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Automia e capacidade funcional em idosos

Prof.ª Sheila Guimarães


Conceitos: autonomia e capacidade funcional

A autonomia pode ser definida como a liberdade


para agir e tomar decisões no dia a dia,
relacionadas à própria vida e à independência.

Pode também ser entendida como a capacidade


de realizar atividades sem a ajuda de outra
pessoa, necessitando, para tanto, de condições
motoras e cognitivas suficientes para o
desempenho dessas tarefas.
Conceitos: autonomia e capacidade funcional

As maiores adversidades de saúde associadas ao


envelhecimento são: incapacidade funcional e a
dependência, que acarretam restrição/perda de
habilidades ou dificuldade/ incapacidade de executar
funções e atividades relacionadas à vida diária.

Para o idoso, a realização das Atividades Básicas da


Vida Diária (ABVD) aparece como algo presente e
necessário para a sua sobrevivência, mantendo-o
participativo na gestão e nos cuidados com a própria
saúde, e no desenvolvimento de tarefas domésticas.
Conceitos: autonomia e capacidade funcional

O envelhecimento pode ser entendido como um processo


dinâmico e progressivo, caracterizado tanto por
alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, quanto
por modificações psicológicas.

Como uma de suas consequências, o envelhecimento


traz a diminuição gradual da capacidade funcional, a qual
é progressiva e aumenta com a idade. LEITURA DO
ARTIGO!!!

O QUE ENTENDEM COMO CAPACIDADE FUNCIONAL REDUZIDA?

COMO O ESTADO NUTRICIONAL PODE ESTAR ENVOLVIDO NESSE PROCESSO?


Ciclo da fragilidade

Para Macedo, Gazzola e Naja (2008), fragilidade é considerada, na prática com os idosos, naqueles que
apresentam características do envelhecimento e também comorbidades, como a diminuição da massa e
força muscular, alteração na marcha e do equilíbrio, falta de apetite e perda de peso.

De acordo com Jacob e Kikuchi (2011), pode-se definir fragilidade como uma síndrome
multidimensional, considerando as alterações funcionais como fator causador.

Ainda de acordo com esses autores, a fragilidade é uma condição instável e assim é considerada por
outros pesquisadores como um estado clínico de vulnerabilidade aos fatores que influenciam o declínio
das alterações fisiológicas.

A fragilidade no idoso é considerada quando o mesmo reduz a sua habilidade de realizar as suas
atividades de vida diária (AVD), como: tomar banho, vestir-se, escovar os dentes, controlar
as suas eliminações etc.
A definição exata dos critérios da síndrome de fragilidade
ainda é controversa

O que se sabe é que possui caráter reversível e estão diretamente relacionados


ao desempenho musculoesquelético e ao potencial papel da reabilitação na
restauração da capacidade física. Outros indicadores da síndrome de fragilidade
incluem perda de peso recente, especialmente da massa magra; autorrelato de
fadiga; quedas frequentes; fraqueza muscular; diminuição da velocidade da
caminhada e redução da atividade física, todos relacionados ao desempenho do
sistema musculoesquelético.

Estima-se que, a partir dos 40 anos, ocorra perda de cerca de 5% de massa


muscular a cada década, com declínio mais rápido após os 65 anos,
particularmente nos membros inferiores
Ciclo da fragilidade

Perda de massa muscular, perda da


massa óssea, alterações
neuromusculares... Levam a risco de
quedas, hospitalização, institucionalização,
incapacidade e morte.

25 anos

63 anos
Ciclo da fragilidade

São considerados idosos frágeis ou em


situação de risco, idosos como 60 anos ou
mais, polidoenças (mais de 5 diagnósticos),
polifarmácia (usam mais de 5 medicamentos
ao dia), imobilidade parcial ou total,
incontinência urinária ou fecal, instabilidade
postural (quedas de repetição), incapacidade
cognitiva, histórias de internações frequentes
ou pós alta hospitalar, idosos dependentes nas
atividades de vida diária e aqueles com 80
anos ou mais.
Ciclo da fragilidade

CRITÉRIOS PARA FRAGILIDADE

A fragilidade é uma síndrome clínica onde 3 ou


mais critérios estão presentes: perda de peso
não-intencional (4,5 kg no último ano),
exaustão auto referida, fraqueza (força de
preensão diminuída), baixa velocidade da
marcha e baixa tolerância a atividade física.
O papel do profissional de saúde no cuidado
Ciclo da fragilidade
integral do idoso

Objetivo: Reduzir a
fragilidade e
aumentar a
independência

Uma avaliação periódica por uma equipe


multidisciplinar pode retardar as alterações
fisiológicas, prevenindo a fragilidade por
meio de uma alimentação saudável e pela
introdução do treinamento de atividade
Educador física. (MACEDO; GAZOLLA; NAJA, 2008).
físico
Ciclo da fragilidade: quedas
As quedas são consequências de várias causas que
Jacob e Kikuchi (2011) comprometem a capacidade compensatória de
definem quedas como equilíbrio corporal decorrentes das alterações
um deslocamento fisiológicas do envelhecimento.
involuntário a um nível
mais baixo do que se
ocupava anteriormente e Como resultado, os reflexos ficam mais lentos e a
pode promover ou não capacidade de realizar algumas tarefas fica
perda de consciência. reduzida, proporcionando assim os acidentes.
(JACOB; KIKICHI, 2011)

Quais os aspectos contribuem para a perda, total ou parcial, do equilíbrio e


controle corporal relacionados ao processo de envelhecimento?
Ciclo da fragilidade: quedas
Esse tipo de evento representa a principal causa externa de morte para a população idosa, além de aumentar
o risco de internação hospitalar e dependência funcional.
Atualmente, 90% das fraturas de fêmur em idosos são devido a quedas e cerca de 30% dos que sofrem esta
fratura perdem a capacidade de realizar suas atividades como faziam antes de cair.

Qual a
importância
de se evitar
quedas?
Ciclo da fragilidade: quedas
Outro efeito indesejado das quedas é o medo de cair novamente. Por vezes, o medo e a insegurança
levam a restrição das atividades diárias, isolamento social, inatividade física e, consequentemente,
maior risco de nova queda. Resulta um efeito dominó, que compromete a qualidade de vida.

Queda muitas vezes é um indicativo de


que algo não vai bem com a saúde do
idoso, podendo ser manifestação de
doenças, tais como demência,
Parkinson, neuropatia diabética,
alteração da visão, distúrbios do
labirinto, problemas musculares ou do
equilíbrio e deficiência de vitamina D, ou
ainda decorrente de efeitos colaterais de
medicamentos.

Maciel, et al. 2010


Ciclo da fragilidade
Em relação à natureza do evento
traumático, predominaram aqueles
decorrentes de mecanismo não
intencional e as quedas da própria
altura apresentaram-se como a principal
causa de trauma (80%), 9,3% dos
idosos sofreram atropelamento.

Merece destaque, apesar da baixa


incidência, a presença de idosos
vitimados por quedas que não foram da
própria altura, 6,5% sofreram quedas de
altura (andaimes, telhados, escadas) e
3,7% queda dentro de ônibus.

(LIMA; CAMPOS, 2011)


Ciclo da fragilidade O custo médio da internação no SUS
é maior entre os idosos, o que é
compatível com os estudos sobre o
tema. A mudança no perfil
demográfico e epidemiológico da
população aumenta as despesas com
tratamentos médico e hospitalar.

O idoso consome mais os serviços de


saúde, as internações hospitalares
são mais frequentes e o tempo de
ocupação do leito é maior devido à
multiplicidade de patologias, quando
comparado a outras faixas etárias
(VERAS, 1994).
Capítulo CID-10 Nº de óbitos %

1) IX. Doenças do aparelho circulatório 236.731 37,7


2) II. Neoplasias (tumores) 105.129 16,7

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. 2008. Disponível em:


http://datasus.saude.gov.br/. Acesso em 21 ago. 2009.
3) X. Doenças do aparelho respiratório 81.777 13,0
4) XVIII. Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de 52.504 8,4
laboratório
5) IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 46.837 7,5
6) XI. Doenças do aparelho digestivo 29.428 4,7
7) XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 18.946 3,0
8) I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 18.827 3,0
9) XIV. Doenças do aparelho geniturinário 13.717 2,2
10) VI. Doenças do sistema nervoso 12.827 2,0
214.000
Diagnósticos
2016
DATASUS
26.783
Óbitos
2015
DATASUS

Entre os grupos de idade, a insuficiência cardíaca aparece como a primeira causa em


todas as faixas etárias consideradas e, entre as mulheres, diabetes e hipertensão não
aparecem entre as idosas de 80 anos ou mais.

Por outro lado, entre os homens idosos com 80 anos ou mais, a desnutrição é a sexta
causa mais frequente de internação hospitalar, com uma taxa de 5,3%. (IBGE,2009)

BOCCHI et al, 2012; BUTROUS & HUMMEL, 2016; SEKARAN et al. 2017
Rastreamento do estado funcional

No processo do envelhecimento, o estado nutricional pode ser afetado e, dessa maneira,


reduzir a sua capacidade funcional.

Essa condição pode predispor enfermidades, sendo necessária maior adequação na ingestão
de todos os nutrientes.

Para realizar uma avaliação do risco nutricional, tem sido utilizado a Mini Avaliação
Nutricional (MNA). Um método simples e rápido para identificação de pacientes idosos que
apresentem risco nutricionais ou já estão desnutridos. (CEDRON et al., 2016)
Rastreamento do estado funcional
Avaliando a capacidade funcional
A definição de CF (capacidade funcional) é a manutenção das habilidades físicas e
mentais que promova e mantenha a independência dos idosos. (FREITAS et al., 2006)

O objetivo primordial da Saúde Pública é por meio de medidas aprimorar, manter ou


recuperar a CF e, assim, promover a manutenção do envelhecimento ativo. (BRASIL,
2006)

A autonomia é uma tendência do envelhecimento saudável que deve ser preservada


por meio de medidas já estabelecidas, favorecendo ou mantendo a dignidade,
integridade e liberdade de escolha do idoso. (BRASIL, 2006)
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL

A avaliação funcional (AF) tem como finalidade estabelecer diagnóstico,


prognóstico e determinar quais as melhores decisões sobre os tratamentos e
cuidados necessários. (FREITAS et al., 2006)

Alguns instrumentos são utilizados para avaliar a CF, como o Índice de Independência nas Atividades de
Vida Diária (AVD), desenvolvido por Sidney Katz e publicado pela primeira vez em 1963. Também é
chamado de ÍNDICE DE KATZ.

Esse instrumento serve para medir os níveis das atividades que uma pessoa é
capaz de desempenhar.
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL

Índice de Katz
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL

Outro instrumento usado com o mesmo objetivo de avaliar o nível de independência do idoso é o
ÍNDICE DE BARTHEL. Consta de um formulário que tem pontuação e sua escala varia de 0 a 100, onde
o 0 é considerado totalmente dependente e o 100 independente. ( ARAUJO et al., 2007)

Para aferir as atividades instrumentais são utilizadas as escalas de Lawton e Pfeffer.

As atividades instrumentais diárias são as que os idosos têm capacidade de realizar, como atender ao
telefone, locomoção fora de casa, compras, preparo de refeições, realização de trabalho doméstico,
administração de medicações e uso de dinheiro.
Índice de Pfeffer
Índice de Lawton
CASO CLÍNICO: FRAGILIDADE

Paciente J.B.S.P, 66 anos, sexo feminino, viúva, católica, aposentada, ensino fundamental
completo. Durante visita domiciliar, apresentou queixa de cansaço excessivo e falta de apetite.
HDA: Paciente relata estar sentindo cansaço, falta de apetite e alega ter perdido peso em curto
espaço de tempo, também refere falta de energia para realizar as atividades do dia a dia. HPP: A
idosa possui osteoporose. HF: Alega que seus pais possuíam CA, e faleceram por este motivo. HPS:
Paciente repousa 6 horas no período noturno, porém alega acordar cansada, faz pouca ingestão
hídrica durante o dia, alimenta-se 3 vezes ao dia, evacuação 1 vez a cada 2 dias, não faz uso de
álcool. HSE: moradia própria de alvenaria, fossa séptica, possui 3 cachorros como animais
domésticos, tem 2 filhos que residem com ela, mantém bom convívio com familiares e amigos.
Paciente apresentou-se ao exame físico lúcida e orientada em tempo e espaço. Ativa e
colaborativa, deambulando com dificuldade com redução da marcha, apresenta circunferência de
panturrilha de 29 cm. Apresenta ausência de déficits cognitivos. Normocorada, eupneica,
acianótica e anictérica. Sinais vitais: PA 100x80 mmHg; peso 50 kg; altura 1,65m; IMC 18,4 kg/m2,
classificada como abaixo do peso. Ausência de lesões na pele, mucosa ocular normocorada, sem
edemas, abdome plano, função intestinal e urinária normais.
Paciente realiza seu autocuidado como: cuidar de si mesmo: alimentação, higiene pessoal, banho,
vestir-se; boa compreensão e expressão de ideias, boa cognição social (interação social).

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