Você está na página 1de 1

Crónica de D.

João I
Cap. 11

Cap. 148
 Em Lisboa, os mantimentos esgotaram-se totalmente, sobretudo para os pobres, porque
o pouco trigo que existia era muito caro.
 Alguns enganavam a fome com ervas e água; nas ruas e praças da cidade aparecem os
cadáveres de homens e cachopos com as barrigas inchadas.
 Faltava o leite às mães, que mais nada tinham para dar aos filhos senão as lágrimas que
choravam.
 Muitos maldizem o dia em que nasceram e pedem que a morte os leve depressa.
 Está ainda presente o desabafo “oh, gente que depois veio, povo bem-aventurado, que
não soube parte de tantos males nem partilhou tão triste sofrimento”: Fernão Lopes congratula
os que viverão no futuro, porque não passarão pelos sofrimentos que Lisboa tem de passar
durante o cerco.

O Povo, personagem principal é uma personagem coletiva dado que partilha um conjunto de características comuns (lisboetas
e patriotas) e um objetivo comum (apoiar o Mestre), agindo como um todo, coletivamente. Caracteriza-se como:
➔ Curioso;
➔ Indignado, revoltado, vingativo e agressivo;
➔ Determinado e preocupado;
➔ Empenhado na defesa do Mestre;
➔ Unido – age como um todo e acorre aos Paços para acudir ao Mestre: traziam lenha, queriam carqueja para lançar o fogo
ao Paço ou uma escada para verem o que se passava dentro.

Na Crónica de D. João I emerge um sentimento coletivo do povo português que se traduz na consciência de se pertencer a
uma mesma nação que advém, em grande medida, de temerem a invasão castelhana e de sentirem a independência do reino e
a sua liberdade ameaçadas durante a Crise de 1383-1385. Por isso. A palavra “Portugal” define, não já um território, mas um
corpo de gente animado de um pensamento, expressão ainda apenas em esboço do direito pelo qual um novo povo se levantou
contra um rei, o direito nacional.

O sentimento nacional afirma-se porque se fortalece a noção de comunidade. O povo de Lisboa manifesta-se contra a regente
D. Leonor e contra a influência estrangeira (Cap. XI) e sofre em conjunto a dureza e as privações do cerco que João de Castela
monta à capital (cap. CXLVIII). Contudo, são também portugueses de várias terras e regiões que se mobilizam para preparar a
resistência a essa invasão e que enfrentam o exército castelhano nas batalhas de Atoleiros e de Aljubarrota.

Você também pode gostar