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Sistema Digestório
❖ Introdução:
- Bibliografia: Dukes: fisiologia dos animais domésticos. Capítulos 42 ao 45
- Tipos de aparelho digestório:
- Animais de estômago simples:
- cão e gato
- mais simples que o de outras espécies
- fermentam muito pouco os alimentos
- Fermentadores pré-gástricos:
- ruminantes e camelídeos
- as câmaras antes do abomaso (estômago verdadeiro) fazem a fermentação
da celulose
- Fermentadores pós-gástricos:
- equinos e lagomorfos
- a fermentação ocorre no ceco e no intestino grosso
- aproveitam mais a proteína dietética (do alimento) porque os
microorganismos agem depois da digestão do estômago e do intestino
delgado
❖ Deglutição:
- Etapa pós mastigação
- 1º: processo voluntário
- Ocorre na boca com musculatura esquelética
- O animal decide quantas vezes mastiga e quando levará o bolo alimentar para
a parte aboral da língua
- 2º: processo autônomo
- Acontece da orofaringe para frente
- Quando o alimento chega na orofaringe, ativa as fibras aferentes dos nervos
cranianos V, IX e X (trigêmeos, glossofaríngeo e vago), que mandam a
informação para o bulbo, que inibe a respiração para que o alimento seja
desviado para o esôfago em segurança
- O bulbo também ativa a musculatura lisa pelas fibras eferentes dos nervos
cranianos VII, IX, X e XII (facial, glossofaríngeo, vago e hipoglosso) elevando
o palato mole e movendo a epiglote para que o alimento passe em segurança
❖ Motilidade:
- A musculatura do esôfago varia entre lisa e esquelética entre as espécies e
regiões do órgão
- É controlada pelo Sistema Nervoso Entérico
- Esse sistema controla do esôfago até o ânus, sendo mais importante a partir
do estômago
- Vômito:
- No bulbo tem o centro do vômito
- O estímulo pode ser:
- consciente pelo córtex superior (cheiro, imagem, medo, ansiedade)
- por causa da superestimulação do labirinto interno da orelha
- por fármacos (anestésico, quimioterapia, opióides), por cirurgia e por
radioterapia
❖ Salivação:
- Toda saliva tem os mesmo componentes em proporções diferentes
- Amilase: digestão de amido/glicogênio; ação interrompida no estômago
- Lipase: digestão de ácidos graxos; mais significativa em neonatos para
digerir a gordura do leite
- IgA: anticorpos; para diminuir a carga microbiana que entra via oral
- HCO3-: tamponante (evitam a acidificação brusca); secreção estimulada pela
secretina
- Mucina: espessante; mais presente na saliva mucosa
- A saliva ajuda na manutenção do pH ao longo do trato
- Ruminantes salivam muito para proteger os microrganismos
- Toda saliva é hipotônica em relação ao plasma para reduzir o impacto
osmótico da ingesta
- O impacto osmótico é o quanto de água que as células vão perder pra ingesta
- Todas as glândulas estão associadas ao estímulo direto do aumento do fluxo
pelo sistema nervoso parassimpático
- Nervo glossofaríngeo: gl. parótidas
- Nervo facial: gl. mandibulares e sublinguais
- O SN simpático não inerva as glândulas, mas está associado indiretamente à
salivação, porque causa vasoconstrição dos vasos sanguíneos o que diminui a
produção de saliva
- A produção de saliva é constante, mas pode até parar em uma atividade
extrema do sistema nervoso simpático
- Quando o pH do duodeno diminui, ele produz o hormônio secretina, que age
nos ductos salivares estimulando a reabsorção de Na+ e Cl- e a liberação de K+ e
HCO3- na saliva
- Ou seja, altera a composição da saliva fazendo mais solução tampão para
aumentar o pH duodenal e manter o pH do sistema digestório
- Em ruminantes é importante para manter o bem estar da microbiota, por isso
o rúmen também produz esse hormônio
- o pH da saliva é alterado de acordo com a necessidade de tamponamento
ruminal
- Glândula parótida:
- Saliva serosa
- Produz pouca mucina e por isso a saliva é mais liquefeita e se mistura melhor
ao alimento, começando a digestão enzimática e outras ações, como a proteção
- Glândulas mandibular:
- Saliva mista
❖ Estômago:
- Regiões da mucosa gástrica:
- Região aglandular/esofágica: quase inexistente nos carnívoros e bem grande
nos ruminantes (câmaras antes do abomaso)
- Região cárdica: produz muco espesso e tampão (NaHCO3)
- Região fúndica: produção de enzimas proteolíticas, ácidos, hormônios em
menor grau e muco em menor grau
- é onde tem células principais e parietais
- Região pilórica: produz muco, tampão (NaHCO3) e gastrina (em reflexo a
distensão)
➔ Região fúndica:
- Fovéolas gástricas:
- As fovéolas são as criptas entre as vilosidades estomacais, elas são revestidas
por muco e por tampão para se protegerem contra os ácidos e as enzimas
proteolíticas
- No fundo de cada fovéola encontram-se as glândulas gástricas profundas, que
são compostas por células principais e parietais
- Células principais:
- produzem enzimas, como o pepsinogênio, que quando ativado pelo HCl
(presente em glândulas gástricas e lúmen estomacal) vira pepsina; e renina,
que é importante para a digestão do leite em neonatos porque é proteolítica,
mas não digere as imunoglobulinas
- estimuladas pelo sistema nervoso parassimpático
- Células parietais:
- produzem os íons de H+ e Cl- que só se transformam em ácido clorídrico no
lúmen
- também produzem o fator intrínseco (proteína) que é o cofator da vitamina
B12 e, junto com ela, é absorvido no íleo
- têm uma bomba de prótons que secreta H+ e absorve K- e um cotransporte
(antiporte) que secreta Cl- e absorve Na+
❖ Pâncreas exócrino:
- A porção exócrina representa 90% do pâncreas
- Os ácinos pancreáticos produzem enzimas como amilases, proteases e lipases
que participam da digestão
- Sem o conteúdo pancreático não ocorre a digestão completa, então pacientes
sem pâncreas precisam tomar coquetéis enzimáticos
- As enzimas são secretadas de forma inativa e durante o caminho vão sendo
ativas, mas quando chegam ao duodeno essa ativação é acelerada e se completa
- O poder enzimático delas é muito forte então a ativação antes do duodeno é
uma das principais causas de pancreatites porque as enzimas podem digerir o
próprio pâncreas
- se um cálculo biliar obstruir onde desemboca o ducto colédoco e o ducto
pancreático (no esfíncter de Oggi) as enzimas pancreáticas são ativadas
dentro do ducto e começam a digerir ele, fazendo o conteúdo extravasar para
a cavidade e causar peritonite
- Estímulo para a produção de enzimas: colecistocinina (CCK)
- Também aumenta a produção de bile no fígado e a contração da vesícula
biliar (ações digestivas)
- Além das enzimas, as células dos ductos acinais secretam NaHCO3 para o
duodeno (tampão), fazendo a neutralização do conteúdo para a proteção
intestinal
- Estímulo para a liberação de NaHCO3: secretina
- A secretina é produzida no duodeno em condições de baixo pH
- Ela está voltada para as ações de controle de pH
- Zona proliferativa 2:
- Tem células diferenciadas
- Produção de muco
- Ainda tem atividade mitótica
- Ausência de apoptose
- Superfície/epitélio colônico:
- Tem células diferenciadas e que sofrem apoptose
- Produzem pouco muco
- Não possuem atividade mitótica
- Glândulas de Brünner:
- Estão presentes apenas no duodeno
- São glândulas tubulares compostas encontradas na camada submucosa
- Secretam muco alcalino (rico em bicarbonato e urogastrona) para neutralizar
o pH ácido do alimento que veio do estômago
❖ Intestino grosso:
- Não apresenta vilosidades, mas apresenta criptas com células tronco (para
fazer a renovação do epitélio) e células caliciformes (produzem muco alcalino)
- A absorção, feita pelas células absortivas, é reduzida para basicamente água e
eletrólitos
- HPO4- (fosfato):
- Faz cotransporte Na+/HPO4- na membrana apical, o que permite o transporte
do fosfato contra seus gradientes de concentração.
- A proteína que realiza o cotransporte é produzida pela vitamina D
- a falta de vitamina D causa raquitismo
- O excesso de fosfato atrapalha a absorção de cálcio por se ligar a ele, então
tem que ter o dobro de cálcio do que tem de fosfato na dieta
- Na membrana basal o fosfato sai por cotransporta por sódio
- Em dietas balanceadas de fosfato, 60-80% pode ser captado por transporte
paracelular
❖ Digestão e absorção de proteínas:
- Proteínas são macromoléculas formadas por centenas de unidade formadoras
de aminoácidos ligados entre si por ligações peptídicas
- Os produtos principais a iniciar o processo de digestão são o HCl e as enzimas
estomacais (pepsina)
- Quando a alimento entra em contato com o suco gástrico começa a hidrólise
das ligações peptídicas por causa do HCl e começa a transformação das
proteínas em peptídeos
- O HCl também consegue quebrar a ligação peptídicas do pepsinogênio
transformando ele em pepsina (forma ativa)
- A pepsina quebra as ligações das proteínas dos alimentos separando em mais
péptidos
- Nos recém-nascidos, outra enzima importante é a renina, responsável pela
quebra da caseína (proteína do leite), sem digerir as imunoglobulinas
- Para a ação adequada da renina e da pepsina é necessário a acidificação do
meio (pH ideal entre 2 e 3)
- Mas não é no estômago que os peptídeos são separados em aminoácidos, é no
intestino
- A chegada dos peptídeos no duodeno é o estímulo para produção de CCK
pelas células enteroendócrinas
- A CCK é um hormônio que, de forma endócrina, chega ao pâncreas e
estimula a produção de proenzimas como tripsinogênio, quimiotripsinogênio,
pro elastases, procarboxilades (todas são potenciais proteases em forma
inativa)
- A CCK também tem atividade parácrina, ativando os receptores presentes
nos enterócitos das vilosidades intestinais (enterócitos vilosos) e estimulando a
produção da enteroquinase (no duodeno)
- Ainda no duodeno, a enteroquinase ativa o tripsinogênio (vira a tripsina) que
consegue ativar todas as outras proteases pancreáticas (inclusive mais tripsina)
- se essas enzimas já fossem liberadas ativas iriam consumir os tecidos do
pâncreas e dos ductos até o duodeno porque só no duodeno tem proteção
- A tripsina e as outras proteases clivam ligações peptídicas diferentes,
resultando em peptídeos pequenos de até 12 aminoácidos
- O glicocálix das células intestinais possui enzimas proteases agarradas e elas
que reduzem os pequenos peptídeos em di e tripeptídeos que já podem ser
absorvidos por algumas células por transporte ativo ou cotransporte com sódio
- Esses di/tri ainda não podem ser absorvidos pela maioria das células então
são catabolizados pelos fígados virando aminoácidos livres que vão para o
sangue
- o fígado absorve os di/tri e dentro dos hepatócitos eles são clivados e a parte
que o fígado não usa é liberada e forma proteínas
- Nos fetos existe uma estrutura chamada ducto venoso:
- A veia porta chega no fígado e sai pela cava caudal
- A veia umbilical leva o sangue nutritivo da placenta para o feto e passa direto
pelo fígado através do ducto venoso para distribuí-lo para o organismo
- Quando corta o cordão umbilical a veia colaba e o ducto venoso vira um
ligamento
- Se o ducto venoso não colabar, os nutrientes entram nele, não são
transformados e entram na circulação sistêmica podendo ser nocivos para
alguns sistemas, como o sistema nervoso
- então é necessário operar e fechar este ducto (é o Shunt!!)
➔ Absorção de proteínas íntegras: imunoglobulinas do colostro
- O estômago do neonato não tem alta produção de pepsinogênio e sim de
renina
- A renina consegue digerir as proteínas dietéticas sem digerir as
imunoglobulinas, que só passam pelo processo de absorção
- No duodeno dos neonatos as criptas intestinais têm a capacidade de fagocitar
os anticorpos antes que o conteúdo enzimático se forme
- Esse processo gasta muita energia, mas é necessário porque caso o conteúdo
enzimático se forme os anticorpos serão destruídos
- Essa capacidade dura pouco
- no cavalo dura apenas de 24 a 48h após o nascimento
- além disso a placenta deles é difusa, então os vasos são distantes e passa
pouquíssimas imunoglobulinas para o filhote o que faz o colostro ser ainda
mais importante
- Depois do duodeno (onde são digeridos os anticorpos), segue normal
- Absorção:
- Os produtos da digestão de gorduras (ácidos graxos e monoglicerídeos) são
absorvidos pelos enterócitos por difusão/transporte passivo
- Como acontece por transporte passivo depende do gradiente de concentração
- Dentro dos enterócitos os monoglicerídeos e ácidos graxos são convertidos
novamente em triglicerídeos para manter os níveis de monoglicerídeos baixos
dentro dos enterócitos e manter o gradiente favorável para a absorção de mais
deles
- Os enterócitos também formam quilomícrons (triglicéridos + colesterol +
apoliproteínas) para que sejam transportados para fora das células
- os quilomícron são tão grandes que não conseguem entrar nos capilares
sanguíneos, então precisam primeiro ser drenados pelos vasos linfáticos para
depois desembocar no ducto torácico e chegar na circulação sanguínea (veia
cava cranial)
- por isso intestino em processo de digestão tendem a formar linfa rica em
quilomícrons deixando ela branca/leitosa
❖ Introdução:
- Os ruminantes são divididos em duas subordens
- Ruminantes verdadeiros que possuem 4 câmaras
- Tylopodas (camelo e lhama) que só possuem 3 câmaras (não possuem o
omaso)
- Caminho do alimento: boca → rúmen → retícula → boca → rúmen → retículo
→ omaso → abomaso → duodeno
- A ruminação diminui as partículas para a fermentação
- Câmaras e funções:
- Rúmen: é o que mais tem função fermentativa
- Retículo: função fermentativa + seleção de tamanho
- Omaso: maceração + extração de conteúdo líquido por compressão +
absorção de água e AGV
- Abomaso: estômago químico e enzimático; fisiologia idêntica a dos
estômagos simples
❖ Fermentação (anaeróbica):
- Relação mutualística entre os ruminantes e os microrganismos que vivem no
rúmen
- O ruminante fornece o ambiente adequado e a microbiota fornece os produtos
da fermentação da fibra vegetal (carboidrato estrutural) que são essenciais para
a nutrição dos ruminantes
- São as ligações químicas que diferenciam os carboidratos em estruturais
(ligações betas - quebras por microorganismos) e não estruturais (ligações alfas
- quebradas pelas enzimas dos animais)
- As bactérias fermentativas conseguem romper as ligações beta
- As bactérias quebram a celulose em glicose e fermentam a glicose, formando
os ácidos graxos voláteis/AGV (principais: acetato, propionato e butirato)
- AGV são o principal componente energético da dieta dos ruminantes
- A maior parte deles são absorvidos diretamente pelo rúmen por difusão
- Parte deles ficam em bolhas no líquido ruminal e só são absorvidos no
abomaso
➔ Fermentação de proteínas:
- Proteína dietética: é utilizada pela microbiota para consumo próprio (proteína
degradável no rúmen)
- As bactérias ruminais combinam o nitrogênio (uréia ou amônia) com o
esqueleto de carbono da dieta e formam aminoácidos (proteína de alta
qualidade)
- Com a morte das bactérias ou passagem delas pelo ID ocorre a ação
proteolítica que digere a proteína microbiana (bactérias + o que elas
produziram)
- Proteína não degradável no rúmen: taxa variável de acordo com a dieta (20 a
75%) porque dietas volumosas têm menos proteína do que as concentradas
- A dieta concentrada faz o animal crescer mais rápido porque tem mais proteína
dietética disponível para os ruminantes, mas é mais cara
➔ Absorção de AGV:
- São ácidos fracos então não causam acidificação do rúmen
- Podem se encontrar dissociados/livres (hidrossolúveis e lipofóbicos): se
dissolvem no líquido ruminal, mas não conseguem atravessar a membrana das
células
- Podem se encontrar não-dissociados/conjugado com hidrogênio/neutralizado
(hidrossolúveis e lipossolúveis): se dissolvem no líquido ruminal e conseguem
atravessar a membrana das células (retira o componente ácido)
- Algumas células do rúmen absorvem Na+ e secretam bicarbonato (tampão)
- Aumenta a produção de secretina fazendo ter mais tampão na saliva o que
ajuda a manter o pH ruminal
➔ Motilidade do pré estômago
- Existem 3 movimentos principais no rúmen e no retículo:
- Mistura da ingesta
- Remoção de gases (eructação)
- Regurgitação do conteúdo luminal (ruminação)
- Todos os movimentos do rúmen são controlados por reflexos distintos e que se
inibem do rúmen associados ao nervo vago (aferente e eferente)
- Mas cada movimento deve acontecer em um momento separado
- O esôfago é dotado de musculatura esquelética podendo fazer peristaltismo
voluntário de forma retrógrada ou anterógrada
- Contrações de mistura:
- Início no cárdia seguindo por um movimento completo até retornar pelo saco
dorsal
- Acontece a mistura em um sentido no saco dorsal (balsa e gases) e outra no
saco ventral (líquido ruminal)
- O ritmo de contração é demorado e cíclico, com ritmo de contrações de 30 a
50 segundos (pequenos ruminantes e bovinos respectivamente)
- O movimento da Balsa faz o conteúdo mais pesado se acumular no retículo,
fazendo o retículo se distender
- a medida que o retículo fica cheio chega um momento que o bulbo para os
movimentos de mistura e começa o estímulo para regurgitação
- Regurgitação (ruminação):
- A porção média do saco dorsal contrai, os gases se acumulan no saco cego
dorsal, o líquido se acumula no saco ventral e a balsa fica pressionada contra o
esôfago
- O conteúdo fibroso (da balsa) aciona peristaltismo anterógrado no esôfago e
é regurgitado
- Na boca o conteúdo é remastigado e misturado com mais saliva e solução
tampão ruminal
- Movimento de eructação:
- Bovinos: a cada hora de fermentação são produzidos 2L de gás
- É um reflexo acionado quando a porção dorsal do rúmen é muito distendida
por gás (percebido pelo nervo vago)
- O bulbo ajusta os movimentos do rúmen de forma que o gás fique
concentrado próximo ao óstio cárdio (semelhante com regurgitação) fazendo o
óstio abrir e o gás passar
- formação de onda de contração do sentido caudo-ventral para caudo-dorsal
- relaxamento do saco cego ventral, diminuindo o nível de líquido ruminal
- O bulbo coordena que esse movimento seja simultâneo a inspiração, então
parte desse ar é inspirado e eliminado na próxima expiração (evitando o som
do arroto)
➔ Contrações do abomaso:
- O bulbo controla as contrações do abomaso, semelhante ao estômago simples
- A cada contração ruminal acontecem duas do abomaso
- Os dois estão em sintonia então o que compromete o rúmen também
compromete o abomaso
- Parte do gás diluído no líquido ruminal chega no abomaso, mas à medida que
o abomaso faz as contrações esse gás se separa do líquido e retorna para as
câmaras anteriores
- Se o abomaso não contrair o gás não retorna e ainda ocorre fermentação nele
- Como o abomaso só fica no lugar por causa do peso, o gás faz ele "flutuar" no
abdômen subindo dorsalmente e torcendo o óstio omaso-abomasal e o pilórico
- Essa rotação do estômago também pode acontecer em monogástricos (nem
sempre é cirúrgico)
➔ Timpanismo:
- Acúmulo de gás exacerbado em algum órgão
- Lesões nervosas podem descoordenar ou parar os movimentos, causando
timpanismo
- Alimentos inadequados (ex: tubérculos) podem fazer o gás ficar na forma de
espuma e no movimento de eructação o óstio não relaxa, causando timpanismo
- A acidose leva a perda dos reflexos ruminais porque compromete os
receptores
- O timpanismo ruminal prejudica outros órgãos e até a veia cava (compressão)
- O que fazer: puncionar o gás com um catéter para tirar o gás excessivo e
procurar a causa
- Resistência:
- É o conjunto de fatores do próprio sistema circulatório que se opõem ao fluxo
- É um controle necessário sobre o fluxo
- Quanto maior a resistência, menor o fluxo
- se a resistência for igual ou maior que o fluxo então ele para
- Fatores que determinam a resistência:
- raio do tubo (r): quanto maior, menor a resistência; é o que tem o maior
impacto
- comprimento do tubo (L): quanto menor, menor a resistência
- viscosidade do líquido (n): quanto menor, menor a resistência
- Fórmula da resistência: R ∝ Ln/r4
- A vasoconstrição e vasodilatação alteram o raio, ou seja, afetam o fluxo e a
resistência
- Fluxo:
- Taxa de fluxo (fluxo - Q):
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
- 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 L/min ou mL/min
- volume de sangue que passa por um determinado ponto por unidade
de tempo
- é determinado pelo gradiente de pressão
❖ Miocárdio:
- 99% de células cardíacas são contráteis, o outro 1% gera potencial de ação
espontaneamente, mas contraem de forma insignificante
- Esse 1% são chamadas de células autoexcitáveis ou células marcapasso
- são menores, não têm sarcômero organizado e não contribuem para a força
de contração
- Células marcapassos:
- Essas células estão espalhadas em pequenas proporções por todo miocárdio,
mas estão concentradas em dois pontos formando os nós sinoatrial e
atrioventricular
- as células desses nós possuem discos intercalares com as células de
contração, ativando a despolarização delas
- Possuem potencial de membrana instável porque não estabilizam em repouso,
quando chegam nesse potencial instável (-60mV) automaticamente abrem os
canais IF (ionic funny) permitindo a entrada de sódio e saída de potássio
- o potencial instável sobe lentamente ao limiar de excitabilidade (potencial
marcapasso)
- não possuem período refratário
- O influxo de Na+ supera o efluxo de K+, então a célula recebe mais carga
positiva do que perde, aumentando a voltagem das células
- Quando os canais IF fecham, os de cálcio abrem até chegar ao pico de
despolarização, então os canais IF abrem novamente perdendo mais potássio
do que ganham de sódio (repolarização) até chegar em -60mV e recomeça o
ciclo
➔ Ciclo cardíaco:
- O início da despolarização começa no nó sinoatrial, que fica na base (teto) do
átrio direito
- A disseminação pelas fibras atriais (contráteis) acontece de forma lenta,
fazendo os átrios contraírem gradativamente
- Já a disseminação pela via internodal acontece de forma rápida, para começar
a ativação do nó atrioventricular, que fica no assoalho do átrio direito
- A ativação total do nó atrioventricular acontece de forma lenta para que a
passagem da despolarização para os ventrículos só ocorra quando a parede do
átrio parar de contrair
- Depois que o nó atrioventricular é ativado, a passagem da despolarização é
muito rápida para os ventrículos via fascículo atrioventricular (feixes de his) e
seus ramos subendocárdicos (fibras de purkinje)
- Quando a ventrículo começa a contrair (sístole) o átrio já está relaxando
(diástole)
- A trabécula do septo marginal são prolongamentos dos feixes de his que
complementam do lado direito, porque ele recebe menos feixes
- Sístole e diástole:
- Sístole: contração
- Diástole: relaxamento
- as duas câmaras estão em diástole quando ainda não começou a contração
(final da diástole ventricular) e a pressão está muito baixa
- Fases:
1 - repouso/fase de final de diástole:
- todas as câmaras estão relaxadas
- a pressão interna fica baixa e o sangue flui das veias para os átrios e dos
átrios para os ventrículo (valvas atrioventriculares relaxadas), enchendo o
coração de sangue
- enquanto a pressão das artérias é maior que dos ventrículos e as valvas
semilunares ficam fechadas
2 - Sístole atrial:
- o nó sinoatrial se ativa e faz os átrios contraírem, criando um gradiente
atrioventricular e fazendo o sangue fluir para terminar de preencher o
ventrículo
- 20% do ventrículo é preenchido pela contração do átrio
- se tiver algum problema nessa etapa, só será percebido em exercícios
intensos
- o nó atrioventricular ainda não ativou, mas já recebeu o sinal para ativar
4 - ejeção ventricular:
- a pressão dos ventrículos supera a das artérias, abrindo as válvulas
semilunares e ejetando o sangue para as artérias
5 - relaxamento ventricular:
- o ventrículo relaxa (repolarização), diminuindo o gradiente de pressão com
as artérias e fazendo as valvas semilunares fecharem simultaneamente
- segundo som do coração
- a pressão dos ventrículos ainda é maior que dos átrio então as valvas
atrioventriculares ainda estão fechadas (até ter o relaxamento total dos
ventrículos)
- quando a pressão ventricular fica menor que a atrial ocorre abertura das
valvas atrioventriculares (volta para a fase de relaxamento)
- Quem determina a abertura e fechamento das válvulas é o gradiente de
pressão
- Não existe fase onde todas as valvas estão aberta (fechadas sim)
- Tecido elástico:
- É muito importante para as artérias porque faz elas serem um reservatório de
pressão
- principalmente para as que ficam próximo ao coração (possuem mais tecido
elástico do que muscular)
- Quando o ventrículo ejeta o sangue, a artéria dilata e depois volta ao volume
original, impulsionando o sangue adiante
- Arteríolas e metarteríolas:
- Possuem fluxo divergente (forma ramos)
- A transição da arteríola para o capilar é a metarteríola (esfíncter pré-capilar)
- as metarteríolas têm a camada muscular apenas em uma parte da parede e
funciona como um esfíncter pré-capilar
- Diminuição progressiva da camada elástica das artérias e aumento da camada
muscular à medida que vão se tornando arteríolas
- A contração da arteríola aumenta a resistência, diminui o fluxo nela e
consequentemente as trocas diminuem
- a resistência é variável para permitir o controle do fluxo e da distribuição do
sangue de acordo com a necessidade do órgão
- Vênulas e veias:
- Fluxo convergente (possui vasos tributários)
- Existem mais veias que artérias, por isso elas atuam como reservatório de
volume sanguíneo
- Se tiver uma hemorragia as veias periféricas contraem para permitir um
maior volume sanguíneo para os órgãos
➔ Angiogênese:
- É um equilíbrio entre as citocinas angiogênicas (aumentam os vasos em
comprimento, diâmetro ou ramificações) e antiangiogênicas (inibem as
angiogênicas)
- ex. angiogênicas: fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e fator de
crescimento de fibroblastos (FGF) (ambos produzidos por células musculares
lisas e pericitos)
- ex. antiangiogênicas: angiostatina (formada a partir do plasminogênio
sanguíneo) e endostatina
- Durante o crescimento tem mais fatores angiogênicos e depois ambos se
equilibram
- Exercícios físicos e prolactina aumentam os fatores angiogênicos
- Muitos tumores (principalmente os malignos) produzem substâncias
similares aos fatores antigênicos para aumentar o fluxo sanguíneo que o irriga
➔ Pressão sanguínea:
- É maior nas artérias do que nas veias
- Pressão sistólica: pressão máxima, momento da sístole ventricular
- Pressão diastólica: pressão mínima, momento da diástole ventricular (dura o
dobro do tempo)
- Pressão sistólica x pressão diastólica refletem nas artérias
- Pressão de pulso = sistólica - diastólica
- Reflete a amplitude da onda de pressão
- Quando a pressão de pulso ta perto de zero é porque a circulação está quase
parando
- Em capilares e veias não é aparente a pressão de pulso (ondas de pressão)
- Aumento da atividade física aumenta a pressão sistólica e consequentemente
a pressão de pulso
- Hipotensão e hipertensão:
- A hipotensão é um problema imediato porque diminui a força de propulsão
do sangue, dificultando a chegada do sangue aos tecidos
- A hipertensão é um problema mais comum e que age a longo prazo
- a principal consequência é a ruptura de vasos
- se tiver vasos de maior calibre fragilizados (ex: aneurismas - parede fica
mais fina) eles podem romper (AVC, hemorragias abdominais) e as áreas
depois desse rompimento irão morrer por falta de sangue, gerando sequelas
- Vasoconstrição:
- Serotonina e endotelina são produzidas quando ocorrem lesões vasculares e
trabalham contraindo os vasos
- Vasopressina ajuda a fazer vasoconstrição venosa alterando o volume
sanguíneo nas artérias, o que aumenta a pressão nelas
- Noradrenalina liberada pelo SNA simpático é um reflexo baroceptor
- Angiotensina II faz parte do sistema a renina-angiotensina-aldosterona para
controle de pressão arterial, aumentando ela
- Vasodilatação:
- A adrenalina liberada pelo SNA simpático age em vasos que atendem
órgãos mais internos
- A acetilcolina, também liberada pelo SNA simpático faz ereção peniana
- Óxido nítrico, bradicinina, adenosina, diminuição do O2, aumento do CO2,
do H+ e do K+ têm efeito local relacionado com consequências da atividade
tecidual e principalmente da hipóxia
- Histamina aumenta o fluxo sanguíneo em reações alérgicas para a chegada
das células de defesa
- Hiperemia ativa:
- o aumento do metabolismo no tecido faz ele precisar de mais sangue e por
isso liberar fatores dilatadores de arteríolas para diminuir a resistência e
aumentar o fluxo
- aumento do fluxo faz os fatores se reequilibrarem
- Hiperemia reativa:
- o fluxo reduzido por causa de uma oclusão faz vasodilatação compensatória
para a oclusão ser levada pelo fluxo
- a remoção da oclusão diminui a resistência e aumenta o fluxo,
reequilibrando os fatores dilatadores
- as arteríolas sofrem constrição e o fluxo volta ao normal
➔ Capilares:
- É onde ocorrem as trocas, por isso a velocidade precisa ser menor
- A velocidade é menor porque os capilares são a maior área de distribuição
sanguínea (área de secção de todos juntos)
- A densidade de capilares em um tecido é diretamente proporcional a sua
atividade
- Músculos e glândulas têm mais capilares que tecido subcutâneo e
cartilaginoso
- Tipos:
- Capilares contínuos:
- músculo, tecido conectivo e neural
- presença de junções permeáveis
- as células do endotélio estão todas juntas, limitando a passagem de
substâncias
- precisam conseguir passar entre as células ou dentro das células
- gases, pequenas moléculas e ácidos graxos conseguem passar
- Capilares fenestrados:
- rim e intestino
- possui poros/fenestras, permitindo a passagem de moléculas médias
- ex: dipeptídeos
- grandes passagens de líquido do plasma para o interstício
- Capilares sinusóides:
- fígado, baço e medula óssea, exclusivamente
- possui descontinuidades que permitem a passagem de células ou
macromoléculas (proteínas, plaquetas) para dentro da circulação
- Trocas em capilares:
- Difusão:
- a substância passa entre as células
- Transcitose:
- a substância passa por dentro das células
- Como a chegada do sangue vem com pressão (hidrostática) das artérias, as
substâncias como a água que estão dentro conseguem passar para o interstício
- a pressão oncótica dos capilares é menor que a do interstício, o que também
facilita essa saída de água
- A medida que o líquido vai passando dos capilares para o interstício, a
pressão hidrostática dos capilares diminui e a oncótica aumenta
- no interstício ocorre o oposto
- isso faz com que o gradiente de pressão inverta e as substâncias (líquido,
proteínas, gases) comecem a entrar nos capilares, seguindo para as vênulas
(troca), e nos vasos linfáticos