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PRÁTICA PROFISSIONAL

EM EDUCAÇÃO FÍSICA

autores
EDVALDO ANTUNES DE FARIAS
ÂNGELO LUIS DE SOUZA VARGAS

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2019
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autores do original  edvaldo antunes de farias, ângelo luis de souza vargas

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  andré lage, luís salgueiro e luana barbosa da silva

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  luiz carlos michelotti pinheiro

Imagem de capa  wavebreakmedia | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2019.

Diretoria de Ensino – Fábrica de Conhecimento


Av. das Américas, 4.200 – Barra da Tijuca
Campus Tom Jobim – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22640-102
Sumário
Prefácio 7

1. Diretrizes e orientações de conteúdo e


forma para elaboração do relatório
final de estágio - RFE 11
A seção introdução do relatório final de estágio - RFE 13
Nome da instituição (razão social e fantasia) 14
Localização completa 15
CNPJ e atividade econômica principal 15
Contatos de voz e virtuais 16
Porte da empresa pelo no. de clientes atendidos 16
Natureza da empresa (pública, privada, projeto social...) 17
Descrição da oferta de serviços 17
Preços cobrados nos serviços e ticket médio da empresa 17
Missão e Visão da empresa 18
Espaços físicos disponíveis 19
Supervisão do estágio 19
Processo seletivo para estágio 20
Programa de estágio 20
Área de desenvolvimento do estágio 20
Razões de escolha do estágio nesta empresa 21

A seção desenvolvimento do relatório final de estágio – RFE 21

A seção CONCLUSÕES do Relatório Final de Estágio – RFE 22

A seção ANEXOS do Relatório Final de Estágio – RFE 23

Exemplo da estrutura de páginas pré-textuais do RFE 25

2. Ética no exercício profissional em


Educação Física 37
Os doutrinadores 39

A profissão: conceito e finalidades sociais 41


A regulamentação da profissão e a constituição das normas éticas
e disciplinares. 43

O conceito de Educação Física e espírito das normas éticas da profissão 45

A Formação da Normatividade Ética na Educação Física 46

A codificação da ética profissional em Educação Física. 49


Redação preambular 50
Princípios Norteadores 51
A parte substantiva do código 51

3. Planejamento e gestão da carreira


profissional & mercado de trabalho em
Educação Física 57
Planejamento da carreira profissional: cenários mutantes &
perfis profissionais 60

Possibilidades da carreira profissional: dimensões diferentes &


perfis específicos 68

A carreira profissional: construção de marca & patrimônio


como regra 72

4. A gestão dos negócios e serviços ligados


à educação física: prestação de serviços,
vendas, relacionamento com clientes e
o papel do gestor 79
Prestação de Serviços a Clientes nos Negócios em Educação Física:
O Atendimento 81

O processo de vendas nos negócios ligados à Educação Física 86

A dimensão interpessoal dos negócios: gestão do relacionamento


com clientes 89
Dimensão PESSOAS 90
Dimensão PROCESSOS 92
Dimensão TECNOLOGIA 93
5. Temáticas transversais relacionadas ao
exercício profissional em educação física 99
Aspectos jurídicos e responsabilidades institucionais no
universo das atividades físicas e desportivas. 101

As responsabilidades 102
Responsabilidade administrativa 103
Responsabilidade civil 103
Responsabilidade Penal ou Criminal 105

O novo desafio do exercício profissional em Educação Física


na sociedade contemporânea. 106

O universo virtual e a prática profissional em Educação Física 109

Diversidade cultural, meio ambiente e sustentabilidade na


prática das atividades físicas e desportivas. 110
Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

Este livro foi concebido com os cuidados imperiosos no sentido de fornecer


ao estudante de Educação Física o acesso a alguns dos principais aspectos que
norteiam a prática profissional na sociedade contemporânea. Guiados por este
intuito, foram estruturados os cinco capítulos apresentados a seguir que obje-
tivam, sobretudo, subsidiar os conteúdos programáticos das disciplinas Prática
Profissional em Educação Física I, II, III e IV. Ao consultar e fazer uso do livro
durante o período de lecionação e de estágio prático nos contextos de atividades
laborativas do futuro Bacharel em Educação Física você, acadêmico de Educação
Física, estará sendo preparado a observar no âmbito do cosmo profissional, du-
rante as suas vivências de coparticipação, a identificar de forma efetiva os valores
que norteiam as práticas profissionais o que, em última análise, possibilitará o
exercício da observação analítica e, sobretudo crítica.
Ainda norteados pelo intento de possibilitar ao estudante o melhor acesso aos
conteúdos programáticos, optou-se por desenvolver os capítulos que se seguem
em observância a uma taxonomia centrada numa sequência pedagógica sem,
contudo, abrir mão das nuances e complexidades que cada etapa que a “Prática
Profissional” possa vir a demandar.
O Capítulo I, dedica-se a apresentação das diretrizes para a construção do
RFE - Relatório Final de Estágio, em suas orientações de conteúdo e forma, de tal
modo que, independente do docente responsável pela condução dessa orientação
do estágio, você tenha à sua disposição o conjunto de informações necessárias
para cumprir as exigências acadêmicas da disciplina atendendo as orientações
gerais do curso de graduação em Educação Física na modalidade Bacharelado.
Serão apresentadas as formatações textuais necessárias dos RFE, os conteúdos
minimamente obrigatórios a cada uma de suas seções (que podem ser enriquecidos
pelo docente-orientador em qualquer uma das 4 disciplinas em tela), as abordagens
obrigatórias de cada uma dessas seções e ainda os documentos obrigatórios que
devem compor os Anexos e Apêndices do RFE.
O Capítulo II, voltado aos conteúdos da Profissional em Educação Física I,
discorre sobre a Ética Profissional. Para a melhor compreensão dos conteúdos, o
referente capítulo apresenta uma parte preambular que objetivou situar o leitor no
contexto histórico e evolutivo dos valores que compõem o acervo axiológico da

7
Ética. Em seguida, apresentamos uma análise da origem legal da Profissão Educação
Física e ainda, a normatividade substantiva que ampara a ética profissional. Todos
esses conteúdos estão suportados em documentos que poderão ser consultados
simultaneamente nas suas integralidades nas referências assinaladas e também,
nos portais virtuais indicados. No capítulo, o estagiário tem a possibilidade de
estabelecer contato direto com as normatizações éticas e jurídicas de forma direta
com os órgãos representativos de categoria profissional, nomeadamente, o Sistema
CONFEF/CREF’s.
O capítulo III, que aborda conteúdos da disciplina Prática Profissional
em Educação Física II, abrange a carreira profissional em Educação Física, seu
planejamento e gestão, além do mercado de trabalho e suas mudanças nos diferentes
cenários empresariais. O propósito principal é fornecer a você, estudante de
Educação Física, a possibilidade de refletir sobre o que caracteriza o planejamento
de uma carreira profissional, em suas fases e providências essenciais, além de
conduzi-lo à observação do mercado de trabalho na área do bacharelado e como
articular a gestão e o planejamento da carreira com as demandas desse mercado,
de modo a preparar-se minimamente com vista ao sucesso profissional pretendido.
Utilizamos para isso não apenas conteúdo escrito, mas também propomos
atividades práticas ligadas a essa abordagem, além de sinalizar links de vídeos e
material de leitura sugerida como forma de contribuir com esse desenvolvimento.
O capítulo IV, aborda aos conteúdos da disciplina Prática Profissional em
Educação Física III, nosso foco de abordagem é a gestão de serviços ligados à
prática profissional no bacharelado em Educação Física e sua aplicabilidade nos
negócios em seus diferentes segmentos. Analisamos, ainda, conteúdos relacionados
ao comportamento do consumidor no processo de compra/venda de serviços
relacionados a nossa profissão, bem como das diferentes estratégias de venda de
serviços aos clientes ou consumidores e o relacionamento necessário a manutenção
dessa relação, gerando retenção e fidelização além de prevenir a evasão deles. Além
disso, propomos atividades ligadas ao perfil do gestor nas empresas relacionados à
prática profissional no bacharelado e seus papéis e responsabilidades na condução
dos negócios pelos quais são responsáveis.
O capítulo V, aborda conteúdos programáticos da Disciplina Prática
Profissional em Educação Física IV, e para contemplar toda a substância da ma-
téria, foi dividido em subitens para facilitar a compreensão dos objetivos a serem
alcançados durante a sua vivência profissional curricular. Esta subdivisão aborda
os aspectos:
1. Responsabilidade profissional com seus enquadramentos legais e, con-
sequentes desdobramentos jurídicos nas diferenciadas formas de responsa-
bilização no cosmo civil, administrativo e penal;
2. Desafios do exercício profissional no contexto do multiculturalismo
como estrutura paradigmática da sociedade contemporânea;
3. Meio ambiente, e suas características no modelo ecológico atual, desta-
cando a atenção para os riscos dos estilos de vida, seus fatores indutores do
sedentarismo e consequências deste status quo;
4. Inclusão social como importante desafio para a prática profissional em
educação física;
5. Relações de sexo e gênero e sua importância no exercício profissional
frente os novos desafios da moralidade consensual;
6. Tecnologias emergentes na prática laborativa, com suas características e
impactos no exercício de funções técnicas e;
7. Questões ambientais e suas relações com o multiculturalismo e as di-
versas formas e pilares que sustentam os conceitos de sustentabilidade e
suas relações com níveis de saúde desejáveis sob a ótica ecológica na socie-
dade contemporânea.

Bons estudos!
1
Diretrizes e
orientações de
conteúdo e forma
para elaboração do
relatório final de
estágio - RFE
Diretrizes e orientações de conteúdo e forma
para elaboração do relatório final de estágio-RFE

Apresentamos a você, estudante de Educação Física na habilitação Bacharelado,


nesse capítulo, um conjunto de informações, orientações e diretrizes relacionadas à
construção da estrutura e dos conteúdos de seu Relatório Final de Estágio - RFE.
Quando nos referimos a estrutura, estamos falando tanto da estrutu-
ra física do citado documento (compreendida pelas seções INTRODUÇÃO,
DESENVOLVIMENTO, CONCLUSÕES, REFERÊNCIAS, ANEXOS, como
também a estrutura lógica do mesmo documento, ou seja, as abordagens de con-
teúdo que devem estar presentes em cada uma dessas seções bem como da inter-
face entre elas.
Esperamos, com isso, ao dedicar um capítulo especificamente a esses aspectos,
contribuir para que você não encontre dificuldades na construção de seu RFE,
tanto em termos de seus conteúdos como também na sua formatação final,
dentro das exigências do curso de Educação Física na habilitação Bacharelado, na
Universidade Estácio de Sá.
Tanto os exemplos como também os documentos obrigatórios estarão
disponíveis ao longo do capítulo por meio de links, todas as vezes que a eles nos
referirmos, de tal forma que você precisa apenas acessar, fazer as devidas adequações
no preenchimento para em seguida utilizá-los, evitando assim que tenha dúvidas
em relação à utilização de documentos que não atendam as exigências do curso e
das disciplinas Prática Profissional I, II, III e IV.
Em relação às configurações textuais e formatações do RFE temos as seguintes
orientações que devem ser seguidas:
•  Espaçamento entre linhas de 1,5;
•  Margens de 3 cm esquerda e 2 cm à direita, superior e inferior;
•  Fonte Arial tamanho 12;
•  Texto com parágrafos justificados;
•  Numeração de páginas no alto e à direita (a partir da Introdução com pág. 4);
•  Títulos das seções em CAIXA ALTA e negrito (tal como fizemos aqui);
•  Subtítulos das seções em caixa baixa e negrito (idem).

A parte pré-textual do RFE (CAPA, FOLHA DE ROSTO, FOLHA DE


AVALIAÇÃO e SUMÁRIO), deverá seguir um padrão único que lhe será

capítulo 1 • 12
apresentado por seu professor-orientador tão logo inicie cada período letivo nas
disciplinas Prática Profissional I, II, III ou IV. Mas, além disso, apresentamos, no
final deste capítulo, um exemplo de cada uma dessas páginas para sua orientação,
além dos Anexos obrigatórios, que devem ser adequadamente preenchidos em
função das especificidades de cada uma das disciplinas em tela.

OBJETIVOS
•  Compreender a lógica de construção do Relatório Final de Estágio - RFE em cada uma de
suas partes componentes;
•  Identificar e compreender a formatação textual e demais detalhes técnicos da estrutura do
Relatório Final de Estágio – RFE.
•  Compreender e aplicar os itens obrigatórios que devem compor o conteúdo do Relatório
Final de Estágio – RFE

A seção introdução do relatório final de estágio - RFE

Como em toda e qualquer obra literária, a INTRODUÇÃO do seu RFE tem


uma finalidade apresentativa de algo que será descrito em seguida. Dessa forma, a
INTRODUÇÃO de seu RFE tem o propósito de apresentar com algum nível de
detalhamento, a empresa concedente da sua experiência profissional sob a forma de
estágio, os seus objetivos nessa experiência, pessoas que participaram desse processo
e ainda as razões de sua escolha por essa empresa e área de atuação profissional.
É importante registrar que, pelo fato de seu relatório ser o resultado de uma
experiência vivida por você, o tempo verbal adotado na sua construção deve ser
sempre o pretérito perfeito (passado), ou seja, mesmo sendo a parte inicial do
documento, ele remete as experiências já vividas pelo relator delas (você).
No que diz respeito a apresentação da empresa concedente (empresa que con-
cede a oportunidade de seu estágio), há um conjunto de informações que respon-
dem pela sua caracterização, e que precisam ser buscadas por você junto a ela para
uma descrição exata e objetiva. Exata o suficiente para corresponder a realidade da
empresa, e objetiva o suficiente, para não gastar tempo e energia com desdobra-
mentos desnecessários e textos longos e prolixos. O parâmetro para a construção
de um bom RFE é a qualidade das informações e não a quantidade de páginas
necessárias para isso, ok?

capítulo 1 • 13
Assim, apresentamos a seguir um conjunto de 15 (quinze) itens que obriga-
toriamente devem estar presentes na Introdução de seu RFE, com o respectivo
detalhamento deles. Ressaltamos, e pedimos sua especial atenção, para o fato de
que, todas as vezes em que a informação não puder ser disponibilizada pela em-
presa ou não for pertinente à sua realidade, você deve descrever isso no seu RFE
e não, simplesmente, deixar de abordar o item. Caso o faça, sua Introdução será
considerada inconsistente pela falta de informações consideradas obrigatórias.
Em síntese, a Introdução do RFE deve ser composta por um texto apresentati-
vo da instituição na qual a vivência profissional ocorreu, devendo conter mínima
e obrigatoriamente as informações sobre os itens listados no tabela 1.1, e descri-
tas em seguida, não necessariamente na ordem apresentada, em um tamanho que
não deve exceder a 2 laudas.

1. Nome da instituição (fantasia e razão social);


2. Localização completa;
3. CNPJ da empresa e atividade econômica principal;
4. Contatos (de voz e virtuais);
5. Porte da empresa (usar no. colaboradores);
6. Natureza da empresa (pública, privada, projeto social...)
7. Descrição das ofertas de serviços;
8. Preços cobrados pelos serviços e ticket médio da empresa;
9. Missão e Visão da empresa;
10. Espaços físicos disponíveis;
11. Supervisão do estágio (nome e registro no CREF;
12. Processo seletivo do estágio
13. Existência de programa de estágio;
14. Área de desenvolvimento do estágio;
15. Razões da opção do estágio na instituição;

Tabela 1.1  –  itens de apresentação obrigatória na Introdução do RFE. Fonte: o autor

Nome da instituição (razão social e fantasia)

Entende-se por razão social o nome de registro formal da empresa junto aos
órgãos de registro comercial. Também conhecido como nome comercial ou de-
nominação social, nada mais é do que o nome dado à pessoa jurídica, que consta
em documentos legais como contratos ou escrituras. Representa a certidão do

capítulo 1 • 14
nascimento da empresa na Junta Comercial ou no Cartório correspondente à sua
sede, e funciona como uma evidência da constituição legal da empresa.
Já o nome fantasia, também conhecido como nome de fachada ou marca em-
presarial, representa o nome popular de uma empresa, e pode ou não ser igual à
razão social. Geralmente, é utilizado na divulgação e nas campanhas de marketing
e vendas da empresa. Seu registro, deve ser feito junto ao órgão responsável por
marcas e patentes, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Este
órgão determina que o direito de uso de uma marca pertence, e é exclusivo, de
quem tiver feito o registro primeiro. Esse registro não é obrigatório, mas, quando
é feito, passa a ser denominado marca registrada, e obriga a empresa a apresentar
o símbolo ® ao lado do nome, e assim ela passa a ser sua proprietária exclusiva,
incorporando-se ao patrimônio da empresa.

Localização completa

Basta a descrição completa do endereço, indo até o CEP da empresa (código de


endereçamento postal). No caso de o estágio ser realizado em uma unidade de uma
empresa, cujo endereço seja diferente do endereço da sede, esta situação deve ser
descrita, informando o nome da unidade na qual o estágio efetivamente aconteceu.

CNPJ e atividade econômica principal

O Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ, nada mais é do que o CPF


(cadastro de pessoa física) que cada um de nós é obrigado a ter, só que destinado
a empresas. Este documento é um cadastro onde todas as pessoas jurídicas ou
aquelas equiparadas (pessoas físicas que exploram em nome individual atividades
com intuito de lucro) são obrigadas a se inscrever antes de iniciar as suas atividades.
Da mesma forma que o CPF da pessoa física, o CNPJ é uma identificação perante
a Receita Federal do Brasil, que é o órgão responsável por administrar esse cadastro
com finalidade de garantir a legalidade do funcionamento das empresas.
O CNPJ possui diversas informações, como o nome da empresa, endereço,
data de abertura, descrição da atividade econômica principal e secundária, na-
tureza jurídica, verificação da situação cadastral na Receita Federal entre outros
dados que são de interesse das administrações tributárias da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.

capítulo 1 • 15
Em relação a atividade econômica principal e secundária(s) da empresa na
qual você realiza seu estágio, temos que a atividade principal, é aquela que gera
a maior receita para uma empresa ou a que responde pela destinação maior da sua
atividade. A(s) atividade(s) secundária(s) são aquelas exercidas pela empresa na
mesma localização, mas que são derivadas da atividade principal, e que têm algu-
ma especificidade não abrangida por ela.
Essas informações estão descritas no CNPJ da empresa e, portanto, você deve
buscar ter acesso a ele para fazer a descrição correta da empresa concedente, já que
somente aquelas cujos registros sejam relacionados ao exercício profissional
em Educação Física nas suas diferentes formas de atuação, podem ser conceden-
tes de estágio profissionalizante capaz de complementar sua formação.

CONEXÃO
Para fazer esta verificação você pode acessar o portal da Receita Federal de posse do
número do CNPJ, ter acesso ao documento completo.
<http://receita.economia.gov.br/interface/servicos>

Contatos de voz e virtuais

Devem ser descritos os telefones de contato com a empresa, fixos e móveis dis-
poníveis, além do endereço eletrônico, portal eletrônico ou perfis de redes sociais
que permitam um contato direto com a empresa.

Porte da empresa pelo no. de clientes atendidos

Vários são os critérios utilizados para classificar o porte das empresas, e essa
classificação é diferente para empresas produtoras de bens (indústrias) e serviços,
que é o nosso caso específico. Assim, adotamos para efeito de classificação do porte
das empresas concedentes de estágio a classificação adotada pelo Serviço de Apoio
as Micro e Pequenas Empresas e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE, que está relacionada ao número de colaboradores, que apresentamos na
tabela 1.2, com destaque para o setor de serviços, que é o nosso caso.

capítulo 1 • 16
SETORES
PORTE
INDÚSTRIA(1) COMÉRCIO E SERVIÇOS (2)
MICROEMPRESA até 19 pessoas ocupadas até 9 pessoas ocupadas

PEQUENA EMPRESA de 20 a 99 pessoas ocupadas de 10 a 49 pessoas ocupadas

de 100 a 499 pessoas


MÉDIA EMPRESA ocupadas
de 50 a 99 pessoas ocupadas

500 pessoas ocupadas ou


GRANDE EMPRESA mais
100 pessoas ocupadas ou mais

(1) inclusive setor da construção civil.


(2) excluídos os serviços domésticos e administração pública

Tabela 1.2  –  Classificação de empresas segundo o porte. Fonte: SEBRAE (2013)

Natureza da empresa (pública, privada, projeto social...)

Nesse item você deve apenas descrever se a empresa na qual realizou seu está-
gio é uma empresa pública (secretarias de governo, prefeituras, governos estaduais
ou federais), da iniciativa privada, ou se é algum tipo de iniciativa ou projeto social
realizado por alguma organização pertencente ao 3º. setor, como Organização
Não Governamental (ONG), Organização Social (OS), Organização da Sociedade
Civil (OSC) ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

Descrição da oferta de serviços

Nesse momento você precisa descrever todos os serviços e modalidades


oferecidas pela empresa, relacionados a atuação profissional em Educação Física,
destacando em qual(is) dela(s) você escolheu realizar seu estágio profissional.

Preços cobrados nos serviços e ticket médio da empresa

Aqui você precisa descrever de forma clara e sucinta as modalidades oferecidas


e os respectivos preços cobrados aos clientes para consumo delas. Se houver pla-
nos de pagamento (trimestrais, semestrais, anuais...) devem ser apresentados, bem
como qualquer tipo de outro bônus oferecido.

capítulo 1 • 17
Além disso você deve buscar saber junto aos gestores, o valor do ticket médio
da empresa, que nada mais é do que o valor médio ou a média de compras
que cada cliente faz no negócio, o que inclui não apenas os serviços em si,
mas também despesas acessórias, correlatas, que contribuem para o aumento
da receita da empresa. Por exemplo, em um centro de treinamento físico, além
de pagar pelos serviços em si, o cliente gasta uma certa quantia de dinheiro com
alimentação na cantina, compra de roupas para a prática de exercícios, acessórios
fitness... (desde que essas vendas sejam feitas pela própria empresa e não por outras
que alugam os espaços para isso).
Essa métrica é muito utilizada tanto por segmentos de varejo, tecnologia e
serviços em geral, pois a partir dela é possível avaliar se as ações de aumento das
vendas e da lucratividade estão surtindo o efeito esperado. Seu cálculo é bem
simples, bastando para isso dividir o total das vendas (TV) pelo número de clientes
ativos (NC) ou, TM = TV / NC. Veja o exemplo a seguir.
Uma academia faturou em um determinado mês R$45.000,00 e teve um total
de 250 clientes ativos. O ticket médio desta empresa, no período, foi, portanto, de
R$187,50. Numa ação de marketing para captação, ela conseguiu aumentar sua
base de clientes ativos para 300 clientes e seu faturamento foi de R$56.250,00.
Seu ticket médio permaneceu em R$187,50, ou seja, cada cliente continua gastan-
do em média a mesma quantia de dinheiro na empresa.

Missão e Visão da empresa

Considerando o conceito de MISSÃO de uma empresa proposto por Drucker


(2009), como sendo a própria razão dela existir, este valor serve de balizamento
para que todos os colaboradores da empresa, incluindo aí os cargos da alta ad-
ministração, definam um foco, significado e um sentido para que ela exista na
sociedade. Responder qual é a missão de uma empresa é, portanto, responder as
seguintes questões: “o que a empresa efetivamente faz?”, “para que ela existe?”,
“para quem ela existe e está voltada nas suas ações?”, “qual a responsabilidade
social dela?”. Podemos afirmar assim que MISSÃO de uma empresa é sua própria
identidade, na medida em que declara, explicitamente seu propósito em relação a
sociedade por meio de seus produtos, sejam estes bens ou serviços.
Da mesma forma, a VISÃO de uma empresa representa a forma como ela
caminha e define seu direcionamento e trajetória. É a imagem do futuro que ela
deseja alcançar, através da missão, do foco e do seu trabalho. A visão tem um

capítulo 1 • 18
objetivo genérico ao definir como ela deseja ser vista mais à frente, embora precise
de coerência em relação à missão e normalmente deve funcionar como um moti-
vador de todas as ações e projeções de como poderá ser o futuro. Resumidamente,
pode ser vista como uma “autoimagem idealizada”, criada para que todos possam
buscar seu alcance.
Caso a empresa onde você estagiou não tenha missão e visão definidos, é pre-
ciso descrever a inexistência desses valores no seu RFE. Além disso, sugerimos que
você converse com os gestores sobre a possibilidade de construir esses valores com
a sua ajuda. O que você acha da ideia?

Espaços físicos disponíveis

Neste momento é preciso que você descreva apenas os espaços disponíveis


para a prestação de serviços aos clientes, relacionado número de salas, existência de
dependências específicas para as diferentes modalidades, piscinas, quadras e todo
e qualquer outro espaço que faça parte da infraestrutura necessária à prestação dos
serviços à sociedade. Não há necessidade de medidas desses espaços, mas apenas a
descrição deles em termos numéricos e suas finalidades.

Supervisão do estágio

Nesse momento, você deve descrever o nome completo e o respectivo núme-


ro de registro no órgão de classe (Sistema CONFEF/CREF’s) do profissional de
Educação Física que ficou com a responsabilidade técnica de orientar sua prática
profissional, supervisionando, orientando, avaliando e responsabilizando-se tecni-
camente por você.
Repare que este profissional deve ser o mesmo que avaliou seu desempenho,
assinou todos os anexos nos quais foi descrita a sua atuação nas atividades que
foram objeto de seu estágio. No caso deste(a) profissional ser substituído no de-
correr do estágio, independente do motivo, esta informação deve ser registrada na
Introdução do RFE, pois caso contrário haverá dissonância entre as pessoas, suas
responsabilidades e respectivas assinaturas.
Não menos importante é a necessidade de verificação da situação de regula-
ridade no órgão de classe deste profissional. Ele deve estar em situação ativa e re-
gular, para que possa assumir a responsabilidade de exercer a função de supervisor
técnico do seu estágio.

capítulo 1 • 19
CONEXÃO
A verificação deve ser feita por você mesmo no portal do CONFEF, acesse:.
<https://www.confef.org.br/confef/registrados/>

Processo seletivo para estágio

Aqui você deve descrever se existe um processo seletivo para realizar estágio
nessa empresa e, caso haja, quais são as fases desse processo. Além disso, você deve
conversar com seu supervisor de estágio e colher dele informações relacionadas a
existência, ou não, de um perfil desejado para os estagiários e como são feitas as
avaliações do desempenho desses estudantes. Por fim, procure saber se existe na
empresa uma política de aproveitamento dos estagiários para integrar o corpo
técnico da empresa.

Programa de estágio

Nesse item você deve buscar saber junto aos gestores da empresa ou com o
seu supervisor de estágio sobre a existência de um programa de estágio regular na
empresa. Para isso, busque identificar: regularidade de oferta de estágios, sistema
de avaliação do desempenho, progressão no estágio em função do tempo, remu-
neração do estágio, sistema de obrigações e compromissos do estagiário com a
empresa. Além dessas, toda e qualquer informação que você julgar pertinente e
interessante relatar, faça-o de modo a permitir que tenhamos informações consis-
tentes sobre a qualidade dos estágios que esta empresa oferece a futuros estudantes
de Educação Física de nossa universidade.

Área de desenvolvimento do estágio

Este item refere-se a uma descrição sucinta feita por você da área de atuação
profissional que você escolheu para desenvolver seu estágio acadêmico. Apresente
argumentos que justifiquem sua escolha, tais como preferências pessoais, espaço
para atuação no mercado, escassez de profissionais interessados pela área, deman-
da potencial na sociedade... enfim, apresente as suas razões de escolha dessa área
neste estágio acadêmico e não em outras.

capítulo 1 • 20
Razões de escolha do estágio nesta empresa

Finalmente, este item refere-se a uma descrição igualmente sucinta das


razões que te levaram a escolher seu estágio acadêmico nesta empresa. Apresente
argumentos que justifiquem sua escolha, tais como proximidade de sua residência,
reputação da empresa, existência de bolsa-auxílio, proximidade da universidade,
indicação de outros estudantes da qualidade do estágio... enfim, diga-nos por que
você escolheu esta empresa e não outras.

A seção desenvolvimento do relatório final de estágio – RFE

Esta seção do seu RFE tem o propósito de descrever todas as atividades


desenvolvidas em seu estágio, tanto no ambiente PRÁTICO, aquele que você
esteve na empresa experimentando e vivendo práticas profissionais inerentes à
profissão para a qual está sendo formado, como também na situação TEÓRICA,
quando esteve em sala de aula discutindo, relatando, assistindo ou participando
de situações definidas por seu orientador acadêmico com foco na temática que
caracteriza o seu estágio em uma das quatro disciplinas Prática Profissional em
Educação Física (I, II, III ou IV).
Assim, a estrutura desta seção deverá ser construída de modo subdividido, com
uma descrição semanal das atividades desenvolvidas por você nos 2 ambientes dos
quais você tiver participado, ou seja, as aulas da disciplina, que denominamos aqui
de PARTE TEÓRICA e a experiência prática na empresa, que aqui denominamos
de PARTE PRÁTICA, da seguinte forma:

Descrição SEMANAL das atividades desenvolvidas no estágio, das quais


o acadêmico participou efetivamente, contendo obrigatoriamente os seguin-
PRÁTICA
PARTE

tes elementos:
a) objetivo(s) da atividade;
b) fundamentação teórica da atividade desenvolvida (quando for o caso);
c) carga horária (CH) da semana.
TEÓRICA

Descrição SEMANAL das atividades desenvolvidas em sala de aula e dos


PARTE

seus respectivos desdobramentos em tarefas (quando for o caso) com a respec-


tiva análise pessoal, resultados obtidos e carga horária (CH) da semana.

capítulo 1 • 21
Veja no exemplo a seguir de como você deve estruturar a seção DESENVOL-
VIMENTO do seu RFE, com um aluno que cursa uma das disciplinas Prática
Profissional (I, II, III ou IV) e tem CH semanal de 12h em um estúdio de treina-
mento físico.

Semana 1: 11/2/2019 – 16/02/2019

1.1 Parte Teórica – professor da disciplina desenvolveu na sala uma dinâmica de grupo
sobre trabalho em equipe, solidariedade e empatia nas relações profissionais.
CH = 2h

1.2 Parte Prática – supervisor apresentou-me os equipamentos utilizados na sala


de avaliação funcional do estúdio e protocolos usados na empresa, e orientou-me na
aprendizagem do sistema adotado para registro dos dados colhidos nas avaliações.
Além disso, acompanhei as avaliações de novos clientes, a elaboração de programas
de treinamento deles e fui incumbido de fazer a adaptações desses clientes aos
equipamentos e movimentos inseridos em seus programas. CH = 12h

Semana 2: 18/2/2019 – 23/02/2019

2.1 Parte Teórica – professor da disciplina fez uma apresentação, com assistência de
um vídeo seguida de uma discussão com a turma, sobre o papel do profissional de Edu-
cação Física na melhoria das condições de sociabilidade e relacionamento interpessoal -
CH = 2h

2.2 Parte Prática – participei durante a semana de um programa de capacitação interno


do estúdio, teórico e prático, sobre relacionamento com clientes. CH = 12h

E assim sucessivamente...

A seção CONCLUSÕES do Relatório Final de Estágio – RFE

Esta seção do seu RFE destina-se a dar espaço para você, a partir de tudo que
viveu, experimentou e assistiu durante a experiência profissional, descrever a que
conclusões chegou sobre tudo isso. É um texto livre, que não precisa e nem deve
ser referenciado, mas sim o resultado de suas percepções, aprendizagens e pontos
de vista em relação a experiência em si, a empresa, aos colegas de trabalho e a
todo o ambiente do qual você participou por um período de tempo destinado a
complementar sua formação acadêmica.

capítulo 1 • 22
Sendo assim, e como forma de dar uma diretriz geral para a construção desta
seção, definiu-se que deverá abordar OBRIGATORIAMENTE um posiciona-
mento pessoal em relação aos seguintes aspectos:

o que efetivamente foi agregado à sua formação profissional em


LIÇÕES termos teóricos, práticos, relacionais, éticos e em qualquer outra
APRENDIDAS perspectiva que você julgue necessário o registro;
pontos que você considera críticos e que podem ter contribuído ne-
gativamente não desenvolvimento de seu estágio, tanto em ermos
CRÍTICAS de estrutura, como também da orientação, da condução do próprio
estágio ou da gestão da empresa;
com base na sua experiência vivida durante o estágio, o que você
SUGESTÕES tem como contribuição ou sugestão de melhorias a oferecer a em-
presa concedente;
de modo conclusivo, você deve fazer uma descrição sobre o que de
CONCLUSÕES fato achou da experiência vivida durante o período de estágio e, se
PESSOAIS recomendaria esta empresa e esta área de atuação para futuros
estudantes de Educação Física desenvolverem seus estágios.

A seção ANEXOS do Relatório Final de Estágio – RFE

Esta seção é composta pelo conjunto de ANEXOS OBRIGATÓRIOS (de


A até F) do RFE além dos anexos complementares, que são aqueles que você
julgar adequados e pertinentes ou que o seu professor-orientador determine que
sejam incluídos.
Apresentamos na tabela 1.3 a seguir a descrição de cada um dos Anexos
obrigatórios, sua finalidade, e ainda quem deve assiná-los e preenchê-los de modo a
torná-los válidos e adequados às exigências das disciplinas aqui abordadas e do curso.

ANEXO TÍTULO QUEM PREENCHE / ASSINA


representante da empresa; represen-
A Termo de Compromisso (3ª. via) tante da IES;
professor-orientador.
Plano de Atividades de Prática estudante estagiário;
B Profissional professor-orientador.
Ficha de Avaliação do Estagiário estudante estagiário;
C na empresa supervisor do estágio

D Declaração de Estágio representante da empresa

capítulo 1 • 23
ANEXO TÍTULO QUEM PREENCHE / ASSINA
Ficha de Avaliação do Estagiário estudante estagiário;
E na IES professor-orientador.
estudante estagiário;
F Ficha de Registro de Frequência
supervisor do estágio;
(PRÁTICO) (campo)
professor-orientador.

F Ficha de Registro de Frequência estudante estagiário;


(TEÓRICO) (aulas) professor-orientador.

Tabela 1.3  –  Descrição dos anexos obrigatórios do RFE e


respectivas responsabilidades Fonte: o autor.

Como dissemos anteriormente, os Anexos complementares são de livre


escolha dos estudantes e/ou de exigências específicas dos professores-orientadores,
e devem ser sempre identificados por uma letra sequencial aos anexos obrigatórios
(ou seja, do anexo G em diante).
No caso desses anexos serem compostos por figuras, tabelas, gráficos ou
quadros, deverão ser igualmente identificados por letras maiúsculas, tal qual
apresentamos aqui, além de uma identificação ou rótulo que o caracterize.

REFLEXÃO
Como você pode observar nesse capítulo, são muitos os detalhes relacionados a descri-
ção de uma empresa e suas atividades e peculiaridades, que de alguma forma impactam na
sua experiência profissional na condição de estagiário.
Da mesma forma, em relação a estrutura de construção do RFE, bem como suas partes
e respectivas configurações, são diretrizes que garantem a uniformidade nos documentos
finais de estágio além de colaborar com a ampliação dos conhecimentos relacionados a
descrição de atividades profissionais, o que certamente você deverá ser chamado a fazer ao
longo de toda a sua trajetória profissional futura.
Sendo assim, podemos afirmar que o cumprimento desta exigência além de atender
as demandas de registro documental das experiências vividas por você em sua formação
acadêmica, também contribuem para o aprendizado da elaboração de relatórios técnicos, o
que constitui um diferencial de nosso curso, posto que este conteúdo não é contemplado em
nenhuma outra disciplina.
Com isso, esperamos ter proporcionado a você uma experiência interessante de elabo-
ração de relatórios técnicos, baseados em experiências práticas vividas durante um período

capítulo 1 • 24
de sua formação, permitindo ainda que você tenha debruçado sobre essa experiência uma
análise crítica e capaz de contribuir com a melhoria da qualidade dessas experiências para
outros acadêmicos que cumprirão a mesma exigência curricular.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Instituto Nacional de Marcas e Patentes – INPI. Disponível em <http://www.inpi.gov.br/>.
Acesso em 12/02/2019.
BRASIL. Ministério da Economia. Receita Federal do Brasil – RFB. Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/interface/lista-de-servicos/cadastros/cnpj>.
Acesso em: 11/02/2019.
CONFEF. Conselho Federal de Educação Física. Consulta a profissionais registrados. Disponível em
<https://www.confef.org.br/confef/registrados/>. Acesso em 14/02/2019.
RAZÃO SOCIAL E NOME FANTASIA, Disponível em: <https://blog.egestor.com.br/o-que-e-razao-
social-e-nome-fantasia/>. Acesso em: 15/02/2019.
SEBRAE. Serviço de Apoio a pequena e Média Empresa. Classificação do porte das empresas pelo
número de colaboradores. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/
Anexos/Anuario%20do%20Trabalho%20Na%20Micro%20e%20Pequena%20Empresa_2013.pdf>.
Acesso em: 16/02/2019.

Exemplo da estrutura de páginas pré-textuais do RFE

Com o intuito de contribuir para a sua construção do seu RFE em qualquer


uma das disciplinas Prática Profissional em Educação Física (I, II, III, IV) apre-
sentamos a seguir um exemplo de cada página que compõe a parte pré-textual de
seu relatório.
Observe que todas as expressões que estiverem escritos com letra vermelha
deverão ser substituídas pelas informações reais relacionadas a cada aluno e dis-
ciplina que estiver sendo cursada e pela cor preta, de modo a atender as exigên-
cias acadêmicas e as orientações dos professores-orientadores em relação ao do-
cumento final de seu estágio profissional. Além disso, as numerações das páginas
em vermelho também deverão ser substituídas pela numeração iniciada com a
página 4 da Introdução e substituídas pela cor preta.

capítulo 1 • 25
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

NOME COMPLETO DO(A) ALUNO(A)

RELATÓRIO DE PRÁTICA PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA X

Cidade
ano

capítulo 1 • 26
NOME COMPLETO DO(A) ALUNO(A)

RELATÓRIO DE PRÁTICA PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA X

Relatório Final de Prática Profissional apre-


sentado como requisito para aprovação na
disciplina Prática Profissional em Educação
Física X do Curso de Educação Física da
Universidade Estácio de Sá.

Professor-Orientador:
nome completo e titulação

Cidade
ano

capítulo 1 • 27
NOME COMPLETO DO(A) ALUNO(A)

RELATÓRIO DE PRÁTICA PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA X

Relatório Final de Prática Profissional apre-


sentado como requisito para aprovação na
disciplina Prática Profissional em Educação
Física X do Curso de Educação Física da
Universidade Estácio de Sá.

Avaliado em _____ de ________ de ano

__________________________________________________
Professor-Orientador da Prática Profissional X – nome completo e titulação
Universidade Estácio de Sá

capítulo 1 • 28
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4

DESENVOLVIMENTO x

CONCLUSÕES y

REFERÊNCIAS z

ANEXO A – TERMO DE COMPROMISSO DO ESTÁGIO CURRICULAR k

ANEXO B – PLANO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO CURRICULAR w

ANEXO C – FICHA DE AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO NA EMPRESA q

ANEXO D – DECLARAÇÃO DE CONCLUSÃO DO ESTÁGIO CURRICULAR h

ANEXO E – FICHA DE AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO NA UNIVERSIDADE y

ANEXO F – FICHAS DE REGISTRO DE FREQUÊNCIA z

capítulo 1 • 29
ANEXO B

PLANO DE ATIVIDADES DE PRÁTICA PROFISSIONAL IDENTIFICAÇÃO

Campus: Curso:
Nome: Matrícula:
Professor-Orientador:
Estágio de: EDUCAÇÃO FÍSICA
Nome da Instituição/Empresa: Telefone:
Endereço:
Contexto socioeconômico da Instituição/Empresa:
Professor responsável pelo Estágio na Instituição/Empresa:
Carga horária da Prática Profissional:
Início da Prática Profissional: ____ / ____ /________.
Término da Prática Profissional: ____ / ____ /________

OBJETIVOS


METODOLOGIA (atividades de observação, coparticipação e/ou participação)

ATIVIDADES PREVISTAS (área de atuação da Prática Profissional)

ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

capítulo 1 • 30
CRONOGRAMA

DIAS DA
MANHÃ TARDE NOITE
SEMANA

Segunda-feira de _____ às _____ h de_____ às _____ h de _____ às _____ h

Terça-feira de _____ às _____ h de_____ às _____ h de _____ às _____ h

Quarta-feira de _____ às _____ h de_____ às _____ h de _____ às _____ h

Quinta-feira de _____ às _____ h de_____ às _____ h de _____ às _____ h

Sexta-feira de _____ às _____ h de_____ às _____ h de _____ às _____ h

Sábado de _____ às _____ h de_____ às _____ h de _____ às _____ h

Domingo de _____ às _____ h de_____ às _____ h de _____ às _____ h

CRONOGRAMA MENSAL (devem constar os dias, com a respectiva carga horária e


mês correspondente):

Cidade, _______ de ____________________ de 20______.

____________________ _______________________________
Aluno Estagiário Professor-Orientador da Prática
Profissional na Universidade Estácio de Sá

capítulo 1 • 31
ANEXO C

FICHA DE AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO NA INSTITUIÇÃO/EMPRESA

Curso Prática Profissional de: Educação Física


Nome: Matrícula:
Nome da Instituição/Empresa: Telefone:
Endereço:
Professor responsável pela Prática Profissional na Instituição/Empresa:

Classifique na escala abaixo o grau (entre 0 e 10) em que se encontram presentes no


estagiário cada uma das habilidades seguintes:

COMPETÊNCIA: ORGANIZAÇÃO CLASSIFICAÇÃO


Organização 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

COMUNICAÇÃO PESSOAL CLASSIFICAÇÃO


Cooperação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Expressão oral 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

COMPETÊNCIA: INTELECTUAL CLASSIFICAÇÃO


Capacidade de solucionar problemas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

COMPETÊNCIA: AUTONOMIA E
CLASSIFICAÇÃO
RESPONSABILIDADE
Disciplina 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pontualidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Assiduidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

COMPETÊNCIA: GERENCIAMENTO DO
CLASSIFICAÇÃO
DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
Atenção 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Interesse pelo trabalho 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Parecer do Professor responsável pela Prática Profissional na Instituição/Empresa conveniada:

Assinatura do Prof. responsável pela Prática Profissional na Instituição/Empresa conveniada

capítulo 1 • 32
ANEXO D

Papel timbrado ou logomarca da Instituição/Empresa

MODELO PARA DECLARAÇÃO DE PRÁTICA PROFISSIONAL

DECLARAÇÃO

Declaro, para fins de comprovação de Prática Profissional, que o(a) aluno(a): __________
______________________________, regularmente matriculado no ____ período do Curso de
Educação Física da Universidade Estácio de Sá, cumpriu: _____ (________________________)
horas de estágio de (Observação, Coparticipação e/ou Participação), nessa Instituição.

Cidade, ______de _________________de 20__.

________________________________________________
Representante Legal da Instituição/Empresa
Registro n°_____________________

Observação: A declaração deverá ser impressa em papel timbrado da Instituição onde


foi realizada a Prática Profissional. O carimbo utilizado no Termo de Compromisso é obriga-
tório.

capítulo 1 • 33
ANEXO E

FICHA DE AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO – UNIVERSIDADE

Curso: EDUCAÇÃO FÍSICA Prática Profissional de: Bacharelado


Nome: Matrícula:
Nome da Instituição/Empresa: Telefone:
Endereço:
Professor responsável pela Prática Profissional na Instituição/Empresa:

Ao final da prática profissional, o aluno:

SIM NÃO
Teve parecer favorável do Professor responsável pela Prática
Profissional da Instituição/Empresa?
Cumpriu a carga mínima de ______ horas de prática profissional?
Obteve na disciplina pontuação igual ou superior ao mínimo
exigido pela Universidade?
Apresentou relatório de prática profissional?
Teve frequência igual ou superior ao mínimo exigido na disciplina?

Considerando os itens acima assinalados, o Professor-orientador de Prática Profissional


do Curso de Educação Física, Campus ___________________________, considera o aluno es-
tagiário ___________________________________________________(aprovado/não aprovado)

Cidade, _____de __________________de 20__.

__________________________________________________________________________
Professor Orientador de Prática Profissional de Ensino da Universidade

capítulo 1 • 34
ANEXO F
FICHA DE REGISTRO DE FREQUÊNCIA

Campus: _______ ___________ _______________ Curso: Educação física Semestre: 20__/ ___
Prática Profissional de: BACHARELADO
Nome:______________________________________________________________________________________________________ Matrícula: _____________________________
Nome da Instituição/Empresa: __________ ___________________________________________________________________________ Telefone: _______________
Endereço: ______ _______________________________________________________________________________________________________________________________
Professor responsável pela Prática Profissional na Instituição/Empresa: ________________________________________________________________________

Total de Principais atividades Rubrica do Professor/a Responsável pela Prática Profissional na


Data Horário
horas desenvolvidas Instituição concedente

capítulo 1
• 35
_________________________________________________________________________
Professor Orientador de Prática Profissional de Ensino da Universidade
capítulo 1 • 36
2
Ética no exercício
profissional em
Educação Física
Ética no exercício profissional em Educação
Física

Dentre as partes que compõem o conhecimento filosófico, a axiologia,


merece destaque e a atenção posto que, ao ocupar-se do dimensionamento e da
compreensão dos valores, possibilita o reconhecimento dos sistemas sociais que
norteiam os diferentes grupos de pessoas que, uma vez organizados, nortearão suas
condutas que, com o tempo acabarão por institucionalizar seus usos, costumes e
receitas sociais.
Nesta trajetória, a ética, palavra de origem grega. Portanto o vocábulo
“ETHOS – designa a morada humana. Assim, ao trilhar o próprio sentido de
sua existência, o ser humano sempre estará em busca de tornar sempre melhor o
lugar em que habita e, portanto, valores tais como bondade, beleza, e o bem serão
uma espécie de “bussola” que norteará os seres humanos para o estabelecimento
da harmonia de viver. É importante referir que também os Romanos, por sua
vez, se preocuparam com a ordenação e a estabilização do equilíbrio societário e
assim, com base no seu próprio complexo axiológico, definiram os seus valores
positivos e os denominaram de “Moral” cuja origem do Latim é “Mos”, “Mores”.
Neste processo a moral poderá ser definida como o conjunto de tradições e costu-
mes que objetivam a organização da sociedade (a organização da casa no sentido
dos Gregos).
Para refletir:

A ética pode ser um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pessoas que guiam,
ou chamam a si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em particular (moralidade),
ou é o estudo sistemático da argumentação sobre como nós devemos agir. Mores
significa: usos e costumes. (VARGAS, 2007 p.2.)

A ética e a moral, portanto, estão intimamente relacionadas pelo mesmo


campo semântico, posto que, a sintetização e a assimilação dos valores destinam-
se, sobretudo, ao estabelecimento de uma forma de convivência norteada pela paz
e a harmonia entre os pares.
Para memorizar:

Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto,
adequado ou inadequado. Um dos objetivos da ética é a busca de justificativas para as
regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos – Moral e Direito –

capítulo 2 • 38
pois não estabelece regras - o que caracteriza a ética é a reflexão sobre a ação humana.
O sujeito da ética é o homem e os homens se distinguem pelos valores que vivem. Antes
de assumir formas objetivas a atividade humana é projetada subjetivamente por homens
que vivem determinados valores. Ao objetivar-se realizam valores. Valorização do mundo
através da criação intelectual, ética, estética. (VARGAS, 2007, p.2.)

OBJETIVOS
•  Conhecer, compreender e analisar criticamente as questões éticas inerentes ao exercício
profissional em Educação Física nas dimensões filosóficas, jurídicas e atitudinais;
•  Aplicar os conceitos, princípios e orientações éticas, filosóficas e jurídicas nas diferentes
experiências práticas vividas durante o estágio profissionalizante.

Os doutrinadores

No sentido de maior esclarecimento sobre o conceito de Ética pelos filósofos


clássicos gregos e outros contemporâneos optou-se por elencar as sínteses de al-
guns dos respectivos conceitos:

Valores como bem, virtude, justiça, saber são eternos e imutáveis


SÓCRATES e, o apoderamento do conhecimento é essencial no sentido de
(470 – 399 a.C) se atingir a perfeição:
Para o filósofo a maior virtude a ser alcançada pelo homem livre
PLATÃO é o Bem. Este seria o valor supremo no sentido de assegurar
(427 – 347 a.C) uma sociedade equilibrada livre da ignorância e dos impulsos
instintivos e das paixões.
Para o filósofo o sentido do “meio termo” (justa medida), valor
que seria atingido com o objetivo de possibilitar que os homens
ARISTÓTELES de acordo com as suas naturezas, evitassem os excessos e assim
(384 – 322 a.C) tornarem-se capazes de atingir o fim ou o valor supremo que é
a felicidade.

Ao optar-se por um salto na dimensão temporal da história no sentido


mais pragmático ou objetivo desta parte do capítulo, vamos trilhar as esteiras
de alguns dos mais destacados filósofos renascentistas e modernos. Contudo, é
importante que façamos referência ao período que corresponde a Idade Média,
cuja moral esteve sob os pilares das Instituições Cristãs. Com efeito, sob a
égide deste pensamento, Deus, centro do universo e senhor de todas as coisas,
é o guardião de valores como o Bem, a justiça e a verdade, e assim, a ética

capítulo 2 • 39
predominante limitou-se aos paradigmas dogmáticos e religiosos. Não obstante
é imperioso que façamos menção aos filósofos de maior destaque posto que ainda
que seus sistemas filosóficos estejam norteados pela moral e pela ética cristã;
na teoria, o dimensionamento dos valores, em muito demonstrou assimilação
dos postulados de Platão e Aristóteles. Estamos, portanto, a falar dos maiores
destaques deste período que são Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino com
sua “Escolástica”.
É importante ressaltar que o rompimento com o paradigma da moral
permanente cristã vai ocorrer com o Movimento Renascentista e as tentativas
de separação dos conceitos de filosofia e religião. Com efeito, os filósofos
renascentistas incumbiram-se de divorciar a razão humana da fé puramente
cristã e dentre as figuras de maior destaque é possível elencar:

O filósofo defende uma espécie de “Moral de Estado”, ou seja, a ori-


NICOLAU
gem de todos os valores éticos está na razão de segurança e esta-
MAQUIAVEL bilidade do Estado, o que era justificar o uso da violência para a
(1469 – 1527) manutenção da ordem.
Merece destaque o postulado do filósofo que consiste em considerar a
RENÉ estabilidade social como um valor supremo. No seu antropocentrismo (o
DESCARTES homem é o centro do universo). Vai defender uma moral rígida em que o
(1596 – 1650) princípio ético, consiste na observância das normas e costumes sociais
cujas vigências evitariam os conflitos sociais.

THOMAS
Para o filósofo o ‘homem é lobo do homem”. A fundamentação da moral
HOBBES e do direito está no desejo natural de cada ser humano.
(1588 – 1679)
BARUCH DE
A ética na natural busca pela perfeição. Esta perfeição está no controle
ESPINOZA com paixões que conduzam ao egoísmo e ao egocentrismo.
(1632 – 1677)
A moral está assentada no respeito às leis sociais que agregam as pes-
JOHN LOCKE soas no sentido da solidariedade. A ética está pautada na “felicidade
(1632 – 1704) pública”, já que todos os homens nascem com os mesmos direitos a
liberdade, a propriedade, a vida.
O fundamento axiológico supremo que consagra a moral e a utilidade
DAVID HUME e, constitui um critério absoluto para gerar a “felicidade e a satisfação
(1711 – 1778) à sociedade”, ou seja, possibilita a felicidade de todos. Para Hume os
fundamentos da ética são a “utilidade” e a “simpatia”.

capítulo 2 • 40
A profissão: conceito e finalidades sociais

Antes de estudarmos a aplicação dos conceitos de Moral e ética aplica-


dos à Educação Física, vamos compreender o sentido do vocábulo profissão e
sua abrangência.

CONCEITO
Desde o início da humanidade, foram identificados alguns e imprescindíveis serviços
sociais como consagração (profissão) aos serviços religiosos, aos cuidados da família à
administração da justiça e à atenção aos enfermos. O vocábulo “profissão” tem originalmente
conotação religiosa que significa “profissão de fé” ou “professar” uma religião. Professar
ou confessar é sinônimo de disponibilizar-se para um determinado serviço, consagrar-se a
uma atividade.
A partir de então, conceitua-se o profissional como alguém consagrado a uma causa de
grande tendência social e humana. Por seu turno, a sociedade exige de seus profissionais,
correção e retidão no desempenho deste mister, outorgando-lhes determinados privilégios
como uma forma de retribuição aos que consagram a sua vida para servir os seus semelhantes.
... toda a vez que pessoas com a responsabilidade de executar funções relacionadas com
as dimensões mais sagradas da existência, como a religião, a justiça e a saúde, não respei-
tam valores morais inerentes à sua profissão, agridem a sociedade tornando-a diminuída nos
seus mandamentos éticos.
Profissão é, pois, uma atividade humana específica surgida em razão de uma necessidade
social, para a qual deve estar voltada com a missão fundamental de colaborar para o bem-
estar coletivo, o equilíbrio e a paz social.
Drumond, (p. 52) in Tojal; Barbosa (2006)

No conceito contemporâneo da “profissão”, é possível defini-la em um


contexto de três dimensões que, por sua vez, estão abrangidos por todo o lume da
ordem moral da sociedade onde ela é praticada e exercida.
No sentido de melhor compreensão dessa multidimensionalidade, vamos
observar a figura 2.1 a seguir:

capítulo 2 • 41
ORDEM MORAL

NORMATIVIDADE
TÉCNICA

P
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DA

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Figura 2.1  –  Dimensões da profissão. Fonte: o autor

Neste contexto, é imperioso observar que toda profissão está assentada no


valores morais da sociedade e, a cuja “codificação” de condutas sociais deverá
estar submetida, sob pena de ferir de forma grave o equilíbrio societário, sendo,
portanto , o profissional, submetido ao rigor e às sanções inerentes ao exercício
profissional, tanto ao nível dos conselhos de categoria profissional quanto as leis
que compõem o ordenamento jurídico do país.
Objetivando a melhor assimilação dos conceitos até agora elencados, observe
na figura 2.2 a seguir as definições, em parte, propostas por Beresford (2004).

MORALIDADE Significa a reflexão sobre o termo moral.

MORAL OU A Em uma delimitação de tempo e espaço, é tudo àquilo que


MORAL consensualmente é julgado correto ou justo pela sociedade

Em uma delimitação de tempo e espaço, e tudo aquilo que a


IMORAL sociedade julga como incorreto ou injusto
É aquilo que concerne ao estado de animo de um indivíduo
O MORAL ou grupo num determinado contexto social

capítulo 2 • 42
É a ausência da moral. Decorre da impossibilidade de emitir
AMORAL um juízo da natureza moral sobre as ações de um indivíduo
ou grupo dentro de um determinado contexto social
É a ciência da moral. Seus princípios permitem avaliar se os
ÉTICA comportamentos entre pares ou grupos estão a observar or-
dem moral da sociedade

Figura 2.2  –  Definições conceituais relacionadas a ética.


Fonte: o autor (adaptado de Beresford (2004)

Importa definir que no Brasil, especificamente, as regulamentações profissionais


obedecem a alguns critérios de natureza política e, consequentemente jurídica.
Neste percurso, as categorias profissionais “de fato”, organizam-se no sentido
de que as profissões sejam reconhecidas pelo ordenamento jurídico através do
processo legislativo que, por sua vez estará dando cumprimento a Lei de maior
hierarquia no ordenamento jurídico Brasileira nomeadamente a Constituição da
República Federativa do Brasil.
No caso específico da Educação Física, o processo de regulamentação não
escapou as tramitações legais. É o que abordamos a seguir no próximo item.

A regulamentação da profissão e a constituição das normas éticas e


disciplinares.

Como vimos anteriormente, o processo de regulamentação da Educação Física


como profissão, houve imperiosamente que obedecer às tramitações inerentes ao
processo legislativo federal, passando, portanto, o projeto de lei, por todas as fases
dos ritos legislativos.
No sentido de maior elucidação deste processo histórico, é importante lembrar
o longo caminho percorrido pela atual categoria profissional; no início, um
grupo de profissionais abnegados liderados ideologicamente pelo Professor Jorge
Steinhilber do Rio de Janeiro. Foi através de ações pontuais junto aos diversos
grupos de profissionais e setores da sociedade, que conseguiu-se cooptar alguns
parlamentares em torno da causa em tela. Neste sentido, é importante assinalar as
figuras dos parlamentares a época, Laura Carneiro e Bernard Rajman que foram
decisivos para o êxito da “aventura”.

capítulo 2 • 43
Ainda sob esta ótica, a importância dos movimentos em prol da regulamenta-
ção profissional foi reconhecida de forma incontestável pelo Congresso Nacional,
quando, através do Ministério da Saúde, no ano de 1997, portanto um ano an-
tes do sancionamento da Lei Ordinária Federal, o Conselho Nacional de Saúde
através da Resolução nº 218 de 1997 elencou a Educação Física no conjunto de
outras profissões da área da saúde.
Com efeito, em primeiro de setembro de 1998, foi sancionada a Lei
Ordinária Federal número 9696 que, cujo o escopo, veio consagrar os legítimos
anseios de toda uma categoria profissional, tornando, destarte, legal àquilo que
historicamente foi legitimamente construído – a tão sonhada regulamentação do
Profissional de Educação.
Aduz ao cenário que, os mandamentos contidos na referida Lei Ordinária
Federal, passaram a contemplar o artigo V inciso XIII da Constituição da
República Federativa do Brasil.

CONEXÃO

Para acessar o conteúdo da CRFB e da LEI 9696/98, acesse:


<https://www.confef.org.br/confef/>

Portanto, a partir do advento da Lei 9696/98, ainda que a norma jurídica em


tela, obrigatoriamente, tenha observado o princípio do Direito Adquirido con-
templando às pessoas que já atuavam na área da Educação Física sem a imperiosa
e devida formação acadêmica, (observação: os denominados “Provisionados”, ti-
veram que cumprir requisitos regulamentares contemplados em Portarias do
CONFEF), somente os indivíduos portadores de diplomas oriundos de cursos
superiores de Educação Física passaram a poder requisitar o registro profissional
junto ao recém constituído Sistema CONFEF – CREF’s ou seja Conselho Federal
de Educação Física e Conselhos Regionais de Educação Física.

capítulo 2 • 44
O conceito de Educação Física e espírito das normas éticas da profissão

O conceito de Educação Física foi contemplado pelo Manifesto Mundial da


Federação Internacional de Educação Física (FIEP), cujo relator foi o Professor
Doutor Manoel José Gomes Tubino, no ano 2000.
Após uma breve exposição de motivos o documento elenca os valores funda-
mentais que devem nortear a prática profissional. A guisa de exemplificar pode-
mos assinalar:

Art.2 A Educação Física, como um direito de todas as pessoas, é um processo de


Educação, seja por vias formais ou não-formais,... que ao utilizar atividades físicas
na forma de exercícios, ginásticas, jogos, esportes, danças, atividades de aventura,
relaxamento e outras opções de lazer ativo, com propósitos educativos ; que ao objetivar
aprendizagem e desenvolvimento de habilidades motoras de crianças, jovens, adultos
e idosos, aumentando as suas condições pessoais para aquisição de conhecimentos e
atitudes favoráveis para a consolidação de hábitos sistemáticos de prática física;
Que ao promover uma educação efetiva para as saúde e ocupação saudável do tempo
livre de lazer.

CONEXÃO
Se você quiser acessar o documento na integra, acesse o portal do CONFEF:
<https://www.confef.org.br/confef/>

Ao complementar estes ideários, o CONFEF expediu a Resolução de nº


046/2002 que consagrou o Documento Intervenção do Profissional de Educação
Física que, por sua vez, constitui uma espécie de balizador no sentido epistemo-
lógico da profissão.
No item II do referido documento é possível destacar que a Educação
Física contempla:

O conjunto de atividades físicas e desportivas.


(...) O componente curricular obrigatório, em todos os níveis e modalidades do ensino
básico, cujos objetivos estão expressos em legislação específica e nos projetos
pedagógicos. O corpo de conhecimentos, entendido, como o conjunto de conceitos,
empregados para elucidar problemas teóricos e práticos, relacionados à esfera
profissional e ao empreendimento científico, na área específica das atividades físicas,
desportivas e similares (...).

capítulo 2 • 45
Por derradeiro, é possível ainda assinalar que o conceito relativo a profissão
está explicitamente consagrada no documento, inclusive, quando enuncia o papel
social do Profissional de Educação como um “Interventor” social:

(...) A profissão constituída, pelo conjunto do habilitador do Sistema CONFEF/CREF’s,


para atender às demandas sociais referentes às atividades físicas nas suas diferentes
manifestações, constituindo-se em um meio efetivo para a conquista de um estilo de
vida ativo dos seres humanos (...)

No que concerne à responsabilidade social no exercício profissional o


documento assinala que:

(...) A intervenção Profissional é a aplicação dos conhecimentos científicos, pedagógicos


e técnicos, sobre a atividade física, com responsabilidade ética.
A intervenção dos Profissionais de Educação Física é dirigida a indivíduos e ou grupos
alvo, de diferentes faixas etárias, portadores de diferentes condições corporais e ou com
necessidades de atendimentos especiais e desenvolver-se de forma individualizada e ou
em equipe multiprofissional, podendo, para isso, considerar e ou solicitar avaliação de
outros profissionais, prestar assessoria e consultoria (...)

A Formação da Normatividade Ética na Educação Física

O paradigma da excelência técnica não é o balizador definitivo para uma boa


prática profissional. Dentre os misteres para uma prática profissional com vistas às
garantias do completo e seguro bem-estar social está na observância dos preceitos
éticos que, por sua vez, culminam por serem tutelados pelo Ordenamento Jurídico
Brasileiro, uma vez que o atendimento seguro e livre de riscos constitui um direito
do beneficiário: Neste sentido é Drumond (2006, p. 64) quem nos ensina:

Não basta somente o conhecimento técnico nem tampouco o fazer profissional porque
o conhecimento não é um fim em si mesmo, por mais que esteja articulado a algum
interesse. Para além do conhecimento técnico e da práxis profissional é necessário um
terceiro e fundamental elemento integrador que é o saber estar na sociedade.
Esta, de fato, é a totalidade moral de uma profissão, pois significa a reflexão do saber e
do saber fazer...
É este juízo que torna o ato profissional próprio, justo e adequado, uma ação apropriada
é aquela que se acha conformada com a técnica (Tekhne) e por isso mesmo, própria à
determinada situação, como prescreve a arte (Lege Artis), na justa e benéfica (ou ade-
quada) consequência de uma ação realizada.

capítulo 2 • 46
No entanto, nem sempre o que é próprio ou bom é justo, do ponto de vista da moral
social. Daí porque, no exercício de uma profissão é cada vez mais frequente o enfren-
tamento de demandas contraditórias, face aos resultados dos atos profissionais em re-
lação às normas legais e morais. Isto se dá porque a vida profissional se compõe de
decisões pessoais, transacionais, articulações de interesses, satisfações esperanças e
expectativas. (in TOJAL; BARBOSA, 2006)

Diante da interpretação do teor da citação, nos é permitido depreender que


a consciência dos mandamentos éticos no exercício da Educação Física constitui
uma forma de “freio” ou “balizador” das nossas ações. Com efeito, diante da
magnitude da responsabilidade social de um profissional da área da saúde, quanto
maior o domínio da técnica maior se torna a responsabilidade de observar os
valores positivos que sustentam as complexas relações da sociedade.
Assim, podemos afirmar que uma das características mais importantes da era
da complexidade é a contradição entre os valores utilitários e os valores essenciais
que, não raro, muito tem dificultado o exercício pedagógico e a prática dos
educadores. Corremos, via de regra, riscos cotidianos da ética.
Neste viés, é comum depararmos com situações em que o utilitarismo
desmedido e exacerbado, característicos da sociedade contemporânea de cunho
extremamente pragmático, nos coloca frente a frente com desafios para os quais
possivelmente não estamos preparados. Assim, neste atalho do tempo e da história
é comum lutarmos e resistirmos ao adágio de que “os fins justificam os meios”
(VARGAS, 2014 p.13 in VARGAS, 2017)
Os diversos contextos de atuação laborativa profissional, exigem do Profissional
de Educação Física um extenso conhecimento de suas atitudes e ações técnicas,
no sentido sempre da preservação dos direitos fundamentais dos beneficiários que
estão sob sua responsabilidade e, este exercício de consciência e controle tem como
balizador os preceitos éticos da Profissão.
Para Drumond (2006), a ética é uma condição essencial do ser humano por-
que ele é dotado de razão e livre arbítrio.
Em relação as qualidades morais essenciais a um profissional da área da saúde,
é importante referir a imperiosa assimilação pelo individuo de atributos que deve-
rão, independentemente do contexto de atuação, orientar a conduta do interven-
tor pelo respeito à vida e a dignidade das pessoas, o que, em última análise, poderá
contribuir para o contínuo aprimoramento do profissional. Observe o tabela 2.1
a seguir que nos apresenta essas qualidades e, caso queira aprofundar esta impor-
tante temática.

capítulo 2 • 47
CONEXÃO
Visite o portal do CONFEF:
< http://www.confef.org.br/ >

Prudência Humildade Temperança Tolerância


Coragem Misericórdia Fortaleza Fidelidade
Justiça Solicitude Generosidade Entusiasmo
Compaixão
Tabela 2.1  –  Qualidades essenciais a um profissional da área da saúde. Fonte: CONFEF

No que respeita aos deveres de conduta do Profissional de Educação Física,


é possível assinalar que, o respeito aos deveres fundamentais que, por sua vez,
constituem uma parte dos preceitos éticos da profissão, vão denotar o elevado
nível de responsabilidade do interventor o que, indubitavelmente, em última
análise, evitará sobremaneira os riscos de erro profissional e responsabilização ética
e jurídica.
Conforme relata Drumond (2006), entende-se por responsabilidade, em
âmbito legal, a obrigação de reparar prejuízo decorrente de uma ação onde se
é culpado.
Para tanto, é possível elencar alguns deveres fundamentais que, por sua vez,
estão contemplados no Código de Ética do Profissional de Educação Física, que
podemos visualizar na descrição apresentada no tabela 2.2 a seguir.

DEVERES FUNDAMENTAIS DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA.


1. DEVERES DE INFORMAÇÃO:
Contempla os imperiosos esclarecimentos respeitantes a relação do interventor com o
beneficiário e se subdivide em:
1.1 Informação ao beneficiário:
É de importância capital que o beneficiário seja informado de todas as formas de
intervenções em termos de atividades físicas a que será submetido.
1.2 Informações sobre as condições de trabalho:
Refere-se a infraestrutura local e os tipos de aparelhos, horários e outros fatores que
poderão influenciar no programa de atividade.

capítulo 2 • 48
DEVERES FUNDAMENTAIS DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA.
1.3 Informações registradas:
O registro de informações respeitantes aos comportamentos do beneficiário, as-
sim como os resultados parciais, é muito importante para o controle do trabalho e
a segurança do mesmo.
1.4 Informações de outros profissionais:
Quando da realização de trabalho em equipe, ainda que esta seja multiprofissional, é
importante o registro dos dados nos mesmos documentos de controle.
2. DEVER DA ATUALIZAÇÃO
O aprimoramento técnico continuo constitui um imperativo ético para o exercício
profissional em Educação Física. Neste processo, a participação em programar de
aperfeiçoamento contínuo, congressos técnicos, cursos de extensão e conclaves passa a
ser um meio eficiente de assegurar ao beneficiário o atendimento seguro no mais elevado
nível técnico e ético.
3. DEVER DE VIGILÂNCIA
O zelo e a máxima atenção ao beneficiário durante as sessões e, não raro, mesmo após
estas, constitui um mister do exercício profissional sob a égide da ética profissional. Em
última análise, tais procedimentos denotam a atenção e o respeito da parte do instrumento
o que, indubitavelmente eleva o nível de confiança da parte do beneficiário.
4. DEVER DE ABSTENÇÃO DO ABUSO
A renúncia a procedimentos precipitados e sem a observância da técnica é vedado ao
Profissional de Educação Física. O contato com as partes do corpo do beneficiário ainda
que com consentimento deste deve ser evitado excluindo-se, é claro as “situações de
risco ou de força maior”, ou mesmo quando o procedimento técnico assim o exige. Aduz
às circunstâncias que o acesso às partes do corpo da pessoa é um bem jurídico tutelado,
ficando destarte, o ofensor sujeito ao rigor das sanções legais.

Tabela 2.2  –  Deveres fundamentais do profissional de Educação Física. Fonte: o autor

Em síntese, podemos afirmar que todos os deveres elencados anteriormente


foram contemplados de forma coercitiva no Documento do Conselho Federal de
Educação Física denominado Código de Ética do Profissional de Educação Física.

A codificação da ética profissional em Educação Física.

Nesta altura é imperioso assinalar que dentre os misteres dos conselhos de


categoria profissional, indubitavelmente, o principio é o estado de vigília em
prol da sociedade. Neste diapasão, o Sistema CONFEF/CREF’s desenvolve uma

capítulo 2 • 49
sistemática de fiscalização que, efetivamente, é implementada pela responsabili-
dade direta dos Conselhos Regionais nomeadamente através dos seus respectivos
departamentos de fiscalização.
No sentido de nortear a conduta ética do Profissional de Educação Física,
o CONFEF no ano de 2000, expediu uma Portaria específica publicando e
institucionalizando o Código de Ética do Profissional de Educação Física.
Atualmente, a versão vigente após as necessárias atualizações foi publicada através
da Resolução nº 307/2015. Com efeito, o referido documento é composto por
três partes a saber:

Redação preambular

Esta parte do Documento ocupa-se de uma exposição de motivos onde, são


explicadas as razões da existência do Código de Ética assim como, os documentos
que serviram de base epistemológica para a sua concepção. Merece destaque o
seguinte teor:

(...) No processo de elaboração do Código de Ética para o Profissional de Educação


Física tomaram-se por base, também, as Declarações Universais de Direitos Humanos
e da Cultura, a Agenda 21, que conceitua a proteção do meio ambiente no contexto
das relações entre os seres humanos em sociedade, e, ainda, os indicadores da Carta
Brasileira de Educação Física 2000; nesta esteira, repudia-se todas e quaisquer ações
que possam incidir em risco para o contexto ecológico da natureza, da sociedade e do
indivíduo, nomeadamente, o uso de todos os meios que desencadeiem o subjugo da
saúde, segundo os princípios assegurados pelas Agências Nacionais e Internacionais
de Controle Antidopagem, dentre outros.
Esses documentos, juntamente com a legislação referente à Educação Física e a seus
profissionais nas esferas federal, estadual e municipal, constituem o fundamento para a
função mediadora do Sistema CONFEF/CREF’s no que concerne ao Código de Ética.
Ao se regulamentar a Educação Física como atividade profissional, foi identificada,
simultaneamente à importância de conhecimento técnico e científico especializado, a
necessidade do desenvolvimento de competência específica para sua aplicação, que
possibilite estender a toda a sociedade os valores e os benefícios advindos da sua prática.
Este Código propõe normatizar a articulação das dimensões técnica e social com a
dimensão ética, de forma a garantir, no desempenho do Profissional de Educação
Física, a união de conhecimento científico e atitude, referendando a necessidade de
um saber e de um saber fazer que venham a efetivar-se como um saber bem e um
saber fazer bem (...)

capítulo 2 • 50
Princípios Norteadores

Nesta parte do Documento foram elencados doze (12) Princípios Norteadores


que constituíram o fundamento ou “espirito” (no sentido jurídico) das normas
codificadas como ordenamento substantivo da Ética Profissional em Educação
Física. Merece destaque a seguinte redação:

I - O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, instrumento regulador do


exercício da Profissão, formalmente vinculado às Diretrizes Regulamentares do Sistema
CONFEF/CREF’s, define-se como um instrumento legitimador do exercício da profissão,
sujeito, portanto, a um aperfeiçoamento contínuo que lhe permita estabelecer os sentidos
educacionais, a partir de nexos de deveres e direitos;
III - Este Código de Ética define, para seus efeitos, no âmbito de toda e qualquer atividade
física, como destinatário, o Profissional de Educação Física registrado no Sistema CON-
FEF/CREF’s e, como beneficiários das intervenções profissionais os indivíduos, grupos,
associações e instituições que compõem a sociedade. O Sistema CONFEF/CREF’s é a
instituição mediadora, por exercer uma função educativa, além de atuar como reguladora
e codificadora das relações e ações entre beneficiários e destinatários;

A parte substantiva do código

Esta parte do Código de Ética está dividida em seis (6) capítulos


individualizados com seus respectivos conjuntos de normas elencadas em acordo
com os objetivos específicos. Assim no Capítulo I estão descritas as Disposições
Gerais do Documento, em obediência à Lei Ordinária Federal 9696/98.
No Capítulo II estão listados os Princípios e Diretrizes que, nada mais são que
o elenco dos direitos fundamentais do cidadão brasileiro que, imperativamente
deverão ser observados pelo Código.
No Capítulo III estão elencadas as Responsabilidades e Deveres do Profissional
de Educação que, por sua vez, constituem a retratação do compromisso assumido
com a sociedade, no sentido de assegurar, acima de qualquer outro interesse, uma
prestação de serviços seguro sob os pontos de vista técnico e ético. Os artigos que
compõem esta parte do Documento possuem uma estrutura redacional dotada de
certa coercitividade no que concerne as ações profissionais.
No Capítulo IV estão elencados os Direitos e Benefícios do Profissional e
objetivam, sobretudo, assegurar adstrito de suas competências a maior autonomia
possível no exercício da profissão.
No Capítulo V estão descritas as infrações e Penalidades e, a bem da verdade,
mais que uma tentativa de tipificação das possíveis infrações já que, não foi este

capítulo 2 • 51
o objetivo e, portanto, o espírito do Código, estão elencadas as sanções a serem
aplicadas após as tramitações processuais em obediência ao devido processo legal.
Capítulo VI finalmente, este capítulo dispõe sobre as Disposições Finais que,
por sua vez objetiva indicar as formas como serão tratadas as possíveis lacunas
do Documento.

CONEXÃO
Se você quiser acessar o documento na íntegra, acesse o portal do CONFEF.
<https://www.confef.org.br/confef/>

É muito importante referir que a aplicação do Código de Ética, fica a cargo,


originalmente, das Comissões de Ética dos CREF’s que são incumbidas das instru-
ções processuais após uma denúncia ou representação em face de um Profissional
de Educação Física e, as respectivas apreciações de mérito são de responsabilidade
em Primeira Instância dos Tribunais Regionais de Ética e, em caso de Recurso
ao Tribunal Superior de Ética que, por sua vez, constitui a instância máxima dos
Órgãos do Sistema CONFEF/CREF’s.
Por derradeiro, e para melhor visualização da função mediadora do Sistema
em relação a aplicação do Código de Ética, visualizemos a figura 2.3 a seguir com
base em Beresford (2004).

REFERÊNCIAS DO CÓDIGO DE ÉTICA


PROFISSIONAL

NECESSIDADES DOS NECESSIDADES DA NECESSIDADES DOS


BENEFICIÁRIOS PROFISSÃO DESTINATÁRIOS
– SOCIEDADE – (CARACTERIZAÇÃO) – PROFISSIONAIS –
(INDIVÍDUO OU GRUPO) CONFEF (OS PARES)
MEDIADOR REGISTRADOS NO
SISTEMA

Figura 2.3  –  Aplicação do Código de Ética pelo Sistema


CONFEF/CREF’s. Fonte: Beresford (2004)

capítulo 2 • 52
ATIVIDADES
01. A partir de todos os materiais disponíveis e do vídeo institucional do CONFEF que você
pode assistir acessando: <https://www.youtube.com/watch?v=j6h7mbw00Z8> assinale as
opções que NÃO descrevem uma obrigação do sistema CONFEF/CREF’s em relação ao
exercício profissional em Educação Física.
a) Regulamentar o piso salarial do profissional de Educação Física no país e nos estados.
b) Fiscalizar o exercício profissional para que seja exclusivo aos profissionais
devidamente registrados.
c) Investigar todas as denúncias sobre exercício ilegal da profissão.
d) Emitir carteira de registro profissional a todos aqueles que preencherem os requisitos
essenciais ao registro profissional.
e) Definir o currículo dos cursos de formação em Educação Física.

02. Considerando a situação hipotética de uma denúncia anônima em uma academia,


na qual ficou evidente a partir da visita de fiscais, que um estudante de Educação Física
regularmente matriculado em uma Instituição de ensino Superior de sua cidade, ministrava
aulas regularmente de uma modalidade oferecida à sociedade fazendo-se passar como
profissional.
Diante deste quadro, assinale dentre as opções abaixo apenas aquelas que descre-
vem condição adequada desta pessoa para que sua atuação não configure uma
ilegalidade profissional.
a) Atuar sozinho, mas com uniforme identificador de estagiário na condução de aulas.
b) Apenas observar as aulas conduzidas por profissional registrado, para aprendizagem.
c) Atuar como estagiário identificado e conduzindo a aula, sob supervisão de um profissional.
d) Participar apenas como aluno da referida modalidade, para desenvolver-se na execução.
e) Atuar como substituto de um profissional apenas no caso de uma falta ou atraso deste.
f) Atuar como estagiário, apenas nos casos de inexistência de profissionais na empresa.

REFLEXÃO
Encerramos este capítulo reforçando a ideia de que seu propósito não foi proporcionar
um “mergulho” árido na filosofia e nos aspectos jurídicos com o intuito de especializá-lo nes-
sas temáticas, mas sim, levá-lo a reflexões e contextualizações que se fazem absolutamente

capítulo 2 • 53
necessárias para o entendimento do exercício profissional e do conjunto de responsabilida-
des e obrigações que estão intimamente ligados a este fazer profissional.
Se por um lado não há dúvidas quanto ao fato das questões técnicas e seus respectivos
conteúdos terem alta relevância para o exercício profissional com padrões de excelência, por
outro, as determinações e obrigações éticas que permeiam este exercício têm igual impor-
tância, pelo pressuposto da obrigação de fazer sempre o melhor para os beneficiários a partir
das especificidades da profissão.
Dessa forma, buscamos contribuir não somente com o conhecimento da legislação es-
pecífica de nossa profissão, mas também com o seu pleno entendimento da necessidade
de definir caminhos e fazer escolhas no exercício de suas atividades laborativas, pautadas
sempre pelas orientações, limites e prerrogativas que os órgãos competentes definem por
meio de suas diretrizes, normas, procedimentos e recomendações.
Diante disso, prezado(a) estudante de Educação Física, esperamos ter despertado em
você o interesse pelo agir consciente e responsável na profissão que escolheu, construindo
assim uma trajetória de sucesso e pautada sempre nos princípios éticos e legais que nos
caracterizam na prestação de serviços e assistência a todas as pessoas que compõem a
nossa sociedade, independente de suas peculiaridades. Esperamos que todas as vezes que
agir profissionalmente tenha para si a certeza de estar fazendo o seu melhor, tanto técnica,
quanto eticamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERESFORD, H. Valores éticos e morais no Sistema CONFEF/CREF`s: contextualização,
conceituação e implicação científica. In: Tojal, João Batista (Org.). Ética profissional na educação física.
RJ: Shape, 2004.
BRASIL, CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil – Brasília: Imprensa Nacional, 1988.
CONFEF. Intervenção do Profissional de Educação Física. RJ: 2002.
CONFEF. Código de Ética do Profissional de Educação Física. RJ: CONFEF, 2019.
DRUMOND, J. G. F. A Ética da Saúde e a Educação Física, in TOJAL, J.B.; BARBOSA, A. P. A
Ética e Bioética na Preparação e na Intervenção do Profissional na Educação Física. BH:
Casa da Educação Física, 2006. Disponível em: <http://www.listasconfef.org.br/arquivos/etica/A.
Etica.e.a.Bioetica.4.pdf#page=128>.
FIEP. Manifesto Mundial da Educação Física – FIEP 2000. Foz do Iguaçu - PR: Delegacia Geral do
FIEP, 2000.

capítulo 2 • 54
TOJAL, J. B.; H. BARBOSA, A. P. (org.). A Ética e Bioética na Preparação e na Intervenção do
Profissional na Educação Física. BH: Casa da Educação Física, 2006. Disponível em: http://www.
listasconfef.org.br/arquivos/etica/A.Etica.e.a.Bioetica.4.pdf#page=128.
BRASIL, Lei Ordinária Federal 9696/98. Brasília: Imprensa Nacional, 1998.
VARGAS, A. (Organizador). Aspectos Jurídicos da Intervenção Profissional em Educação Física.
RJ: CONFEF, 2014.
VARGAS, A. (Organizador). Dimensionamento Ético da Intervenção Profissional em Educação
Física. Rio de Janeiro: CONFEF, 2017.

capítulo 2 • 55
capítulo 2 • 56
3
Planejamento e
gestão da carreira
profissional &
mercado de trabalho
em Educação Física
Planejamento e gestão da carreira
profissional & mercado de trabalho em
Educação Física
Começando pelo início, vamos alinhar, primeiramente, os conceitos que usa-
remos ao longo de todo este capítulo, relacionado à disciplina Prática Profissional
em Educação Física II, e que dão sentido a abordagem e ao próprio título dele.
Inicialmente, PLANEJAMENTO. Planejar, fazer planos, empreender ideias
a partir de projetos, intenções ou desejos. Mas afinal, o que são planos? Podemos
sintetizar, descrevendo planos como sendo o conjunto de projeções mentais cons-
truídas a partir de objetivos pessoais ou profissionais, cuja materialização será veri-
ficada a partir do alcance, ou não, dos resultados esperados e que foram definidos
a priori sob a forma de objetivos.
Em outras palavras podemos dizer que, em linhas gerais, um planejamento
nada mais é do que a “forma organizada de sair de uma condição ou status para uma
outra”, diferente e, normalmente, melhor do que a anterior. Assim, poderíamos
dizer que fazer planos é definir de forma clara, simples e organizada uma intenção,
ou conjunto de intenções, com seus respectivos detalhes em diferentes níveis, por
intermédio dos quais pretende-se viabilizar um produto, serviço ou ação, deixando
a condição de intenção e transformando-se em realidade tangível.
Assim, planejamento da carreira profissional nada mais é do que a estrutura
organizada, com passos, metas, métricas e ações concretas que um profissional deve
definir para que sua trajetória profissional evolua, se sofistique e atinja patamares
superiores em relação a uma condição ou status anterior. Podemos ousar afirmar
que uma carreira sem planejamento é viagem constante (porque o tempo não
para!!), mas sem rotas e sem um destino definido... ou seja, vai chegar a algum
lugar, mas não se sabe onde, como, quando e nem como chegou até lá!!!
Em seguida, e como uma consequência do planejamento, temos a GESTÃO,
mas o que é isso, afinal? e o que carreira tem a ver com gestão? gerir uma carreira
profissional, assim como tudo que se relaciona a um propósito, seja ele pessoal,
profissional ou empresarial, implica na busca por resultados pela via da gestão, e
não de esforço, como afirmam Nóbrega (2004); Kotler; Armstrong (2015), ambos
autores, clássicos na área de negócios e marketing.

capítulo 3 • 58
Em outras palavras, gestão é um meio e não um fim em si mesmo. Não se
gere simplesmente por gerir, mas sim para alcançar algum resultado, seja ele qua-
litativo (como qualidade de serviços) ou quantitativo (reduzir número de falhas
ou defeitos).
Diante desse contexto, podemos afirmar que se o propósito maior de uma
carreira profissional é exatamente conduzir seu sujeito com direção e sentido,
resultantes de decisões tomadas a partir das diferentes circunstâncias pelas quais ele
passa, por outro lado o repertório de competências, habilidades, atitudes associadas
ao talento de cada profissional precisam ser transformados em resultados tanto
para ele quanto para os negócios dos quais participa, sejam de que natureza for.
Assim, este capítulo se propõe a conduzir você, em processo de formação, e
com a carreira em fase de plena construção, a reflexões e escolhas capazes de pro-
mover, desde já, um direcionamento que tenha como base o mercado de trabalho
na profissão que você escolheu. Mas aliás, o que é MERCADO DE TRABALHO?
Conceitualmente, podemos dizer que mercado de trabalho é o espaço das
relações de troca entre competências, habilidades e talentos em uma ou mais áreas
de conhecimento, que pessoas detém, e a oferta de trabalho remunerado, ou não,
que precisa desses atributos profissionais para ser feito. A essência do mercado
de trabalho, mesmo na sociedade contemporânea é, na sua essência, a mesma do
“escambo” da era pré-industrial, quando se trocavam mercadorias como forma de
satisfazer necessidades humanas individuais ou coletivas.
Com isso, o que pretendemos neste capitulo é, também, levá-lo a compreender
que a gestão da sua carreira profissional precisa ser balizada pelas demandas de
trabalho inerentes à profissão que você escolheu, a Educação Física, o que significa
dizer que é preciso dar a devida atenção tanto ao que se apresenta como necessidade
evidente como também em termos de demandas potenciais.
Estar sintonizado nessas duas dimensões (presente e futuro) é sinônimo de
um design para a carreira que não garante o sucesso (porque isso não há como ga-
rantir!!), mas, como bem descreveu Farias (2005), pode desempenhar os papéis
de proteção do fracasso, posicionamento estratégico, recuperação imediata de
sobressaltos e alcance de resultados, sempre com foco na excelência. Então, con-
vidamos você a refletir sobre o planejamento e gestão do seu maior patrimônio,
a sua carreira profissional!!

Então, ao trabalho!!

capítulo 3 • 59
OBJETIVOS
•  Compreender os conceitos de planejamento e gestão da carreira profissional, aplicado ao
mercado de trabalho em Educação Física;
•  Analisar criticamente o mercado de trabalho em Educação Física em suas
múltiplas possibilidades;
•  Conhecer e analisar criticamente as demandas de saber que caracterizam cada contexto
de intervenção no mercado de trabalho e respectivos perfis profissionais.

Planejamento da carreira profissional: cenários mutantes &


perfis profissionais

CONEXÃO
Inicialmente, convido você a assistir um interessante vídeo sobre este assunto e que
certamente vai servir para dar o start que precisamos para ir à frente na abordagem
dessa temática.
<https://www.youtube.com/watch?v=t6nleiFHcew>

Abordar a necessidade de planejamento e gestão da carreira profissional torna


imperativo discutir a priori as razões dessa discussão, ao mesmo tempo em que
remete a um interessante questionamento: pra que serve uma carreira profissional?
Carreiras falam de trajetórias profissionais, processos contínuos de evolução e
sofisticação da experiência e do conhecimento, construídos por um conjunto de
ações ao mesmo tempo diferenciadas e interligadas, mas que nada mais são do que
um meio para a construção de algo maior, uma finalidade. Mas você pode estar se
perguntando nesse momento:

Mas afinal, que algo maior é esse?


De uma forma bem sucinta poderíamos lhe responder: A própria atuação
profissional, ou, em termos mais abrangentes, o trabalho humano. Talvez esta
seja uma das formas mais marcantes de registrar a nossa existência, e que tem nos

capítulo 3 • 60
permitido fazer diferença na passagem pelo mundo, por um certo período de tem-
po, agindo, interagindo, formando, transformando, enfim, interferindo no curso
da história ao mesmo tempo em que faz história.
Assim, a atuação profissional, em qualquer que seja o nível, ocorre de um
jeito absolutamente diferente das épocas que nos antecederam, o que tem levado
algumas profissões a surgirem, outras a desaparecerem, mas todas, absolutamente
todas, a modificarem-se radicalmente em conteúdo e forma. Com isso, tanto as
profissões emergentes quanto as modificam-se, além de representar novas áreas de
intervenção engendram também novas formas de atuação, demandando com isso
novos saberes e novas formas de apreender.
Hoje, talvez mais do que em toda a história do trabalho humano, existem
demandas de conhecimento que perpassam praticamente todas as profissões, ao
que Farias (2005) denominou de “saberes comuns”, como também, aumentam
em quantidade e complexidade o que o mesmo autor denominou de “saberes
diferenciados”, identificados com áreas específicas de atuação.
Essa duplicidade tem conduzido a proposta de gestão de carreiras à
superação da dicotomia generalistas x especialistas, criando o paradigma da
“multifuncionalidade”, que demanda um repertório de saberes que permite ao
profissional atuar em áreas distintas que lhe dizem respeito, ao mesmo tempo
em que precisa dominar saberes específicos o suficiente para dar conta de
complexidades progressivamente maiores dessas mesmas áreas.

CONEXÃO
Sobre essa perspectiva de olhar a gestão da carreira profissional, recomendamos a as-
sistência do vídeo apresentado pelo Prof. Fábio Saba. Ele é uma referência de nossa profis-
são, atua diretamente na área de gestão e negócios de nossa área, e aborda, nesse vídeo, as
demandas de conhecimento exigidas para o desenvolvimento de uma carreira consistente
e com foco na excelência, onde ele recomenda um protagonismo do profissional nesse pro-
cesso. Vale a pena conferir!!
<http://www.fabiosaba.com.br/site_novo_2013/palestra/seja-o-protagonista
-da-sua-carreira/>

Como você pode observar no vídeo, fala-se de um conjunto de habilidades


e competências bastante diferenciadas e que, muitas delas senão todas, não são

capítulo 3 • 61
desenvolvidas durante a formação profissional (graduação), ou seja, é preciso ir
além do básico se quisermos ser mais que o básico.
Com isso, podemos afirmar que estamos em pleno voo, mudando de rotas
e, ao que parece, muitos de nossos estudantes de Educação Física e até mesmo
colegas de profissão, não estão percebendo que um cenário inteiramente novo,
sem antecedentes e cujos paradigmas eram, até bem pouco tempo, inimagináveis.
Podemos inferir, baseado nesse contexto, que talvez a maior mudança no contexto
do trabalho ocorrida desde o final do século passado e início deste foi exatamente
a mudança nos padrões de estruturação da carreira profissional, tanto no âmbito
das relações de trabalho empresas como fora delas.
Nesse novo cenário, os profissionais passaram a pensar e planejar suas
carreiras de forma não-linear, não sequencial exatamente quando perceberam
que era preciso empreender estratégias diferenciadas para construir, enriquecer e
diversificar suas carreiras. Definitivamente o profissional de Educação Física do
século XXI começa a perceber que seu trabalho não é mais o mesmo, os clientes
também não e, por conseguinte, novas demandas geram novas formas de entrega
e, por conseguinte, novos profissionais são necessários para que isso aconteça.
Seja a mudança do perfil dos clientes com suas expectativas e necessida-
des, seja pelo impacto do desenvolvimento tecnológico, seja pela globalização
das economias e dos mercados, ou pela associação de tudo isso, o fato é que o
próprio conceito de emprego e trabalho, tem sido responsável pela negação ou
reposicionamento das convicções em relação a estes assuntos, fazendo com que
a busca por respostas e soluções diferenciadas e sob medida seja mais importante
do que muitas tradições mantidas imutáveis por muitos anos até aqui. Em outras
palavras, podemos dizer que, à luz do que assistimos hoje no mundo de trabalho
e, por conseguinte, na formação e desenvolvimento das carreiras profissionais,
“tudo que é sólido, tende a virar pó muito mais rápido do que poderíamos imaginar”
Dessa forma, seja na vida acadêmica, seja no mundo do trabalho, existe uma
necessidade imperativa de preparar-se para enfrentar, não como vítima, mas sim
como protagonista do processo de desenvolvimento e enriquecimento da carreira
profissional, como bem afirmou o Prof. Fábio Saba no vídeo anterior.
Sobre essa necessidade imperativa, temos em Chiavenato (2013), uma afirma-
tiva contundente quando afirma que “você é aquilo que você faz”, que representa a
ideia de que sua carreira é construída à imagem e semelhança de seu dono, ou seja,
ela é a síntese das suas experiências, saberes, aprendizagens e diversificações, que

capítulo 3 • 62
dão o tom de uma carreira mais ou menos rica e composta de muitos ou poucos
ingredientes, o que compõe, em última análise, o seu valor agregado.
Segundo este mesmo autor, e corroborando Farias (2005), quando olhamos
ao nosso redor é possível perceber evidências que definem, em certa medida,
algumas das características de nossa profissão e, por conseguinte, das tendências do
trabalho e das demandas de habilidades e competências necessárias à construção
da carreira necessárias para os próximos anos. Por força de consequência, analisar
o cenário profissional dessa forma também nos permite, por contraste, uma visão
bem nítida dos caminhos a evitar na construção da carreira.
Faria (2009), corroborando Chiavenato (2008), destaca como ponto
fundamental para a construção de carreiras sólidas e prósperas dirigir o foco
das ações para a identificação dos talentos pessoais, habilidades, preparação,
programação, contemplação e estratégias, ao invés de buscar soluções rápidas por
meio de “fórmulas mágicas” ou “gurus de circunstância”. Segundo ela, a trajetória
profissional de maior ou menor sucesso vai depender de um planejamento que
combinará todos esses pontos, que agindo de modo sinérgico, serão a fonte para
a construção de uma carreira promissora e crescente continuamente. A carreira
dos sonhos, portanto, não é o resultado apenas de vontade, mas de um trabalho
meticuloso, empreendido a cada dia desde a formação acadêmica, que precisa de
um plano bem definido a ser seguido e da sua gestão cuidadosa.
Ainda que não seja possível definir com precisão absoluta os caminhos pelos
quais a carreira do profissional de Educação Física vai caminhar ao longo de sua
vida produtiva, é fato que já existem, hoje, alguns pilares sobre os quais não so-
mente as carreiras profissionais, mas também as empresas nas quais essas pessoas
poderão atuar deverão sustentar sua atuação para que sejam competitivos e sobre-
vivam no mercado. Aqui destacamos 5 (cinco) fatores fundamentais que mesmo
não exercendo papel hegemônico serão, certamente, referências de crescimento
e diferenciais competitivos tanto para as empresas do segmento fitness & wellness
quanto para pessoas. São eles:
a) sintonia com as tecnologias emergentes;
b) riqueza e uso inteligente da informação;
c) impactos da globalização;
d) qualidade na prestação de serviços e;
e) gestão e atualização constante do conhecimento.

capítulo 3 • 63
Todas elas, direta ou indiretamente, deverão fazer parte do conjunto de es-
tratégias que tanto as empresas como os profissionais deverão assumir no sentido
de planejar-se para estar presente no cenário do trabalho daqui por diante. Não é
possível imaginar um profissional que seja bem sucedido sem que esteja alinhado
com as tendências tecnológicas inerentes ao seu trabalho, que não seja capaz de fa-
zer uso estratégico da diversidade de informações disponíveis, que não esteja atento
aos impactos da globalização nos serviços que presta, que não assuma compromisso
com a qualidade em cada ação profissional e nem esteja absolutamente atualizado
em termos de conhecimento com tudo que se relaciona ao seu trabalho.
Reforçamos aqui a ideia de que, todos esses fatores merecem atenção desde
a formação acadêmica do profissional, o que significa dizer que formar-se ‘muito
mais do que simplesmente ir as aulas, fazer provas e obter notas satisfatórias. O
que as universidades nos oferecem é um currículo “mínimo” e, ele torna todos os
estudantes e profissionais absolutamente iguais. Portanto, a diferenciação é resultante
do currículo “máximo”, e este é o resultado das decisões e escolhas individuais.
Ainda que produzido no século XX, mas com alto teor de modernidade, Vianna
(1998), aborda de modo claro um fenômeno que denominou “supervalorização da
carreira”. Para este autor, um estrategista que sempre esteve à frente de seu tempo,
há algumas ações que definem o sucesso de um profissional em sua carreira, como
pode ser visualizado na tabela a seguir:

considerar o sentido de promoção como evolução multidisciplinar e multidire-


cional na própria carreira, onde pessoas “navegam” entre projetos e times sem
1 o compromisso de permanecer ad eternum, num mesmo posto, trabalho ou
empresa;
superar o sentido de carreira, como uma trajetória linear, evoluindo ao conceito
2 de web (teia) onde agir e interagir com pessoas leva à multiplicidade de relações,
contatos, experiências e oportunidades de trabalho;
deixar de lado a visão de ascensão como sinônimo de subir na hierarquia,
3 entendendo que o poder está em saber fazer com qualidade e não no cargo
exercido
substituir o saber simplesmente pelo saber aplicar o que se sabe de modo a
4 produzir melhorias concretas a partir de sua ação profissional.

Tabela 3.1  –  Ações para construção da carreira do


profissional contemporâneo. Fonte: o autor

Este mesmo autor, corroborado por Yeda (2011), destaca ainda que, sob essa
perspectiva, o emprego, da forma como o conhecemos, está condenado à morte,

capítulo 3 • 64
mas o trabalho sobreviverá, pois é ele que movimenta a própria vida humana e o
mundo. Cada vez mais deixaremos de ter tarefas contínuas, exercida por pessoas
por muito tempo numa mesma empresa. A tendência é que pessoas, agrupadas
ou individualmente, atuem por projetos, onde houver gente precisando de sua
intervenção ou contribuição. A personalização deixará de ser algo para poucos
para ser característica da prestação de serviços.
Assim, completamos a ideia deste autor afirmando que, nessa perspectiva, a
prestação de serviços em Educação Física “sob medida” deverá predominar sobre
o “tudo igual para todos”, e as carreiras profissionais deverão ser construídas para
atuar nesse contexto ou, em outras palavras, a diferença entre ser um bom profis-
sional e ser um profissional de excelência estará cada vez mais nas sutilezas que a
carreira puder gerar na sua atuação no mercado de trabalho.
Mas se por um lado é bastante tangível e inquestionável a necessidade
emergente de gerenciar a carreira profissional desde a sua construção, que começa
na formação acadêmica, por outro torna-se no mínimo intrigante saber como
fazer isso, certo? Essa deve ser a pergunta, de natureza prática, que você já deve
ter feito a si mesmo e que volta a fazer aqui. Nesse momento temos uma notícia
“ruim” e uma notícia “boa” para te oferecer...
A notícia “ruim” é que não existe uma receita ou fórmula pronta e única que
garanta o sucesso para quem a seguir na construção e gerenciamento da carreira.
Por outro lado, a notícia “boa” é que existem, SIM, algumas ações bem concretas
que podem, e têm contribuído para quem as adota, proporcionar o controle da
situação sobre a evolução da carreira profissional em Educação Física.
Assim, sugerimos a você 8 (oito) ações que têm sido amplamente adotadas
pela grande maioria das pessoas que você vê no mercado da Educação Física
atuando com excelência, sendo referência de sucesso e que podem ser considerados
profissionais bem-sucedidos na profissão. São elas:

Considere a possibilidade de gerenciar sua carreira profissional como


se fosse um patrimônio do qual você recebeu a responsabilidade úni-
ca de zelar pela manutenção da vida dela. Analise possíveis situações
1. SEJA de risco, oportunidades que estão à sua volta e desafios a enfrentar.
GUARDIÃO DA A partir daí desenhe ações preventivas de tal forma que nada possa
CARREIRA interferir na sua trajetória e que por isso mesmo você estará de plan-
tão 24h a serviço dela. Das pessoas que o rodeiam aos negócios com
quem se envolve e passando pelas redes de relacionamento de que
participa, tudo conta na proteção da carreira profissional;

capítulo 3 • 65
Através de ações de planejamento com foco em resultados concretos,
crie metas para o curto, médio e longo prazo de forma que essas metas
2. ESTABELEÇA sejam a materialização da superação de deficiências e potencialização
METAS de suas capacidades, fazendo com que a sua carreira tenha uma dire-
ção claramente definida;
Com base nas tendências do mercado onde está inserido, analise criti-
camente as necessidades de aprendizado que seu crescimento profis-
3. AUDITE SEU sional demanda, incluindo aí desde especializações, pós-graduações,
PORTFÓLIO capacitações ou mesmo participação em grupos de estudo. O que im-
porta é que você tenha condição de saber responder a pergunta: o que
preciso fazer para ser melhor do que sou hoje?
Defina claramente seu posicionamento diante das pessoas e empre-
sas do segmento em que atua de tal forma que todas as suas ações
4. CRIE UMA
representem exclusivamente VOCÊ. Independente se é na sua em-
MARCA presa ou na de alguém, faça com que aquilo que você faz tenha a sua
PESSOAL “impressão digital” inconfundível e que esta marca seja sinônima de
uma qualidade “impar”;
Analise cenários possíveis no seu segmento profissional e faça planos
que te permitam visualizar suas reações diante de riscos ou ameaças,
5. CONSIDERE
de modo a criar em você uma visão alternativa para o “inesperado”.
AS Defina procedimentos e recursos necessários para transformar tudo
ADVERSIDADES isso em ação concreta, mesmo que a probabilidade de ela acontecer
seja pequena;
Verifique nas trajetórias da sua carreira que se apresentam se é isso
6. ANALISE
mesmo que você queria e, se precisasse começar de novo, se esta
COM O seria sua escolha. Às vezes é melhor recomeçar algo na direção certa
CORAÇÃO do que trilhar a direção errada até o fim.
Observe ao longo e sua caminhada aquelas pessoas com as quais você
sempre percebeu que “sempre aprendia algo a mais”. Dentre elas, es-
7. ESCOLHA UM colha aquela em quem você gostaria de espelhar-se profissionalmente.
MENTOR Este é seu mentor e você deve procurá-lo para construir um plano de
“crescimento assistido” e monitorado por ele e você;
Siga seu plano de desenvolvimento de forma determinada e faça de
tudo para que a cada dia este sonho se construa um pouco. Além disso,
8. CONVERTA não deixe de perceber que os sonhos são fundamentais e alimentam a
SONHOS própria vida humana, mas a parte mais bonita deles é quando deixam
de ser sonhos e viram realidade;

Com base nessas ações propostas, podemos sintetizar afirmando que o


planejamento e a gestão da carreira profissional em Educação Física precisam ser
pensados sob outros pontos de vista, outras premissas, outros olhares. Uma carreira
que não permite aos seus profissionais continuarem fazendo as mesmas coisas por
toda a sua vida, seja pelas demandas físicas que exige, seja pela imagem que precisa

capítulo 3 • 66
comunicar, não pode deixar que o tempo se transforme em seu adversário ou, em
outras palavras, que seja vista como uma profissão exclusivamente de jovens.
Sendo assim, é preciso considerar duas características extremamente re-
levantes da carreira profissional em Educação Física e que, por isso mesmo,
merecem nossa atenção e análise cuidadosa. São elas a MUTABILIDADE e
TRANSITORIEDADE.
A primeira, mutabilidade, representa a necessidade ou decisão pessoal de mu-
dar o que se faz no dia a dia do exercício da profissão, seja em função de novas
demandas do mercado de trabalho, seja pela aquisição de novas competências e
habilidades para um trabalho diferente. Veja a seguir 2 exemplos práticos dessa
caraterística de uma carreira profissional em Educação Física:

EXEMPLO
Exemplo 1
Um profissional bacharel que trabalhe dando aulas de ginástica localizada por vários
anos desejando mudar sua forma de atuar pode preparar-se tecnicamente e empreender
esforços e recursos para assumir a atividade de treinamento personalizado para um determi-
nado segmento de sociedade.
Exemplo 2
Um profissional licenciado e bacharel que atua com educação física escolar na educação
infantil em rede escolar de ensino opta por mudar sua atividade laboral para atuar na con-
dução de turmas de iniciação desportiva em uma determinada modalidade de seu interesse.

Em ambos os casos, o profissional permanece na prescrição e execução de ati-


vidades físicas/esportivas, mas em ambientes, clientelas e com objetivos diferentes.
Em outras palavras, eles mudaram a forma de atuar na profissão, mas permanece-
ram na atividade operacional, atuando na execução/prescrição/orientação de
exercícios físicos.
A segunda característica, transitoriedade, representa a necessidade ou inte-
resse por atuar profissionalmente em patamares diferentes daquele onde atuava no
exercício da profissão, saindo da atividade operacional e executora para assumir
níveis de supervisão e gestão dos negócios relacionados à sua expertise técnica.

capítulo 3 • 67
Veja a seguir 2 exemplos de aplicação dessa caraterística a gestão de uma carreira
profissional em Educação Física:

EXEMPLO
Exemplo 1
Um profissional bacharel, que trabalha dando aulas de modalidades coletivas por vários
anos em academias, deseja mudar sua forma de atuar e resolve preparar-se tecnicamente
para assumir a coordenação técnica de atividades coletivas em uma determinada academia.

Exemplo 2
Um profissional licenciado e bacharel que atua como professor de educação física es-
colar na educação infantil opta por mudar sua atividade laboral e atuar em uma empresa que
ele mesmo criou, oferecendo serviços na área de recreação e lazer em colônias de férias
corporativas, condomínios e projetos sociais relacionados a práticas esportivas e recreativas.

Em ambos os casos, o profissional “mudou de nível” na escala de responsabilida-


des e atribuições em sua profissão, deixando a atividade operacional e executora para
desempenhar uma atividade de caráter gerencial, na qual passa a responder e
definir diretrizes para o desempenho dos seus pares, bem como a gestão dos
resultados da empresa, da satisfação dos clientes e da gestão dos talentos que
compõem sua equipe.

Possibilidades da carreira profissional: dimensões diferentes & perfis


específicos

Como pudemos observar nas descrições e exemplos anteriores, não é saudá-


vel para uma carreira profissional pensar sua trajetória sob a ótica da linearidade
e imutabilidade, ou seja, considerando os paradigmas da certeza, estabilidade e
permanência, oriundos da Revolução Industrial como referência para pensar uma
profissão e uma carreira.
Mas nesse momento você pode estar se perguntando: então, não é mais
possível prever o futuro a partir de uma realidade visível aqui e agora na
vida profissional?

capítulo 3 • 68
A notícia desconcertante é NÃO!! Ainda bem que não há mais previsibilidade
quanto ao exercício profissional e muito menos quanto as demandas de conheci-
mentos, habilidades e atitudes que deverão estar presentes no exercício da profis-
são em Educação Física, pois muitas são as forças que influenciam os destinos des-
te “fazer profissional” e, por conseguinte, muitas são as mudanças que deveremos
fazer para continuar no jogo!
Quem poderia, por exemplo, imaginar a apenas uma década, que aplicativos
para smartphones poderiam ser usados como ferramenta para a prescrição, orienta-
ção, acompanhamento e gestão de resultados gerados a partir da prática de exercí-
cios, sem que o profissional esteja frente a frente com seu cliente?
Sobre isso, preocupa-nos bastante que muitos cursos de formação profissional,
sobretudo no nível superior, ainda cumpram um discreto papel de “reprodutores
de um saber estático”, imutável e pouco útil em um contexto de tantas mudan-
ças em conteúdo, forma e paradigmas, mesmo diante de um mercado, plástico,
mutável e que sofre alterações em conteúdo e forma nunca antes vistos. Essa preo-
cupação nos remete a um questionamento que deveria ser preocupação de todo e
qualquer estudante, e que compartilhamos aqui com você:
Corremos o risco de estarmos formando e sendo formados, profissionais
dotados de conhecimentos sofisticados e complexos, mas que não conseguem
aplicá-lo ao contexto das demandas da sociedade, resolvendo seus problemas e
melhorando a vida das pessoas que a compõem? Sim, infelizmente corremos!!!
Mesmo no mercado dos empregos formais (que se reduzem quantitativamen-
te no mundo), são exigidas pessoas com escolaridade progressivamente maior e
dotadas de múltiplas competências e habilidades capazes de dar conta das deman-
das da sociedade, com tomadas de decisão cada vez menos operacionais e cada
vez mais estratégicas, o que significa menos procedimentos e mais alternativas;
menos operação e mais criação, menos hardware, mais software, e porque não
dizer peopleware. No que se inserem novos perfis, comportamentos, valores éticos,
habilidades interpessoais, conhecimentos e experiências múltiplas. Em síntese,
podemos afirmar que são as sutilezas que fazem a diferença numa carreira profis-
sional e, portanto, desenvolvê-las e cultivá-las passou a ser o combustível para a
realização e sucesso profissional.
E são exatamente essas sutilezas que obrigam você a questionar, por exemplo,
se de fato conhece as múltiplas formas de ter um trabalho digno, de qualidade e
relacionado diretamente com a formação que escolheu ou, caso contrário, se já
assumiu que estas possibilidades estão delimitadas apenas aos empregos que estão

capítulo 3 • 69
à sua volta nos locais que já conhece e para fazer o que já existe em quantidade
muito maior do que é preciso.
Infelizmente esse modo de pensar ainda é comum entre jovens profissionais
que se formam a cada ano e, não são raros os que desistem da profissão pelo fato
de não vislumbrarem a possibilidade do emprego com o qual sonharam.
Enquanto isso, outros, exatamente por não acreditarem no fracasso anuncia-
do e não se satisfazerem com esse status quo, olhando com outros olhos e indo
em busca de "fazer o que não se está fazendo", se dispondo a trabalhar com quem
pouco recebe atenção, quem é esquecido ou, simplesmente, indo atrás das opor-
tunidades que poucos estão a ver....
Então, diante dessa descrição, quem você acha que tem razão? Quem tem
“medo de perder” ou quem tem “vontade de ganhar”?
Se as tendências apontam não para uma crise momentânea do emprego no
mundo, mas sim, para uma mudança radical na forma de estabelecer relações
profissionais, pensamos que esperar a crise passar é entregar a própria vida como
passaporte dessa espera.
Assim, e como forma de contribuir para esta sua necessária reflexão e con-
sequente design de sua trajetória profissional daqui por diante, apresentamos a
você na figura 3.1 a seguir, com a respectiva descrição de cada dimensão a seguir,
o Modelo das 3 Dimensões de planejamento e gestão da carreira profissional em
Educação Física, adaptado da Pirâmide das Possibilidades de Atuação Profissional,
proposto por Farias (2005), quando propunha quatro formas absolutamente dife-
renciadas de atuar no contexto da contemporaneidade.

Você EMPRESARIO

Você S.A.

Você EMPREGADO

Figura 3.1  –  Pirâmide das Possibilidade de Atuação em


Educação Física. Fonte: adaptado de Farias (2005)

capítulo 3 • 70
É importante observar que essas dimensões não são excludentes, ou seja, é
possível atuar em uma, mais de uma ou todas elas, desde que para isso o profissio-
nal enriqueça sua carreira com as respectivas competências, habilidades e atitudes
necessárias para uma atuação dentro de padrões de excelência profissional.

Nesta dimensão, o vínculo de trabalho é do tipo empregatício tradicional e assa-


lariado. A valorização do trabalho é função de fatores como estrutura de cargos
VOCÊ EMPREGADO

da empresa, planos de carreira, tabelas salariais, remuneração média de mer-


cado e porte da empresa. No máximo uma remuneração variável ou gratifica-
ção pode recompensar um desempenho acima da média. Poucos profissionais
conseguem fazer valer seu valor na troca de seu serviço por remuneração, pois
quem decide o valor a ser pago é quem paga, e não quem recebe, já que a
margem para negociação é restrita e oferta de mão de obra é grande. Está em
fase de retração no mundo, com redução substancial do valor do trabalho na
maioria dos casos.
Esta dimensão corresponde à ausência de vínculo empregatício, embora o tra-
balho e seu valor financeiro sejam fruto de negociação direta entre quem presta
VOCÊ S.A.

e quem compra os serviços. A valorização e remuneração diferenciada é fruto


da maior ou menor agregação de valor e diferenciação do serviço prestado a
quem contrata os serviços. Está em fase de expansão no mundo e responde
por parte significativa da economia, sobretudo quando se fala em termos de
prestação de serviços.
Esta dimensão corresponde a posição em que você passa a ter profissionais
VOCÊ EMPRESÁRIO

trabalhando para fazer do seu negócio um empreendimento de sucesso e que


atenda as demandas do mercado. De “procurador de empregos” você passa a
“gerador de empregos”, o que impacta na sua função social e na responsabi-
lidade de ter pessoas que colaboram no crescimento do seu negócio. Nessa
atividade será preciso investir continuamente na capacidade de quem trabalha
para você, remunerá-las dignamente e sobretudo considerar que a alma de seu
negócio é composta pela interação entre clientes internos e externos. Está em
fase de expansão no mundo, mas passando por mudanças radicais nas rela-
ções de trabalho e na forma de contratar os talentos.

A partir da observação e análise da proposta anterior, você deve ter percebido


que a abordagem de planejamento e gestão da carreira profissional foi orientada
no sentido de deixar evidente a necessidade de uma estratégia para caminhar na
direção da diferenciação profissional, que em nada se assemelha a garantia de
sucesso, fama, riqueza ou mesmo empregos em quantidade.
Ao contrário, a proposta desse material que lhe apresentamos cumpre o pa-
pel de despertar sua atenção para a necessidade de cultivar e manter visibilidade
profissional da sua carreira, de tal modo que seja capaz de dar ao seu talento e as
suas experiências um foco definido por você mesmo, cujo propósito maior seja a
realização profissional naquilo que você escolheu para fazer e que todos à sua volta
esperam que seja sempre o melhor possível.

capítulo 3 • 71
Mas para isso, é preciso que sua carreira seja vista como um sinônimo e uma
referência de sua capacidade de trabalho, das suas realizações e do seu jeito de fa-
zer o que faz, de tal modo que seja inconfundível mesmo diante da concorrência.
A isso denominamos de MARCA, que precisa ser associada ao seu conteúdo, ou
PATRIMÔNIO, que nada mais é do que o conjunto de saberes e experiências acu-
muladas por você desde o início de sua formação e que deverá durar toda a sua vida.

A carreira profissional: construção de marca & patrimônio como regra

Durante muito tempo predominou a ideia de que os componentes da carreira


profissional eram o resultado da associação entre conteúdo e forma, sendo o pri-
meiro relacionado aos conteúdos e experiências acumuladas e o segundo ao que
precisava parecer ser, sobre a qual o marketing tradicional se ocupou.
Porém, não há mais dúvidas quanto ao mundo em que vivemos hoje no que
diz respeito ao poder e à influência das marcas e, sendo assim, no contexto da
competitividade profissional podemos afirmar que cada um de nós é marcado
pelas MARCAS que usa da mesma forma que estas marcas cada vez mais se carac-
terizam pelo uso por pessoas como você. Diante desse cenário não é de se espantar
que uma carreira profissional precise de uma “identidade” capaz de torná-la dife-
renciada frente aos demais players do jogo concorrencial, advindo daí as ações de
marketing que a gestão de uma carreira demanda.
Sendo assim, ao aplicar alguns conceitos do marketing para o desenvolvimen-
to e potencialização de uma carreira é notório que ainda há muito a aprender com
as marcas, sobretudo as grandes marcas, pois elas são a exata expressão daquilo que
todo profissional de Educação Física gostaria imensamente que acontecesse toda
vez que alguém falasse de um serviço relacionado aquilo que ele faz: que o seu
nome fosse a primeira expressão que viesse à mente das pessoas interessadas
na compra!!
Mas então fazemos aqui um provocante questionamento:

será que estamos fazendo o nosso melhor na construção da marca de nossas carreiras
profissionais? Da forma como nos vestimos, falamos, nos comportamos e interagimos,
presencialmente ou nas redes sociais, somos a representação exata daquilo que gosta-
ríamos de ser, aos olhos dos nossos clientes e pares?

Em síntese, estaremos SEMPRE construindo uma MARCA de nossas carrei-


ras, mesmo que ela não represente o que gostaríamos. Gostemos disso, ou não,

capítulo 3 • 72
a marca projetada pela carreira profissional diz muito sobre o que efetivamente
somos, exatamente pelo fato de chegar antes de nossa ação profissional ou mesmo
de sermos conhecidos pessoalmente. Pense nisso!!
Além disso, e abordando a outra face dessa mesma moeda, temos o patrimô-
nio, que nada mais é do que o portfólio de habilidades, competências, saberes
acumulados, experiências e sobretudo relações estabelecidas com outros seres hu-
manos e que, embora intangível, descreve muito daquilo que você efetivamente é
quando consideramos a ótica dos que com você se relacionam e compram serviços.
Nesse momento é possível que você esteja lendo isso e perguntando a si mesmo
ou a mim: “mas o que essa história de marca e patrimônio tem a ver com carreira
profissional em Educação Física?
É exatamente aí que reside um dos propósitos deste capítulo: demonstrar que
temos muito a aprender com as marcas, sobretudo as grandes marcas, pois são
exatamente elas que conseguem fazer exatamente aquilo que todo profissional gos-
taria que acontecesse toda vez que alguém falasse de um serviço relacionado aquilo
que ele faz: que o seu nome fosse a primeira expressão que viesse à mente das
pessoas interessadas na compra!!!

CONEXÃO
Convido você a assistir a um vídeo muito interessante, onde são descritas algumas ca-
racterísticas essenciais a uma carreira profissional próspera, a partir de um investimento no
marketing pessoal. A associação do que você vai ouvir com a atuação profissional na nossa
profissão fica por sua conta, mas sugiro que observe as semelhanças nas características
descritas com aquelas que estão presentes no dia a dia do profissional de Educação Física.
<https://www.youtube.com/watch?v=uM8xEcX4Fv4>

E então, o que você achou do vídeo? Conseguiu fazer as adaptações do con-


teúdo à carreira profissional em Educação Física? Identificou semelhanças na tra-
jetória e nos investimentos necessários no marketing pessoal para que a prosperi-
dade seja sua “companheira de viagem”? esperamos que tenha ficado evidente que
o planejamento e a gestão da sua carreira profissional não podem ser pautados na
espera por “milagres”, “crenças” ou mesmo seja o resultado de ações dos outros.
Ela é seu patrimônio, sua responsabilidade e, portanto, cabe somente a você dar

capítulo 3 • 73
a ela a direção e o empoderamento que precisa para que sua trajetória seja conti-
nuamente ascendente.
Por isso mesmo, acrescentamos aqui a interessante abordagem, descrita por
Farias (2005), relacionada a necessidade de atenção e cuidado sobre 6 (seis)
atitudes que devem ser evitadas a qualquer custo, em relação ao planejamento e
gestão da carreira profissional”.
Por conta disso, recomendamos a leitura atenta e análise cuidadosa dessas
“verdades”, evitando assim investir em caminhos que não agregam nada as
carreiras, além de gerar perda de tempo e energia, além de gerar desgaste da
imagem profissional. São elas:
1. CRESCIMENTO PROFISSIONAL DEPENDE DE SORTE
Mais do que simples sorte, e fato o que é preciso é estar adequadamente preparado para
as oportunidades quando elas surgem. Obviamente é necessário estar no lugar certo
e na hora certa, mas isso somente se desdobra em sucesso se o profissional estiver
devidamente preparado para assumir uma posição no mercado de trabalho. Quando as
oportunidades surgem e não encontram o profissional preparado, normalmente nos ve-
mos diante de frustração e fracasso, que não se explicam pela falta de sorte, mas sim pela
falta de competência;

2. TER UM “PISTOLÃO” OU UM “QUEM INDICA” É O MELHOR CAMINHO


PARA O SUCESSO
Conceito derivado de uma cultura empresarial obsoleta e voltada para o clientelismo ou
pelos denominados “cabides de emprego”, esta premissa é absolutamente a negação
daquilo que um mercado competitivo procura hoje, na era do conhecimento. É muito pouco
provável que um empreendedor, diante da necessidade de contratar profissionais para
seu negócio, entre escolher os mais competentes ou aqueles “indicados” por pessoas de
influência, opte por colocar na sua empresa estas últimas, mesmo que seu talento seja
duvidoso. Aliás, você faria isso se o negócio fosse seu?

3. PRA FRENTE E PRA CIMA É O CAMINHO DA ASCENSÃO


Não é absolutamente uma verdade absoluta a ideia de que ascender na carreira profissio-
nal somente seja possível alcançando postos superiores na hierarquia de uma empresa.
Muito pelo contrário, e levando-se em conta que as vezes a realidade da ascensão revela-
-se como num tabuleiro de xadrez ou damas, as vezes é preciso perder aqui para ganhar
adiante. Afinal, ser o técnico-chefe em uma equipe desportiva do bairro onde mora é mais
ou menos importante do que ser auxiliar técnico da seleção nacional?

capítulo 3 • 74
4. CHEGAR NO TOPO É CHEGAR AO SUCESSO
Tal qual nas antigas e enganosas propagandas de cigarro, pessoas que atingem posições
no topo da pirâmide organizacional nada mais fizeram do que cumprir uma trajetória
que, de verdade, terminou. Assumir uma posição de topo na pirâmide, na verdade, pode
incorporar uma grande ilusão à carreira profissional pois, nesses casos, normalmente
as pessoas descuidam-se do crescimento pessoal e profissional e, além disso, sentem-
se “inatingíveis e infalíveis”. E isso pode custar caro a uma carreira profissional!!, pois
o “Olimpo” é apenas um lugar onde deuses e outras entidades recebem saudações,
reverências e bajulações, porque lá não se trabalha!!! Na verdade, é preciso perceber, e a
dinâmica do ambiente empresarial nos relata isso o tempo todo, que “subidas meteóricas”
são o melhor caminho para “descidas retumbantes” e rápidas, já que depois de não ter
mais para onde subir, o próximo passo é descer.

5. SÓ GRANDES EMPRESAS PROPORCIONAM CARREIRAS DE SUCESSO


tão comum quanto falaciosa é essa afirmativa!! É fato que, em empresas de grande
porte temos oportunidades de aprender com experts, dispor de recursos tecnológicos
atualizados e ainda ter o nome da corporação em seu currículo. Porém, e esse é o detalhe
que recomendamos dar atenção, é preciso admitir que numa empresa de grande porte,
normalmente, você é apenas mais um dos colaboradores que a compõem. O que quere-
mos dizer é que, quando você é o “fulano de tal da empresa X”, ela vira seu sobrenome e
isso pode tanto te projetar externamente como informar ao mercado que você foi “feito
à imagem e semelhança” da grande empresa a qual você pertence. Por outro lado nas
empresas de menor porte, sua visibilidade pode ser criada “a partir de você”, ou seja, a
empresa está em crescimento e você está crescendo junto com ela, fazendo com que
“suas digitais estejam lá nesse processo de crescimento”, ou seja, você está deixando
marcas, na empresa e na sua carreira profissional. No seu currículo, fará tanto sucesso ter
na trabalhado na grande e sólida empresa XYZ como também será um fator diferenciador
você ter trabalhado implantado melhorias e aumentado os resultados da empresa KWZ.
A questão, de fato, é a sua capacidade de realização, os resultados que você gerou e o
quanto de você há em cada uma delas.

6. ESTAR BEM COM CHEFES É GARANTIR SEGURANÇA NA CARREIRA


Complementando as recomendações anteriores, existe uma falsa ideia de que a “con-
cordância cega”, chegando às vezes à deplorável atitude de subserviência ou ainda de
bajulações, a gerentes, coordenadores ou alguém em posição superior na hierarquia da
empresa, funciona como uma espécie de ‘seguro de vida da carreira profissional”. Tal
modo de pensar e agir é tão infantil quanto a crença no Papai Noel!!! Gerências, chefias e
supervisões são apenas cargos e, portanto, são papéis que podem ter seus atores troca-
dos a qualquer momento. Além disso, no processo de sucessão desses cargos há sempre
uma tendência de quem chega neles de preservar profissionais tecnicamente bons, visan-
do assim dar continuidade ao que funcionava bem e gerar melhorias naquilo que era ne-
cessário melhorar. Nessas horas atitudes de subserviência e bajulação depõem contra a
carreira profissional, já que a pergunta que fica no ar sempre será: por qual razão este pro-
fissional está agindo dessa forma? Será o medo de deixar evidente fraquezas profissionais?
Resumidamente, podemos afirmar que, viver à sombra de gerentes além de ser humilhan-
te profissional e pessoalmente, pode depor contra a visibilidade da carreira profissional.

capítulo 3 • 75
ATIVIDADES
01. Considerando que você está realizando seu estágio em uma empresa voltada ao exercí-
cio profissional em Educação Física, solicitamos que você realize um levantamento de dados
com no mínimo 3 (três) profissionais que atuam nessa empresa, relacionado a carreira pro-
fissional deles e como as gerenciam, a partir do seguinte roteiro de entrevista.
a) O que eles consideram um profissional de excelência nessa área de atuação?
b) Eles têm a prática de gestão de suas carreiras profissionais?
c) Como eles fazem isso?
d) Esses profissionais atualizam-se em seus conhecimentos?
e) Como eles fazem isso? Usam que estratégias?
f) Como eles descrevem o perfil de um profissional de excelência nessa área de atuação?
g) Como eles visualizam o mercado de trabalho neste segmento?
h) Existem saberes específicos para atuar nesse segmento do mercado de trabalho?
i) Quais são as maiores dificuldades para construir uma carreira profissional de sucesso?

Com base nas respostas obtidas, elabore uma síntese pessoal sobre elas e, a partir daí,
descreva 4 (quatro) sugestões que você daria para que uma carreira profissional fosse pro-
dutiva e caminhasse na direção do sucesso.

02. Levando em conta tudo que foi abordado até aqui, assinale dentre as características
apresentadas a seguir, aquelas que considera essencial à uma carreira profissional de exce-
lência em Educação Física.
a) Capacidade de trabalhar em equipe.
b) Capacidade de integrar conhecimentos de diferentes áreas.
c) Habilidade para lidar com tecnologias emergentes.
d) Capacidade de prestar serviços idênticos e aplicáveis a todas as pessoas.
e) Competência de ser empático para tomar decisões que envolvem pessoas.
f) Habilidade para negociar com clientes com base no ganha-ganha.

REFLEXÃO
Finalizamos o capítulo reforçando a ideia de que não queríamos oferecer receitas prontas
de como chegar ao sucesso profissional, construindo uma carreira brilhante e sem obstáculos.
Fazer ou prometer isso, seria gerar apenas ilusões e deixar de contribuir com a sua formação.

capítulo 3 • 76
Pelo contrário, nosso intuito foi, e esperamos ter conseguido, despertar sua atenção para
a importância de você dar atenção para a construção de uma carreira dinâmica, flexível, ou-
sada e, sobretudo, que te conduza pelo caminho que você idealizava quando escolheu essa
bela profissão e, por conseguinte, ajudar você a chegar onde sonha na profissão.
Dessa forma, buscamos contribuir não somente com a construção da sua carreira, como
futuro profissional de Educação Física, que está sendo inserido no mercado de trabalho por
meio do estágio profissionalizante, mas principalmente colaborar com ideias e provocações
que ajudem você a definir caminhos e fazer escolhas, mesmo assumindo que não temos uma
receita de “acertar sempre” mas sim, o de criar condições para “errar o mínimo possível”
aprendendo sempre com cada erro que, porventura, venha a cometer.
Em última análise, nossa abordagem sobre planejamento e gestão da carreira profis-
sional, para você que está em pleno crescimento, foi fundamentada em três pilares funda-
mentais. São eles: (1) autoconhecimento, identificação e reconhecimento tanto das forças
quanto das fragilidades em termos de habilidades e competências necessárias ao sucesso
profissional; (2) visão panorâmica da realidade do mercado de trabalho, que denomi-
namos análise de cenários visíveis e potenciais e (3) preparação para inserção nesse
mercado, que representa a tomada de decisões necessárias para ser diferenciado pelo con-
junto de competências, habilidades e atitudes, num processo de melhoria contínua desde a
formação acadêmica.
Diante disso, prezado(a) estudante de Educação Física, esperamos ter despertado em
você a curiosidade e o interesse por tornar-se protagonista de sua própria história e autor
de sua carreira profissional, dando a ela todos os ingredientes de que precisa para projetar
todo o brilho que seu talento puder produzir, e uma trajetória da qual você se orgulhe imen-
samente, e que te leve a excelência profissional, visibilidade e reputação que orgulhem todas
as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para você chegar até aqui.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: Dando Asas ao Espírito Empreendedor (3a. ed.). SP: Saraiva.
2008.
CHIAVENATO, I. Carreira e Competência: você é aquilo que faz (3a. ed.). SP: Manole. 2013.
FARIAS, E. Panejamento e Gestão da Carreira Profissional; Ferramentas e Ações para o Sucesso.
RJ: Sprint, 2005.
FARIA, V. M. Manual de Carreira: Identifique e Destaque o Talento que Existe em Você. SP:
Saraiva, 2009.

capítulo 3 • 77
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing (15a. ed.). SP, SP, Brasil: Pearson Education
- Br. 2015.
VIANNA, M. A. F. Futuro: Prepare-se! Cenários e Tendências para um Mundo de Oportunidades. SP:
Gente, 1998.
YEDA, O. Gestão da Carreira Profissional: Uma Perspectiva Holística. SP: Livrus, 2011.

capítulo 3 • 78
4
A gestão dos negócios
e serviços ligados
à educação física:
prestação de serviços,
vendas, relacionamento
com clientes e o papel
do gestor
A gestão dos negócios e serviços ligados
à educação física: prestação de serviços,
vendas, relacionamento com clientes e o
papel do gestor

Como forma de dar início a abordagem de diferentes aspectos ligados aos


negócios em Educação Física, e que certamente sua experiência profissional, na
condição de estagiário, vai lidar de forma ativa, é importante uniformizar conceitos.
Primeiramente vamos falar de PRESTAR SERVIÇOS a clientes. O que você
considera prestar um serviço?
Por mais que ainda tenhamos, infelizmente, pessoas e profissionais que en-
tender o ato de atender um cliente em um determinado negócio, como sendo
apenas e tão somente trocar dinheiro por alguma coisa intangível que o cliente
quer comprar, não há mais dúvidas que atendimento é muito, muito mais que
isso! Podemos afirmar que prestar um serviço nada mais é do que resolver um
problema que o cliente traz consigo e espera, disposto inclusive a pagar por isso,
que o prestador seja ou traga a solução. Observe que usamos aqui o binômio
problema x solução. O que coloca o prestador de serviços como um provedor de
soluções, correto?
Para além da prestação de serviços temos a ação efetiva que materializa a com-
pra pelo cliente da solução esperada, e isso é a VENDA. Vender, novamente, está
longe de ser a mera "troca-de-dinheiro-por-serviços", mas sim o convencimento
pleno e consciente do cliente de que aquilo que temos para lhe entregar, o serviço,
não é somente uma solução, mas sim a melhor solução para ele, com uma relação
custo x benefício altamente positiva e com alta agregação de valor a sua vida.
Uma vez dado início ao processo de venda, que corresponde à compra pelo
cliente, é necessário manter a compra por parte deles, e isso somente se materiali-
za quando se estabelece um RELACIONAMENTO que precisa ser pautado em
muitos aspectos objetivos e subjetivos, como transparência, credibilidade, quali-
dade do serviço dentre outros.
Por fim, a manutenção do relacionamento com os clientes, de tal modo que
isso se converta em fidelização dele a empresa e aos serviços, depende de todos
os stakeholders envolvidos, mas precisa ser gerenciado de modo efetivo, e isso é
função dos GESTORES das empresas de serviços. Mas como deve ser esse gestor,

capítulo 4 • 80
qual seu perfil e que responsabilidades lhes cabem? Essas são questões de alta re-
levância que abordaremos, sem oferecer respostas prontas e acabadas, é verdade,
mas sinalizando para que você faça suas reflexões e entenda o mundo do trabalho
e dos negócios ligados à profissão que escolheu.
Então, vamos em frente?

OBJETIVOS
•  Analisar criticamente a realidade da gestão nas empresas de serviços ligados à Educação
Física em todas as variáveis determinantes dos resultados;
•  Conhecer e analisar os aspectos: prestação de serviços, vendas e relacionamento com
clientes nos serviços ligados à Educação Física;
•  Compreender e analisar o papel do gestor na condução dos negócios em Educação Física.

Prestação de Serviços a Clientes nos Negócios em Educação Física:


O Atendimento

Inicialmente, retomamos o questionamento anterior, deixando aqui uma per-


gunta aberta: Afinal, o que é prestar serviços a clientes?
Historicamente, o que tinha valor e impactava diretamente as economias do
mundo era a atividade agrícola, pelo simples fato de que era ela que nos oferecia o
alimento necessário à vida humana. A essa época serviços oferecidos à população
eram escassos e normalmente realizados por escravos ou por quem, pela falta de
condições físicas ou intelectuais, somente podiam trabalhar na lavoura, o que levou
a prestação de serviços a ser considerada como uma atividade de segunda categoria,
de valor menor, posto que eram prestados por pessoas também consideradas de
segunda classe.
Já a partir da Revolução Industrial, com o surgimento das fábricas, a
importância da agricultura na economia passa a concorrer com a indústria, que
passa a demandar uma mão de obra especializada, o que era escasso, já que a
força de trabalho disponível, na sua grande maioria, era agrícola e, portanto, sem
especialização nas atividades industriais.
Nesse contexto, as empresas passam a investir intensamente na qualificação do
seu trabalhador, transformando-os em uma categoria até então inexistente: a dos

capítulo 4 • 81
“operários especializados”. Enquanto isso, pessoas que não eram qualificadas para
a agricultura e nem para atuar na indústria eram relegadas a um plano secundário
na força produtiva que era a prestação de serviços, reforçando assim a imagem de
atividade sem prestígio, de segunda categoria, de gente desqualificada.
Com isso, forma-se um conceito de que prestar serviço é sinônimo de “servir”,
que deriva de servidão e que remete ao trabalho desqualificado e escravo, que
servia ao seu senhor de maneira, muitas vezes, humilhante. Diante desse contexto,
não é difícil compreender que prestar serviços não representa exatamente um
compromisso entre quem presta e quem recebe, mas no máximo uma obrigação,
que em outras palavras torna-se sinônimo de “não fazer o seu melhor”.
Porém, com o processo de desenvolvimento econômico, onde as cidades
passam a acolher, ao mesmo tempo, as indústrias e os consumidores com suas
famílias e demandas por consumo, surge o desafio de oferecer a estes o acesso
ao consumo de bens e serviços relacionados ao que a indústria produzia, além
dos serviços derivados dessa produção, demandando, portanto, uma operação
mais eficaz e rentável. Se as pessoas não podiam ir até as indústrias, as indústrias
precisavam chegar às pessoas, pois o consumo é, em síntese, ao “combustível” da
rentabilidade delas.
Nesse momento surge a necessidade de incrementar as atividades de prestação
de serviços tanto nas regiões industrializadas como também nas suas periferias,
e sendo assim, serviços que vão desde as atividades ligadas ao lazer e esporte
(nossa área de atuação), a informática, a propaganda e todas aquelas ligadas
ao profissional liberal ou pequenas empresas de prestação de serviços pessoais
(lavanderias, livrarias etc.) surgem como poderosa fonte de geração de riqueza,
impactando decisivamente para uma mudança na configuração das economias e,
por conseguinte, do Produto Interno Bruto – PIB dos países.
Com isso, a prestação de serviços, vista antes com desprezo, adquire grande
importância até chegar à situação de hoje, quando é responsável por empregar
grande número de pessoas e por quase 70% do PIB brasileiro. Deixa de ser vista
como atividade de segunda classe, passa a ser fundamental para a economia e
não é mais uma atividade de pessoas despreparadas, que a executavam por
não conseguirem coisa melhor, mas sim, passa a ser exercida por profissionais
devidamente formados e voltados para este segmento, o da venda e prestação
de serviços.
Mas como nada é estático, sobretudo no mundo dos negócios, novos cenários
levam a novas demandas e, por isso mesmo, um problema sequer imaginado em

capítulo 4 • 82
períodos anteriores começa a ganhar espaço e servir de base para o consumidor. A
qualidade na prestação de serviços. Apesar de muitas iniciativas pontuais de relativo
sucesso, como aquelas empreendidas por escolas de formação de profissionais de
serviços, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, que
ainda hoje oferece ao mercado excelentes programas de preparação e atualização
profissional, estamos longe do suficiente e necessário.
Como clientes, cada um de nós já deve ter vivido muitas situações que se
transformaram em experiências negativas com a prestação de serviços, seja isso em
academias, estúdios hotéis, relacionadas à pouca qualidade da mão de obra. Pode
ser algo acontecido em um hotel, restaurante, serviços de tv por assinatura, tele-
fonia móvel dentre outros. O traço comum entre todas as experiências negativas
com serviços é o mesmo: uma frustração em relação às expectativas e o desempe-
nho do serviço em si, ou seja, não era exatamente o que você esperava o que lhe
foi entregue, certo?
Mas a essa altura você já deve estar se perguntando e me perguntando: OK,
entendi a evolução das economias e o surgimento da necessidade pelos serviços.
Mas o que isso tem a ver como a prática profissional em Educação Física e com
a prestação de serviços a ela ligados? Minha resposta a você é simples e pode ser
expressa por uma única expressão: TUDO! Sabe por quê?
Porque “a prestação de serviços é uma corrente com diversos elos”. E você já
deve ter ouvido falar que a força de uma corrente é igual a força de seu elo mais
fraco e, por isso mesmo, na corrente da prestação de serviços o elo mais fraco,
sem dúvida, o atendimento pessoal, a relação entre quem presta e quem recebe os
serviços, pois é exatamente essa relação que define a compra e sua continuidade,
ou não, por parte do cliente, não é mesmo?
Mas isso nem sempre foi assim e ainda hoje, boa parte das empresas presta-
doras de serviços, e incluímos aí muitas das que fazem parte do segmento fitness
& wellness e desportivo, recebem relações de clientes ainda como algo aborrecedor
e que são o resultado de “caprichos” desses consumidores. Ainda não temos, em
nosso segmento como em tantos outros, uma cultura do atendimento orientado
ao cliente, com o foco nas suas demandas. Isso, absolutamente, é sinônimo de
subserviência a ele, mas sim da necessidade de ouvir o que espera receber, como
espera receber, quais resultados espera obter e, por último quanto vai custar tal
investimento. Sua decisão de compra vem exatamente da conjugação dessas res-
postas! (FARIAS, 2004; 2013)

capítulo 4 • 83
Felizmente este cenário modificou-se e continua numa frenética metamorfose,
em face da concorrência progressivamente maior e da diversidade de serviços ofe-
recidos à sociedade pelas empresas deste segmento. Paralelamente, o consumidor
continua aumentando seus níveis de exigência, definindo a sobrevivência ou não
das empresas apenas com sua escolha, ou não, delas para atender suas demandas, e
o atendimento a eles, os clientes, é parte visceral de todo esse processo.
Da mesma forma que na compra de bens tangíveis, se um determinado serviço
apresenta um padrão de qualidade que além de satisfazer as expectativas as supera,
produzindo aquela sensação de UAU!!, existe uma grande possibilidade de quem
o comprou voltar a comprar este serviço toda vez que precisar dele, certo?
Mas antes mesmo da nova compra este consumidor certamente vai falar com
mais alguém sobre essa satisfação e encantamento, e isso será um fator gerador de
novas compras por pessoas que, como ele, precisarem desse serviço, seja ele prestado
por uma empresa aérea, uma operadora de telefonia móvel, uma escola de natação
ou um estúdio de treinamento físico (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011).
Pois bem, mas afinal, diante de tantas mudanças radicais na prestação de ser-
viços e no atendimento a clientes, o que é preciso fazer minimamente para que
sejamos capazes de produzir essa sensação de UAU! Nessas pessoas e, além disso,
transformá-los em propagadores de nossa qualidade para aqueles que ainda sequer
conhecemos, mas que são clientes potenciais?

CONEXÃO
Conceito de cliente potencial
<https://conceito.de/cliente-potencial>

Propomos a você, para reflexão e discussão com seus colegas e seu professor
uma análise de 6 (seis) sugestões de atitudes, que aqui denominamos PONTOS
DE ATENÇÃO, que representam, aos olhos dos clientes, um atendimento de
qualidade na prestação de serviços, que traga como consequência direta a satisfa-
ção desses clientes, continuidade na compra e, se possível, indicação para novas
compras por outras pessoas, que venham a transformar-se em novos clientes, ge-
rando assim um ciclo virtuoso na prestação de seus serviços.

capítulo 4 • 84
Não é a toa que temos duas orelhas e uma boca apenas. Logo, é pre-
ciso ouvir mais e falar menos, o que significa que devemos dar mais
1. ATENÇÃO atenção ao que o cliente diz para que possamos atendê-lo naquilo
que ele, efetivamente, precisa.
Mesmo que um cliente esteja a ponto de perder a calma e a sere-
nidade, cabe você fazê-lo ver que entende o problema dele e que
2. CALMA lá está para buscar a solução da melhor maneira possível. Se a
sua serenidade for embora, a do cliente vai logo atrás e a relação
está comprometida.
Clientes geralmente querem um atendimento rápido. Mesmo que
você não possa atendê-lo naquele exato momento, seja atencioso,
estabeleça uma data ou hora para fazer o atendimento. Deixe a sen-
3. COMPREENSÃO sação que você genuinamente se preocupa com ele e que vai aten-
dê-lo assim que for possível. O que não é importante pra você pode
ser urgente para um cliente!
Sempre que for possível fazer algo mais pelo seu cliente, inspi-
ra lealdade e gera durabilidade na relação de consumo. Aos olhos
4. CONFIANÇA dos clientes devemos ser sempre a melhor opção, e não apenas
mais uma delas e confiabilidade nos serviços prestado tem muito a
ver com isso.
Deixe sempre claro ao cliente que ele é parte importante da sua vida
5. LEALDADE AOS e do seu trabalho. Mostre também que você não abre mão do seu
VALORES elevado nível de qualidade e de honestidade.
Buscar crescer muito rapidamente nem sempre é uma boa opção, a
menos que seja possível garantir plenamente a qualidade do serviço.
6. SENSO DE Às vezes é preferível indicar um outro prestador de serviço do que
LIMITE tentar atender e fazer isso mal feito, porque essa impressão tende
a cristalizar-se.

Tabela 4.1  –  Pontos de atenção no atendimento para


prestar serviços com qualidade. Fonte: o autor

E então, ficou claro que esses pontos são fundamentais, simples, fáceis de
praticar, mas infelizmente não são encontrados em todas as empresas relacionadas
à nossa profissão?

CONEXÃO
Nesse momento você pode estar pensando: será que existem pontos ou procedimen-
tos que são obrigatórios, padrão, que independentemente do tipo de atividade devem estar
presentes numa relação de atendimento aos clientes? A resposta é SIM, existem. Assista o
vídeo deste empreendedor no segmento de centros de fitness e observe o que ele tem a nos

capítulo 4 • 85
dizer sobre isso. Depois de assistir, sugerimos a você que durante sua experiência profissio-
nal no estágio que está realizando, observe e converse com seus colegas e seu supervisor
do estágio sobre isso e identifique como é feito e gerenciado o atendimento aos clientes
na empresa.
<https://www.youtube.com/watch?v=WOfFEBbRIBs>

O processo de vendas nos negócios ligados à Educação Física

Começamos a abordagem desse tópico com uma afirmativa bastante


contundente e que respalda-se pelo posicionamento de Calvin (2005): “vender
não é a mesma coisa que tirar pedidos” e muito menos simplesmente “trocar
dinheiro por produtos”!!

CONEXÃO
Dito isso, é preciso avançar e definir o que é, de fato vender serviços e qual a diferença
entre vender o que é tangível (bens) e o que é intangível (serviços). Sugerimos que você
assista ao vídeo, rápido, objetivo e feito por quem entende de vendas como poucos, acesse
o link a seguir.
<https://www.youtube.com/watch?v=KI0MUki7Ud4>

Ficou claro que a sutileza da venda de serviços nos obriga a fazer muito mais
do que entregar um produto, receber um dinheiro e finalizar o contato? Vendas
pressupõem relacionamento e, por conseguinte, interação!
Embora a quantidade de literatura sobre vendas seja extensa, podemos afir-
mar, com alguma dose de certeza, que nos negócios ligados a Educação Física, seja
no âmbito das atividades desportivas excetuando o alto rendimento, seja nos ne-
gócios em fitness & wellness, o nível de desinformação ainda é de mesma dimensão,
e abriu espaço para o aparecimento de “receitas mágicas” e “gurus de plantão” que
prometem levar empresas ao sucesso por meio de palestras motivacionais, piadas
e exemplos caricatos. Vender é sim, um processo comunicacional e pessoal, mas é
muito mais que mobilização das emoções, já que serviços de qualidade não pre-
cisam ser vendidos, pois são desejados, comprados e recomendados por quem
o fez e foi superado nas suas expectativas!

capítulo 4 • 86
Sem qualquer dúvida o processo de vendas é motor dos negócios no mundo
de hoje, e tudo que se pensa e faz nas empresas, hoje, deve ser orientado a esta
direção. Então, surgem questões que propomos aqui para sua reflexão e conversas
com seus colegas, seu supervisor do seu estágio e os demais profissionais da empre-
sa onde está vivendo uma experiência profissional:
O que há de novo a esse respeito em relação à serviços? Será que os negócios
em fitness & wellness estão alinhados com as tendências contemporâneas das ven-
das de serviços? Podemos afirmar que há sinais de ênfase no processo de vendas, na
qualificação de todas as pessoas envolvidas no processo e, sobretudo, na implan-
tação de uma política de vendas orientada aos clientes? O que precisa fazer uma
equipe de vendas para que as taxas de conversão sejam compatíveis com as expec-
tativas dos gestores, garantindo com isso crescimento e prosperidade do negócio?
Intrigantes e interessantes essas questões, não é mesmo?
Assim, como forma de oferecer orientações que consideramos fundamentais à
melhoria nas vendas de serviços que entregamos aos nossos clientes, descrevemos
a seguir 10 (dez) características que devem estar presentes no processo de vendas
de nossas empresas, de modo a transformá-las em um negócio rentável e que
atende rentabilidade quanto na satisfação dos clientes e que por isso mesmo deve
ser pensado como conteúdo obrigatório em programas de capacitação profissional
na área de vendas.

Representa a disposição da empresa de criar e vender conti-


nuamente serviços diferenciados de maneira que seus clientes
1. INOVAÇÃO a percebam como uma “inovadora” e geradora de “encanta-
mento sistemático” no seu segmento de negócio.
Representa a capacidade de estabelecer relação estreita com
características específicas de cada cliente, na venda de seus
2. IDENTIDADE serviços, sendo vista como um exemplo vivo da expressão
“feito para você” tão comum nos produtos sob medida.
Significa capacidade de transmitir aos clientes integridade,
confiabilidade e retidão nos colaboradores e nos serviços por
3. ÉTICA eles prestados de modo a ser percebido por eles como uma
empresa “politicamente correta e cidadã” como conceituou
Viana (1998, 2003).
Representa capacidade de venda dos serviços estar dispo-
nível na forma certa, no lugar certo e para as pessoas cer-
4. CONVENIÊNCIA tas implicando numa percepção de adequação ao uso e
as necessidades.

capítulo 4 • 87
Traduzida pela necessidade de todo prestador de serviços, por
conseguinte um vendedor, de conhecer diferentes aspectos
5. VISÃO PANORÂMICA DO relacionados ao serviço que entrega a seus clientes de modo
NEGÓCIO a evitar a inadmissível expressão “essa parte já não é comigo...”
infelizmente ainda muito comum nas relações de consumo.
Traduzida pela necessidade de todo e qualquer colaborador
perceber-se como um vendedor dos serviços que sua empresa
6. MULTIFUNCIONALIDADE entrega aos clientes, o que substitui a “visão fragmentada” na
qual cada um faz uma fase sem conectar-se com a anterior e
a subsequente.
São iniciativas que precisam estar presentes na venda de ser-
7. RECOMPENSA E viços fitness & wellness cuidando para que não sejam apenas
RECONHECIMENTO uma “única entrega”, mas sim uma rentável “sucessão de en-
tregas” sempre com a qualidade esperada.
Talvez uma das características mais marcantes na venda de
intangíveis, exatamente por oferecer aos clientes a possibilida-
8. ACONSELHAMENTO de de comprar mais do que o serviço em si, mas também con-
ceitos e percepções gerados a partir do seu assessoramento
representado bem pelo papel de “consultor”.
Corresponde exatamente ao “capital intelectual agregado” ao
9. CONHECIMENTO serviço, que precisa ser perceptível em todo o processo de
venda criando diferenciais a seu favor na mente dos clientes.
Representa a certeza, pelo cliente, de que não haverá prejuízo
caso a satisfação pretendida não seja alcançada, no todo ou
em parte, o que, de certa forma, induz este cliente a fazer um
10. GARANTIAS TANGÍVEIS investimento em conhecer algo que ainda não faz parte do seu
dia a dia, tal qual nos “Test Drive” oferecidos nas vendas de
alguns bens tangíveis.

Depois dessa leitura, sugerimos a você que, após compreender e analisar


cada uma dessas características, faça um levantamento na empresa onde você está
realizando seu estágio para verificar como, efetivamente, ela está posicionada em
relação a essas características, ok?
Depois de fazer este levantamento, leve para a turma e seu professor da
disciplina os resultados desse levantamento, suas percepções e pontos de vista
sobre o que encontrou. Observe se há algum tipo de coincidência nas empresas em
que seus colegas estão estagiando e compreenda como é, de verdade, o mercado
para o qual você está sendo preparado, ok?
E então? mãos à obra!!

capítulo 4 • 88
CONEXÃO
Finalmente, recomendamos que você assista ao vídeo de Mário Persona, profissional de
referência no mundo de negócios, que descreve com clareza, simplicidade e riqueza de deta-
lhes o que é preciso para que as vendas de serviços sejam positivas e, de verdade, agreguem
valor a quem compra e, por conseguinte, rentabilidade para quem vende.
<https://www.youtube.com/watch?v=Roefua31kek>

A dimensão interpessoal dos negócios: gestão do relacionamento


com clientes

Depois de atender e conseguir vender serviços a clientes, vamos combinar que


a parte mais difícil já foi conseguida, certo? Agora, basta continuar a prestação
de serviços e gerir o relacionamento com eles de tal modo a gerar a tão sonhada
fidelização, certo?

Mas afinal, o que significa gerir relacionamentos com clientes?


Conceitualmente, o dicionário Aurélio (2018) refere-se a relacionamento
como sendo o resultado de uma interação, ligação afetiva, que ocorre entre pes-
soas que se unem por conta dos mesmos objetivos, habilidades ou interesses. Isso
significa dizer que todo tipo de relacionamento, seja ele comercial ou não, envolve
comunicação, convivência, respeito mútuo e atitudes recíprocas, o que implica
na definição de que um relacionamento só ocorre de forma plena quando as duas
partes realizam essas práticas de forma consensual. Em outras palavras, depen-
demos dos clientes para estabelecer relações de consumo, da mesma forma que
eles dependem dos prestadores de serviços para obter o que desejam (KOTLER;
ARMSTRONG, 2015).
Assim, quando uma das partes em um relacionamento não cumpre o que fora
prometido ou anunciado, a relação simplesmente não ocorre e, da mesma forma,
para que aconteça, é preciso que as partes desenvolvam respeito, confiança, em-
patia e harmonia. Quanto mais forte forem esses sentimentos, maior é a relação,
independente se ela for profissional, emocional ou de amizade.
O que você acha disso? Concorda?
Sugerimos que leve esse questionamento para o seu estágio, conversando com
outros profissionais que atuam próximos a você e com seu supervisor, ouvindo

capítulo 4 • 89
deles o que percebem sobre isso e como fazem para gerir os relacionamentos com
seus clientes. Com base no que disserem, leve as posições deles para a turma e dis-
cuta com seus colegas e o professor da disciplina, ouvindo deles os resultados que
obtiveram nesse questionamento, ok?
Bom, seguindo em frente, e antes de nos aprofundarmos, como o significado
da expressão relacionamento com clientes é amplo, optamos por definir claramente
e padronizar percepções para que seja possível caminharmos juntos ao longo de
nossa abordagem, certo?
Se buscarmos na internet é comum que encontremos uma associação direta da
expressão “gestão do relacionamento com o cliente” com sistemas disponíveis para
fazer isso, e dentre ele o mais comum é o CRM (do inglês, Customer Relationship
Management). Essa confusão faz algum sentido, mas precisa ser superada, pois na
verdade quando falamos de um sistema estamos abordando apenas um software,
uma ferramenta que colabora no registro de dados, transformados em valiosas
informações sobre a relação prestadores de serviços-clientes.
A gestão do relacionamento com o cliente é um conceito amplo no contexto
empresarial e no segmento de prestação de serviços, e se refere ao conjunto de
estratégias adotadas pela empresa para atrair novos consumidores, converter
oportunidades em novos negócios e manter um saudável relacionamento com
clientes, atendendo suas demandas em relação aos serviços que a empresa oferece
à sociedade. Para que isso aconteça é necessário que se envolvam minimamente as
áreas de marketing, vendas e atendimento ao cliente de uma empresa.
Assim, chamamos sua atenção para 3 dimensões (PESSOAS, PROCESSOS,
TECNOLOGIA), ao mesmo tempo distintas e interdependentes, que descreve-
mos a seguir, sob as quais deve estar apoiada a gestão eficaz do relacionamento
com clientes. Essas dimensões devem ser vistas como uma “unidade medular” nos
negócios ligados à Educação Física, predominantemente intangíveis na entrega,
mas plenamente mensuráveis na percepção dos clientes em relação as expectativa
pré-consumo. São elas:

Dimensão PESSOAS

Considerando que sem pessoas não existem relacionamentos e sem eles não é
possível prestar serviços, podemos afirmar que esta dimensão é a de maior importân-
cia. Por isso mesmo, a gestão de relacionamentos passa por ações relacionadas as pes-
soas que atuam e interagem numa empresa, já que tudo que acontece numa empresa

capítulo 4 • 90
de serviços, desde o atendimento inicial do cliente, passa e depende das pessoas que
vão atuar na transformação de expectativas em resultados das outras, os clientes.
Assim, destacamos primeiramente que a seleção dos profissionais que farão as
entregas aos clientes deve ser tão cuidadosa quanto eficaz. Aqui vale lembrar uma
máxima da administração que nos diz: “tudo que for economizado numa seleção
malfeita será gasto, no mínimo em dobro, para tentar capacitá-los”, quando poderá
já ser tarde demais, pois o cliente já terá ido embora.
Dessa forma, a montagem de uma equipe de alta performance passa pela
busca por um perfil alinhado com a qualidade das entregas proposta pela empresa,
tendo como algumas características consideradas críticas, as que exemplificamos
na figura 4.1 a seguir.

Empatia
Paciência
Saber ouvir
Autocontrole
Trabalhar em equipe
Foco em resultados
Persuasão
Saber lidar com inesperado
Comunicador eficaz

Figura 4.1  –  qualidades críticas de profissionais no


relacionamento com clientes. Fonte: o autor

Aqui, sugerimos a você que converse com os gestores e os profissionais da


empresa na qual você está estagiando, para saber:
a) como é feito o processo de seleção profissional para lá atuar?
b) quais são os indicadores eleitos pelos gestores para identificar e
selecionar talentos para a empresa?
Com base nas respostas que receber, analise-as e discuta com seus colegas
na turma se as características que aqui exemplificamos foram citadas e as demais
características descritas por eles.
Além de selecionar com qualidade e precisão, a gestão eficaz do relacionamen-
to com cliente depende de capacitação continuada (treinamento profissional) das
equipes, o que somente ocorre quando empresas prestadoras de serviços investem

capítulo 4 • 91
em políticas de educação continuada de seus colaboradores. É importante o re-
gistro de que fala-se aqui não somente de treinamentos técnicos, mas também de
treinamento comportamental / relacional, nos quais os profissionais são levados
a refletir e buscar desenvolver-se em competências fundamentais a uma interação
positiva com as outras pessoas nas relações de consumo.

Aqui sugerimos a você que busque saber, com seu supervisor de estágio,
com os profissionais da empresa ou com os gestores, se existe um programa de
capacitação continuada dos colaboradores, quais os critérios adotados para o
seu design e qual o tamanho do investimento anual nessas ações.

Por derradeiro, de pouco ou nada adianta se pessoas forem bem selecionadas


e capacitadas se não houver nelas a motivação (motivos + ação) necessários para
estabelecer uma gestão eficaz do relacionamento entre as equipes e seus clientes
na prestação de serviços. Assim, se faz necessário identificar forças e fragilidades
na equipe em seu relacionamento com os clientes, com vistas a potencializar as
forças e eliminar as fragilidades de tal forma que sintam-se motivados a “dar o seu
melhor”, mas, para que ajam dessa forma é necessário que sintam-se recompen-
sados pelo que fazem e como fazem. Essa motivação funciona como um feedback
de que estão no caminho certo e de que a empresa reconhecer a qualidade das
suas entregas.

Agora, sugerimos a você, que converse com os gestores da empresa onde


estagia, ou mesmo com seu supervisor de estágio, no sentido de conhecer
e analisar as formas de estímulo adotadas na empresa para que seus cola-
boradores motivem-se a dar o seu melhor no relacionamento com os clien-
tes. Leve o que encontrar e ouvir para as aulas e discuta com seu professor
e demais colegas sobre o que, de fato, motiva mais um profissional a “ser
sempre a sua melhor versão” na relação com seus clientes e como isso é medi-
do concretamente.

Dimensão PROCESSOS

Da mesma forma que as pessoas são fator essencial ao sucesso dos negócios em
serviços, podemos afirmar também que sem a definição clara dos processos de pro-
dução dos serviços e seus respectivos resultados, torna-se bastante difícil mensurar
o nível de desempenho da empresa.

capítulo 4 • 92
Assim, a gestão do relacionamento com os clientes será tão mais eficaz se hou-
ver um controle efetivo de todos os processos relacionados à prestação dos seus
serviços a sociedade.
Mas para isso é preciso que sejam adotadas tanto métricas operacionais como
também métricas de satisfação dos clientes.
A essa altura você deve estar perguntando para si mesmo: mas o que são essas
métricas, afinal?
Métricas operacionais são assim denominadas por se referirem a indicadores
que estão diretamente em contato com os clientes, como: metas de produtividade,
de comportamento. Enquanto as primeiras (produtividade) se referem a quantida-
de de serviços executados individualmente ou pelo grupo (atendimentos telefôni-
cos, atendimentos diretos na recepção). As metas de comportamento representam
indicadores relacionados aos profissionais individualmente ou em grupos, mas
retratam desempenhos pessoais como faltas, atrasos, reclamações direcionadas de
clientes, nível de conhecimento técnico...
Por outro lado, as metas de satisfação de clientes são poderosas ferramentas
para a gestão do relacionamento com eles, e nesse caso os indicadores podem ser:
ISC – Índice de Satisfação de Clientes, NPS (do inglês Net Promoter Core) que
nada mais é do que o nível de indicação da empresa e seus serviços para parentes
e amigos dos clientes da empresa, ou ainda a Taxa de Evasão (saída ou desistência)
que representa conhecer com detalhes as razões de desistência do cliente e da in-
terrupção de suas compras.
Assim, tanto o conhecimento das quantidades relacionadas ao atendimento
e as entregas a clientes pela empresa, como também o conhecimento qualitativo
da satisfação e das razões de evasão desses clientes são poderosas ferramentas
para gerir a relação de consumo / prestação de serviços e seus pontos fortes e
passíveis de melhoria. Em ambos os casos, o foco está na relação entre as duas
partes interessadas no negócio e na sua durabilidade, que caracteriza uma relação
de fidelidade.

Dimensão TECNOLOGIA

Complementando a necessidade de gerir pessoas e processos inerentes à pres-


tação de serviços, temos o 3º pilar da gestão do relacionamento com clientes, não
menos importante, que é a Tecnologia. Imprescindível para os negócios em servi-
ços (sejam em esportes, lazer ou em negócios em fitness & wellness), um mercado

capítulo 4 • 93
constantemente competitivo e plástico (pois modifica-se a todo momento) de-
manda, por isso mesmo, agilidade na gestão do relacionamento com seus clientes.
Assim, seja pelo controle dos canais de atendimento (telemarketing e recep-
ção) e sua eficácia, seja pelas tecnologias que propiciem algum nível de auto-
mação nas entregas aos clientes (séries de treino disponíveis em aplicativos para
smartphones), seja pela infraestrutura responsável por conferir agilidade (p. ex.
propiciar pagamentos por débito automático), praticidade (por ex.: o recebimento
de comunicados no smartphone), evitando o retrabalho ou a burocracia, é funda-
mental para a gestão do relacionamento com os clientes entender como um inves-
timento exato e adequado em tecnologia pode impactar diretamente na melhoria
dessa relação, gerando diferenciação da concorrência e fidelização de clientes.

Da mesma forma que fizemos nos itens anteriores, sugerimos a você, que
busque informações na empresa onde você realiza seu estágio profissional,
sobre como as tecnologias são utilizadas para gerir o relacionamento com
clientes, e ainda, quais os critérios adotados por seus gestores para gerenciar
tudo isso. Após obter essas informações, sugerimos que leve para a turma e
seu professor-orientador para que sejam debatidas as diferentes percepções de
seus colegas sobre essa importante ação na gestão das empresas, que é gerir o
relacionamento com seus clientes.

Como última contribuição do capítulo à sua experiência profissional, ofe-


recemos a você um conjunto de características relacionadas a uma gestão estra-
tégica do relacionamento com clientes apresentadas na figura 4.2. Observe cada
uma delas e verifique se faz algum sentido adaptá-los para os negócios ligados à
Educação Física.
Depois de observar a figura, convidamos você a assistir o vídeo, muito
interessante e diretamente relacionado ao assunto que estamos abordando
apresentado de modo extremamente didático e simples por Omar Ghanem.
Ele não aborda, é verdade, diretamente os negócios em fitness & wellness, es-
portes, lazer ou nada do gênero. Refere-se SIM a prestação de serviços a clientes
e discute e exemplifica características que consideramos essenciais a uma gestão
estratégica do relacionamento com eles.

capítulo 4 • 94
CONEXÃO
Sugerimos que você assista, reflita, chegue as suas próprias conclusões e compartilhe
com seus colegas da turma, seu supervisor do estágio e gestores da empresa sobre o quanto
podemos adaptar esses parâmetros nos negócios relacionados a nossa profissão, ok?

necessidade
do cliente

pesquisa
propósito
constante

15 seg finais inovação x


do contato tecnologia

atendimento
conhecimento
on-line

cultura do
SIM

Tabela 4.2  –  Características de uma gestão eficaz do relacionamento com


clientes. Fonte: o autor (adaptado do vídeo de Omar Ghanem, 2018)

<https://www.youtube.com/watch?v=sjI2PDJDaQg>

ATIVIDADES
01. Considere que você está realizando seu estágio profissional em uma empresa voltada
a oferta de serviços relacionados à prática de exercícios físicos orientados, e foi solicitado
a você por um cliente a explicação das razões que levaram a inclusão de um determinado
movimento no seu programa de treinamento. Ao solicitar isso, seu cliente está, na verdade,
requisitando que você utilize um dos princípios essenciais da gestão do relacionamento com
clientes. Qual é esse princípio?
a) Necessidades do cliente c) Conhecimento intrínseco e) Propósito
b) Pesquisa constante d) Atendimento on-line

capítulo 4 • 95
02. Levando em conta as 3 dimensões abordadas nesse capítulo, pelas quais a gestão do
relacionamento com clientes deve ser sustentada, a qual delas relacionam-se os elementos:
saber ouvir, autocontrole, empatia e foco em resultados?

REFLEXÃO
Encerramos o capítulo desejando que tenhamos proporcionado a você leitura agradável,
reflexões provocantes e, sobretudo, um olhar diferenciado sobre as diferentes nuances que
a gestão de um negócio em serviços ligados a nossa proporção precisa dar atenção para
que sejam, ao mesmo tempo, prósperos financeiramente, benéficos a quem consome seus
serviços e motivo de orgulho e realização pessoal e profissional para quem os entrega. Não
temos a menor pretensão de esgotar o tema e nem de que esta seja a única ou a melhor
forma de fazer isso. Apenas trazemos aqui um ponto de vista que merece ser considerado por
você, que está muito próximo de tornar-se um profissional e que, por isso mesmo, deseja su-
cesso e prosperidade na carreira, seja ela atuando na empresa de alguém ou na sua própria.
Tal como já assumimos em capítulos anteriores, nosso intuito foi somente despertar sua
atenção para que na sua experiência profissional prática, vá além da execução operacional,
reconhecidamente importante é verdade, mas não a única forma de olhar para a prestação
de serviços em nossa profissão.
Como já dissemos em outras oportunidades, o cenário dos negócios em serviços de
nossa profissão tem-se modificado como talvez nunca antes tenha acontecido, e nessa “me-
tamorfose” as coisas materiais, tecnológicas e de infraestrutura têm sido transformadas em
“lugar comum”, não mais geradora de diferenciação. Por outro lado, a riqueza das experiên-
cias vividas pelos clientes, esta sim, tem sido geradora de diferenciação mercadológica e
razão para o triunfo de uns e fracasso de outros.
Em última análise, prezado(a) estudante de Educação Física, esperamos mais uma vez
ter despertado em você a curiosidade e o interesse por olhar para além do que a maioria vê,
assumindo que as sutilezas do mercado e do sucesso dos negócios está à espera daqueles
que tenham “olhos de ver e ouvidos de ouvir”.
Desejamos a você todo sucesso que você tiver plantado ao longo dessa bela trajetória
que está apenas começando, e que esperamos, com ela, ter contribuído com este material!!

capítulo 4 • 96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALVIN, J. O Novo Manual das Boas Vendas. In: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
No. 198, julho de 2005.
FARIAS, E. de. Qualidade na Prestação de Serviços. MG: Revista Empresário Fitness &
Health, 2004.
FARIAS, E. de. Atendimento a Clientes: Uma Questão de Relações Interpessoais. Material
Didático da Disciplina Gestão de Negócios e Projetos em Educação Física. Curso de Educação Física –
Universidade Estácio de Sá, 2013.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. 12a ed. RJ: Prentice-Hall do Brasil, 2015.
LOVELOCK, C., WIRTZ, J.; HEMZO, M. A. Marketing de Serviços: Pessoas, Tecnologia e Estratégia
(7a. ed.). SP, Brasil: Pearson Prentice Hall. 2011.
RELACIONAMENTO. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2018. Disponível
em: https://www.dicio.com.br/relacionamento/. Acesso em: 25/02/2019.
VIANNA, M. A. F. Futuro: Prepare-se! Cenários e Tendências para um Mundo de Oportunidades.
SP: Gente, 1998.
VIANNA, M. A. F. Futuro: O Líder Cidadão e a Nova Lógica do Lucro. SP: Qualitymark, 2003.

capítulo 4 • 97
capítulo 4 • 98
5
Temáticas
transversais
relacionadas
ao exercício
profissional em
educação física
Temáticas transversais relacionadas ao
exercício profissional em educação física

Apresentamos a você, estudante de Educação Física na habilitação Bacharelado,


nesse capítulo, a oportunidade de aprofundar seus estudos sobre as mais variadas
formas de incursão, atuação e intervenção do Profissional de Educação Física na
sociedade contemporânea.
Quando usamos a expressão “incursão”, fizemo-lo no sentido figurado, já que
representa a entrada para o mercado de trabalho de forma decisiva, intencional e
pronto para atuar e competir nesse mercado.
Atuação, relaciona-se diretamente ao “fazer o que precisa ser feito”, ou seja, é
o próprio exercício profissional, para o qual você está sendo preparado (habilitado
e gabaritado) e precisa dar conta das demandas relacionadas a esse papel social que
deverá desempenhar profissionalmente.
Já o aspecto da intervenção, representa a capacidade intencional de modificar,
alterar, melhorar a vida das pessoas para as quais você está sendo formado
para prestar serviços. Essa intervenção está relacionada diretamente a aspectos
filosóficos, técnicos, éticos, sociais e legais da profissão e, por isso mesmo, há
temáticas que perpassam as diferentes áreas de atuação e que precisam ser analisadas
e contextualizadas, de modo que seu exercício profissional cumpra plenamente
sua função social.
Como são muitos e diferenciados os desafios dos novos modelos de
convivência social frente ao fenômeno da globalização, para além de sua dimensão
econômica, esses temas têm proporcionado formatos diferenciados de atuação no
campo profissional, que merecem nossa atenção com um olhar crítico-reflexivo.
Com efeito, a diversidade de oferta de serviços no cosmo das atividades físicas e
desportivas tem, não raro, exigido cada vez mais dos Profissionais de Educação
Física, a atenção para novos desafios epistemológicos que constituem um mister
para a atuação segura e livre de riscos à saúde dos beneficiários.
Assim, essas temáticas serão apresentadas e discutidas aqui nesse capítulo, e es-
peramos com isso que ricas e produtivas discussões sejam empreendidas por todos
os componentes de sua turma, orientadas pelo docente designado para conduzi-la
e, por isso mesmo, optamos por discorrer sobre o que consideramos os principais
fatores de influência na atuação profissional.

capítulo 5 • 100
OBJETIVOS
•  Compreender e analisar os aspectos jurídicos inerentes ao exercício profissional em
Educação Física;
•  Conhecer e analisar os impactos da globalização no mercado de trabalho e no exercício
profissional em Educação Física em suas múltiplas possibilidades;
•  Analisar a relação entre os pressupostos da sustentabilidade e o exercício profissional em
Educação Física;
•  Identificar e analisar a relação entre o exercício profissional em Educação Física e as
demandas emergentes relacionadas à diversidade cultural;
•  Conhecer e analisar o contexto das inovações tecnológicas e dos ambientes virtuais e suas
relações com o exercício profissional em Educação Física.

Aspectos jurídicos e responsabilidades institucionais no universo das


atividades físicas e desportivas.

Toda atividade profissional está sujeita a uma regulamentação legal e,


portanto, os requisitos essenciais para o respeitante exercício técnico-profissional
estão diretos ou indiretamente previstos no Ordenamento Jurídico Brasileiro.

CONEXÃO
Neste contexto, o exercício profissional nos âmbitos das atividades físicas e desportivas,
em observância ao artigo 5º (quinto) de nossa Lei Maior, Constituição da República Federa-
tiva do Brasil – CRFB, mais especificamente no seu inciso XIII (treze), remetem à imperiosa
observância da Lei Ordinária Federal 9696/98 que tem como escopo a regulamentação
profissional. Para conhecê-la melhor, acesse:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>

Com efeito, é imperativo destacar que o espírito da Lei alcançou a total prote-
ção da sociedade, colocando-a a salvo das agressões oriundas de pessoas não quali-
ficadas tecnicamente já que, o mandamento legal exige o concernente Registro no
órgão de categoria profissional, nomeadamente Sistema CONFEF/CREF’s, dos
indivíduos oriundos do Curso Superior de Educação Física.

capítulo 5 • 101
CONEXÃO
Se você deseja conhecer a íntegra da Lei Ordinária Federal 9696/98, acesse:
<https://cref1.org.br/media/uploads/2017/05/lei-n-9696.pdf>

É importante salientar que o Profissional de Educação Física adstrito dos


mandamentos da Lei, possui suas prerrogativas e assim, qualquer pessoa que pre-
tenda incursionar na área em tela, será considerado como um “agressor” à socie-
dade já que estará exercendo ilegalmente uma profissão para o qual não fez por
merecer o devido preparo acadêmico e, portanto, a luz do Direito, não possui um
dos requisitos consagrados como mandamento da Lei 9696/98, nomeadamente
o Diploma de Curso Superior de Educação Física e o consequente Registro no
Sistema CONFEF/CREF’s, como descreve claramente o documento intitulado
“Intervenção do Profissional de Educação Física”.

CONEXÃO
Acesse o documento "Intervenção do Profissional de Educação Física":
<https://www.crefsc.org.br/principal/wp-content/uploads/2016/04/intervencao_
profissional_de_ef.pdf>

Resta, portanto, inequívoco, que o exercício das atividades profissionais


no âmbito do desporto e das atividades físicas, é prerrogativa do Bacharel em
Educação Física com o devido registro profissional, estando, destarte em exercício
ilegal da profissão qualquer outro individuo que não se enquadre nestes manda-
mentos legais.

As responsabilidades

No que diz respeito às responsabilidades no universo profissional em Educação


Física, é preciso que compreendamos os limites impostos pela própria natureza ju-
rídica das ações desenvolvidas pelas instituições e seus atores, nomeadamente, os
Profissionais de Educação Física.

capítulo 5 • 102
Responsabilidade administrativa

A responsabilidade administrativa, é de competência do Sistema CONFEF/


CREF’s e, objetiva, sobretudo, organizar o exercício profissional com vistas a
possibilitar à sociedade as garantias necessárias para usufruir de um serviço seguro
e de qualidade no âmbito das atividades físicas e desportivas.
Neste sentido, cabe ao Sistema, as responsabilidades pela orientação,
disciplinamento e fiscalização do exercício profissional em Educação Física, como
pode ser observado no fragmento apresentado a seguir.

(...) O CONFEF e os CREF’s são responsáveis por orientar, disciplinas e fiscalizar os


profissionais de Educação Física.
Significa dizer que tais Instituições possuem o dever de responsabilizar os profissionais
de Educação Física pelas condutas praticadas em desacordo com a legislação, o
Estatuto do CONFEF e o Código de Ética.
Tal responsabilização, contudo, se dá de forma administrativa e não se confunde com
as responsabilidades Civil ou Penal a serem impostas pelos tribunais estatais (...).
(VARGAS, 2018 p.60).

Responsabilidade civil

Entende-se por Responsabilidade Civil um dever jurídico decorrente de uma


relação estabelecida entre uma ou mais pessoas em que, caso uma das partes cause
prejuízo ou constrangimento de direito a outra, fica a primeira, obrigada a reparar
ou ressarcir pelo dano causado.
Para Vargas (2018) é possível observar que:

A responsabilidade civil pode ser definida como um dever jurídico que determinada
pessoa (no caso o Profissional de Educação Física) possui de reparar um dano causado
a outra(...), em âmbito patrimonial, em razão de ato próprio, de pessoa por quem ela
responde, de alguma coisa que a ela pertence ou de simples imposição legal(...).
O dever de reparação se baseia primeiramente na ocorrência de um ato ilícito é realiza-
do em conformidade com a lei e produz efeitos esperados ou aceitos pelo ordenamento;
enquanto isso, o ato ilícito decorre da violação de um direito ou do excesso aos limites
impostos a um direito por seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos costumes e
é responsável por causar um dano a terceiro (...). (Vargas et al, 2018, p.62).

Com efeito, o Instituto da Responsabilidade Civil será judicialmente aplicado


ao Profissional de Educação Física, em ocorrências de situações em que no exercício

capítulo 5 • 103
de suas funções venha ferir, de alguma forma, os direitos dos beneficiários sob a
sua responsabilidade técnica.
Ainda, é imperioso ressaltar que o tipo de Responsabilidade Civil anterior
descrito enquadra-se no tipo “Subjetivo” e se baseia na “Teoria da Culpa” e, por
sua vez, possui requisitos essenciais para ser abrangido pelo escopo da Lei. São eles:

A) AÇÃO OU OMISSÃO
Ocorre quando ao agir ou deixar de agir o Profissional de Educação fere ou coloca em
risco um direito do beneficiário ou grupo destes.
A conduta ativa decorre de uma ação a qual o Profissional deveria por ofício, eximir-se
de praticar.
Por sua vez, a conduta omissiva ocorre a contrário senso.

B) CULPA OU DOLO
O resultado da ação ou da omissão do Profissional de Educação Física, denota um
elemento subjetivo o que significa a possibilidade de uma ação intencional. Neste caso,
a conduta ofensiva objetivou causar um dano, e o resultado foi eficaz, caso em que se
configura o “dolo”. Não obstante, o resultado danoso poderá ocorrer por imprudência ou
negligência do Profissional de Educação Física, caso em que, mesmo sem intenção de
prejudicar, o resultado feriu um direito por uma conduta tecnicamente inadequada; o que
configura a “culpa”.

C) DANO
O resultado da conduta deverá sempre ter provocado um dano ao beneficiário.

D) NEXO CAUSAL
Entende-se por nexo causal o processo lógico entre a ação do Profissional de Educação
Física e o resultado propriamente dito.
No que respeita a Responsabilidade Objetiva seu enquadramento baseia-se na “Teoria do
Risco” e por esta razão, independe da culpabilidade.
Neste caso, qualquer evento que venha a ocorrer e que, gere um fator de risco ou
ferimento aos direitos do beneficiário independentemente da ação do Profissional e,
portanto, decorre do “risco” do exercício da atividade técnica.

Para melhor compreensão da matéria, vejamos o que assinala Vargas (2018):

... percebe-se a responsabilidade subjetiva (decorrente da teoria da culpa) como regra


geral para as relações interpessoais, enquanto a responsabilidade objetiva (decorrente
da teoria do risco) se apresenta como regra específica e precisa estar consignada em
lei que irá prever a atividade exposta ao risco.

capítulo 5 • 104
Por exemplo, uma das previsões para a responsabilidade objetiva está no Código
de Defesa do Consumidor (CDC), que se aplica ao Profissional de Educação Física
quando da prestação dos seus serviços: art. 14 o fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência da culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua função e risco. (VARGAS, 2018 p.63).

CONEXÃO
Interessante isso, não? Por isso, se você deseja aprofundar seus conhecimentos nessa
importante área de conhecimento, pode baixar gratuitamente, diretamente para seu compu-
tador, tablet ou smartphone, a obra integral intitulada O Direito no Desporto e na Prática
Profissional em Educação Física, organizado pelo Prof. Dr. Ângelo Vargas, acesse:
<https://www.crefsp.gov.br/wp-content/uploads/CREF-Livro-14-O-Direito-no-
-Desporto-e-na-Pr%C3%A1tica-Profissional-em-Educa%C3%A7%C3%A3o-F%-
C3%ADsica.zip?x39259>

Responsabilidade Penal ou Criminal

A Responsabilidade Penal, diferentemente da Responsabilidade Civil não se


concretiza quando o agressor causa um dano a terceiro ou a um grupo de pessoas.
Ela decorre de uma ação prevista no Código Penal e que, juridicamente, é carac-
terizado como um “fato típico”.
É importante destacar que dentre as principais diferenças entre a responsa-
bilização civil e a penal, está a principal figura do Estado como parte interessada
na aplicação das sanções penais àqueles que, sob suas próprias ações venham ferir
um direito.
É preciso assinalar que, no caso de vir a cometer uma atitude “típica” e “an-
tijurídica”, o Profissional de Educação Física, poderá concomitantemente vir a
responder juridicamente nas esferas Administrativas, Civil e Penal.
Observe e analise o exemplo que apresentamos a seguir:

EXEMPLO
Imaginemos um indivíduo que venha a fraudar um diploma universitário para conseguir
registrar-se no Sistema CONFEFE/CREF’s.

capítulo 5 • 105
A Responsabilização Administrativa a cargo do Sistema, objetivará o restabelecimento da
ordem através de procedimento próprio no sentido do cancelamento do pedido ou do próprio
registro, com base no artigo 23, X, do Estatuto do CONFEF.
Neste caso, ao Ministério Público caberá promover a ação de responsabilização penal
por falsificação de documento público, fato típico e antijurídico previsto no artigo 297 do
Código Penal.
Por fim, os beneficiários que acreditaram estar sendo atendidos por um Profissional de
Educação Física, terão o direito de promover ação própria de responsabilização civil, pelos
possíveis danos decorrentes das atitudes do “falso profissional”.
(VARGAS, 2018, p.65-66)

Ficou claro o encaminhamento jurídico e as respectivas consequências que


podem ser imputadas a quem exerce de modo ilegal a profissão? Será que todo
profissional que está no mercado conhece isso? Converse com seus professores no
estágio sobre isso e aproveite para verificar o nível de informação deles sobre algo
fundamental no exercício da nossa profissão!!
Então, vamos em frente???

O novo desafio do exercício profissional em Educação Física na


sociedade contemporânea.

Vivemos numa sociedade em constante transformação de valores e estilos de


vida, de fato muito diferente do que as gerações anteriores viveram...
O fenômeno da globalização, adstrito dos meios de comunicação, não raro,
provoca sensíveis impactos no cotidiano das pessoas, levando-as a desenvolverem
hábitos e atitudes que nem sempre são considerados os mais adequados para a
manutenção dos níveis desejáveis de saúde.
Dentre os problemas de maior magnitude e de impactos negativos na vida
das pessoas está o aumento dos tempos livres e os estilos de vida que tornam as
pessoas cada vez mais sedentárias. Não raro, este processo de sedentarização tem
provocado o substancial aumento no acometimento de doenças degenerativas e
também, a aceleração do processo de envelhecimento.
Com efeito, a prática orientada de atividades físicas e desportivas passou a
constituir um dos meios mais efetivos, eficazes e acessíveis para a diminuição dos
consequentes processos degenerativos.

capítulo 5 • 106
Importa referir que, já no ano de 2000, o Manifesto Mundial da Federação
Internacional de Educação Física (FIEP, 2000), enunciava a importância da in-
tervenção do Profissional de Educação Física com vistas a prevenção ao estabeleci-
mento de uma situação de risco na sociedade, como pode ser visto no trecho que
apresentamos a seguir:

A III Conferência Internacional de Ministros e Altos Funcionários Encarrega-


dos da Educação Física e do Esporte – MINEPS III (1999), ao reforçar a importân-
cia da Educação Física e do Esporte como direito da crianças e jovens do mundo e
suas funções
Levando as pessoas a se manterem ativas e com sua saúde ao longo de sua vida e ainda,
reconhecendo-os como meios essenciais para a melhoria da qualidade de vida, a saúde
e o bem-estar de todas as pessoas, independentemente de fatores como capacidade
ou incapacidades, sexo, idade, origem cultural, social, ou etnia, religião ou posição social.
Que um estilo de vida sedentário poderá trazer como consequência uma variedade
de distúrbios vasculares e metabólicos, arteriosclerose, hipertensão artéria, diabete e
outros malefícios, enquanto que uma atividade física regular trará para as pessoas um
menor risco nestes distúrbios. Que um estilo de vida ativo baseado na prática constante
de exercícios físicos, de crianças, adolescentes, jovens adultos e idosos, é reconhecido
como um dos melhores meios de promoção de saúde e qualidade de vida inclusive
combatendo os diversos estresses da vida diária.
(FIEP, 2000, p.24)

CONEXÃO
E então, te interessa consultar este importante documento na sua versão integral? Caso
queira tê-lo, basta acessar o link a seguir e baixar para seu computador, tablet ou smartphone.
<http://www.spef.pt/image-gallery/74144727224212-Notcias-Manifesto-Mundial-
-de-Educao-Fsica-FIEP-2000.pdf>

Outro aspecto a ser considerado, com a mesmo grau de importância do ante-


rior, diz respeito ao grande desafio da inclusão social.
A magnitude dos desafios, abrange grande complexidade na sociedade con-
temporânea, tendo em vista que, sob a égide do direito, nomeadamente dos
Direitos Humanos, o princípio fundamental está baseado na isonomia jurídica,
onde todos, independentemente de suas origens, credos, características pessoais
e orientações axiológicas possuem os mesmos direitos de acesso aos bens de uso
público e privado.

capítulo 5 • 107
Neste contexto, a prática das atividades físicas e desportivas deve ser acessível
a todos, independentemente das diferenças no cosmo social.
É imperioso considerar que estes fatores, passaram a constituir um dos
maiores desafios da intervenção profissional em Educação Física. Com efeito, o
Profissional deverá estar preparado para, constantemente, ser desafiado para atuar
em contextos de dissenso com pessoas com características e expectativas distintas.
Objetivando exemplificar, é possível citar as pessoas com necessidades
especiais que, não raro, exigem do Profissional de Educação Física um preparo
técnico especializado no sentido de minimizar ou mesmo, eliminar os naturais
constrangimentos adstrito das limitações pessoais.
O Manifesto Mundial da Federação Internacional de Educação Física (FIEP,
2000), enuncia:

(...) que existem pessoas com danos físicos e psíquicos, inatos ou adquiridos, e por isto
não são capazes de garantir mesmos níveis de habilidades que outros;
que existem pessoas com situações biológicos passageiras que necessitam de atenção
especial (grávidas);
que inúmeros estudos mostram que as diferentes formas de atividades físicas, como
meios específicos da Educação Física, podem ativar positivamente como opções para o
equilíbrio das pessoas com as necessidades especiais (...)

Neste percurso o documento conclui que:

(...) A Educação Física ao ser reconhecida como meio eficaz de equilíbrio e melhoria em
diversas situações, quando oferecida a pessoas com necessidades especiais, deverá
ser cuidadosamente adaptada às características de cada caso (...)
(FIEP,2000, P.41)

Outro relevante aspecto a ser considerado pelo Profissional de Educação Física,


diz respeito às discussões em torno das relações de sexo e gênero. É imperioso
assinalar que também as pessoas que fazem parte destes grupos, em nada se
diferenciam das demais no que concerne à plenitude do exercício dos direitos à
prática das atividades físicas e desportivas e por este mister, são merecedoras de
atendimento seguro e tecnicamente competente.

(...) A igualdade de gênero passou a ser um lugar-comum no discurso político quotidia-


no carregada de reivindicações identitárias. Em seu torno construiu-se uma ideologia
d gênero que alterou o paradigma tradicional no qual o gênero era determinado pelo
sexo biológico.

capítulo 5 • 108
Nos tempos atuais, já não estamos, apenas, perante um proposito de igualdade de
direitos entre sexos que são diferentes, mas entre gêneros onde as diferenças não são
as mesmas. A alteração semântica sexo/gênero não é neutra. Ela acentua a passagem
da diferenciação biológica para a diferenciação social.
(CONSTANTINO, 2018).

O universo virtual e a prática profissional em Educação Física

Ninguém mais pode estar alheio, ao chamado “mundo virtual”. O paradigma


da sociedade contemporânea estabeleceu-se a partir das redes mundiais de
telecomunicações via internet, que, por sua vez, veio modificar de forma
impactante as relações interpessoais, como também as atividades técnicas em
determinadas profissões. Neste percurso, vários ofícios e profissões terão que ser
adaptados ao novo contexto ou, correrão o risco de desaparecerem. Segundo o
portal denominado “Dinheiro Vivo”, de origem portuguesa, mas que aborda o
cenário econômico mundial, a transformação digital levará a perda de milhões de
empregos nos próximos 10 anos. Para os pesquisadores, a sociedade portuguesa,
por exemplo, será altamente impactada, o que levará a perda até o ano de 2030 de
1,1 milhões de empregos. Em contrapartida, novas ocupações irão surgir em áreas
como a saúde, assistência social, ciência, profissões técnicas e construção.

CONEXÃO
Acesse o porta Dinheiro Vivo:
<https://www.dinheirovivo.pt/economia/18-milhoes-de-portugueses-tem-de-mudar
-de-emprego-ate-2030/>

No que respeita a Educação Física, como não poderia ser diferente, o impacto
do universo tecnológico e virtual assume considerável magnitude.
Dentre as atividades técnicas possíveis de serem desenvolvidas como uso dos
meios tecnológicos, estão os programas de periodização de exercícios físicos, as
diversas formas de avaliações de desempenho físico-desportivo, que além de utili-
zarem tecnologias operacionais de última geração, ainda permitem o desenvolvi-
mento de estudos para o melhor acompanhamento dos atletas e dos beneficiários
no que tange a performance no caso primeiro, e da saúde no caso dos beneficiários.

capítulo 5 • 109
CONEXÃO
Para melhor compreensão desse contexto, e dos impactos que afetam e afetarão dire-
tamente o exercício profissional em Educação Física, sugerimos a assistência dos 4 (quatro)
vídeos a seguir. Eles abordam diferentes possibilidades da incorporação de novas tecnolo-
gias ao exercício profissional em Educação Física. Assista, tire suas próprias conclusões e
converse com seus colegas e professores sobre os conteúdos abordados nos vídeos.
Professor de Educação Física cria metódo de malhação e vira celebridade
na internet
<https://recordtv.r7.com/esporte-fantastico/videos/professor-de-educacao-fisica-cria-
-metodo-de-malhacao-e-vira-celebridade-na-internet-15092018>

Inovação em tecnologia assistiva, esporte e saúde é temática de pesquisa de


grupo da UFSCar
<https://www.youtube.com/watch?v=u_2A5qU70a0>

Startup cria aplicativo para academias e personal training


<https://1app.com.br/meu-training/>

O uso da tecnologia como instrumento de fidelização e diferenciação no mer-


cado fitness
https://lafitness.com.br/entrevistas/o-uso-da-tecnologia-como-instrumento-de-fideliza-
cao-e-diferenciacao-no-mercado-fitness

Diversidade cultural, meio ambiente e sustentabilidade na prática


das atividades físicas e desportivas.

A preocupação com os poucos investimentos no que concerne a preservação


do meio ambiente adstrito dos riscos de deterioração do planeta, tem levado os
pesquisadores a investigarem formas alternativas que permitam subsidiar estra-
tégias interventivas que possibilitem tornar o lugar em que vivemos mais viá-
vel aprazível. Nesta trajetória, vários são os setores da administração privada que,
adstrito dos novos conhecimentos tem procurado investir na palavra de ordem
do “mundo globalizado”; “qualidade de vida”. Com efeito, objetivando tornar os

capítulo 5 • 110
empreendimentos economicamente viáveis com base na sustentabilidade, os dife-
rentes setores da sociedade, nomeadamente aqueles diretamente ligados à saúde e
ao entretenimento tem implementado estratégias de sustentabilidade.
Importa referir que os termos sustentabilidade e qualidade de vida estão
semanticamente ligados na sociedade contemporânea, justamente, pelas conse-
quências que as estratégias hoje implementadas, promovem em relação ambiente
atual e ao futuro. Aduz a este contexto que, o desenvolvimento sustentável está
alicerçado em princípios basilares, cujos impactos afetam o equilíbrio societário e
consequentemente a qualidade de vida das pessoas.

CONEXÃO
O que é sustentabilidade?
<https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-sustentabilidade.htm>

É importante atentarmos que a abrangência do termo sustentabilidade não se


restringe apenas ao ambiente natural, mas, também e sobretudo, aos impactos dos
fenômenos sociais em processo de constantes transformações.
É possível falarmos, portanto em Sustentabilidade Social. Tal dimensiona-
mento abrange a assimilação de valores ligados à ecologia e a educação. Nesta
esteira é preciso que desenvolvamos formas participativas no sentido de estabele-
cermos um ambiente social possível de trocas e convivências saudáveis.
No que tange a Sustentabilidade Empresarial, sua abrangência engloba va-
lores que são desenvolvidos por estratégias de responsabilização pelos impactos na
sociedade dos serviços e produtos oferecidos no mercado. Dessa forma, é possível
afirmar que os consumidores estão cada vez mais atentos ao compromisso das em-
presas com o meio ambiente e, sem dúvidas, isto passou a ser de um critério para
escolha dos consumidores de uma forma geral.
A Sustentabilidade Econômica está diretamente relacionada às estratégias
de gestão de recursos tanto naturais como culturais, e que, por sua vez, estão
intimamente relacionadas a produção de riquezas, e a equilibrada distribuição
de renda com vistas ao estabelecimento de um ambiente societário equilibrado e
humanamente saudável.

capítulo 5 • 111
De acordo com Fogaça (2019), em matéria publicada no portal Brasil Escola,
o desenvolvimento sustentável apresenta os seguintes pontos base:
•  Ser ecologicamente correto
Significa estabelecer estilos de vida saudáveis com o uso equilibrado dos recur-
sos da natureza respeitando os limites do meio ambiente.

•  Ser economicamente viável


Significa buscar sempre o desenvolvimento econômico e social, sem, contudo,
agredir o meio ambiente. Dentre as estratégias de viabilização da harmonia a
ambiência empresarial e o ecossistema, está a reciclagem de materiais e a economia
de energia elétrica.

•  Ser socialmente justo


Tal critério está baseado no conceito absoluto de justiça e paz social que, por
sua vez, são parâmetros para estabelecimento de um ambiente ecologicamente
saudável. É mister assinalar, que a ordem societária está amparada nos valores que
são abrangidos pela ética e pela solidariedade.

•  Ser culturalmente diverso


A sociedade planetária está sob a égide do multiculturalismo do mundo
globalizado. Portanto, o desenvolvimento de um ambiente ecologicamente
saudável deve ser assegurado pelo respeito entre as pessoas, considerando as formas
mais difusas de suas origens em termos de classes sociais, etnias, orientações
políticas, religiosas e sexuais.
No que respeita ao mercado de trabalho no âmbito da Educação Física e do
Desporto, é preciso que os modelos de gestão empresarial, sobretudo àqueles cuja
competência é própria dos Profissionais de Educação Física, como por exemplo a
“Responsabilidade Técnica”, nomeadamente no cenário das academias, clubes,
estúdios e instalações do gênero, atentem para este novo paradigma da ordem social
que, indubitavelmente está alicerçado na sustentabilidade e na qualidade de vida.
Neste contexto, de prática profissional, é imperioso assinalar os três pilares:

Social – Ambiental – Econômico

Portanto, é neste tridimensionamento que os empreendedores no universo


das atividades físicas e desportivas devem embasar as suas propostas. No intuito

capítulo 5 • 112
de exemplificar algumas estratégias básicas que devem ser observadas optamos por
listar alguns tópicos:
a) Sob a perspectiva SOCIAL:
A empresa atenta para:
•  Oferecimento de estratégias de segurança no sentido da permanência
do beneficiário;
•  Os pisos e materiais de limpeza oferecem segurança às pessoas;
•  São realizadas atividades complementares com vistas ao estabelecimento
e otimização das relações interpessoais entre beneficiários, profissionais e
demais empregados;
•  São desenvolvidas estratégias de identificação pessoal dos beneficiários;
•  São implementadas estratégias de endomarketing para valorização das pes-
soas tais como, a lembrança e divulgação das datas de aniversário.

b) Sob a perspectiva AMBIENTAL


A empresa preocupa-se em:
•  Implementar a coleta seletiva de lixo;
•  O reaproveitamento da água utilizada;
•  Evitar o uso de materiais descartáveis tais como copos e garrafas em
material plástico;
•  Evitar o uso de produtos tóxicos de limpeza que possam acarretar agressões
ao meio ambiente.

c) Sob a perspectiva EMPRESARIAL


A empresa preocupa-se em:
•  Criar estratégias para o desenvolvimento de energias renováveis, tais como
o uso de energia solar;
•  Criar estratégias de valorização da equipe técnica (Profissionais de
Educação Física), no sentido de apoiar a participação em eventos técnicos tais
como simpósios, congressos e cursos técnicos; realizar reuniões periódicas para
discussões de estratégias de melhor atendimento ao beneficiário; realiza fóruns
internos para discussões e estudos de casos;
•  Desenvolver estratégias interventivas junto aos beneficiários para uma
constante valorização da saúde através da “educação ambiental”;
•  Implementar programas de fidelização de “clientes”.

capítulo 5 • 113
Por derradeiro, é importante, mais uma vez ressaltar que, a prática de ativi-
dades físicas e desportivas constituem no mundo contemporâneo, uma vez orien-
tados por profissionais especializados, nomeadamente o Profissional de Educação
Física, no meio mais natural e eficaz para a preservação da saúde em um ambiente
saudável de convívio social. Este, portanto, é o fim da intervenção profissional e
para onde toda e qualquer ação deve ser orientada.

ATIVIDADES
01. Sabemos que a sustentabilidade tem não panas uma, mas sim três dimensões, que ape-
sar de interdependentes, apresentam peculiaridades distintas, ainda que em ultima análise
todas estejam relacionadas a vida humana e a sua melhoria contínua. Dessa forma, assinale
dentre as opções abaixo, a perspectiva que está relacionada diretamente a necessidade de
manutenção das relações entre pessoas na sociedade, de tal forma que seja possível man-
tê-la em equilíbrio dinâmico ou, em outras palavras, que permita a continuidade do seu coti-
diano preservando os diferentes segmentos sociais e sua integridade, individual e coletiva.
a) Dimensão social d) Dimensão ambiental
b) Dimensão interpessoal e) Todas as dimensões anteriores
c) Dimensão econômica

02. A autora Fogaça (2018) apresentou-nos uma abordagem aborda a o desenvolvimento


sustentável, há 4 pontos base que devem ser observados quando se busca alcançá-lo, e que
constituem-se como “obrigações a cumprir”. Quais são elas?
1.
2.
3.
4.

REFLEXÃO
Como você pode observar nesse capítulo, são muitas temáticas que se entrecortam no
exercício profissional em Educação Física, o que deixa evidente a necessidade de uma am-
pliação da visão de nossa profissão e de seu papel social, para além da performance espor-
tiva, estética ou de qualquer outro matiz semelhante. Mais do que isso, a proposta de uma

capítulo 5 • 114
Educação Física consciente, crítica, reflexiva e comprometida com a melhoria da sociedade e
das pessoas vai além do simples prescrever, medir e acompanhar rendimentos.
Tem sim o compromisso com a melhoria da vida das pessoas, individual e coletivamente,
com a construção de uma sociedade melhor para todos, por meio da oferta de oportunidades
de construir uma vida saudável, não apenas sob a ótica biológica, mas também numa pers-
pectiva de qualidade de vida em seu sentido amplo, ou seja, físico, mental, social e espiritual,
promovendo assim ganhos qualitativos na existência humana e não apenas longevidade.
A perspectiva que procuramos apresentar a você nesse capítulo nos permite afirmar que,
para além do conjunto de conteúdos de disciplinas que compõem a matriz curricular, todos
de grande e indiscutível relevância, há saberes que transcendem ao fazer profissional, para
um “saber o que fazer com o que de sabe”, que implica um nível de maturidade intelectual
que certamente você possui, já que está prestes a tornar-se um profissional de Educação
Física pleno.
Com isso, esperamos ter proporcionado leituras, vídeos e reflexões úteis na construção
de sua carreira em Educação Física, de modo a fazer com que perceba a importância de seu
trabalho, de sua intervenção na sociedade, quando associa todo o saber técnico assimilado a
essas temáticas que acabamos de discorrer neste capítulo.
No capítulo seguinte, e último, apresentaremos a você o conjunto de diretrizes, conteúdos
e especificidades necessárias à construção de seu RFE – Relatório Final de Estágio, de
modo a oferecer condições a você de respeitar o padrão definido pelo curso, utilizando o
documento final de estágio para relatar precisa e minuciosamente suas experiências, que
esperamos sejam sempre as mais proveitosas e contributivas para a sua formação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSTANTINO, J. M.; MACHADO, M. Desporto, Género e Sexualidade. Lisboa: Visão e
Contextos, 2018.
DELEGAÇÃO GERAL DA FIEP, FIEP. Manifesto Mundial da Educação Física.Foz do Iguaçu, 2000.
FOGAÇA, J. R. V. O que é Sustentabilidade? Portal Brasil Escola. Disponível em: <https://
brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-sustentabilidade.htm>. Acesso em: 17 de janeiro
de 2019.
VARGAS, A. (Org.). O Direito no Desporto e na Prática Profissional em Educação Física. São
Paulo: CREFSP, 2018.

capítulo 5 • 115
GABARITO
Capítulo  2

02. B, C e D

Capítulo  3

01. Resposta pessoal

02. A, B, C, E e F

Capítulo  4

01. C

02. Dimensão PESSOAS

Capítulo  5

01. A

02.
1) Ser socialmente justo
2) Ser ecologicamente correto
3) Ser culturalmente diverso
4) Ser economicamente viável

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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