Saúde da pessoa idosa com deficiência
Os tipos de deficiência e as características de
cada uma delas
Segundo a Lei Brasileira de Inclusão, é consi-derada
pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas. As deficiências podem ser congênitas
ou adquiridas.
Deficiência congênita: é aquela que acompa-nha o
indivíduo desde a sua concepção, durante a fase
intrauterina.
Causa principal
A maioria das deficiências congênitas é causada por
doenças raras. Apesar de estarem presentes desde o
nascimento, as doenças congênitas, e por consequência
as deficiências, só se manifestam com o passar do
tempo.
Algumas dessas doenças são decorrentes da
desnutrição/subnutrição materna, da exposição da
gestante à radiação, de doenças maternas (rubéola,
sarampo e toxoplasmose, por exemplo) e do uso de
álcool/drogas por parte da mãe.
Dentre as doenças congênitas, está a malformação
congênita. Esta compreende qualquer defeito na
constituição de algum órgão ou conjunto de órgãos que
determine uma anomalia morfológica estrutural ou
funcional, presente no nascimento ou não, causada por
fatores genéticos, ambientais ou mistos.
Deficiência adquirida: é aquela que se estabele-ce ou
afeta “os modos de ser do físico” da pessoa "normal" ao
longo de sua existência.
Causas principais
• Infecções;
• Traumatismos;
• Intoxicações;
• Doenças como: poliomielite, lesões neuroló-gicas,
osteomielite, tuberculose óssea;
• Sequelas de doenças como: diabetes, glaucoma e
caxumba;
• Consequências de acidentes de trânsito ou de
ferimentos causados por armas de fogo e armas
brancas.
As circunstâncias que podem causar deficiência
adquirida, muitas vezes, são passíveis de serem
evitadas.
Distinção entre deficiência congênita e
adquirida
A deficiência adquirida se distingue da deficiência
congênita principalmente em relação ao tempo de sua
obtenção. Enquanto a adquirida pode impedir ou
“fracassar” projetos da etapa da vida na qual a pessoa
se encontra, com a congênita, o indivíduo já cresce
lidando com seus efeitos.
Maior adaptação de pessoas com deficiência
congênita
Os indivíduos que possuem uma deficiência congênita
estão mais adaptados à sua condição, apresentando
maior flexibilidade comportamental. São pessoas que
ativaram mecanismos de adaptação para enfrentar
perdas em funcionalidade por meio de recursos
tecnológicos e de apoios psicológicos e sociais.
Envelhecimento de pessoas com deficiência
congênita
A pessoa com deficiência congênita toma uma postura
diante da vida e da sociedade diferente da pessoa com
deficiência adquirida, especialmente quando se leva em
consideração a etapa da vida na qual a deficiência foi
adquirida.
Por exemplo, um indivíduo mais novo se adapta mais
facilmente que uma pessoa idosa que adquire a
deficiência por ser mais resistente a mudanças e
adaptações.
Os diferentes tipos de deficiência
Visual
O Decreto n° 5.296, de 2 de dezembro de 2004,
considera deficiência visual como: cegueira, na qual a
acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor
olho com a melhor correção óptica; a baixa visão ou
visão subnormal, que significa acuidade visual entre 0,3
e 0,05 no melhor olho com a melhor correção óptica; os
casos nos quais a somatória da medida do campo visual
em ambos os olhos for igual ou menor que 60°; ou a
ocorrência simultânea de quaisquer das condições
anteriores não passíveis de melhora na visão com
terapêutica clínica ou cirúrgica.
No idoso, alguns fatores interferem na perda visual entre
eles estão: sexo, geografia, alimentação, exposição ao
sol, fatores sociais e econômicos. Essa perda de visão
acarreta consequências adversas em nível individual e
coletivo, dando origem a problemas psicológicos,
socais, econômicos, implicando na perda de autoestima,
status, restrições ocupacionais e diminuição da renda. O
déficit visual está associado a maiores taxas de suicídio.
Auditiva
Deficiência auditiva é a perda da audição bilateral ou
unilateral, parcial ou total, constatada através de
exames audiológicos realizados e assinados por
fonoaudiólogos. A perda auditiva é confirmada através
do laudo médico.
Uma vez que cada parte do sistema auditivo se
transforma, a perda auditiva tende a piorar com a idade.
Um fenômeno que ocorre com o passar dos anos é a
presbiacusia. Esta se dá quando uma pessoa escuta
uma conversa, mas tem dificuldade de entender o que
está sendo dito quando há ruídos ao fundo. Isto
acontece devido à perda auditiva sensorineural.
Física
Entende-se por deficiência física a alteração completa
ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano,
acarretando o comprometimento da função física,
neurológica e/ou sensorial. Apresenta-se sob a forma de
plegias, paresias, ostomia, amputação ou ausência de
membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as
deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de funções.
No idoso, a deficiência física pode estar associada ao
aumento da incidência de doenças crônico-
degenerativas não curáveis, como a diabetes mellitus,
doenças do aparelho circulatório, acidente vascular
encefálico, entre outras.
Além disso, outro fator preditor é o próprio processo de
envelhecimento humano, no qual estão envolvidos
diversos fatores, como biológico, fisiológico e
neurológico, que podem levar a perda natural e gradual
da visão, audição e capacidade funcional.
Intelectual
O Relatório Mundial sobre Deficiência (2012) considera
a deficiência intelectual como um estado de
desenvolvimento incompleto ou estagnado, resultando
em dificuldades no processo de aprendizagem, de
entendimento, nos aspectos da memória e no uso de
recursos aprendidos frente a situações do cotidiano.
As pessoas que possuem deficiência intelectual
congênita apresentam sinais de envelhecimento mais
cedo do que a população em geral, embora isso
dependa muito do organismo e do meio em que vivem.
Já as deficiências intelectuais adquiridas ocorrem
muitas vezes por meio da doença de Alzheimer ou de
Parkinson.
Independentemente da idade do indivíduo, o ato de se
ajustar a uma deficiência é um processo social complexo
que requer ajuste pessoal e social contínuo. Dessa
forma, o foco do cuidado em saúde deve ser voltado
para a inclusão da pessoa com deficiência na
comunidade.
Portanto, torna-se fundamental para os profissionais de
saúde que trabalham com reabilitação compreenderem
como as pessoas se ajustam e vivem o dia a dia com uma
deficiência.
Também é necessário que esses profissionais ampliem
suas visões sobre a relação entre dependência-
independência, respeitando a autonomia de seu paciente
e entendendo que o auxílio bem-sucedido ao
ajustamento implica no reconhecimento do significado de
seu impacto na vida do indivíduo.
Envelhecer: um processo natural
Os idosos têm surpreendido muitas pessoas com a sua
capacidade de desempenhar atividades físicas e
intelectuais, quebrando com a ideia de que a velhice é
sinônimo de inatividade pessoal, social e doença. Isto
mostra que cada vez mais a população está buscando
maneiras de garantir boa qualidade de vida na velhice.
O envelhecimento possui características típicas que
necessitam de cuidados específicos no que tange à
saúde. Porém, a velhice não é sinônimo de doença.
Moragas pontua que o envelhecimento é o “processo
vital de acumulação de anos não tem por que ser um
processo patológico ao atingir os sessenta e cinco anos
a pessoa não contrai nenhuma doença”.
O envelhecimento envolve aspectos físicos e
psicológicos, ocorrendo de maneira diferenciada a cada
indivíduo.
A preocupação do ser humano com o envelhecimento
costuma ser constante, mas nem todos se preparam
para envelhecer de forma saudável, e nem todos se
sentem velhos, o que pode contribuir para uma melhor
qualidade de vida.
Segundo Birren e Schroots (1996), a definição do
envelhecimento pode ser compreendida a partir de três
subdivisões:
O envelhecimento primário, também conhecido como
envelhecimento normal ou senescência, atinge todos
os humanos pós-reprodutivos, pois esta é uma
característica genética típica da espécie. Ocorre de
forma gradual e progressiva no organismo, com efeitos
cumulativos. O indivíduo nesse estágio está sujeito à
concorrente influência de vários fatores determinantes
para o envelhecimento, como exercícios, dieta, estilo
de vida, educação e posição social.
O envelhecimento secundário é resultante das
interações das influências externas e é variável entre
indivíduos em meios diferentes. É característico
decorrente de fatores culturais, geográficos e
cronológicos.
O envelhecimento terciário ou terminal corresponde a
um período caracterizado por profundas perdas físicas
e cognitivas, ocasionadas pelo acúmulo dos efeitos do
envelhecimento, como também por patologias
dependentes da idade.
Alguns aspectos físicos do envelhecimento do corpo são
comuns a todos os seres humanos, tais como: perda de
massa muscular, alterações do ritmo cardíaco,
diminuição da visão e audição, elevação da pressão
arterial, alterações no ritmo de caminhada e perda de
equilíbrio.
Boa alimentação e atividades físicas podem retardar ou
mesmo evitar que estes aspectos do envelhecimento
sejam significativos e, assim, muitos idosos com
deficiência podem gozar de excelente forma física.
Um dos primeiros sinais da velhice é a menor
capacidade de trabalho, o que afeta, em última
instância, a capacidade laboral, a adaptabilidade ao
ambiente e a atividade motora. Os exercícios físicos
melhoram tal função muscular, diminuindo a frequência
de possíveis quedas e contribuindo para melhor
qualidade de vida dos idosos. Assim, exercícios
realizados de forma contínua no decorrer de toda a vida
podem atuar como fatores preventivos em muitas
deficiências relacionadas à idade. Bom exemplo são os
exercícios de resistência que, além de trazerem
aumento da massa muscular em ambos os sexos,
propiciam a minimizações e reversão da síndrome de
fragilidade física presente nos idosos. O Estudo
Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, mostra
que a sociabilização e a realização de algumas
atividades laborais quando possível, contribuem
diretamente para o não envelhecimento psicológico,
bem como evitam debilidades psíquicas, demências,
depressão e outros fatores mantendo a mente jovem e
motivada, e devem sempre ser incentivados.
Vários aspectos do envelhecimento físico variam
individualmente, de acordo com características
genéticas e estilo de vida, mas em seu conceito primário
atingirá a todos inevitavelmente. Nesse sentido, a
pessoa idosa com deficiência agregará as limitações
naturais da velhice somadas às da deficiência, seja ela
congênita ou adquirida, e apresentará necessidades
individuais de adaptações e cuidados.
Deficiência e o processo de envelhecimento
O envelhecimento da pessoa com deficiência é um fato
que acompanha a crescente expectativa de vida da
população em geral e, devido ao envelhecimento atípico
presente nessa população, a prestação de saúde exige
um olhar diferenciado e um esforço contínuo por parte
das equipes de saúde. Estamos com uma população
idosa longeva que por diversas patologias pode-se
tornar deficiente.
Todas essas e outras deficiências carecem de cuidado
em saúde e ainda o papel da reabilitação nos dias atuais
contribui efetivamente para prolongamento da vida.
Nesse novo paradigma, é fundamental identificar
condicionantes e determinantes do processo
saúde/doença, em particular no que tange à
capacidade funcional. A perda da funcionalidade
contribui significativamente para o comprometimento
da qualidade de vida da pessoa idosa, de seus
familiares e cuidadores. Tanto que representa o
condicionante mais importante de desfechos
desfavoráveis na pessoa idosa, como hospitalização,
institucionalização e morte, com grande impacto social
e econômico.
Cada um envelhece de forma muito individualizada.
Para as mulheres, a entrada no período do climatério
trará aspectos físicos distintos dos homens.
Nesse período as mulheres com limitações de
mobilidade têm maior risco para as condições
associadas à menopausa, incluindo algumas doenças
como as cardíacas e a osteoporose.
Já as mulheres com esclerose múltipla (EM) podem se
deparar com algumas dificuldades em comparação a
outras mulheres, devido à sua sensibilidade e à
flutuação térmica e ainda pelo fato da EM ser sensível
ao estrogênio.
Outra situação que acomete as mulheres idosas com
deficiência são os problemas geniturinários, incluindo
infecções do trato urinário, cálculos renais e na bexiga e
função renal mais comprometida.
Também é importante observarmos as mulheres com
alterações cognitivas e de humor associadas à
deficiência, incluindo aquelas com EM e lesão cerebral,
pois podem sofrer com o aumento das mudanças de
humor, sono e memória associadas à menopausa,
particularmente.
Fatores que contribuem para alterações
psicossociais na vida do idoso com
deficiência
Há uma diminuição natural na vida social relacionada à
diminuição da capacidade física, como também,
infelizmente, preconceito e desvalorização dos idosos e
pessoas com deficiência em geral.
A falta de adequação de muitos ambientes, com pouca
ou nenhuma acessibilidade, pode levar o idoso com
deficiência a uma vida de reclusão, que poderá culminar
em uma velhice emocional precoce.
Assim, é importante que se reconheça e desenvolva
estratégias que atenuem os efeitos da senescência para
garantir a vivência do final do ciclo de vida de uma forma
autônoma e qualitativamente positiva.
Rede de cuidados à pessoa com deficiência
No contexto da Política Nacional de Saúde da Pessoa
com Deficiência, o principal objetivo do cuidado
integral da saúde da pessoa idosa com deficiência é
propiciar atenção integral a essa população, desde a
Atenção Primária à Saúde até a sua reabilitação
(incluindo a concessão de órteses, próteses e meios
auxiliares de locomoção, quando se fizerem
necessários), através das seguintes diretrizes:
• Promoção da qualidade de vida;
• Prevenção de deficiências;
• Atenção integral à saúde;
• Melhoria dos mecanismos de informação;
• Capacitação de recursos humanos; e
• Organização e funcionamento dos serviços.
A Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da
Pessoa Idosa do Sistema Único de Saúde (SUS)
subsidia os profissionais da APS na identificação das
necessidades de saúde da pessoa idosa, considerando
a funcionalidade e os recursos existentes em cada
território.
Em resposta à multiplicidade de condições de saúde
apresentadas pela população idosa, é necessária a
realização de uma avaliação multidimensional, que
incorpora diversos domínios do conhecimento em um
meio prático e com o objetivo de ver a pessoa idosa
como um todo.
A avaliação multidimensional é um processo estruturado
e interdisciplinar que serve para identificar as
necessidades dos pontos de vista clínico, psicossocial e
funcional. Seu objetivo é formular um Projeto
Terapêutico Singular - PTS (plano de cuidados)
coordenado e integrado, a curto, médio e longo prazo,
visando especialmente à recuperação e/ou à
manutenção da capacidade funcional.
Existem vários instrumentos, escalas e testes que
auxiliam os profissionais de saúde a realizarem a
avaliação das múltiplas dimensões que incidem sobre a
saúde da pessoa idosa, na perspectiva da
integralidade.
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa possibilita a
identificação das necessidades de saúde, bem como do
potencial de risco e graus de comprometimento da
autonomia e independência do indivíduo, permitindo o
direcionamento de intervenções oportunas e adequadas
a cada caso.
O Ministério da Saúde oferece a Caderneta de Saúde da
Pessoa Idosa e sua Ficha Espelho como ferramenta de
apoio para a avaliação multidimensional a ser realizada
no nível primário de atenção.
Destaca-se que a avaliação multidimensional da pessoa
idosa se difere do exame clínico padrão por enfatizar a
avaliação das capacidades cognitiva e funcional e dos
aspectos psicossociais; e pode ser utilizado escalas e
testes que permitem quantificar a funcionalidade.
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência
(instituída pela Portaria MS/GAB nº 793, de 24 de abril
de 2012 e consolidada pela Portaria de Consolidação nº
3 de 28 de setembro de 2017) estabeleceu a ampliação
e a articulação dos pontos de atenção à saúde da
pessoa com deficiência temporária ou permanente,
progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou
contínua, o que vai além da constituição de serviços
especializados.
Para garantirmos a equidade na atenção à pessoa com
deficiência, é necessário:
• Acessibilidade;
• Medidas da compensação da função
perdida e da manutenção da função atual;
• Comunicação e manejo clínico;
• Medidas de prevenção da perda funcional,
de redução do ritmo da perda funcional
e/ou da melhora ou recuperação da
função.
São objetivos específicos dessa Rede de Cuidados:
I. Promover cuidados em saúde especialmente dos
processos de reabilitação auditiva, física, intelectual,
visual, ostomia e múltiplas deficiências.
II. Desenvolver ações de prevenção e de identificação
precoce de deficiências na fase pré, peri e pós-natal,
infância, adolescência e vida adulta.
III. Ampliar a oferta de órtese, prótese e meios
auxiliares de locomoção (OPM).
IV. Promover a reabilitação e a reinserção das pessoas
com deficiência, por meio do acesso ao trabalho, à
renda e à moradia solidária, em articulação com os
órgãos de assistência social.
 V. Promover mecanismos de formação
permanente para profissionais de saúde.
VI. Desenvolver ações intersetoriais de promoção
e prevenção à saúde em parceria com
organizações governamentais e da sociedade
civil.
VII. Produzir e ofertar informações sobre direitos
das pessoas, medidas de prevenção e cuidado e
os serviços disponíveis na rede, por meio de
cadernos, cartilhas e manuais.
VIII. Regular e organizar as demandas e os fluxos
assistenciais da Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiência.
IX. Construir indicadores capazes de monitorar e
avaliar a qualidade dos serviços e a resolutividade
da atenção à saúde.
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência para
Atenção à Saúde é composta pelos seguintes serviços
e iniciativas:
• Qualificação das equipes de saúde da APS.
• Criação dos Centros Especializados em
Reabilitação.
• Ampliação da oferta de órteses, próteses e
meios auxiliares de locomoção.
• Oficinas ortopédicas.
• Estabelecimento de diretrizes terapêuticas para
os cuidados às pessoas com deficiência, entre
as quais: diretrizes terapêuticas sobre
deficiência intelectual; deficiência visual;
acidente vascular encefálico e traumatismo
cranioencefálico.
• Identificação e intervenção precoce das
deficiências.
• Revisão do marco normativo da Política
Nacional de Triagem Neonatal.
• Reestruturação do atual sistema de busca e
acompanhamento das crianças diagnosticadas
por meio dos testes.
• Atenção odontológica às pessoas com
deficiência.
• Encaminhamento de crianças diagnosticadas
por meio dos testes a serviços que possam
promover o tratamento necessário em cada
caso.
A Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência é
organizada com os seguintes componentes:
• Atenção Básica
• Atenção Hospitalar de Urgência e Emergência
• Atenção Especializada em Reabilitação
Os componentes da Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiência:
• CEO: Centro cirúrgico odontológico;
• CRAS: Centro cirúrgico odontológico;
• SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência;
• Serviço de reabilitação – estabelecimentos de
saúde habilitados em apenas um Serviço de
Reabilitação;
• Hospital de Emergência;
• Serviço de Urgência e Emergência – Unidade de
Pronto Atendimento (UPA);
• CER – Centro Especializado em Reabilitação com
veículo adaptado para transporte sanitário;
• Hospital especializado em reabilitação -
estabelecimentos de saúde habilitados em apenas
um Serviço de Reabilitação;
• CREAS – Centro de Referência Especializado da
Assistência Social.
Com base nas diretrizes e normativas pertinentes a
Linha de Cuidado da Saúde da Pessoa Idosa e na Rede
de Cuidados à Pessoa com Deficiência, as ações de
cuidado em saúde devem:
Seguir os princípios do SUS: Universalidade,
Integralidade da Assistência, Equidade,
Descentralização, Hierarquização, Regionalização; e
Se organizar a partir de práticas em saúde, a citar:
atenção biopsicossocial; participação de equipe
multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar;
implementação de Protocolos Clínicos e Diretrizes
Terapêuticas; elaboração de Linhas de Cuidado
Integrais e do Projeto Terapêutico Singular (PTS).
É importante considerar os problemas identificados a
partir da avaliação multidimensional:
• Os problemas identificados a partir da avaliação
multidimensional da pessoa idosa com deficiência,
caso não sejam adequadamente tratados, podem
conduzir a situações de incapacidade grave,
imobilidade, instabilidade postural e quedas,
incontinência, declínio cognitivo e iatrogênia.
• Portanto, os resultados das avaliações devem
embasar a elaboração do PTS ou plano de
cuidados, a ser implementado, preferencialmente,
por equipe multiprofissional com abordagem
interdisciplinar; contribuem ainda para a
estruturação de ações do ponto de vista coletivo.
• As intervenções planejadas devem focar na
manutenção e/ou recuperação da capacidade
funcional da pessoa idosa. Nada substitui a escuta
qualificada realizada pelos profissionais de saúde e
 a avaliação de todos os aspectos (clínicos,
familiares, sociais, culturais, econômicos, afetivos,
biológicos, etc.) que envolvem a vida da pessoa
idosa.
• Assim, o PTS será elaborado pela equipe de saúde
juntamente com o paciente e seus
familiares/cuidadores, com base nas necessidades
identificadas na avaliação multidimensional da
pessoa idosa.
• Este PTS irá definir as intervenções a serem
realizadas, tanto no que diz respeito à promoção da
saúde e prevenção de doenças e agravos, quanto
às relacionadas à recuperação da saúde,
tratamento, reabilitação e cuidados paliativos.
Acolhimento com escuta qualificada
Cuidar das pessoas idosas com deficiência exige
conhecimento técnico assistencial, administrativo e,
principalmente, capacidade em técnicas na
resolutividade de problemas, tudo isso aliado à empatia
por parte do profissional de saúde.
Os profissionais da APS são os que constroem o Projeto
Terapêutico Singular (PTS) para cada indivíduo, levando
sempre em conta suas especificidades e ainda as
situações de gravidade e risco, construindo atividades,
metas e responsabilidades.
A gestão do PTS fica sempre a cargo de um membro da
equipe multiprofissional, de preferência, aquele
profissional que estabeleceu maior vínculo com o idoso,
fazendo o papel de organizador das atividades.
É importante para atender as especificidades da pessoa
idosa com deficiência envolver outros atores da rede de
cuidado, tais como: familiares, NASF-AB, Estratégia da
Família, atendimento domiciliar, comunidade, área
social e ainda estabelecer comunicação com as
referências e contrarreferências da localidade em que o
idoso está inserido.
Entretanto, quando analisamos as configurações
familiares e as correlacionamos com o envelhecimento
populacional, é possível perceber os desafios diários por
parte dos profissionais envolvidos no atendimento direto
as famílias. Sabemos que o modelo familiar da pessoa
idosa por si só já coexiste de maneira diferenciada,
devido a fatores históricos, culturais e religiosos.
Confira abaixo as ações propostas para o NASF-AB na
área estratégica de reabilitação:
• Realização do levantamento de pessoas com
deficiências residentes na área sob
responsabilidade do NASF-AB e equipes
vinculadas.
• Realização de avaliação funcional para definição
do serviço em que será realizado o processo de
reabilitação (APS ou serviços especializados).
• Acompanhamento longitudinal de casos, em
conjunto com as equipes de APS, de acordo com
os critérios previamente estabelecidos.
• Realização de atividades coletivas: práticas
corporais, tratamento de dores posturais,
orientações para famílias de pessoas com
deficiência, grupo de estimulação cognitiva para
adultos/prevenção de problemas de memória, entre
outros temas.
• Orientação e informação às pessoas com
deficiência, cuidadores e ACS sobre manuseio,
posicionamento, atividades de vida diária, recursos
e tecnologias de atenção para o desempenho
funcional diante das características específicas de
cada indivíduo.
• Desenvolvimento de ações de reabilitação
baseadas no saber da comunidade, valorizando
seu potencial e considerando que todos os
envolvidos são agentes do processo de reabilitação
e inclusão social.
• Realização de campanhas de mobilização visando
à prevenção de deficiências por meio de
sensibilização de gestantes para a realização do
teste do pezinho e da triagem auditiva neonatal,
campanhas de prevenção de acidentes domésticos
e acidentes no trânsito, ações para prevenção de
quedas em idoso, entre outras.
• Realização de atendimento ambulatorial em
reabilitação na UBS, quando possível.
• Assistência domiciliar aos usuários restritos ao leito
ou ao domicílio que requerem cuidados em
reabilitação.
• Orientações quanto ao uso correto de tecnologias
assistivas.
• Orientações e adaptações no ambiente e
atividades domésticas, comunitárias e laborais
visando a um melhor desempenho nas atividades
de vida diária (AVD) e atividades de vida prática
(AVP).
• Matriciamento das Equipes de Saúde da Família e
demais equipes da APS.
• Acompanhamento do desenvolvimento infantil
compartilhado com as demais equipes da APS.
O acolhimento é um conjunto de conceitos
frequentemente utilizados para mostrar as relações que
ocorrem entre usuários e profissionais na atenção à
saúde. Não significando apenas uma simples relação
de prestação de serviço.
Sobre o atendimento à pessoa idosa com deficiência é
necessário considerar ações como:
A escuta qualificada e o acolhimento humanizado por
parte dos profissionais amplia e reforça a compreensão
que o paciente é um ser único com suas particularidades
e individualidades que devem ser levados em conta
quando o profissional realiza uma anamnese.
A clínica ampliada pode ser caracterizada por cinco
movimentos, são eles:
• Compreensão ampliada do processo saúde-
doença;
• Construção compartilhada de diagnóstico e
terapêuticas;
• Ampliação do objetivo de trabalho;
• Transformação dos meios e objetivos de trabalho;
• Suporte para os profissionais de saúde.
O acolhimento no campo da saúde é instituído como:
• Uma postura ético-política, constitutiva dos modos
de se produzir saúde, o que pressupõe escutar o
outro e implicar-se com ele;
• Uma forma de inclusão do usuário e ampliação do
acesso, onde todos sejam acolhidos de acordo com
suas necessidades de saúde;
• Um dispositivo de (re)organização do processo de
trabalho em equipe, isto é, provoca mudanças nos
modos de organização das equipes, nas relações
entre os trabalhadores e nos modos de cuidar, exige
que a equipe reflita sobre o conjunto de ofertas que
ela tem apresentado para lidar com as
necessidades de saúde da população e, neste caso,
com as especificidades de saúde da pessoa idosa.
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa
É um instrumento estratégico de qualificação da atenção
à pessoa idosa, objetiva contribuir para a organização
do processo de trabalho das equipes de saúde e para a
otimização de ações que possibilitem uma avaliação
integral da saúde da pessoa idosa, identificando suas
principais vulnerabilidades e oferecendo orientações de
autocuidado.
Interdisciplinar e intersetorial na
promoção da autonomia da pessoa idosa
com deficiência
A interdisciplinaridade e a intersetoralidade convidam
diariamente as políticas públicas, os setores e as
pessoas a irem além daquilo que imaginam que possam
contribuir para a saúde da pessoa idosa com deficiência.
Nesse sentido, a inserção dos idosos em outros espaços
sociais – como no mercado de trabalho, educação e
lazer – favorece a autonomia e independência de acordo
com suas necessidades individuais.
A interdisciplinaridade é a construção de uma proposta
entre duas ou mais disciplinas para a troca de saberes
dos diversos campos do conhecimento na busca da
resolução de um determinado problema.
A intersetorialidade é uma relação compelida em meio a
um ou múltiplos componentes do setor de saúde,
podendo variar entre outro setor que se tenha formado
para atuar em um tema, a fim de atingir resultados mais
efetivos do que alcançaria em uma atuação solitária de
outros setores. Para garantir a saúde das diferentes
populações, a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) devem
trabalhar para promover a integração dos diversos
setores sociais (educação, saúde, trabalho, transporte,
assistência social, entre outros), buscando compor
estratégias, tricotadas em conjunto, para o
fortalecimento das ações em saúde.
A autonomia está associada à capacidade do idoso de
tomar decisões, sendo relacionada à aptidão mental.
A independência, por sua vez, está relacionada a um
efeito prático, é a condição de capacidade em realizar
atividades do dia a dia sem o auxílio de terceiros ou
com uma interferência mínima destes. Está associada
às habilidades físicas.
Diante disso, é possível que um idoso tenha autonomia,
mas uma independência limitada. Ele pode ser
autônomo e independente, ou ser apenas independente
ou somente autônomo. Sempre que possível, a
autonomia, a liberdade de ir e vir, de cuidar da própria
medicação e alimentação, exercer atividades físicas, ter
vida social e sexual ativas, ou mesmo de morar sozinho,
devem ser respeitadas e incentivadas.
A acessibilidade deve estar presente no meio físico, no
transporte, na informação e comunicação, nos sistemas
e tecnologias da informação e comunicação, bem como
em outros serviços e instalações abertos ao público, ou
de uso público, tanto na cidade como no campo.
Inserção no mercado de trabalho
É inegável que o envelhecimento da força de trabalho é
um fenômeno global. No Brasil, essas mudanças vêm
ocorrendo rapidamente, com tendência a se aprofundar.
Assim, podemos observar no nosso dia a dia que para
uma parcela ainda expressiva da nossa sociedade, o
trabalho continuado, mesmo depois da aposentadoria,
tem várias motivações, tais como:
• A manutenção do padrão de vida, o que é a
realidade da maioria dos idosos que seguem no
mercado de trabalho;
• A manutenção da qualidade de vida e saúde, educação e de participação social, a depender, é claro,
realidade de uma pequena parcela que opta por da facilidade de cada um e de quem facilitará o processo
trabalhar para se manter ativa. de aprendizado.
A legislação brasileira de proteção e apoio à PCD é A tecnologia assistiva (TA) pode ser compreendida
considerada a mais avançada no mundo. O artigo 34 da como toda ferramenta, recurso, estratégia ou processo
Lei Brasileira de Inclusão (LIB) de 2015 assegura o desenvolvido e utilizado com a finalidade de
direito ao trabalho em igualdade de oportunidades com proporcionar maior independência e autonomia à PCD.
as demais pessoas, assim como a acessibilidade A TA deve, então, ser entendida como um auxílio que
destes locais, de forma a permitir a inclusão desta promoverá a ampliação de uma habilidade funcional
população. Porém, as lacunas, barreiras e preconceitos deficitária ou possibilitará a realização da função
existentes ainda são gigantescos e precisam ser desejada, mas que se encontra impedida devido à
ultrapassados para, assim, constituir plenamente a deficiência ou ao envelhecimento.
proteção e integração no mercado de trabalho.
Para Bersch “o objetivo maior da TA é proporcionar à
pessoa com deficiência maior independência, qualidade
Acesso à Educação e Participação Social de vida e inclusão social, através da ampliação de sua
comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente,
A educação também constitui um direito da pessoa
habilidades de seu aprendizado e trabalho”. Com ela é
idosa com deficiência assegurado através do sistema
possível desenvolver componentes de hardwares e
educacional inclusivo em todos os níveis. Isto permite
softwares que sejam mais acessíveis às pessoas com
alcançar o desenvolvimento de suas habilidades, físicas,
dificuldades sensoriais ou motoras.
sensoriais, intelectuais e sociais, conforme suas
características, interesses e necessidades de As ferramentas que são desenvolvidas para pessoas
aprendizagem. com deficiência podem ser adaptadas para suprir os
declínios de ordem motora ou sensorial que os idosos
A educação deve estar disponível a todos,
possuem ou que venham a desenvolver, pois a
independentemente de fatores sociais ou idade.
deficiência aumenta em paralelo à longevidade das
Atualmente, esse direito é garantido pelo Estatuto do
pessoas.
Idoso e ainda pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e
outras normativas brasileiras que impulsionam a Além da educação convencional, as pessoas idosas
disseminação de cursos para educação na terceira com deficiência demonstram interesses em áreas de
idade nas universidades brasileiras. conhecimentos gerais e trabalhos manuais. Isto leva a
uma maior participação social, o que é de grande valia
As práticas pedagógicas específicas com atenção às
para que o indivíduo permaneça saudável. As pessoas
individualidades bem como a acessibilidade devem ser
idosas com deficiência têm, como todos os indivíduos,
incentivadas. Para tanto, a utilização de recursos
suas potencialidades, necessidades e habilidades a
tecnológicos deve estar presente sempre que possível,
serem desenvolvidas. Assim, cabe aos profissionais
promovendo sua adaptação às pessoas com deficiência,
promoverem situações que favoreçam estas condições,
respeitando assim o princípio da usabilidade, em que a
dando ênfase a dignidade e qualidade de vida.
ferramenta precisa ter função prática.
Discussão sobre a participação das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) e das Tecnologias
assistivas (TA) nesse processo:
As novas TICs podem ser consideradas um dos fatores
que mais segregam a população idosa na atualidade. É
comum que parte da população idosa apresente no
decorrer de sua vida dificuldades de ordem cognitiva,
motora ou até mesmo financeira, as quais podem limitar
o acesso às novas tecnologias.
Ser capaz de usar a tecnologia, mas não ter acesso e
ela colocará os idosos cada vez mais em desvantagem
em termos de sua capacidade de viver e funcionar
independentemente.
No entanto, se planejadas de forma inclusiva, as novas
TICs podem ser grandes aliadas no processo de