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Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Tratamentos Termoquímicos

Prof. Manoel Quirino


Tratamento Termoquímico

 Finalidade
Endurecimento superficial pela modificação parcial da
composição química ou através de mudanças
estruturais na superfície do componente.

 Processo
Calor + meio difusão alteração da composição
química até certa profundidade (seguido geralmente de
tratamento térmico).
Tratamento Termoquímico

 Resultado
Aumentar a dureza, melhorar a resistência ao desgaste
e a abrasão, e até mesmo, a resistência a corrosão da
superfície da peça sem afetar a ductilidade e tenacidade
no seu interior.

 Aplicações
Situações onde se deseja superfície com elevada
dureza, resistente ao desgaste, e núcleo tenaz capaz de
resistir ao impacto quando em uso. Exe.: engrenagens,
mancais e eixos.
Processo de Difusão
Processo de Difusão
Tipos de Processos

 Cementação
 Nitretação
 Cianetação
 Carbonitretação
Nitrocarbonetação
 Boretação
Termorreação
Cementação

 Processo clássico de endurecimento superficial.

 É um tratamento térmico austenítico, onde o carbono é


introduzido na peça, por difusão, na fase austenita.

E por posterior têmpera irá originar martensita na camada


superficial enriquecida de carbono.
Cementação

 Objetivo
Aumentar a dureza e a resistência ao desgaste mantendo o
núcleo dúctil e tenaz – maior resistência ao impacto e à
fadiga. Formação de forças compressíveis na superfície com
o aumento da resistência à fadiga.
Influência na Penetração do Carbono
Características do Processo

Aço de baixo teor de carbono


Temperatura de tratamento
Normalmente 815 a 950°C (790 ou 1095°C)
O teor de C na superfície aumenta para até 1,0%
Gradiente de carbono suave
Fatores que Influem na Cementação

 Teor inicial de carbono no aço


 Coeficiente de difusão do carbono
 Temperatura de tratamento
 Concentração de carbono na austenita
 Natureza do agente carbonetante
 Velocidade de fluxo de gás (cementação gasosa)
Tipos de Cementação

 Cementação Sólida ou de Caixa


 Cementação Líquida
 Cementação Gasosa
 Cementação Vácuo
 Cementação Plasma
Cementação Sólida

 Peças colocadas em uma caixa de aço-liga


 Substância carbonácea (carburizante)
Carvão ou coque+ substância ativadora (carbonato)
 Temperatura 815°C a 955°C (podendo chegar a 1095°C)
 Profundidade de o,6 a 6,9mm ou mais
 Evitar camadas abaixo de 0,635mm
Vantagens da Cementação Sólida

 Variedade de fornos
 Eficiente e econômico (pequenos lotes, peças grandes)
 Menor experiência
 Diminui tendência ao empenamento
 Resfriamento lento possibilitando usinagem antes da
têmpera
Desvantagens da Cementação Sólida

 Não é limpo
 Não recomendável para camadas finas com tolerâncias
estreitas
 Baixo controle do gradiente de carbono
 Não adequado para têmpera direta
 Baixo grau de flexibilização
 Reduz velocidade de aquecimento e resfriamento
Cementação Líquida

 Banho de sal fundido (cianeto, cianato, cloreto,


carboneto ...)
 Faixa de Baixa temperatura (840°C a 900°C)
Camada de 0,13 a 0,25mm
 Faixa de Alta temperatura (900°C a 955°C)
Camada de 0,5 a 3mm
 Tempo de 0,5 a 10h
Cementação Líquida
Vantagens da Cementação Líquida

 Rapidez de operação
 Supressão de tempo gasto para aquecimento e limpeza
 Maior controle de profundidade em tempos curtos
 Proteção efetiva e facilidade de cementação localizada
 Menor possibilidade de empenamento
 Possibilidade de operação contínua
Considerações na Cementação Líquida

 Peças limpas e secas


 Fornos com exautores (cianetos são venenosos e deve-
se evitar contato com ácidos)
 Evitar resfriar ao ar (salmoura ou óleo)
 Tempo de 1 a 2h profundidade de 0,5mm (C – de 0,7%
a 1,0% + 0,2% de Nitrogênio)
Cementação Gasosa

 Atmosfera gasosa (CO, gás natural, propana, etana,


metana,...) definida e perfeitamente estável
 Utilização de gases diluidores, hidrogênio e nitrogênio,
para estabilizar
 Álcool etílico volatizado (C3H5OH) – mais recente no
Brasil
 Camada de 0,5 a 2mm
Cementação Gasosa
Cementação Gasosa
Vantagens da Cementação a Gás

 Maior limpeza e eliminação de frequente de retificação


 Melhor controle do teor de C e da camada cementada
(camada mais uniforme)
 Rápida e permite têmpera direta, sem reaquecimento
 O gás é protetor
 Cementação de peças delicadas
Desvantagens da Cementação a Gás

 Reações muito complexas


 Instalação muito onerosa, aparelhagem complexa
 Pessoal mais habilitado
 Necessidade de maior controle (temperatura, mistura
carburizante gasosa, potencial de carbono)
Cementação a Gás
Outros Tipos de Cementação

 Cementação sob vácuo


Temperatura de 845°C a 1040°C, transição mais gradual,
resfriamento em água ou óleo (sem usinagem)
 Cementação iônica ou a plasma
A vácuo com descarga de íons, maior velocidade e
temperatura, espessura de 1mm em 10min
Cementação a Vácuo
Cementação Iônica ou Plasma
Nitretação

 Tratamento termoquímico superficial onde o nitrogênio é


introduzido na fase α(ferrita) em temperaturas de 500°C a
570°C. Consequentemente, não ocorre mudança de fase
quando o aço é resfriado até a temperatura ambiente.
 Aumentar a dureza e a resistência ao desgaste
mantendo o núcleo dúctil e tenaz.
Objetivos da Nitretação

 Elevada dureza superficial (até 70HRC)


 Aumento da resistência ao desgaste e escoriação
 Aumento resistência à fadiga
 Melhora da resistência à corrosão
 Melhora da resistência superficial ao calor.
Fases de Formação na Nitretação
Fases de Formação na Nitretação
Características da Nitretação

 Temperatura inferior a crítica – 500°C a 570°C


 Peças menos suscetíveis a empenamento e distorção
 Sem tratamento térmico posterior
 Elevada estabilidade dimensional
 Três processos: a gás, líquida ou em banho de sal e
ionitretação
Nitretação a Gás

 Processo clássico de submeter peça à ação de um meio


gasoso , amônia, à temperatura determinada
 Duração de 48 a 72h, indo até 90h. Camada < 0,8mm
 Reação 2NH3 2N + 3H2
 N combina-se com EL formando nitretos
 Aços-liga (Al, Cr, V, Mo), têmpera e revenido
 Usinagem com as dimensões dentro das tolerâncias
Nitretação a Gás

 Realizado em estágio simples ou duplo


 Estágio simples
500°C a 525°C, amônia dissociada 15-30%, camada
nitretada branca – frágil e rica me N
 Estágio duplo
Menor camada branca, 550°C a 565°C, amônia
dissociada 65-85%
Nitretação a Gás
Nitretação a Gás
Nitretação Líquida

 Menor tempo que a clássica 1 a 4h, camada < 0,71mm


 Aços comuns de baixo carbono, aços-liga (inoxidáveis)
 Cianeto fundido, sais de sódio e potássio
 Temperatura 500°C a 570°C, resfria ao ar ou salmoura
 Zona de compostos e zona de difusão (+ profunda)
 braços de direção, virabrequins, anéis, pinhões,
engrenagens, etc.
Nitretação Líquida
Nitretação Líquida
Nitretação Líquida
Nitretação Líquida Sob Pressão

 Banho vedado e mantido sob pressão de 1 a 3 atm


 Fluxo de amônia vertical (0,6 a 1m3/h com dissociação
de 15 a 30%)
 Tempo médio de 24h (4 a 72h)
Nitretação Iônica ou a Plasma

 Descarga de alta voltagem, 500 a 1000V, que excita o


gás de nitrogênio e ioniza-o. Os íons são acelerados e
bombardeados na superfície do metal.
 Pressão de 1 a 10torr, gás (N, H, metana)
 Peças, cátodo, isoladas eletricamente das paredes,anodo
 Vantagem no controle de gás e desvantagem em poder
superaquecimento localizado
Nitretação Iônica ou a Plasma
Nitretação Iônica ou a Plasma
Nitretação Iônica ou a Plasma
Nitretação Iônica ou a Plasma
Nitretação Iônica ou a Plasma
Cianetação

 Comparado a cementação líquida – maior % de cianeto


 Também denominada carbo-nitretação líquida
 Aquecimento de 760°C a 870°C e resfriamento em água,
óleo ou salmoura
 Tempo de 0,5 a 1h e camada de 0,1 a 0,3mm
 Zona externa martensítca e interna bainítica
 Aços-carbono de baixo teor
Cianetação
Cianetação
Cianetação
Cianetação
Carbonitretação

 Chamada de cianetação a gás ou nitrocarbonetação


 Processo de cementação a gás modificado, com amônia
 Mistura de N, H e CO, traços de metana, O, vapor de
água,CO2; gás natural, propana ou butana; amônia anidra
 Temperatura de 700°C a 900°C, camada de 0,07 a
0,7mm melhor temperabilidade que a cementada
 Aços-carbono e aços-liga de baixo teor em liga
Carbonitretação
Carbonitretação
Carbonitretação a Plasma

 Variação do processo de nitretação a plasma


 Nenhuma fumaça tóxica ou resíduos
 Nenhum risco de explosão
 Redução do tempo de processamento
 Redução do consumo de energia
 Redução do consumo de gás de tratamento
 Técnica importante em auto-peças
Nitrocarbonetação

 Nitrocarbonetação Ferrítica
 Campo ferrítico; produzir região branca
 Nitrocarbonetação a gás
 570°C, 1 a 3 horas (nitreto, carboneto e carbonitreto)
 Nitrocarbonetação a plasma
 Variação da nitretação a plasma + até 2,5% CO2
Nitrocarbonetação
Nitrocarbonetação
Nitrocarbonetação
Oxinitrocarbonetação
Nitrocarbonetação Austenítica
Nitrocarbonetação Austenítica
Nitrocarbonetação Austenítica
Nitrocarbonetação Austenítica
Boretação

 Introdução de B, por difusão, para formação de boretos


de ferro (gasosa, líquida, sólida ou pastosa)
 Meio sólido, composto de granulado de carboneto de
boro e um ativador, fluoreto duplo de boro e potássio
 Aços-carbono comuns, aços-liga, ferro fundido cinzento
e nodular, conferindo excelente resistência ao desgaste
 Temperatura de 700°C a 1000°C, tempo de 1 a 12h
 Pode ser temperado e revenido
Boretação
Boretação
Boretação
Boretação
Boretação
Boretação
Tratamentos Termorreativos

 Produção de camada superficial de elevada dureza e


resistência ao desgaste pela formação de carbonetos,
nitretos ou carbonitretos (V, Nb, Ta, Cr, W e Mo) misturados
com bórax e cloreto de amônia.

 Aquecimento entre 850 e 1050°C por 0,5 a 10h, com


camadas de 5 a 15µm (temperados e revenidos).

 Aços de baixo C e ligas de Ni (cementados antes).

 ferramentas de corte, matrizes de conformação,


correntes, componentes automotivos etc.
a c

b d

(a) Aço ABNT 1010, (b) Aço ABNT 1040, (c) Aço AISI D2 e (d) Aço AISI 304 após boretação sólida a 900°C por 8h
Relação de Dureza Entre os Tratamentos
Relação de Dureza Entre os Tratamentos
Microestruturas Obtidas nos Tratamentos
Termoquímicos

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