adaptada de ABNT (2017).

Como já mencionado, a norma é facultativa, e deve-se considerar que ela


pode ser mesclada com outros modelos metodológicos. Ressaltamos que a
norma serve com um balizador, que deve ser complementado considerando-se
as particularidades de cada projeto.
Com a análise das etapas propostas pela norma e considerando o que você
já estudou no primeiro tópico deste capítulo, você pode perceber que a norma
apresenta as etapas defendidas pelos autores apresentados. Esse ponto serve
para demonstrar a necessidade de se conhecer o maior número de modelos
para desenvolvimento de projetos e adaptá-los de acordo com as necessidades
do projeto. Em caso de dúvidas ou inconsistências, recorrer à norma é uma
boa opção.
Outro ponto que a NBR 16585 (ABNT, 2017) trata é relativo à remuneração
do designer. Ainda que não determine valores fixos para cada tipo de projeto,
a norma indica que o serviço de design seja remunerado, de forma a valorizar
os saberes envolvidos nos processos do projeto, seguindo princípios éticos e
Normas técnicas para o desenvolvimento de projetos 19

profissionais, respeitando a concorrência no mercado. Ela também desencoraja


a realização de concorrências especulativas orientadas para o desenvolvimento
de soluções de projetos por demanda, em que apenas a solução vencedora é
remunerada. Nesse contexto, cabe também ao designer primar pela sua conduta
profissional e pelo valor do seu trabalho.

Serviços de design — Terminologias (ABNT NBR 16516)


Não raras vezes, o designer precisa explicar para o seu cliente algum termo
utilizado. Em outros casos, o próprio cliente utiliza um termo que não está em
consonância com aqueles utilizados pelos profissionais da área. Com isso em
mente, foi criada a NBR 16516, que apresenta os termos relativos ao design.
Dentre os termos que a norma descreve, está a concepção de design, muito
debatida no contexto acadêmico.
Essa norma tem como objetivo fomentar o uso de uma linguagem uniforme,
que torne mais eficiente a comunicação e o entendimento nessa área. Assim,
ela pode ser empregada por pessoas e organizações, bem como empresas,
instituições e governos. Além destes, busca-se que elaboradores de normas,
guias, procedimentos e documentos normativos relacionados com as atividades
e serviços em design sejam coerentes.
Assim, você pode compreender que, ainda que o uso de normas não seja
obrigatório, elas servem para respaldar projetos e auxiliam no desenvolvimento
e reconhecimento das etapas necessárias para que um projeto tenha êxito.
Fique atento, pois as normas podem atender a outros requisitos no campo do
design, apresentando outras especificidades. É importante a leitura atenta das
normas, para que se consiga fazer o melhor uso possível delas.
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ABNT. NBR 16585: serviços de design — diretrizes para bias práticas. Rio de Janeiro, 2017.
ABNT. Normalização: objetivos. 2014. Disponível em: http://www.abnt.org.br/
normalizacao/o-que-e/importancia-beneficios. Acesso em: 31 jan. 2020.
MELO, F. H. O processo do projeto. ADG BRASIL. O valor do design. São Paulo: Senac, 2002.
SLACK, N. et al. Gerenciamento de operações e de processos: princípios e práticas de
impacto estratégico. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
STICKDORN, M.; SCHNEIDER, J. (org.). Isto é design thinking de serviços: fundamentos,
ferramentas, casos. Porto Alegre: Bookman, 2014.

Leituras recomendadas
ABNT. Normalização: importância/benefícios. 2014. Disponível em: http://www.abnt.
org.br/normalizacao/o-que-e/importancia-beneficios. Acesso em: 31 jan. 2020.
ABNT; SEBRAE. Normas técnicas: o que eu ganho com isso? Rio de Janeiro: Sebrae, [20-
-?]. Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/
bds/bds.nsf/1F98F9EABF0D1A9783257284004D79FD/$File/NT00035066.pdf. Acesso
em: 31 jan. 2020.
HAYRTON. Os serviços de design. Revista Digital Ad Normas, 2018. Disponível em: https://
revistaadnormas.com.br/2018/06/19/os-servicos-de-design/. Acesso em: 31 jan. 2020.

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