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Fisioterapia Aplicada À Saúde do Idoso

Fisioterapia nas Síndromes Geriátricas e nas Disfunções do Idoso

Fisioterapia nos gigantes da geriatria: síndromes geriátricas


// Instabilidade postural: marcha e quedas
// Iatrogenia e polifarmácia
// Incontinências
// Imobilidade prolongada
// Insuficiência familiar
// Incapacidade comunicativa
// Incapacidade cognitiva
Fisioterapia nas doenças relacionadas às síndromes geriátricas
// Doenças cerebrovasculares
// Doença de Parkinson
// Demências
// Diabetes mellitus
Fisioterapia nas disfunções cardiovasculares: reabilitação cardiovascular (RCV)
// Fisiopatologia das principais disfunções cardiovasculares em idosos
// Reabilitação cardiovascular RCV
// Fases da RCV
// Princípios e cuidados da RCV
Fisioterapia nas disfunções respiratórias
// Fisiopatologia das principais disfunções respiratórias em idosos
// Reabilitação pulmonar
// RP nas doenças infecciosas
// RP no DPOC
// RP no pré e pós-operatório

1. FISIOTERAPIA NOS GIGANTES DA GERIATRIA: SÍNDROMES GERIÁTRICAS

A saúde da pessoa idosa é determinada por uma série de domínios, incluindo domínios como
cognição, humor, mobilidade e comunicação, que, quando preservados, garantem autonomia,
independência, funcionalidade e, com isso, qualidade de vida ao idoso.
A perda de funções relativas ao domínio de cognição e humor causam inicialmente redução da
autonomia, limitando as atividades de vida diária (AVDs) e reduzindo em seguida a capacidade
funcional; enquanto a perda de funções dos domínios de mobilidade e comunicação geram
inicialmente limitações na independência do idoso e posteriormente, na capacidade funcional.
A perda dessas funções resulta no surgimento de síndromes geriátricas, as quais se caracterizam
por um conjunto de sinais e de sintomas geralmente oriundos da associação de doenças de alta
prevalência em idosos e que causam graus variados de incapacidade funcional. Essas
manifestações podem indicar a presença de doenças, mas também podem ser a origem de outras
disfunções.
Atualmente, as síndromes geriátricas são consideradas os “gigantes” na área de
geriatria/gerontologia, tendo alta prevalência entre idosos. Inicialmente, foram descritas cinco
síndromes geriátricas, conhecidas como os cinco “is” da geriatria; e, atualmente, citam-se sete
“is” gigantes, incluindo: instabilidade postural, iatrogenia, incontinência, imobilidade,
insuficiência familiar, incapacidade comunicativa e incapacidade cognitiva.

Instabilidade postural: marcha e quedas

A instabilidade postural, associada às alterações de marcha e ocorrência de quedas, é um dos


grandes problemas em idosos. Isso porque essas alterações são responsáveis pelo elevado índice
de lesões, fraturas, hospitalizações, além de causarem redução da independência e da
autonomia.
Acerca da instabilidade postural, o seu controle (equilíbrio) é definido como o processo pelo
qual o sistema nervoso central (SNC) garante, por meio de padrões de atividade muscular, a
coordenação de diferentes mecanismos (sensoriais e motores) que visam à garantia de respostas
rápidas e precisas e fazem com que o idoso não perca o equilíbrio, mesmo na presença de
condições de perturbações.
Acerca da marcha, vale destacar a influência de diversos sistemas, incluindo o nervoso e o
musculoesquelético sobre ela. Essas influências fazem com que a marcha do idoso tenha
características particulares, como passos mais curtos, menor tempo em apoio unipodal, pelve
rodada anteriormente, redução da flexão plantar, entre outros aspectos que tornam a marcha do
idoso diferenciada.
Em relação aos fatores associados às quedas, cita-se que: alterações do envelhecimento
fisiológico (alterações musculoesqueléticas), presença de doenças associadas específicas
(epilepsia, doença de Parkinson, miopatias, síncopes, demências, hipotensão postural), uso de
determinadas medicações (psicotrópicos e neurolépticos) e doenças agudas (insuficiência
cardíaca congestiva, doença cerebrovascular, patologias pulmonares) são fatores causais de
quedas em idosos, relacionados às condições intrínsecas do paciente.
Além dessas condições, alguns riscos ambientais podem estar relacionados à maior quantidade
das quedas, incluindo: ambientes de baixa iluminação ou brilho excessivo, tapete solto, chão
encerado, escadas, entre outros riscos, também chamados de extrínsecos (REBELLATO, 2008).

// Fisioterapia na instabilidade postural


Previamente a qualquer abordagem fisioterapêutica, é necessário que o idoso vulnerável ao
quadro de síndrome da instabilidade seja submetido à avaliação.
Nela, o fisioterapeuta deve analisar sinais de instabilidade postural e alterações de marcha que
possam estar presentes no idoso. Freitas e Py (2016), destacam a importância da realização de
testes, como o Timed up and go, da escala de avaliação do equilíbrio e da marcha de Tinetti.
Posterior a isso, com base na avaliação, o profissional pode elaborar um plano de tratamento.
Acerca das intervenções de fisioterapia na instabilidade postural e nas alterações da marcha, são
sugeridas intervenções associadas que atuem sobre o equilíbrio estático e dinâmico, a força
muscular, a resistência e a mobilidade. Ainda se orienta a realização de exercícios direcionados
para as AVDs (ZAPPE; FILIPPIM, 2016).
Uma abordagem diferenciada voltada a esse fim é o uso da realidade virtual. Segundo Barros e
outros (2016), essa tecnologia utiliza controle dos estímulos aliado ao feedback visual,
desempenho em tempo real e aprendizagem motora, além de ser um treino seguro que promove
a motivação do paciente. Na abordagem, destaca-se a inserção de exercícios físicos que são
capazes de aumentar a velocidade da marcha, maior equilíbrio, aumento do tônus muscular e
flexibilidade em idosos.
Além de orientações preventivas, o fisioterapeuta pode orientar a realização de exercícios
físicos regulares e exercícios de equilíbrio de maneira preventiva. Acerca do tipo de exercício
na prevenção de quedas, é importante que a intervenção seja respeitosa e feita de modo
individual, indicando modalidades de exercício com base na avaliação, na presença de doença,
na capacidade funcional, na vulnerabilidade e nas preferências do idoso.
Já no paciente que sofreu queda, a abordagem reabilitativa dependerá dos impactos da queda na
funcionalidade. Deve-se destacar que o fisioterapeuta, além de atuar de maneira preventiva,
evitando novos episódios, deve ainda auxiliar o idoso a superar a frustação e o medo de cair
novamente.

Iatrogenia e polifarmácia

A iatrogenia é definida como qualquer dano, direto ou indireto, resultante de ações ou omissões
de profissionais da saúde, diante de qualquer prática de atenção à saúde, desde o diagnostico até
a assistência (MANSO et al., 2018). É fundamental que na prática os profissionais de saúde
evitem casos de iatrogenia em idosos, considerando a vulnerabilidade dessa população.
Na área da saúde, a iatrogenia pode acontecer por vários fatores, incluindo: falha de
comunicação entre pacientes e profissionais; erros de diagnóstico e/ou tratamento; realização de
intervenções desnecessárias; falhas relacionadas à prescrição de medicações; internações
desnecessárias; falta de vínculo, etc.; (MANSO et al., 2018; MORAES; MARINO; SANTOS,
2009).
Quando se fala em fisioterapia, pode-se citar dois exemplos de iatrogenia fisioterapêutica em
idoso: o primeiro deles é um quadro de mialgia após atividade física em grupo para controle de
agravos de doenças crônicas; e o segundo é um quadro de fratura decorrente de exercício físico
realizado na fisioterapia (CHAIMOWICZ, 2013).
No geral, esses erros são responsáveis pelo surgimento ou agravamento de várias situações,
incluindo: quedas, alterações cognitivas, depressão, imobilidade, desnutrição, tonturas, déficits
de audição e visão. Assim, dentre os tipos de iatrogenia que acontecem comumente junto à
população idosa, ressalta-se a iatrogenia medicamentosa que, nessa condição, está relacionada
ao uso de medicamentos.
A iatrogenia medicamentosa na população idosa se relaciona com a prescrição de medicamentos
considerados inapropriados para o uso, considerando que elevam riscos de aparecimento de
reações adversas (MANSO et al., 2018), não possuem evidências científicas suficientes para
indicação, ou sua utilização pode agravar a condição clínica do idoso.
Acerca das reações adversas, elas são definidas como respostas indesejáveis, não intencionais,
que acontecem no uso de medicamentos mesmo em doses normais. Dentre elas, destacam-se:
confusão mental, fraqueza, tontura, tremor, constipação intestinal, desequilíbrio, agitação,
inapetência, sedação, hipotensão ortostática, urgência miccional, perda de peso, hipoglicemia,
insônia, incontinência urinaria, parkinsonismo, entre outros sintomas.
Ademais, na iatrogenia medicamentosa, observa-se ainda outra situação relacionada a essa
síndrome, a polifarmácia (MORAES; MARINO; SANTOS, 2009). Rodrígues (2019) justifica
que cerca de 80% dos idosos têm ao menos uma doença crônica, como hipertensão, diabetes,
osteoartrite, entre outras, além de muitos deles possuírem várias doenças associadas
simultaneamente, levando a um alto consumo de medicamentos. Com isso, surge o termo
polifarmácia, definido como o uso de cinco ou mais fármacos ao mesmo tempo.
Em relação às causas do uso excessivo de fármacos, temos: desejo dos pacientes de receber
prescrição medicamentosa; falta de relato de sintomas, que podem ser reações adversas de
outros fármacos; consultas com múltiplos médicos; automedicação, entre outros fatores
(FIOCRUZ, 2008). Essa situação está relacionada a uma série de efeitos negativos, incluindo o
risco elevado de reações adversas (MANSO et al., 2018), maior quantidade de interações
medicamentosas, uso incorreto de medicamentos e, ainda, baixa adesão ao tratamento.

Um exemplo comum de reação adversas intensas a medicamentos é o agravamento de tontura e


urgência miccional, queixas comuns em idosos, o que reduz a adesão aos tratamentos, fazendo
com que eles abandonem a prescrição (MANSO et al., 2018).

// Fisioterapia na iatrogenia e na polifarmácia


A abordagem fisioterapêutica na iatrogenia é interdisciplinar e consiste em orientações aos
pacientes/familiares/cuidadores, além da comunicação adequada com o idoso e familiares,
escuta qualificada dos pacientes e indicações de intervenções pautadas na ciência, sem que haja
intervenções desnecessárias.
Na abordagem fisioterapêutica da polifarmácia, a atuação consiste em orientações repassadas
por todos os profissionais. Isso porque a polifarmácia preocupa a todos os profissionais das
equipes interdisciplinares, considerando os diversos problemas que pode ocasionar. Em função
disso, Leal e outros (2020) orientam que, enquanto profissionais de saúde, é importante que:
• Questionem o paciente sobre o uso dos medicamentos;
• Orientem o paciente sobre automedicação, polifarmácia e os riscos;
• Orientem o paciente ir ao médico para ajustar a prescrição medicamentosa;
• Conheçam as reações adversas dos principais medicamentos;
• Certifiquem-se de que o paciente consegue ler para fazer o uso correto da medicação;
• Auxiliem o familiar ou cuidador no manejo dos medicamentos;
• Estimulem horários fixos e de fácil memorização para uso dos medicamentos.
Assim, destaca-se que a atuação dos profissionais das equipes interdisciplinares, incluindo o
fisioterapeuta, deve se pautar no acompanhamento da terapia medicamentosa em idosos,
detectando precocemente situações de iatrogenia, prevenindo e resolvendo, o mais breve
possível, fatores capazes de aumentar a fragilidade dos idosos em relação ao uso de
medicamentos.

Incontinências

As incontinências são síndromes geriátricas e incluem tanto a incontinência fecal (IF), que é
definida como a perda de fezes e/ou flatos, como a incontinência urinária (IU), definida como a
perda involuntária de urina (MATOS et al., 2019). Essas disfunções estão inseridas nas
síndromes geriátricas devido a sua alta prevalência na população idosa. Dados demonstram uma
prevalência de 2% a 16,9% para IF e de 9% a 60% para IU em idosos (LAGE et al., 2019).
Assim, algumas mudanças funcionais e estruturais decorrentes do envelhecimento tornam o
idoso mais suscetível à incontinência, incluindo: redução da capacidade da bexiga,
hiperatividade e redução da contração do músculo detrusor, aumento do volume residual da
bexiga, redução da pressão de fechamento da uretra, aumento do volume da próstata, aumento
da produção de urina à noite, redução de hormônios estrógenos na mulher e, ainda, aumento da
incidência de infecções.
As incontinências acometem tanto homens como mulheres, mas com maior prevalência em
mulheres. Acerca da etiologia, elas possuem causas distintas em cada gênero: em homens, o
principal fator envolvido é o aumento da próstata, que causa modificações no fluxo urinário;
enquanto nas mulheres, os principais fatores estão relacionados à atrofia da uretra, bexiga e
vagina, e por condições relacionadas a gestações e partos.
Além desses fatores, outras condições podem causar incontinências no idoso ou agravar os
quadros, por exemplo, redução da mobilidade, utilização de medicamentos, hábitos intestinais
(constipação), quantidade de líquido ingerida, cirurgias geniturinárias, consumo de bebidas
cafeinadas, infecções, fatores psicológicos e alterações neurológicas (demências).
De acordo com as características, a IF pode ser classificada em: passiva, quando há perda de
fezes sólidas e/ou gases sem que o paciente perceba; urge-incontinência, quando há vontade
abrupta de defecar, com incapacidade em adiar a defecação por 15 minutos; mista, quando há
associação de sintomas e a IF ocorre sem percepção do paciente, não estando associada à
urgência.
Acerca da fisiopatologia da IU, ela pode ser classificada em IU reversível e persistente. A
primeira delas refere-se a quadros de IU transitória, com episódios de perda de urina sem que
haja disfunção no trato urinário inferior, sendo causada por alterações clínicas agudas
reversíveis, como infecções. Por outro lado, a IU persistente é crônica e pode ser classificada em
IU de urgência, IU de esforço, de transbordamento, mista e funcional, de acordo com a
sintomatologia e etiologia.
A IU de urgência é a mais comum em idosos e se caracteriza por desejo intenso de urinar
(urgência) seguido de perda involuntária de urina. Esse tipo de IU é desencadeado por
contrações não inibidas da bexiga, decorrentes de hiperatividade do detrusor. É nessa condição
que surge o termo bexiga hiperativa, que é uma síndrome caracterizada por urgência urinária
com ou sem perda de urina, acompanhada de aumento da frequência e noctúria, que pode estar
presente em idosos sendo efeitos de doenças neurológicas, como demências.
Já com relação à IU de esforço, sabe-se que é caracterizada pela perda involuntária de urina
sincrônica ao esforço, como ao espirro ou tosse. Em geral, em mulheres está associada à
fraqueza do assoalho pélvico, sendo o tipo mais comum; enquanto em homens é mais frequente
após cirurgia de prostatectomia radical.
Considera-se também a IU por transbordamento, caracterizada pela perda de urina em
gotejamento ou de forma contínua, associada ao esvaziamento vesical incompleto, seja por jato
urinário fraco, baixo esforço miccional, frequência e noctúria. Esse tipo de IU pode ser causado
por hipocontratilidade do detrusor, obstrução da saída vesical, presença de neuropatia periférica,
ou de lesão das vias eferentes do detrusor, causadas por herniações, tumores, etc. Em homens,
pode ser resultado de obstruções por aumento da próstata, e em mulheres, por prolapso vesical
ou uterino. A IU mista refere-se à coexistência de mais de um tipo de incontinência em um
mesmo paciente.
A IU funcional é um tipo não causado por comprometimento dos mecanismos controladores da
micção, mas sim por incapacidades funcionais relacionadas às limitações físicas, psicológicas,
cognitivas ou ambientais do paciente (FREITAS; PY, 2016).

// Fisioterapia nas incontinências


Na avaliação de idosos com incontinência, é primordial que o fisioterapeuta realize anamnese
adequada, seguida de exame físico global e exame físico específico. Na anamnese, deve-se
investigar situações que possam estar relacionadas à perda de urina ou de fezes, investigando
presença de doenças, medicamentos, história de incontinência, hábitos de ingestão de líquidos,
cirurgias, hábitos intestinais e vesicais, mobilidade, entre outros fatores (MORAES; MARINO;
SANTOS, 2009).
Em todos os tipos de incontinência, o tratamento se baseia na causa. No caso das IF, a
fisioterapia tem ênfase na reeducação muscular da pelve, no intuito de aumentar a sensibilidade
retal e favorecer a função contrátil do esfíncter anal. Aliado a isso, podem ser empregados
tratamentos cirúrgicos, que visam à reparação do esfíncter e à terapia medicamentosa, que busca
controlar a perda de fezes.
Na IU, o tratamento conservador, por meio da fisioterapia, é a primeira linha de tratamento,
podendo ser associada à terapia comportamental e ao uso de medicamentos, conforme
necessidade. No entanto, quando as modalidades conservadoras falham, é indicado o tratamento
cirúrgico, especialmente nos casos de IU de esforço ou por transbordamento. A terapia
medicamentosa é utilizada na IU de urgência e mista, em associação com terapia
comportamental.
Em relação à terapia comportamental, essa abordagem utilizada pelos fisioterapeutas inclui
medidas comportamentais que visam a amenizar os quadros de incontinências e devem ser a
primeira abordagem terapêutica a ser utilizada.
Além disso, os idosos com IU ou IF podem se beneficiar de recursos fisioterapêuticos
específicos, de acordo com as condições cinético funcionais apresentadas. Na IF, o objetivo da
fisioterapia é melhorar a força do esfíncter anal externo, a coordenação durante a contração
voluntária e a sensibilidade anorretal. Já na IU, o objetivo é restaurar a funcionalidade do
assoalho pélvico, evitar contração excessiva da musculatura detrusora e melhorar o padrão de
contração funcional do assoalho pélvico.
A terapia comportamental pode ser utilizada em todos os tipos de incontinências, uma vez que
visa à prevenção de condições do dia a dia que possam estar interferindo nos quadros de
incontinência, incluindo: ingestão adequada de líquidos (não excessiva), evitar o consumo de
bebidas cafeinadas e álcool, reduzir a ingestão hídrica noturna; parar de fumar; redução do peso
e orientação para tratamento da constipação intestinal.
O treino locomotor até o banheiro também é uma modalidade de terapia comportamental e
consiste em orientar o paciente quanto à postura correta para micção e defecação (PERRACINI;
FLÓ, 2019). A Figura 1 mostra o posicionamento adequado a ser orientado aos idosos.
A reabilitação do assoalho pélvico inclui modalidades de relaxamento de músculos
hiperativados, com contraturas ou com pontos de tensão, assim como o fortalecimento deles.
Esse fortalecimento pode ser realizado mediante exercícios de Kegel, que consistem em
contrações repetidas desses músculos, de modo a melhorar a coordenação e a força muscular,
reduzindo a hipotrofia. Esses exercícios podem ser realizados diariamente pelo paciente, por até
três vezes ao dia, desde que bem orientados pelo fisioterapeuta (PERRACINI; FLÓ, 2019).
O biofeedback é outro recurso utilizado. Trata-se de um equipamento que amplifica as respostas
fisiológicas e converte essas informações em recursos visuais e/ou auditivos com o objetivo de
facilitar a percepção acerca da contração e relaxamento do assoalho pélvico (MORAES;
MARINO; SANTOS, 2009). Nesses casos, utilizam-se sondas intramarginais ou intrarretais que
captam os sinais elétricos da musculatura e transmitem os sinais para computador ou outro
recurso visual ou auditivo, de modo que o paciente compreenda quando está realizando a
contração e qual a intensidade dela.
A estimulação elétrica é outro recurso utilizado em ambas as incontinências, que visa à
estimulação muscular, podendo utilizar eletrodos intra-anais, intravaginais, ou percutâneos,
associado a uma corrente elétrica terapêutica específica.
Por fim, outro recurso utilizado nos casos de IU é o treinamento vesical, que consiste na micção
com hora marcada, com aumento de 15 a 30 minutos por semana, à medida que não haja
episódios de IU. O uso de cones vaginais pode ser empregado em IU de idosas, e consiste no
uso seriado de cones com diferentes pesos, introduzidos intravaginal, que facilitam a contração
e a consciência do assoalho pélvico (PERRACINO; FLÓ, 2019).

Imobilidade prolongada

A imobilidade está associada à redução gradativa da independência do idoso e é extremamente


prejudicial, pois o corpo humano foi projetado para se manter em movimento (TERRA, 2015).
Assim, entende-se por imobilidade qualquer limitação de movimento. Contudo, essa definição é
bastante variável, podendo inclusive abranger situações em que há permanência por longos
períodos acamados, havendo um impacto maior sobre a saúde. Por isso, a imobilidade é
considerada um dos gigantes da gerontologia.
Considerando o período de imobilidade variável, Freitas e Py (2016) definem uma situação de
repouso quando há permanência no leito de sete a 17 dias; e condição de imobilização quando
há permanência no leito de 10 a 15. Além disso, a imobilidade no leito por períodos maiores a
15 dias caracteriza quadro de imobilidade prolongada no leito ou decúbito de longa duração.
A imobilidade pode ser causada por doenças, como osteoporose, fraturas, osteoartrose, câncer,
doenças pulmonares, cardiopatias, desnutrição, doenças vasculares, doenças mentais, doenças
neurológicas, entre outras. Nessas situações, as doenças causam inicialmente quadros de
imobilidade muito leves, como redução do equilíbrio, alterações na marcha e, à medida que
evoluem, passam a causar limitações de mobilidade cada vez maiores (Quadro 1).
Esses efeitos sobre os sistemas podem se apresentar com diferentes intensidades. Em condições
em que são mais intensos e causam limitação de mobilidade maior, tem-se o surgimento da
síndrome da imobilidade (SI). Essa síndrome se caracteriza como o grau máximo de
imobilidade e continua mesmo quando a causa inicial da imobilidade é resolvida, ou seja, a SI é
considerada uma situação clínica irreversível.
Vale destacar que nem todo idoso restrito ao leito desenvolve SI. Isso porque, para ser
considerada SI, são necessários alguns critérios de diagnóstico. Segundo Freitas e Py (2016), o
idoso deve apresentar déficit cognitivo de médio a grave e múltiplas contraturas, associado a
pelo menos duas das condições a seguir: sofrimento cutâneo, úlcera de decúbito, disfagia leve a
grave, dupla incontinência/e afasia.
Entretanto, sabe-se que a imobilidade prolongada no leito leva à deterioração funcional
progressiva dos vários sistemas orgânicos do idoso, muito além do envelhecimento fisiológico
e, com isso, pode-se levar ao desenvolvimento da SI ao longo dos anos.

Dentre as síndromes geriátricas, a síndrome da imobilidade é a que possui maior taxa de


morbidade e de mortalidade. Isso porque cerca de 40% dos idosos que desenvolvem essa
síndrome da imobilidade vão a óbito, o que geralmente acontece pela falência de múltiplos
órgãos ou pelo agravamento de doenças comuns que surgem com a síndrome da imobilidade
(PEREIRA et al., 2017).

// Fisioterapia na imobilidade prolongada


A fisioterapia na imobilidade objetiva tratar, reabilitar, reduzir agravos e promover saúde e
qualidade de vida em idosos nessas condições. Para isso, o fisioterapeuta pode utilizar de
recursos, incluindo a cinesioterapia, a prática de atividade física (quando possível), a
eletrotermoterapia, orientações quanto ao posicionamento e transferências, entre outras
modalidades.
Terra (2015) cita que a cinesioterapia é amplamente utilizada (passiva, ativa ou ativa assistida),
prevenindo deformidades, dor, incapacidades e a SI. Nesses casos, a cinesioterapia
previne/ameniza prejuízos funcionais causados pela imobilidade, por meio de exercícios de
reforço muscular, flexibilidade, propriocepção, além de treino de equilíbrio e marcha
(PERRACINI; FLÓ, 2019).
Em relação ao fortalecimento, exercícios de força de membros inferiores apresentam bons
resultados na prevenção e manejo da imobilidade, pois auxiliam nas transferências e em
atividades como se sentar e se levantar. Aliado a isso, orienta-se a realização de fortalecimento
de membros superiores, conforme as necessidades do paciente.
Treino de uso de dispositivos auxiliares de marcha, como muletas e andadores, também
auxiliam na redução dos efeitos da imobilidade (PERRACINI; FLÓ, 2019). Esses dispositivos
devem ser corretamente indicados pelo fisioterapeuta e o treino para uso deve ser
supervisionado pelo profissional. Aliada a esses recursos, a prática regular de atividade física é
primordial para reduzir os efeitos da imobilidade, uma vez que auxilia na funcionalidade, nas
AVDS, preservando ao máximo as funções essenciais à rotina do idoso.
Em relação à eletrotermoterapia, a aplicação de correntes elétricas terapêuticas está indicada
para manejo da dor e para prevenção e tratamento da hipotrofia muscular (TERRA, 2015). A
termoterapia (por meio do uso de calor e frio) pode ser usada no ambiente domiciliar pelo idoso,
desde que os cuidadores/familiares estejam devidamente instruídos sobre sua aplicação. Acerca
do posicionamento, torna-se imprescindível, em especial em idosos restritos ao leito (Quadro 2).

Esses posicionamentos podem ser realizados pelos familiares/cuidadores, mediante orientação


do fisioterapeuta. Cintra e outros (2013) comentam ainda a necessidade de técnicas de
fisioterapia respiratória, por meio de abordagens preventivas ou reabilitativas.

Insuficiência familiar

Além das síndromes geriátricas citadas, idosos podem ser acometidos por insuficiência familiar.
Dessa forma, observa-se uma fragilidade no suporte familiar do idoso e, consequentemente, isso
se reflete na saúde, considerando que o suporte familiar se constitui como a principal instituição
cuidadora dos idosos.
Em relação às causas, observa-se que a transição demográfica causou redução das taxas de
fecundidade, menor número de filhos, aliados à inserção da mulher no mercado de trabalho e o
aumento dos conflitos intergeração, culminando com maiores dificuldades no cuidado de
idosos, tornando essa tarefa, que antes era realizada pela família, um obstáculo (MORAES;
MARINO; SANTOS, 2009).
Dentre as síndromes, a insuficiência familiar demanda uma abordagem bastante complexa, pois
envolve fatores interdisciplinares e intersetoriais. Contudo, a abordagem do fisioterapeuta se
pauta em identificar situações de fragilidade familiar e, quando necessário, realizar os
encaminhamentos para os demais profissionais das equipes, a fim de garantir que o idoso tenha
apoio integral, seja da família, nos serviços comunitários ou nas instituições de longa
permanência.

Incapacidade comunicativa

A capacidade funcional do idoso, a autonomia e a independência estão estritamente relacionadas


com a capacidade de comunicação, uma vez que ela permite que o idoso troque informações
com o meio, manifeste desejos, ideias e pedidos. Por isso, problemas de comunicação podem
resultar em perda de independência. Segundo Moraes, Marino e Santos (2009), os problemas de
comunicação afetam 1/5 da população idosa e, por isso, é considerada uma das síndromes
geriátricas.

Incapacidade cognitiva

A incapacidade cognitiva é definida como o comprometimento das funções encefálicas


superiores, de modo que cause prejuízos na funcionalidade. Na população idosa, as principais
causas de incapacidade cognitiva são: depressão e delirium (que são causas reversíveis), e
doenças mentais e demência (que são causas irreversíveis).
Em relação à avaliação dos idosos nesses aspectos, os profissionais devem proceder a realização
de testes de avaliação de atividades de vida diárias (escala de Katz por exemplo), uma vez que a
incapacidade cognitiva causa prejuízos na execução dessas ações, além de teste do mini estado
mental e escala de depressão geriátrica (MORAES; MARINO; SANTOS, 2009).

2. FISIOTERAPIA NAS DOENÇAS RELACIONADAS ÀS SÍNDROMES


GERIÁTRICAS

As síndromes geriátricas podem ser causadas ou vir acompanhadas de doenças prevalentes em


idosos, incluindo as doenças cerebrovasculares, doença de Parkinson, demências e diabetes
mellitus.

Doenças cerebrovasculares

As doenças cerebrovasculares (DCV) são anormalidades do encéfalo causadas por alterações


vasculares, que podem surgir por obstrução de vaso sanguíneo, impedindo a irrigação sanguínea
para alguma região, causando isquemia e infarto cerebral (AVE isquêmico), ou ainda podem
ocorrer por ruptura de vaso, causando hemorragia intracraniana (AVE hemorrágico)
Desses, o AVE isquêmico é o mais prevalente (80% dos casos) e, em idosos, a principal causa
está relacionada à aterosclerose dos vasos que fazem a irrigação sanguínea encefálica. Nesses
casos, há formação de um trombo, que se adere às placas de ateroma e leva à isquemia. Pode ser
causado também por embolia, com trombos de origem cárdica ou decorrente de TVP. Pode
acontecer ainda em idosos de baixo débito sanguíneo para algumas regiões encefálicas,
associado às arritmias cardíacas e, nesses casos, a hipoperfusão cerebral pode gerar lesão
isquêmica.
Já os AVEs hemorrágicos costumam estar relacionados à hipertensão arterial sistêmica (HAS)
(FREITAS; PY, 2016). Isso porque a pressão arterial cronicamente elevada causa fragilidade da
parede dos vasos e, com isso, há formação de microaneurismas nos pequenos vasos, que podem
se romper geralmente em picos hipertensivos. Além dessa causa, outras condições
cerebrovasculares podem gerar hemorragias, incluindo dissecção arterial, alterações
hematológicas, hemorragias causadas por neoplasias cerebrais, por infecções etc. Assim, o
extravasamento de sangue para o parênquima cerebral causa compressão e destruição das
estruturas adjacentes.
Acerca das manifestações clínicas no AVE, além da intensidade e extensão da lesão encefálica,
a localização dela também influencia no quadro clínico do idoso, mas no geral causam
comprometimentos motores, cognitivos ou sensitivos, dando origem a sintomas, como:
alteração de força, sensibilidade, visão, fala, comunicação, marcha ou equilíbrio, redução de
mobilidade, entre outros, dependendo do local da lesão (MARTINS et al., 2019).

// Fisioterapia nas doenças cerebrovasculares


A ocorrência de AVE em idosos pode causar comprometimentos significativos, dependendo da
gravidade. Por isso, a abordagem da fisioterapia se faz necessária para garantir a recuperação
funcional. Nesses casos, a abordagem pode ser preventiva, ou envolver o manejo do paciente
agudo ou ainda na fase crônica.
Na abordagem preventiva, atua-se mediante redução de fatores de risco modificáveis. Freitas e
Py (2016) citam como fatores de risco passiveis de mudança: tabagismo, HAS, DM,
dislipidemias, etilismo, obesidade e sedentarismo. Dessa maneira, busca-se a detecção precoce
de fatores, a instituição de mudanças no estilo de vida e, no caso de doenças como HAS e DM,
o controle da doença, pois pode-se reduzir o risco de AVEs.
Na fase aguda (em média até as 72 horas pós AVE), o fisioterapeuta pode atuar desde que o
idoso se encontre estável e haja liberação médica. Segundo Martins e outros (2019), nessa fase,
objetiva-se a preservação e melhora da condição respiratória, a prevenção da imobilidade, de
contraturas, de complicações vasculares (TVP) e cutâneas (úlceras de decúbito), além da
redução no tempo de hospitalização. Para isso, usa-se mobilização precoce, retirada do leito,
higiene brônquica, reexpansão pulmonar, orientações sobre posicionamento, transferências e
uso de órteses.
Na fase crônica, a abordagem visa à melhora da funcionalidade, a reinserção no meio social e a
qualidade de vida, uma vez que as ações objetivam recuperar a independência funcional
(ARRAIS JR., LIMA; SILVA, 2016). Na fase crônica da reabilitação de AVE, os recursos
terapêuticos/técnicas mais utilizadas são: o conceito Bobath, facilitação neuromuscular
proprioceptiva, treinamento funcional, hidroterapia, terapia de contensão induzida,
eletroestimulação neuromuscular, entre outros recursos (MARTINS et al., 2019).
O Quadro 3 mostra as manifestações clínicas dos AVES com base no local de acometimento.

Essas manifestações podem ser de diferentes intensidades e ainda podem interferir de formas
distintas na funcionalidade. Por isso, é importante que o fisioterapeuta, além de conhecê-la,
realize a avaliação fisioterapêutica específica, avaliando força, flexibilidade, equilíbrio, marcha,
transferências, locomoção, funcionalidade, entre outros aspectos que possam nortear o
tratamento, de modo que o planejamento seja feito com base nas necessidades evidenciadas na
avaliação.

Doença de Parkinson

Caracteriza-se por uma doença crônica, progressiva, decorrente da degeneração dos neurônios
dopaminérgicos localizados na substância branca. A etiologia não é totalmente conhecida, mas
fatores genéticos, ambientais e disfunções mitocondriais e oxidativas parecem estar associados à
degeneração (PERRACINO; FLÓ, 2019).
Acomete preferencialmente pessoas acima de 50 anos, sendo que a prevalência aumenta com a
idade, tendo maior acometimento entre mulheres (FREITAS; PY, 2016).
A doença de Parkinson (DP) se manifesta por um quadro decorrente da redução de dopamina,
com dificuldades em iniciar e executar movimentos, bradicinesia, tremor de repouso, rigidez
muscular e instabilidade postural (FREITAS; PY, 2016).
A bradicinesia é o sintoma mais prevalente (acomete 90% dos pacientes) e considerado o mais
incapacitante, pois resulta em limitações nos movimentos do dia a dia, em virtude da lentidão
dos movimentos voluntários. Há também o tremor de repouso que atinge as extremidades,
iniciando geralmente em mãos, e causa movimento involuntário semelhante a “contar dinheiro”,
muito comum na DP, mas não muito incapacitante (PERRACINI; FLÓ, 2019). Esse tremor é
prevalente no repouso e, à medida que o movimento voluntário acontece, tende a reduzir. A
Figura 2 mostra o padrão postural de paciente com DP e alguns outros sinais.
Em relação à marcha, o idoso se desloca em bloco com poucos movimentos de braços, podendo
ainda surgir um quadro de marcha patológica, chamada de marcha festinante, caracterizada por
passos curtos, rápidos e quase sem deslocamentos (FREITAS; PY, 2016). Além disso, pode
haver ainda outros sintomas, como: fala hipofônica, micrografia, acúmulo de saliva, hipotensão
ortostática, alterações cogntivas, alterações do sono, alterações sensoriais, depressão, entre
outras doenças associadas.
Ainda não há cura para a DP e o tratamento visa apenas ao controle dos sintomas, sendo que
não há modalidades terapêuticas que impeçam o seu avanço (FREITAS; PY, 2016). Para
controle dos sintomas, pode-se empregar o uso de terapia farmacológica, tratamentos cirúrgicos
(ablativos, radiofrequência, transplante de células nervosas etc.) e fisioterapia.

// Fisioterapia na doença de Parkinson


A fisioterapia na DP visa ao manejo de sinais e sintomas, de modo a prevenir ou tratar
incapacidades, melhorar a autonomia, independência e qualidade de vida, atuando inclusive nos
cuidados paliativos. Para isso, é necessária a realização de avaliação prévia do paciente,
verificando as limitações decorrentes da doença. Então, deve-se avaliar: desempenho das AVDs,
marcha, história de quedas e condições cognitivas.
Com base nos resultados, o fisioterapeuta pode fazer uso de recursos que possibilitem o treino
de marcha, de transferências, exercícios específicos para equilíbrio e treino de mobilidade
global, incluindo força, resistência, flexibilidade e capacidade física geral, além do treino de
AVDS. Esses recursos (incluindo exercícios físicos) devem ser aplicados com base nos
objetivos de tratamento na DP, que incluem: prevenção da inatividade, manter/melhorar a
condição física, reduzir quedas, amenizar incapacidades, melhorar equilíbrio e marcha.
O atendimento pode ser feito em grupos, por meio de programas de exercícios, especialmente
em fases iniciais da doença; ou através de atendimento clínico. Ainda, em fases avançadas da
doença, o atendimento pode ser feito em domicílio. Além disso, quando o paciente idoso
apresenta quadros de limitações mais acentuados, os objetivos de tratamento se pautam em
manter as funções vitais, prevenir complicações (PERRACINI; FLÓ, 2019). Para isso, são
utilizadas adaptações posturais, exercícios passivos e orientações de posicionamento, assim
como fisioterapia respiratória.

Demências

As demências são consideradas vilãs na área da geriatria, tanto por não terem cura completa
como também por demandarem altos custos em saúde. As demências se caracterizam por
déficits progressivos de funções cognitivas, que incluem habilidades de perceber, lembrar,
tomar decisões, planejar e produzir respostas adequadas aos estímulos externos (FREITAS; PY,
2016). Levam a prejuízos de planejamento, perdas sociais, ocupacionais, alterações de
comportamento, resultando em perda de independência (PERRACINI; FLÓ, 2019).
Inicialmente, o quadro se apresenta com queixas de perda de memória, especialmente com
esquecimento de fatos recentes (perda de objetos, repetição de ações, desorientação temporal e
espacial, repetição de fatos, etc) (FIOCRUZ, 2008). Com a evolução, além da perda de memória
recente, há outros sinais e sintomas, fazendo com que o paciente nomeie de maneira
inadequada, apresente discurso pobre, dificuldades de compreensão, dificuldade de nomear
objetos, encontrar palavras fatos etc. (FIOCRUZ, 2008).
As demências podem ser reversíveis (em média 5% dos casos) quando causadas por condições
tóxicas ou infecciosas, como alcoolismo, HIV, meningite; ou irreversíveis (95% dos casos),
quando causadas por alterações estruturais ou metabólicas, como na doença de Alzheimer (DA),
demência vascular, degeneração frontotemporal ou demência de corpúsculos de Lewy.
Dentro do grupo de demências irreversíveis, a DA é a mais prevalente e constitui em média 50 a
60% das causas de demências irreversíveis. Em relação à fisiopatologia, Varela (2020) comenta
que a DA é causada pela redução de acetilcolina, um neurotransmissor essencial para
manutenção da memória e aprendizagem, sendo que essa redução é resultado da degeneração de
neurônios na substância cinzenta.

// Fisioterapia nas demências


O fisioterapeuta deve realizar a avaliação, incluindo análise dos aspectos físicos, cognitivos,
funcionais, comportamentais e, a partir disso, identificar quais funções estão preservadas e quais
devem ser reestabelecidas. Então, pode-se elaborar um plano de tratamento que considere os
déficits e implicações funcionais, baseando-se nas manifestações clínicas, no tipo de demência e
na fase da doença.
De maneira geral, percebe-se que a maioria das demências não causam alterações motoras
significativas em fases iniciais da doença (PERRACINI; FLÓ, 2019). Por isso, nessa fase, a
abordagem fisioterapêutica é voltada à manutenção da mobilidade, do equilíbrio, marcha e
condicionamento físico. Sendo assim, é importante que os familiares sejam orientados a manter
o idoso com o máximo de independência nas AVDs, realizando atividade física diária e sendo
estimulado a integração social.
Em fases moderadas das demências, os idosos já reduzem a mobilidade de maneira importante.
Assim, a fisioterapia deve estimulá-los a se manterem ao máximo ativos, por meio de
abordagens que visem ao aumento da ADM, da força e resistência muscular. Como as alterações
cognitivas estão mais acentuadas, orienta-se que a cinesioterapia seja realizada com exercícios
menos complexos e mais funcionais, mais próximos do dia a dia, como carregar objetos, colocar
calçados, varrer etc., além da utilização de dispositivos auxiliares de marcha (PERRACINO;
FLÓ, 2019).
Já em fase avançada, os pacientes costumam estar em condições de imobilidade no leito. No
final dessa fase, o idoso encontra-se com perda praticamente total da capacidade cognitiva,
associada ao grave comprometimento motor irreversível, podendo ser necessárias abordagens
paliativas com intenção de aliviar a dor e o sofrimento (PERRACINI; FLÓ, 2019).

Diabetes mellitus

O diabetes mellitus (DM) possui alta prevalência em idosos e se refere a uma disfunção
metabólica caracterizada por hiperglicemia. As duas principais apresentações são o DM tipo 1 e
o DM tipo 2. No primeiro, o aumento dos níveis de glicose se deve à deficiência de insulina,
resultando da destruição autoimune das células das ilhotas pancreáticas; já o DM tipo 2 é
resultado da deficiência na secreção e/ou ação da insulina, sendo mais prevalente entre idosos e
em associação com obesidade, especialmente obesidade visceroabdominal (FREITAS; PY,
2016)
Essa disfunção exerce efeitos deletérios sobre o organismo, em virtude do efeito tóxico da
hiperglicemia, causando lesões em diversos sistemas, incluindo circulatório e nervoso,
evoluindo para complicações. Dentre as complicações, há o surgimento de neuropatia periférica,
que se manifesta, inicialmente, com leve distúrbio sensorial e, conforme evolui, causa déficit
motores progressivos e autonômicos de caráter irreversível.
A polineuropatia periférica distal é o tipo mais comum de neuropatia periférica em diabéticos e,
nesses casos, os níveis elevados de glicose afetam os nervos periféricos. À medida que evolui, a
doença pode levar ao surgimento do pé diabético, que se caracteriza por complicações cutâneas,
vasculares, musculares, ósseas, dentre outras, provenientes da má nutrição e inervação das
extremidades (FERREIRA; MEJIA, 2011). A Figura 3 mostra alguns sinais encontrados no pé
diabético, em decorrência da neuropatia periférica.

// Fisioterapia no diabetes mellitus


Pacientes idosos com DM devem ser acompanhados por equipes interdisciplinares. Esses
pacientes se beneficiam de medidas preventivas, incluindo redução de fatores de risco
(tabagismo, HAS, obesidade, dislipidemia e sedentarismo), e de orientações para prática de
atividade física regular.
Aliados a isso, os fisioterapeutas podem atuar sobre as disfunções cinético funcionais, através
de um tratamento, até com próteses que objetive independência, redução da incapacidade
funcional, redução do risco de quedas, prevenção de complicações crônicas do DM, como o pé
diabético, melhora do equilíbrio e marcha.

3. FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES CARDIOVASCULARES: REABILITAÇÃO


CARDIOVASCULAR (RCV)

Dentre as disfunções cardiovasculares mais prevalentes em idosos, temos: as coronarianopatias,


como angina de peito e infarto agudo do miocárdio (IAM); e a hipertensão arterial sistêmica.

Fisiopatologia das principais disfunções cardiovasculares em idosos

Coronarianopatias: também chamadas de doença arterial coronariana, ou doença isquêmica


cardíaca, referem-se a afecções que resultam da obstrução das artérias coronárias, responsáveis
pela irrigação sanguínea da estrutura cardíaca. Essas artérias podem ser obstruídas por placas de
gordura (aterosclerose), que vão se depositando no interior dos vasos ao longo dos anos,
causando graus variados de estenose (obstrução). A Figura 4 mostra a obstrução da artéria
coronária observada nas coronarianopatias.
Essas disfunções são mais prevalentes à medida que se envelhece. Além da idade, outros fatores
estão associados, como sexo masculino, dislipidemia, tabagismo, HAS, DM, obesidade e
sedentarismo (REBELATTO, 2008). A estenose proveniente das coronarianopatias pode
resultar em angina de peito ou infarto agudo do miocárdio (IAM).
HAS: é definida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2016) como sendo condição clínica
caracterizada pela elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg e que, acima
destes valores, passa a ser classificada em estágios, conforme a Tabela 1.
Em geral, a HAS possui etiologia multifatorial e envolve distúrbios metabólicos, dislipidemia,
obesidade, DM, sedentarismo, entre outros. A presença de HAS eleva o risco de eventos, como
morte súbita, AVE, IAM e insuficiência cardíaca. Trata-se de uma condição muito comum em
idosos, uma vez que a prevalência aumenta conforme a idade.

Reabilitação cardiovascular RCV

Pacientes idosos com doenças cardíacas podem ser submetidos a programas de reabilitação,
estabelecidos por equipes interdisciplinares. Nos casos de angina, o tratamento envolve o uso de
medicamentos e RCV, visando a amenizar as queixas e prevenir a ocorrência de complicações.
Pacientes com IAM devem ser imediatamente encaminhados ao hospital para tratamento
médico, necessitando de medicamentos e, em algumas situações, cirurgias de revascularização
miocárdica para posteriormente dar início a RCV.
Acerca da HAS, ela costuma ser tratada com medicamentos, terapia comportamental
(afastamentos dos fatores de risco e estímulo a hábitos saudáveis), incluindo, por exemplo, a
prática de exercícios físicos, orientados e supervisionados.
Nessas disfunções, a RCV pode atuar em diferentes momentos, sendo indicada em situações em
que o paciente cardiopata está clinicamente estável, ou seja, está devidamente medicado e
liberado para a prática da reabilitação. Tem como objetivo proporcionar um condicionamento
físico satisfatório, de modo que facilite a eficiência cardíaca e proporcione maior vascularização
colateral.
Antes de dar início à RCV, os pacientes passam por uma avaliação médica criteriosa, com
realização de diversos exames/testes. Realiza-se teste ergométrico para detectar possíveis
alterações eletrocardiográficas, definir a capacidade máxima de exercício e serve para
acompanhamento da evolução.
Posteriormente, o paciente é submetido a uma avaliação fisioterapêutica com investigação de
histórico familiar, história pregressa da doença, história atual da doença, além de outras
informações que possam ser importantes para a reabilitação. Com base na anamnese e no teste
ergométrico, o fisioterapeuta pode realizar a avaliação funcional do paciente, que inclui desde
avaliações de sinais vitais (FC, FR, PA, ausculta pulmonar, ausculta cardíaca) até testes
específicos de força muscular, teste da caminhada de seis minutos, entre outros testes que
subsidiarão o tratamento.
Fases da RCV

A RCV é dividida em quatro fases, de acordo com a situação clínica do paciente e os objetivos
de tratamento fisioterapêutico. São elas:
• Fase I: paciente ainda em internação hospitalar. Objetiva-se prevenir complicações
circulatórias, respiratórias, reduzir a inatividade, manter o trofismo muscular, reduzir o
tempo de internação e proporcionar deambulação precoce;
• Fase II: denominada subaguda ou pós-hospitalar com paciente em fase de recuperação
domiciliar. Essa fase dura durante 6 a 17 semanas (mínimo e máximo) e objetiva
aumentar a capacidade aos esforços, trabalhar musculatura respiratória, orientar o
paciente sobre a monitorização dos sinais e educá-lo;
• Fase III: paciente em reabilitação em fase crônica, com tratamento a longo prazo. Em
geral, após o terceiro mês do evento cardíaco, objetivando alcançar e manter os efeitos
da RCV;
• Fase IV: fase crônica de reabilitação em que o paciente está inserido em grupos de
reabilitação ou em reabilitação individual não supervisionados.

Na fase aguda de IAM a atuação do fisioterapeuta é importante, uma vez que são comuns
complicações respiratórias relacionadas ao imobilismo. Isso porque idosos em IAM
permanecem restritos ao leito no ambiente hospitalar de 24 a 48 horas (quando sem
complicações).

Durante a RCV, deve-se considerar as particularidades da avaliação, visando a alcançar a


frequência cardíaca alvo de 60 a 80% da FCmax e, embora os exercícios possam ser iguais para
todos os pacientes, a diferenciação do tratamento se pauta na determinação da carga de trabalho,
respeitando a condição física, idade e condições gerais do idoso.

Princípios e cuidados da RCV

Em relação ao tempo de tratamento, são orientados programas de reabilitação cardiovascular de


10 a 12 semanas, com frequência mínima de três sessões semanais e máxima de cinco, com
duração de 20 a 30 minutos cada. Deve-se iniciar com atividades leves de aquecimento
(caminhadas), seguido de exercícios de MMSS e MMII, preparando-o para os exercícios
posteriores em maior intensidade na esteira ou bicicleta ergométrica.
Deve-se considerar que, durante a sessão de RCV, o organismo sofre mudanças consideráveis
de PA e FC, que pode gerar angina, picos de hipertensão, tonturas, dores etc. Por isso o
fisioterapeuta deve acompanhar o paciente em cada etapa, verificando com periodicidade os
sinais vitais do paciente (REBELATTO, 2008).

4. FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES RESPIRATÓRIAS

Dentre as afecções respiratórias mais prevalentes em pacientes idosos, citam-se as infecções,


como as pneumonias e a tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e
complicações pulmonares pós-cirúrgicas.

Fisiopatologia das principais disfunções respiratórias em idosos

Infecções – Idosos possuem redução da capacidade respiratória fisiológica, redução dos


mecanismos de defesa, redução da complacência da caixa torácica associada à presença de
algumas doenças e ao uso de medicamentos, o que aumenta as chances de contágio por agente
infeccioso, uma vez que as defesas do organismo estão reduzidas. Má nutrição, higiene oral
precária e alterações da deglutição são também fatores envolvidos na prevalência de infecções
respiratórias (REBELATTO, 2008).
Pneumonia – É uma doença infecciosa, causada por diferentes microrganismos, incluindo
vírus, bactérias e fungos. É bastante prevalente em idosos e representa altas taxas de
morbimortalidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2016), o risco
de pneumonias aumenta com a idade, baixo peso, doenças cardíacas, doenças neurológicas e
psiquiátricas, uso de medicamentos sedativos, alcoolismo, presença de tubos nasogástricos,
entre outros fatores.

Tuberculose – Trata-se de uma doença infecciosa que acomete a estrutura pulmonar e é


causada por bactéria conhecida como bacilo de Koch (SBPT, 2020).

DPOC – É uma afecção caracterizada por obstrução crônica ao fluxo aéreo, resultado da
associação de enfisema, bronquite crônica e bronquite asmática. A nível pulmonar, observa-se
limitação ao fluxo de ar, que não é totalmente reversível, é progressiva e associada à resposta
inflamatória pulmonar anormal (FREITAS; PY, 2016).

Essas disfunções, bastante prevalentes em idosos, são passiveis de reabilitação pulmonar (RP).

Reabilitação pulmonar
A RP é realizada mediante trabalho conjunto, incluindo fisioterapeutas, médicos, terapeutas
ocupacionais, educadores físicos, nutricionistas, entre outros profissionais.
Os objetivos da RP se pautam em: controlar e aliviar sintomas respiratórios; treinar o paciente
para que obtenha o máximo de funcionalidade no dia a dia; reduzir impactos psicológicos
causados pela doença (ansiedade e depressão); possibilitar aumento da capacidade produtiva;
melhorar a tolerância aos exercícios e as AVDs; reduzir hospitalizações e melhorar a qualidade
de vida do idoso.
A RP está indicada para pacientes com comprometimento pulmonar crônico ou agudo. Nestes
casos, a RP utiliza técnicas que promovem a eliminação de secreções com auxílio de manobras
de higiene brônquica, manobras de reexpansão pulmonar, reeducação respiratória, além de
exercícios de fortalecimento muscular, alongamento, condicionamento, mobilidade, entre outras
técnicas.

RP nas doenças infecciosas

Nas doenças infecciosas, a fisioterapia atua de maneira associada ao tratamento medicamentoso.


Tem como objetivos: melhorar a ventilação pulmonar, aumentar a oxigenação e maximizar a
tolerância ao exercício e à realização das AVDs. Além disso, dificulta a progressão da doença,
prevenindo o surgimento de novas complicações e reduzindo o tempo de hospitalização.
As condutas devem promover a remoção de secreções brônquicas, garantir a reexpansão
pulmonar e melhorar o condicionamento. Para higiene brônquica, ressaltam-se técnicas de
vibrocompressão, aceleração do fluxo expiratório, drenagem postural e tapotagem. Para
reexpansão, utiliza-se estímulo diafragmático, técnica de compressão e descompressão, padrão
inspiratório em tempos, em soluços e expiração abreviada (FARENCENA; SILVEIRA; PASIN,
2006). Essas técnicas aumentam a ventilação pulmonar, a oxigenação alveolar e, com isso,
reduzem sinais e sintomas.

RP no DPOC

O tratamento envolve medidas de educação (orientações acerca da doença, fatores agravantes,


tratamento etc.), medidas farmacológicas (uso de broncodilatadores e corticoides),
oxigenioterapia, cirurgia, além da RP. Preconiza-se, na reabilitação de pacientes com DPOC,
exercícios respiratórios associados a programas educativos, que objetivam melhorar o
condicionamento físico e a funcionalidade (REBELATTO, 2008).
A principal queixa no DPOC é a dispneia, causada pelo desequilíbrio entre a necessidade
ventilatória e a limitação da capacidade pulmonar, em especial durante a realização de
exercícios físicos ou durante a realização de AVDs, causando limitações funcionais, perda de
autonomia e redução da qualidade de vida.
Para avaliação, é importante que, além da anamnese, sejam realizados teste ergométrico,
gasometria arterial, teste de caminhada, espirometria, teste de resistência de membros inferiores,
teste incremental de membros inferiores e superiores e oximetria. Após, o paciente pode ser
encaminhado para a RP com duração de 24 sessões, no mínimo, para que se faça o treinamento
físico aliado ao programa educativo.
Resumidamente, o programa de reabilitação voltado ao paciente com DPOC envolve:
• Treinamento intervalado, com 14 exercícios de curta duração, alternando posição
ortostática e sentada, além de exercícios de MMSS e MMII;
• Treinamento dos MMII em esteira ou bicicleta ergométrica por 30 minutos, respeitando
a carga evidenciada no teste incremental de MMII;
• Treinamento dos MMSS por 30 minutos, respeitando a carga máxima evidenciada no
teste incremental de MMSS;
• Alongamento global, com ênfase em cintura escapular;
• Relaxamento;
• Programa educativo, com orientações acerca da importância da fisioterapia, do uso dos
medicamentos, técnicas de conservação de energia, entre outros aspectos.

RP no pré e pós-operatório

As complicações respiratórias pós-cirúrgicas em idosos são frequentes e consideradas


importantes causas de morbimortalidade. Em relação às causas, as cirurgias costumam
desencadear repercussões pulmonares, principalmente devido às alterações no padrão
respiratório, nas trocas gasosas, no mecanismo de defesa, entre outros aspectos.
Além disso, a posição em supinação durante a cirurgia e durante a fase pós-operatória, associada
aos fatores de risco, como tabagismo e obesidade, aumentam as chances de complicações
respiratórias pós cirurgia. Tais complicações são mais intensas quando os procedimentos
cirúrgicos são realizados em abdômen superior ou tórax e quando duram mais de seis horas. A
imobilidade no leito e adoção de posturas antálgicas elevam ainda mais o risco de complicações
pulmonares (REBELATTO, 2008).
Dentre as alterações pulmonares pós-operatórias, cita-se: redução do volume corrente, aumento
da FR, redução de volumes e capacidades respiratórias, redução da relação perfusão ventilação,
inibição do mecanismo de tosse, alterações do muco, entre outras. Nessas situações, o
fisioterapeuta pode atuar junto aos idosos que serão submetidos aos procedimentos cirúrgicos,
ainda na fase pré-operatória.
Como técnicas de mobilização de secreção pulmonar, pode-se empregar: drenagem postural
brônquica, vibração, manobras de percussão torácica, tosse, tosse assistida, técnica de expiração
forçada, drenagem autógena e expiração lenta com a glote aberta.
Outros recursos a serem empregados na fase pós-operatória são: inaloterapia, flutter, ventilação
percussiva intrapulmonar, exercício respiratório diafragmático, suspiros inspiratórios, expiração
abreviada, expiração máxima sustentada e inspiração fracionada. Em relação aos equipamentos,
podem ser utilizados na RP: inspirômetro de incentivo, respiração com pressão positiva
intermitente, pressão positiva contínua das vias aéreas, pressão positiva nas vias aéreas.
Na fase pós-operatória, o fisioterapeuta deve atuar à redução do imobilismo no leito, uma vez
que esse é fator desencadeante da redução da capacidade respiratória, assim como deve atuar na
prevenção de atelectasia e infecções. Para isso, pode-se utilizar técnicas manuais de higiene
brônquica e técnicas de reexpansão pulmonar, como: bag squeezing, aspiração traqueal,
posicionamento do paciente e recrutamento alveolar.

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