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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Fisiopatologia............................................................... 4
3. Manifestações Clínicas............................................. 6
4. Classificação...............................................................12
5. Exames complementares......................................12
6. Tratamento..................................................................12
Referências Bibliográficas .........................................16
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 3

1. INTRODUÇÃO com idade escolar atualmente e cal-


cula-se que este transtorno é um dos
O transtorno de déficit de atenção e
principais motivos de encaminha-
hiperatividade (TDAH) é identificado mento de pacientes nesta faixa etária
pelo Manual Diagnóstico e estatísti- para o serviço de saúde, porém os da-
co dos Transtornos Mentais (DSM 5) dos epidemiológicos sofrem grandes
como um distúrbio do neurodesen- variações de um local para o outro.
volvimento, definido por sintomas de Diversos países realizam estudos de
desatenção, desorganização ou hipe- epidemiológicos de TDAH e encon-
ratividade e impulsividade. Os trans- tram resultados diferentes. A localiza-
tornos do neurodesenvolvimento são ção geográfica tem pouca influência
um conjunto de condições que levam nesses dados e essas divergências
a déficits no desenvolvimento e co- obtidas nas taxas de prevalência são
meçam a se manifestar em crianças consequência da diferença de meto-
com idade pré-escolar, causando difi- dologia entre os estudos, como idade,
culdades no desempenho social, pes- fonte de informação, critérios diag-
soal, acadêmico e profissional. nósticos e forma de aplicação.
Estudos que utilizam de forma fide-
SE LIGA! O transtorno de déficit de digna os critérios do DSM encontram
atenção e hiperatividade é uma condi-
uma taxa de prevalência em torno de
ção psiquiátrica que se inicia na idade
pré-escolar e é caracterizada por sinto- 3% a 6% em crianças em idade esco-
mas de desatenção ou hiperatividade e lar, sendo mais prevalente em meni-
impulsividade. nos. A prevalência mundial é de 5,3%
em crianças e adolescentes menores
de 18 anos. Estima-se que metade
No TDAH, a desatenção e desorga-
desses pacientes permaneçam sinto-
nização estão relacionados com a
máticos na idade adulta.
dificuldade de permanecer em uma
tarefa, perder objetos e não perceber A diferença entre os gêneros varia de
um chamado em nível incoerente à 2:1 em estudos populacionais e che-
idade. Já a hiperatividade e impulsivi- ga até 9:1 em estudos clínicos. Den-
dade envolvem inquietação, interfe- tre os subtipos, o predominantemen-
rência nas atividades de outras pes- te hiperativo/impulsivo atinge entre 2
soas, incapacidade de aguardar sua a 9 vezes mais os meninos, e o tipo
vez ou de permanecer sentado, tam- predominantemente desatento atinge
bém de forma inadequada ao nível de ambos os sexos com frequência simi-
desenvolvimento. lar. A diferença de prevalência entre
os sexos possivelmente ocorre, pois,
Sabe-se que o TDAH é uma das con-
meninas apresentam mais o subtipo
dições mais estudadas em crianças
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 4

predominantemente desatento que A contribuição genética do TDAH é


exibe menos transtornos de condu- bastante estudada. Diversos estu-
ta como comorbidade e causa menos dos de famílias indicam que há uma
desconforto social para a escola e para recorrência familiar em parentes bio-
a família e, por isso, são menos enca- lógicos de primeiro grau considerável
minhadas ao serviço de saúde. no transtorno. Pais de crianças com
Faltam estudos que possibilitem uma diagnóstico de TDAH são cerca de 2
avaliação clara da diferença de pre- a 8 vezes mais afetados que a popu-
valência dentre os níveis sociais e as lação geral. Estudos com filhos ado-
etnias. tados mostram que a prevalência em
pais biológicos é 3 vezes maior que
em pais adotivos.
2. FISIOPATOLOGIA Apesar de ainda não haver estudo
A etiologia precisa do TDAH ainda que indique algum gene que seja su-
permanece desconhecida, porém sa- ficiente para o desenvolvimento da
be-se que existe uma influência ge- doença, algumas pesquisas sugerem
nética e ambiental para seu desen- que genes codificadores dos compo-
volvimento. O TDAH apresenta uma nentes do sistema dopaminérgico,
grande heterogeneidade clínica e, por serotoninérgico e noradrenérgico es-
isso, acredita-se que tenha também tão envolvidos na sua fisiopatologia.
uma heterogeneidade etiológica. Polimorfismos no gene transportador
Semelhantemente a outros transtor- de dopamina (DAT1), no gene do re-
nos psiquiátricos, vários genes de ceptor D4 de dopamina (DRD4) e no
pequeno efeito podem levar a uma gene do receptor 2A de serotonina
suscetibilidade genética. Assim, acre- (HTR2A) podem estar associados as
dita-se que o desenvolvimento do manifestações clínicas do TDAH, mas
TDAH surja a partir da interação de não são fatores causais necessários.
genes suscetíveis entre si e com o
ambiente.

SAIBA MAIS!
O córtex pré-frontal é responsável pelas funções executivas do indivíduo, que abrangem: o
ajuste preparatório, que escolhe do comportamento mais adequado para cada situação so-
cial; a memória operacional, que mantem temporariamente ativa as informações necessárias
para conclusão de uma atividade.; e o controle inibitório de impulsos interferências.
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A maturação e mielinização do encé- enquanto que a hiperatividade está


falo ocorre de maneira póstero-ante- mais ligada ao bloqueio de receptores
rior, assim, seguindo a cronologia de α2 de serotonina.
desenvolvimento neurológico é con- Com relação aos fatores ambientais,
siderado fisiológico algum nível de hi- questões psicossociais que modifi-
peratividade isolada em crianças sem quem o funcionamento adaptativo da
acometimento até cerca de 4 anos de criança, como presença de doença
idade, pois a região pré-frontal (res- mental nos pais e história de abuso
ponsável pelo controle motor) só fi- infantil, podem participar do surgi-
naliza seu processo de mielinização mento e manutenção do transtorno.
nesse período. Estudos mais recen- Complicações da gestação também
tes sugerem que crianças com TDAH parecem aumentar o risco de desen-
apresentam atividade reduzida, me- volvimento do TDAH, como eclamp-
nor volume e uma lentificação na ma- sia, estresse fetal e hemorragia pré-
turação do córtex pré-frontal, que en- -parto. Pacientes com muito baixo
tre outras coisas, está relacionado à peso ao nascer tem risco amenta-
capacidade de atenção e controle de do de 2 a 3 vezes de desenvolver o
impulsos. A menor disponibilidade de transtorno do que a população geral.
receptores D2 e D3 de dopamina está A exposição intrauterina ao álcool ou
associada a sintomas de desatenção, tabaco também aumentam o risco.

Fisiopatologia
Doença mental nos pais
Eclampsia
Estresse fetal
Hemorragia pré-parto História familiar
Exposição intraútero a
Suscetibilidade
álcool e tabaco Fatores ambientais
Muito baixo peso ao
genética
nascer

Lentificação da
Menos receptores Menos receptores
maturação do córtex
D2 e D3 de dopamina α2 de serotonina
pré-frontal

desatenção Hiperatividade/
impussividade
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 6

3. MANIFESTAÇÕES impulsividade são manifestadas difi-


CLÍNICAS culdade de ficar sentado, movimen-
tação excessiva, agir sem pensar nas
O diagnóstico do TDAH é clínico, re-
consequências e dificuldade em es-
alizado através de critérios opera-
perar sua vez.
cionais de sistemas classificatórios,
como o DSM. Os critérios utilizados Para realizar o diagnóstico de desa-
pelo DSM abrangem uma avaliação tenção pelo DSM 5, o paciente preci-
da intensidade, frequência, contexto sa preencher pelo menos 6 dos crité-
e duração dos sintomas. Os sintomas rios listados abaixo:
envolvem a desatenção e a hiperati- 1. Frequentemente não presta aten-
vidade/impulsividade. A desatenção ção em detalhes ou comete erros
é percebida pela distração durante por descuido em tarefas escola-
as atividades, mudança constante res, no trabalho ou durante outras
de atividades, frequentes mudanças atividades;
de assunto durante uma conversa e
aversão a realização de atividades 2. Frequentemente tem dificuldade
mais complexas que necessitam de de manter a atenção em tarefas ou
organização. Já a hiperatividade e atividades lúdicas;

Figura 1: Dificuldade de manter a atenção em tarefas. Fonte: https://educacional.cpb.com.br/conteudos/


comportamento/desatencao-tdah-ou-fatores-ambientais/
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 7

3. Frequentemente parece não escu- 4. Frequentemente não segue instru-


tar quando alguém lhe dirige a pa- ções até o fim e não consegue ter-
lavra diretamente; minar trabalhos escolares, tarefas
ou deveres no local de trabalho;

Figura 2: Dificuldade em terminar trabalhos escolares. Fonte: http://www.revistaplanetakids.com.br/


artigo/o-que-e-transtorno-do-deficit-de-atencao-tdah/76

5. Frequentemente tem dificuldade 7. Frequentemente perde coi-


para organizar tarefas e atividades; sas necessárias para tarefas ou
atividades;
6. Frequentemente evita, não gosta
ou reluta em se envolver em ta- 8. Com frequência é facilmente dis-
refas que exijam esforço mental traído por estímulos externos;
prolongado;
9. Com frequência é esquecido em
relação a atividades cotidianas.
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 8

Para diagnóstico de hiperatividade 3. Frequentemente corre ou sobe nas


e impulsividade pelo DSM 5, o pa- coisas em situações em que isso é
ciente precisa preencher pelo menos inapropriado;
6 dos critérios listados abaixo:
4. Com frequência é incapaz de brin-
1. Frequentemente remexe ou batu- car ou se envolver em atividades
ca as mãos ou os pés ou se contor- de lazer calmamente;
ce na cadeira.
5. Com frequência “não para”, agindo
2. Frequentemente levanta da cadei- como se estivesse “com o motor
ra em situações em que se espera ligado”;
que permaneça sentado;

Figura 3: Dificuldade em ficar parado. Fonte: https://acasadopedrinho.com/


transtorno-de-deficit-de-atencao-hiperatividade-tdah-em-criancas/

6. Frequentemente fala demais; 8. Frequentemente tem dificuldade


para esperar a sua vez;
7. Frequentemente deixa escapar
uma resposta antes que a pergun- 9. Frequentemente interrompe ou se
ta tenha sido concluída; intromete;
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Para fechar o diagnóstico, os sintomas quando o paciente apresenta desa-


precisam ser constantes e persisten- tenção, por ela ficar mais perceptível
tes por um período mínimo de 6 me- e prejudicial no ambiente escolar.
ses e terem um grau incoerente com Durante a adolescência, o transtorno
a idade e o nível de desenvolvimento tende a melhorar e ficar mais está-
da criança. Devem ter surgido antes vel, com sintomas de hiperatividade
dos 12 anos de idade e influenciarem motora menos perceptíveis. Porém, a
negativamente a funcionalidade das desatenção, a impulsividade, a sen-
atividades sociais, diminuindo a qua- sação de inquietude e os problemas
lidade das tarefas exercidas, estando de planejamento de tarefas tendem
presente em pelo menos 2 ambientes a continuar e permanecer durante a
(como casa, escola, com amigos). vida adulta.
Os sintomas não são mais bem ex- Apesar da presença de sintomas de
plicados por outro transtorno mental desatenção, o paciente com TDAH
como esquizofrenia ou outro transtor- costuma apresentar o hiperfoco que
no psicótico, transtorno de ansiedade, é a capacidade de se manter concen-
transtorno do humor, transtorno da trado em uma única tarefa por várias
personalidade, intoxicação ou absti- horas. Normalmente a criança tem
nência de substância. hiperfoco de forma inconsciente em
Por ser um transtorno dinâmico e atividades que considera prazerosa.
possivelmente transitório, com pos- Os sintomas podem variar de acordo
sibilidade de melhora clínica confor- com o ambiente que a criança está
me o desenvolvimento e a maturação e com o contexto a que está sendo
neurológica, o paciente deve ser re- submetido. Os sintomas podem fi-
avaliado e o diagnóstico precisar ser car menos perceptíveis se o pacien-
revisado a cada 6 meses. te está sob supervisão de um adulto,
Na idade pré-escolar, a principal ma- está inserido em um contexto social
nifestação é a hiperatividade. Muitas novo, está recebendo estímulos ex-
vezes, os sintomas começam a ser ternos, está envolvido em atividades
percebidos pelos pais quando a crian- de seu interesse ou está recebendo
ça começa a andar, porém nessa ida- recompensas constantes por seguir
de é muito difícil diferenciar o compor- determinado comportamento.
tamento normal do patológico devido
a maturação do encéfalo só se com-
pletar aos 4 anos de idade. Por isso, o
TDAH é mais diagnosticado durante
o ensino fundamental, principalmente
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 10

O TDAH não é considerado um trans-


NA PRÁTICA! Paciente, masculino, 7 torno de aprendizagem, mas seus
anos, cursando o 1º ano do ensino fun- sintomas podem gerar uma dificulda-
damental, vem a consulta por orienta-
de de aprendizagem, resultando em
ção da escola que relata que a criança
apresenta dificuldades para permanecer um pior rendimento escolar e suces-
sentado durante as aulas e não costuma so acadêmico e profissional reduzido.
finalizar as tarefas propostas em sala. O Procuram mais serviços de emergên-
menino está aprendendo a ler, mas en-
contra-se em um nível de aprendizado
cia por lesões acidentais, como fratu-
abaixo dos seus colegas de turma. Ten- ras e tendem a se envolver mais em
de a não prestar atenção quando a pro- violações e acidentes de trânsito.
fessora está falando e parece sempre
ser distraído por fatores externos. Du- Crianças com o diagnóstico tem ris-
rante o intervalo, prefere realizar brinca- co maior do que a população geral de
deiras que exijam maior movimentação evoluir com transtorno de conduta na
e reluta em participar de jogos em que
precise esperar a sua vez. adolescência e transtorno de perso-
nalidade antissocial na vida adulta.
Em casa, a mãe relata que ele costuma
subir nos móveis e pular para o chão, Uma das principais comorbidades
gosta muito de falar e sempre se intro- das crianças com TDAH é o transtor-
mete nas conversas dos adultos. Gosta
de jogar vídeo games e não responde ao no opositor desafiante (TOD), poden-
chamado dos pais quando está jogando. do estar presente em até metade dos
Reluta para começar a resolver as tare- pacientes com TDAH com subtipo
fas escolares e sempre fica levantando
da cadeira quando está escrevendo ou
combinado.
quando sentado fica mexendo os braços
e as pernas. Perde brinquedos com bas-
tante frequência e mostra-se inquieto
quando precisa esperar por algo.

SAIBA MAIS!
O transtorno opositor desafiante é uma condição que se caracteriza por presença de humor
raivoso ou irritado, conduta questionadora e desafiante com regras e figuras de autoridade
com duração de no mínimo 6 meses, podendo se manifestar somente em casa ou ambientes
sociais diversos.
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Não presta atenção remexe ou batuca as


em detalhes mãos ou os pés

Dificuldade de manter a
levanta da cadeira em
atenção em atividades
momento inadequado
lúdicas

corre ou sobe nas


parece não escutar
coisas em momento
quando alguém chama
inadequado

incapaz se envolver
não segue instruções
Desatenção em atividades de lazer
até o fim
calmamente

dificuldade para age como se


organizar tarefas e TDAH estivesse “com o motor
atividades ligado”

Hiperatividade/
reluta em fazer
impussividade
tarefas que exijam fala demais
esforço mental

responde antes que a


perde coisas
pergunta tenha sido
necessárias
concluída

facilmente distraído dificuldade para


por estímulos externos esperar a sua vez

esquecido em relação a interrompe ou se


atividades cotidianas intromete
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4. CLASSIFICAÇÃO 5. EXAMES
COMPLEMENTARES
O TDAH é classificado em 3 subtipos:
apresentação predominantemente O diagnóstico do TDAH é eminente-
desatenta, apresentação predomi- mente clínico e não exige exames la-
nantemente hiperativa/impulsiva e boratoriais ou de imagem. Não exis-
apresentação combinada. te nenhum marcador biológico para
O paciente é classificado em predo- diagnóstico de TDAH. Exames de
minantemente hiperativo/impul- eletroencefalograma mostram que
sivo quando somente os critérios crianças com TDAH apresentam um
de hiperatividade/impulsividade são aumento de ondas lentas, e resso-
preenchidos, sem preencher os 6 cri- nância magnética do crânio apresen-
térios de desatenção. É considera- ta volume encefálico total menor que
do predominantemente desatento crianças sem o transtorno. Porém, es-
quando somente os critérios de desa- ses exames não são indicados para a
tenção são preenchidos, sem preen- prática clínica, ficando limitado ao uso
cher os 6 critérios de hiperatividade/ em pesquisas.
impulsividade. Por fim, é classificado Exames de acuidade visual e auditi-
como subtipo combinado quando va, entretanto, são importantes para
preenche critérios para desatenção e identificar se o déficit de atenção é
hiperatividade/impulsividade. proveniente de alteração nessas fun-
Também pode ser classificado con- ções sensoriais ou se podem estar
forme a gravidade em leve, moderado relacionadas ao TDAH. Além disso,
e grave. É considerado leve se o pa- caso o paciente apresente caracterís-
ciente apresentar poucos ou nenhum ticas que indiquem uma possível sín-
sintoma além dos necessários para o drome do X frágil, é necessário des-
diagnóstico e tenha apenas pequenos cartar essa hipótese antes de concluir
prejuízos no âmbito social ou acadê- que é TDAH.
mico/profissional. É classificado como
grave se tiver muitos sintomas além 6. TRATAMENTO
dos necessários para o diagnóstico
ou apresenta sintomas graves ou que O tratamento do TDAH é multiprofis-
resulte em grande prejuízo nas rela- sional e engloba intervenções psicos-
ções sociais ou na função acadêmica sociais e farmacológicas para atingir
ou profissional. É considerado mode- um bom resultado.
rado quando os sintomas não se en- Com relação as intervenções psicos-
caixam nem em leve nem em grave. sociais, o pediatra deve orientar os pais
sobre intervenções comportamentais
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que podem ajudar a manejar os sin- dopamina e pode ser administrada


tomas da criança, como, fornecer um na dose inicial de 30mg uma vez ao
ambiente sem estímulos visuais e dia. Por serem medicações estimu-
silencioso para estudar, além de co- lantes, só estão indicados para crian-
nhecer técnicas de reforço positivo, ças maiores de 6 anos.
que podem favorecer o comporta- Como medicações estimulantes po-
mento adaptativo social. dem apresentar efeitos colaterais
Deve-se indicar tratamento psicoló- como mudanças de humor, ansieda-
gico, sendo que a modalidade mais de, dificuldade para adormecer, dimi-
estudada e com maior evidência cien- nuição do apetite, cefaleia e com uso
tífica de benefício para esses quadros prolongado pode causar desacelera-
é cognitivo-comportamental. ção do crescimento o uso de medica-
A terapia medicamentosa para o ção não estimulante pode ser melhor
TDAH é amplamente difundida atra- indicada. Assim, a atomoxetina, um
vés de medicamentos estimulantes, fármaco não estimulante que inibe
sendo essa classe a primeira escolha seletivamente a noradrenalina e está
para o tratamento. O metilfenidato é liberada para uso em maiores de 6
um dos medicamentos dessa classe, anos pode ser prescrita, em dose de
que age inibindo a recaptação da do- 0,3 mg/Kg, uma vez ao dia.
pamina e pode ser administrado na
dose inicial de 10 mg/Kg a cada 4
horas. Existem formulações
de liberação lenta que
permitem uma única
dose diária.
Outra medicação
estimulante é a
lisdexanfeta-
mina que tam-
bém inibe a re-
captação da
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MAPA MENTAL TRATAMENTO

Metilfenidato

Terapia cognitivo-
Psicoterapia Medicação Lisdexanfetamina
comportamental

Atomoxetina

TDAH

Orientação para
responsáveis
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Dificuldade de manter a
não segue instruções parece não escutar
atenção em atividades
até o fim quando alguém chama
lúdicas

dificuldade para
Não presta atenção em Metilfenidato
organizar tarefas e
detalhes
atividades
Medicação Lisdexanfetamina
reluta em fazer
Desatenção facilmente distraído por
tarefas que exijam
estímulos externos Atomoxetina
esforço mental

TRATAMENTO
perde coisas
necessárias

Terapia cognitivo-
Psicoterapia comportamental
esquecido em relação a
atividades cotidianas

TDAH

responde antes que a dificuldade para CLINICA


pergunta tenha sido esperar a sua vez
concluída

corre ou sobe nas


coisas em momento FISIOPATOLOGIA
inadequado

Hiperatividade/ Lentificação da
incapaz se envolver maturação do córtex
em atividades de lazer impussividade
pré-frontal
calmamente
Fatores
ambientais + Menos receptores D2 e
age como se estivesse levanta da cadeira em D3 de dopamina
Suscetibilidade
“com o motor ligado” momento inadequado
genética

Menos receptores
fala demais interrompe ou se remexe ou batuca as α2 de serotonina
intromete mãos ou os pés
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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